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Esclarecem Zaffaroni e Pierangeli que “há sujeitos que têm um menor âmbito de
autodeterminação, condicionado desta maneira por causas sociais. Não será possível atribuir
estas causas sociais ao sujeito e sobrecarregá-lo com elas no momento da reprovação de
culpabilidade”. Assim, deveria haver a aplicação da atenuante inominada do art. 66
(Manual de direito penal brasileiro – Parte geral, p. 613).
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
I – Quanto à pessoa:
a)existência de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26,
caput, CP);
b)existência de embriaguez decorrente de vício (art. 26, caput, CP);
c)menoridade (art. 27, CP);
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
II – Quanto ao fato:
II.1 Legais:
a)coação moral irresistível (art. 22, CP);
b)obediência hierárquica (art. 22, CP);
c)embriaguez decorrente de caso fortuito ou força maior (art. 28, § 1.º, CP);
d) erro de proibição escusável (art. 21, CP);
e)descriminantes putativas;
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
II – Quanto ao fato:
II.2 – Supralegais:
a)inexigibilidade de conduta diversa;
b)estado de necessidade exculpante;
c)excesso exculpante;
d)excesso acidental.
EXCLUDENTES CONCERNENTES À PESSOA
Inimputáveis [higidez biopsíquica,saúde mental + capacidade de apreciar a criminalidade do fato)]
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Ex.: psicose epilética, melancolia, psicose puerperal, esquizofrenia, psicose senil, psicose por traumatismo de crânio, alcoolismo crônico e
toxicomania grave)
Menores de dezoito anos [maturidade (desenvolvimento físico-mental que permite ao ser humano estabelecer
relações sociais bem adaptadas, ter capacidade para realizar-se distante da figura dos pais, conseguir estruturar as
próprias ideias e possuir segurança emotiva, além de equilíbrio no campo sexual)]
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
Art. 228 da CR/88: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
Coação moral irresistível
Tanto esta quanto a obediência hierárquica são causas de exclusão da culpabilidade que se
situam no contexto da inexigibilidade de conduta diversa.
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal [legalidade duvidosa],
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
[...]
Embriaguez
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
Voluntária é a embriaguez desejada livremente pelo agente e culposa, aquela que ocorre por conta da
imprudência do bebedor.
É fortuita a embriaguez decorrente do acaso ou meramente acidental, quando o agente não tinha a menor ideia
de que estava ingerindo substância entorpecente (porque foi ludibriado por terceiro, por exemplo) ou quando
mistura o álcool com remédios que provocam reações indesejadas, potencializando o efeito da droga, sem estar
devidamente alertado para isso.
Embriaguez decorrente de força maior é a que se origina de eventos não controláveis pelo agente, tal como a
pessoa que, submetida a um trote acadêmico violento, é amarrada e obrigada a ingerir, à força, substância
entorpecente.
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
Causas supralegais
Ex.: motorista que, ao tentar sair do local conturbado por multidão que pratica atos de vandalismo contra seu
veículo, atropela pessoa, máxime se acompanhado de esposa e filhos menores; empresário que deixou de recolher
contribuições previdenciárias, por se encontrar em situação de penúria.
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
b) estado de necessidade exculpante: trata-se do sacrifício de um bem de maior valor para
salvar outro de menor valor, não lhe sendo possível exigir, nas circunstâncias, outro
comportamento. Trata-se, pois, da aplicação da teoria da inexigibilidade de conduta diversa,
razão pela qual, uma vez reconhecida, não se exclui a ilicitude, e sim a culpabilidade.
c) excesso exculpante: decorrente de medo, perturbação de ânimo ou surpresa no ataque, o
agente termina exagerando na reação porque outra conduta não lhe era razoavelmente
exigível no caso concreto.
d)excesso acidental: decorre do fortuito, que não merece juízo de censura. Portanto, o agente
termina exagerando minimamente na reação, na proteção de bem jurídico, no exercício de um
direito ou no cumprimento de um dever.
EMOÇÃO E PAIXÃO
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
São exemplos de emoções a alegria, a tristeza, a aversão, a ansiedade, o prazer erótico, entre outras.
Não servem para anular a imputabilidade, sem produzir qualquer efeito na culpabilidade. O agente que, emocionado,
comete um delito responde normalmente pelo seu ato. No máximo, quando essa emoção for violenta e provocada por
conduta injusta da vítima, pode receber algum benefício (privilégio ou atenuante).
EMOÇÃO E PAIXÃO
São exemplos das paixões sociais as decorrentes do amor, da honra, do ideal político ou religioso;
são ilustrações das paixões antissociais as originárias do ódio, da vingança, da cobiça, da inveja
NUCCI, Guilherme de Souza. Capítulo XVII. Culpabilidade. In: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal.
Rio de Janeiro: Forense, 2022.