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CRIMINOLOGIA

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CRIMINOLOGIA
Introdução. História. Conceito. Objeto. Metodologia. Finalidade.

SUMÁRIO: Direito Penal do Equilíbrio. Evolução da Pena: Período da


Vingança; Período Humanitário; Período Científico. Conceito de
Criminologia. Objeto. Metodologia. Meios formais e informais de controle
social. Métodos. Técnicas de Investigação. Finalidade da Criminologia.

INTRODUÇÃO:
A criminologia é uma ciência que nasceu do Direito Penal e, com o passar
do tempo, ganhou sua autonomia frente ao Direito Penal. Tanto a
Criminologia quanto o Direito Penal estudam o crime, contudo temos duas
grandes diferenças entre o Direito Penal e a Criminologia:
1.Quanto à metodologia de estudo: O Direito Penal tem uma metodologia
apriorística, dedutiva, de hipóteses e deduções a partir da análise do caso
concreto (visto que prevê excludentes de culpabilidade e punibilidade). Já
a Criminologia tem uma metodologia empírica, indutiva, de experimentação
e comprovação científica.
2. Quanto à finalidade do estudo: O Direito Penal tem finalidade repressiva;
já a Criminologia tem finalidade preventiva, de estudo do criminoso,
objetivando evitar a prática de crimes.

Prezados coachees/alunos, antes de adentrarmos na Criminologia


propriamente dita, precisaremos entender a gênese do processo
criminológico, pois o tema é exigido com grande frequência em nossos
concursos de Delegado de Polícia.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL


DO EQUILÍBRIO SEGUNDO ROGÉRIO GRECO:
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA


O conceito de dignidade da pessoa humana pertence ao rol
daqueles considerados vagos e imprecisos, na verdade, encontra-se, desde
a sua origem, em um processo contínuo de construção. É um conceito
aberto.

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Em determinadas situações apenas a análise do caso concreto
possibilitará aferir se houve a violação ou não da dignidade da pessoa
humana, não se podendo desprezar a diversidade histórico-cultural ao
defini-la.

A dignidade da pessoa humana é uma qualidade que integra a


própria condição humana, sendo em muitas situações, irrenunciável e
inalienável.

PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA


De acordo com um Estado Constitucional e Democrático de Direito,
sufragado pelo nossa Constituição Federal, a qual, no parágrafo único de
seu artigo 1º, diz que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de
representante eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição, os
princípios constitucionais, expressos e implícitos servem de obstáculo a ser
transposto pelo legislador no momento da inovação do ordenamento
jurídico, mediante a criação ou a revogação dos tipos penais.

Assim, temos como princípio inicial, de análise obrigatória, o princípio


da intervenção mínima, verdadeiro coração do Direito Penal do Equilíbrio.

O princípio da intervenção mínima deve ser analisado sobre dois


enfoques:
Ab initio: de análise abstrata, que serve de orientação ao legislador
quando da revogação ou criação das figuras típicas.

De maneira subsidiária: devendo ser encarado como a ultima ratio de


intervenção do Estado.

DA NATUREZA SUBSIDIÁRIA DO DIREITO PENAL


A segunda vertente do princípio da intervenção mínima evidencia a
chamada natureza subsidiária do Direito Penal, fazendo com que ele seja
entendido com a ultima ratio de intervenção do Estado.

A criação da figura típica encontra-se limitada pelo princípio da


intervenção mínima, considerando um dos princípios fundamentais do Direito
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

Penal do Equilíbrio. Por intermédio da vertente que aponta a natureza


subsidiária do Direito Penal, o legislador, no momento da escolha do bem,
além de ter de aferir sua importância, tanto em nível individual como
coletivo ou social, deverá observar, obrigatoriamente, se os outros ramos do
ordenamento jurídico se mostram suficientemente eficazes na proteção
daquele bem que, de antemão, já fora entendido como importante, para,
somente após, caso essa proteção seja entendida com ineficaz ou
insuficiente, permitir a intervenção drástica do Direito Penal.

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Nesse sentido, afirma Roxin que o Direito Penal é tão-somente:

A última dentre todas as medidas protetoras que se devem considerar,


quer dizer, que somente pode intervir quando falhem outros meios de
solução social do problema – como a ação civil (...), as sanções não penais,
etc. – Por isso, se denomina a pena coma a ultima ratio da política social e
se define sua missão como proteção subsidiária de bens jurídicos.

PRINCÍPIO DA LESIVIDADE
O direito penal só pode, de acordo com o princípio da lesividade,
proibir comportamentos que extrapolem o âmbito do próprio agente, que
venham atingir bens de terceiros, atendendo-se, pois, ao brocardo nulla lex
poenalis sine injuria.

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL


Engendrado pelo professor alemão Hans Welzel, serve tanto como
princípio orientador do legislador quando da criação ou da revogação das
figuras típicas, bem como intrumento de interpretação dos tipos penais
constantes de nosso Código Penal. Nas palavras de seu criador: Na função
dos tipos de apresentar o modelo de conduta proibida se põe de manifesto
que as formas de condutas selecionadas por eles têm, por uma parte, um
caráter social, quer dizer, estão referidas à vida social, mas, por outra parte,
são precisamente inadequadas a uma vida social ordenada. Nos tipos se faz
patente a natureza social e ao mesmo tempo histórica do direito penal:
assinalam as formas de conduta que se apartam gravemente das
ordenações históricas da vida social. Isto repercute na compreensão e
interpretação dos tipos, que por influência da doutrina da ação causal eram
demasiado restritas, enquanto se via a essência do tipo em lesões causais
dos bens jurídicos.

O princípio da adequação social servirá inicialmente, como


orientação para o legsilador quando da criação ou da revogação de
figuras típicas. Importa ressaltar que também tem finalidade interpretadora
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dos tipos penais. Os costumes intimamente ligados ao princípio em estudo,


que traduzem o comportamento em sociedade em determinada época,
servirão de norte, também, para o exegeta quando da interpretação típica,
a fim de que os modelos de conduta aparentemente proibidas ou impostas
pela lei penal estejam em perfeita sintonia com o sentimento social.

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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Há divergência doutrinária quanto às origens do princípio da
insignificância. Diomar Akel Filho aduz que “o princípio já vigorava no Direito
romano, onde o pretor não cuidava, de modo geral, de causas ou delitos de
bagatela, consoante a máxima contida no brocardo mínimo non curat
pretor”. Por outro lado, conforme esclarece Maurício Antônio Ribeiro Lopes,
“o princípio da insignificância, ou, como preferem os alemães, a
‘criminalidade de bagatela’ – Bagatelledelikte, surge na Europa como
problema de índole geral e progressivamente crescente a partir da primeira
guerra mundial”.

O desenvolvimento do princípio da insignificância muito se deve a


Claus Roxin. Francisco de Assis Toledo, discorrendo sobre o tema, preleciona:
“Welzel considera que o princípio da adequação social bastaria para excluir
certas lesões insignificantes. É discutível que assim seja. Por isso, Claus Roxin
propôs a introdução, no sistema penal, de outro princípio geral para a
determinação do injusto, o qual atuaria igualmente como regra auxiliar de
interpretação. Trata-se do princípio da insignificância, que permite, na
maioria dos tipos, excluir danos de pouca importância”.

Percebe-se que o princípio da insignificância:


a) É entendido como um princípio auxiliar de interpretação;
b) Pode ser aplicado em grande parte dos tipos;
c) Tem por finalidade afastar do tipo penal os danos de pouca ou nenhuma
importância.

Contudo, nem todos os tipos penais permitem o raciocínio da


insignificância. Assim, por exemplo, não se discute que em sede de
homicídio não se aplica o princípio. Por mais que, segundo a argumentação
do autor do fato, a vítima “não valesse nada”, tal conclusão não permite a
aplicação do princípio.

Assim, interpretando restritivamente o tipo penal, o princípio da


insignificância evidencia a sua natureza de princípio que conduz à
atipicidade do fato. Tal situação, contudo, merece análise mais
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

aprofundada.

Tanto o STF quanto o STJ têm reconhecido a possibilidade de


aplicação do princípio da insignificância. O STF, inclusive, criou alguns
critérios que foram adicionados à mera aferição, no caso concreto, da
tipicidade material, dizendo:

O princípio da insignificância, que deve ser analisado em conexão

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com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do
Estado em matéria penal, tem o sentido de excluir ou de afastar a própria
tipicidade penal, examinada esta na perspectiva de seu caráter material.
Doutrina. Precedentes. Tal postulado, que considera necessária, na aferição
do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais
como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma
periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade
do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada,
apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de
que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos
próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público.
(STF - HC: 115246 MG, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento:
28/05/2013, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-122 DIVULG 25-06-2013
PUBLIC 26-06-2013)

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA


Compete ao princípio da individualização da pena, no enfoque
proposto pelo Direito Penal do Equilíbrio, determinar a sanção
correspondente a cada infração penal.

O princípio da individualização da pena, consagrado expressamente


no texto constitucional, art. 5°, XLVI, ocorre em três fases distintas, a saber: a)
fase da cominação; b) fase da aplicação; c) fase da execução.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Podemos destacar dois momentos de aferição obrigatória da
proporcionalidade das penas. Inicialmente, o primeiro raciocínio seria levado
a efeito considerando as penas cominadas em abstrato. Como princípio
implícito, podemos extrair o princípio da proporcionalidade do princípio da
individualização das penas. Quando o legislador cria o tipo penal
incriminador, proibindo ou impondo determinado comportamento sob a
ameaça de uma sanção de natureza penal, esta sanção deverá ser
proporcional à gravidade do mal produzido pelo agente com a prática da
infração penal.
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Conclui-se, portanto, que dois são os momentos de aferição da


proporcionalidade: o primeiro, por meio das penas cominadas em abstrato e
o segundo, das penas aplicadas ao caso concreto.

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PROIBIÇÃO DE EXCESSO E PROIBIÇÃO DE PROTEÇÃO
DEFICIENTE
Podemos, ainda, extrair duas importantes vertentes do princípio da
proporcionalidade, quais sejam, a proibição de excesso e a proibição de
proteção deficiente.

Por meio do raciocínio da proibição de excesso, dirigido tanto ao


legislador quanto ao julgador, procura-se proteger o direito da liberdade dos
cidadãos, evitando a punição desnecessária de comportamentos que não
possuem a relevância exigida pelo Direito Penal, ou mesmo comportamento
que são penalmente relevantes, mas que são excessivamente valorados,
fazendo com que o legislador cominasse, em abstrato, pena
desproporcional à conduta praticada, lesiva a determinado bem jurídico.

A outra vertente do princípio da proporcionalidade diz respeito à


proibição de proteção deficiente. Quer isso dizer que, se por um lado, não se
admite o excesso, por outro, não se admite que um direito fundamental seja
deficientemente protegido, seja mediante a eliminação de figuras típicas
seja pela cominação de penas que ficam aquém da importância exigida
pelo bem que sequer proteger, seja pela aplicação de institutos que
beneficiam indevidamente o agente etc.

PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Em síntese, o princípio do nullo crimen, nulla poena, sine culpa exige
que a culpabilidade, como juízo de censura, seja entendida como elemento
integrante do conceito analítico de crime, que seja aferida no momento da
pena e, ainda, como princípio que não tolera a imputação de fatos que
não possam ser atribuídos ao agente a título de dolo ou culpa.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade ocupa lugar de destaque em uma
concepção minimalista, voltada para um Direito Penal do Equilíbrio. Possui
abrigo expresso em nosso ordenamento jurídico, tanto na CF (art. 5º, XXXIX)
quanto do CP (art. 1º).
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A maioria dos autores aponta a origem deste princípio à Magna


Carta inglesa.

Nos dias atuais não mais se sustenta um conceito de legalidade


meramente formal, sendo necessário investigar também a respeito de sua
compatibilidade material com o texto que lhe é superior, vale dizer, a
Constituição.

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De acordo com a concepção material do princípio da legalidade,
preconizada por Ferrajoli, o nullum crimen nulla poena sine lege deverá
observar quatro vertentes que lhe são inerentes:
a) nullum crimen nulla poena sine lege praevia (prévia);
b) nullum crimen nulla poena sine lege scripta (escrita);
c) nullum crimen nulla poena sine lege stricta (estrita);
d) nullum crimen nulla poena sine lege certa (certa).

Existe quem faça distinção entre o princípio da legalidade e o


princípio da reserva legal. No primeiro, a expressão “lei” é tomada em
sentido amplo. Já o princípio da reserva legal emanda de clásula
constitucional especificando que determinada matéria depende de lei –
aqui a expressão “lei” é tomada em sentido estrito, abrangendo apenas a lei
ordinária e a lei complementar.

EVOLUÇÃO DA PENA:
A evolução da pena passou por três períodos: 1. vingança, 2; humanitário e
3. científico.

1. PERÍODO DE VINGANÇA: Este período foi tripartido em: Vingança


Privada; Vingança Divina e Vingança Pública e perdurou por 2 (dois)
séculos (Sec. 15 ao 16).
O regime político deste período era de Monarquia Absoluta, caracterizado
pela imposição do poder, representado pelo Monarca ou Rei, sem qualquer
constituinte do Estado. (Na Monarquia Relativa, apesar de haver a presença
do Monarca ou Rei, há um documento constituinte limitando os poderes do
Estado)
Na Monarquia Absolutista, marcada pelo modelo de vingança, a sistemática
penal era considerada arbitrária, caótica e cruel. Em regra, as sanções
consistiam em pena de morte e violências físicas capazes de “marcar” o
corpo do criminoso.
A partir de agora vamos analisar os tipos de vingança que existiam no
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Período de Vingança. Vale destacar que o que muda de um período de


vingança para outro está na titularidade do Direito de Punir.

(A)Vingança Privada: (Início do Secúlo XV)

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Na vingança privada vigorava a Lei de Talião (Olho por olho, dente por
dente). A Lei de Talião não é uma lei escrita, mas sim uma filosofia, regra de
comportamento. A titularidade do Direito de Punir era da Vítima, pois
competia a ela revidar a agressão sofrida. O exercício das próprias razões
era regra. (Este período durou 80 anos)
O Código de Hamurabi incorporou a filosofia de Talião e materializou a Lei
de Talião.

(B) Vingança Divina: (Final do Século XV e início do XVI)


Nesse período, a Lei de Talião, em razão de sua agressão, foi extirpada. Na
vingança divina, o Direito de Punir tinha como titular a igreja, a partir de um
juízo de Deus, em que os sacerdotes aplicavam a pena em nome de Deus.
A fase de vingança divina era chamada de mitológica, quando a igreja
ganhou grande força entre os Poderes do Estado e tivemos a famosa Santa
Inquisição, em que o fogo era o elemento purificador da alma.
O juízo de Deus era materializado através das Ordálias, que consistiam em
mecanismos processuais de aferição de culpabilidade pela Igreja. Nessa
época, os acusados eram submetidos ao fogo em praça pública e, na
caldeira quente, era concedido ao suspeito um prazo para a cura das lesões
ocasionadas pelo fogo. Se dentro desse prazo não houvesse a cura, seria
sinal de que Deus não purificou a alma e, como tal, seriam considerados
culpados. Mas atenção, a pena não era o fogo, pois esse procedimento
servia apenas como juízo de Deus para aferir a culpabilidade. Assim, se
considerado culpado, o individuo era submetido à guilhotina, enforcamento,
ferro em brasa. Na fogueira no chão, o agente deveria andar sobre o
carvão e, se apresentasse sinais de dor, seria considerado culpado. (Este
período durou 50 anos)

(C) Vingança Pública: (Fim do Secúlo XVI)


Na vingança Pública, a titularidade do Direito de punir era do Estado,
materializada pelo REI. Esse período foi apelidado de Ciclo do terror, pois o
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REI punia de acordo com a sua livre conveniência, sem qualquer justificativa
para aplicação da pena. Se dois indivíduos praticassem o mesmo tipo,
comumente, eram apenados de formas diversas, sem qualquer isonomia.
As sanções nesse período consistiam, em regra, em confisco de bens, pena
perpétua e mutilações, sempre visando à intimidação do réu. (Este período
durou 200 anos)

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2. PERÍODO HUMANITÁRIO: Aqui temos o nascimento da Escola Clássica
(Criminologia Tradicional).
O período humanitário se inicia com uma grande revolução, marcada pelo
movimento iluminista (filosofia das luzes), em que a população, sob o
comando do Rosseau, Locke e Montesquieu, conseguiu disseminar ideias
humanitárias de modo a colocar fim na Monarquia Absolutista e, por
conseguinte, ao período de vingança. As ideais liberais foram responsáveis
por extirpar a arbitrariedade na aplicação das penas e criar um ideal de
justiça.

John Locke afirmou que somente conseguiríamos acabar com a


arbitrariedade do período da vingança se substituíssemos a emoção pela
razão. A partir da razão, estaríamos mais próximo do senso de justiça. (esse
foi o grande pilar da transição da vingança para o período humanitário)

Jean Jaques Russeau, dentre tantas obras, desenvolveu a obra “O contrato


Social”, em que pregava que as relações entre os indivíduos é contratual e,
no Direito Penal, também deveria haver a codificação do que o Estado
considera como crime para melhorar aplicação da norma e maior senso de
justiça, pautando-se no Princípio da Igualdade.

Montesquieu, por sua vez, materializou o Sistema dos Freios e Contrapesos


(que já havia sido criado por Aristóteles), que consistia na pluralidade e
harmonização dos poderes através da Tripartição de Poderes, em que um
órgão fiscaliza o outro e são independentes entre si – ideal presente
atualmente em nosso art. 3º da CF. Segundo Aristóteles, a existência de um
só poder conduzia ao autoritarismo e não conseguiríamos a tão almejada
justiça.

Sócrates: “Se devia ensinar aos indivíduos que se tornavam criminosos como
não reincidirem, dando a elas a instrução e formação de caráter de que
precisavam.
A partir da estruturação do poder no Período Humanitário, o Direito Penal
passou a ser estudado. Nesse momento, surge, para estudar a pena, a
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Escola Clássica ou Retribucionista do Direito Penal, que defendia o caráter


retributivo da pena, em que ela funcionaria com um castigo ao criminoso.
Mais tarde, a Escola Clássica foi chamada de Criminologia Tradicional.
Dentro do estudo da pena, a Escola Clássica se preocupava com o Estudo
do Crime e, principalmente, como a pena iria servir em relação ao crime,
passando a estudar o instituto do crime de forma normativa (baseada nos
axiomas culturais) e criando tipos penais. Essa estruturação pautava-se em

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uma sistemática dedutiva e hipotética para fins de tipificação do delito, sem
qualquer explicação científica sobre as causas de cada fenômeno
criminoso. (Ex.: matar alguém) Como não havia comprovação científica, o
estudiosos usam a terminologia pseudociência para classificar o Período
Humanitário da etapa pré-científica do estudo da criminologia. Logo, na
Escola Clássica ou Criminologia Tradicional vigia a metodologia apriorística,
dedutiva, de hipóteses e deduções, que geravam suposições, porém sem
comprovação científica.
Nesse período, o livre arbítrio é o grande dogma da Escola Clássica, que
consistia no atuar do individuo de acordo com a sua consciência e vontade.
Essa escola defendia que, se temos um contrato social definindo o que seria
crime, e o agente, possuidor de livre arbítrio, opta por contrariar a regra, ele
será considerado criminoso. O livre arbítrio atua como sinônimo de
imputabilidade.
No período pré-científico tivemos alguns pensadores que começaram a
estudar o comportamento criminoso. Frases dos pensadores da época que
marcaram o período:
1. John Locke: “... substituição da emoção pela razão.”
2. Montesquieu: “Ao inves de funcionar como castigo, a pena deveria ter
um sentido reeducador”.
3. Vontaire: “: Para todo condenado deveria se impor o trabalho, o preso
não deveria se manter na ociosidade da prisão.
4. Russeau: “ Se o Estado for bem organizado existirão poucos
delinqüentes”
5. “A miséria é a mãe de grandes delitos”
Cesar Bonesana, Beccaria, foi o maior expoente da Escola Clássica em 1764
e trouxe uma visão sobre o crime completamente diferente do que o Direito
Penal pregava (retribuição do crime). No ano de 1964, em Milão, Beccaria
publicou o livro “Dos delitos e das penas, sustentando, como principal tese, a
PREVENÇÃO DO DELITO e expondo que somente as leis podem definir o que
é pena para determinado crime. Beccaria diz que era preferível prevenir o
delito do que reprimi-lo. Ademais, segundo o expoente, deve exister
proporcionalidade entre o delito e a pena, pois uma mesma conduta de
agredir alguém pode ter tipificado de três formas (vias de fato, lesão
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

corporal, homicídio) e a punição deve ser graduada de acordo com o nível


de afronta ao Estado.
Beccaria traz também a relação crime-castigo, representada hoje em nosso
ordenamento jurídico pela nota de culpa, que deve ser entregue ao preso,
informando o motivo da prisão e quem a está aprisionando. O autor
defendia também a isonomia das penas, pautada no contrato social, e

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também na presunção de inocência (que não existiam até então). Beccaria
foi o primeiro a se manifestar incisivamente contra a pena de morte e
banimento, afirmando que ela não reeduca e nem mesmo retribui a prática
do crime.
Dentro da Escola Clássica, ainda, tivemos outro instituto que foi estudado:
PENOLOGIA, que o sistema penitenciário, direitos do preso, por John Howard.
(defendia a melhoria das prisões e a criação de uma lei de execuções
penais).
Ademais, buscando entender a origem do comportamento criminoso,
estudou-se também, como pseudociência: a FRENOLOGIA (mapeamento
do crânio), através da cranioscopia, dividindo o crânio em zonas de
criminalidade. Ex. quem tinha a cabeça tinha cabeça mais proeminente
para trás, tinha tendência a cometer crimes patrimoniais; quem tem cabeça
mais ovalada, tem tendência aos crimes contra os costumes...
Outro estudo da Escola Clássica foi a FISIONIMOLOGIA, em que se estudava
a aparência do indivíduo, hipótese em que a feiúra estaria relacionada à
criminalidade e, quanto mais feio, mais perigoso o sujeito seria. Uma outra
visão fisionomista acreditava que determinados seres humanos se pareciam
com animais e o comportamento desses indivíduos se alinhava aos dos
animais parecidos a eles.
A METOSCOPIA estudava as rugas da testa (linhas da expressão) e
posicionavam de acordo com a posição dos planetas com o objetivo de
analisar a tendência ao crime.
Mais estudos da época: QUIROMANCIA (estudavam as linhas da mão como
um indicativo de criminalidade); DEMONOLOGIA (criminoso com satanás no
corpo);
Na Escola Clássica, apesar do racionalismo pregado, surgiram diversas
pseudociências com a tentativa de estudar a criminologia, porém sem muito
sucesso, em razão da ausência de comprovação científica.
Escola Cartográfica ou de Estatística Moral – surgiu entre a Escola Clássica e
a Positiva, com uma pequena representatividade, mas de fundamental
importância, propondo o estudo da criminalidade através da estatística.
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

Combatia as deduções e suposições da Escola Clássica, objetivando


comprovar a criminalidade de forma mais exata (estatística). A escola
considera o crime um fenômeno concreto, presente em toda sociedade,
que só pode ser estudado a partir de um método estatístico. Essa escola é
responsável pela criação das Leis Térmicas das Criminalidade (estudo da
criminologia pautado nas estações do ano. Buscava analisar que tipo de
crime era mais comum em determinada estação do ano. Ele percebeu que

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no inverno são cometidos mais crimes contra o patrimônio, pois a vigilância é
diminuída. Ele percebeu que na primavera são cometidos mais crimes contra
a dignidade sexual, pois a libido das pessoas está extremamente aflorada. E,
no verão, são cometidos mais crimes contra a pessoa, pois a intensidade do
calor maximiza a agressividade e também o consumo de bebida alcoólica.
No outono, não foi identificado um crime latente) e da Curva Agregada da
Idade para justificar o ápice da carreira criminal (fixado o ápice em 25 anos,
admitindo uma escala de erro de menos idade para a mulher e de mais
idade ao homem, em razão da maturidade (a mulher amadurece mais
cedo do que o homem). Chegado ao ápice, o sujeito pode continuar na
criminalidade e se especializar mais na prática de crimes (delinqüente
persistente) ou pode desistir da criminalidade (delinqüente desistente).

3. PERÍODO CIENTÍFICO: Nesse período tivemos a Escola Positiva


(Criminologia Moderna). Até o início deste período, a Criminologia era
caracterizada como pré-científica.

No período científico temos a atuação Escola Positivista ou Determinista do


Direito Penal ou Criminologia Moderna. O período científico pauta-se na
metodologia indutiva (contrária à metologia apriorística) e empírica
(experimental), pautando-se na comprovação e acreditando que o
comportamento criminoso era derivado de algum fator do ser humano. Esse
período científico foi marcado pelo determinismo biológico e determinismo
sociológico, que significa que o comportamento criminoso é originado ora
por fatores biológicos, ora por fatores sociais (anafabetismo, desestruturação
familiar). (determinismo = causas determinantes que geram uma
delinqüência e tiveram uma comprovação).

INTRODUÇÃO À CRIMINOLOGIA PROPRIAMENTE DITA:


Criminologia pode ser definida como ciência interdisciplinária
que tem como objetivo o estudo do comportamento delitivo e a reação
social.
CONCEITO ¹: É a ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do
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crime, de pessoa do infrator, de vítima e do controle social do comportamento


delitivo, que trata de subministrar uma informação válida e contrastada sobre a
gênese, dinâmica e variáveis do crime, contemplando este como problema
individual e como problema social, buscando programas de prevenção eficazes e
técnicas de intervenção positiva no homem delinqüente e nos diversos modelos ou
sistemas de resposta ao delito. (Antonio Garcia Pablos de Molina)

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CONCEITO ²: É a ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso,
a vítima e controle social, buscando compreender as causas que impulsionam a
delinqüência (etiologia criminal). Sua finalidade é a prevenção delitiva.

Interdisciplinária porque se ocupa das ciências penais, da


sociologia, da psicologia, da psiquiatria, da antropologia, da medicina
forense, dentre outras.

Comportamento delitivo: a criminologia é um instrumento de


análise das suas origens, dos motivos pelos quais se delinque, quem
determina o que se punir, como punir, bem como se pretende buscar
soluções que evitem ou mesmo diminuam o cometimento de infrações
penais.

O criminólogo retrocede, em seu estudo (não só no aspecto penal,


mas analisa a família, meio social, caráter do delinquente etc) como um
historiador do crime, em busca das suas possíveis causas do comportamento
delitivo, é um papel indispensável na compreensão e prevenção da
delinquência.

Reação social é a reprovação e o controle de algumas


condutas inapropriadas (desde pequenos castigos paternos até os sistemas
de justiça penal já estabelecidos como Leis, polícia, Ministério Público,
Tribunais, prisões e etc). A reação social dá origem ao controle formal ou
informal.

Controle formal é aquele exercido pelos meios oficiais de


repressão (Polícia, MP, Magistratura).

Controle Informal é controle exercido pelo meio social do


agente (família, escola, vizinhos, meios de comunicação etc).

CRIMINOGÊNESE: É o estudo da gênese do delito, isto é, suas causas e


motivações. Assim, podemos constatar que criminogênese e etiologia
criminal são expressões sinônimas, pois estudam as causas que originam o
delito.
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

VARIÁVEIS DA CRIMINOLOGIA:

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A) Criminologia Geral: Consiste no estudo sistemático da criminologia, isto
é, uma visão ampla e panorâmica, abordando os seus principais
aspectos.
B) Criminologia Clínica: É o estudo criminológico direcionado ao preso
durante o cumprimento da pena, sendo realizada por meio
laborterapia prisional, que consiste numa modalidade de prevenção
terceária buscando a ressocialização do indivuduo.
C) Criminologia Acadêmica: Consiste no estudo criminológico com fins
pedagógicos e didáticos.
D) Criminologia Radical: É o trabalho criminológico desempenhado pela
escola crítica ou radical, a qual atribui ao capitalismo o fator gerador
da delinqüência.
E) Criminalística: É uma disciplina auxiliar das ciências criminais que
estuda os vestígios deixados pelo crime, através de exames periciais.

OBJETO
Podemos destacar como suas principais áreas de estudo: o delito, o
delinquente, a vítima e o controle social.

a) o delito: aquele definido na lei como tal com todos os seus


elementos integrantes (tipicidade, ilicitude e culpabilidade). Cada
sociedade, por seus costumes e valores, determinará o que será considerado
infração penal, variando os bens protegidos, o que é infração numa
sociedade pode não o ser em outra (ex. Maus tratos aos animais no Brasil, é
crime, já as touradas espanholas é comportamento estimulado naquele país;
o aborto é tolerado na maior parte da Europa, no Brasil é admitido com
reservas).

O conceito de crime, para o Direito Penal, é um fato típico, antijurídico e


culpável. A corrente sociológica aduz que o crime é todo comportamento
desviado, fora do padrão do homem médio, englobando o que é injusto e o
que é ilícito (o direito penal se preocupa apenas com o ilícito).
O criminólogo estuda essa seleção de comportamentos que se
deseja incriminar. Para Garrido, Stangeland e Redondo existem três
categorias de comportamentos delitivos:

1 - comportamentos penalizados e castigados em quase toda a sociedade


CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

moderna (existe uma zona de consenso em se punir o homicídio);

2 – comportamentos penalizados, mas sobre só quais a lei se aplica com


escassa frequência (o delito de adultério, que foi revogado pela Lei
11.106/2005);

3 – comportamentos em via de penalização (crimes cibernéticos) ou


despenalização (ex. Tóxicos e aborto).

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A criminologia defende que o crime é um problema social e comunitário.
Comunitário, pois nasce no seio da comunidade, devendo ser solucionado
pela própria comunidade. E seria um problema social em termos políticos,
pois ele tem uma incidência massiva na população (problema de massa) e
causa insegurança e instabilidade social.

b) o delinquente: procura-se investigar as suas razões para violar o


ordenamento jurídico, sua raiz, a gênese do comportamento delitivo, os
motivos do desvio. As escolas Clássica e Positiva tentaram encontrar
respostas para o comportamento do delinquente.

c) a vítima: trata-se da vitimologia, o estudo da vítima, sua


contribuição para o delito, o porquê de sua escolha, o tratamento que lhe é
deferido pelo Estado, etc. A preocupação com a vítima, no Direito Penal
moderno, fizeram surgir alguns institutos (arrependimento posterior, por
exemplo, tem como uma de suas finalidades fazer com que a vítima seja
ressarcida dos danos experimentados; a composição dos danos, da Lei
9.099/95; o comportamento provocador da vítima pode amenizar a
reprimenda, como no homicídio cometido sob violenta emoção, logo em
seguida à injusta provocação da vítima). A criminologia, segundo Lélio Braga
Calhau, nasceu do sofrimento dos judeus na Segunda Guerra Mundial, pelo
professor da Universidade de Jerusalém Benjamim Mendelshon que proferiu
a palestra Um horizonte novo na ciência biopsicossocial: a vitimologia, na
Universidade de Bucareste, em 1947.

A vítima é o sujeito passivo do crime e, com o passar do tempo, sofreu


algumas variações. Na fase de Protagonismo da Vítima, ela possuía o direito
de punir, época da Lei de Talião. Posteriormente, no Período de
Neutralização, a vitima foi esquecida, sendo para o estado apenas uma
testemunha para fins de persecução penal. Por fim, tivemos o
Redescobrimento da Vítima, quando ela passou a ter garantias. (São três
fases)
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

d) o controle
social: O
controle social é
o ultimo e mais
moderno objeto
de estudo da

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criminologia. É definido com conjunto de instituições e estratégias que
submetem o individuo a normas e regras de comportamento. É concretizado
por meio dos agentes de controle e possui a finalidade de manter a ordem
pública através da disciplina social.

Os agentes de controle podem ser informais (que tem a função de


educar o indivíduo * família * escola * amigos * locais de lazer) e podem
ser formais (policia, justiça, administração penitenciária), quando os
informais não conseguirem educar.

O policiamento comunitário é a parceria existente entre a polícia de


determinado local e os cidadãos, também figurando como mecanismo
de controle social. Esse policiamento comunitário se traduz por aquela
proximidade dos agentes formais com a comunidade com a finalidade
de transmitir uma sensação de segurança.

A relação do controle social com os custos sociais está relacionada ao


custo diário do preso nas penitenciárias. Assim, o próprio agente que tem
a finalidade de prevenir é quem vai arcar com os custos, caso haja a
prática criminosa. Desse modo, o Estado tem que fortalecer ao máximo
os agentes informais para que os custos sociais não sejam exorbitantes.

- Classificação dos meios formais de controle social:

Primeira seleção: Fala-se em primeira seleção do controle social formal em


face da atuação de seus órgãos de repressão jurídica, isto é, da atuação da
polícia judiciária.

Segunda seleção: Na segunda seleção insere-se a atuação do Ministério


Público, não apenas com a propositura da ação penal e consequente
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

instauração da instância judicial, mas também por meio de outros


instrumentais de sua alçada, como o inquérito civil, a ação civil pública e o
termo de ajustamento de conduta.

Terceira seleção: A denominada terceira seleção decorre do processo


judicial, culminando com a sentença condenatóriatransitada em julgado.

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Mas não apenas. As hipóteses de prisão cautelar simbolizam a restrição da
liberdade, quer no aspecto repressivo ou ainda no preventivo.

MÉTODOS E FINALIDADE
A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como
ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da
metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o
delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da
criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos
estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.

Observando em minúcias o delito, a criminologia usa, portanto,


métodos científicos em seus estudos.

Na filosofia, empirismo foi uma teoria do conhecimento que afirma que


o conhecimento vem apenas ou principalmente, a partir da experiência
sensorial. Um dos vários pontos de vista da epistemologia, o estudo do
conhecimento humano, juntamente com oracionalismo,
o idealismo e historicismo, o empirismo enfatiza o papel da experiência e da
evidência, experiência sensorial, especialmente, na formação de ideias,
sobre a noção de ideias inatas ou tradições; empiristas podem argumentar,
porém, que as tradições (ou costumes) surgem devido às relações de
experiências sensoriais anteriores.

Empirismo na filosofia da ciência enfatiza a evidência, especialmente


porque foi descoberta em experiências. É uma parte fundamental
do método científico que todas as hipóteses e teorias devem ser testadas
contra observações do mundo natural, em vez de descansar apenas em
um raciocínio a priori, a intuição ou revelação.

Os fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da


criminologia são informar a sociedade e os poderes constituídos acerca do
crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social. Ainda: a
luta contra a criminalidade (controle e prevenção criminal).

A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o


direito penal, com a biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc.
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

A doutrina sustenta que as características da moderna criminologia são:

• O crime deve ser analisado como um problema com sua face humana e dolorosa.
• Aumenta o espectro de ação da criminologia, para alcançar também a vítima e
as instâncias de controle social.
• Acentua a necessidade de prevenção, em contraposição à ideia de repressão

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dos modelos tradicionais.
• Substitui o conceito de “tratamento” (conotação clínica e individual) por
“intervenção” (noção mais dinâmica, complexa, pluridimensional e próxima da
realidade social).
• Empresta destaque aos modelos de reação social ao delito como um dos objetos
da criminologia.
• Não afasta a análise etiológica do delito (desvio primário).

Tem-se como função primordial da criminologia a junção de múltiplos


conhecimentos mais seguros e estáveis relacionados ao crime, ao criminoso,
à vítima e ao controle social. Esse núcleo de saber permite compreender
cientificamente o problema criminal, visando sua prevenção e interferência
no homem delinquente.

A criminologia desenha um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre


o delito, entretanto ela não é uma ciência exata, capaz de traçar regras
precisas e indiscutíveis sobre as causas e efeitos do ilícito criminal.

Assim, a pesquisa criminológica científica, ao usar dados empíricos (da


experiência) de maneira criteriosa, afasta a possibilidade de emprego da
intuição ou de subjetivismos.

TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO DO EMPIRISMO:

A) INVESTIGAÇÃO EXTENSIVA: É a investigação baseada em


amostragem, logo, ela é mais quantitativa do que qualitativa.
B) INVESTIGAÇÃO INTENSIVA: É a investigação baseada no estudo do
caso particular, ou seja, do caso individualmente considerado,
sendo mais qualitativa do que quantitativa.
C) INVESTIGAÇÃO AÇÃO: Consiste na participação do examinador do
caso concreto.
D) TECNICA DOS TESTES PROJETIVOS: Ela engloba três sistemas: técnica
de Rorchach; técnica do desenho; e técnica do teste de
inteligência.

1. Técnica de Rorschach – Consiste na submissão do examinado às lâminas


CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

contendo figuras abstratas e simétricas, buscando sua interpretação através


da sua afetividade e valores morais.
2. Teste do Desenho – Conhecido também como TESTE do HTP (house, tree,
persons), baseando-se no desenho de uma casa, uma árvore e pessoas.
3. Teste de Inteligência – Famoso teste do QI, em que as pessoas normais têm
o QI entre 90 e 120. Abaixo de 90 teremos hipofrenia (oligofrênicos) e acima
hiperfrenia. O grupo dos oligofrênicos, ou grupo do retardo mental dividi-se

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em: IDIOTA (>20) IMBECIL (>50) DÉBIIL MENTAL (<50 e >90). Importante
destacar que o gênio, assim como o idiota, tem dificuldade de socialização.

A principal finalidade da criminologia é a prevenção do delito (primária,


secundária e terceária) e, acessoriamente, tem a finalidade de
ressarcimento à vítima e ressocialização do delinquente.
CRIMINOLOGIA – PARTE 1 |

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