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AÇÃO

CONCEITO

-Conduta é gênero de que são espécies a ação e a omissão

-A ação é a espinha dorsal da teoria do crime, é a atividade humana conscientemente dirigida a um fim

-É a atividade humana, dominada ou dominável pela vontade, dirigido para a lesão ou para a exposição a
perigo de um bem jurídico, para a causação de uma previsível lesão a um bem jurídico

-Ação é a expressão de vontade, livre e consciente, direcionada a um determinado fim

TEORIAS

TEORIA CAUSALISTA

Teoria causal naturalista (fim do séc XIX e princípio do séc XX, com base no positivismo)

-Desde 1870 começaram a falar no causalismo, seus principais expoentes são Franz Von Liszt e Ernest
Von Beling. Para essa teoria o fato típico é objetivo e valorativamente neutro

-Para Beling o fato típico é a descrição abstrata de um crime, tendo como requisitos a conduta humana
voluntaria, o resultado naturalístico, o nexo de causalidade e a adequação típica (subsunção do fato à lei)

-A ação humana geradora de processo mecânico, regido pelas leis da causalidade

-Ação é movimento humano voluntario que causa um resultado

-Voluntariedade: indica a ausência de coação (pressão de fazer algo que não deseja) física absoluta

-Resultado: modificação no mundo exterior é apenas elemento constitutivo do conceito

-O delito passou a ser definido como conduta típica, antijurídica e culpável

Conduta (vontade exteriorizada de maneira a por em marcha a causalidade), Tipicidade (proibição da


causação de um resultado), Antijuridicidade (contradição entre a causação do resultado e a ordem
jurídica, mera infração a norma) e Culpabilidade (relação psicológica entre a conduta e o resultado), em
forma de dolo ou culpa)

-Essa estrutura de crime divide-se em dois grupos: o tipo (causação do resultado, que caracterizava um
processo causal exterior) e a culpabilidade (conteúdo da vontade, dolo e culpa, que caracterizava a relação
psíquica do autor com o resultado)

-Ação é um simples processo causal desencadeado por uma vontade qualquer

Crime

I. Fato punível

a) ação produtora do resultado

b) tipicidade (englobava o conceito de ilicitude)

II. Culpabilidade (vontade e consciência da ilicitude)

a) imputabilidade

b) dolo e culpa
-Sendo o resultado apenas naturalístico, modificação no mundo exterior, essa teoria não explica os crimes
formais, de mera conduta e os tentados

-A voluntariedade da ação abarca a vontade, mas não a finalidade, é dizer, trata-se do movimento humano
livre, sem coação física

Teoria Causal Valorativa (clássica, neokantista, entre 1900 e 1930)

-Trata-se do retorno da filosofia de valores, de Kant, que entende não haver direito sem valores

-Nada no direito é neutro e seus principais expoentes são Mezger na Europa e Hungria no Brasil

-O tipo é objetivo e valorativo

-O tipo é o fato valorado negativamente pelo legislador

-O tipo, assim, não é uma mera descrição abstrata do crime como na naturalista

-Os requisitos da tipicidade que possui apenas uma dimensão objetiva são os mesmos da naturalista
(conduta humana voluntaria, resultado naturalístico, nexo de causalidade e adequação típica), a mudança
no que tange a tipicidade está no fato de que agora é valorativo (embora subjetivo)

-O dolo é mero vínculo subjetivo entre o agente e o fato, possuindo dois requisitos, a consciência do fato
e a consciência da ilicitude (dolus malus)

-Muitas criticas foram feitas a Mezger por incluir a consciência de ilicitude no dolo, pois como o “povão”
teria a consciência de que seus atos são ilícitos. Para responder ele elaborou a Teoria da Valorização
Paralela na Esfera do Profano, a qual o leigo tem uma consciência de ilicitude diferente do jurista

-Ação é um movimento humano que causa um resultado lesivo a um bem jurídico

-Estrutura

Ação (comportamento humano voluntario), tipicidade (passa a suportar elementos normativos como
documento e elementos subjetivos como o dolo da tentativa), ilicitude (passa a ter significado material de
dano social, admitindo graduação do tipo conforme o valor lesionado) e culpabilidade (agrega o conceito
de exigibilidade de conduta diversa como reprovação pela formação da vontade contraria a um dever)

Crime

I. Fato típico

a) conduta b) resultado c) nexo causal d) tipicidade

II. Ilicitude

III. Culpabilidade

a) imputabilidade b) dolo (vontade mais consciência da ilicitude) e culpa c) exigibilidade de conduta


diversa

Teoria Finalista (1930 á 1960)

-Hans Welzel afirma que o tipo possui a dimensão objetiva e subjetiva

-O tipo objetivo mantém os mesmo requisitos (conduta humana voluntaria, resultado naturalístico, nexo
de causalidade e adequação típica)
-Inaugura o tipo subjetivo, compreendido pelo dolo e pela culpa

-Ação é movimento humano direcionado a obtenção de um resultado determinado

-Fato natural (fenômeno determinado pela causalidade, um produto mecânico de relações causais cegas)

-Ação humana (é o acontecimento dirigido pela vontade consciente para a obtenção de um fim, a ação,
diz Welzel é “vidente”)

Crime

I. Fato típico

a) conduta b) resultado c) nexo causal d) tipicidade (subjetiva: dolo e culpa)

II. Ilicitude

III. Culpabilidade (pressuposto de pena)

a) imputabilidade b) potencial consciência da ilicitude c) exigibilidade de conduta diversa

Teoria funcionalista (1970 na obra de Claus Roxin)

-Tipo objetivo e subjetivo seguem idênticos aos desenhados pela teoria finalista

-Tipo objetivo é acrescido dos seguintes elementos: criação de um risco juridicamente desaprovado,
realização deste risco e alcance do tipo

-Ação é o movimento humano que cria um risco juridicamente desaprovado

Teoria funcionalista (1980 na obra de Gunther Jakobs)

-Baseada na expectativa social de Luhmann

-A estrutura passa a ter o tipo objetivo como requisito para a orientação das demais categorias do crime,
que passa a integrá-lo

-Ação é o movimento humano que viole uma expectativa social (da norma)

FUNÇÕES

Teoria da Unificação

-Capacidade de compreender ação e omissão (dolosa e culposa) como espécie de comportamentos


humanos, usa-se a expressão “conduta”, (teoria social da ação), mas é desnecessária

Metodologia de Fundamentação

-Pode constituir a base psicossomática real do conceito de crime, como unidade subjetiva e objetiva
qualificada pelos atributos de tipicidade, ilicitude e culpabilidade. A teoria da ação é a chave para
compreender a teoria do fato punível como ação dolosa ou culposa, proibida ou mandada, descrita no tipo

Função Prática de Delimitação- tarefa completar de:

-Incluir objetivações de subjetividade humana que apresentam os requisitos do conceito de ação

-Excluir fenômenos, movimentos ou comportamentos, que não apresentam esses requisitos, como
situações de ausência de ação
a) Não constituem ação (com certeza)

-acontecimentos da natureza (terremotos, tempestades...)

-ataques por animais ferozes (quando não usamos como arma pelo agressor)

-atos de pessoas jurídicas (somente pessoas naturais podem realizar ações)

-pensamentos, atitudes e emoções como atos psíquicos com motivação

-movimentos do corpo como massa mecânica

-estados de inconsciência (desmaios)

-movimentos sob coação física irresistível

b) Não constituem ação (controvertidamente)

-movimentos reflexos: desencadeados por estímulos sensoriais ou fisiológicos, a partir do sistema


periférico, reação de defesa, seu concurso de vontade consciente do autor

-ações automatizadas: aprendidas, constituem ação, independentemente de sua utilidade ou dano


produzido

-reações instintivas de afeto: a satisfação de impulsos instintivos de afeto constitui ação segundo qualquer
das teorias

-ações de hipnose: a teoria dominante admite a ação, porque o hipnotizado não pode realizar ações
reprovadas pela censura pessoal (Maurach, Roxin), mas parte da doutrina fala em não-ação (Wessels e
Belke)
CAUSAS EXCLUDENTES DO ELEMENTO DO CRIME

I. Fato típico

Ação ou omissão, nexo de causalidade, resultado e tipicidade (objetiva e subjetiva)

-Erro de tipo (art. 20), crime de bagatela, crime impossível (art. 17), crime putativo, coação física
irresistível e ausência de consciência

II. Ilicitude

-Legítima defesa (art. 25), estado de necessidade (art. 24), estrito cumprimento do dever legal (art. 23),
exercício regular do direito (art. 23), consentimento do ofendido e adequação social

III. Culpabilidade

Imputabilidade

-doença mental (art. 26), desenvolvimento mental incompleto (art. 26), desenvolvimento mental retardado
(art. 26), menoridade (art. 27), embriagues completa acidenta (art. 28, 1º) e art. 45 da lei 11.343/2005

Potencial consciência da ilicitude

-Erro de proibição (art. 21)

Exigibilidade de conduta conforme ao direito

-coação moral irresistível (art. 22), obediência hierárquica (art. 22), inexigibilidade de conduta diversa,
estado de necessidade exculpante, excesso na legitima defesa determinado pelo domínio dos elementos
astenicos

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