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AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DE ARCOVERDE

FACULDADE DE DIREITO - DIREITO PENAL II


PROF: ROBSON ARAÚJO

TEORIA DO CRIME
FATO TÍPICO- PRIMEIRA PARTE

1. CONCEITO DE CRIME.

• CONCEITO LEGAL. Crime é a infração penal a que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com
a pena de multa (art. 1º, da LICP – Lei de introdução ao Código Penal).

• CONCEITO MATERIAL: Crime é o comportamento humano que causa lesão ou


perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.

• CONCEITO FORMAL: Crime é toda conduta (ação ou omissão), proibida por lei,
sob ameaça de pena, ou seja, é toda conduta prevista na norma penal como
crime.

• CONCEITO ANALÍTICO: Crime é um conjunto de dois elementos: fato típico e fato


antijurídico (teoria bipartida), ou de três elementos: fato típico, fato antijurídico
e agente culpável (teoria tripartida).

OBSERVAÇÃO: Pelo conceito bipartido, o agente culpável (culpabilidade) não é um


elemento constitutivo do crime, mas pressuposto de aplicação da pena. Neste caso, o
agente que pratica uma conduta típica e antijurídica, comete crime, mas se não for
culpável, será isento de pena.

ESTRUTURA DO DELITO PARA A TEORIA FINALISTA DA CONDUTA.

Para a teoria finalista da conduta, de Hanz Welzel, os elementos do crime estão


dispostos da seguinte maneira.
CONDUTA
RESULTADO NATURALÍSTICO
FATO TÍPICO NEXO DE CAUSALIDADE
TIPICIDADE
CRIME

FATO ANTIJURÍDICO

IMPUTABILIDADE
AGENTE CULPÁVEL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

2. FATO TÍPICO (PRIMEIRO ELEMENTO DO CRIME).

ELEMENTOS DO FATO TÍPICO:

2.1. CONDUTA (PRIMEIRO SUBELEMENTO DO FATO TÍPICO).

CONCEITO: Agir ou deixar de agir humano, de forma consciente e voluntária,


dirigido a determinada finalidade.

Deve ser entendida como um ato de vontade com conteúdo.

Para que a conduta seja típica, deverá ser dolosa (crime doloso) ou culposa (crime
culposo).

DOLOSA (CRIME DOLOSO)


CONDUTA TÍPICA
CULPOSA (CRIME CULPOSO)

TEORIAS DA CONDUTA

(EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA TEORIA DO DELITO).

TEORIA CAUSAL-NATURALISTA (CONCEPÇÃO CLÁSSICA).

• Influenciada pelo positivismo jurídico do final do século XIX;


• Marcada pelo princípio positivista da explicação causal, em que são recusadas as
explicações finalistas (teleológicas);
• Von Liszt e Beling.
Para a concepção clássica, o delito se constitui de elementos objetivos (fato típico
e ilicitude) e subjetivos (culpabilidade).

A ação humana é tida como um movimento corporal voluntário que produz uma
modificação no mundo exterior – conceito clássico de delito.

Integram a ação: a vontade, o movimento corporal e o resultado.

A vontade não tem conteúdo (finalidade/querer interno).

Esse conteúdo (finalidade visada pela ação) está na culpabilidade (elemento


subjetivo).

ESTRUTURA DO CRIME
(TEORIA CAUSAL-NATURALISTA)
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Teoria psicológica
1. Conduta. Contrariedade do fato 1. Imputabilidade
2. Resultado. típico ao ordenamento (pressuposto).
3. Nexo de causalidade. jurídico. 2. Dolo ou culpa (espécies
4. Tipicidade. da culpabilidade).

TEORIA CAUSAL-VALORATIVA (CONCEPÇÃO NEOCLÁSSICA).

▪ Teve influência da filosofia de valores neokantiana;


▪ Substitui o método das ciências naturais (ontológico), pelo das ciências jurídicas
(axiológico);
▪ No entanto, permanece intacta a concepção causal da conduta;
▪ Frank introduz a exigibilidade de conduta diversa como elemento normativo da
culpabilidade.

ESTRUTURA DO CRIME
(TEORIA CAUSAL-VALORATIVA)
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Teoria psicológico-
normativa
1. Conduta. Contrariedade do fato 1. Imputabilidade.
2. Resultado naturalístico. típico ao ordenamento 2. Dolo ou culpa.
3. Nexo de causalidade. jurídico. (A consciência da ilicitude
4. Tipicidade. como elemento do dolo -
dolo normativo).
3. Exigibilidade de
conduta diversa
TEORIA FINALISTA (HANS WELZEL).

▪ Toda ação voluntária é finalista, ou seja, dirigida a uma finalidade;


▪ O processo causal é dirigido pela vontade finalista;
▪ A ação típica deve ser concebida como um ato de vontade com conteúdo;
▪ O dolo e a culpa são retirados da culpabilidade e passam a integrar o fato típico.

ESTRUTURA DO CRIME
(TEORIA FINALISTA)
Fato típico Ilicitude Culpabilidade
Teoria normativa pura
1. Conduta (dolo e culpa) – Contrariedade do fato 1. Imputabilidade.
dolo natural. típico ao ordenamento 2. Consciência da ilicitude.
2. Resultado naturalístico. jurídico. 3. Exigibilidade de
3. Nexo de causalidade. conduta diversa
4. Tipicidade.

CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS DA CONDUTA.

São características da conduta:

a) comportamento humano consciente num movimento ou abstenção de


movimento corporal;

b) voluntariedade.

Toda conduta humana deve ser consciente e voluntária.

FORMAS DA CONDUTA.

São duas as formas de conduta:

▪ AÇÃO: comportamento positivo; normas penais proibitivas (crimes comissivos).


Exemplo: matar, subtrair, constranger.

▪ OMISSÃO: comportamento negativo; normas penais mandamentais (crimes


omissivos). Exemplo: omissão de socorro.

OBSERVAÇÃO: Os crimes omissivos podem ser próprios ou impróprios, também


chamados de comissivos por omissão (art. 13, § 2º, CP).
AUSÊNCIA DE CONDUTA.

Conduta humana é um ato de consciência e de vontade. Sendo assim, inexistente


a consciência ou a vontade, não há que se falar em conduta.

Desta forma, não haverá crime, por ausência de seu primeiro elemento (fato
típico).

São hipóteses de ausência de conduta:

• COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL

A força física irresistível pode vir:

a) da natureza. Ex: sujeito é levado pela correnteza e lesiona terceiro;

b) por ação de um terceiro. Ex: “A” domina inteiramente “B”, coloca uma faca na
mão de “B” e a empurra no coração de “C”. Neste caso, “B” não praticou nenhuma
conduta, mas “A” sim.

OBSERVAÇÃO: não se deve confundir a coação física irresistível (excludente da conduta


e do fato típico) com a coação moral irresistível (excludente da culpabilidade).

• ESTADO DE INCONSCIÊNCIA.

É a falta da capacidade psíquica de vontade. Ex: movimentos praticados por um


sonâmbulo, por hipnose ou em crise epilética.

OBSERVAÇÃO: a inconsciência não deve ser confundida com a consciência perturbada


(doente mental - art. 26, CP). Na consciência perturbada há conduta, enquanto na
ausência de consciência, não.

SUJEITOS DA CONDUTA

• SUJEITO ATIVO: Por ser o crime uma ação humana, somente o ser humano pode
ser autor de crime. Sujeito ativo é quem pratica a conduta prevista pela norma
penal incriminadora como crime.

• SUJEITO PASSIVO: É o titular do bem jurídico tutelado pela norma penal


incriminadora e atingido pela conduta criminosa. O sujeito passivo do crime
pode ser o se humano (homicídio), pode ser o Estado (peculato), pode ser a
coletividade (crime contra a saúde pública), pode ser a pessoa jurídica (crime
contra o patrimônio).
QUESTÃO PROPOSITIVA: A PESSOA JURÍDICA PODE SER AUTORA DE CRIME?

o Societas deliquere non potest (Feuerbach e Saviny);


o Art. 225, § 3º, CF;
o Art. 173, § 5, CF;
o Direito Penal da culpabilidade.

2.2. RESULTADO NATURALÍSTICO.

RESULTADO NATURALÍSTICO: É a modificação do mundo exterior, causada pela prática


da conduta, relevante para o Direito Penal.

OBSERVAÇÃO: Nem todo crime possui resultado naturalístico!

Art. 13, CP. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é


imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual
o resultado não teria ocorrido.

ESTRUTURA DO CRIME
(TEORIA FINALISTA)
Fato típico Ilicitude Culpabilidade

1. Conduta Contrariedade do fato 1. Imputabilidade.


2. Resultado naturalístico. típico com o ordenamento 2. Potencial consciência
3. Nexo de causalidade. jurídico. da ilicitude.
4. Tipicidade. 3. Exigibilidade de
conduta diversa

De acordo com o resultado naturalístico, os crimes se classificam em:

CONDUTA
CRIME MATERIAL
(Art. 121, CP) RESULTADO NATURALÍSTICO
O tipo exige para sua consumação a produção de um resultado naturalístico.

CONDUTA
CRIME FORMAL
(Art. 159, CP) RESULTADO NATURALÍSTICO
O tipo prevê a conduta e o resultado naturalístico, mas não a produção do
resultado naturalístico a consumação do delito.

CONDUTA
CRIME DE MERA CONDUTA
(Art. 14, Lei 10.826/03)
O tipo descreve apenas a conduta. Não exige para a sua consumação a produção
de um resultado naturalístico.

RESULTADO NORMATIVO: É a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pelo


Direito Penal.

OBSERVAÇÃO: Todo crime possui resultado normativo! Esta concepção de resultado


normativo vem sendo analisada no campo da tipicidade, em seu aspecto material.

2.3. NEXO DE CAUSALIDADE.

Art. 13, CP. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é


imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a
qual o resultado não teria ocorrido.

ESTRUTURA DO CRIME
(TEORIA FINALISTA)
Fato típico Ilicitude Culpabilidade

1. Conduta Contrariedade do fato 1. Imputabilidade.


2. Resultado naturalístico. típico ao ordenamento 2. Potencial consciência
3. Nexo de causalidade. jurídico. da ilicitude.
4. Tipicidade. 3. Exigibilidade de
conduta diversa

CONDUTA RESULTADO NATURALÍSTICO


NEXO CAUSAL

OBSERVAÇÃO: O nexo de causalidade naturalístico, ou seja, o elo objetivo de ligação


entre a conduta do agente e o resultado naturalístico produzido, tem importância nos
chamados crimes materiais, onde, para que haja consumação, faz-se necessária a
produção do resultado.

TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS OU CONDITIO SINE QUA


NON.

Art. 13, CP. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é


imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a
qual o resultado não teria ocorrido.

Causa é todo antecedente que, suprimido mentalmente do contexto fático,


impediria a produção do resultado, como ocorreu (procedimento hipotético de
eliminação de Thyrén).
EXEMPLO:
A esfaqueia e mata B.
C produziu a faca usada por A.
D vendeu a faca usada por A.

Pela aplicação da teoria dos antecedentes causais, as condutas de “A”, “C” e de “D”
deram causa ao resultado morte de “B”.

LIMITES À TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS.

Resolução do problema do regresso ad infinitum.

▪ TEORIA DA IMPUTAÇÃO SUBJETIVA (ANÁLISE DO DOLO OU DA CULPA).

Não basta que a conduta dê causa ao resultado (equivalentes causais), é


necessária a análise do dolo ou da culpa do agente. Desta forma, só haverá tipicidade
se a conduta for dolosa ou culposa.

No exemplo anterior, C e D não agiram com dolo ou culpa na produção do


resultado morte de B. Então, desta forma, pela teoria da imputação subjetiva, não
deram causa ao resultado, não respondendo por ele.

▪ TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA.

Análise dos elementos objetivos da conduta dos agentes, antes da análise do dolo
ou da culpa.

CRIAÇÃO DE RISCO PROIBIDO


ELEMENTOS OBJETIVOS
AUMENTO DE RISCO PROIBIDO

No mesmo exemplo, C e D, com suas condutas, não criaram ou aumentaram


nenhum risco proibido. Então, desta forma, pela teoria da imputação objetiva, não
deram causa ao resultado, não respondendo por ele.

ESPÉCIES DE CAUSA (ART. 13, CAPUT, CP).

▪ CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES.

Não há nexo de causalidade entre a conduta do agente e o resultado naturalístico.


1. causa preexistente absolutamente independente. A causa que produz o
resultado existia antes da conduta do agente.

Exemplo: neto envenena avô.

• primeira causa (conduta do neto): envenenar;


• avô morre de câncer pré-existente à conduta do neto;
• segunda causa ou concausa: câncer;

Neste exemplo, a conduta do neto não provocou O RESULTADO NATURALÍSTICO


MORTE DO AVÔ, que morreu devido a um câncer pré-existente à conduta do neto.
Desta forma, o neto não responde pelo resultado naturalístico, mas pela conduta que
praticou, qual seja, TENTATIVA DE HOMICÍDIO.

2. causa concomitante absolutamente independente. A causa que produziu o


resultado surge no mesmo instante da conduta do agente.

Exemplo: neto envenena avô.

• primeira causa (conduta do neto): envenenar;


• avô morre de infarto fulminante, concomitante à conduta do neto;
• segunda causa ou concausa: infarto fulminante.

Neste exemplo, a conduta do neto não provocou o RESULTADO NATURALÍSTICO


MORTE DO AVÔ, que morreu devido a um infarto fulminante concomitante à conduta
do neto. Desta forma, o neto não responde pelo resultado naturalístico, mas pela
conduta que praticou, qual seja, TENTATIVA DE HOMICÍDIO.

3. causa superveniente absolutamente independente. A causa que produz o


resultado surge posteriormente à conduta do agente.

Exemplo: neto envenena avô.

• primeira causa (conduta do neto): envenenar;


• avô morre atropelado, após ingerir o veneno ministrado pelo neto;
• segunda causa ou concausa: atropelamento.

Neste exemplo, a conduta do neto não provocou o RESULTADO NATURALÍSTICO


MORTE DO AVÔ, que morreu devido a um atropelamento após ingerir o veneno
ministrado pelo neto e antes de qualquer produção de efeitos desse veneno. Desta
forma, o neto não responde pelo resultado naturalístico, mas pela conduta que praticou,
qual seja, TENTATIVA DE HOMICÍDIO.

▪ CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES.


Nestes casos, haverá uma soma de esforços entre a conduta do agente (primeira
causa) e a outra causa ou concausa (segunda causa) para a produção do resultado
naturalístico.

Desta forma, como a conduta do agente contribuiu para a produção do resultado


(deu causa ao resultado), o agente responde por ele.

CONDUTA DO AGENTE + CONCAUSA = RESULTADO NATURALÍSTICO

1. causa preexistente relativamente independente. Duas causas interligadas


(conduta do agente e preexistente) produzem o resultado naturalístico.

Exemplo: A esfaqueia B (portador de hemofilia).

• primeira causa (conduta de A): esfaquear;


• B morre pela união de esforços entre a facada e a hemofilia;
• segunda causa ou concausa: hemofilia.

Neste exemplo, a conduta de A provocou o RESULTADO NATURALÍSTICO MORTE


DE B, com a união de esforços da condição preexistente relativamente independente,
hemofilia de B. Desta forma, como a conduta de A deu causa ao resultado, responderá
por ele, ou seja, por HOMICÍDIO.

2. causa concomitante relativamente independente. Duas causas interligadas


(conduta do agente e concomitante) produzem o resultado naturalístico.

Exemplo: a esfaqueia b. (cardíaco).

• primeira causa (conduta de A): esfaquear;


• B morre em face da facada executada por A e por um ataque cardíaco que
sofreu durante a ação de A.
• segunda causa ou concausa: ataque cardíaco.

Neste exemplo, a conduta de A provocou o RESULTADO NATURALÍSTICO MORTE


DE B, com a união de esforços da condição concomitante relativamente independente,
ataque cardíaco sofrido por B. Desta forma, como a conduta de A deu causa ao
resultado, responderá por ele, ou seja, por HOMICÍDIO.

3. causa superveniente relativamente independente, que não causa, por si só, o


resultado. Duas causas interligadas (conduta do agente e superveniente)
produzem o resultado naturalístico.

A esfaqueia B.
• primeira causa (conduta de A): esfaquear;
• B morre de infecção hospitalar;
• segunda causa ou concausa: infecção hospitalar.

Neste exemplo, a conduta de A provocou o RESULTADO NATURALÍSTICO MORTE


DE B, com a união de esforços da condição superveniente relativamente independente,
infecção hospitalar. Desta forma, como a conduta de A deu causa ao resultado,
responderá por ele, ou seja, por HOMICÍDIO.

4. causa superveniente relativamente independente que, por si só, deu causa ao


resultado (art. 13, §. 1º, CP). O agente produz uma conduta e causa um
determinado resultado. Posteriormente, surge outra causa que possui relação
com a conduta do agente. Se essa causa superveniente, por si só, produzir o
resultado, este não será imputado ao agente.

Art. 13, § 1º, CP. A superveniência de causa relativamente independente exclui a


imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou

Exemplo: A esfaqueia B.

• primeira causa (conduta de A): esfaquear;


• B morre de traumatismo craniano;
• segunda causa ou concausa: traumatismo craniano.

Neste caso, quem produz o RESULTADO NATURALÍSTICO MORTE DE B é a


segunda causa, sozinha, sem a soma de esforços com a conduta do agente. Desta forma,
o agente não responde pelo resultado, mas pela conduta praticada, ou seja, TENTATIVA
DE HOMICÍDIO.

Causa superveniente relativamente independente em relação à conduta do


agente.
1) que, por si só, causou o resultado: o resultado não será imputado ao agente (art.
13, § 1º, CP).
2) que, aliada à causa antecedente, causou o resultado: o resultado será imputado
ao agente (art. 13, caput).

NEXO DE CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS.

▪ CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS.

Descumprimento de uma norma penal incriminadora mandamental.


Exemplo:

Art. 135, CP. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública.

A não socorre B (B morre).


O RESULTADO NATURALÍSTICO MORTE DE B não será imputado à A;
A responderá por omissão de socorro.

Não há NEXO DE CAUSALIDADE entre a conduta de A e o resultado morte de B.

A tem o chamado DEVER GENÉRICO DE AGIR!

▪ CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO.

Crime comissivo realizado com uma conduta omissiva.

Neste caso, o agente tem o DEVER ESPECÍFICO DE AGIR.

A lei impõe a certas pessoas um dever específico de agir para evitar o resultado.
São denominados garantes (posição de garantidor).

Com isso, diante de uma determinada situação, o resultado não evitado será
imputado ao agente.

Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a


quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.
§ 1º (...).
§ 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Certas pessoas (GARANTIDOR OU GARANTE) têm o dever de agir para evitar a


produção do resultado, se houver possibilidade física de agir (poder agir).
HIPÓTESES DE DEVER JURÍDICO ESPECÍFICO (art. 13, § 2º, CP).

1. Tenha, por lei, obrigação de cuidado, proteção e vigilância (Art. 13, § 2º,
“a”, CP).

Exemplo: Mãe que deixa filho morrer de fome.


Responde por homicídio (doloso ou culposo).

2. De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado


(Art. 13, § 2º, “b”, CP).

Exemplo: Salva-vidas particular que deixa banhista se afogar.


Responde por homicídio (doloso ou culposo).

3. Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do


resultado (Art. 13, § 2º, “c”, CP).

Exemplos:

A empurra B na piscina e não o salva.


Responde por homicídio (doloso ou culposo).

A atropela B e não o salva.


Responde por homicídio (doloso ou culposo).

OBSERVAÇÃO: Diferença prática entre o dever genérico de agir para evitar o resultado
(omissão própria) e o dever específico de agir para evitar o resultado (omissão
imprópria).

A (pai) e B (amigo) observam o filho de A se afogar e não agem para evitar o resultado
MORTE DO FILHO DE A.

A RESPONDE POR HOMICÍDIO (Art. 121 c/c art. 13, § 2º, “a” CP).
B RESPONDE POR OMISSÃO DE SOCORRO (Art. 135, CP).

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