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4. Culpa: conceito psicológico de culpa – não servia os objetivos do Direito Penal porque:
a. Não permitia distinguir imputáveis e inimputáveis: os inimputáveis também cometem
atos dolosos e negligentes, mas, por serem inimputáveis, não são censuráveis;
b. Não permitia distinguir as situações de exigibilidade e inexigibilidade;
c. Deixa de fora a negligência inconsciente.
A GRANDE CRÍTICA é o facto de este não exprimir ao sentido das valorações jurídico-
criminais, devido ao formalismo e ao objetivismo do tipo e da ação causal. Não reconhecia
autonomia ao universo social e humano; toda a realidade estava subordinada à regra da
causalidade determinista. A explicação do comportamento humano era idêntica à de um
fenómeno natural.
O sistema neoclássico rompe com este monismo ontológico – epistemológico.
SISTEMA NEOCLÁSSICO
Os seus autores assentavam em pressupostos filosóficos da escola sub ocidental alemã. Era o
Neokantismo de Baden.
Rompeu com as influências positivistas do sistema clássico. O universo da causalidade
naturalística condiciona a epistemologia das ciências naturais que apenas enquadrariam os
fenómenos em causalidade e quantidade. Aqui tem-se em conta o reino dos valores.
O reino humano relaciona-se com a qualidade (cultura, diferença, valorações), enquanto a
realidade natural se rege pela quantidade.
O homem em todos os seus atos valora, por isso todas as suas condutas são
realização/afirmação ou negação de valores.
Esta perspetiva leva a que o sistema neoclássico arranque de um outro conceito de ação. Nas
palavras de Eduardo Correia: AÇÃO REFERENCIAL DE VALORES.
1. Ação referencial a valores (face ao sistema clássico, a ideia de ação tem um ponto de
partida diferente)
o Para o Direito Penal a ação é sempre negação de valores.
o Abrange a omissão, porque esta se pode traduzir numa negação de valores ou não
proteção dos mesmos quando estes estão em perigo.
o Ação continuava a ser entendida em termos puramente objetivos, o que impediu este
sistema de se desprender do casualismo. A ação humana não é objetiva, é uma
objetivação da subjetividade.
o Se todo o crime tem que ser negação de valores, deve-se saber os valores (bens
jurídicos) penalmente relevantes – como se faz a determinação dos valores para o
Direito Penal cuja violação dão lugar ao crime? Através da ilicitude.
2. Ilicitude: a letra da lei não vale por si vale apenas como meio de mostrar a ilicitude
(interpretação teleológica); a ilicitude só vale quando prevista na lei.
Todos os males desta doutrina surgiram pela definição de conceito de ação final (tudo seria
ultrapassado se Welzel mantivesse o conceito de ação que antes defendia: exteriorização de
uma intencionalidade de sentido). Ele abandonou essa primeira ideia para que pudesse chegar
a um conceito fechado, respondendo à crítica de que a sua teoria cedia a arbitrariedades.
Apesar das suas contradições, foi um sistema extremamente importante.
Sistema finalista
A LUTA DE ESCOLAS
Estes três sistemas marcaram os três primeiros quarteis do seculo XX, com uma luta acesa.
Era quase pessoal para os autores. Mas quando esta luta de escolas acalmou, veio implantar-se
um sistema que passou a constituir a generalidade da doutrina; sistema esse que aproveitou
aspetos de cada um destes três sistemas.
Ficou do sistema clássico, o avançar por camadas, do requisito menos exigente para o mais
exigente.
Dos normativistas ficou o método referencial a valores, que os conceitos jurídico-criminais
não estão a concorrer com a psicologia nem com a física ou a biologia a descrever fenómenos
naturais; os seus conceitos tendem a ser expressões de unidades de valor, inclinando-se para
realidades muito diversas.
O sistema finalista foi o que mais contribui. Introduz o ilícito pessoal e como isso se
repercutiu em toda a dogmática. A nova conceção do ilícito pessoal mudou toda a dogmática
do direito penal.
Há muitos crimes que se consomem com o próprio desvalor da ação.
O que diverge é a perspetiva da valoração. Este foi então o sistema que saiu da luta de
escolas. Foi sobre este sistema que se veio a construir o sistema teleológico ou racional
que é a construção a que adere o nosso curso e a maioria da doutrina portuguesa.
1. Ação
2. Ilícito
3. Tipo
4. Elimina o conceito de culpa, porque considera que o direito Penal não
tem que contribuir, substituindo-a pela categoria da responsabilidade.
Mantém tudo igual até à culpa e depois introduzem mais uma categoria, a da
punibilidade, onde interviriam as considerações da necessidade de pena. É
J. Figueiredo
preciso que a ação seja punível no sentido de ser necessária a pena.
Dias + maioria
1. Ação
2 dos autores
2. Ilícito
(aquela pela qual
3. Tipo
nos devemos guiar)
4. Culpa
5. Punibilidade: a conduta necessita de ser punível
não podemos acantonar num sistema as considerações de necessidade de
pena.
Tanto a dignidade penal como a necessidade depena têm de se modular ao
Walter Zachs
longo de todo o sistema, em cada uma das categorias. Projeta-se tanto nos
3 (é a que mais apraz
aspetos objetivos como subjetivos da ação.
ao professor)
Em cada uma das categorias é necessário ter em conta a necessidade de pena:
a nível da modelação do tipo; a nível dos tipos justificadores do ilícitos e a
nível da culpa.
TELEOLÓGICO /
RACIONAL
Para haver
responsabilidade tinha de Também tinha de existir Punível no sentido de ser
necessidade de pena. necessária.
haver culpa.