Você está na página 1de 39

Culpabilidade - Geral

segunda-feira, 16 de outubro de 2023 16:04

Professor Juarez Cirino

- O que é crime?

A grande questão. O conceito tripartido vem existindo há tempos, desde Radbruch e Belling.
Mas no final do século XVIII, com Adolf Merkel, vem uma visão diferenciada:

- Elementos positivos: descrição típica (o tipo legal)


- Elementos negativos: as justificações.

Conceito de injusto:

- Integração entre os elementos positivos e negativos (Merkel).

Obs: Roxin diz que não há nada contra esta lógica.

Concepção BIPARTIDA de crime:

- Adotado pelo professor Juarez Cirino pela eficiência e simplificação separando em


duas categorias: componentes objetivos e subjetivos.

A tipicidade nada mais é um do que uma antijuridicidade tipificada. É o que o legislador


concebe quando ele descreve o tipo penal.

A dependência da tipicidade e antijuridicidade: é tão forte que não conseguimos definir a


tipicidade na imprudência se não através de um conceito que vamos buscar no injusto, ou seja
vamos definir os tipos culposos pelo dever jurídico de agir (!), pelo dever jurídico de cuidado
(!) que é um elemento da antijuridicidade.

- Imposição lógica e didática na compreensão do delito: o modelo tripartite promove


uma fragmentação desnecessária. O injusto culpável é mais simples e eficaz. É
excessivamente difícil separar a tipicidade da antijuridicidade e não convence.

Crime:

- Dimensão objetivada: tipo de injusto (totalidade dos elementos objetivos).

- Dimensão subjetiva: culpabilidade (totalidade do subjetivo do autor/elementos


intelectuais e emocionais do sujeito).

Obs: apesar das críticas, em verdade a grande revolução foi feita pela escola do finalismo no
deslocamento do dolo para o tipo, deixando para a culpabilidade a dimensão valorativa
(conhecimento do injusto). O dolo é a vontade consciente de realizar o tipo objetivo do crime.

- Obs: Miguel Reale Junior também adotava o critério bipartido.

- Obs: Damásio adotava o critério bipartido como se fosse tipicidade e antijuridicidade.


Crítica do professor: conceito fundamental por tratar-se da análise valorativa do crime e
que depende do crime.

Página 1 de Culpabilidade
que depende do crime.

CULPABILIDADE

- Imputabilidade:

Apenas elementos psíquicos são considerados.

- Conhecimento do injusto:

Dimensão INTELECTUAL.

- Exigibilidade de conduta diversa:

Dimensão EMOCIONAL do sujeito.

Autodeterminação: das emoções internas.

Obs: eu só trabalho com estados psíquicos emocionais, principalmente o medo.

Obs 2: a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal; pode-se entender de um


modo raso, mas é equivocado, pois as emoções interessam muito (!).

CULPABILIDADE

- Juízo de REPROVAÇÃO do sujeito.

- Injusto: objeto da reprovação - o que reprovamos?

- Culpabilidade: fundamento da reprovação - por que reprovamos?

- Welzel: o poder de agir conforme o Direito.

Precisamos responder a pergunta: POR QUE REPROVAMOS?

Fundamenta-se na: imputabilidade + conhecimento do injusto + exigibilidade de conduta


diversa.

IMPUTABILIDADE: GERAL

- Conceito que define um estado psíquico representando pela capacidade de SABER O


QUE FAZ (dimensão intelectual) e de CONTROLAR O QUE FAZ (dimensão
emocional).

- A imputabilidade é um estado potencial do sujeito; todos somos capazes de praticar um


fato punível e responder por ele.

- No CP: definido negativamente pois definimos quem é inimputável.

Página 2 de Culpabilidade
Requisitos: inteiramente incapaz de COMPREENDER a natureza antijurídica do fato (no seu
significado) ou de DETERMINAR-SE (atividade psíquica de natureza emocional).

- No que ele lida com o determinar-se? Com a capacidade de lidar com os impulsos, com
afetos, que vem do ID. Os impulsos básicos: impulso de agressão e de sexualidade.

Obs: Rousseau: o homem nasce bom mas o que o torna mau são as instituições:
inserimos a propriedade privada no meio das relações. A distribuição da riqueza
conforme sua posição social. As instituições pervertem o sujeito e promovem violência. O
Direito é violento. Mas há também impulsos sexuais e de agressão (Freud).

Obs 2: violência do Direito por Foucault. Livro "Em Defesa da Sociedade". Nova
Mecânica do Poder é o Biopoder. Tem como objeto o corpo-espécie. É diferente das
formas tradicionais de poder, centradas na disciplina e controle físico, ao se concentrar no
gerenciamento e regulamentação da vida em nível populacional. Estabelece estratégias
políticas, institucionais e sociais que visam controlar e organizar aspectos da dimensão
humana. Estado Moderno e expansão do Capitalismo.

Obs 3: Biopoder em Foucault: biopoder opera por meio de normas e regulamentações


levando a conformidade social (a violência do Direito). Violências simbólicas. Políticas de
biopoder favorecem grupos e marginalizam outros. Medicalização da vida (doenças mentais).

Obs 4: O Estado é capitalista logo o Direito é capitalista.

Obs 5: não se deve alienar pela dogmática penal; conhecê-la para enfrentar a realidade e
modificar.

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

De <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>

Observações:

- Doença mental: hoje fala-se em transtorno psíquico. Lei antimanicomial já introduziu


o conceito universal por transtorno psíquico. Thomas Szasz: o mito da doença mental
quando na verdade o que há são vicissitudes sociais. É uma criação, um artefato, nós
atribuímos condições que não existem e que justificam sua internação pela vida toda.
Professora Tayara apresentou a temática do transtorno mental.

- A lei antimanicomial: revogou as medidas de segurança do Código Penal.

IMPUTABILIDADE

I. CONHECIMENTO DO INJUSTO (consciência):

Página 3 de Culpabilidade
- O motivo: conceito extraído de emoção, pois é o que move. Emoção é o que move o
sujeito.
- As emoções são o motor do mundo. Sempre estamos a procura delas ou fugindo delas
(daquelas que provocam pavor).

- Emoção: está fora de controle; é automática. Sentimento: emoção com uma ideia, é a
emoção percebida onde temos uma certa atitude.

- Crítica ao artigo que fala que não excluí a imputabilidade penal a emoção e a paixão
(art. 28 do CP) enquanto o que move o sujeito é a emoção é ela que traz a
inexigibilidade de conduta diversa ou excessos de legítima defesa exculpante ou
homicídio privilegiado.

- Obs: excesso de legítima defesa como isenção de pena por inexigibilidade de conduta
diversa.

"Não existe um caminho real para a ciência; mas só consegue chegar aos seus sismos
luminosos, os que estão dispostos as canseiras do caminho".

Três teorias: o que o sujeito deve saber para dizer

1. Teoria da Antijuridicidade material (Jeschek)

2. Teoria da Punibilidade do Fato (a grande teoria): o sujeito deve saber que o fato é
punível por um lei penal positiva.

- Deve saber que existe uma LEI PENAL. A maior fonte de erro de proibição. Direito
Penal Alemão.

- Teoria democrática e que deve ser adotada.

- No CP está uma redação equivocada por má compreensão:

Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,


isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência
da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

De <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>

3. Teoria de Roxin: teoria da antijuridicidade concreta

- Sujeito deve conhecer que lesiona concretamente um bem jurídico protegido no tipo
penal.

I. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.

- Consciência do injusto.

- Não reprovamos quando ele não sabe o que fez: está em ERRO DE PROIBIÇÃO
inevitável.

Página 4 de Culpabilidade
inevitável.

- Evitável: reduz a pena na medida da evitabilidade; qual é o critério que o juiz vai usar
para medir a evitabilidade do erro? Questão psicológica insuperável. Como demonstrar
isto? O juiz deveria demonstrar porque ele acha que o erro é evitável.

II. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

- Teoria generosa que produz um impacto fantástico, abrindo a dogmática penal para a
realidade social, para as emoções do sujeito.

- Ideia de normalidade das circunstâncias da ação para poder exigir o comportamento.

- Excesso de legítima defesa determinada por medo, susto ou perturbação: estados


psíquicos produzidos por fatos reais que permitem não reprovar o sujeito; tornam
inexigível o comportamento diverso.

- Norma de direito e norma de dever (estudo de Frank): norma de direito é aquela que
obriga um comportamento objetivo; norma de dever é a internalização da norma de
direito criando o dever jurídico de agir conforme.

- Ideia de causa supralegal de exculpação: o conceito de inexigibilidade se dirige para


situações concretas que configuram hipóteses de redução de exigibilidade de
comportamento diverso e as situações de exculpação que mantido o caráter injusto se
encontra sobre o domínio de forças que ele não podia controlar.

- Hipóteses de exclusão de dirigibilidade normativa: da norma de dever


internalizada pelo sujeito.

As situações legais de exculpação:

1. Coação moral irresistível

2. Obediência hierárquica

3. Excesso de legítima defesa real determinada por medo, susto ou perturbação


(Andre Guaragni não concorda que tal categoria seria exculpação legal e sim
supralegal)

4. Excesso de legítima defesa putativa determinada por perturbação, medo ou susto.

As situações supralegais de exculpação:

1.

2.

Página 5 de Culpabilidade
3.

4.

Mesmo os mais tradicionais tiveram que se abrir e permitir a abertura do Direito Penal para

S S E é
O é

N D P OE

Página 6 de Culpabilidade
Antecedentes Históricos de Culpabilidade
sexta-feira, 20 de outubro de 2023 19:42

Conceito Psicológico da Culpabilidade

- É o primeiro conceito que se estabelece na culpabilidade. Conectado a concepção


CAUSAL de crime.

- Toda a dimensão objetiva do fato aparece na antijuridicidade típica. Na culpabilidade


entra apenas elementos subjetivos.

- A imputabilidade funcionava como um PRESSUPOSTO da culpabilidade.

Obs: não é um conceito adequado.

- Culpabilidade: apenas uma VINCULAÇÃO PSICOLÓGICA entre um SUJEITO e


um FATO sob a forma de dolo ou culpa. Permite a aplicação de pena.

- Aqui o dolo abrangia: consciência e vontade do tipo e consciência e vontade da


antijuridicidade do tipo. Dolus malus.

Obs: Juarez Tavares fala sobre crimes culposos; professor pensa como equivocado
cientificamente pois cria confusões. Seria melhor tratar como crimes de imprudência ou
negligência e não como crimes culposos.

Obs. Crítica ao termo culpabilidade: culpabilidade é um adjetivo de alguém que tem culpa
de alguma coisa. Era melhor criar um outro conceito para definir um elemento do conceito de
crime, até para diferenciar do tipo culposo. É um absurdo segundo o professor, pois o
adjetivo culpabilidade é grande confuso e cientificamente bagunça toda a teoria do crime. Os
alemães não tem este problema e nem os italianos, mas nós brasileiros temos este problema.
Vencer o lugar comum é difícil. Falta harmonia terminológica ao conceito de crime.
Atropelos linguísticos.

Obs: vivemos numa sociedade de imputação de culpa; "quem é o culpado por isto?" do
sentimento de culpa. Vivemos sobre a pressão de um sentimento de culpa infinito. Já
nascemos imersos. A relação sexual como um pecado original. Foi preciso que o filho de
Deus assumisse forma humana, padece-se e morre-se na cruz para refazer a ligação do
homem com Deus. O drama da civilização ocidental ir a igreja e contemplar a renovação do
sacrifício.

Obs: psicanálise surge como um esforço de alívio de culpa que está radicada no complexo de
Édipo. Processos culturais de imputações de culpa.

- Roxin: substitui a ideia de culpa por RESPONSABILIDADE. A palavra de culpa é


carregada semanticamente de uma herança religiosa e que não consegue-se comprovar
naquilo que ela consiste, no que exatamente ela é.

- Positivismo: rompe com a ideia de culpa e pena sugerindo a substituição por medida de
segurança, pois na escola científica não conseguiam identificar a culpa. Escola Clássica
traz uma crítica avançada, o problema é que ele assume o status quo como dado e não
questiona valores.

- Vigorou no século XVIII e XIX, estremece no século XX.

Página 7 de Culpabilidade
Enfraquecimento da culpabilidade: conceito de culpabilidade como juízo de reprovação

- Dificuldade científica em falar o que é culpabilidade, então cria-se um conceito de que


culpa é REPROVABILIDADE e portanto pode ser reprovado.

- O estado de culpa me permite fazer um juízo de provação.

- Gera um SALTO pois a partir da culpabilidade não se conseguia destrinchar o conceito.

- Juízo de reprovação nasce da discussão filosófica do direito entre norma de direito e


norma de dever.

Juízo de Reprovação: norma de direito e norma de dever

- Temos que distinguir NORMA DE DIREITO (direito positivado que impõem


comportamento exterior) e NORMA DE DEVER (capacidade de internalização da
norma de direito).

- Norma de dever cria uma atitude interna conforme a norma de direito, portanto quando
ele se comporta diversamente ao direito, ele é reprovável.

- Percebe-se que a internalização da norma de direito, pode não ser censurável pois não
era coerente se motivar de acordo com a norma, tinha uma situação especial que o
desculpava a agir conforme a norma. Assim surge a ideia de INEXIGIBILIDADE DE
COMPORTAMENTO CONFORME O DEVER.

- Exigibilidade de comportamento diverso: começa a ceder diante de situações de


exculpação: as desculpas !!! Eu desculpo o sujeito pois não poderia internalizar a
norma naquela situação.

- Situações de exculpação.

- Goldshmidt.

- Berthold Freudenthal: culpabilidade e reprovação em direito penal. Propôs


transformar a inexigibilidade como uma causa supralegal de exculpação. Isto
empolgou os juristas até porque estavam em discussão com os positivistas. O direito
penal mostrava-se sensível as situações humanas. Às pressões emocionais muito fortes!
Coação moral irresistível e obediência hierárquica.

- A coação moral irresistível e obediência hierárquica: situações de pressão emocional


que excluem a capacidade de agir. Veja o excesso de legítima defesa real ou putativa;
bem como do fato de consciência e da provocação de legítima defesa; desobediência
civil (MST...).

Obs: a violência do Direito é retirar tudo de uma maioria e concentrar numa minoria.

- Penalistas fascistas combatem esta ideia de inexigibilidade, falam em insegurança


jurídica.

Obs: professor: a miséria não cria então insegurança jurídica?

- A grande resistência da inexigibilidade foram nos crimes dolosos. A teoria e a


jurisprudência foram trabalhando com casos específicos, no qual a ideia de
inexigibilidade se realiza concretamente. Foram sendo desenvolvidas as situações de
exculpação para os crimes dolosos. Hoje isto não está fechado, está aberta...

Página 8 de Culpabilidade
Obs: nós não somos penalistas, mas criminalistas. Não acreditamos na pena, mas no estudo
do crime. A sociedade ainda depende do direito penal para poder concentrar; numa sociedade
que concentra riqueza precisa de prisão, pena, polícia, arma etc. garantir a vida tranquila dos
potentados das finanças. O capital precisa do Direito Penal pois tem a base na desigualdade.

As situações legais de exculpação de inexigibilidade de conduta diversa:

1. Coação moral irresistível

1. Obediência hierárquica

1. Excesso de legítima defesa real determinada por medo, susto ou perturbação.

1. Excesso de legítima defesa putativa determinada por medo, susto ou perturbação.

As situações supralegais de exculpação de inexigibilidade diversa:

1. O fato de consciência.

2. A provocação de legítima defesa.

3. A desobediência civil.

4. Conflito de deveres.

Obs: O papel do promotor de justiça: posição de garantia do acusado, sem problemas. Há um


PAPEL A SER FEITO.

Obs: O direito penal ainda tem um papel a ser feito numa sociedade capitalista, mas o
caminho é o direito penal mínimo até uma transformação social.

Conceito de culpabilidade como psicológico-normativo

- A relação psíquica com o fato sobre a forma de dolo e imprudência.


- + a inexigibilidade de comportamento diverso em razão de situação de anormalidade.

Há um avanço: passam a ser permitidas as emoções no Direito Penal.

Problemática social e a vida do sujeito que vão condicionar a ideia de inexigibilidade de


comportamento diverso.

- Permanece vigente até a Revolução Finalista, uma revolução dogmática, a respeito do


modo de pensar o conceito de crime. Welzel é o grande fundador, um filósofo, que
busca na sociologia, a ideia da finalidade da ação. Toda ação como exercício de uma
atividade final; caráter teleológico.

Teoria Finalista

- Teoria finalista: sucesso total na Alemanha no surgimento.

Página 9 de Culpabilidade
- A causalidade é uma causalidade dirigida por uma vontade consciente do fim, portanto
a ação é dirigida por uma finalidade, logo o dolo deve estar no tipo de ação e não na
culpabilidade. Se eu atuo com um fim, o dolo que é a vontade de praticar o fato, deve
estar na conduta.

- Migração do dolo para o tipo subjetivo.

- Cria-se um tipo objetivo e um tipo subjetivo, para alocar o dolo e a imprudência.

- Na culpabilidade o conceito de dolo era mais abrangente: vontade e consciência do


fato na sua concretude + vontade e consciência sobre o desvalor do fato (da
antijuridicidade do fato). Dolos malus.

- Este dolus malus se desmembra: consciência e vontade do fato se transfere para o


tipo como DOLO DE TIPO (sem entrar o elemento normativo do dolo, que fica na
culpabilidade como consciência do ilícito).

- O dolo da antijuridicidade fica na culpabilidade como potencial consciência da ilicitude.

- Culpabilidade normativa: exigibilidade de conduta diversa + consciência do injusto do


fato (tido hoje como potencial consciência da ilicitude - crítica do professor quanto ao
termo).

Obs: potencial consciência do injusto é uma bobagem; potencial não cabe; deve-se saber se
ele tinha ou não conhecimento do injusto, restando saber se era evitável ou inevitável.

Se não tem conhecimento a respeito da antijuridicidade o sujeito está em ERRO, excluindo a


consciência do injusto. Restando saber se o erro era evitável ou inevitável.

Obs: o desconhecimento da lei é a principal modalidade de erro de proibição, por isso que a
norma que diz que o desconhecimento da lei é inescusável é uma bobagem; pois é justamente
isto que é escusável diante das centenas de crimes.

- teoria normativa de culpabilidade (teoria normativa pura da culpabilidade):


imputabilidade + consciência do injusto real e possível + exigibilidade de conduta
diversa.

Obs: quem é capaz de fazer a prova da evitabilidade do crime? É um absurdo, mandamos


pessoas para as masmorras em razão deste tipo de prova diabólica; a inevitabilidade do erro;
não há em psicologia uma prova capaz para tanto.

Obs: a potencial consciência da ilicitude é popularizada pelo Damásio, pelo Capez, mas não
sabem o que estão dizendo e estão dizendo. É uma grande bobagem falar em potencial, trata-
se falar se sabe ou não a lei.

Página 10 de Culpabilidade
Conceito Material de Culpabilidade
domingo, 22 de outubro de 2023 16:03

Do ponto de vista didático e científico, este conceito de fato punível, de crime (corruptura), é
um conceito que se estrutura sobre os conceitos de INJUSTO e CULPABILIDADE.

Injusto: ação com as qualidades de ser típica e antijurídica; como adjetivos da ação para
constituir o injusto.

- Antijuridicidade
- Tipicidade

Teoria Bipartite de crime:

Na verdade nós não trabalhamos a antijuridicidade, trabalhamos a tipicidade como


antijuridicidade tipificada, e as justificações como formas de exclusão da antijuridicidade.
Não temos uma teoria própria; temos o tipo na lei penal, que o sujeito realizada o tipo fora
das justificações, temos o injusto, e se realiza o tipo de forma justificada não temos o injusto.

- se não existem justificações temos o tipo de injusto.

- Dá conta da realidade com mais adequação e perfeição. Tudo é uma questão psíquica,
precisamos construir uma imagem do crime no nosso psiquismo. Os neurônios pensam
e reproduzem o mundo.

- Sem conceitos nós não pensamos o mundo.

Culpabilidade normativa

- A partir daqui passamos a falar num tipo penal: tipo objetivo e tipo subjetivo. Pois o
dolo e culpa migram paro tipo penal.

- Tipo objetivo: situação de fato objetiva (tatbestand).


- Tipo subjetivo: situação de fato subjetiva.

Obs: alemães usam o termo "situação de fato objetiva e situação de fato subjetiva".

- Imputabilidade: maioridade + sanidade.

Culpabilidade

- Imputabilidade: maioridade + sanidade

- Imputabilidade: estado de sujeito que suporta um juízo de reprovação. É um elemento


que se realiza concretamente no conhecimento do injusto e exigibilidade de conduta
diversa.

Obs: dominar uma ciência é dominar um vocabulário!

Conceito de Culpabilidade material

Página 11 de Culpabilidade
- O que é que o juízo de reprovação quer dizer?

Já falamos sobre o sentimento de culpa, que nos acompanha durante a humanidade, mas e a
atribuição de culpa? As instituições que atribuem culpa.

- Quem pode atribuir culpa?

- As religiões são fundadas no processo de imputação de crime: os rituais expiam a culpa.

- As pessoas estão sempre carregadas de uma CULPA ENORME.

Filosofia do direito penal: culpabilidade material

- Busca por um conceito ONTOLÓGICO de CULPABILIDADE.

- A culpabilidade como "PODER AGIR DE OUTRO MODO". Atribuímos culpa


pois cremos que ele tinha o poder de agir de modo diverso.

- Em alemão: "PODERAGIRDIFERENTE".

Obs: Caetano Veloso falava que só se pode filosofar em alemão. Pela propriedade em ajustar
os conceitos em sua linguagem.

Obs: O jurista não sabe o que é PODER. Poder você vai aprender com Foucault. O poder não
é apenas o que garante a continuidade do modo de produção capitalista. O poder é só uma
forma de pensar o econômico? Focault nos dá uma noção de PODER como UMA
RELAÇÃO DE FORÇAS (Foucault).

- O PODER COMO UMA RELAÇÃO DE FORÇA (Focault).

- O poder agir de outro modo: como uma relação de força (Foucault). O psiquismo do
sujeito: ego, id e superego. Ego é um desenvolvimento do ID (onde estão os instintos e
impulsos). O ego continua sob o julgo dos instintos e sob pressão. O superego é uma
instância de controle.

- Logo É O PODER DO EGO DE AGIR DE OUTRO MODO.

- Ego tem o poder de ignorar as pressões do ID ou da repressão do superego na sua


inserção no mundo.

- Atribui ao juiz a prova de que o sujeito tinha o poder de agir de outro modo. Deve ser
demonstrado concretamente. Mas ninguém pode fazer isto.

- COMO SE DEMONSTRA? Ele é indemonstrável pois fala a respeito do LIVRE


ARBÍTRIO. E o determinismo psíquico?

Para a psicanálise: a liberdade é, na melhor das hipóteses, sentimento. Os atos psíquicos são
rigorosamente determinados. Determinismo psíquico.

O livre arbítrio e as religiões x ciência e o determinismo dos atos psíquicos

- Direito Penal: base religiosa.

Página 12 de Culpabilidade
- Direito Penal: base religiosa.

- A ideia da liberdade psíquica que fundamenta a pena não está demonstrada. Mas
atribuímos a liberdade de agir de outro modo como fundamento da culpabilidade.

- A dogmática penal busca um fundamento ontológico do poder agir de outro modo: mas
nunca foi identificado.

- A ciência da culpabilidade na contramão do desenvolvimento científico. As ideias do


DIREITO PENAL SÃO MEDIEVAIS. Falamos em livre arbítrio para punir.

Poder agir de outro modo não é comprovável > mudou-se, portanto, para a Teoria do
Homem Médio.

- Formulamos um juízo sobre uma pessoa abstrata que chamamos de normal. Aqui a
tragédia é pior; como na concretude não se demonstra, vamos para o campo imaginário.

- O que é ser normal?

- Incongruências e inconsistências.

Obs: Luiz Greco fez doutorado, pós-doutorado com Roxin. Roxin compreendia a importância
de comunicar o seu saber jurídico-penal para a américa latina. Então usava o Luiz Greco
como seu tradutor. Criou uma relação de confiança. Desgosto profundo dos discípulos de
Roxin.

Obs: crítica do professor a não abertura da dogmática penal a criminologia pelo Luiz Greco e
etc. conservação do status quo.

Jescheck e Biden:

- Wessels: tratado de Wessels está na quinquagéssima edição. Adepto da teoria social da


ação, mas adota inteiramente o finalismo. O conceito de ação a partir da relevância
social. Professor acredita que é o injusto que demonstra a irrelevância da ação e não a
ação que pode ser relevante ou irrelevante.

Culpabilidade como" Atitude Jurídica Defeituosa ou Reprovada" para Jeschek e Biden

- Muda-se de "poder agir" para "atitude jurídica defeituosa".

- Eliminam a questão do poder ou camuflam melhor.

- Mas no fundo, se o sujeito desenvolve uma atitude jurídica reprovada é porque supomos
que ele pode ter uma atitude jurídica conforme o direito.

- Abrigar o direito penal tendo consciência que a liberdade é indemonstrável

- Alessandro Baratto: não se consegue ser um bom jurista com um nível de má


consciência dos problemas do Direito. Não é dominado pela dogmática penal, ele
domina.

- Não basta repetir conceitos dogmáticos; é preciso saber o que estamos dizendo,
enunciando. Isto é o que faz a diferença. Deve saber o limite do seu instrumento.

Página 13 de Culpabilidade
Conceito de Jakobs: define a culpabilidade como um DEFEITO DE MOTIVAÇÃO
JURÍDICA.

- Autor reacionário que produz teoria para as elites. Prevenção geral impositiva na teoria
da pena. O Roxin é mais democrático mas também leva a água na direção da teoria
geral da prevenção.

- Fala em MOTIVAÇÃO. Mas ainda tenho que pressupor que ele tinha o poder de se
motivar juridicamente correta. Volta a liberdade de agir de outro modo.

- Crítica: ainda falamos em liberdade. Posso falar em poder de se motivar certo.

Obs:
- Lava Jato: expressão máxima do Direito Penal do Inimigo com o Princípio da
Tolerância Zero e Americanização Direito Penal.

- Problemática do Caso Lula: a

Professor: os conceitos de culpabilidade não fecham pois todos resvalam na liberdade de agir
de outro modo.

Conceito de Roxin: definiu a culpabilidade como DIRIGIBILIDADE NORMATIVA -


capacidade de autodireção conforme a norma.

- Dirigibilidade empírica e dirigibilidade normativa: portador do atributo de se dirigir


de acordo com a norma.

- Parte de Von Liszt: é o grande inspirador de Roxin. Ele definia como determinabilidade
conforme o motivo. É um conceito positivista que parece dizer que os processos
psíquicos são determinados por motivos. Não é um conceito ruim, mas deixa um
espaço.

- Busca o conceito também de Aubrech "auto-disposição ao apelo da norma". Mas estar


aberto ao comando da norma significa que você é aberto a isto?

- Fala em: capacidade de comportamento conforme a norma.

Então falo que ele tem poder agir conforme o direito? Para o professor, sim.

- Dimensão empírica (capacidade de autodireção) x Dimensão normativa


(autodireção conforme a norma).

Obs: não estou falando em liberdade de agir; mas de autodireção material e autodireção
conforme a norma. Até um cão aprende isto: não pode sair do portão, não pode entrar em
casa etc. seguem norma.

- Roxin usa o termo de RESPONSABILIDADE ao invés de culpabilidade. Baseando-se


na prevenção geral positiva, mas também com as demais. Jakobs só trabalha com a
prevenção geral positiva, servindo para estabilizar as expectativas normativas. Jakobs
pretende usar Luhmann.

- Roxin: pena como correção; neutralização; intimidação.; afirmação de valores jurídicos.

Obs:
No futuro precisaremos nos livrar do termo "culpabilidade" em razão da origem religiosa do

Página 14 de Culpabilidade
No futuro precisaremos nos livrar do termo "culpabilidade" em razão da origem religiosa do
termo, que depois se moderniza na psicanálise pelo sentimento de culpa.

- Roxin trabalha com a política criminal polissistêmica na funções da pena. Mas não há
limites claros para as funções da pena; precisando de uma função metafísica da pena
como retribuição conforme a culpabilidade para dar limite.

- A prevenção não poderá exceder a culpabilidade, delimitada como critério de


retribuição, e pena como valor de troca no crime. Troca jurídica do crime.

- Pena enquanto mercadoria; divisibilidade do tempo de pena como é a divisibilidade do


dinheiro.

Por que a culpabilidade não pode ser o fundamento da pena? Ela não é demonstrável

- Pois ela é ontologicamente indemonstrável; a culpabilidade é um mito da liberdade


humana. Portanto, chegou-se a conclusão que a culpabilidade ontológica é
indemonstrável. E passou a ser percebida não como uma constatação de um substrato
do sujeito, mas como atributos do poder agir ou não.

- A culpabilidade se desloca da posição de fundamento da pena para a função de


LIMITAÇÃO DA PENA.

A culpabilidade como LIMITAÇÃO DA PENA

- É uma evolução dogmática democrática. Revitalizamos a atribuir uma função social de


limitação do poder punitiva do Estado, e é justamente este o grande problema da
sociedade capitalista, o grande poder do Estado perante o indivíduo.

- Deixa de ser FUNDAMENTO DA PENA para a ser LIMITAÇÃO DA PENA; não


consigo demonstrar o poder agir, mas posso usar para limitar o punir.

- A culpabilidade supera seus limites meramente metafísicos para ganhar uma


conotação POLÍTICA.

- O defeito da culpabilidade: ontologicamente não consigo demonstrar; mas como razão


de limitação da pena é bom.

- Mas ainda como limitação ela é indemonstrável.

Obs: Estado Classista. Estado Racista (Estado é a expressão da branquitude). Estado


Machista (patriarcado é uma instituição características da sociedade capitalista).

Posição do professor Juarez Cirino dos Santos: culpabilidade como responsabilidade


pelo seu comportamento em razão da vida em sociedade.

- A existência do ego exige o respeito ao alter. Pois o "ego" é "alter" ao outro.

- Princípio da Alteridade (alter): responsabilidade pelos meus atos.

- Culpabilidade são processos psíquicos.

O direito só é necessário porque existe o outro, ele é necessário para reger as relações sociais.
Falamos então em responsabilidade pelo seu próprio comportamento, porque vive em

Página 15 de Culpabilidade
Falamos então em responsabilidade pelo seu próprio comportamento, porque vive em
sociedade.

A sociedade é um espaço caracterizado pela existência do outro; o ego deve respeitar o alter.

A culpabilidade não se fundamenta na metafísica da liberdade (que no fundo é determinação


pela psicologia) mas pelo respeito ao outro. É uma questão prática, concreta e real.

Ferri: escola positivista. O homem é responsável porque vive em sociedade.

- A formação da vontade em condições normais, o sujeito sabe o que faz, é imputável,


e tem consciência da antijuridicidade, e portanto ele pode não fazer o que faz.

- Formação da vontade em situações anormais: produzem um defeito nos processos


psíquicos. Damásio, Mirabete, Capez. Não conseguem entender que culpabilidade são
processos psíquicos e que não é meramente um pressuposto da pena. Formação da
vontade em situações anormais que significam um defeito no aparelho psíquico que
reduzem ou excluem a imputabilidade.

Obs: para o jovem o tempo tem outra dimensão.

Obs: o erro: realidade psíquica x realidade fática.

- Professor busca trabalhar com a ideia sociológica de alteridade para fundamentar a


culpabilidade. Fundamento sociológico e psicológico. Necessidade de responsabilidade
pelo próprio comportamento.

Página 16 de Culpabilidade
Estrutura da Culpabilidade
domingo, 22 de outubro de 2023 21:16

Imputabilidade: capacidade de saber o que faz e controlar o que faz.

- Excluída ou reduzida em menoridade ou deficiência mental.


- Capacidade psíquica de controle dos instintos: MATURIDADE.
- Não trata-se apenas de condição objetiva que exclui a dimensão do subjetivo, pelo
contrário.

Consciência da ilicitude, excluída ou reduzida em erro de proibição.

- Não é POTENCIAL consciência: ou TEM ou NÃO TEM. Não tendo, está em erro.

- Exigibilidade: poder de não fazer o que faz.

Obs: há gradações no erro de proibição bem como na exigibilidade. Deveríamos ter critérios
psicológicos e sociológicos para medir com precisão.

Obs: capital financeiro asfixia as nações em desenvolvimento, criando dependências. Há


centenas de milhares de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza; o que estas fazem?
Há campos de ilicitude. A pena vem para penalizar aqueles que não tem capital humana,
portanto são "matáveis". Produzimos teoria para legitimar esta lógica.

Trabalharemos da estrutura da culpabilidade até questões políticas criminais até a actio libera
in causa.

Obs: qual a diferença ontológica entre o crime e os atos infracionais? Não há nenhuma. Então
qual o clamor social pela redução da maioridade? Há milhares de crimes e é necessário um
mínimo de experiência social para poder se autodeterminar socialmente, e um aparelho
psíquico são. Temos crimes econômicos, crimes contra a relação de consumo, crimes
financeiros, crimes de abuso de poder. No direito penal especial é imensa a dificuldade. A
ideia de 18 anos é insuficiente para a compreensão das ilicitudes em suas centenas.

Obs: professor pegou o Anibal Bruno e aprendeu tudo; pegou o Welzel e aprendeu tudo. A
vida prática levou o professor a trabalhar com à área criminal.

Discussão a respeito da menoridade penal: imaturidade em lidar com os impulsos do ID


e de compreender as centenas de ilícitos.

A questão mais importante na imputabilidade não é saber o que faz MAS de controlar o que
faz. Controle interno dos instintos e impulsos. O jovem com menos de 18 anos não tem esta
capacidade. Instintos da agressividade e sexualidade. Os dois grandes problemas da vida. Ele
só pode controlá-los quando os experimenta, descobrindo modos de conter o impulso, e se
determinar conforme esta compreensão.

Controlar as forças do ID não é plenamente possível pelos jovens, requer a militância das
situações de conflito social, onde isto se manifesta, e o ego vai aprendendo a se determinar
perante e controlar os impulsos.

Exigibilidade de conduta diversa

Página 17 de Culpabilidade
- Lido com emoções ligadas ao instinto de sobrevivência: aborda o MEDO (o maior
medo humano é da morte).

- Aqui estão as emoções.

Potencial Consciência da Ilicitude

- Crítica do professor a nomenclatura de "potencial erro". Eu condenar alguém que


tinha potencial consciência, é uma mera suposição, mas não analisa-se a natureza do
erro em que o agente estava metido.

- Princípios psíquicos da culpabilidade: TODOS devem ser COMPROVADOS e não


presumidos, na dúvida devendo ser excluída a culpabilidade. Não posso condenar na
dúvida.

Relembrando a evolução história da Culpabilidade:

Início da culpabilidade normativa (fórmula de Reinhard Frank): foi a descoberta da


ideia de REPROVABILIDADE, fazendo uma diferenciação entre norma de comportamento e
norma de dever. Juízos de desculpa do sujeito, valendo como exculpação.

Culpabilidade psicológico-normativa: REINHARD FRANK.

Culpabilidade normativa: deslocamento do dolo e culpa para o tipo, pois só posso


compreender a ação com uma finalidade.

- Mas fica na culpabilidade o "dolo da antijuridicidade" que é a consciência e vontade de


praticar o injusto.

- Foi separada a consciência do fato x consciência da antijuridicidade do fato.


Pergunta: ISTO É POSSÍVEL EM SOCIOLOGIA? Questão para pesquisa.

Juízo de Culpabilidade: quais são os seus fundamentos da culpabilidade material?

- Poder de agir diferente.

- Dirigibilidade normativa (Roxin): capaz de se dirigir conforme a norma. hoje é o


melhor conceito possível formular no atual desenvolvimento da teoria do crime.

Dimensão de empírica: autodeterminação.


Dimensão normativa.

Discussão a respeito do determinismo: Freud, Nietzche etc. processos psíquicos, sociais etc,
que se conectam e determinam.

IMPUTABILIDADE

- Estado psíquico que pode ser reduzido ou excluído por anormalidades psíquicas ou
critério biológico.

- Capacidade psíquica.

Página 18 de Culpabilidade
- Capacidade psíquica.

Obs: Estatuto da Destruição da Criança e Adolescente: pena de 03 anos acaba com a vida de
um jovem. Há punição rigorosa.

- Há capacidade de compreensão; mas será que de TODOS os fatos? E os fatos


complexos? Se eu falar de um crime contra a administração pública ele tem capacidade
de entender?

- Capacidade de CONTROLE dos impulsos de agressividade e sexualidade que estão na


origem da energia psíquica (Freud).

- Controle do ID exige uma vivência mínima de situações de conflito, onde o EGO


aprende a lidar com estas forças internas conhecendo sua força.

- A questão é a capacidade de AUTODETERMINAÇÃO: Controle dos impulsos pelo


EGO.

Anormalidades psíquicas: perturbação da saúde mental

- Transtorno psíquico: psicoses e neuroses.

Psicoses: transtornos graves - patologias psíquica que excluem a responsabilidade penal.

- Endógenas: esquizofrenia e paranoia.


- Exógenas: traumáticas.

Neurose: transtornos mais leves.

Obs: psicanálise só é capaz de tratar a neurose.

Obs: queremos sair do lugar comum do Direito e enfrentar o desafio da psicologia e


sociologia.

Desenvolvimento mental incompleto: oligofrenia

- Teorias psiquiátricas.
- Debilidade mental (7-9 anos), imbecilidade (5-7anos), idiotice (1-5anos) etc.

Embriaguez completa

- Excluí a imputabilidade.

Dependência de droga: ao tempo da ação INTEIRAMENTE incapaz de entender o


caráter ilícito do fato ou de se determinar (lei de drogas).

Actio Libera in Causa

- É um conceito que foi criado para proteger o inimputável mas tem sido usado para
condená-lo.

Página 19 de Culpabilidade
Não excluem a imputabilidade:

- Emoção e paixão
- Embriaguez voluntária ou culposa.

Emoção e Paixão (redundância)

- Emoções humanas: psicanálise retoma a emoção no Ser humano, que vinha sendo
tratado de forma exclusivamente racional. Dignidade das emoções é resgatada.

Os dois princípios dos processos psíquicos: princípio do prazer + princípio da realidade.

Paixão: uma emoção acentuada.

As emoções: emoção como a base da energia psíquica. Nutre sentimentos.

O homem é fundamentadamente emoção.


A racionalidade é desenvolvida em função do princípio do prazer. O conhecimento da
realidade é necessário para a realização do princípio do prazer. Não há renúncia do
princípio do prazer, mas apenas um adiamento.

- As ideia do homem são carregadas de emoção.


- Autor David Prest: na base da razão está uma emoção. A razão é um produto do EGO,
que está permeada por emoção.

- Emoção: é o que MOVE. Forças motoras primárias. Não existe um ato puramente
racional.

- Emoção x sentimento:

Emoção como excitações corporais ligadas a sobrevivência do indivíduo. Reação química


neurônica complexa automática e estereotípica e sem controle.

Sentimento: é uma emoção com uma ideia perspectiva.

Grandes emoções: impulsos, instintos, afetos, paixões.

- Sentimento de culpa tem base no Complexo de Édipo.

"Na verdade a dinâmica de formação, agravação e descarga de emoções e afetos acarreta em


grave perturbação psíquica não patológica, pode excluir ou reduzir a capacidade de
culpabilidade".

"Atitudes de repressão intransigentes as pulsões fundamentais do homem parecem


inadequadas. As manifestações das afetividades humanas devem ser analisadas sob o prisma
da moderna psicologia que o sistema de justiça criminal não pode ignorar".

Distinção entre afetos fortes (fundado na pulsão por morte/ira e ódio) e afetos fracos (fundado

Página 20 de Culpabilidade
Distinção entre afetos fortes (fundado na pulsão por morte/ira e ódio) e afetos fracos (fundado
no instinto da sobrevivência).

ACTIO LIBERA IN CAUSA

Obs: Frequência da ocorrência de crimes em estados de embriaguez. Mas é um mito. O que


mais mata são as causas estruturais, como estradas ruins, carros com defeitos etc. base
estrutural da morte no trânsito.

- Álcool e o crime doloso: liberação dos instintos.

Liberação das emoções por drogas: o álcool atua como inibidor dos centros inibidores da
psique humana. Você amolece o Superego e o Ego se solta junto dos instintos. A alegria da
embriaguez é do fluxo dos instintos.

- O que significa de verdade a Teoria da ACTIO LIBERA IN CAUSA:

Conceito construído para significar duas situações:

- Situação anterior: estado de capacidade, coloca-se em estado de incapacidade para


criar coragem de praticar um crime determinado. Coloca-se de forma livre em estado de
incapacidade com o objetivo da prática de crime. Autoincapacitação temporária. Basta
ser previsível esta prática de crime determinado!

- Situação posterior: efetiva realização do crime determinado em estado de


incapacidade.

Portanto, veja: há dolo de praticar crime determinado, que será praticado de forma
inconsciente.

No Direito Alemão: teremos agressão imprudente quando na situação anterior não tinha o
dolo.

- Deve ser LIVRE NA CAUSA: por dolo ou por previsibilidade de crime determinado

No Direito Brasileiro: independe de ter o dolo anterior, basta ficar alcoolizado por forma
voluntária e praticar um crime que anteriormente não desejava. Não tem o propósito inicial
de praticar o crime.

- No Brasil temos condenação por "actio libera in causa" de quem pratica um crime
alcoolizado.

Teoria da exceção x Teoria do Tipo

Teoria da Exceção: a punibilidade vem da culpabilidade no momento anterior.

Teoria do Tipo: a punibilidade vem da culpabilidade na ação anterior e posterior, há uma


coincidência o estado de imputabilidade e a auto-incapacitação temporária.

Obs: aprender a dogmática tem um sentido de proteção pessoal. Ela é projetada para proteger
o acusado diante do Poder do Estado. Na verdade, o Estado não está preocupado com o
direito e com o Réu. A única preocupação é o exercício do poder. O Direito surge como
tentativa de limitação do poder.

Obs: discussão do professor quanto a Omissão Imprópria. Tratamento igual o crime de ação

Página 21 de Culpabilidade
Obs: discussão do professor quanto a Omissão Imprópria. Tratamento igual o crime de ação
é um absurdo: uma coisa você é deixar as coisas acontecerem e outra é você matar
diretamente. Empurrar um homem da ponte para segurar o trem, e salvar pessoas, 1 a cada 6
fariam; mas apertar um botão para desviar o trem e matar 1 pessoa e salvar 5 pessoas, a
imensa maioria faria. São coisas diferentes: deixar as forças mecânicas agirem e outra é você
realizar. É diferente deixar morrer e matar. Há diferenças. Homicídio ativo por ação é
diferente daquele homicídio omissivo impróprio (deixar morrer).

Página 22 de Culpabilidade
Etiologia Estrutural
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023 09:47

Teoria Etiológica Sociocultural

Positivismo:

- Visão da sociedade como um organismo biológico: um todo organizado que


funciona de forma integrada.

- Empréstimo das ciências naturais categorias para análise das ciências sociais.

- Positivismo: modela o poder punitivo justificando-o cientificamente.

- Positivismo não é apenas forma de pensar, mas de SENTIR o povo brasileiro,


descrito de uma forma inferiorizada, patologizada e criminalizada. Visão etiológica
presente.

Sociologia: pai foi Durkheim em razão da metodologia de estudo, do Fato Social. Mas
termo foi empregado por Augusto Comte.

Zaffaroni: todo genocídio é precedido por um discurso legitimador da eliminação do


outro.

Zaffaroni: Nina Rodrigues e o estudo dos crânios de Lampião e Maria Bonita.

- Sociedade brasileira é escravagista, colonial, de capitalismo periférico. O


empréstimo de teorias culturais europeias é delicado.

Atual: pobreza como origem da criminalidade e a intenção de eliminar o pobre.

Página 23 de Culpabilidade
SOCIOLOGIA CRIMINAL (Alessandro Baratta)

- Analisa o comportamento desviante numa dada estrutura social, buscando a gênese


deste comportamento.

- Professor Nilo Baptista: a mídia promove uma verdadeira execução da pena.

TEORIA ETIOLÓGICA

- Etiologia: o criminoso produzido por causas sociais e biológicas.


- Caracterização epidemiológica.
- Sociologia do Consenso: fundada na ordem que está dada.

Ex: estudos da distribuição da criminalidade conforme regiões, períodos históricos, faixa


econômica etc. ela parte de uma sociologia do CONSENSO. Ela aceita uma ordem dada.
Contudo ordem é conceito político. Ordem para quem? Para manter as relações de
exploração? Ordem da sociedade patriarcal? Machista? Misógina? Racista. Sociologia do
conflito, onde a ordem é produto de uma construção social de conflito e poder. A
sociedade aqui não tende ao equilíbrio e integração, mas a disputa pelo poder.

Crítica: A criminalidade é prática da MAIORIA da civilização e de forma reiterada,


mas apenas uma minoria é criminalizada com base em indicadores sociais

Visão Funcional de Crime

- Durkheim: o crime vence o imobilismo.


- George Mead: o crime permite o combate de um inimigo.

Página 24 de Culpabilidade
- George Mead: o crime permite o combate de um inimigo.
- Cohen Belt: prostituição como uma válvula de escape que protege a família
burguesa.

O crime reforça a própria consciência coletiva e a autoridade do Estado. Favorece a


quem está do lado da "lei", do Estado e do Poder.

Militarização da política: cada vez mais temos políticos oriundos das polícias, com
discurso fascista de lei e ordem, buscando a criminalização do pobre.

- Sociedade estática x sociedade dinâmica.

- Marx: filósofo com influências nas diversas áreas. Via no criminoso uma força
equilibradora. Interrompe a monotonia da vida burguesa.

Zaffaroni: o pobre é a mais vitimizada, mais criminalizada e mais policizada. A guerra


contra o crime absorve a outra parte da mesma população (Marx).

Ideologia da Defesa Social

- Ideia forte no SENSO COMUM.

- Concepção abstrata e ahistórica como uma totalidade de valores e interesses. A


escola clássica realiza um modelo de ciência penal integrada, na concepção geral do
homem e da sociedade e da ciência jurídica. Alessandro Baratta tentou construir esta
concepção numa vertente crítica.

- Nasce da codificação penal e escola positivista.

Princípio da Legitimidade da Violência:


Weber: o Estado é quem detém o monopólio da violência legítima. É quem pode reprimir
a criminalidade por meio de instâncias oficiais de controle. Será que ele não extrapola
este monopólio para se tornar num Estado Terrorista? A polícia que mais mata e que mais
morre, a que mais adoece. 20% dos homicídios decorre da violência policial.

Princípio do Bem e do Mal:

- Cidadão comum é do bem e criminoso é do mal.

Página 25 de Culpabilidade
- Sociedade brasileira é desigual, racista, fascista, machista e consumista: então
como o cidadão comum é do bem?

- Será que o desviante (criminoso) não está agindo como Durkheim previu?
Antecipando mudanças necessárias da sociedade. Como o futuro pode ser melhor?

Princípio da Culpabilidade

- Ideia de que o delito é uma atitude interior reprovável pois viola normas e valores
sociais comuns.

- E os estudos das subculturas delinquentes? Há fragmentação cultural e diferentes


valores.

Princípio da Finalidade ou da Prevenção

- A pena não só como retribuição mas também como forma de prevenção e


ressocialização.

Alessandro Baratta: a melhor prisão é aquela que não existe, mas não podemos abrir mão
de prisões melhores. Criminologia atuarial: as prisões só cumprem o papel de
neutralização.

- A justiça é uma serpente, só pica quem está descalço.

- Ideia de evitar a prática de crimes. Obs: Mas o crime é unânime e não a


criminalização.

Princípio do Interesse Social e do Delito Natural

- Bem jurídicos universais que devem se protegidos.

- Crítica: seletividade dos bens jurídicos protegidos, com enfoque no patrimônio.

- Diferenças de tratamento da justiça: nem a vida tem o mesmo valor na sociedade


capitalista. A morte do rico não é igual a do pobre. Nem a vida consegue ser um
bem jurídico universal.

"impossibilidade da existência de bens jurídicos universais".

- As penas draconianas: desde Beccaria sabemos que a certeza da punição é o que


impede o crime e não a gravidade da pena.

Princípio da Igualdade

- Igualdade: quem comete crime é penalizado.

Crítica: quem é mais penalizado no Brasil é quem comete o crime de forma tosca.

DURKHEIM

Página 26 de Culpabilidade
- O pai da sociologia.
- Existia uma nostalgia pela sociedade do passado. Mas o autor entendia o progresso.

1858: expectativa de vida de 30 anos.

- Nascimento da sociedade industrial. Acumulação primitiva do capital. Apropriação


das terras, com uso de maquinários. Expulsão do campo para a cidade.

- Alta taxa de desemprego.


- A mulher ganhava 1/4 parte do homem.
- Crianças vistas como pequenos adultos. A partir de 09 anos já passava a trabalhar.

- Alto grau de acidente nas fábricas testeis.

- Epidemias.
- Condições sanitárias precárias.

Spencer: individualismo utilitarista.

- Durkheim: crítica a Teoria do Contrato Social. Quem pode celebrar contratos livres?
Influência do socialismo de Saint Simon

Estudo do FATO SOCIAL: como coisas. Traz um olhar objetivo de como as coisas são,
livre das pré-noções;

Características: externalidade, coercitividade e generalidade.

Conceito: O fato social, segundo Durkheim, consiste em maneiras de agir, de pensar e de


sentir que exercem determinada força sobre os indivíduos, obrigando-os a se adaptar às
regras da sociedade onde vivem.

Fato social é uma maneira de agir coletiva que não está submetida à vontade individual,
mas influencia-a, tornando-se um conjunto de normas sociais.

Identificação de uma consciência coletiva a qual age por trás dos indivíduos,
influenciando as suas ações de alguma maneira.

Página 27 de Culpabilidade
- Solidariedade orgânica: vínculo pela diferença. Solidariedade cresce com a
individuação. Integração.

- Habilidades naturais correspondem ao papel social. Perspectiva de meritocracia

Página 28 de Culpabilidade
- Habilidades naturais correspondem ao papel social. Perspectiva de meritocracia
biológica.

- Durkheim criticava a herança em razão desta não permitir um nivelamento


igualitário. Este era o sonho democrático de Durkheim. Uma correspondência social
das habilidades de cada um.

Diferentes tipos de controle social nas cidades grandes e pequenas

- "Em cidade do interior, todo mundo está vendo...". Há um maior controle social.
- Numa sociedade complexa ninguém sabe e nem quer saber se a pessoa vai em bar
ou não vai.

Diferença da intensidade no controle social.

- Numa sociedade complexa: há individualismo mas também codependência entre as


pessoas em razão das especializações. Contudo, são todos anônimos uns aos outros.

- Durkheim: preocupava-se com a noção de perca da noção do todo. Considerava


importante os sindicatos, associações etc. para trazer a compreensão do todo.

Estudo do Suicídio e do Fato Social

- Recessão econômica: suicídio.


- Boom econômico: suicídio.

Explicações? Anomia. A sociedade não consegue saciar o apetite do indivíduo. O


indivíduo perde a noção do todo e da consciência coletiva. Suicídio e o individualismo
exacerbado.

Fato Social Normal

- Generalizada que tem como função integrar pessoas numa conduta valorativa.

Crime

- Ofende as posições consolidades na consciência coletiva. Conjunto de atos que


suscita uma reprovação social.

- A sanção do crime reforça a harmonia e o equilíbrio.

- A autoridade não deve ser excessiva, deve permitir a originalidade individual.


- O criminoso não é corpo estranho, mas alguém que tenha a antecipação da
moralidade futura, dimensão de como a divisão do trabalho social deve se dar.

Fato Social Patológico

- Coloca em risco a harmonia e o consenso, e geralmente são transitórios.

- Suicídio egoísta.
- Suicídio altruísta.

Página 29 de Culpabilidade
Teoria da Anomia em Merton

Segundo Merton, anomia significa uma incapacidade de atingir os fins culturais. Para
ele, ocorre quando o insucesso em atingir metas culturais, devido à insuficiência dos
meios institucionalizados, gera conduta desviante. O seu pensamento popularizou-se em
1949 graças ao seu livro: Estrutura Social e Anomia.

Página 30 de Culpabilidade
Teoria das Subculturas Delitivas
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024 12:37

Teoria das Subculturas Delitivas

- Referência a Teoria da Associação Diferencial.


- Influência de MERTON: incapacidade de atingir os fins
culturais.
- Teoria com enfoque na delinquência juvenil.

As bases da teoria:

1. Merton e a anomia:

Resposta aos problemas de frustação do jovem de classe baixa


que usa como referencial o jovem da classe alta.

- Ênfase do sucesso econômico.

2. Associação diferencial

Delinquência aprende-se num contato associal a partir do


ambiente.

Subculturas:

- Diferenciação da cultura comum: como um conjunto de


crenças, códigos e valores compartilhados pela comunidade.

- Nas subculturas temos premiações e valorização de


comportamentos desviantes para a cultura comum.

Autor: Albert K. Cohen - Delinquent Boys.

A Delinquência Expressiva:

- O crime não é instrumental. Mas uma atividade que por si

Página 31 de Culpabilidade
- O crime não é instrumental. Mas uma atividade que por si
só produz prazer e satisfação, permitindo adquirir certo
status no seio do gripo.

- Delinquência maliciosa: prazer sádico de causar danos aos


bons garotos; como forma de desafiar as normas dominantes.

- Característica de oposição das normas dominantes.

- Busca do prazer a curto prazo: RESPOSTA IMPULSIVA


AO PRAZER E AO MOMENTO.

- Ênfase na autonomia do grupo: solidária ao grupo e


hostilidade aos demais.

- Gangues: relação de dependência cognitiva, afetiva


(família) e moral (valores de reconhecimento por parte
do grupo). Substituição da ausência da família. Ausência de
atividades extracurriculares. Não há o disciplinamento da
recompensa após o trabalho árduo. Broken Homes: filho na
rua aliciado e desprotegido.

- Versatilidade de atividades: não um delito especializado,


mas diversas práticas desviantes.

Obs: o limbo do jovem. Deixa de ser rapidamente criança e


se torna adulto, mas ainda sobre a autoridade do outro
adulto.

- Texto Juarez Cirino: o adolescente infrator e os direitos


humanos. Avanço do ECA enquanto lei, mas pouco
efetivado em direitos e avançado em aprisionação do
adolescente.

Filme: Laranja Mecânica.

Condições para a origem da subcultura delitiva:

- Problema no STATUS do jovem. Ética da classe média


como referência.

- Frustração cultural pela incapacidade de alcançar metas


culturais.

- Frustração do desejo de ser reconhecido. Sentimento de


inferioridade.

Formas de Solução das incapacidades de êxito cultural:

- Esforço para ser aplicado e adquirir o reconhecimento do


grupo (resposta conformista que supõem a entrada na
competição em inferioridade de condições).

- Renunciar as aspirações e assumir o papel de bom moço


(resposta de renúncia a luta e aceitar a condição de
inferioridade).

Página 32 de Culpabilidade
inferioridade).

- Colher a via da subcultura delitiva (mudar o marco de


referência cultural). Explorar as reações do grupo ante um
ato seu. Ex: habilidade de praticar furto, pichação etc.
mudança de marco de referência.

Subcultura Delinquente

- Dissociação da cultura.
- Grupo SECTÁRIO como forma de sobrevivência.
- Deve se distanciar aos outros.
- Rechaço explícito e global de todos os padrões da classe
média e adoção da antítese dos padrões desta classe
média.

Autor Richard Cloward

- Condições para associação na Subcultura Delinquente.

Delinquência Instrumental

- Estrutura de oportunidades legítimas: evolução da


subcultura para crime uma subcultura instrumental.

- Divisão do trabalho no bairro. Estrutura criminal. Advogado


da organização. Funcionários corruptos.

- Existência de delinquência adulta no bairro como uma


possibilidade REAL de adquirir o êxito econômico.

- Estrutura de integração do jovem com o mundo delitivo


adulto. Compartilhamento de motivações (racionalizações e
justificações para a prática do delito) e técnicas delitivas.

- O tráfico atraí o jovem precarizado sem oportunidade e


estudo, oriundo de broken houses. Submissão ao trabalho no
tráfico de drogas (criminalidade instrumental).

Página 33 de Culpabilidade
tráfico de drogas (criminalidade instrumental).

Ex: comum a crença de que iria entrar no crime e depois sair.


Documentário Falcão - Meninos do Tráfico.

Ex: filme Cidade de Deus.

Obs: professora comenta sobre a impossibilidade do tráfico se usar


de meios tradicionais de justiça para resolver conflitos
relacionados a pontos de venda.

Subcultura Apática

- Aqueles que fracassam no mundo convencional.


- Atitude apática.
- Os párias da sociedade. Uso problemático de drogas.

Obs. A maioria das pessoas usa drogas e tem uma vida normal.

Obs: a epidemia do Crack. Fio Cruz demonstrou que não há


epidemia do Crack no Brasil, que ele se mantém regulado no
Brasil. Governo criticou a metodologia.

Obs: pessoas em situação de rua. Condições de sobrevivência.


Doenças mentais anteriores. Uso de drogas.

- Estudioso Carl Hart: o crack não é tão superpoderoso


como as pessoas imagem. O mesmo potencial da cocaína
aspirada. 20% das pessoas ficam viciadas. Também não há
uma impulsividade inata que torna a pessoa em autômato.
Não se sabe até hoje todas as razões que levam a pessoa a
fazer o uso problemático. Transtornos mentais como
depressão, TDAH, etc. uso da droga como espécie de
remédio ao seu transtorno.

- Programa de Braços Abertos: Haddad. Reinserção na vida


social.

Página 34 de Culpabilidade
- Em todas as classes sociais há delitos. Todo adolescente
pratica delitos. Mas há seletividade na punição.

- Teorias de médio alcance: não questionam como se formam


as leis, a criminalização etc. limita a análise ao próprio setor de
estudo. Não indaga-se a questão estrutural e um olhar crítico.

- Olhar o desenvolvimento socioeconômico capitalista.

ESCOLA DE CHICAGO

- Teorias Ecológicas: influência do meio físico, social e


cultural da ação humana sobre a delinquência.

- Busca pelo equilíbrio biótico.

Guerra às Drogas e a Escola de Chicago:

- Guerra as drogas: historicamente, criminalização das


minorias.
- Guerra ao álcool de 1919, combate aos sindicalistas

Página 35 de Culpabilidade
- Guerra ao álcool de 1919, combate aos sindicalistas
ucranianos, italianos etc. aumento da delinquência de
forma expressiva. Passou a ter substâncias tóxicas. Uso de
álcool na veia.

100 mil pessoas cegas ou paralíticas. Álcool impuro.


30 mil mortes de overdose.

- Perseguição a maconha: imigrantes mexicanos.


- Cocaína: inicialmente foi dado aos negros. Depois passou a
ser reprimido quando usado para prazer.

- Chicago em 1840: 2 mil habitantes. 1920: 2 milhões de


habitantes. Boom de crescimento. 1/3 de estrangeiros.

Obs; filme Gangues de Nova York. A desorganização social se


assemelha.

- 1892: departamento de sociologia. Por um darwinista


social pela Universidade de Chicago. Criação da
universidade por uma doação de Rockfeller (milionário do
aço).

Teoria da Desorganização social

- É um termo eminentemente político, pois você afirma que


existe uma ordem social certa.

- Era o afrouxamento das regras sociais de conduta existente


sobre os membros do grupo. Consciência Social
(Durkheim).

Lado positivo:

- Primeira grande escola sociológica do delito.


- Busca uma resposta social ao delito.
- Não era um modelo altamente conservador e reacionário,
havia uma perspectiva progressista.
- Busca pela integração social por meio do envolvimento
comunitário.
- Projetos urbanísticos para evitar a deterioração física do

Página 36 de Culpabilidade
- Projetos urbanísticos para evitar a deterioração física do
ambiente. Evitando o abandono à delinquência.

- Pesquisas empíricas realizadas e que trouxeram dados


importantes.

- Política de Lyndon B. Johnson: combate à pobreza (e não


ao pobre).

- Muitas pesquisas empíricas.

- Pesquisa de Clifford R.Shawn: taxas de delinquência


conforme a origem da cidade. Resultados principais:
observaram grande variação na taxa de criminalidade em
áreas da cidade. Lugares em que inexistia e outras em que
20 a cada 100 jovens tinham passado pelos tribunais. Uma
minoria produzia mais da metade dos delitos. E as taxas se
mantinham. Áreas centrais com maior criminalidade.
População decrescente. Problemas sociais. Delinquência
adulta. Precarização. Pobreza. Mesmo com a modificação
da minoria ética a taxas de delinquência juvenil se
mantiveram.

Áreas de desorganização social possuem maiores índices de


criminalidade. Controle social fraco. Vínculos sociais
afrouxados.

Problemas: não foi investigado os crimes praticados pela elite.


Bem como da cifra oculta da criminalidade. Quando você
concentra a atenção das agências de controle social FORMAL e
MIDIÁTICO numa dada região, você amplia a percepção da
criminalidade.

Obs; controle midiático. Medo subjetivo.

- Clifford Shawn: Pessoas pobres possuem mais dificuldade


em satisfazer suas necessidades com meios lícitos.
(resposta conectada a anomia).

Criminalidade nas zonas de transição

- Fala-se também: menor capacidade de controle dos


comportamentos desviantes.

- O problema do ANONIMATO. Falta de interesse em criar


raízes na região.

- CONTROLE SOCIAL.

- Pobreza.

- Afrouxamento das relações.

Crítica: ao caráter causalista

- Das relações sociais como relações biológicas.

Página 37 de Culpabilidade
- Das relações sociais como relações biológicas.

- Como relações sociais são relações de poder.


- Crítica ao determinismo geográfico.

Baratta: colocar uma lupa sobre um único local. Funciona como


espiral. Produz uma espiral de uma profecia que vai se realizar,
pois será necessariamente encontrado mais crimes.

- Parte da delinquência oficial: o delito que passa pelas


agências de controle. Diferente da delinquência real.

- A criminalidade não é um problema de minoria.

- Crítica aos métodos simplificadores de identificação e


seleção. Não se consegue demonstrar que exista nas áreas
da classe média mais estabilização social e homogeneidade
cultural.

- Resposta tautológica: circular,


- Inexistência de resposta sobre as mulheres sub-
representação nas taxas de criminalidade. Bem como as
pessoas mais velhas. Perguntas não respondidas pois
partiram das taxas oficiais.

Frederick Milton Trasher:

Análise das Gangues (aquela época de Chicago)

- Busca pela inserção social.


- Valorização.
- Saída do LIMBO.
- Evolução dramática no crime. Processo de
desenvolvimento. Profissionalização como gangster.
- Aprendizado da criminalidade num ambiente de
desorganização social.
- Características de organização formal: estratificação
interna, exclusividade na prática de delitos, objetivos,
lealdade grupal e estabilidade (pertencendo a gangue você
terá um reconhecimento do grupo).

Obs: adaptação cognitiva e moral aos grupos.

Página 38 de Culpabilidade
Página 39 de Culpabilidade

Você também pode gostar