1) O documento discute as noções gerais de fato típico e as teorias sobre ação e omissão no direito penal. 2) Apresenta a estrutura do delito segundo a concepção quadripartida e as estruturas para diferentes tipos de delitos. 3) Discutem-se as teorias causal-naturalística, social e finalista sobre ação, adotando-se esta última, e os elementos e dever de agir para caracterizar uma omissão como penalmente relevante.
1) O documento discute as noções gerais de fato típico e as teorias sobre ação e omissão no direito penal. 2) Apresenta a estrutura do delito segundo a concepção quadripartida e as estruturas para diferentes tipos de delitos. 3) Discutem-se as teorias causal-naturalística, social e finalista sobre ação, adotando-se esta última, e os elementos e dever de agir para caracterizar uma omissão como penalmente relevante.
1) O documento discute as noções gerais de fato típico e as teorias sobre ação e omissão no direito penal. 2) Apresenta a estrutura do delito segundo a concepção quadripartida e as estruturas para diferentes tipos de delitos. 3) Discutem-se as teorias causal-naturalística, social e finalista sobre ação, adotando-se esta última, e os elementos e dever de agir para caracterizar uma omissão como penalmente relevante.
(luisrob@unitoledo.br) 8. Fato tpico 8.1 Noes gerais * estrutura do injusto penal culpvel: concepo quadripartida de delito Delito = ao ou omisso + tipicidade + ilicitude (ou antijuridicidade) + culpabilidade Fato tpico = conduta (ao ou omisso) + resultado + relao de causalidade + tipicidade (regra geral, para delitos de resultado) Fato tpico = conduta (ao ou omisso) + tipicidade (estrutura para delitos de mera atividade) Fato tpico = omisso + dever de agir + capacidade de ao + tipicidade (delitos omissivos puros) 8.2 Ao e omisso 8.2.1 Ao Teorias: a) teoria causal-naturalstica: ao o movimento corporal voluntrio que causa uma modificao no mundo exterior. Compe-se de: vontade, movimento corporal e resultado. um processo mecnico, muscular e voluntrio. Ao mera causao de evento, provocada pela vontade ou voluntariedade (impulso mecnico/enervao muscular), mas no por esta conduzida. O contedo da vontade (sua direo final) no importa, pois deslocado para a culpabilidade. Ponto central: a causalidade (puramente objetiva). Segundo essa teoria, dolo e culpa so formas de culpabilidade. b) teoria social: ao a manifestao externa da vontade com relevncia social, ou, por outras palavras, o comportamento humano socialmente relevante (significao social da conduta humana do ponto de vista da sociedade). Excessivamente abstrata, vaga, imprecisa. Afinal, o que relevncia social da conduta? c) teoria finalista: a ao humana consiste no exerccio de uma atividade finalista (Welzel). Finalidade ou carter final da ao: se baseia em que o homem, graas a seu saber causal, pode prever, dentro de certos limites, as consequncias possveis de sua atividade, conforme um plano endereado realizao desses fins (Welzel, Novo sistema jurdico penal). Finalidade = atuar orientado conscientemente a um objetivo previamente determinado. Um fato (acontecer externo) s pode ser qualificado como obra de um agente quando resultado de sua vontade. A finalidade (ao humana) vidente e a causalidade (acontecer natural) cega (Welzel, Novo sistema jurdico penal). 1
a vontade finalista que rege ou domina o curso causal. Portanto, o critrio
que permite imputar um resultado ao no a simples causalidade, mas a finalidade que a dirige. No atuar humano, o agente concebe um determinado objetivo e, em seguida, para alcan-lo, pe em marcha determinados processos causais dirigidos por ele, de modo consciente, em direo ao fim pretendido. Da ser a ao humana o exerccio de uma atividade final. O conceito finalista de ao, lastreado na concepo do homem como um ser responsvel, implica considerar a conduta finalista como nica forma especfica de conduta humana (Cerezo Mir). Nos crimes dolosos: a finalidade da conduta a vontade de concretizar um fato ilcito. No crime culposo, o fim da conduta no est dirigido ao resultado lesivo (pode at ser lcito o fim); neste caso, justifica-se a responsabilidade penal porque o agente, ao agir, no tomou os cuidados necessrios para a realizao da atividade (impercia, negligncia ou imprudncia). Teoria adotada: teoria finalista 8.2.2 Omisso Tem estrutura diversa da ao. So realidades diferentes e autnomas (Regis Prado). Enquanto a ao consiste na realizao de uma atividade finalista, a omisso corresponde no-realizao de um comportamento finalista. Na doutrina sria a controversa quanto a natureza da omisso. Alguns, por ex., entre outras opinies, so favorveis existncia de uma causalidade naturalstica (Magalhes Noronha, Jos Frederico Marques, Anibal Bruno), outros dizem que a causalidade normativa (Damsio, Mirabete, Delmanto, Fragoso, Bitencourt). Segundo o prof. Regis Prado, no h relao de causalidade alguma na omisso. O simples fato de o sujeito ter uma atitude passiva deixa evidente a impossibilidade de originar qualquer processo gerador de um resultado, sendo que este ltimo imputado sem a existncia de qualquer nexo causal. A omisso como noexecuo de uma ao no causa absolutamente nada. A nica pergunta apropriada, nos delitos de omisso, se a execuo da ao omitida teria evitado o resultado. No h falarse, portanto, em omisso, em si, na esfera do real, mas to-somente na omisso de uma ao determinada (Regis Prado). Relevncia da omisso CP, art. 13, 2 - A omisso penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigao de cuidado, proteo ou vigilncia; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrncia do resultado.
Elementos da omisso (Cf. Regis Prado).
a) situao tpica; b) no realizao de uma ao impeditiva do resultado; c) capacidade concreta de ao (conhecimento da situao e do modo de evitar o resultado, e possibilidade real de faz-lo); 2
d) posio de garantidor do bem jurdico (CP, art. 13, par. 2);
e) equivalncia entre a omisso e a ao, de acordo com o contedo do injusto penal. Obs.: no basta a posio de garantia, preciso que tenha capacidade de ao (possibilidade material de evitar o resultado) Dever de agir 1) obrigao legal de cuidado, proteo ou vigilncia: ex.: relaes familiares (pai em relao ao filho e cnjuge). 2) assuno da responsabilidade de impedir o resultado: aceitao voluntria, contratual ou negocial, de um dever de atuar, decorrente do exerccio profissional (engenheiro/dono de obra; mdico/paciente; salva-vidas/banhista; guia/alpinista). 3) criao do risco da ocorrncia do resultado, com o comportamento anterior: responsabilidade pela fonte geradora do perigo. Ex.: acompanhante do nadador principiante, que o convida para nado em rio e depois no o acode.
Espcies de delitos omissivos
a) omissivos prprios (delitos omissivos puros). Ex. art. 135 b) omissivos imprprios (delitos comissivos por omisso). Ex. me que deixa filho morrer de inanio. 8.2.3 Ausncia de ao e omisso a) ato reflexo (convulso epiltica, espirro etc.) b) estados de inconscincia (sonambulismo, sono profundo, embriaguez letrgica, hipnose profunda) c) coao fsica irresistvel (obrigar fisicamente o coagido a golpear, guiar sua mo fora para assinar um documento, amarrar o guarda rodovirio, impedindo-o de sinalizar o trnsito); d) caso fortuito: resultado produzido independentemente da vontade do agente. O acontecimento no decorre de ao ou omisso dolosa, mas sim de fato imprevisvel. Ex.: rompimento da barra de direo de veculo que, desgovernado, sai da pista e atinge terceiro.