Você está na página 1de 3

TÓPICO 1.

DO CRIME

1.1. Exclusão da Ilicitude

Questão VUNESP/PC/SP/ Delegado/2014

No caso em tela, valendo-se das análises técnico-jurídicas, fundamentadamente, salvo prova cabal em sentido contrário de que a
força empreendida foi além da necessária, o que poderia incorrer em excesso na legítima defesa, elidirá a responsabilidade
criminal da conduta do policial uma vez que agiu em legítima defesa de terceiro, modalidade de exclusão da ilicitude com fulcro
no art. 23, II, c/c §ú art. 25, ambos CPB. Nesse contexto, à baila, a lei 12.830/13, lei de investigação criminal conduzida pelo
delpol, o mesmo não deverá lavrar o registro de ocorrência em detrimento do policial, como autor de crime de lesão corporal.
Tampouco o juiz, com norte no art. 314,CPB, caso haja ação penal nesse sentido com provas cabais de que o agente policial agiu
nas condições do art. 23, II, CPB, decretará a prisão preventiva do policial.

Ademais, o teor da súmula nº 1, aprovadas no I seminário integrado de polícia judiciária da união e de são Paulo, destaca que “ Ao
Delegado de Polícia é garantida autonomia intelectual para interpretar o ordenamento e decidir, de modo imparcial e
fundamentado, quanto ao rumo das diligências adotadas e quanto aos juízos de tipicidade, ilicitude, culpabilidade e demais
avaliações de caráter jurídico imanentes à presidência da investigação criminal.” Portanto, a atuação típica do delegado de polícia,
ocupante de cargo de carreira jurídica e de estado, não se limita somente à estrita subsunção da conduta do agente ao ditame legal
como se “robô” fosse.

Por fim, impende salientar que o estrito cumprimento do dever legal, preceituado no art. 23, III, in initio, não tem definição
expressa no CPB. A doutrina majoritária enfatiza que o requisito objetivo dessa excludente de ilicitude é que o agente público, em
determinadas situações, é obrigado por lei (sentido amplo) a violar bem jurídico, todavia, sem atuar em excesso. Esse requisito
objetivo é o que fundamenta que o atuar do policial é em legítima defesa própria ou de terceiros, uma vez que não há norma
permissiva no direito pátrio no sentido de “licença para matar alguém”. O requisito subjetivo é que o agente deva saber estar
atuando em face de dever imposto da lei.

1.2. Relação de Causalidade

Questão UESPI/PC/PI/Delegado/2009

O caso em tela versa sobre o art. 13§1º, in fine, CPB, superveniência de causa independente, mais especificamente a relativamente
independente. A relatividade é, pois, se não fosse a conduta de José Armando, Pedro Cassiano, provavelmente não estaria na
ambulância que sofreu acidente (previsível) levando-o à óbito por trauma craniano, segundo atestado de causa mortis. Não era
previsível isso.

Com relação à responsabilidade de José Armando, o mesmo responderá pelos atos praticados. O dispositivo supramencionado
afirma: “a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado (aqui é
a concausa absolutamente ou relativamente independente); os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou
(concausa relativamente independente)”.

Detalhando a concausa relativamente independente, faz-se mister destacar que a teoria adotada é a da causalidade adequada (da
condição qualificada, da condição individualizada), uma vez que a teoria dos antecedentes causais (da conditio sine qua non) leva
ao regresso ao infinito no tocante às responsabilidades das condutas, pois responsabiliza todos aqueles que contribuíram para o
resultado, não se importando com a análise estrita do nexo causal. Na causalidade adequada há um novo curso causal
independente do que se previa oriundo da conduta de origem, entretanto, relacionada a ela. Logo, o resultado advindo desse novo
curso causal não será imputado ao agente que perpetrou a conduta de origem, mas sim, será a esse imputado todos os seus atos
praticados, no caso, tentativa de homicídio, art. 121 § art 14, II, ambos do CPB. A causalidade adequada guarda relação direta
com a teoria da imputação objetiva, justamente essa que busca delimitar a imputação ao agente sob o aspecto objetivo evitando o
regresso ao infinito em razão da teoria da causalidade simples (equivalentes causais, conditio sine qua non)

Questão CEBRASPE/PC/PE/Delegado/2016

As teorias da causalidade no direito e doutrina pátrio são: causalidade simples (conditio sine qua non, equivalentes causais) e
causalidade adequada. A primeira revela-se no art. 13, caput do CPB como regra de incidência. Excepcionalmente, temos a
segunda, causalidade adequada, positivada no art. 13§1º, CPB. Ocorre que a primeira teoria, na parte in fine do dispositivo
pertinente, fatalmente nos leva ao regresso ao infinito. Para isso, a doutrina criou a teoria da imputação objetiva, essa, que busca
delimitar a imputação sob o aspecto objetivo, evitando o regresso ao infinito. Nessa, não se baseia apenas no nexo físico (relação
causa-efeito), mas também, nexo normativo, isto é, se o agente criou ou incrementou risco proibido e no resultado e se esse
resultado encontra-se diretamente relacionado à conduta tipificada do agente. A teoria da imputação objetiva guarda relação direta
com a teoria da causalidade adequada, essa que, consoante seu preceito normativo, analisa as concausas relativamente
independetente. Nesse caso, excluirá a imputação ao agente quando, por si só, produziu o resultado. Entretanto, os fatos anteriores
(perpetrados pelo agente), a ele serão imputados à título de tentativa.

No caso, Otávio responderá por 121, c/c 14, II, ambos do CPB.

1.5. Do Erro (elementos do tipo, pessoa e ilicitude do fato)

Questão NCE/PC/Delegado/2007

Partindo da premissa que, como regra, as descriminantes putativas são causas de justificação de excludentes de ilicitude, faz-se
mister destacar a divergência doutrinária acerca da temática. Temos 2 formas de fantasiar uma descriminante

1ª) Teoria limitada da culpabilidade

É a adotada pelo direito penal pátrio. Inclusive está expressamente contida na exposição de motivos do direito penal. Ademais, tal
teoria baseia-se no erro de tipo (erro sob o elemento constitutivo do tipo. Art 20§1, CP). Tal vértice, quando inevitável
(escusável), isenta o autor de dolo e culpa; todavia, quando evitável (inescusável), isenta o autor do dolo, porém, é punido com
culpa caso previsto no tipo penal. Na teoria limitada da culpabilidade exclui-se o dolo

2º) Teoria extremada da culpabilidade(teoria normativa pura)

Tese minoritária. Nesse caso, apoia-se no erro de proibição, mais precisamente o indireto, no caso, o agente crê que age sob uma
excludente de ilicitude da sua conduta que sabe ser tipificada no CP (o autor não tem potencial consciência da sua ilicitude), temos
então: se inevitável, isenta o agente de pena, por outro lado, se evitável, pune o autor em crime culposo a conduta praticada
dolosamente, quando estaremos diante da famosa culpa imprópria.

Portanto, a consequência da adoção da teoria limitada da culpabilidade é de que somente poderia incidir o crime culposo no autor
se houvesse previsão legal. Podemos exemplificar da seguinte maneira:
Fulano está em seu sítio quando, tarde da noite ouve barulhos vindo do lado de fora. Assustado, vê vultos, quando então, dispara
PAF em direção aos vultos e acerta uma pessoa que por lá passava, todavia, não a levando à óbito. No exemplo, fulano incorreu
no art 121 c/c 14, DP, tendo agido com dolo, todavia, em razão do erro escusável, será punido à título de culpa, reduzindo a pena
em 1 a 2/3.

Questão FUMARC/PC/MG/Delegado/2011

Segundo o art.3º da LINDB, ninguém pode alegar desconhecimento da lei para escusar-se de cumpri-la. Nessa toada, o art. 21,
caput do CPB, o desconhecimento da lei é inescusável, todavia, é circunstância de atenuante genérica com fulcro no art. 65, II,
CPB. Já no art. 21, caput, in fine e §1º, ambos do CPB, temos o erro sobre a ilicitude do fato (erro de proibição). Nesse caso, se
inevitável (escusável), isenta de pena; se evitável (inescusável), diminui de 1/6 a 1/3. Importa destacar que esse erro de proibição é
o direto, no qual a norma proibitiva em relação ao agente é ignorada quanto a sua existência, conteúdo e âmbito de incidência.

No tocante às descriminantes putativas, a depender da teoria a ser adotada, ou incidirá sobre o substrato da ilicitude ou sobre a
culpabilidade. Se for a teoria limitada da culpabilidade, utilizada como regra no nosso ordenamento jurídico, inclusive com
redação expressa na exposição dos motivos do CPB, teremos o erro de tipo art. 20 e §1º CPB, no qual excluirá o dolo se
inevitável, todavia poderá punir com culpa se previsto em lei. Se for a teoria extremada da culpabilidade (normativa pura), incidirá
sobre a ilicitude, na qual teremos o erro de proibição, mais precisamente o indireto; se inevitável, isenta o agente de pena, ao passo
que, se evitável, punirá como culpa a conduta praticada dolosamente, quando estaremos diante da famosa culpa imprópria.

Questão CEBRASPE/PC/AL/Delegado 2012

Você também pode gostar