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TEORIA GERAL DA PENA:

Aspectos gerais:
O sistema repressivo é o mais rigoroso instrumento de controle social, pois usa a sanção penal
como ameaça e punição. Não existe nada pior de controlar a sociedade do que a pena. “O
Estado para controlar as pessoas, surgiu as penas”.

Teorias sobre os fins da pena (principais/ as outras que surgiram depois disso tem por de trás
dessas três). Se cada um fizer justiça com suas próprias mãos, não haverá mais controle social.
-Teorias absolutas (retribuías):
-Quem pratica um mal, deve sofrer um mal. A pena se funde na “justa retribuição”, não
servindo para outra coisa a não ser recompensar mal com mal. Racionalmente não se pode
apagar mal cometido, com outro sofrimento. A Pena não tem finalidade nenhuma a não ser
causar o mal a quem o causou. A vingança não é democrática e nem cientifica. Kant era
absolutista, a pena seria relacionada a moral e social. Um artigo interessante chama a “Ilha de
Kant”.
–O grande legado dessa teoria, são os limites estabelecidos na pena. As penas devem sem
proporcionais ao crime. Como seria feita essa proporcionalidade se ela seria apenas uma forma
de vingança. Não olham a conduta praticada, mas sim para o dado na sociedade.
Dividida em:
-Teorias relativas:
Não olham a conduta praticada, mas sim para o dado na sociedade.
Partem da concepção utilitária da pena (prevenção), por meio de seus efeitos preventivos:

Prevenção geral ((voltada para a sociedade)) pelo aspecto


“Positivo” reafirma a existência do Direito; pelo aspecto
“Negativo”, representa a pena uma intimidação, uma ameaça contra todos; o ser humano deixa de
ser humano e passa a ser um objeto utilizado pelo Estado para ameaçar os outros.

Prevenção especial ou específica: ((voltada para o criminoso)) pelo aspecto


“Positivo”, busca evitar a reincidência, com a ressocialização do condenado; pelo aspecto
“Negativo”, busca intimidar o criminoso, aplicando-lhe a sanção penal, que, em alguns casos
pode representar sua prisão, encarceramento (ou morte).
-Teorias unitárias:
Combinam as anteriores, “reprovação e prevenção” (em todos os seus aspectos). A utilidade é
relacionada com a prevenção. O código adotou essa teoria, art. 59 do CP. Há uma tríplice
finalidade: retribuição, prevenção e ressocialização.

Teorias absolutas:
*Absolutismo: o direito penal tem que acabar,
*Direito penal máximo: Tudo tem que ser penalizado, penas cada vez mais severas

a) Fundamentos da pena: devem ser considerados 3 momentos

-Da cominação (ameaça): pena prevista em lei para cada crime. Visa a pena a proteção de bens
jurídicos de especial valor, sendo o DP a última ratio. No momento em que uma pena é “prevista”
em lei para determinado crime, seu fim principal é atuar sobre os destinatários (cidadãos) para
que estes não pratiquem crimes (prevenção geral). Proteção ao intolerável.

-Da imposição: com a transgressão da lei se impõe a pena, por meio da perda de bens jurídicos
(fundamento é a pratica do delito). O objetivo é demonstrar a efetividade da ameaça (prevenção
geral positiva e especial).

-Da execução: a pena tem como fundamento a sentença condenatória, a qual limita os direitos a
serem atingidos pela mesma, com a perda ou diminuição de bens jurídicos do condenado. Visa-se
a ressocialização, isto é, a finalidade é de reincorpora-lo à sociedade (prevenção social). Não se
pode executar uma pena diferente da sentenciada.

O fundamento das consequências jurídicas do delito é o controle social do intolerável; que todas
as ideias relacionadas com retribuição e prevenção estão situadas não só nas impressões que esse
controle social produz; que o controle social penal tem o Estado social e democrático de direito se
expressa através da intervenção mínima; que para que se possa identificar um caráter democrático
na imposição do controle social penal e logo, da pena, se faz imprescindível a referência ao bem
jurídico, mas, precisamente a verificação de que se com a aplicação da pena o caso concreto, que
efetivamente se está dando uma melhor proteção ao bem jurídico que justificou o castigo e se essa
medida é efetivamente necessária.

A sansão penal vai punir o criminoso tirando o bem jurídico dele, pois, o crime que ele praticou
feriu o bem jurídico de outra pessoa.

Conceito de pena: é a perda de bens jurídicos impostas por órgãos da justiça à quem comete
crimes. Trata-se de sanção característica do Direito Penal, sendo retributiva e preventiva
conforme teoria adotada no nosso código.
Princípios relacionados à pena:
Da legalidade, da personalidade, da proporcionalidade, da individualização, da humanidade; da
inderrogabilidade, (constatada a prática de um crime, a pena não pode deixar de ser aplicada,
como regra); da culpabilidade.

Obs: a medida de segurança tem caráter penal (defesa social), devendo ser assistencial, medicinal,
pedagógica, e se baseia na periculosidade do agente.
SISTEMAS PENITENCIÁRIOS

A) O primeiro sistema foi o da “Filadélfia” (1790), que se baseava na segregação e no


silencio. Os condenados eram submetidos a um período inicial de isolamento, que subsistia
durante todo o cumprimento da pena, para os autores de crimes graves, enquanto que os autores
de crimes menos graves podiam trabalhara em comum durante o dia, em silenciom. Finalidade
religiosa, mística. (Regime fechado e semiaberto). House of Correction.

B) O sistema de Auburn (NY), a ideia é q o preso tinha que custar pouco, não dar despesas,
e ter o controle máximo possível sob eles para que eles trabalhassem. Dividia-se os presos em
categorias. Os presos eram proibidos de conversarem. Jeremy Bentham criou uma torre central
envidraçada em q as celas ficavam na zona periférica. Uma pessoa sozinha tomava conta do
presidio inteiro, tendo pouco gasto. Foi utiliza em hospitais psiquiátricos e algumas escolas.
Sensação de vigia 24h por dia. (Pan-optico).

C) O Sistema irlandês (sistema progressivo): base do sistema brasileiro, o preso precisa de


um benefício enquanto mais evolui em sua pena, de um ponto mais rigoroso para um sistema
menos rigoroso, através do sistema de pontuação em que evolui gradativamente de um sistema
inicial, depois trabalhava em obras públicas, teste para liberdade sem supervisão e vigilância e
por fim livramento condicional. A base do sistema progressivo de cumprimento de pena. Esse
sistema evita comportamentos rebeldes.

ESPÉCIES DE PENAS:

1-Classificação das penas:


Art. 32 do CPB, 3 tipos de penas, privativas de liberdade e restritivas de direitos e a pena de
multa.
São proibidas (vedadas), de acordo com o artigo 5ª, XLVII da C.F., as penas de: morte, perpétua,
de trabalhos forçados, de banimentos e a cruéis.

2-Cominação das penas:

Pena cominada é aquela prevista em lei de forma abstrata. Pode existir:


-Isoladamente: somente uma espécie de pena é prevista para o crime. Exemplo, artigo 121;

-Cumulativamente: quando o tipo penal prevê mais de uma espécie de pena ao crime, devendo o
juiz aplicar todas elas (sempre tem “e” multa);

-Alternativamente: quando o tipo penal prevê mais de uma espécie de pena ao crime, devendo o
juiz escolher qual delas irá aplicar. Exemplo, o artigo 147. (Sempre tem “ou”)

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE:

1-Tipos e distinção:
-Prisão simples: não aparece para crimes, apenas para contravenções penais. É privativa de
liberdade. O preso tem que ficar separado daqueles que cometem crimes. Sem aplicação hoje.
Pode ser cumprida em regime semiaberto e aberto. Para crimes hediondos a lei determina regime
fechado.

- Reclusão: destinada aos crimes mais graves. Deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto
e aberto. Medida de segurança do tipo internação. Permite interceptação telefônica na
investigação dos crimes. Pode ser cumprida incialmente no regime fechado, semiaberto ou aberto.
- Detenção: destinada a crimes menos graves. Cumprimento em regime semiaberto e aberto. A
pena deve ser cumprida incialmente em regime semiaberto ou aberto. Medida de segurança do
tipo tratamento ambulatorial.
Obs. A previsão é do próprio tipo penal (artigo).

A) Limitação na concessão de fiança: Autoridade policial somente poderá conceder fiança nas
infrações punidas com pena privativa de liberdade não superior a 4 anos.

B) Espécies de medidas de segurança: Para infração penal punida com reclusão a medida de
segurança será sempre detentiva; já para autor de crime punido com detenção, a medida de
segurança poderá ser convertida em tratamento ambulatório;

C) Incapacidade para o pátrio exercício do pátrio poder, tutela ou curatela: Somente os crimes
punidos com reclusão, praticados pelos pais, tutores ou curadores contra os respectivos filhos,
tutelados ou curatelados, geram essa incapacidade. Na hipótese de pratica de crimes punidos
com detenção, nas mesmas circunstâncias, não gerarão os mesmos efeitos.

D) Prioridade na ordem de execução: executa-se primeiro a reclusão e depois a detenção ou


prisão simples;

E) Influência decisiva nos pressupostos da prisão preventiva


Limite de cumprimento de pena privativa de liberdade:

O tempo máximo de cumprimento de pena não pode ser superior a 40 anos. Tal limite se refere ao
tempo de cumprimento, mas não para benefícios legais (penais e processuais), daí se considera o
total da condenação sofrida.
Pode ser cominada pena acima de 40 anos, mas não cumprida -por mais de 40 anos. Se cominam
penas de longo prazo por razão dos benefícios legais.

- Conforme o § 1º do artigo 75, se o agente for condenado a penas cuja soma ultrapasse os 40
anos, deverá ocorrer unificação das mesmas para obedecer ao limite legal (retroatividade?
Aqueles que chama que essa alteração foi melhor, retroage, mas para aqueles que consideram pior
é considerado apenas a aqueles depois de 2019 (vigência da lei));

- de acordo com o § 2º do mesmo artigo, ocorrendo condenação por fato posterior ao início do
cumprimento da pena, realiza-se nova unificação das penas, abatendo-se o que já se cumpriu
(perde o já cumprido? Não se perde o que já foi cumprido).
REGIMES PRIVATIVOS DE LIBERDADE
PROGRESSÃO –

-A progressão faz parte da reeducação da pessoa humana, para voltar ao convívio em sociedade.
Deve a decisão que a concede ser motivada, precedida de parecer do Ministério Público e da
defesa, com procedimento do parágrafo 2º do art. 112 da LEP (7.210/84).
No art. 33, parágrafo 2º, está previsto que as penas privativas de liberdade deverão ser
executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado.
-Boa conduta e 1/6 da pena cumprida.
-Progressão de regimes na lei vigente hoje, leva em conta: fração de cumprimento de pena;
natureza do crime praticado; modalidade de execução; condição pessoal do condenado; bem
como seu comportamento (Lei de execução Penal nº7.210/84).
-Falta grave: Tempo cumprido da pena é desconsiderado e reinicia-se a contagem para
progressão.
-Não pode haver progressão direta do fechado para o aberto, deve-se passar pelo regime
semiaberto.
-Proibida em casos de crimes hediondos;
-Regressão de regime antes do transito em julgado de decisão condenatória, quando o condenado
permanece em prisão cautelar durante transito em julgado é permitido a progressão de pena.
“Admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou aplicação imediata de regime
menos se ver nela determinada, antes do transito em julgado da sentença condenatória.
Além disso deverá o condenado ter boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento penal.
Não se aplica a parte final do parágrafo 1º do artigo 112, a qual veda a progressão, o que é
inconstitucional.
Não mais se considera hediondo ou equiparado, para fins de progressão, o tráfico de drogas com
causa de diminuição de pena (art.33, § 4º da lei 11.343/06).
No caso de prática de falta grave durante a execução da pena, o tempo que já cumpriu da pena é
desconsiderado, sendo zerado e iniciando a contagem a partir de tal prática (falta grave encontra-
se prevista no artigo 50 da LEP).

REGRESSÃO:
-Caráter menos rigoroso regride para o mais rigoroso;
-Pode haver regressão direta do aberto para o fechado;
-Prevista como obrigatória para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o sentenciado
pratica fato definido como crime doloso ou falta grave, ou sofre condenação, por crime anterior,
cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torna incabível o regime atual.
-Quando em regime aberto, pode ocorrer se frustra os fins da pena ou se, podendo, não paga a
multa, devendo ser ouvindo previamente.
-ART. 50 da LEP.
-Regressão para regime mais grave:

A) adaptação do regime: nos termos do art. 111 da LEP, quando houver condenação por mais de
um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de
cumprimento será feita pelo resultado da soma ou da unificação das penas, observada, quando for
o caso, a detração ou a remição. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena
ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime. (Muitas vezes acaba-se
cumprindo penas maiores de 40 anos por causa da unificação das penas)
b) regressão por falta: nos termos do artigo 118 da LEP, o condenado pode ser regredido a regime
mais rigoroso quando praticar fato definido como crime doloso, praticar falta grave ou sofrer
condenação, por crime anterior, cuja pena somada ao restante da pena em execução, torne
incabível o regime. No caso de cometimento de crime doloso, susta-se os benefícios do regime
que está sendo cumprido, aguardando a condenação com trânsito em julgado, que leva ao regime
mais grave (se absolvido, restabelece o regime sustado).

CUMPRIMENTO DA PENA MAIS GRAVE EM PRIMEIRO LUGAR:

-Penas mais graves devem ser cumpridas primeiramente, independente da ordem de chegada das
guias de recolhimento. Havendo pena por crime hediondo a ser cumprida, estas devem ser em
primeiro lugar. Art. 76 do CPB.
Detração penal: permite descontar, na pena ou na medida de segurança, o tempo de prisão ou de
internação que o condenado cumpriu antes da condenação. No caso de prisão em processo
diferente, outro crime imputado à mesma pessoa, de que tenha ela sido absolvida, se admite a
detração desde que se trate de outro crime anteriormente cometido. Tidas como de pena ou
medida de segurança efetivamente cumpridas.
- detração E multa: aplica-se por analogia, no desconto da pena de multa o tempo de prisão
provisória. Quem foi preso preventivamente para, ao final, ser condenado apenas à pena de
multa, não terá nada a cumprir.

- detração e regime inicial da pena: não deve a mesma ser levada em conta para fixação do
regime inicial, valendo a condenação “oficial”.
Pode ocorrer nas hipóteses de (Art. 42 do CPB):

-Prisão provisória no Brasil ou no estrangeiro (prisão em flagrante delito, prisão temporária,


prisão preventiva, prisão decorrente de sentença de pronúncia e prisão decorrente de sentença
condenatória recorrível.)
-Prisão administrativa;
-Internação em casos de saúde.
Remição pelo trabalho ou pelo estudo: significa resgatar, abater, descontar, pelo trabalho
realizado dentro do sistema prisional, parte do tempo de pena a cumprir, desde que não seja
inferior a seis horas nem superior a oito. Também pelo estudo do condenado. 1 dia de pena a
cada doze horas de frequência escolar, atividade de ensino fundamental, médio, superior e
profissionalizante ou de requalificação profissional, divididas em no mínimo três dias, 1 dia de
pena a cada 3 dias de trabalho. Em regime aberto e fruição de liberdade condicional, a remição
pelo estudo foi estendida. O estudo fora da prisão deve ser comprovado mensalmente por meio
de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar,
enquanto o realizado no interior não precisa. Remição é tempo de pena cumprida e não desconto
de pena ser cumprida.
Observações: se praticar falta grave, perderá o preso um terço do tempo trabalhado ou de
estudo; permitido em todos os regimes, seja o preso definitivo ou provisório.
Utilidade do artigo 59 do CPB: tem várias utilidades.
As circunstâncias ali previstas são utilizadas desde o momento de escolha do montante da pena
privativa de liberdade, passando pela eleição do regime, até culminar na possibilidade de
substituição da privativa de liberdade pela restritiva de diretos ou multa ou outros benefícios.
Direitos do Preso (encontram-se previstos no artigo 5º, XLIX da CF, art. 38 do CPB e art. 41 da
LEP)
- direito à visita íntima: trata-se de polêmica, hoje prevista no artigo 41, X da LEP;
- direito de cumprir pena no local de seu domicílio: não existe, devendo a pena ser cumprida no
lugar do cometimento do crime (embora a proximidade da família facilite a recuperação);
- direito do preso a execução provisória da pena: pode o condenado a pena privativa de
liberdade executá-la provisoriamente, em especial quando pretende a progressão de regime,
pleiteando a passagem do fechado para o semiaberto. Nucci entende que só é possível quando e
pena já tenha transitado em julgado para o Ministério Público, bem como quando ele já está
preso.
Superveniência de doença mental (artigo 41 do CPB)
-Se ocorrer tal fato, deve o preso ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
ou, na falta, a outro estabelecimento adequado. O tempo de internação computa-se na prisão, ou
seja, a pena é convertida em medida de segurança até o tempo final da pena, quando deve o
preso ser colocado à disposição do juízo civil. Se a doença for curável e passageira, não há
necessidade de conversão em medida de segurança, mas sim sua transferência para tratamento
no hospital adequado por curto período.

PENAS RESTRINTIVAS DE DIREITO:


Penas alternativas previstas em lei, que visam evitar o encarceramento de determinados
criminosos, autores de infrações penais leves. Buscando a recuperação através de restrição de
direitos (movimento fuga da pena). Encontram-se previstas nos artigos 43 a 48 do CPB.
-A lei brasileira possibilita ao juiz eleger, com margem de liberdade, a pena mais adequada,
assim como a substituição de uma pena de sérios efeitos negativos por outra menos
dissocializadora.
-A maior discricionariedade concedida ao juiz é para escolher a espécie de alternativa mais
adequada ao delinquente, no caso concreto, uma vez que os limites serão concretizados na
sentença, correspondentes a pena privativa de cada tipo penal.
-Sempre deve haver espaço para uma ampla discrição em relação a punições mais benévolas,
embora uma discrição similar em sentido contraio não seja aceita.
-Limitação de fim de semana e prestação à comunidade são condições obrigatórias do primeiro
ano dos sursis simples.

Requisitos- que devem estar presentem simultaneamente- para a aplicação da pena restritiva de
direitos em substituição à pena privativa de liberdade:
1º) requisitos objetivos:
a) Quantidade de pena aplicada: pena não superior a quatro anos- reclusão ou detenção-
independente da natureza do crime- doloso ou culposo- pode ser substituída por pena
restritiva de direitos. Não se aplica a crimes culposos, desde que se apliquem os demais
requisitos;
b) Natureza do crime cometido: Privilégio nos crimes culposos- permite-se a substituição
da pena privativas de liberdade independentemente da quantidade de pena aplicada.
Ressalva-se que, pena superior a 1 ano de prisão, a substituição deverá ser por uma pena
restritiva de direitos, a cabível na espécie, e multa, ou, então por duas penas restritivas
de direitos, desde que possam ser executadas simultaneamente.
É possível a aplicação cumulativa em delitos que cominem pena privativa de liberdade
cumulada com a de multa. Quando a condenação não for superior a 1 ano de prisão, este
poderá ser substituída por pena de multa. A pena restritiva de liberdade com
condenação menor de 1 ano poderá ser substituída pela restritiva de direitos ou por
cominação de multa, determinada pelas circunstancias gerais; será substituída pela pena
justa, aquela que revelar menos grave ao apenado;
Para crimes superiores a um ano, o julgador tem um elenco variado de sanções para
eleger a que melhor se adapte a situação e atenda a ordem jurídica bem como as
exigências de prevenção geral e especial. Pode se optar entre uma restritiva de direitos e
multa, duas restritivas de direitos, suspenção condicional da pena especial, suspenção
condicional simples, sem a necessidade de utilizar pena privativa de liberdade.
Contudo, se a pena privativa de liberdade for indispensável ou recomendável, contará
com a possibilidade de determinar sua execução em regime aberto.

C) Modalidade de execução: sem violência ou grave ameaça a pessoa. O legislador


afastou as infrações penais cometidas com violência ou grave ameaça a pessoa,
independentemente de serem dolosas ou culposas. Essa limitação não se aplica em
casos de: crimes de lesão corporal leve dolosa, constrangimento ilegal, por se
incluírem na definição de “infração de menor potencial ofensivo”.
2º) Requisitos subjetivos:
A) Réu não reincidente em crime doloso;
B) Prognose de suficiência da substituição: critérios: culpabilidade, antecedentes, conduta
social e personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstancias do fato.
Através dela o poder judiciário evitará eventuais excessos.

Espécies de penas restritivas:


A) Prestação pecuniária: É a reparação do dano causado pela infração penal em forma
monetária. Antecipação da indenização civil, com valor pago descontado.
-Quantidade: Maior que 1 salário mínimo/ Menor que 360 salários mínimos;
-Destinatário: vítima ou dependentes, em casos de não haver dano para reparação ou
não houver vitima imediata ou seus dependentes o destinatário é a entidade pública ou
privada com destinação social;
-Aplicação: independe da aceitação ou consenso da parte beneficiaria; com a
concordância do destinatário, pode ser substituída por prestação de outra natureza e só
pode ser feita na fase de execução (criando uma pena indeterminada);
-Caráter: indenizatório;

B) Perda de bens ou valores: é a transferência, em favor do Fundo Penitenciário Nacional,


de bens ou valores adquiridos licitamente pelo condenado, integrantes do seu
patrimônio.
Busca apreensão definitiva de bens ou valores de origem licita do indivíduo, pelo
caráter aflitivo de pena. Instrumentos utilizados na prática do delito, produto do delito
ou valor auferido como proveito pela prática do fato criminoso, são confiscados como
efeito da condenação.
-Limitação: do quantum a confiscar, estabelecido como teto, o maior valor entre o
montante do prejuízo causado ou do proveito obtido com a pratica do crime/ Limitação
em razão da quantidade de pena aplicada;
-Destinatário: Fundo penitenciário Nacional;
Aplicação: -
-Caráter: confiscatório
Confisco-efeito: destina-se a união/ Objeto são os instrumentos e o produto do crime;
Confisco-pena: destina-se ao Fundo Penitenciário Nacional/ Objeto é o patrimônio
pertencente ao condenado.

C) Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas: atribuição de tarefas


gratuitas ao condenado junto a entidades assistenciais, hospitais, orfanatos e outros

estabelecimentos similares, em programas comunitários ou estatais. Deve-se atender as


“atribuições pessoais do condenado” (melhor pena). Tem conotação de privativa de
liberdade, pois a pessoa fica retida por determinadas horas da semana em tais
atividades.
*Aplica-se as condenações privativas de liberdade superior a seis meses.
-Pena convertida em dias, sistema de hora-tarefa, equivalendo desta a um dia de
condenação. O condenado pode antecipar a finalização de sua pena, desde que o
montante ultrapasse um ano, já que foi aumentado para 4 anos o limite para a
substituição, porém, tal término só pode atingir a metade da pena fixada (artigo 46, §
4º). Não se deve prejudicar a jornada normal de trabalho do réu. O juiz da execução é
que designa a entidade.

D) Interdição temporária de direitos: art. 47 do CPB: tem a finalidade de impedir o


exercício de determinada função ou atividade por um período determinado, como forma
de punir o agente de crime relacionado à referida função ou atividade proibida.
Proíbe-se o sentenciado de exercer cargo, função ou atividade pública, bem como
mandato eletivo, ou de exercer profissão, atividade ou ofício dependentes de
autorização ou regulamentação do poder público, embora se encontrem na esfera
privada (no caso de crime de trânsito, o CTB derrogou a suspensão de autorização ou
habilitação para dirigir veículo).
O juiz comunica a autoridade competente, determinando a apreensão dos documentos
que autorizam o exercício do direito.
Só se aplicam nos casos em que o crime se relaciona com o abuso ou violação
dos deveres do cargo, função, profissão ou atividade.
A proibição de frequentar determinados lugares sempre foi condição de outras
penas ou benéficos de execução, tais como livramento condicional, regime aberto,
suspensão condicionada da pena ou suspensão condicionada do processo.
Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.

E) Limitação de fim de semana: art. 48 do CPB: obrigação de o condenado permanecer aos


sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa do Albergado ou lugar adequado,
a fim de participar de cursos ou palestras, bem como desenvolver atividades educativas.

5 – Reconversão em pena privativa de liberdade:

Ocorre quando acontecer o descumprimento injustificado da restrição imposta (art.44, parágrafo


4º - revogação obrigatória). Tal conversão se dá pelo tempo restante da pena, respeitado o limite
de 30 dias.
No caso de superveniência de condenação a pena restritiva de liberdade por outro crime, o juiz
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplica-la se for possível ao condenado cumprir a
pena substitutiva anterior, art.44, parágrafo 5º.
Cabe ao juiz de execução decidir sobre a conversão.
PENA DE MULTA:
Execução: pagamento de determinada soma em dinheiro ao Estado;
Destinatário: Fundo Penitenciário (do Estado de São Paulo);
Cominação alternativa ou cumulativa em casos de crime;
Cominação isolada em caso de contravenção;
Circunstancias agravantes e atenuantes legais, não influenciam sobre a multa imposta;
Circunstancias agravantes e atenuantes legais na parte geral ou especial, segundo
jurisprudência dominante, influem no cálculo da pena de multa e devem ser consideradas;

Trata-se do pagamento de uma determinada quantia em pecúnia, previamente fixada em lei,


destinada ao Fundo Penitenciário (é o pagamento de determinada soma em dinheiro, ao Estado
– o pagamento é sua execução). No caso do Estado de São Paulo, trata-se do Fundo
Penitenciário do Estado de São Paulo, podendo existir outros fundos em outros Estados (a lei
complementar 79/94 não confere exclusividade ao fundo nacional). Existe a possibilidade de
União e Estados legislarem concorrentemente sobre matéria da destinação da multa.
-Dia multa: fixação de multa em base igualitária; corresponde a renda média que o autor do
crime aufere em um dia, considerando-se todas as suas rendas, consideram-se ainda sua situação
econômica e patrimonial;
A) Critério de fixação:
-Critério bifásico: 1º fixa-se o número de dias multa, com base nas circunstancias do art. 59, no
mínimo de 10 e no máximo de 360; 2º estabelece-se o valor do dia-multa, conforme a situação
econômica do réu- piso de 1/30 do salário mínimo e teto de 5 vezes esse salário.
-Se for necessário punir com efetividade o acusado, considerado economicamente favorecido,
pode o magistrado aumentar a pena de multa até o triplo;
-Exceções ao critério do dia-multa estabelecidas expressamente em lei;
*Há considerações que dizem ser inconstitucional por valer-se do salário mínimo, ferindo o
princípio da reserva legal; contudo, considera-se o salário mínimo vigente na data do crime,
logo, é constitucional. *
B) Atualização monetária do dia-multa: A correção monetária não é pena, mas sim a atualização
do valor da moeda; deve ela incidir, de acordo com a corrente majoritária, a partir da data do
cometimento da infração.
Pagamento da multa: Art. 50, deve ela ser paga dentro de Dez dias a contar do transito em
julgado da sentença condenatória e, conforme as circunstancias, o juiz pode permitir que o
condenado a satisfaça em parcelas mensais, sem prejuízo do seu sustento;
Não pode a pena de multa ser convertida em pena privativa de liberdade como antes.
Se o condenado estiver preso, trabalhar e tiver remuneração, pode-se descontar uma quantia de
¼ a 1/10, conforme o caso, do que perceber. A execução forçada, no entanto, só tem início
quando ele estiver em liberdade, mesmo que em gozo de livramento condicional ou outro
benefício (art. 170 da LEP).

Condenado insolvente: poderá se descontar em sua remuneração, caso o seja relativamente. Se


absolutamente, não se executa a pena.
Condenado solvente: procede-se a cobrança judicial, penhorando-se, inclusive, bens. A
cobrança, para Fragoso, é judicial, feita pelo Ministério Público.

Características essenciais da pena de multa:


A) A possibilidade de sua conversão em pena de prisão, caso não seja paga;
B) Seu caráter personalíssimo, ou seja, a impossibilidade de ser transferida para os
herdeiros ou sucessores do apenado;
** A lei n. 9268/96 retirou a coercibilidade da multa penal, impedindo a sua conversão em pena
de prisão por falta de pagamento. **
“A eficácia político-criminal da pena de multa depende decididamente de que se pague ou de
que, em todo caso, se a cobre. ”
A pena de multa tem como principal causa de sua ineficiência, a inexigibilidade. Dessa forma,
em uma país como o Brasil, com a economia deteriorada, essa pena é absolutamente ineficaz,
como afirma Jescheck.
Critérios adotados pelas legislações codificadas quanto a cominação da pena de multa:
A) Parte-alíquota do patrimônio do agente: leva em conta o patrimônio do réu;
B) Renda a multa deve ser proporcional à renda do condenado;
C) Dia-multa: leva em conta o rendimento que o condenado aufere durante um mês ou ano,
dividindo o montante por 30 ou por 365 dias: o resultado equivale a um dia-multa;
D) Cominação abstrata da multa: deixa o legislador a fixação do mínimo de do máximo da
pena pecuniária.
**Legislação brasileira adotou a cominação abstrata de multa; **
-Sistema de dias-multa:
O valor do dia-multa deverá corresponder à renda média que o autor do crime aufere em um dia,
considerando-se sua situação econômica e patrimonial.
-Limites da pena de multa:
-De acordo Com o artigo 49 e seus parágrafos, o valor mínimo de um dia-multa é de trinta avos
do maior salário mínimo vigente a época do crime e o valor máximo é de cinco vezes esse
salário. O limite mínimo de dias-multa será de 10 e no máximo de 360.
-Há um limite especial, extraordinário: se, em virtude da situação econômica do réu, o juiz
verificar que, embora aplicada no máximo, essa pena é ineficaz, poderá elevá-la até o triplo.
-Multa substitutiva:
O código pena previu duas hipóteses em que, preenchidos os demais requisitos, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída por multa.
Dosimetria da pena e multa:
Fases da aplicação da pena de multa:
1ª Fase: estabelece-se os dias-multa dentro do limite estabelecido de 10 a 360 dias-multas;
Leva-se em conta a gravidade do crime, em respeito ao princípio da proporcionalidade, a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade, os motivos, as circunstancias e
as consequências do crime, bem como todas as consequências legais, inclusive as majorantes e
minorantes, nessa fixação. Destaca-se todos os aspectos que se referem ao crime propriamente,
gravidade, circunstancias, inclusive quanto ao infrator, deverão ser consideradas na fixação de
dias-multa.

2ª fase: o cálculo da pena de multa deverá ser encontrado no valor de cada dia-multa, e, nessa
oportunidade, o julgador valorará somente as condições econômicas do sentenciado. Para
verificação da real situação financeira do apenado, o magistrado poderá determinar diligências
para apurar com mais segurança a verdadeira situação do infrator, para se evitar a aplicação de
pena exorbitante ou desprezível. Não havendo elementos probatórios necessários, nos autos,
para permitir que a fixação da pena multa se afaste do mínimo legal, qual, seja, de dez dias-
multa e o valor de uns trinta avos, essa pena deverá ser fixada no mínimo legal.
3ºfase: só ocorre quando mesmo aplicando o valor do dia-multa no máximo o juiz constate que,
em virtude da situação econômica do acusado, ela não seja suficiente para puni-lo
adequadamente. Assim, poderá elevar até o triplo suficiente para puni-lo adequadamente.
Fase executória: Pagamento de multa:
-Segundo o código penal deve ser paga dentro de 10 dias depois de transitada em julgado a
sentença.
-Lei de execução Penal determina que o MP, deverá requerer a citação do condenado para, no
prazo de 10 dais, pagar o valor da multa, ou nomear bens à penhora.
-O prazo do Código Penal é para a multa ser paga e o prazo da LEP é para a multa ser
cobrada. Ou seja, a previsão do Código Penal é para pagamento voluntário e a previsão da LEP
é para pagamento compulsório.

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