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SUMÁRIO

AS DIVERSAS CLASSIFICAÇÕES DOS CRIMES ................................................................................. 2


Crimes Materiais, Formais e de Mera Conduta: ....................................................................... 2
Crime Comum, Crime Próprio e Crime de Mão Própria: ........................................................... 2
Crime comissivos e omissivos: .................................................................................................. 3
Crime doloso, Crime culposo e Crime preterdoloso: ................................................................ 4
Crime instantâneo, permanente e instantâneo de efeitos permanentes ................................ 4
Crime consumado e tentado ..................................................................................................... 4
Crime de dano e crime de perigo .............................................................................................. 4
Crime simples (mono-ofensivos), complexo e ultra complexo (pluri-ofensivos)...................... 5
Crime qualificado e crime privilegiado...................................................................................... 5
Crime plurissubjetivo e unissubjetivo ....................................................................................... 5
Crime unissubsistente e plurissubsistente ................................................................................ 5
Outras classificações ................................................................................................................. 6
Crime subsidiário ................................................................................................................... 6
Crime de ação única e de ação múltipla (ou conteúdo variado) .......................................... 6
Crime multitudinário ............................................................................................................. 6
Crime de rua .......................................................................................................................... 6
Crime natural e crime de plástico ......................................................................................... 6
Crime de atentado ou de empreendimento ......................................................................... 7
AS DIVERSAS CLASSIFICAÇÕES DOS
CRIMES
Há diversas classificações de crimes, valendo diferenciá-los pelas classificações legais
(atribuída pelo legislador) e classificações doutrinárias (realizadas pelos estudiosos do direito).

Vejamos a seguir as principais e mais cobradas em concursos públicos:

Crimes Materiais, Formais e de Mera Conduta:


Crime material: é aquele cuja consumação depende da produção de resultado
naturalístico (modificação no mundo exterior) – Ex: homicídio;
Crime formal: é aquele em que há a previsão de resultado naturalístico, porém não
exige sua ocorrência para a consumação do delito, contentando-se com a conduta descrita no
tipo. Vindo o agente a alcançar o resultado naturalístico, representará mero exaurimento do
crime – Ex: Extorsão mediante sequestro;
Crime de mera conduta: como o nome já sugere, não exige e tampouco prevê qualquer
resultado naturalístico, contentando-se com a prática do comportamento para a sua
consumação – Ex: invasão de domicílio.

Crime Comum, Crime Próprio e Crime de Mão Própria:


Crime comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, não exigindo o
tipo penal nenhuma qualidade especial para que se possa apontar o sujeito ativo. Tal qualidade
também pode ser considerada quando da análise do sujeito passivo – Ex: homicídio;
Crime próprio: é aquele cujo tipo penal exige uma qualidade ou condição especial dos
sujeitos ativos ou passivos – Ex: infanticídio (art. 123, CP) a lei exige que o sujeito ativo seja a
mãe sob influência do estado puerperal, bem como exige que o sujeito passivo seja seu próprio
filho;
Crime de mão própria: é aquele cuja execução é intransferível, indelegável, devendo
ser praticado pelo próprio agente, isto é, “com as próprias mãos”. São consideradas infrações
penais personalíssimas, as quais somente determinada pessoa, e mais ninguém, pode praticá-
las – Ex: falso testemunho; prevaricação, etc.

Questão:
(VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia) Assinale a alternativa que apresenta crime próprio
quanto ao sujeito ativo.
A) Inserção de dados falsos em sistema de informações.
B) Fraudes em certames de interesse público.
C) Usurpação de função pública.
D) Corrupção ativa.
E) Subtração ou inutilização de livro ou documento.

(VUNESP - 2019 - TJ-RS - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento) É crime próprio
quanto ao sujeito:
A) adulteração de peça filatélica (CP, art. 303).
B) falsidade material de atestado ou certidão (CP, art. 301, § 1º).
C) falsidade ideológica (CP, art. 299).
D) falsificação de sinal público (CP, art. 296, I).
E) atestado ideologicamente falso (CP, art. 301).

(VUNESP - 2016 - Prefeitura de Várzea Paulista - SP - Procurador Jurídico) Assinale a alternativa


que traz, apenas, crimes próprios quanto ao sujeito ativo, ou seja, que só podem ser praticados
por funcionários públicos (esclarece-se que em tais crimes é admitida a coautoria de particulares).
A) Corrupção ativa; concussão; violência arbitrária.
B) Fraude processual; prevaricação; peculato culposo.
C) Peculato; condescendência criminosa; corrupção passiva.
D) Descaminho; coação no curso do processo; fraude processual.
E) Denunciação caluniosa; violação de sigilo funcional; abandono de função.

Crime comissivos e omissivos:


Crime comissivo: são os crimes praticados por uma ação (por um fazer), a exemplo do
crime de furto (para subtrair, o agente deve praticar um comportamento ativo);
Crime omissivo: são delitos praticados por um não fazer (inação). Subdividem-se em:
a) Omissão própria: a omissão é descrita expressamente pelo legislador, a exemplo do
crime de omissão de socorro;
b) Omissão imprópria: também chamado de crime comissivo por omissão, decorre da
omissão penalmente relevante, diante da inação que só pode ser praticado por personagens
com o dever (e a possibilidade) de enfrentar o perigo para evitar o resultado (os chamados
Garantidores). Com a omissão, responderão pelo resultado ocorrido no cenário lesivo como se
tivessem praticado o crime com as próprias mãos (por meio de ação). O rol de personagens
garantidores está previsto no art. 13, §2º, do Código Penal.

(VUNESP - 2016 - Câmara de Marília - SP - Procurador Jurídico) O tipo do art. 269 do CP (deixar o
médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória) é classificado
como
A) de perigo concreto.
B) doloso e/ou culposo.
C) comissivo por omissão.
D) omissivo por comissão.
E) omissivo puro ou omissivo próprio.
Crime doloso, Crime culposo e Crime preterdoloso:
Crime doloso: ocorre quando o agente quer o resultado (dolo direto) ou assume o risco
de produzi-lo (dolo eventual);
Crime culposo: será culposo o crime quando o agente deu causa ao resultado ilícito
por imprudência, negligência ou imperícia;
Crime preterdoloso: trata-se do crime cuja conduta é praticada dolosamente,
atingindo o agente resultado mais grave do perseguido a título de culpa.

Crime instantâneo, permanente e instantâneo de efeitos


permanentes
Crime instantâneo: é aquele que se consuma em momento determinado (consumação
imediata), sem qualquer prolongação. Ex: roubo;
Crime permanente: é aquele em que a execução e a consumação se protraem no
tempo, persistindo enquanto não cessar a conduta criminosa. Ex: extorsão mediante sequestro;
Crime instantâneo de efeitos permanentes: nesta espécie, a consumação também
ocorre em momento determinado, mas os efeitos dela decorrentes são permanentes – Ex:
homicídio.

Crime consumado e tentado


Crime consumado: considera-se consumado quando nele se reúnem todos os seus
requisitos de definição legal;
Crime tentado: ocorre quando, iniciada a execução, o resultado não é alcançado por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

Crime de dano e crime de perigo


Crime de dano: ocorre quando há efetiva lesão ao bem jurídico penalmente tutelado.
Caso o dano não ocorra, estar-se-á diante da tentativa. Ex: homicídio, furto, lesão corporal, etc.;
Crime de perigo: dispensa a efetiva lesão, configurando-se com a simples exposição do
bem jurídico a perigo. Divide-se em:
a) crime de perigo concreto: exige-se a efetiva comprovação de risco para o bem
jurídico. Ex: crime de abandono de incapaz;
b) crime de perigo abstrato ou presumido ou de simples desobediência: o perigo é
presumido de forma absoluta, bastando a realização da conduta descrita no tipo. Nesta
modalidade, dispensa-se prova do efetivo perigo ao bem jurídico. Ex: tráfico de drogas; porte
ilegal de arma de fogo.
Crime simples (mono-ofensivos), complexo e ultra
complexo (pluri-ofensivos)
Crime simples: é o crime formado objetivamente por apenas um tipo penal. Ex:
homicídio;
Crime complexo: trata-se do crime formado por dois ou mais tipos penais. Ex: roubo
(furto + constrangimento ilegal);
Crime ultra complexo: ocorre quando um crime complexo é acrescido de outro, sendo
que este segundo servirá como qualificadora ou majorante do primeiro. Ex: roubo majorado
pelo emprego de arma de fogo.

Crime qualificado e crime privilegiado


Crime qualificado: é figura típica que decorre de um crime em sua modalidade simples,
porém, aumentando as balizas da pena (mínimo e máximo). A título de exemplo, podemos citar
o crime de homicídio (art. 121 do CP), em que a pena, em sua modalidade simples, é de reclusão,
de seis a vinte anos. Já nas modalidades qualificadas (§2º) a pena passa a ser de reclusão, de
doze a trinta anos;
Crime privilegiado: são hipóteses em que a lei considera determinado crime,
conjugada com circunstâncias especiais, menos reprovável, passando a merecer diminuição de
pena. A título de exemplo, podemos destacar o chamado homicídio privilegiado (§1º, do art.
121, do CP) em que, se o homicídio for praticado nas circunstâncias ali descritas haverá a
incidência de diminuição de pena de um sexto a um terço.

Crime plurissubjetivo e unissubjetivo


Crime plurissubjetivo: trata-se dos crimes de concurso de agentes necessário, ou seja,
quando o próprio crime exige a presença de mais de um sujeito ativo. Ex: organização criminosa;
Crime unissubjetivo: trata-se dos crimes em que se admite a prática por um ou mais
agentes (crimes de concurso eventual de agentes). Ex: furto.

Crime unissubsistente e plurissubsistente


Crime unissubsistente: é aquele em que não se admite o fracionamento da conduta,
ou seja, configura-se com apenas um ato. Logo, não admitem tentativa. Ex: crimes contra a
honra praticados verbalmente;
Crime plurissubsistente: a conduta é fracionada em diversos atos que, somados,
provocam consumação. Logo, admitem tentativa. Ex: homicídio.
Outras classificações
Crime subsidiário

Ocorre em algumas hipóteses em que o comportamento do agente não configura


crime mais grave. Funciona como uma figura típica reserva, tendo espaço quando não se
afigurar, no caso concreto, crime mais grave.
Exemplo: imagine que durante as investigações pela prática de crime de roubo
descobre-se que não houve o emprego de violência ou grave ameaça sobre a vítima para a
subtração de coisa alheia móvel. Nesse caso, será afastado o crime mais grave (roubo), surgindo
a imputação pelo crime subsidiário (furto).

Crime de ação única e de ação múltipla (ou conteúdo variado)

Crime de ação única: são os delitos que apresentam uma única ação nuclear típica
(apenas um verbo de comportamento). Exemplo: homicídio – “matar alguém”.
Crime de ação múltipla (ou de conteúdo variado): são os delitos que apresentam mais
de uma ação nuclear típica (dois ou mais verbos de comportamento). Exemplo: corrupção
passiva – “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
de tal vantagem”.

Crime multitudinário

São delitos praticados por multidão durante um tumulto, como pode acontecer com o
crime de rixa.

Crime de rua

São delitos praticados por pessoas economicamente menos favorecidas, como o


furtou ou roubo. São também chamados de crimes de colarinho azul, em referência ao uniforme
dos operários norte-americanos no início do século XX.

Crime natural e crime de plástico

Crime natural: são os delitos que violam bem jurídicos fundamentais e, por essa razão,
sempre foram, são, e provavelmente continuarão sendo crimes. Exemplos: homicídio, roubo,
estupro, etc.
Crime de plástico: são os crimes que foram criados (e só fazem sentido) em
determinado contexto histórico e cultural. Em períodos anteriores não fariam sentido. Em
período posterior poderá perder a razão de existência. Exemplo: crimes cibernéticos.
Crime de atentado ou de empreendimento

São raros crimes tipificados no ordenamento jurídico cuja punição é a mesma do delito
em sua forma consumada. Em outras palavras, são hipóteses em que a tentativa é punida com
o mesmo rigo (pena) da consumação. Exemplo:

Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida


de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a (um) ano, além da pena correspondente à
violência.

Questão:
(VUNESP - 2013 - TJ-SP - Juiz) Há crime em que a tentativa é punida com a mesma pena do crime
consumado, sem a diminuição legal. Exemplo: art. 309 do Código Eleitoral (“votar ou tentar
votar, mais de uma vez, ou em lugar de outrem”).
Recebe, em doutrina, a denominação de
A) crime consunto.
B) crime de conduta mista.
C) crime de atentado ou de empreendimento.
D) crime multitudinário.

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