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Inês Tavares Lima

TLP - Teoria da Lei Penal 


Noção de direito penal (meramente formal) 

Conjunto de normas que considera certos comportamentos como crimes (aparecem sobre
forma de lei - é crime o que está previsto na lei como tal) e lhes comina através de uma pena
ou de uma medida de segurança. A consequência pode ser uma pena ou uma medida de
segurança que são ambas figuras de relevo no direito penal.

A pena pressupõe uma censura, é aquilo a que se chama “um castigo”. 


Numa democracia liberal,  num estado de direito democrático assenta sobretudo sobre uma
responsabilização pelos comportamentos que escolhemos adotar.

O que legitima que o direito penal (tribunais) possa censurar uma pessoa pelo crime que ela
cometeu é o facto de esse comportamento criminoso resultar de uma opção que a pessoa
tomou, e essa opção que tomou, sendo uma decisão livre (para atos lícitos ou ilícitos), onde a
vontade não está viciada.
Exemplo: Se alguém comete um crime, ameaçado por um mal muito grave, que vicia a vontade
em termos de medo justificado, a sua vontade está viciada, e a pessoa provavelmente não
pode ser censurada. 

O juízo de censura que é feito é para uma decisão livre, quem censura? Não é Deus (nem
qualquer outra entidade metafísica, porque estamos num estado de direito em que os orgãos
de soberania representam o povo, os cidadão). Quem censura são os cidadãos, através do
órgãos competentes, os tribunais. O tribunal é que emite o juízo de censura em nome da
comunidade, em nome do povo (201º CRP). A censura tem que ser legítima, não pode ser
hipócrita, não pode ser um censura em que o povo está a censurar alguém por um facto que
qualquer cidadão  também cometeria naquelas circunstâncias. Qualquer cidadão com medo,
cometeria um crime (estaria impelido para tal) porque foi ameaçado para tal.

Um juízo de censura parte da ideia de um cidadão comum (normalmente fiel ao direito - não é
nenhum herói moral, é uma pessoa mediana em termos dos seus comportamentos).

O juízo de censura representa a culpa, a pessoa é culpada porque decidiu livremente cometer
o crime, havendo essa censura o tribunal pode aplicar a correspondente pena.
Há situações que não tem haver com o contexto, mas sim com a própria pessoa, onde a
pessoa não é livre nas suas decisões, mas essa falta de liberdade não tem a ver com um vício
na formação da vontade que decorra de qualquer circunstância prática, mas resulta de um fator
que é do agente, do próprio sujeito, à priori, que é o facto dele sofrer de anomalia psíquica. 

Prática de crimes por pessoas que sofrem de anomalias psíquicas 

As pessoas que sofrem de uma determinada anomalia psíquica que lhes retira a liberdade de
decisão, muitas delas (anomalias psíquicas) impele mesmo as pessoas a cometerem crimes, e
por virtude da ciência médica nomeadamente a psiquiatria entendem que essas pessoas não
podem ser censuradas porque elas não escolhem os seus comportamentos, são aquilo a que
se chamam os inimputáveis. 

E é aqui se faz referência à medida de segurança, se for por uma razão de anomalia psíquica
opera um fenómeno que o direito penal não pode desconsiderar que é a pessoa ter cometido
um crime por sofrer de anomalia psíquica, mas como o crime provem dessa anomalia é muito
provável que a pessoa volte a cometer o crime, volte a reincidir. 

A anomalia psíquica retira a liberdade de decisão da pessoa e é algo que enquanto a pessoa
não estiver curada há uma grande probabilidade em voltar a repetir o crime. 
O direito penal não pode punir mas não pode deixar de reagir, o que está em causa é a
segurança da sociedade face ao inimputável. O inimputável não pode ser sancionado, uma vez
que lhe falta a tal liberdade que traz a responsabilidade, se não o podemos punir, por respeito à
própria dignidade humana da pessoa, é verdade que também há outro bem jurídico que é muito
importante e que está constitucionalmente previsto que é a dignidade da pessoa humana, as

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pessoas não podem ser punidas sem liberdade de decisão porque isso atenta contra a sua
dignidade, mas por outro lado quando está outro direito fundamental em causa como é a
segurança, temos que encontrar aqui uma solução que permita tutelar ambos os direitos
fundamentais: tanto a dignidade da pessoa que cometeu o crime como os cidadãos em geral
que têm direito também, por força da CRP à segurança. É aqui que surgem as medidas de
segurança. 

As medidas de segurança restringem direitos fundamentais ao inimputável, mas não são uma
punição, são uma forma de num 1º momento retirar o inimputável da vida em sociedade.
Quanto menos liberdade de decisão tem mais perigosa a pessoa se torna. E portanto a medida
de segurança tem num 1º momento o objetivo de retirar o inimputável, por ser perigoso, da vida
em sociedade, podemos falar mesmo de uma segregação do inimputável. 

Mas não se limita retirar o cidadão da vida em sociedade, no mais curto prazo possível, se
tenta regular a sua doença e a pessoa será libertada quando a sua anomalia psíquica estiver
controlada ou quando deixe de ser sofre dessa anomalia.

Quando falamos de imputáveis ou inimputáveis não quer dizer que estejamos a falar
concretamente da imputação do crime, o que se quer referir quando se falamos em imputáveis
ou inimputáveis é da imputação da culpa de um crime, a tal culpa que se baseia no juízo de
censura por decisões livres do sujeito. O direito penal reage a factos e não a agentes
(racismo). 
O que é legitimo é considerar perigoso aquele (seja ele quem for) que cometeu um crime e que
lhe foi detetado uma anomalia psíquica.

A inimputabilidade pode ser momentânea se for a tal situação em que a pessoa foi ameaçada,
são situações em que a pessoa naquele momento ficou numa situação de inimputabilidade por
força psicológica do facto. 
Aquele que ficou verdadeiramente conhecido pelo imputável é aquele que não tem liberdade de
decisão por força de anomalia psíquica ou então por força da idade. Os inimputáveis também
são aqueles que por razão da idade ( - de 16 anos) cometem crimes, trata-se de imaturidade e
não de anomalia psíquica. A maioridade penal é a capacidade para ser alvo de um juízo de
censura.
Antes dos 16 anos não se chama propriamente medida de segurança por se tratar de crianças
e de adolescentes, mas chama-se medida tutelar educativa que tem um regime próprio e que
tem um regime de proteção da sociedade face à criança mas já não vai propriamente para um
local para ser curada (a terapia é a educação da pessoa).

O direito penal reage através de penas, e existem várias penas (a pena de prisão é pena
principal), se a pessoa sofre de anomalia psíquica é lhe aplicada uma medida de segurança.

Quem define o que são os crimes são as pessoas através dos seus órgãos 

Âmbito do direito penal 

Em sentido amplo 

Abrange-se mais do que o direito penal substantivo, também abrange o direito processual
penal e o direito executivo (é o direito da execução das penas e das medidas de segurança, no
fundo, o direito que regula a vida durante a execução da pena). 

Em sentido restrito

Só pensamos no direito penal substantivo, e ai temos o direito penal clássico 

Critério formal - O que é o direito penal clássico em termos de lei ? É o Código penal (são os
crimes previstos no código penal)

Critério material - Leva-nos para uma outra dimensão que se relaciona com o bem jurídico
que é protegido pelo direito penal.

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Quando surgiu a ideia de um direito penal próprio do sistema liberal, surgiu no pensamento
iluminista (Beccaria - Dos delitos e das penas 1763) e só depois é que os estados o
consagraram, começa a defender-se, segundo os ideais liberais e iluministas, um direito penal
que restrinja o mínimo possível os direitos fundamentais das pessoas que são seus
destinatários (quando se aplica uma sanção penal, essa sanção deve ser o mínimo possível
18º/2 CRP). O direito penal implica que, por outro lado também, só pode atuar quando alguém
comete um facto que viola um direito fundamental. 

Os direitos fundamentais dos cidadãos (que as pessoas não podem violar, sob pena de
estarem a cometer crimes) se forem violados vai fazer com que a pessoa que violou esses
direitos sofra uma sanção penal, que tem como objetivo salvaguardar os outros direitos
fundamentais (a segurança das pessoas), mas também deve ver os seus próprios direitos
fundamentais restringidos o mínimo necessário para que seja conseguida uma sanção que
possa restabelecer a confiança das pessoas, da segurança e da paz social.

Este direito penal mínimo é o direito penal que ainda hoje temos na nossa CRP e no nosso
código penal. Este direito penal mínimo é um direito penal que só intervém (e por isso é que se
chama clássico), quando se atenta contra um direito fundamental, ou seja, um direito subjetivo
individual. Estes direitos fundamentais são aqueles que se protegem ao nível do direito penal,  
depois do século 19 deixa de designar-se por “direitos fundamentais” e começa a designar-se
por bens jurídico-penais, bens jurídicos. O direito penal serve para proteger o Homem, e se
dirige ao Homem (o direito existe por causa do Homem e para o Homem). O direito penal
protege bens jurídicos, que se relacionam com direito individuais que portanto são
personalistas.

NOTA - O direito também considera ser humano o ser intra-uterino (mas não o considera
pessoa).

Quando falamos do bem jurídico de propriedade, estamos a falar de um direito subjetivo, mas
em rigor não, uma vez que, quando falamos de direito de propriedade, isto é, quando uma
pessoa sofre um atentado ao seu património, há duas dimensões jurídicas que reagem - o
direito civil - que tutela o titular do direito (o direito da responsabilidade civil), isto é, o direito
subjectivo do lesado, e - o direito penal - onde há uma reação punitiva que interessa ao estado
e a toda a comunidade (mesmo aqueles que não estão envolvidos no crime), em que se tutela
também a propriedade, mas não a propriedade em dimensão individual subjetiva, ou seja, não
se está a proteger a própria pessoa do direito de propriedade, mas está-se a defender o valor
da propriedade enquanto valor fundamental, enquanto valor que estrutura a nossa comunidade.

Expressão - Bens jurídicos (são valores, têm um caráter unitário - dá a sensação que estamos
a falar de valores abstratos mas não, estamos a falar de valores que têm a sua base em
direitos subjetivos individuais) individuais (vida, integridade física, liberdade, liberdade sexual,
património, propriedade). A maior parte dos bens jurídicos mais importantes assentam em
direitos subjetivos individuais.

O direito penal clássico em sentido material é o direito penal que protege bens jurídicos
individuais, que têm como referência a pessoa humana. Não serve para proteger essas
pessoas em si, mas proteger toda comunidade de comportamento que colocam em causa
esses bens jurídicos (o direito à segurança).

Porque se chama a isto o direito penal clássico? Porque o direito penal em Beccaria, fala num
direito penal individual, que é a nossa herança (se formos ver essas obras, podemos salientar
que o direito penal protege direitos individuais, não tanto para proteger os seus titulares mas
proteger a comunidade). É algo que já vem desde o inicio do direito penal liberal, e é por isso
que é clássico. 

O que é o direito penal secundário ? É a legislação avulsa que aparece em vários diplomas
(crimes fiscais, por exemplo).

Entre 1763 até hoje, houve um século muito relevante que foi o século 20 que trouxe grandes
transformações ao mundo - transformações ideológicas (ideia do estado social, dos bens

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jurídicos coletivos), a vida tornou-se mais complexa o que fez suscitar o aparecimento de bens
jurídicos que não têm esse referendo individual, que são bens jurídicos supraindividuais, que
visa tutelar a pessoa em última análise  - Começa a falar-se de crimes contra a economia,
crimes contra o ambiente (há sempre a referência da pessoa individual).

Porque é que o nosso ordenamento jurídico criminaliza comportamentos contra a economia


(que é uma entidade abstrata)?
Porque se a economia não é boa, reflexivamente as pessoas vão viver pior, vão ter uma maior
dificuldade a nível de emprego. As pessoas vão acabar por perder a qualidade de vida, um
bem estar social ou parte dele, porque há atentados contra a economia que não os afeta
diretamente mas que reflexivamente os vai afetar.

As relações económicas tornaram-se mais complexas, por vezes é preciso criminalizar


comportamentos que, no ponto de vista económico financeiro, não são legítimos para que
efetivamente se proteja a economia do país.
O mesmo se diz em relação ao ambiente, ou seja, queremos proteger o ambiente como um
bem em si ? Não defendemos o ambiente em si, isto é, quando a CRP fala do ambiente não
fala do ambiente em si mas sim da qualidade de vida, portanto defende-se o ambiente para
defender a qualidade de vida das pessoas. Se o direito penal perde esse referendo pessoal
torna-se ideológico (tanto é um bem jurídico coletivo o ambiente - considerado justo - mas
também se falarmos na pureza da raça, também é um bem jurídico coletivo só que injusto). O
referendo deve ser só a proteção da pessoa.

Os crimes contra os animais de companhia tiveram alguma dificuldade em serem legitimados


ficaram denominados como “animais de companhia” porque em última análise quem está
protegido é a pessoa a quem o animal acompanha. Perdíamos o referendo pessoal se
defendêssemos o animal em si, este referendo é o que no permite ser menos ideológicos e nos
permite definir quando um bem jurídico supraindividual deve ser considerado um bem jurídico

Princípio da legalidade - os cidadãos quando cometem crimes, têm o direito em saber quais
são são os factos que são considerados crime e quais são os factos que não o são. Desde
logo, o princípio da legalidade é fundamental independentemente se as leis são justas ou
injustas.
A lei penal deve ser clara sendo proibida a analogia.

Localização do direito penal no sistema jurídico 

Direito penal interestadual (aplica-se no nosso país e tem origem como fontes nacionais que
são a CRP o código penal e legislação avulsa) e direito internacional penal. 

  O direito penal protege os bens fundamentais que também são os bens supra
individuais que correspondem aos bens fundamentais de segunda geração.

  O direito penal está mais ligado à proteção de bens jurídicos clássicos.


A nossa CRP – normas que estabelecem limites jurídicos ao poder político – regula
estas duas matérias. A constituição consagra no título segundo uma sequência que
não é neutra, começa-se com o direito mais importante:

 Direito à vida (art. 24o) – A pessoa é a principal realidade a proteger quer pela
constituição quer pelo direito penal.
O artigo 24o diz que a vida humana é inviolável – consagração da vida humana como
direito fundamental, é o direito mais importante da CRP, mas mesmo assim não é
absoluto, é oponível erga omnes, mas não é absoluto no sentido da sua restrição,
nenhum direito é absolutamente irrestringível, pode sê-lo em crimes por ação ou em
crimes por omissão (ex. matar uma pessoa em legitima defesa).

Existe uma outra forma de matar por omissão, conflito de deveres.

Ex.: Médico em serviço de urgências se não auxiliar uma pessoa nas urgências em perigo de
vida e se essa pessoa morrer, esse medico não comete só uma recusa de médico, comete um
homicídio por omissão. Está nas urgências é algo que está por contrato, uma função que

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assumiu voluntariamente e contratualmente de forma livre e que se prende com as suas


qualificações, tudo isto colocam-no a responder não só por omissão e não só por não agir mas
também pelo resultado, é punir pelo homicídio por omissão.

Mas se o fizer em conflito de deveres, se só pode cumprir um dever estando adstrita a dois
deveres. 

Ex.: Duas pessoas em perigo de vida e apenas tem um ventilador o medico tem que fazer uma
opção, os critérios para o direito penal são irrelevantes, a vida humana é não é mensurável. 

Desde que se cumpra um dever mesmo só cumprindo um, deve ser tao importante ou superior
ao sacrificado, em relação à pessoa que deixou morrer comete um homicídio por omissão, mas
justificado. 

à Consciente disso o artigo 24º n1 estabelece a inviolabilidade da vida humana, mas


reconhecendo a relatividade da mesma no artigo 24o n2 

Por causa do artigo 18º n2 não existem valores absolutos, por isso, importa que a CRP não se
limite a dizer que a ida humana é inviolável devendo impor uma limitação jurídica ao direito
penal. 

Não existe nenhum crime suscetível de ser punido com apena de morte. A CRP impõe que o
código penal proteja a vida humana, punindo todos aqueles que atentam contra a mesma, mas
não podem ser punidos através da restrição do mesmo direito. 

Em relação à integridade pessoal (artigo 25o) – engloba a integridade física e moral 

Este artigo 24o e 25o são o núcleo essencial da dignidade humana, não é um conceito
abstrato, é composto pelos direitos fundamentais de primeira geração e de direito fundamentais
de segunda geração (deveres económicos, sociais e culturais). 

Quando se ofende a integridade física pode também ofender-se a integridade moral e vice-
versa. Esta integridade pessoal pode também ser só moral ou só física. 

O próprio direito penal não pode aplicar penas cruéis, degradantes ou desumanas (art. 25o n2)
– a pessoa não pode ser humilhada, isso afeta o núcleo essencial da própria comunidade, não
apenas da pessoa, não tutela só o próprio que está a ser vítima deles. 

A ofensa mais direta à integridade moral é uma terapia para mudar coativamente a integridade
da pessoa. 

Artigo 27o – estabelece o direito à liberdade e à segurança, dirige-se também sobretudo ao


direito penal. 

1. Só conseguimos segurança se o estado tiver o poder de restringir a liberdade às


pessoas. Se as pessoas andarem em completa liberdade a segurança tende a
desaparecer, as pessoas em completa liberdade vão encontrar uma situação de guerra
de todos contra todos. Para termos liberdade e segurança, temos de os ter de forma
não absoluta.

2. Sem este número o código penal (de acordo com o art. 18o n2) era todo
inconstitucional. A privação de liberdade só pode ocorrer em seguimento de uma
sentença judicial.

3. Durante um processo penal também é possível restringir a liberdade às pessoas,


através da detenção e prisão preventiva. Para que o processo possa correr de forma
normal e se possa chegar à verdade material, pode ser necessária uma privação
preventiva da liberdade

Relevância Constitucional do Direito Penal 


 
Art.º 29º CRP – preceito constitucional que mais se dedica à lei penal
 

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O Princípio da Legalidade, no direito penal, significa que os cidadãos devem ter a garantia de
poder conhecer quais os factos que a lei considera crime e quais os factos que ficam fora
desse conceito (distinguir o que é crime do que não o é). 
 
ü  Isto para que o Estado e os tribunais possam aplicar as sanções penais de forma “limpa”, na
medida em que vão punir comportamentos considerados crime e que o cidadão teve tempo p/
tomar conhecimento. 
 
29º/1 – Ninguém pode ser sentenciado criminalmente senão em virtude de lei anterior que
declare punível a ação ou a omissão, nem sofrer medida de segurança cujos pressupostos não
estejam fixados em lei anterior.
 
®   apesar disto ser também um problema de aplicação na lei no tempo (indicia que não é
permitida a retroatividade), é também razão de ser do princípio da legalidade – a lei deve ser
anterior para dar a garantia ao cidadão das condutas que constituem ou não crime.  

O cidadão só deve ser punido se tiver tido oportunidade de saber que o facto cometido constitui
um crime – é isto que caracteriza o princípio da legalidade. 
 
Não podem ser aplicadas penas ou medidas de segurança que não estejam expressamente
culminadas em lei anterior. 
 
29º/4 – Ninguém pode sofrer pena ou medida de segurança mais graves do que as previstas
no momento da correspondente conduta ou da verificação dos respetivos pressupostos,
aplicando-se retroativamente as leis penais de conteúdo mais favorável ao arguido. 
 
Existe uma nuance: aplicam-se retroativamente as leis penais de conteúdo mais favorável ao
arguido: entende-se que à partida não vai afetar as garantias dos cidadãos. 
 
Porquê? Na lógica das finalidades do DP, nomeadamente das finalidades que o nosso sistema
jurídico aplica às penas, a pena tem efeito de prevenção para o futuro – a pena deve ser o
mínimo necessário para reafirmar o valor violado. 
 
Nota: vamos perceber isto melhor quando começarmos a estudar as finalidades da pena 
 
29/º5 – Ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo crime.
 
Princípio fundamental – non bis in idem 
®   Significa que ninguém (também é princípio de DIP) pode ser julgado 2 vezes pela prática do
mesmo crime; 
®   O conceito não é exatamente este, o que se pretende para que não se violem as garantias
dos cidadãos é que ninguém seja reprovado pela 2ª vez (o que não se pode é reprovar
duplamente pelo mesmo facto). 
 
É o facto de os cidadãos conhecerem a característica de crime de determinado comportamento
que permite que o tribunal lhe aplique as devidas sanções – censura pela prática do crime
 
 
Art.º 30º CRP (limites das penas e medidas de segurança) – Não pode haver penas nem
medidas de segurança privativas ou restritivas da liberdade com carácter perpétuo ou de
duração ilimitada ou indefinida. 
 
®   Desde logo a proibição da privação de liberdade com caráter perpetuo;
 

®   Nuance: se fosse proibida apenas a prisão perpétua estava se apenas a proibir que a pena
referisse que a pessoa iria cumpri-la durante toda a vida, mas isto podia dar aso a penas de
prisão ilimitadas no sentido material do termo, ou seja, seria possível cumular penas se uma
pessoa cometesse 5 crimes seguidos e se esse somatório desse 120 anos, a pena seria de
caráter perpétuo mas não seria pena perpétua

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Nota: não está definido qual o ano a partir do qual se torna pena de caráter perpétuo. Apenas
sabemos que a pena máxima em PT é de 25 anos. 
 
O que se proíbe não é a pena perpétua apenas, mas sim a privação de liberdade com caráter
perpetuo (nem as penas nem as medidas de segurança podem ser restritivas a este ponto). 
 
30º/2 CRP – Em caso de perigosidade baseada em grave anomalia psíquica, e na
impossibilidade de terapêutica em meio aberto, poderão as medidas de segurança privativas ou
restritivas da liberdade ser prorrogadas sucessivamente enquanto tal estado se mantiver, mas
sempre mediante decisão judicial. 
 
®   Se a pessoa sofrer de anomalia psíquica e por isso lhe dever ser aplicada uma medida de
segurança;
 
Medidas de Segurança – visam defender a sociedade de uma pessoa considerada perigosa
uma vez que aquilo que a impele a cometer crimes é uma doença mental e, como tal, há uma
forte probabilidade de cometer os mesmos factos de novo. 
 
 
Grande problema do Direito Penal 
?       se a pessoa nunca for curada ou até controlada? 
o   Se tivéssemos um limite definitivo, o Estado seria obrigado a libertar pessoas consideradas
perigosas;
o   Este art.º 30º/2 – norma constitucional que exceciona a norma constitucional do nº1 –
permite prorrogar essas medidas de segurança;
o   Dentro do espírito constitucional, entende-se que as MS não devem ter caráter perpétuo e,
por isso, esta prorrogação excessiva estabelece uma exigência ao legislador penal: 
 
§  A de que as medidas de segurança renovadas sejam aplicadas por um curto período de
tempo – 2 anos. 
 
Nota: esta medida tem um carácter completamente excecional que deve tentar evitar-se ao
máximo. 
 
30º/3 CRP – intransmissibilidade das penas
®   Princípio elementar num estado de direito democrático:
o   Ex. em muitas culturas os filhos continuavam a cumprir as penas dos pais – a
responsabilidade penal é pessoal e por isso, insuscetível de transmissão. 
 
 
Outras Fontes Nacionais 
 
Código Penal 
 
Composto por 2 livros: 
1.     Parte geral – art.º 1º até 130º (regras que se aplicam a todos os crimes)
2.     Parte especial – art.º 131º e ss 
 
A parte geral do CP não se aplica apenas aos crimes que nele constam, isto é – é a parte geral
de todos os diplomas que prevejam tipos legais de crime. 
 
§     A parte geral abrange toda a legislação penal avulsa, salvo se esta legislação tiver uma
norma restritiva ou ampliativa relativamente a uma das normas da parte geral. 
 
 
Relação com o Direito Civil 
Direito da Responsabilidade Civil / princípio da responsabilidade civil – 71º e ss CC 
 
DP ≠ responsabilidade penal ≠ responsabilidade civil – 483º e ss CC

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Muitos comportamentos criminosos são também ilícitos civis: 
 
®   O Código do Processo Penal prevê o princípio da adesão:
 
o   quando o facto criminoso gera ilícito civil – comportamentos que atentam contra direitos
subjetivos – é normal que de um crime se gere responsabilidade civil;
 
®   Há, no entanto, muitos factos geradores de responsabilidade civil que não geram
responsabilidade penal (o DP só pune comportamentos dolosos). 
 
 
 
Porquê que há 2 ramos do Direito a reagir, sendo que o bem é o mesmo?
 
®   Os bens jurídicos penalmente protegidos inspiram-se nos DF da CRP e, muitos deles têm
correspondência aos direitos subjetivos tutelados pelo Direito Civil;
 
®    Todavia, o que se protege no 483º e ss CC (tal como no DP) protege-se enquanto direito
subjetivo:
 
o   O Direito Civil tutela os interesses subjetivos dos cidadãos – quando o Direito Civil reage
contra quem danificou p.ex uma propriedade, está a proteger o proprietário do bem, em caso
de comportamento doloso de outrem. 
 
O Direito Civil protege o indivíduo lesado
 
 
®   O DP reage ao mesmo comportamento, mas não para tutelar a posição individual subjetiva,
mas sim o interesse público do Estado, enquanto representante da comunidade;
 
®   Neste contexto o que o DP está a proteger são os bens jurídicos que antes têm de ser
tutelados pelo estado. 
 
 
Direito Civil – protege o titular do direito 
Direito Penal – protege a comunidade de um comportamento contra um bem fundamental ... 

Além do Direito Penal, existe mais direito sancionatório: 


 
§     Direito Administrativo Sancionatório – ramo do direito público DL 433/88
 
São normas próximas às do DP, vinculadas a princípios constitucionais similares, mas que têm
uma grande diferença: 
 
Ö      o direito de mera ordenação social apenas tutela a mera ordem social, não protegendo
valores jurídicos fundamentais (pelo menos não em 1ª instância) 
 
 
A liberdade consegue-se com o cumprimento das leis
 
A Legitimação 
 
Quando se coloca a questão da legitimidade de aplicar penas pela prática de crimes coloca-se
a questão de saber qual a razão para que se possam aplicá-las e quem decide essa razão.
 
à Quem decide da razão das penas e da necessidade de se aplicarem penas são os próprios
cidadãos – isto remonta à ideia do contrato social que os filósofos liberais foram defendendo,
aliás o 1º autor a fazer-lhe referência é S. Tomás de Aquino e este defendia que: “o poder
pertence a Deus através do povo” 

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Portanto, a razão do poder de punir está no povo / comunidade / cidadãos – é aí que se
encontra a legitimidade.
 
A revolução francesa, inspirada nos ideais iluministas e nos anseios das classes que não eram
privilegiadas, acabou por transformar essa perspetiva da legitimação do poder político em geral
e mais concretamente do direito penal. 
 
O DP tem uma relevância superior, uma vez que, é o ramo do direito que interfere de uma
forma mais invasiva nos Direitos Fundamentais das pessoas. 
 
Quando falamos da legitimação e finalidades das penas temos esse panorama histórico da
idade média, absolutismo e revolução francesa em que encontramos essa mudança de
paradigma. 
 
 
Várias Teorias 
 
§     As teorias são modelos que se foram construindo ao longo da história – por isso, na prática
dificilmente encontramos um modelo puro, sendo feitas combinações de modelos (há modelos
de teor mais absoluto e outros de teor relativo)
 
As teorias distinguem-se entre Teorias Absolutas e Relativas
Nota: a força destas teorias tem muito a ver com determinados contextos históricos
 
Teorias Absolutas
 
®   Significam que a punição não tem propriamente uma finalidade útil, tem apenas a finalidade
de fazer justiça – são teorias que se estribam na justiça;
 
®   Quando se diz que não tem finalidade útil está a falar-se de não ter a finalidade p.ex de
diminuição da criminalidade:
 
o    Preocupam-se em fazer justiça, mesmo que a mensagem da pena não tenha como efeito a
diminuição do crime. 
 
®   Realização que assenta puramente na ideia de justiça, independentemente de
conseguirmos ou não uma sociedade c/ menos criminalidade. 
 
Teorias Relativas 
®   Vocacionadas para a prevenção / diminuição da criminalidade;
 
®   Existem várias perspetivas: 
o   Uns dirão que as penas servem para diminuir o crime; 
 
o   Outros dizem que servem para manter o crime em níveis suportáveis comunitariamente; 
 
o   Outros dirão que servem para que a sociedade não esteja impregnada de criminalidade.
 
®   São sempre teorias que tem 1 objetivo: condicionar os comportamentos criminosos. 
 
Nota: a ideia é que a pena tenha uma mensagem que tenha uma influência para o futuro no
âmbito do nº de crimes. 
 
 
Teorias Absolutas – finalidades da pena  
 
®   As teorias absolutas, com a ideia de apenas fazer justiça, traduzem a ideia de castigo pelo
facto passado, não tendo a perspetiva de no futuro diminuir a criminalidade (por isso não são
utilitaristas); 

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®   O DP foi muito influenciado pela religião – crime e pecado eram ideias muito próximas; 
 
®   O castigo reporta-se não tanto à preocupação da pessoa não voltar a cometer o facto, mas
sim ao castigo pelo facto que realizou no passado; 
 
 
 
Teorias Relativas – finalidades da pena (≠ absolutas)
 
®   Apesar de se estar a punir por um facto passado – o momento de punição é posterior à
prática do facto criminoso – no momento da pena a ideia é que esta tenha um efeito não em
relação ao passado, mas sim para o futuro;
 
®   Pune-se de forma preventiva, para que não se voltem a cometer crimes. 
 
 
Daí a diferença e entre punir porque se praticou o crime e entre punir para que não se voltem a
cometer crimes
 
 
São essencialmente estas ideias que caracterizam estas 2 grandes teorias: 
®   Quando dizemos “pune-se pelo castigo do facto passado” a mensagem é retribuir o mal da
forma mais próxima possível ao mal praticado (ex. se matou deve morrer). 
 
 
Vamos ver a fundo cada uma das teorias 
Teorias Absolutas
 
Retribuição do Facto (lei de Talião = lei da retaliação) 
“olho por olho, dente por dente”
 
®   A lei de Talião (bíblia – antigo testamento) – é muito relevante para a ideia das finalidades
das penas; 
 
®   A ideia era fazer o máximo mal possível a quem praticou o mal; 
 
®   A lei de talião tem uma perspetiva da pena que não dá propriamente importância ao
contexto ou à liberdade de decisão que a pessoa teve ao cometer o crime;
 
Nota: é importante no DP atual saber considerar o grau de liberdade de decisão que a pessoa
teve ao cometer o crime (ex. matar por maldade ou matar em defesa – o facto pode ser o
mesmo, mas o contexto pode ser diverso)
 
O facto é “A matou B” – a retribuição do facto, no seu modelo puro, só se preocupa com o
facto, não com o contexto. 
 
Curiosidades: 
à Nos países muçulmanos e judaicos (tem em comum o antigo testamento) ainda vigora esta
ideia do olho por olho dente por dente. 
 
à Exemplo: já foram cortadas mãos a crianças por serem apanhadas a furtar. 
 
o   A liberdade de decisão (ponderação de escolhas de forma esclarecida) de uma criança é
diminuta;
 
o   A Lei de Talião não se importa com isto – por isso se chama retaliação do facto e infligir o
mal, tanto quanto possível, idêntico. 
 

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Inês Tavares Lima

Retribuição da Culpa (novo testamento – teorias absolutas c/ grande influência religiosa) 


 
®   Ideia defendida pelo idealismo alemão e, hoje em dia, tem ainda muita influência no DP de
grande parte dos países ocidentais, nomeadamente os da família romano-germânica; 
 
®   É evidente que o facto praticado tem relevância (a gravidade do facto pode aumentar a
gravidade da culpa), mas a proporcionalidade do mal não é em relação ao facto cometido por si
só – tem a ver com o grau de culpa que se atribui. 
 
Como se atribui o grau de culpa?
 
®   Relaciona-se com o livre arbítrio que, por sua vez, tem a ver com a liberdade de decisão;
 
®   No novo testamento, Jesus Cristo refere o livre arbítrio – relacionado com a ideia de que
Deus cria o homem e lhe concede liberdade de decisão: 
 
o   Esta liberdade está na génese do liberalismo – responsabilizar as pessoas pelos atos que
pratiquem. 
 
O grau de culpa determina-se analisando, no contexto da prática de cada crime: 
 
1.     As circunstâncias que levaram a pessoa a decidir pelo crime;
2.     A saúde mental da pessoa
 
Nota: a saúde mental abrange quer as pessoas que não sofrem de anomalia psíquica, quer as
crianças (que, por falta de maturidade, não são capazes de tomar decisões responsáveis)
 
 
Portanto, a culpa mede-se pelas circunstâncias do facto e pela liberdade de decisão do
agente (capacidade que tem para decidir de forma livre) – faz com que a culpa possa ser
graduada mesmo que o facto seja exatamente o mesmo. 
 
 
A gravidade do facto corresponde ao grau de ilicitude – a determinação da culpa parte
desse grau de ilicitude: 
 
®   No entanto, a culpa pode ser totalmente excluída se o agente for um inimputável, se for um
menor ou ainda, se for praticada num contexto tal que se entende que por instinto de
sobrevivência não houve liberdade de decisão. 

Medindo o grau de liberdade do agente na prática do crime tenta-se estabelecer um grau de


pena que lhe seja correspondente / proporcional.
 
 
Exemplo: crime de homicídio de 8 a 16 anos 
à Se o crime for cometido com uma liberdade de decisão média / normal, ainda que com algum
contexto de pressão – a pena proporcional à culpa seria 12 anos;

Se a pessoa cometeu o crime por circunstâncias superficiais – esse grau de culpa aumenta,
uma vez que a liberdade de decisão era muito maior. 

Conclusão – teorias absolutas:


§     As teorias absolutas são teoria retributivas (retribuição de um mal com outro mal, ou seja, o
crime é um mal e a pena é um mal que retribui o crime);
 
§     Quando se trata da retribuição do facto – esta é calculada independentemente da
capacidade de decisão da pessoa; 
 
§     Na retribuição da culpa – o mal retribuído é não só representado pelo facto, mas medido
pela culpa de quem praticou esse mesmo facto. 

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Inês Tavares Lima

 
Nota: é no grau de culpa da prática do ato que se vai graduar a pena por esse facto. 
 
 
Idealismo alemão 
à A ideia de retribuição defendida por Kant é a ideia da retribuição da culpa, ou seja, da
responsabilização pelos atos e, nesse sentido, a liberdade de decisão das pessoas é
fundamental p/ se atribuir o grau de culpa
 
 
 
Críticas – teorias absolutas: 
 
Em relação a retribuição do facto, são várias:
 
1.     Pune as pessoas todas de forma igual pelo mesmo facto:
o   Esses factos podem ser praticados por crianças, pessoas adultas, em contextos
completamente diferentes e, ainda assim, a pena é sempre a mesma;
 
2.     Não distingue imputáveis e não imputáveis – não fazendo, aliás, qualquer distinção de
outro tipo;
 
3.     Apesar de pretender a justiça, é uma teoria que deixa um grande sentimento de injustiça.
 
 
Em relação à retribuição da culpa: 
 
Nota: ainda hoje é uma teoria defendida por muitos uma vez que trouxe uma grande vantagem
– é com a ideia de retribuição de culpa que se entendeu que há pessoas que não devem ser
responsabilizadas 
 
1.     Os fins da pena não têm um sentido de utilidade social – não são úteis socialmente: 
 
o   Esta ideia de punir apenas por razoes de justiça é uma ideia metafisica;
 
o   Punir a pena apenas por razoes de justiça é criticado por Rosseau;
 
O DP se for um DP laico (pós-iluminista) – deve deixar-se o ideal da justiça de deus e
concentrar-se na justiça humana 
 
Essa justiça humana tem de ser uma justiça feita para os cidadãos, ou seja, tem de ser uma
justiça útil aos cidadãos:
 
à O que se pretende é a diminuição do crime, é a segurança – essa é a finalidade que se
pretende
 
Com a teoria da retribuição da culpa, por si só, isso não se consegue (pelo menos não tem
esse objetivo)
 
As ideias do Iluminismo alemão, nomeadamente de Kant (defensor da retribuição da culpa) –
são ideias contrárias ao utilitarismo das sanções penais.
 
Prevenção especial

Enquanto o criminoso está a cumprir a pena de prisão não cometer nenhum crime, e também é
importante que não os cometa depois de ser libertado. A não ser que as penas fossem todas
de prisão perpétua ou penas de morte, se não for nem uma nem outra, a pessoa ira ser
eventualmente libertada. Face ao nosso sistema jurídico, todas as pessoas que são pressas
mais tarde irão ser libertadas, pois nos não temos nem pena de prisão perpétua, nem pena de
morte.

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Inês Tavares Lima

 Prevenção especial negativa – ideia de segregação/neutralização, ou seja, vai haver um


afastamento do condenado da vida em sociedade, esse afastamento é importante pois
essa pessoa num futuro próximo não vai cometer crimes. Previne-se que essa pessoa em
especial, ao ser condenada, mal inicia a pena de prisão ira ser afastada da comunidade e
não ira cometer crime, logo esta é uma vantagem. Esta é uma ideia defendida pela teoria
da defesa social – escola de pensamento originaria de frança, ou seja, a sua ideia
principal é a de que acima de tudo é preciso defender (não permitir que o criminoso volte
a cometer outros crimes) a sociedade do criminoso.

Existe ainda outra vertente dentro da prevenção especial negativa, a ideia de que a pena
de prisão tem de ser tao desagradável que o delinquente não queria repetir a
experiência, esta é uma perspetiva de prevenção especial negativa que já pressiona a
pena de prisão para alem da própria execução da mesma. Quando a pessoa esta presa
esta não ira cometer crimes, mas temos de pensar no que acontecerá depois dessa
pessoa ser libertada, aqui já há uma vertente por via negativa por via da atemorização
no sentido de que a ameaça da pena implique medo provocado ao delinquente, na
medida em que esse medo será acrescido pelo facto de ele ter tido uma experiência
desagradável na pena anterior.

Concluindo a prevenção especial negativa tem duas vertentes – a da segregação e a da


atemorização.

 Prevenção especial positiva: aqui também residem duas vertentes, sendo uma delas a
vertente correcionalista. Esta é uma vertente própria de estados autoritários, estes tem
uma grande preocupação com a prevenção especial negativa, com a parte da
segregação sobretudo, e a ideai de correção. A escola correcionalista defende a ideia de
correção do delinquente, porque é que esta é uma ideia autoritária, e associalização não?
Porque a ideia da correção, é uma ideia de que se impõe coativamente uma determinada
personalidade ao delinquente, durante execução da pena tenta-se mudar a sua
personalidade, esta ideia significa na prática uma execução de pena severa, e ai há um
ponto de contacto com a prevenção especial negativa pela via da atemorização, pois a
ideia da correção reside no quanto mais dura for a pena mais se purifica a personalidade
da pessoa. Esta pode ir mais alem, por via de choque elétricos e de outro tipo de
métodos. A socialização já é mais característica dos finais do séc.XX e inícios do
séc.XXI tem a ver muito com o conceito das democracias liberais, e parte de um princípio
fundamental em que se reconhece o direto á diferença, em que as pessoas podem ter a
personalidade que entenderem, devem ser tolerantes umas com as outras, todavia deve
adotar padrões de comportamento que levem a não cometer crimes.

Em Portugal, as finalidades das penas estão no artigo 40º CP, aqui consegue-se
perceber que existem fundamentalmente duas finalidades. O grande objetivo é o da
prevenção especial positiva, podemos ver isso no artigo 40º/1 que refere a proteção do
bens jurídicos, esta proteção faz-se quando a pena é aplicada, a ideia de que o valores
que são da própria comunidade são reafirmados pelo direito penal quando são
protegidos, para que este valores em que as pessoas acreditam não seja desacreditados
por terem sido violados.

Quando aqui se coloca “finalidade complementa a socialização”. A socialização não é um


fim, não é uma obrigação, nemo direito que o estado tem, mas é apenas o direito de
proporcionar a socialização, cada vez mais as prisões têm as tais assistentes social,
criminólogos, que tem o trabalho de proporcionar condições de socialização do ponto de
vista do auxílio moral aos delinquentes, e por outro aldo também dando condições
matérias mínimas para que as pessoas sintam que o estado acredita que eles se
socializarão, responsabilizando-se por isso mesmo.

Medidas de segurança
A diferença de penas e medidas de segurança é relacionado com o princípio da culpa –
significa que as pessoas para serem punidas têm de tomar uma decisão livre pela prática do
crime. E é isso que se censura, o facto de aquele individuo ter toda liberdade para decidir se

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Inês Tavares Lima

comete ou não o crime e decidir cometê-lo. Cada cidadão com o seu processo de aculturação,
conseguem distinguir o bem do mal. Pois pode haver certos tipos de anomalia psíquica que
retirem essa capacidade de distinção. E muitas vezes essas pessoas não conseguem fazer
essa distinção porque não têm a emoção da empatia, e é esta ideia de empatia que nos faz ter
respeito pelas outras pessoas.

Tudo isto tem a ver com o cérebro da pessoa, pois há determinadas anomalias no cérebro que
podem levar as pessoas sobretudo a não terem ou capacidade de avaliação da ilicitude, ou
seja, distinguir o bem do mal, pois a ilicitude criminal é uma ilicitude que diz respeito a
comportamentos tao graves em relação a terceiros, que qualquer pessoa mentalmente sã
consegue compreender e avaliar que aquilo está errado. E a anomalia psíquica leva a que a
pessoa não conseguia avaliar essa ilicitude.

O artigo 20º/1 do CP, quando se reporta a inimputabilidade por anomalia psíquica diz-nos que:

“ É inimputável, quem por força de uma anomalia psíquica for incapaz no momento da prática
do facto, de avaliar a ilicitude deste, ou de se determinar de acordo com essa avaliação.”

Sendo assim temos dois fatores de anomalia psíquica, de acordo com o artigo 20º/1:
- Não tem capacidade para avaliar a ilicitude do facto;
- Apesar de conseguir avaliar a ilicitude do facto, não se consegue controlar a praticá-la;

Esta é uma inimputabilidade biopsicológica, ou seja, esta é uma inimputabilidade por razoes
meramente psíquicas, biológicas e até antropológicas.

No caso dos inimputáveis, não se fala de socialização, quanto muito fala-se de cura. Não se
fala também de prevenção geral positiva, porque as pessoas percebem que quem cometeu o
crime sofre de anomalia psíquica. Um crime praticado por um inimputável não abala tanto os
nossos valores, os bens jurídicos, como um crime praticado por um imputável. Nesse sentido o
que as pessoas querem face ao inimputável é segurança. E portanto a escola de defesa social
tem uma grande importância na legitimação das medidas de segurança. Mas estamos perante
um choque de valores constitucionais, temos de respeitar a dignidade do inimputável porque
é uma pessoa, e temos de respeitar a segurança comunitária, é este o equilíbrio difícil que
tem de ser salvaguardado para aplicarmos medidas de segurança.

Depois de muitos anos sem ninguém ser condenado por crimes de condenação, o 1º indivíduo
conhecido como o sucateiro sofreu uma pena de 18 anos de prisão por corrupção.

Critica kantiana que ainda hoje tem fundamento, uma vez que se esta a utilizar uma pessoa
como exemplo para outra, para dissuadir os outros a praticar crimes. Quando se diz o mínimo
necessário para dissuadir, as pessoa têm menos contra motivações a cometer esses crimes. 

Esta prevenção geral negativa tem esses problemas mesa dissuasão e acaba por ultrapassar a
dignidade da pessoa humana ???, Todos nos percebemos que ninguém deve ser o bode
expiatório, quando ele próprio dá o exemplo ???

Esta é uma critica muito relevante à prevenção geral negativa. A outra critica também tem a ver
com a dignidade humana, mas com uma perspetiva diferente: Ex - quando quero ?????,
também esta ideia, não é digno para uma pessoa andar a ameaça-lo. ENGELS

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Inês Tavares Lima

A prevenção geral negativa como se baseia na amena ano tem tanta importância assim o
contexto ???, uma pena leve em determinadas circunstancias, tende a desconsiderar um
pouco a diferença entre imputáveis e inimputáveis,, puder um inimputáveis é punir alguém que
não fez uma decisão minimamente livre. 

Ma suma ideia positiva, que em vez de dissuadirmos, em vez de estarmos a dissuadir as


pessoa a tentar implementar contra motivações às pessoas ????, vamos dissuadir as pessoas
mostrando-lhes a importância que tem para todos e para a comunidade determinados valores,
qu essas aqueles valores que todos estarão de acordo que devem ser salvaguardados. Se toda
a gente se matar deixa de haver pessoas, ???, há uma ideia de que temos que dar importância
mas valores, e contra-motivação de ma pessoa. O medo que nós temos varia 

O estado respeita estes valores, o estado reage quando estes valores são violados, não vou
cometer este crime porque respeito esse valor. Uma pessoa que respeita os valores como
princípio terá mais ???, há uma ideia da prevendo geral pela positiva que se define que a pena
aplicada a um determinado sujeito, através da reafirmação do valor violado na consciência
coletiva, tanto mais na consciência coletiva esse valor estiver num alto nível valorativo, mais
estarão as pessoas ??, a pessoa que é punida deve ser punida nos limites ?????, apenas ser
punida no limite da sua culpa. 

Quanto à prevenção especial, efeito que a pena deve ter não na comunidade, mas que o efeito
deve ter na própria pontuação que sofreu uma ??? Penal e quem lhe foi culminada uma pena. 
Quando pensamos na prevenção especial que um criminoso vai cumprir uma pena, a ideia que
se tem é de que a pessoa enquanto está presa não comete crimes e depois quando for
libertada espera-se que não volte a cometer. É importante que não os cometa depois de ser
libertada, tem-se a ideia ???
A nao ser que as penas fossem todas perpetuas ou penas de morte a verdade é que aquela
pessoa vai ser libertada, portanto face ao nosso sistema todas as pessoas que são condenada
a uma pena de prisão ais tarde serão libertadas, não é so pensar que a pessoa deve ser
segregada da sociedade cumprindo uma pena de prisão mas o que acobtecará quando esta é
libertada.

Previne-se que essa pessoa em especial ao ser condenada mal inicie a pena de prisão se
coloque afastada da comunidade nao voltará a cometer outro crime, o instinto primeiro que ser
tem é dizer ???
A ideia de que a pena de prisão tem que ser tão desagradável que o delinquente nao queira
repetir a experiência, já percepciona a pena de prisão para alem da própria execução da
mesma, enquanto a pessoa está a executar a pena a sociedade está ??, há uma vertente da
própria gerente social negativa, nao são incompatíveis, enquanto a pessoa está presa nao
Comte crimes, tem a ver com o facto de ela nao os poder cometer, que a pessoa depois de ser
libertada nao volte a cometer crimes com receio de voltar ?? É uma ideia de atemorizarão, a
ameaça de nova pena implique um medo ??, na medida que será acrescido pelo facto dele ter
tido ???´

Afasta-se a pessoa, mas depois a prevenção especial negativa pela via do medo, é a ideia que
ela nao reincida por medo. Dai a ideia da pena agravada, poderá a vir a ser pior. 
É uma ideia da defesa da sociedade, o momento da agregação.

Contrapõe
A prevenção especial ???, é uma ideia, a vertente pela via correcionalidta é uma vertente
própria dos estados autoritários, a ???, a ideia de correção, a chamada escola correcionalista
que é uma escola que tem tradição na Europa. 

São países que defendem a ideia de correção do delinquente, a ideia da correção é uma ideia
que se tenta impor coativamente uma determinada personalidade ao delinquente, tenta-se de
alguma forma mudar a personalidade da pessoa, e esta ideia significa na pratica, uma executa
de pena muito severa e ai há um ponto de contacto ??, é mais uma ideia de que qahto mais
dura for a pena mais se purifica a pessoa que está a cumprir a pena. 

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Inês Tavares Lima

Houve um modelo nos finais do séc XIX, um projeto de lei de execução de penas, os
delinquentes nao deveriam ver nenhuma outra pessoa, quando houvesse situações em que era
necessário existir o contacto com outras pessoas, deveriam pôr um capuz na cabeça para nao
se ver a cara. As pessoas podem ter a personalidade que entender, interiormente podem ter a
personalidade que quiserem porque o estado nao se pode intrometer nisso todavia deve adotar
padrões de comportamento. Essa eventual mudança de personalidade tem que ser
completamente voluntária. Vvemos com os outros e temos que respeitar a liberdade alheia,
nesse sentido tenta-se a levar as pessoas a socializarem, as pessoas devem estar em contacto
com os outros para aprenderem a viver com os outros.

Estas sao as perspectivas, não ha modelos ??, em Portugal o artigo 40º (o nosso digo penal é
dos poucos códigos penais que estabelece as finalidades das penas no próprio código). 2
finalidades, prevaeltne, prevenção geral positiva. À luz do artigo 40º

Quando se aui coloca ???, a socialização não é uma obrigação nem um direito que o estado
tem em socializar as pessoas mas é apenas o de proporcionar condições de reassocialização,
cada vez mais as prisões ??. Não se pode fazer a prisão um lugar muito agradável, a prisão
tem qu???? 

Posto isto e introduzindo a questão das medidas de segurança porque medidas de segurança,
relaciona-se comm o principio da copa, as pessoas para serem punidas t~em que ter tomada
uma opção livre ??, o ter tido a possibilidade d enato ter cometido o crime, como os crimes são
comportamentos, todos nos tempos no nosso processo de c??? Apercebe-se, as pessoa têm a
perceção do bem e do mal, é um pouco ??, é penas para facilidade de exposição. Se a pessoa
tem capacidade para distinguir o bem do mal, pode haver certs doenças psíquicas que retirem
essa sensibilidade da ideia do bem e do mal.

A empatia significa ver noutras pessoas ???, faz-nos ter um maior respeito pela outra pessoa,
tem a ver com uma complexidade que diz respeito aos cérebros das pessoas que defendia que
sem provas, Hitler e Stalin nao tinham qualquer tipo de empatia. 

Nao ºe sensible ao mal, por forca de uma anomalia psíquica que são tão calculistas no
pensamento que nao valoram esse mesmo pensamento e nao valoram ?? Nesse sentido por
forca de anomalia psíquica nao tem capacidade de distinguir o bem do mal.

A anomalia psíquica nao le permite avalizar a licitude, mas nao tem capacidade de decisão
para resistir à prática do crime 20º/1 inimputabilidade psicológica

Dia 23/03

Há um dundamento comum a ambos e porn issoé que ambos são inimputáveis, em relação:
- aos menores, a partir dos 16 anos onsmenores passam a aser imoutaveis, u seja, a serem
responsabilizados pelos seus crimes????

O que ´ecomum aqui, ou plea fakta de maturidade ou pela anomalida psíquica, o crime é um
bnegocio jurdoc ilicigto, mas é uma decisão humana por isso as razpes sapo porcomas, aqui a
questão é que que ?podem cnduzir a uma decisão viciada, ou seja, um adecisao que ao é livre,
a decisão verdaderimanete +ponderada é que é uma decisão livre. Isto leva aque não exita
respnsabilidsde criminal oits esta funda-xse na censura pela escilha lovre. ??? o cp prevê as
situações em que essa decisões não são livres,???

A imoutabilidade é um pressuposto da culpa, o principio da legaldade também se relcina com


sito, pois e?’ é aquela em que oagnete tema possibilidade de saber que determinada
comportamento é crime, e tem possibilidade de saber por duas razoes, porq eu
detrrminados comportamentos são tap graves qe qualquer cidadap saeb que esta c omter um
cirme?’’?

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Inês Tavares Lima

Snd essa decisão libvre e optando sujeito pelo comportamento crimonos então assim há uma
ligitmidade para censuart porque qualquer ciddadoa comum sentese ligitmido para
censuara??? Porque são comortametno que há partida um cidadão comum não teria.

??? já é u a pnderaçao que esta muit condicionads, entramos aqui no dmoniio na psiquiatria ,
que nbo dira se a pessoa realmente não tem essa liberdade de decisão ?? e não tem liberdade
de decisão pelas razoes que já vimos no artigo 20º/1. Os outris são situações de ??? por
razoes de politica cirminal. ??’’

Ganahse um pouco injustica, poruqe a mautirdade pode ser diferente com pessoas da mesma
idade??? Estabelvcer a idade +e uma opção para p citerio de certeza juridca ???

A contagem do prazo faz-se segundo?’

Os 16 aos não oferecem duvidade de certeza jurídica porque há aqui um ?????

Avaliar a ilivcityde não é sinonimo de a conhecerss?? Traatse de avaliação de ilicitude, avaliar


a ilicitude quer dizer que a pessoa consegue perceber?? A ilicitude material é umcomprtamento
contrario ao direito tai profundo que ????

Nesse sentidp o que muita cintramotivaçao que as pessoas tem para o comitiment de cirmes
tem a er com a sua capacidade de avaliar a ilicitude. A capacidade para distinguir o bem do
mal. Nem tudo o que não é crime é bem. Essa capacidade que se nos a tivermos muitas vezes
benem nos lrmbrasmo que podem faltar devido a anaomalias psíquicas ???

Das duas uma pu a pessoa não tem cacpicidsde para valair a ilicude 21º, ou tem mas ????

O conceiro fundamental na inimputabilidade é a perigosidade, o epicentro da responsabilidade


criminal anda á volta da culpa. Para o inimputavle o conceito fundamental é a perigosidade, se
para os inimpiutaveis so lhe podemos aplicar um apena se ele pode ser scutivel do juízo ce
culp,a podeos dizer o mesmp para a meiddade segurança mas ??? a ideia de perigosidade
funamtenta a medidiad de segurança. ???

????????????????????

O artito 20/2 tambem arte dessa avliaçao ?? mas como não é essa valiaçao ?? a capicdade
para resiiti também é muito diminujta «??

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