Você está na página 1de 7

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO
FACULDADE DE
DIREITODIR-ND3
DIREITO PENAL I
PROFº BRUNO COGAN

SEMINÁRIO I - 1° BIMESTRE/2023

Aluna: Isabella Bianchi Prando – RA00320233

R1.:
A dogmática penal, a política criminal e a criminologia são disciplinas
complementares, mas distintas, dentro das ciências criminais, cada uma com
importancia singular para a formação do Direito Penal. Para entender cada uma dessas
escolas, é necessário muita pesquisa e anos de estudo, esse trabalho foi feito por
inúmeros doutrinadores, alguns deles são Eugenio Raúl Zaffaroni e Edmundo Oliveira
em seu recente livro lançado em 2021 ‘Criminologia e Política Criminal’.
A dogmática penal se concentra na interpretação das leis penais, na análise dos
elementos do crime e na aplicação das penas, sua importância é fundamental para
garantir a aplicação correta do direito penal, evitando que o Estado puna injustamente
ou deixe de punir um infrator.
Já a política criminal, segundo Zaffaroni e Oliveira, se refere às decisões e
estratégias adotadas pelo Estado para prevenir e reprimir a criminalidade. Ela envolve
a definição das leis penais, a criação de políticas públicas de segurança, o
financiamento de programas de prevenção da criminalidade, entre outras ações. Sua
importância está em garantir que o sistema penal atue de forma eficaz e justa,
promovendo a segurança da população e a proteção dos direitos fundamentais.
Por fim, a criminologia, tambêm doutrinado pelos aoutores Eugenio e Edmundo,
é o estudo científico do crime, dos criminosos e das causas da criminalidade, ela
investiga os fatores sociais, psicológicos e econômicos que levam à prática de crimes e
busca formas de prevenir a criminalidade. Sua importância está em proporcionar uma
compreensão mais ampla da criminalidade, ajudando a criar políticas públicas mais
eficientes e humanas.
Quando diz respeito as finalidades do Direito Penal, ele tem como seu fim geral
de prevenir e punir condutas criminosas na nossa sociedade, é responsável também de
proteger a nação das infrações que lesionam os bens jurídicos essenciais para manter
a nossa vida em harmonia.
Pode-se citar quatro finalidades, dentre muitas outras, específicas do Direito
Penal. São essas: 1. Prevenção geral: essa finalidade tem como objetivo principal a
proteção dos bens jurídicos da sociedade. A prevenção geral pode ser positiva, quando
busca estimular o cumprimento da lei, ou negativa, quando busca dissuadir as pessoas
de cometer crimes por meio do temor da punição. Segundo a doutrina de Cleber
Masson, "a prevenção geral busca a proteção de bens jurídicos abstratos, como a paz
social, a segurança pública e a tranquilidade"; 2. Prevenção especial: essa finalidade
tem como objetivo principal a ressocialização do infrator, buscando evitar que ele volte
a cometer crimes. A prevenção especial pode ser de dois tipos: positiva, quando busca
a recuperação do infrator por meio de tratamentos, educação, trabalho, entre outros; ou
negativa, quando busca a segregação do infrator para proteger a sociedade. De acordo
com o doutrinador Rogério Greco, "a prevenção especial visa ao resgate do infrator,
para que ele possa ser reintegrado à sociedade"; 3. Retribuição: essa finalidade tem
como objetivo principal a aplicação da pena de forma proporcional ao delito cometido
pelo infrator. A retribuição busca a justiça penal e a reparação do dano causado à vítima
e à sociedade. Segundo Guilherme Nucci, "a retribuição visa à justiça, à equidade e à
reparação do dano causado pela prática do delito"; Por fim, 4. Humanização do direito
penal: essa finalidade tem como objetivo principal a humanização do sistema penal,
evitando a violação dos direitos humanos dos infratores e garantindo o respeito à
dignidade da pessoa humana. A humanização do direito penal busca uma abordagem
mais justa e equilibrada do sistema penal, levando em conta não apenas a punição, mas
também a prevenção, a ressocialização e a proteção dos direitos fundamentais. Para
Luiz Flávio Gomes, "a humanização do direito penal busca uma justiça penal mais
equânime e proporcional, que respeite a dignidade da pessoa humana".
Esses conceitos são de suma importância para o direito penal, visto que cada
uma delas contribui de forma única e complementar para o estudo e a compreensão do
fenômeno criminal e do sistema penal.

R2.:

A dignidade da pessoa humana é um valor fundamental que reconhece a


importância intrínseca e igualitária de todos os seres humanos, independentemente de
sua condição social, econômica ou cultural. Essa ideia está consagrada na Constituição
Federal Brasileira de 1988 como um dos princípios fundamentais do ordenamento
jurídico.
No contexto do Direito Penal, a dignidade da pessoa humana é essencial para
assegurar que a aplicação das leis penais seja justa e respeite os direitos fundamentais
dos indivíduos. Isso significa que a punição de um crime não pode ser imposta de forma
desumana ou degradante, e deve ser proporcional à gravidade do delito e à
culpabilidade do agente.
A importância da dignidade da pessoa humana no Direito Penal é destacada por
diversos doutrinadores. Segundo Rogério Greco, por exemplo, "a dignidade da pessoa
humana é a base do Direito Penal contemporâneo, pois não há legitimidade no exercício
do poder punitivo estatal sem que haja o respeito à pessoa humana".
No entanto, como toda norma jurídica, a aplicação da dignidade da pessoa
humana no Direito Penal também tem limites. Segundo Luiz Flávio Gomes, "a dignidade
da pessoa humana não é um valor absoluto e pode ser relativizada em nome de outros
valores constitucionais relevantes, como a segurança pública e a proteção de direitos
fundamentais de terceiros". Assim, em casos extremos, pode ser necessário impor
medidas restritivas ou de segurança que limitem temporariamente alguns direitos
individuais em nome do interesse coletivo.
Em suma, a dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental para o
Direito Penal, mas sua aplicação deve ser feita de forma equilibrada e proporcional,
considerando as circunstâncias e valores relevantes para cada caso concreto.

R3.:
a)
O princípio da pessoalidade, também conhecido como princípio da culpabilidade,
está previsto no artigo 5º, inciso XLV da Constituição Federal brasileira e estabelece
que ninguém pode ser punido por um crime que não cometeu ou que não possa ser
atribuído a ele. Em outras palavras, a pena deve ser aplicada somente ao autor do crime,
e não a terceiros.
Já o princípio da personalidade da pena, previsto no artigo 5º, inciso XLVI da
Constituição Federal brasileira, determina que a pena deve ser individualizada, levando
em consideração as características pessoais do condenado, tais como idade, condições
de saúde, antecedentes criminais, entre outros fatores. Assim, a pena deve ser aplicada
de forma proporcional à gravidade do crime cometido e às circunstâncias do condenado,
respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana.
Conforme explica Guilherme Nucci em sua obra "Manual de Direito Penal", "o
princípio da pessoalidade refere-se ao sujeito passivo da pena, ou seja, aquele que irá
sofrer a sanção penal. Já o princípio da personalidade da pena está ligado ao sujeito
ativo da pena, ou seja, aquele que praticou o fato delituoso".
Assim, podemos concluir que a pessoalidade da pena se refere ao fato de que
somente o autor do crime pode ser punido, enquanto a personalidade da pena está
relacionada à individualização da pena, considerando as características do condenado
e do crime cometido.

b)
Os princípios constitucionais penais da pessoalidade e da personalidade da
pena estão relacionados com a decisão judicial apresentada, pois o caso envolve a
apuração de uma falta disciplinar cometida pelo sentenciado e a consequente regressão
de regime e interrupção da contagem do prazo para fins de progressão.
O princípio da pessoalidade estabelece que ninguém pode ser responsabilizado
por crime cometido por outra pessoa, ou seja, a responsabilidade penal é pessoal e
intransferível. Já o princípio da personalidade da pena prevê que a pena deve ser
individualizada, considerando as circunstâncias do crime e do criminoso.
No caso em questão, o sentenciado foi responsabilizado pela falta disciplinar
cometida por sua amásia, que adentrou o presídio portando drogas. No entanto, a
decisão judicial considerou que o sentenciado teve participação dolosa no esquema
criminoso, uma vez que ficou comprovado que ele exigiu que a amásia trouxesse as
drogas para quitar uma dívida que tinha dentro da unidade prisional. Assim, o princípio
da pessoalidade foi respeitado, pois o sentenciado foi responsabilizado apenas por sua
própria conduta criminosa.
Quanto ao princípio da personalidade da pena, a decisão considerou que a
infração disciplinar cometida pelo sentenciado possui natureza grave, o que enseja a
regressão de regime e a interrupção da contagem do prazo para fins de progressão.
Isso significa que a pena foi individualizada, considerando a gravidade da conduta do
sentenciado.
Dessa forma, a decisão judicial está em conformidade com os princípios
constitucionais penais da pessoalidade e da personalidade da pena, uma vez que o
sentenciado foi responsabilizado apenas por sua própria conduta criminosa e a pena foi
individualizada de acordo com a gravidade da infração cometida.

c)
O acórdão considerou que a natureza grave da infração disciplinar cometida pelo
reeducando justifica a regressão de regime e a interrupção da contagem do prazo para
fins de progressão, pois o mesmo participou dolosamente da empreitada criminosa,
ficando comprovada a ciência do sentenciado acerca da conduta de sua amásia.
Visto as circunstâncias, eu concordo com o acórdão. Os principos do direito
penal foram seguidos e aplicados de maneira racional visto que a amásia cometeu e
compatuou com um grave crime.
Além disso, todas as acusações feitas no acórdão tem fundamento dogmático
jurídico que configura a afirmação de que oscrimes foram cometidos, havendo oitiva dos
envolvidos, ou seja, houve odevido processo penal.

R4.:

Segundo o livro Manual de ‘Direito Penal: parte geral’ de Julio Fabbrini Mirabete,
as fontes do Direito Penal podem ser divididas em fontes materiais, formais e históricas.
As fontes materiais são os fatores sociais, econômicos e políticos que
influenciam na produção das normas penais, como a cultura, a moral, a religião, a
economia e as relações de poder. Já as fontes formais são os instrumentos jurídicos
que estabelecem as normas penais, como a Constituição, as leis, os tratados
internacionais, a jurisprudência e a doutrina. Por fim, as fontes históricas são as normas
penais produzidas em períodos passados, que influenciam a produção do Direito Penal
atual.
Emconsequencia, as principais fontes do Direito Penal são a Constituição, as
leis e os tratados internacionais. A Constituição é considerada a principal fonte do
Direito, por estabelecer os princípios e as regras fundamentais que devem ser
respeitados na produção das normas penais. As leis, por sua vez, são produzidas pelo
Poder Legislativo e definem os crimes e as penas, além de estabelecerem as normas
processuais penais. Já os tratados internacionais, assinados pelo Brasil ou
reconhecidos pelo país, são incorporados ao ordenamento jurídico e têm força de lei.
No entanto, além dessas fontes, há outras que também podem ser consideradas,
como a jurisprudência dos tribunais, a doutrina especializada e a analogia. A
jurisprudência, por exemplo, é importante para a interpretação e aplicação das leis
penais, já que os tribunais estabelecem entendimentos e orientações sobre questões
penais. A doutrina, por sua vez, é fundamental para o desenvolvimento da ciência penal,
já que os doutrinadores produzem estudos e análises sobre as normas penais e o
sistema penal como um todo. Já a analogia é uma técnica de interpretação do Direito,
que permite aplicar uma norma a casos semelhantes, mesmo que não haja previsão
expressa na lei.
R5.:

Crime e contravenção penal não são sinônimos. O crime é uma conduta ilícita
que é considerada mais grave, com pena privativa de liberdade (prisão) ou restritiva de
direitos, que pode variar de acordo com a gravidade do crime cometido. Alguns
exemplos de crimes previstos no Código Penal brasileiro são o homicídio, o roubo, o
estupro, o tráfico de drogas, entre outros.
Já a contravenção penal é uma infração de menor gravidade, que não é
considerada crime, mas sim uma contravenção, com pena restritiva de direitos ou multa.
Alguns exemplos de contravenções penais previstas na Lei das Contravenções Penais
são o jogo do bicho, a perturbação do sossego alheio, o porte de arma branca, entre
outros.
Outra diferença entre crime e contravenção penal é o procedimento penal.
Enquanto o crime é julgado em um processo penal mais complexo, com garantias
constitucionais como o direito ao contraditório e à ampla defesa, a contravenção penal
é julgada em processo mais simplificado, sem a necessidade de constituição de
advogado.
Em resumo, crime e contravenção penal são condutas ilícitas previstas no
ordenamento jurídico brasileiro, mas possuem diferenças em relação à gravidade, pena
e procedimento penal. Enquanto o crime é mais grave e punido com pena privativa de
liberdade, a contravenção penal é uma infração de menor gravidade, punida com pena
restritiva de direitos ou multa.

R6.:

Sim, concordo que o Direito Penal constitui a ultima ratio, ou seja, a última
medida a ser adotada pelo Estado para a proteção de bens jurídicos fundamentais,
quando as demais alternativas não são suficientes.
Essa posição é defendida por diversos doutrinadores, como é o caso do jurista
alemão Claus Roxin, que em sua obra "Derecho Penal: Parte General" afirma que "o
Direito Penal é a última medida de proteção de bens jurídicos, só sendo justificável
quando as outras medidas de proteção fracassam ou são insuficientes". Outro
importante jurista que defende essa posição é Luigi Ferrajoli, que em sua obra "Derecho
y Razón" destaca que "o Direito Penal é uma forma de tutela subsidiária, cuja
intervenção deve ser restrita e justificada por um caso concreto de lesão de bens
jurídicos, quando as demais formas de proteção e prevenção falharam ou se mostraram
insuficientes".
Essa concepção é fundamental para a compreensão da função do Direito Penal
em uma sociedade democrática, em que a intervenção penal deve ser a última
alternativa a ser adotada, sempre buscando respeitar os direitos e garantias
fundamentais do acusado.
Em suma, o Direito Penal deve ser utilizado de forma subsidiária, como uma
última medida para proteger bens jurídicos fundamentais, quando as demais
alternativas se mostrarem insuficientes ou ineficazes.

Você também pode gostar