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TEORIA GERAL DO DELITO

❖ OBJETO MATERIA DO DELITO:

✓ É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa

✓ É POSSÍVEL CRIME SEM OBJETO MATERIAL?


➢ Sim, há alguns crimes cuja conduta não recai sobre nenhuma pessoa ou coisa (delitos
de mera conduta). Ex. omissão de socorro (art. 135 do CP);

❖ QUEM PRATICA CRIME?


✓ É uma escolha política a definição de quem pode ser considerado sujeito ativo do crime;
✓ Atualmente sujeito ativo do crime só pode ser alguém com 18 (dezoito) anos completos ou
mais.
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❖ PESSOA JURÍDICA PODE PRATICAR CRIMES?:

✓ 1- A empresa é uma ficção jurídica, não tem consciência e vontade autônomas. Logo,
não pratica delito e não deveria ser responsabilizada penalmente;
✓ 2- Uma vez que as condutas das pessoas físicas integrantes da pessoa jurídica são
praticadas em beneficio desta, a pessoa jurídica pode ser responsabilizada penalmente;
✓ 3- O desenvolvimento econômico da sociedade atual fez com que a maioria dos
negócios de risco fossem praticados por empresas, logo é preciso uma nova estrutura de
Direito Penal para responsabilizar as empresas;

• Art. 225, §3º, da CF: Pessoa jurídica é responsabilizada penalmente por delitos ambientais
(Lei 9.605/98);
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❖ QUEM É A VÍTIMA DO CRIME? Vítima e sujeito passivo são a mesma coisa?:

✓ Vítima é gênero, sujeito passivo é uma espécie de vítima (a vítima criminal);

➢ Espécies de vitimização:
• VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA: aquela que sofre as consequências diretas de um crime
• VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA: submissão da vítima ao procedimento de persecução penal
• VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA: julgamento social de estigmatização do comportamento da vítima

❖ FASES DA VITIMOLOGIA NO DIREITO PENAL


▪ PROTAGONISMO: vingança privada
▪ NEUTRALIDADE: interessava apenas como meio de prova
▪ REDESCOBRIMENTO: interesses (morais e patrimoniais) dela são levados em conta pela persecução
penal
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❖ SUJEITO PASSIVO:

✓ pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal

➢ Quem pode ser sujeito passivo?:


• Qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, destituído de personalidade
jurídica (crime vago);

❖ CLASSIFICAÇÃO
➢ Sujeito passivo constante (mediato, formal, geral ou genérico): será sempre o Estado, pois com o crime
viola-se a lei editada por ele. O Estado é o maior interessado na manutenção da paz pública e da ordem
social;
➢ Sujeito passivo eventual (imediato, material, particular ou acidental): é o titular do interesse
penalmente protegido.
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❖ MORTO PODE SER VÍTIMA DE CRIME?:

✓ Art. 209 a 212 do CP? Delito contra o respeito aos mortos? Vítima é a coletividade;

❖ ANIMAIS PODEM SER VÍTIMAS DE CRIME? ANIMAL É SUJEITO DE DIREITOS OU


OBJETO?:

• A teoria tradicional entende que os animais não podem ser vítimas de crime, pois se tutela o meio
ambiente nos crimes ambientais. Todavia, a moderna teoria do direito tende a reconhecer os
animais como sujeito de direitos;

❖ ALGUÉM PODE SER AO MESMO TEMPO SUJEITO ATIVO E PASSIVO DE UM CRIME?

✓ Não por força do princípio da alteridade


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❖ E NO CASO DE USO DE DROGAS (art. 28, da Lei 11.343/2006), suicídio (art. 122 do CP) e
autoacusação falsa (art. 341 do CP)?:

✓ A vítima nesses delitos não é o autor do crime;

❖ CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES

✓ A depender da forma como o legislador redigiu o tipo penal, os crimes podem ser classificados em:
• Crime material: lei prevê a incidência da conduta criminosa sobre uma pessoa ou coisa, modificando o
mundo exterior (normalmente afetando aquela pessoa ou coisa- que é chamado de resultado
naturalístico). Ex. Homicídio, lesão corporal, furto.
• Crime formal: a modificação do mundo exterior (resultado naturalístico) é até previsto pela lei, mas é
desnecessário que ele ocorra para considerar-se o crime como consumado (crime de consumação
antecipada). Ex. Ameaça e extorsão.
• Crime de mera conduta: não há menção a um resultado naturalístico na lei, apenas há a descrição de
uma conduta (um verbo). Ex. Porte de arma de fogo.
• Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex. homicídio, furto
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❖ CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES

• Crime próprio: lei exige que o sujeito ativo tenha qualidades especiais (ex. peculato, infanticídio)
• Crime de mão própria: aquele que só pode ser praticado por determinada pessoa, a qual não pode ser
substituído por outrem. Ex. Falso testemunho (342 do CP);
• Crime doloso: quando o agente quis o resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzir (dolo
eventual); Ex. homicídio doloso
• Crime culposo: agente não quis o resultado, mas ele era previsível e só ocorreu porque o agente foi
descuidado (imprudência, negligencia ou imperícia); Ex. homicídio culposo
• Crime preterdoloso: é um misto dos outros dois. Há dolo no resultado antecedente e culpa no resultado
subsequente mais grave. Ex. lesão corporal seguida de morte.
• Crime instantâneo: aquele cuja ofensa ao bem jurídico ocorre de uma vez (consumação imediata)
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❖ CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES

• Crime permanente: aquela cuja execução do delito e a consumação se prolongam ao longo do tempo, a
ofensa ao bem jurídico permanece no tempo e apenas cessa com a vontade do sujeito ativo. Ex.
sequestro; porte de arma ou de drogas
• Crime instantâneo de efeitos permanentes: a execução e a afetação ao bem jurídicos são imediatos,
mas os efeitos da consumação (da lesão ao bem jurídico) se prolongam no tempo (ex. homicídio);
• Crime habitual: aquele que exige uma reiteração de atos para se configurar. Ex. art. 147-A do CP
(stalking ou perseguição)
• Crime de dano: quando há a efetiva lesão ao bem jurídico penalmente tutelado;
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❖ CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES

• Crime de perigo: basta a simples exposição do bem jurídico a perigo


➢ Concreto: exige-se a efetiva comprovação de que o bem jurídico ficou em risco. Ex. art 132 do CP;
➢ Abstrato ou presumido: a lei presume que a simples conduta já é perigosa ao bem jurídico,
dispensando-se a comprovação do perigo no caso concreto.
• Crime consumado: considera-se consumado quando se verifica a ocorrência do resultado jurídico (que
pode ser a efetiva lesão ao bem jurídico ou o perigo de lesão a depender do crime) previsto no tipo penal.
• Crime tentado: aquele cujo resultado jurídico não ocorre por circunstancias alheias a vontade do
agente.
• Crime comissivo: aquele que exige uma ação. Ex. Homicídio; furto;
• Crime omissivo: incrimina-se a omissão do agente (o não fazer algo). Ex. omissão de socorro.
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❖ ELEMENTOS DO CRIME

• FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO E CULPÁVEL

• FATO TÍPICO
✓ previsão legal (tipicidade objetiva) de uma ação ou omissão humana (conduta), dolosa ou culposa
(tipicidade subjetiva) que causa (nexo causal) um resultado jurídico reprovado socialmente
(resultado).

✓ REQUISITOS DO FATO TÍPICO


• Conduta
• Resultado
• Nexo causal
• Tipicidade
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❖ CONDUTA

• Ação ou omissão humana (nullum crime sine conducta)

• MAS O QUE SE ENTENDE POR CONDUTA?

➢ Teoria causalista (causal naturalista, clássica, mecanicista) (Franz Von Liszt, Ernst Von Beling e
Gustav Radbruch)
➢ Inspiração no positivismo: ciência era apenas aquilo que fosse perceptível pelos sentidos, ou seja, o que
se pode ver, tocar ou ouvir;
➢ Movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo exterior;
➢ A intenção do agente não era analisada nesse momento, apenas na culpabilidade;
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➢ Teoria neokantista (teoria causal-valorativa) (Edmund Mezger):


✓ Inspiração na ideia de valores de Kant: o mundo não deve ser analisado apenas pelo aspecto empírico;

✓ Como se explica a conduta omissiva?


• Apenas o aspecto valorativo explicaria;
• Substitui-se então o conceito de ação pelo de comportamento (ação e omissão)

➢ Teoria finalista (Hans Welzel)

✓ A definição de conduta é feita a partir da finalidade do comportamento: toda conduta é orientada por
um querer;
✓ Conduta: é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim;
✓ “O causalismo é cego e o finalismo é vidente”;
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➢ Teoria social da ação (Hans-Heinrich Jescheck):


✓ apenas aquelas condutas dirigidas a resultados socialmente reprováveis é que devem ser objeto de
preocupação do Direito Penal
• Mérito: promove harmonização entre realidade jurídica e realidade social;
• Crítica: vagueza do conceito de relevância social.

• TEORIAS FUNCIONALISTAS
• Partem da noção de que todas as categorias jurídico-penais devem ser analisadas à luz das funções do
Direito Penal (e da pena). Ou seja, de tal forma a contribuir para que as finalidades sejam alcançadas.

➢ Funcionalismo teleológico, dualista, moderado ou da Política Criminal (Claus Roxin):


▪ Função do Direito Penal é a proteção subsidiária de bens jurídicos.
▪ Conduta é o comportamento humano voluntário, causador de relevante e intolerável lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
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➢ Funcionalismo radical, sistêmico ou monista (Günther Jakobs):


▪ Função do Direito Penal é assegurar a vigência da norma.
▪ Conduta é o comportamento humano voluntário, causador de um resultado evitável, violador do
sistema, frustrando as expectativas normativas
▪ Direito penal do cidadão X Direito penal do inimigo.

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