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Elementos do fato típico

O que é fato típico? Trata-se de fato tipico a expressão jurídica que significa que
um ato praticado por um indivíduo consistente em um crime. ‘É expresso pelo fator
humano (conduta) que produz um determinado resultado que a lei classifica como
crime.

São elementos do fato típico:

CONDUTA: comportamento desenvolvido pelo indivíduo com a determinação


de atingir um determinado objetivo. ‘É a ação ou omissão praticada pela
pessoa.

RESULTADO: É a alteração que foi produzida através do ato praticado. Esse


elemento é fundamental para que o crime seja classificado como consumado,
ou seja, se o resultado ocorreu, o crime foi consumado.

NEXO DE CAUSALIDADE: é a relação que existe e pode ser confirmada nutre


a conduta que foi praticada pelo individuo e o resultado do ato.

**************************** DA CONDUTA *********************************

Apontamentos gerais:

1. Adotamos a teoria finalista, portanto: a conduta é ação ou omissão humana,


consciente e voluntaria, dirigida a um fim, consistente em produzir um resultado

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tipificado em lei como crime ou contravenção penal.

2. Não há crime sem conduta. Cogitação não gera pena e, portanto, só as


condutas corporais exteriores configuram a ação da pessoa.

3. Conduta como ato humano: a conduta é expressão do caráter da pessoa.

4. Deve ser voluntária - produto de uma reflexão em que o agente decide fazer
algo.

5. É um movimento ou abstenção de movimento.

TEORIA NATURALISTA OU CAUSAL - “ação é movimento corpóreo,


voluntario e capaz de causar um resultado. “

Concebida no século XIX, no tratado de Franz Von Liszt e Beling, em


decorrência da influencia do pensamento científico natural na ciência do
Direito Penal

A ação é movimento corpóreo, voluntario e capaz de causar um resultado

Para essa teoria, pratica fato típico aquele que pura e simplesmente der
causa ao resultado, independente de dolo ou culpa na conduta do agente,
elementos esses que, segundo essa teoria, serão analisados apenas na
fase de averiguação da culpabilidade, ou seja, não pertencem à conduta.
Trabalha-se com o mero estudo de relação de causa e efeito

Segundo essa teoria há uma separação entre fator objetivo e fator subjetivo
da ação humana que resulta no delito.

São criticas a essa teoria:

O fato de o dolo ser analisado somente no aspecto da culpabilidade e


não da ação em si torna improvável a punição das ações com intenção
de atingir certo resultado que não se concretiza por motivos diversos da
ocasião. Ou seja, a mera tentativa de cometer crimes nao é imputável
simplesmente porque o resultado que o próprio agente tinha como
objetivo inicialmente não foi atingido efetivamente.

TEORIA FINALISTA - “ação é o comportamento humano voluntario


conscientemente dirigido a um fim”

Surge entre 1920 e 1930, com Hans Welzel

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A conduta pode ser compreendida como uma ação ou omissão humana,
consciente e voluntaria (psiquicamente orientada), dirigida a uma
finalidade. Ação é, portanto, um acontecer final e não puramente causal.

Entende-se atividade final como uma atividade dirigida conscientemente em


função de um fim. A finalidade baseia-se na capacidade da vontade de
prever as consequências de sua intervenção no curso causal, dentro de
certos limites, e de agir conforme um plano para executar um fim.

Críticas:

Tem dificudade de inidentificar os crimes culposos, uma vez que neles


não há orientação para um fim/resultado, sendo o crime culposo uma
conduta desorientada.

A conduta, além de causar um resultado naturalistico, deve também se


voltada a um fim (dolo ou culpa → elemento subjetivo).

TEORIA SOCIAL DA AÇÃO

Para essa teoria, os ideiais clássico e finalista são insuficientes para


disciplinar a conduta porque desconsideram uma nota essencial do
comportamento humano: o seu aspecto social. Nesse contexto, surge a
teoria social da ação, com Wessels

Busca criticar a teoria causal, se afinando, em muitos aspectos com o


finalismo, acrescentando a ele a questão social no exame da ação.

A conduta é compreendida como ação humana socialmente relevante,


dominada ou dominável pela vontade e dirigida a uma finalidade. OU seja, o
fim almejado pelo agente deve ser socialmente reprovável. A
reprovabilidade social passa. Ser um elemento integrante do conceito de
conduta.

Críticas:

O quão relevante deve ser a ação para gerar um dano social?

A teoria dá grande importância ao desvalor do resultado, dificultando a


valoração do crime doloso e culposo.

Dos elementos da conduta:

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Ato de vontade: o sujeito quer fazer a ação→ elemento psíquico

Manifestação de vontade: é quando o sujeito de fato promove a ação→


elemento mecânico

Das hipóteses em que não há conduta penalmente relevante:

movimentos reflexos não são punidos porque não há voluntariedade de


comportamento

Estado de inconsciência

Coação física irresistível (ou vis absoluta)→ exclui-se a tipicidade, sendo que
quem reponde penalmente é o coator

Coação moral irresistível → exclui a culpabilidade, nos termos do artigo 22 do


CP

Das formas de conduta:

Ação: praticar o fato previsto como crime

Omissão: para a teoria naturalista é simplesmente o deixar de fazer; já para o


normativismo (adotado pelo nosso Código) é não fazer aquilo que está previsto
na norma.

Há duas formas de se deixar de agir:

Niilismo faceire - nada fazer

Alluio faceire - fazer outra coisa

Dolosa ou culposa - artigo 18, CP → teoria da vontade e do assentimento

Do caso fortuito e da força maior

Caso fortuito: evento proveniente de ato humano que seja imprevisível e


inevitável

Força maior: evento da natureza normalmente imprevisível e inevitável, sendo


que excepcionalmente pode ser previsível

Ambos possuem as seguintes naturezas:

São atípicos

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Há quem diga que nao são atípicos, mas que exclui a culpabilidade do
agente devido à ausência de previsão que pudesse impedir o fato

Excluem o nexo causal - tais casos são inimputáveis, uma vez que não
há nexo causal (relação do fenômeno com o resultado)

*********************** DO RESULTADO ***********************************

Trata-se de resultado o efeito ou consequência da conduta. A modificação do


mundo exterior por meio da conduta. Há algumas teorias que o explicam:

TEORIA NATURALISTA: resultado é a modificação do mundo externo causada


por um comportamento humano (resultado é entidade natural). Conceito resulta
da relação entre a conduta e a modificação, prescindindo-se de sua analise em
face da norma jurídica.

TEORIA JURÍDICA OU NORMATIVA: o resultado da conduta é a lesão ou o


perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal.

Formas de resultado:

Físico - destruição de um objeto no crime de dão, por exemplo (art.163)

Fisiológico - a morte ou perda de um membro, por exemplo

Psicológico - injuria e difamação (arts. 139 e 140)

********************** DO NEXO CAUSAL **********************************

O nexo causal é o que une a conduta ao resultado

AÇÃO → RESULTADO NATURALÍSTICO

o nexo causal tem pertinência apenas nos crimes materiais, uma vez que ele é
o que liga a conduta do agente ao resultado natralistico causado, sendo que nos
crimes formais e de mera conduta o resultado naturalistico pode ou não ocorrer,
sendo dispensável uma vez que se consumam com a simples pratica da
conduta. Portanto, para se levar em conta o nexo causal é necessária a
presença de resultado naturalistico.

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Nosso código penal adere, em regra a teoria da equivalência dos antecedentes
e, excepcionalmente a teoria da causalidade adequada

TEORIAS

Teoria da equivalência dos antecedentes (artigo 13, CP) :

considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria


ocorrido. Atribui relevância a todos os antecedentes do resultado, considerando
que nenhum elemento, de que depende a sua produção, pode ser excluído da
linha de desdobramento causal.

Não há diferença entre causa e condição, causa e concausa ou causa e


ocasião.

Sustenta que é causa de um resultado todas as condições que colaboram pra


sua produção, independentemente de sua maior ou menor proximidade ou grau
de importância. Visto que toda condição do resultado é igualmente causa dele,
fala-se em equivalência das condições

PROBLEMA: A aplicação rigorosa dessa teoria leva ao regresso infinito. Por


exemplo, em uma situação em que A mata B, pôde-se considerar como causa
do resultado até mesmo o nascimento de A, imputando-se responsabilidade a
seus pais, por exemplo. Para impedir tal regresso infinito, pode-se aplicar a
teoria da imputação objetiva, a imputação subjetiva (analise do dolo ou culpa)
ou o estudo das concausas.

Restringindo a aplicação da teoria da equivalência, o legislador brasileiro abriu-


lhe uma exceção no paragrafo 11 do art. 13, a superveniência causal → junto a
conduta do sujeito podem ocorrer outras condutas, condições ou circunstancias
que interfiram no processo causal, que denominaremos “causa”

CAUSAS: podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes, relativa ou


absolutamente independentes do comportamento do agente.

Causa absolutamente indep. Causa relativamente indep.

Preexistente: A desfecha um tiro


de revólver em B, que vem a
Preexistente: A golpeia B, hemofílico, que vem a
falecer pouco depois, não em
falecer em conse- quência dos ferimentos, a par da
consequência dos ferimentos
contribuição de sua particular condição fisiológica.
recebidos, mas porque antes
ingerira veneno.

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Concomitante: A fere B no Concomitante: A desfe- cha um tiro em B, no exato
mesmo momento em que este instante em que este está sofrendo um colapso
vem a falecer exclusivamente por cardíaco, provando-se que a lesão contribuiu para a
força de um colapso cardíaco. eclosão do êxito letal.

Superveniente: A mi- nistra Superveniente: num trecho de rua, um ônibus, que o


veneno na alimentação de B que, sujeito dirige, colide com um poste que sustenta fios
quando está tomando a refeição, elétricos, um dos quais, caindo ao chão, atinge um
vem a falecer em consequência de passageiro ileso e já fora do veículo, provocando a sua
um desabamento. morte em consequência da forte descarga elétrica.

quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito, o


problema é resolvido pelo caput do artigo 13: há exclusão da causalidade
decorrente da conduta. Portanto, a causa preexistente, concomitante ou
superveniente absolutamente independente não pode ser imputada ao agente,
por força do caput do artigo 13.

Nos dois primeiros exemplos de causa relativamente independente, de acordo


com o CP, as causas (hemofilia e colapso cardíaco) não excluem a linha de
desdobramento físico desenvolvida pelas acoes, de modo que os agentes
respondem pelo resultado da morte. Nao se aplica o caput do artigo 13, uma
vez que não é possível dizer que as causas, de forma exclusiva, produziram o
resultado.

No terceiro caso, o agente nao responde pela morte do passageiro, mas


somente pelos tons anteriores, se descritos como infração penal. Aqui é que
cabe a aplicação do paragrafo 1.

Teoria da causalidade adequada

Causa é a condição mais adequada para produzir o resultado. Portanto, para


que se possa atribuir um resultado a determinada pessoa, é necessário que
ela, alem de praticar um antecedente indispensável, realize uma atividade
adequada a sua concretização. Considera-se conduta adequada aquela idônea
a gerar o efeito.

Não sao levadas em conta todas as circunstâncias necessárias, mas somente


aquelas que, alem de indispensáveis, sejam idôneas a produção do resultado.

Teoria da eficiência

Causa é a condição mais eficaz na produção do evento

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Teoria da imputação objetiva

O resultado apenas é imputável ao agente quando o comportamento dele tiver


criado um risco não tolerado ou não permitido.

Tudo nessa teoria repousa no aumento do risco na sociedade. O crime não


pode ser atribuído a alguém se no mínimo ele não alterou a linha natural do
risco, ou seja, ela tem que aumentar o risco.

Teoria do equilíbrio ou da preponderância

Por essa teoria, causas são somente aquelas preponderantes para o resultado

Teoria da causa próxima ou da última causa

A causa para determinado crime é somente a ultima causa ou a mais próxima

Teoria da causalidade jurídica

A causa ou relevância causal seria determinada exclusivamente no conteúdo


jurídico, afastaria-se qualquer conteúdo naturalístico para simplesmente buscar
um conteúdo jurídico.

CONCAUSAS

Concausa é a condição que concorre para a produção do resultado com


preponderância sobre a conduta do sujeito.

o Código de 1890 atribua privilegio ao homicídio doloso concausas - quando


para a produção do evento morte, tivessem concorrido condições
personalíssimas da vítima (concausa preexistente) ou inobservância, por parte
desta, do regime medico reclamado pelo seu estado (concausa
superveniente).

O código de 1940, em face das criticas acerca das injustiças acusadas, aboliu
asconcausas. Passa a considerar como causa toda acao ou omissao sem a
qual o resultado nao teria ocorrido. Não importa que outra forca causal tenha
concorrido para a realização do evento.

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