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PAULO
FACULDADE DE
DIREITODIR-ND3
DIREITO PENAL I
PROFº BRUNO COGAN
SEMINÁRIO I - 1° BIMESTRE/2023
R1.:
A dogmática penal, a política criminal e a criminologia são disciplinas
complementares, mas distintas, dentro das ciências criminais, cada uma com
importancia singular para a formação do Direito Penal. Para entender cada uma dessas
escolas, é necessário muita pesquisa e anos de estudo, esse trabalho foi feito por
inúmeros doutrinadores, alguns deles são Eugenio Raúl Zaffaroni e Edmundo Oliveira
em seu recente livro lançado em 2021 ‘Criminologia e Política Criminal’.
A dogmática penal se concentra na interpretação das leis penais, na análise dos
elementos do crime e na aplicação das penas, sua importância é fundamental para
garantir a aplicação correta do direito penal, evitando que o Estado puna injustamente
ou deixe de punir um infrator.
Já a política criminal, segundo Zaffaroni e Oliveira, se refere às decisões e
estratégias adotadas pelo Estado para prevenir e reprimir a criminalidade. Ela envolve
a definição das leis penais, a criação de políticas públicas de segurança, o
financiamento de programas de prevenção da criminalidade, entre outras ações. Sua
importância está em garantir que o sistema penal atue de forma eficaz e justa,
promovendo a segurança da população e a proteção dos direitos fundamentais.
Por fim, a criminologia, tambêm doutrinado pelos aoutores Eugenio e Edmundo,
é o estudo científico do crime, dos criminosos e das causas da criminalidade, ela
investiga os fatores sociais, psicológicos e econômicos que levam à prática de crimes e
busca formas de prevenir a criminalidade. Sua importância está em proporcionar uma
compreensão mais ampla da criminalidade, ajudando a criar políticas públicas mais
eficientes e humanas.
Quando diz respeito as finalidades do Direito Penal, ele tem como seu fim geral
de prevenir e punir condutas criminosas na nossa sociedade, é responsável também de
proteger a nação das infrações que lesionam os bens jurídicos essenciais para manter
a nossa vida em harmonia.
Pode-se citar quatro finalidades, dentre muitas outras, específicas do Direito
Penal. São essas: 1. Prevenção geral: essa finalidade tem como objetivo principal a
proteção dos bens jurídicos da sociedade. A prevenção geral pode ser positiva, quando
busca estimular o cumprimento da lei, ou negativa, quando busca dissuadir as pessoas
de cometer crimes por meio do temor da punição. Segundo a doutrina de Cleber
Masson, "a prevenção geral busca a proteção de bens jurídicos abstratos, como a paz
social, a segurança pública e a tranquilidade"; 2. Prevenção especial: essa finalidade
tem como objetivo principal a ressocialização do infrator, buscando evitar que ele volte
a cometer crimes. A prevenção especial pode ser de dois tipos: positiva, quando busca
a recuperação do infrator por meio de tratamentos, educação, trabalho, entre outros; ou
negativa, quando busca a segregação do infrator para proteger a sociedade. De acordo
com o doutrinador Rogério Greco, "a prevenção especial visa ao resgate do infrator,
para que ele possa ser reintegrado à sociedade"; 3. Retribuição: essa finalidade tem
como objetivo principal a aplicação da pena de forma proporcional ao delito cometido
pelo infrator. A retribuição busca a justiça penal e a reparação do dano causado à vítima
e à sociedade. Segundo Guilherme Nucci, "a retribuição visa à justiça, à equidade e à
reparação do dano causado pela prática do delito"; Por fim, 4. Humanização do direito
penal: essa finalidade tem como objetivo principal a humanização do sistema penal,
evitando a violação dos direitos humanos dos infratores e garantindo o respeito à
dignidade da pessoa humana. A humanização do direito penal busca uma abordagem
mais justa e equilibrada do sistema penal, levando em conta não apenas a punição, mas
também a prevenção, a ressocialização e a proteção dos direitos fundamentais. Para
Luiz Flávio Gomes, "a humanização do direito penal busca uma justiça penal mais
equânime e proporcional, que respeite a dignidade da pessoa humana".
Esses conceitos são de suma importância para o direito penal, visto que cada
uma delas contribui de forma única e complementar para o estudo e a compreensão do
fenômeno criminal e do sistema penal.
R2.:
R3.:
a)
O princípio da pessoalidade, também conhecido como princípio da culpabilidade,
está previsto no artigo 5º, inciso XLV da Constituição Federal brasileira e estabelece
que ninguém pode ser punido por um crime que não cometeu ou que não possa ser
atribuído a ele. Em outras palavras, a pena deve ser aplicada somente ao autor do crime,
e não a terceiros.
Já o princípio da personalidade da pena, previsto no artigo 5º, inciso XLVI da
Constituição Federal brasileira, determina que a pena deve ser individualizada, levando
em consideração as características pessoais do condenado, tais como idade, condições
de saúde, antecedentes criminais, entre outros fatores. Assim, a pena deve ser aplicada
de forma proporcional à gravidade do crime cometido e às circunstâncias do condenado,
respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana.
Conforme explica Guilherme Nucci em sua obra "Manual de Direito Penal", "o
princípio da pessoalidade refere-se ao sujeito passivo da pena, ou seja, aquele que irá
sofrer a sanção penal. Já o princípio da personalidade da pena está ligado ao sujeito
ativo da pena, ou seja, aquele que praticou o fato delituoso".
Assim, podemos concluir que a pessoalidade da pena se refere ao fato de que
somente o autor do crime pode ser punido, enquanto a personalidade da pena está
relacionada à individualização da pena, considerando as características do condenado
e do crime cometido.
b)
Os princípios constitucionais penais da pessoalidade e da personalidade da
pena estão relacionados com a decisão judicial apresentada, pois o caso envolve a
apuração de uma falta disciplinar cometida pelo sentenciado e a consequente regressão
de regime e interrupção da contagem do prazo para fins de progressão.
O princípio da pessoalidade estabelece que ninguém pode ser responsabilizado
por crime cometido por outra pessoa, ou seja, a responsabilidade penal é pessoal e
intransferível. Já o princípio da personalidade da pena prevê que a pena deve ser
individualizada, considerando as circunstâncias do crime e do criminoso.
No caso em questão, o sentenciado foi responsabilizado pela falta disciplinar
cometida por sua amásia, que adentrou o presídio portando drogas. No entanto, a
decisão judicial considerou que o sentenciado teve participação dolosa no esquema
criminoso, uma vez que ficou comprovado que ele exigiu que a amásia trouxesse as
drogas para quitar uma dívida que tinha dentro da unidade prisional. Assim, o princípio
da pessoalidade foi respeitado, pois o sentenciado foi responsabilizado apenas por sua
própria conduta criminosa.
Quanto ao princípio da personalidade da pena, a decisão considerou que a
infração disciplinar cometida pelo sentenciado possui natureza grave, o que enseja a
regressão de regime e a interrupção da contagem do prazo para fins de progressão.
Isso significa que a pena foi individualizada, considerando a gravidade da conduta do
sentenciado.
Dessa forma, a decisão judicial está em conformidade com os princípios
constitucionais penais da pessoalidade e da personalidade da pena, uma vez que o
sentenciado foi responsabilizado apenas por sua própria conduta criminosa e a pena foi
individualizada de acordo com a gravidade da infração cometida.
c)
O acórdão considerou que a natureza grave da infração disciplinar cometida pelo
reeducando justifica a regressão de regime e a interrupção da contagem do prazo para
fins de progressão, pois o mesmo participou dolosamente da empreitada criminosa,
ficando comprovada a ciência do sentenciado acerca da conduta de sua amásia.
Visto as circunstâncias, eu concordo com o acórdão. Os principos do direito
penal foram seguidos e aplicados de maneira racional visto que a amásia cometeu e
compatuou com um grave crime.
Além disso, todas as acusações feitas no acórdão tem fundamento dogmático
jurídico que configura a afirmação de que oscrimes foram cometidos, havendo oitiva dos
envolvidos, ou seja, houve odevido processo penal.
R4.:
Segundo o livro Manual de ‘Direito Penal: parte geral’ de Julio Fabbrini Mirabete,
as fontes do Direito Penal podem ser divididas em fontes materiais, formais e históricas.
As fontes materiais são os fatores sociais, econômicos e políticos que
influenciam na produção das normas penais, como a cultura, a moral, a religião, a
economia e as relações de poder. Já as fontes formais são os instrumentos jurídicos
que estabelecem as normas penais, como a Constituição, as leis, os tratados
internacionais, a jurisprudência e a doutrina. Por fim, as fontes históricas são as normas
penais produzidas em períodos passados, que influenciam a produção do Direito Penal
atual.
Emconsequencia, as principais fontes do Direito Penal são a Constituição, as
leis e os tratados internacionais. A Constituição é considerada a principal fonte do
Direito, por estabelecer os princípios e as regras fundamentais que devem ser
respeitados na produção das normas penais. As leis, por sua vez, são produzidas pelo
Poder Legislativo e definem os crimes e as penas, além de estabelecerem as normas
processuais penais. Já os tratados internacionais, assinados pelo Brasil ou
reconhecidos pelo país, são incorporados ao ordenamento jurídico e têm força de lei.
No entanto, além dessas fontes, há outras que também podem ser consideradas,
como a jurisprudência dos tribunais, a doutrina especializada e a analogia. A
jurisprudência, por exemplo, é importante para a interpretação e aplicação das leis
penais, já que os tribunais estabelecem entendimentos e orientações sobre questões
penais. A doutrina, por sua vez, é fundamental para o desenvolvimento da ciência penal,
já que os doutrinadores produzem estudos e análises sobre as normas penais e o
sistema penal como um todo. Já a analogia é uma técnica de interpretação do Direito,
que permite aplicar uma norma a casos semelhantes, mesmo que não haja previsão
expressa na lei.
R5.:
Crime e contravenção penal não são sinônimos. O crime é uma conduta ilícita
que é considerada mais grave, com pena privativa de liberdade (prisão) ou restritiva de
direitos, que pode variar de acordo com a gravidade do crime cometido. Alguns
exemplos de crimes previstos no Código Penal brasileiro são o homicídio, o roubo, o
estupro, o tráfico de drogas, entre outros.
Já a contravenção penal é uma infração de menor gravidade, que não é
considerada crime, mas sim uma contravenção, com pena restritiva de direitos ou multa.
Alguns exemplos de contravenções penais previstas na Lei das Contravenções Penais
são o jogo do bicho, a perturbação do sossego alheio, o porte de arma branca, entre
outros.
Outra diferença entre crime e contravenção penal é o procedimento penal.
Enquanto o crime é julgado em um processo penal mais complexo, com garantias
constitucionais como o direito ao contraditório e à ampla defesa, a contravenção penal
é julgada em processo mais simplificado, sem a necessidade de constituição de
advogado.
Em resumo, crime e contravenção penal são condutas ilícitas previstas no
ordenamento jurídico brasileiro, mas possuem diferenças em relação à gravidade, pena
e procedimento penal. Enquanto o crime é mais grave e punido com pena privativa de
liberdade, a contravenção penal é uma infração de menor gravidade, punida com pena
restritiva de direitos ou multa.
R6.:
Sim, concordo que o Direito Penal constitui a ultima ratio, ou seja, a última
medida a ser adotada pelo Estado para a proteção de bens jurídicos fundamentais,
quando as demais alternativas não são suficientes.
Essa posição é defendida por diversos doutrinadores, como é o caso do jurista
alemão Claus Roxin, que em sua obra "Derecho Penal: Parte General" afirma que "o
Direito Penal é a última medida de proteção de bens jurídicos, só sendo justificável
quando as outras medidas de proteção fracassam ou são insuficientes". Outro
importante jurista que defende essa posição é Luigi Ferrajoli, que em sua obra "Derecho
y Razón" destaca que "o Direito Penal é uma forma de tutela subsidiária, cuja
intervenção deve ser restrita e justificada por um caso concreto de lesão de bens
jurídicos, quando as demais formas de proteção e prevenção falharam ou se mostraram
insuficientes".
Essa concepção é fundamental para a compreensão da função do Direito Penal
em uma sociedade democrática, em que a intervenção penal deve ser a última
alternativa a ser adotada, sempre buscando respeitar os direitos e garantias
fundamentais do acusado.
Em suma, o Direito Penal deve ser utilizado de forma subsidiária, como uma
última medida para proteger bens jurídicos fundamentais, quando as demais
alternativas se mostrarem insuficientes ou ineficazes.