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DIREITO PENAL I

DENIS FERNANDO RADUN


Culpabilidade

Crime é um fato típico, antijurídico e culpável.


TEORIA DO DELITO - Teoria finalista [modelo
analítico]
Tipicidade Antijuridicidade Culpabilidade

Necessário haver: Ausência das excludentes Ausência das excludentes


I - Conduta dolosa de ilicitude: de culpabilidade:
ou culposa; I - estado de I - imputabilidade;
II - Resultado necessidade; II - consciência potencial
naturalístico; II - legítima defesa; da ilicitude;
III - estrito cumprimento III - exigibilidade e
III - Nexo causal;
de dever legal; ou possibilidade de agir
IV - Tipicidade.
IV - exercício regular em conformidade com o
de direito. direito.
CULPABILIDADE
Trata-se de um juízo de reprovação social, incidente sobre o
fato e seu autor, devendo o agente ser imputável, atuar com
consciência potencial de ilicitude, bem como ter a possibilidade
e a exigibilidade de atuar de outro modo, seguindo as regras
impostas pelo Direito
CULPABILIDADE
A culpabilidade é fundamento e limite da pena.

É critério para decisão sobre qual pessoa e qual fato é punível,


desde que típico e antijurídico e o limite para a individualização da
punição.
(Ex.: Art. 29 e art. 59 do CP)
CULPABILIDADE
Culpabilidade formal e culpabilidade material

Formal: análise do juízo de reprovabilidade no âmbito da edição


da norma. Estabelecimento dos limites da pena.

Material: diante do caso concreto fundamenta a pena de acordo


com os parâmetros preestabelecidos no tipo.
CULPABILIDADE
Coculpabilidade
Reprovação conjunta que deve ser exercida sobre o Estado, tanto quanto se faz com
relação ao autor de uma infração penal, quando se verifica não ter sido proporcionada a
todos igualdade de oportunidades na vida, significando, pois, que alguns tendem ao crime
por falta de opção.

Esclarecem Zaffaroni e Pierangeli que “há sujeitos que têm um menor âmbito de
autodeterminação, condicionado desta maneira por causas sociais. Não será possível atribuir
estas causas sociais ao sujeito e sobrecarregá-lo com elas no momento da reprovação de
culpabilidade”. Assim, deveria haver a aplicação da atenuante inominada do art. 66
(Manual de direito penal brasileiro – Parte geral, p. 613).
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
I – Quanto à pessoa:
a)existência de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26,
caput, CP);
b)existência de embriaguez decorrente de vício (art. 26, caput, CP);
c)menoridade (art. 27, CP);
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
II – Quanto ao fato:
II.1 Legais:
a)coação moral irresistível (art. 22, CP);
b)obediência hierárquica (art. 22, CP);
c)embriaguez decorrente de caso fortuito ou força maior (art. 28, § 1.º, CP);
d) erro de proibição escusável (art. 21, CP);
e)descriminantes putativas;
EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
II – Quanto ao fato:
II.2 – Supralegais:
a)inexigibilidade de conduta diversa;
b)estado de necessidade exculpante;
c)excesso exculpante;
d)excesso acidental.
EXCLUDENTES CONCERNENTES À PESSOA
Inimputáveis [higidez biopsíquica,saúde mental + capacidade de apreciar a criminalidade do fato)]
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Ex.: psicose epilética, melancolia, psicose puerperal, esquizofrenia, psicose senil, psicose por traumatismo de crânio, alcoolismo crônico e
toxicomania grave)

Redução de pena [semi-imputabilidade]


Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

Menores de dezoito anos [maturidade (desenvolvimento físico-mental que permite ao ser humano estabelecer
relações sociais bem adaptadas, ter capacidade para realizar-se distante da figura dos pais, conseguir estruturar as
próprias ideias e possuir segurança emotiva, além de equilíbrio no campo sexual)]
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
Art. 228 da CR/88: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
Coação moral irresistível

Tanto esta quanto a obediência hierárquica são causas de exclusão da culpabilidade que se
situam no contexto da inexigibilidade de conduta diversa.
Coação irresistível e obediência hierárquica

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal [legalidade duvidosa],
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Ex.: A família do gerente do banco é sequestrada e ele auxilia no roubo. Determinação de


transporte de insumos de uma Secretaria para um depósito.
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
Embriaguez voluntária ou culposa - Embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:

[...]

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
Voluntária é a embriaguez desejada livremente pelo agente e culposa, aquela que ocorre por conta da
imprudência do bebedor.

É fortuita a embriaguez decorrente do acaso ou meramente acidental, quando o agente não tinha a menor ideia
de que estava ingerindo substância entorpecente (porque foi ludibriado por terceiro, por exemplo) ou quando
mistura o álcool com remédios que provocam reações indesejadas, potencializando o efeito da droga, sem estar
devidamente alertado para isso.

Embriaguez decorrente de força maior é a que se origina de eventos não controláveis pelo agente, tal como a
pessoa que, submetida a um trote acadêmico violento, é amarrada e obrigada a ingerir, à força, substância
entorpecente.
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
Causas supralegais

a) Inexigibilidade de conduta diversa


Em certas situações extremadas, quando não for possível aplicar outras excludentes de culpabilidade, a
inexigibilidade de conduta diversa seja utilizada para evitar a punição injustificada do agente.

Ex.: motorista que, ao tentar sair do local conturbado por multidão que pratica atos de vandalismo contra seu
veículo, atropela pessoa, máxime se acompanhado de esposa e filhos menores; empresário que deixou de recolher
contribuições previdenciárias, por se encontrar em situação de penúria.
EXCLUDENTES CONCERNENTES AO
FATO
b) estado de necessidade exculpante: trata-se do sacrifício de um bem de maior valor para
salvar outro de menor valor, não lhe sendo possível exigir, nas circunstâncias, outro
comportamento. Trata-se, pois, da aplicação da teoria da inexigibilidade de conduta diversa,
razão pela qual, uma vez reconhecida, não se exclui a ilicitude, e sim a culpabilidade.
c) excesso exculpante: decorrente de medo, perturbação de ânimo ou surpresa no ataque, o
agente termina exagerando na reação porque outra conduta não lhe era razoavelmente
exigível no caso concreto.
d)excesso acidental: decorre do fortuito, que não merece juízo de censura. Portanto, o agente
termina exagerando minimamente na reação, na proteção de bem jurídico, no exercício de um
direito ou no cumprimento de um dever.
EMOÇÃO E PAIXÃO
Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

São exemplos de emoções a alegria, a tristeza, a aversão, a ansiedade, o prazer erótico, entre outras.

Não servem para anular a imputabilidade, sem produzir qualquer efeito na culpabilidade. O agente que, emocionado,
comete um delito responde normalmente pelo seu ato. No máximo, quando essa emoção for violenta e provocada por
conduta injusta da vítima, pode receber algum benefício (privilégio ou atenuante).
EMOÇÃO E PAIXÃO
São exemplos das paixões sociais as decorrentes do amor, da honra, do ideal político ou religioso;
são ilustrações das paixões antissociais as originárias do ódio, da vingança, da cobiça, da inveja

Como manifestação da personalidade do agente, pode-se avaliar o caráter da paixão: quando


positiva, serve de elemento para abrandar a pena; quando negativa, serve de fator para elevar a
sanção.
Fontes

NUCCI, Guilherme de Souza. Capítulo XVII. Culpabilidade. In: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal.
Rio de Janeiro: Forense, 2022.

PLANALTO. Código Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm

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