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1 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3

CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira


NFPSS
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SUMÁRIO
DIREITO PENAL ........................................................................................................................... 4
DIREITO PROCESSUAL PENAL .................................................................................................... 80
DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................................................... 129
DIREITO ELEITORAL ................................................................................................................ 172
DIREITO EMPRESARIAL ........................................................................................................... 200
DIREITO TRIBUTÁRIO .............................................................................................................. 250
DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................................... 278
DIREITO ADMINISTRATIVO ..................................................................................................... 308

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DIREITO PENAL1

1 Direito penal e poder punitivo: teoria do direito penal; política criminal e criminologia: noções básicas;
criminalização primária e secundária; seletividade do sistema penal.
2 Direito penal de autor e direito penal do ato: garantismo penal; direito penal do inimigo; dinâmica
histórica da legislação penal; história da programação criminalizante no Brasil; genealogia do
pensamento penal; direito penal e filosofia.
CRIMINOLOGIA: É uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do crime, da criminalidade
e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, bem como da personalidade do criminoso
e da maneira de ressocializá-lo.
POLÍTICA CRIMINAL: A Política Criminal é a disciplina que oferece aos poderes públicos as opções
científicas concretas mais adequadas para o eficaz controle do crime.
#ATENÇÃO Assim, a Criminologia tem a função de reunir um núcleo de conhecimentos verificados
empiricamente sobre o problema criminal (momento explicativo) e a Política Criminal transforma essa
base empírica em opções, alternativas e programas científicos, a partir de uma ótica valorativa (momento
decisivo).

POLÍTICA PENITENCIÁRIA: disciplina que define as diretrizes e as metas existentes para a gestão
do sistema penitenciário de um determinado local.

CRIMINALIZAÇÃO
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
Transformação de um fato em crime. Em
essência não há nenhuma diferença entre um
Transformação de uma pessoa em criminoso
fato criminoso e um fato normal, exceto pelo
fato criminoso ter o rótulo de crime.
Poder Legislativo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia.
SELETIVIDADE DO SISTEMA PENAL: há uma forte tendência de ser o poder punitivo exercido
precipuamente sobre pessoas previamente escolhidas em face de suas fraquezas, a exemplo dos
moradores de rua, prostitutas e usuários de drogas.
DIREITO PENAL DO AUTOR DIREITO PENAL DO FATO
O que configura o delito é a capacidade de
A culpabilidade resulta de um juízo do delito
delinquir do agente, constatada através do seu
como ato concretizado pelo autor
modo de ser.

1
Por Tiago Pozza

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A pessoa é punida pelo que fez, não pelo que é.
A pessoa é punida mais pelo que é e menos
A gravidade do ato que mensura o rigor da
pelo que fez.
pena.
#OLHAOGANCHO DIREITO PENAL DO INIMIGO, teoria de Jakobs, prega um tratamento diferenciado
aos indivíduos que vão de encontro às normas estabelecidas pela sociedade de uma forma tão grave
que não mereceriam mais ser considerados cidadãos. O direito penal do inimigo é um direito de guerra
e, dessa forma, o Estado não é obrigado a obedecer a regras preestabelecidas, o importante é vencer o
inimigo. Para cumprir tal objetivo, segundo Jakobs, será permitida a flexibilização ou até mesmo a
eliminação de direitos e garantias, permitindo-se, por exemplo, a utilização da tortura como meio de
obtenção de provas.
GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI): O garantismo, à luz da hermenêutica constitucional, tutela não
apenas os direitos individuais dos acusados, investigados ou processados na esfera criminal, devendo
valorar todos os direitos e deveres previstos na Constituição Federal. Isso porque os direitos fundamentais
não preveem apenas uma proibição de intervenção (proibição de excesso), mas também uma vedação
à omissão (proibição da proteção deficiente, proibição da proteção insuficiente). Dessa forma, o
garantismo penal integral ou proporcional é aquele que assegura os direitos do acusado, não permitindo
violações arbitrárias, desnecessárias ou desproporcionais, e, por outro lado, assegura a tutela de outros
bens jurídicos relevantes para a sociedade, em consonância com as duas vertentes do princípio da
proporcionalidade, incluindo a proibição do excesso e a proibição da proteção deficiente.
#OLHAOGANCHO GARANTISMO HIPERBÓLICO OU MONOCULAR (#SELIGANOSINÔNIMO) é aquele
aplicado de maneira ampliada e desproporcional, monocular. Tutela apenas os direitos fundamentais do
investigado/processado, desconsiderando-se o interesse coletivo. Contrapõe-se ao garantismo penal
integral, que resguarda os direitos fundamentais afetos à coletividade.

3 Funções da pena: teorias.

Teorias Absolutas: a pena representa como um fim em si mesma, isto é, o autor do


crime deverá pagar pelo mal cometido. Ou seja, a pena tem caráter retributivo.
Positiva: a pena é um
instrumento de estabilização, ou
Teoria da Prevenção Geral: a pena é seja, a pena restabelece a
aplicada em função de toda a ordem social que fora abalado
Teorias sociedade para que esta presencie o pelo sujeito criminoso.
Legitimadoras Teorias sofrimento e dor daquele cidadão e Negativa: busca causar um
Relativas se intimide para que não cometa temor na sociedade para que,
crimes. com medo das consequências
do crime, deixe de cometer
condutas ilícitas.
Teoria da Prevenção Especial: A pena Positiva: consiste na meta de
atua sobre um indivíduo (ou grupo) ressocialização do indivíduo.

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para evitar que este volte a delinquir. Negativa: tem como foco a
Pessoaliza-se a ameaça à sociedade. proteção da sociedade através
Por isso, ganha reforço a concepção da neutralização do indivíduo,
da ressocialização através da pena. ou seja, a exclusão do criminoso
da sociedade em razão do mal
que cometeu.
Teorias Unitárias ou Mistas: em que se tenta compatibilizar as teorias absolutas com
as relativas. Um caráter inicial é o de que a pena possui funções múltiplas, não
havendo incompatibilidade em se reconhecer que é possível uma função preventiva
e retribucionista.
Teorias Deslegitimadoras: abominam a intervenção do Estado sob o manto do direito de punir.
Desacredita-se a suposta eficiência do sistema penal como legitimante do controle social. Entre essas
teorias, destaque para o Abolicionismo Penal e o Minimalismo Radical

5 Princípios aplicáveis ao direito penal.


➢ Princípio da Reserva Legal ou Estrita Legalidade:
Somente a lei pode criar delitos e cominar penas. Como consequência lógica, não se admite a
utilização de medida provisória em matéria penal.

#CUIDADO! O STF já admitiu MP na seara penal, desde que para favorecer o réu. Ex.: MP 417 que
prorrogou a “atipicidade temporária” nos crimes de posse de armas.

O princípio da legalidade possui algumas funções fundamentais:


✓ Lei estrita: é proibida a analogia contra o réu.
✓ Lei escrita: é proibido o costume incriminador.

#OLHAOGANCHO: da mesma forma que o costume não tem o condão de incriminar, também não tem
de descriminalizar (os costumes contrários às leis são chamados de DESUETUDO: contrariam uma lei
penal, mas não a revogam. Ex.: crime de casa de prostituição/jogo do bicho).
✓ Lei certa: é proibida a criação de tipos penais vagos e indeterminados.
✓ Lei prévia: é proibida a aplicação da lei penal incriminadora a fatos - não considerados crimes -
praticados antes de sua vigência. Engloba aqui o da anterioridade, cláusula pétrea.
➢ Princípio da Intervenção Mínima:
Afirma ser legítima a intervenção penal apenas quando a criminalização de um fato se constitui
meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não podendo ser tutelado por
outros ramos do ordenamento jurídico. A intervenção mínima é gênero do qual são espécies: a
fragmentariedade e a subsidiariedade. Vamos conferir?
✓ Princípio da Fragmentariedade: no universo da ilicitude, somente alguns poucos fragmentos
constituem-se em ilícitos penais. O Direito Penal é a última etapa de proteção. #ATENÇÃO! O
princípio da fragmentariedade atua no PLANO ABSTRATO (na criação de tipos penais).

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#SELIGA: FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS: É o contrário da fragmentariedade; o crime deixa de existir,
pois a incriminação se torna desnecessária. Por exemplo, o adultério.

✓ Princípio da Subsidiariedade: incide no PLANO CONCRETO, ou seja, no momento de aplicação da


lei penal. É analisado se, naquele caso concreto, seria possível solucionar através de outros ramos
do direito, ou se será preciso utilizar a ultima ratio, o executor de reserva, isto é, o direito penal.
➢ Princípio da Ofensividade:
Possui quatro funções principais:
1) Proibição da incriminação de uma atitude interna, como as ideias, convicções, e desejos dos
homens.
2) Proibição da incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor (princípio
da alteridade).
3) Proibição da incriminação de simples estados ou condições existenciais (aplica-se o direito penal
do fato e não do autor).
4) Proibição da incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico.
➢ Princípio da Insignificância:
Pode ser visto como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. Possui natureza jurídica
de causa supralegal de exclusão da tipicidade material, devendo ser analisado em conexão com os
postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima.
Vamos dar uma conferida nos requisitos desse princípio?!
Objetivos: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação;
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Subjetivos: importância do bem para a vítima (STF) e condições do agente (#SELIGA: a
reincidência, a reiteração criminosa, a habitualidade delitiva NÃO são suficientes, por si sós, para afastar
a aplicação do princípio da insignificância – STF Info 793).

#ATENÇÃO: Os tribunais superiores, em algumas situações concretas, têm afastado o princípio da


insignificância nos casos de reincidência e de furto qualificado.

#OLHAOGANCHO. #BAGATELAIMPRÓPRIA. No caso do princípio da insignificância impróprio ou


bagatela imprópria ocorre o injusto penal. Entretanto, verifica-se que no caso concreto a pena é
desnecessária (incidência dos princípios da desnecessidade da pena com o princípio da irrelevância penal
do fato).
Vamos entender melhor?
O princípio da insignificância impróprio pressupõe a análise do que ocorreu após a prática do crime até
o momento do julgamento. Ex.: O réu casou, teve filhos, tem uma empresa com 50 funcionários?! Nesses
casos, o juiz reconhece a existência do crime, mas conclui que a pena não é necessária. Aqui não há
causa supralegal de exclusão da tipicidade, há causa supralegal de extinção da punibilidade. O Estado
reconhece o crime, mas conclui pela desnecessidade de punição. A punição não é mais vantajosa para a
sociedade.

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CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
A análise da pertinência da bagatela imprópria há de ser realizada, obrigatoriamente, na situação fática,
jamais no plano abstrato. Atente-se também para a necessidade de se observar que a bagatela imprópria
tem como pressuposto inafastável a não incidência do princípio da insignificância (própria). Afinal, se o
fato não era merecedor da tutela penal em decorrência da sua atipicidade, descabe enveredar pela
discussão acerca da necessidade ou não de pena.
A bagatela imprópria se ASSEMELHA ao perdão judicial (art. 107, IX, do CP). O fundamento da bagatela
imprópria e do perdão judicial é o mesmo, só que o perdão judicial está duplamente previsto em lei,
enquanto instituto bem como em relação às hipóteses legais em que ele incide. Em contrapartida, no
Brasil, não há previsão legal do princípio da insignificância impróprio.

Pessoal, por fim, COLEM NA RETINA essa revisão sobre a aplicação do princípio da insignificância.
Trata-se de um compilado das principais informações extraídas da jurisprudência, tomando por base os
comentários do Dizer o Direito. #DEOLHONAJURIS. #AJUDAMARCINHO.

NÃO SE APLICA A INSIGNIFICÂNCIA

Delitos praticados em violência doméstica: não se aplica o princípio da insignificância.


Posse ou porte de arma ou munição.
Estelionato contra o INSS (estelionato previdenciário).
Tráfico de drogas.
Crime de moeda falsa.
Contrabando.
Roubo.
Lesão corporal.
Falsificação de documento público.
Estelionato envolvendo o seguro-desemprego.
Estelionato envolvendo FGTS.
Violação de direito autoral (§ 2º do art. 184 do CP).
Tráfico internacional de arma de fogo ou munição.
Furto qualificado.
Obs. Como regra, a aplicação do princípio da insignificância tem sido rechaçada nas hipóteses de
furto qualificado, tendo em vista que tal circunstância denota, em tese, maior ofensividade e
reprovabilidade da conduta. Deve-se, todavia, considerar as circunstâncias peculiares de cada caso
concreto, de maneira a verificar se, diante do quadro completo do delito, a conduta do agente
representa maior reprovabilidade a desautorizar a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª
Turma. AgRg no AREsp 785755/MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/11/2016.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 746011/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/11/2015.

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CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Crimes militares. Trata-se de tema extremamente polêmico, mas a posição majoritária é no sentido
de que não se aplica o princípio da insignificância aos crimes militares, sob pena de afronta à
autoridade, hierarquia e disciplina, bens jurídicos cuja preservação é importante para o regular
funcionamento das instituições militares. O caso mais comum e que é provável que seja cobrado em
sua prova é o crime de posse de substância entorpecente em lugar sujeito à administração militar
(art. 290 do CPM). O Plenário do STF já assentou a inaplicabilidade do princípio da insignificância à
posse de quantidade reduzida de substância entorpecente em lugar sujeito à administração militar
(art. 290 do CPM). STF. 2ª Turma. HC 118255, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/11/2013.
STF. 2ª Turma. ARE 856183 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2015.

POSSÍVEL APLICAR A INSIGNIFICÂNCIA


Crimes ambientais.
#AJUDAMARCINHO: É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais,
devendo ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade
da conduta em exame. STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp 654.321/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 09/06/2015. É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes
ambientais. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).
PORÉM, CUIDADO:
#AJUDAMARCINHO: O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c
parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca
quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e
métodos não permitidos; Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de
defeso com o uso de método não permitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 8/5/2018 (Info 891). #JULGADORECENTE.
Descaminho.
Furto Simples. PORÉM, CUIDADO:
Se o valor do bem é acima de 10% do salário mínimo vigente na época, o STJ tem negado a
aplicação do princípio da insignificância. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558547/MG, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2015.
“Flanelinha” e exercício da profissão sem registro no órgão competente (não configura a
contravenção penal prevista no art. 47 do Decreto-Lei 3.688/1941: exercício ilegal de profissão ou
atividade).
#DIVERGÊNCIA entre o STJ e o STF.
MANTER RÁDIO CLANDESTINA
STJ: NÃO STF: SIM
STJ: NÃO. É inaplicável o princípio da STF: SIM, é possível, em situações excepcionais, o
insignificância ao delito previsto no art. 183 da Lei reconhecimento do princípio da insignificância
nº 9.472/97, nas hipóteses de exploração desde que a rádio clandestina opere em baixa

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irregular ou clandestina de rádio comunitária, frequência, em localidades afastadas dos grandes
mesmo que ela seja de baixa potência, uma vez centros e em situações nas quais ficou
que se trata de delito formal de perigo abstrato, demonstrada a inexistência de lesividade. STF. 2ª
que dispensa a comprovação de qualquer dano Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo
(resultado) ou do perigo, presumindo-se este Lewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853).
absolutamente pela lei. Nesse sentido: STJ. 6ª
Turma. AgRg no AREsp 740.434/BA, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
14/02/2017.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA
STJ: SIM STF: NÃO
O bem jurídico tutelado pelo delito de
apropriação indébita previdenciária é a
subsistência financeira da Previdência Social.
O STJ já firmou o entendimento de que é possível
Logo, não há como afirmar-se que a
a aplicação do princípio da insignificância ao
reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente
delito de apropriação indébita previdenciária,
é de grau reduzido, considerando que esta
desde que o total dos valores retidos não
conduta causa prejuízo à arrecadação já
ultrapasse o valor utilizado pela Fazenda Público
deficitária da Previdência Social, configurando
como limite mínimo para que sejam ajuizadas as
nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O
execuções fiscais. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
reconhecimento da atipicidade material nesses
1241697/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
casos implicaria ignorar esse preocupante
06/08/2013. STJ. 6ª Turma. RHC 59839/SP, Rel.
quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 07/04/2016.
Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC
132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
21/06/2016.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

STJ: NÃO STF: SIM


Há julgados da 2ª Turma admitindo a aplicação
Súmula 599-STJ. do princípio mesmo em outras hipóteses além
do descaminho.

PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL

STJ: NÃO STF: SIM


A jurisprudência de ambas as turmas do STJ
STF: possui um precedente isolado, da 1ª Turma,
firmou entendimento de que o crime de posse
aplicando o princípio:
de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei

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nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato
e a pequena quantidade de droga faz parte da
própria essência do delito em questão, não lhe
sendo aplicável o princípio da insignificância

CRIMES PRATICADOS POR PREFEITOS

STJ: NÃO STF: SIM


Possui precedentes afirmando que não é
possível a aplicação do princípio da
insignificância a prefeito, em razão mesmo da
própria condição que ostenta, devendo pautar Possui julgados entendendo ser possível.
sua conduta, à frente da municipalidade, pela
ética e pela moral, não havendo espaço para
quaisquer desvios de conduta.
#RESUMINDO #COLANARETINA #RELERPARAREFORÇAR
APLICABILIDADE INAPLICABILIDADE DIVERGÊNCIAS
Crimes ambientais, Crimes
cometidos por prefeitos (STF já
admitiu, STJ não); Apropriação
indébita previdenciária (STF já
lesão corporal; roubo; tráfico de admitiu, STJ afasta); Porte de
drogas; moeda falsa e outros droga para consumo pessoal
crimes contra a fé pública; (STF tem um precedente
contrabando, estelionato contra isolado); Crimes contra
Furto simples, crimes contra a o INSS, envolvendo FGTS ou Administração Pública (STJ
ordem tributária e descaminho envolvendo seguro- afasta, STF já admitiu); Rádio
(STJ e STF: 20 mil reais); desemprego; violação de direito comunitária clandestina (STF
“Flanelinha” e exercício da autoral; posse ou porte de arma admite em rádios com baixa
profissão sem registro no órgão de fogo/munição (Cuidado com frequência e em locais afastados
competente. a exceção: porte ilegal de uma dos grandes centros, quando
munição como pingente); demonstrada a inexistência de
delitos praticados em violência lesividade – Info 853.O STJ, por
doméstica; provedor sua vez, não admite); furto
clandestino de internet sem fio. qualificado (em alguns casos o
STJ já admitiu o princípio da
insignificância, como no furto
qualificado pelo concurso de
pessoas).

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#VAICAIR: Com relação à polêmica sobre os crimes contra a Administração Pública, o STJ, em novembro
de 2017, editou a Súmula nº 599:
SÚMULA 599 DO STJ:O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.
#MAISUMA O STJ recentemente editou súmula em relação ao delito de rádio clandestina:
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal
de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.
#CUIDADO: Nos crimes ambientais, há divergência no STF sobre a possibilidade de aplicação do princípio
da insignificância quanto à pesca ilegal.
#AJUDAMARCINHO: A Lei de Crimes Ambientais tipifica a pesca ilegal, nos seguintes termos: "Art. 34.
Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:" Se
a pessoa é flagrada sem nenhum peixe, mas portando consigo equipamentos de pesca, em um local
onde esta atividade é proibida, ela poderá ser absolvida do delito do art. 34 da Lei de Crimes com base
no princípio da insignificância?

2ª TURMA DO STF 2ª TURMA DO STF


SIM. É possível aplicar o princípio da insignificância NÃO. Não é possível aplicar o princípio da
para crimes ambientais. insignificância para crimes ambientais.
Na estação ecológica, os servidores do IBAMA
encontraram uma pequena embarcação com um
Ex.: pessoa encontrada em uma unidade de indivíduo. Apesar de não estar com peixes, ele
conservação onde a pesca é proibida, com vara de estava com vara de pescar, linha e anzol. O
pescar, linha e anzol, conduzindo uma pequena pescador foi autuado administrativamente pelo
embarcação na qual não havia peixes. IBAMA por pesca ilegal, e o MP ofereceu denúncia
contra ele, pela prática do crime previsto no art.
34, caput, da Lei nº 9.605/98.
STF. 2ª Turma. RHC 125566/PR e HC 127926/SC,
STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen
Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016
Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (INFO 816 DO STF)
(INFO 845 DO STF)

➢ Princípio da Culpabilidade:
Possui três consequências materiais:
a) Não há responsabilidade penal objetiva;
b) A responsabilidade penal é pelo fato praticado e não pelo autor;
c) A culpabilidade é a medida da pena.
➢ Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos:
O Direito Penal possui como função a proteção de bens jurídicos mais relevantes para a sociedade.
Assim, o Estado não pode utilizar o Direito Penal para tutelar a moral, a religião, os valores ideológicos
etc., sob pena de prevalecer a intolerância.
➢ Princípio da Proporcionalidade:

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O princípio da proporcionalidade adveio do direito alemão. É chamado de razoabilidade (direito
italiano) ou de convivência das liberdades públicas (direito norte-americano). É desdobramento lógico do
Princípio da Individualização da Pena. Em síntese, o que a proporcionalidade impõe é que a pena seja
proporcional à gravidade da infração penal.
Não é possível analisar esse princípio sob uma única ótica. Há dois aspectos fundamentais. Vamos
conferir?
✓ Garantismo negativo: proibição contra os excessos do Estado. Não se pode punir mais do que o
necessário para a proteção de um bem jurídico.
✓ Garantismo positivo: proibição da proteção insuficiente do bem jurídico.
➢ Princípio da Pessoalidade ou da intranscendência da Pena:
A pena deve ser aplicada somente ao autor do fato e não a terceiros.
CF, art. 5, XLV - Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dono e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.

7 Aplicação da lei penal: a lei penal no tempo e no espaço; tempo e lugar do crime; lei penal excepcional,
especial e temporária; territorialidade e extraterritorialidade da lei penal; pena cumprida no estrangeiro;
eficácia da sentença estrangeira; contagem de prazo; frações não computáveis da pena; interpretação
da lei penal; analogia; irretroatividade da lei penal; conflito aparente de normas penais.

Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.
TEMPO DO
#SELIGANASUMULA SÚMULA 711 DO STF: Nos casos de crime continuado, permanente
CRIME:
ou habitual, aplica-se a lei mais grave, se vigente antes de cessada a continuidade,
permanência ou habitualidade.
Teoria da ubiquidade: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
LUGAR DO
o resultado).
CRIME
#NÃOCONFUNDA: Com o artigo 70 do CPP, que adota a teoria do resultado no que diz
respeito à competência para julgar crimes.
#DECORE #OLHAOMACETE: LUTA: Lugar = Ubiquidade / Tempo = Atividade.
LEI PENAL NO ESPAÇO
TERRITORIALIDADE: consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no Brasil
REGRA
(art. 5o, CP).
INCONDICIONADA (art. 7o, I, CP)
EXTRATERRITORIALIDADE: na qual aplica-se a lei
CONDICIONADA (art. 7o, II, CP)
EXCEÇÃO brasileira a crimes (não inclui contravenção penal)
HIPERCONDICIONADA (art. 7o, §3°,
praticados no exterior.
CP)

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#ATENÇÃO diz-se que o Código Penal adotou a Teoria da Territorialidade mitigada ou
temperada.
LEI PENAL NO TEMPO
PRINCÍPIO DA ATIVIDADE: A lei é aplicada aos fatos praticados durante a sua vigência.
REGRA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL: Em regra, a lei penal não retroage para alcançar
fatos anteriores a sua vigência.
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA: A lei nova mais benéfica retroage, de forma
que será aplicada aos fatos criminosos praticados antes de sua entrada em vigor. Ex:
ABOLITIO CRIMINIS: lei nova que deixa de considerar um fato como criminoso, aplica-
EXCEÇÕES se inclusive aos processos já transitados em julgado. Nesse caso, a competência será do
juiz das execuções penais.
ULTRATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA: A lei mais benéfica, quando revogada,
continua a reger os fatos praticados durante a sua vigência.
#ATENÇÃO LEX TERTIA: é a combinação de aspectos mais benéficos de mais de uma lei, criando
uma terceira lei. É vedada (súmula 501 do STJ).
#SELIGA Princípio da descontinuidade normativo-típica ou da transmudação geográfica: Pode
ocorrer a revogação formal da lei sem que ocorra a abolitio criminis, em razão de inexistir a
descontinuidade normativo-típica. Como exemplo, pode ser citado o crime de atentado violento ao
pudor (CP, art. 214), que passou a ser considerado como estupro (CP, art. 213).
#NÃOCONFUNDA Em relação às normas processuais penais não se aplica a retroatividade, vigora
o princípio do tempus regit actum.

Leis que tratam de matéria penal, mas que estão fora do Código Penal. Ex:
LEI PENAL ESPECIAL:
Lei de drogas.
LEI PENAL É a que tem vigência predeterminada no tempo. Ex. Lei nº 12.663/12 (Lei
TEMPORÁRIA: Geral da Copa do Mundo de Futebol de 2014).
São aquelas que são produzidas para vigorar durante determinada situação.
LEI PENAL
Ex: Uma lei definindo crimes durante o período de intervenção federal no
EXCEPCIONAL:
estado do Rio de Janeiro.
#ATENÇÃO A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência (art. 3,
CP).
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL X ANALOGIA
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA
Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o caso
concreto concreto concreto
Amplia-se o alcance. Ex: na O legislador previu uma fórmula No caso em que há lacuna (caso
palavra “arma” – art. 157, § 2° do genérica, permitindo ao juiz omisso), o juiz aplica, por
CP. encontrar outras. analogia (por assemelhação),

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Pode ser prejudicial ao réu. uma lei que trata sobre o caso
Ex. art. 121, §2º, I - mediante semelhante.
paga ou promessa de Não pode ser prejudicial ao réu
recompensa, ou por outro (in malam partem).
motivo torpe (qualificadora do OBS: também chamada de
homicídio); analogia legal ou “legis”.
Ex. adolescente estuprada que
pretende interromper a
gestação do seu feto pode fazer
uso do aborto sentimental
previsto no art. 128, II, CP,
apesar deste não ter sido
editado quando da previsão
legal do estupro de vulnerável,
portanto, não abrangendo essa
hipótese.
#CUIDADO: A analogia não é
forma de interpretação da lei
penal, mas sim técnica de
integração ou colmatação do
ordenamento jurídico. A lei
pode ter lacunas, mas não o
ordenamento jurídico. Trata-se
de aplicação, ao caso não
previsto em lei, de norma
reguladora de caso semelhante.
Não se aplica às leis
excepcionais, justamente em
razão de seu caráter
extraordinário.

PRINCÍPIOS PARA SOLUCIONAR O CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS (#MNEMÔNICO


SECA)
Atua no plano concreto. O crime tipificado pela lei subsidiária, além de menos
grave do que o narrado pela lei primária, dele também difere quanto à forma de
execução, já que corresponde a uma parte deste. Em outras palavras, a figura
SUBSIDIARIEDADE subsidiária está inserida na principal. No princípio da subsidiariedade a
comparação sempre deve ser efetuada no caso concreto, buscando-se a
aplicação da lei mais grave. A subsidiariedade pode ser tanto expressa (por
exemplo, disparo de arma de fogo), como tácita.
Sua aferição se estabelece em abstrato, ou seja, para saber qual lei é geral e qual
ESPECIALIDADE
é especial, prescinde-se da análise do fato praticado. Pouco importa também a

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quantidade de sanção penal reservada para as infrações penais. A comparação
entre as leis não se faz da mais grave para a menos grave, pois a lei específica
pode narrar um ilícito penal mais rigoroso ou mais brando.
Também é analisado no plano concreto. Difere-se da subsidiariedade em dois
aspectos. Na regra da subsidiariedade, em função do fato concreto praticado,
comparam-se as leis para saber qual é a aplicável. Por seu turno, na consunção,
sem buscar auxílio nas leis, comparam-se os fatos, apurando-se que o mais
amplo, completo e grave consome os demais. O fato principal absorve o
acessório, sobrando apenas a lei que o disciplina. Lei consuntiva é aquela que
define o todo, o fato mais amplo. Lei consumida define a parte, o fato menos
amplo. A consunção é aplicada nos casos de crimes progressivos, na progressão
criminosa ou nos atos impuníveis.
#EXEMPLIFICACOACH: Na subsidiariedade, o constrangimento ilegal só pode ser
praticado se houver a ameaça. Um crime está obrigatoriamente dentro do outro,
a ameaça é elemento do constrangimento ilegal. Por outro lado, na consunção,
tomemos como exemplo a lesão corporal e o homicídio. A lesão corporal não é
um elemento do homicídio. O homicídio pode ser praticado por outro modo que
não a lesão corporal. Um crime não está obrigatoriamente dentro do outro,
CONSUNÇÃO comparam-se os fatos.
SÚMULA 17 DO STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, é por este absorvido.
#DEOLHONAJURIS: um crime não pode ser absorvido por uma contravenção
penal.
#NÃOCONFUNDA

CRIME PROGRESSIVO PROGRESSÃO CRIMINOSA

A intenção do agente é, desde o início,


Há uma mudança no ânimo do
cometer o crime mais grave. Ex.:
agente. Ex.: ele deseja inicialmente
objetiva cometer um homicídio.
causar lesão corporal. Contudo,
Contudo, para se chegar até o
durante a execução muda de
homicídio, ocorre primeiro a lesão
intenção e acaba cometendo o
corporal (crime de ação de passagem).
homicídio. Pela consunção, a lesão
Pela consunção, a lesão corporal é
corporal é absorvida pelo homicídio.
absorvida pelo homicídio.
Se refere aos crimes plurinucleares, ou seja, aqueles crimes que apresentam vários
verbos, a exemplo do artigo 33, caput, da Lei n. 11.343/2006. A prática de mais
de uma dessas condutas configura crime único, podendo a pena ser majorada
ALTERNATIVIDADE em razão dos vários núcleos praticados na fase da dosimetria da pena. É também
chamado de “tipo penal misto alternativo”. #NÃOCONFUNDIR com o princípio
da alteridade, segundo o qual não se deve punir condutas que prejudicam
apenas o próprio agente. Ex: autolesão.

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8 Teoria do delito: classificação dos crimes; teoria da ação; teoria do tipo; o fato típico e seus elementos;
relação de causalidade: teorias, imputação objetiva; tipos dolosos de ação; tipos dos crimes de
imprudência; tipos dos crimes de omissão; consumação e tentativa.

TEORIAS DO DELITO
SISTEMA CLÁSSICO (POSITIVISMO JURÍDICO)
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta: movimento corporal Imputabilidade
voluntário; Dolo normativo ou culpa –
Relação de contrariedade entre
Resultado naturalístico; inclui a consciência atual da
o fato e o direito
Relação de causalidade; ilicitude
Tipicidade Teoria psicológica
SISTEMA NEOCLÁSSICO / NEOKANTISMO
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta: ao invés de ação,
prefere-se comportamento,
Imputabilidade
abrangendo omissão (adota
Dolo normativo ou culpa - inclui
teoria causalista para o conceito
Relação de contrariedade entre a consciência atual da ilicitude
de crime, agregando ao tipo
o fato e o direito Exigibilidade de conduta diversa
dados valorativos -
Teoria psicológica-normativa da
Resultado naturalístico;
culpabilidade
Relação de causalidade;
Tipicidade
SISTEMA FINALISTA
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Potencial consciência da
Conduta - dolo e culpa (o dolo
ilicitude
é natural, pois não contém a
Exigibilidade de conduta diversa
consciência da ilicitude); Relação de contrariedade entre
Teoria normativa pura.
Resultado naturalístico; o fato e o direito
Imputabilidade
Relação de causalidade;
Teoria normativa pura.
Tipicidade.
Imputabilidade
#ATENÇÃO O FUNCIONALISMO busca explicar as funções do direito penal e não apenas
conceituar o crime em si. Temos duas principais espécies:

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FUNCIONALISMO MODERADO OU DUALISTA FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL DE
DE ROXIN JAKOBS
O Direito Penal tem limites impostos pelo próprio O Direito Penal só reconhece os limites impostos
direito penal e demais ramos do direito. pelo próprio Direito Penal.
A função do Direito Penal é punir, aplicar a
A função do Direito Penal é tutelar os bens
norma. A sociedade é que deve ajustar-se ao
jurídicos. O Direito Penal se ajusta à sociedade.
Direito Penal.
Tem como norte a política criminal. Direito Penal do inimigo.
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO (TIPICIDADE)
Conduta
Resultado
Nexo Causal
Tipicidade Formal e Material
#SELIGA A tipicidade penal é formada pela tipicidade formal + tipicidade material. A tipicidade formal é
o juízo de subsunção/adequação entre o fato e a norma. O fato praticado na vida real se encaixa no
modelo de crime previsto pela norma penal. A tipicidade formal não é suficiente, sendo necessária a
tipicidade material, expressada na lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente protegido. O
princípio da insignificância exclui a tipicidade material.
TEORIAS DA TIPICIDADE
TEORIA DO TIPO
AVALORADO/TIPO Fato típico não constitui emissão de valor sobre ilicitude.
MERAMENTE DESCRITIVO:
Trata-se da teoria majoritariamente aceita. Coloca a tipicidade como ratio
TEORIA INDICIÁRIA DO cognoscendi, sendo vista, portanto, como um indício da ilicitude. Todo
TIPO (RATIO fato típico também é presumidamente ilícito, operando-se uma
COGNOSCENDI): presunção relativa de ilicitude. O efeito prático da teoria indiciária é a
inversão do ônus da prova no tocante as excludentes da ilicitude.
TEORIA DA RATIO
Fato típico e ilícito seria um elemento só.
ESSENDI:
Tipicidade legal + antinormatividade. Para que uma conduta seja crime
TEORIA DA TIPICIDADE é necessário que seja proibida pelo ordenamento jurídico globalmente
CONGLOBANTE considerado. Antecipa a análise de excludentes de ilicitude: exercício
(ZAFFARONI): regular de direito e o estrito cumprimento do dever legal são analisados
como causas excludentes da tipicidade penal.

TEORIAS DA CONDUTA
Conduta é um movimento corporal (ação) voluntário que produz uma
Teoria Causalista
modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos.

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Conduta é um comportamento (ação ou omissão) voluntário que produz
Teoria Neokantista
uma modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos.
Teoria Finalista Conduta é um comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a
(Welzel) um determinado fim. Por essa teoria, o dolo e a causa compõe o elemento
#IMPORTANTE “conduta”. Foi a teoria adotada pelo nosso Código Penal.
Foi criada para explicar o elemento vontade (controle da vontade) nos
Teoria cibernética da
crimes culposos. Afirmava Welzel que a vontade estava no resultado e não
ação (Welzel)
na conduta.
Teoria significativa da Valoriza o significado da ação em um contexto social em detrimento da
ação (Vivés Anton) vontade do agente.
Teoria Social da Ação Conduta é um comportamento humano voluntário dirigido a um fim
(Wessels) socialmente reprovável.
Conduta aparece como comportamento humano voluntário, causador de
Funcionalismo
relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado
Moderado (Roxin)
pela norma penal.
Funcionalismo Radical Conduta é comportamento humano voluntário causador de um resultado
(Jakobs) evitável, violador do sistema, frustrando as expectativas normativas.

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA:


Caso fortuito (homem) ou força maior (natureza).
Atos ou movimentos reflexos. #ATENÇÃO Não se confundem com as ações em curto circuito que
são explosões emocionais repentinas (há conduta e crime, em regra).
Coação Física irresistível (#OLHAOGANCHO Se for resistível, é atenuante).
Sonambulismo e Hipnose
#ATENÇÃO Não há crime sem conduta, pois o Direito Penal do fato não aceita os crimes de mera
suspeita, isto é, aqueles em que o agente não é punido por sua conduta, mas sim pela suspeita
despertada pelo seu modo de agir.
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu
o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

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A relação de causalidade ou nexo causal pode ser conceituado com o vínculo formado entre a
conduta praticada pelo agente ativo de um crime e o resultado por ele produzido. É através dela que se
conclui se o resultado foi ou não provocado pela conduta, autorizando, desde que presente a tipicidade
(adequação do fato à norma) a configuração da tipicidade.
Encontra previsão legal no artigo 13 e parágrafo primeiro, do Código Penal, onde está expresso
que o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa,
sendo esta a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, bem como de que a
superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultados, imputando-se os fatos anteriores a quem os praticou. A relação de causalidade, portanto,
está relacionada aos crimes materiais, compostos pelos delitos em que o tipo penal descreve uma
conduta e um resultado naturalístico, exigindo a produção deste para a consumação.
➢ Teorias:
1. Equivalência dos Antecedentes Causais:
No art. 13, caput, do CP, foi adotada a teoria da equivalência dos antecedentes causais, ou teoria
da conditio sine qua non, criada por Glaser, e posteriormente desenvolvida por Von Buri e Stuart Mill.
Para esta teoria, causa é todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido, quando
ocorreu e como ocorreu. Toma como base o processo hipotético de eliminação de Thyrén para se
constatar se algum acontecimento deve ser inserido ou não no conceito de causa.
2. Teoria da Causalidade Adequada:
No art. 13, §1°, do CP, foi adotada a teoria da causalidade adequada, que teve origem nos estudos
de Von Kries. Segundo esta teoria, causa é o antecedente não só necessário, mas adequado à produção
do resultado.
3. Teoria da Imputação Objetiva:
Em uma perspectiva clássica, o tipo penal apresentava apenas aspectos objetivos, representados
na relação de causalidade. Buscando resolver esse problema, o sistema finalista conferiu ao tipo penal
também uma feição subjetiva, com a inclusão na conduta do dolo e da culpa. Para os adeptos da teoria
da imputação objetiva, contudo, o sistema finalista, ao liminar o tipo objetivo à relação de causalidade,
de acordo com a teoria da equivalência dos antecedentes, não resolve todos os problemas inerentes à
imputação.
Buscando solucionar tal problema, a teoria da imputação objetiva inseriu no tipo objetivo, dois
novos elementos, quais sejam, a criação de um risco proibido e a realização do risco no resultado, além
da já presente causalidade. A criação do risco proibido considera perigosa a ação que, aos olhos de um
observador objetivo dotado dos conhecimentos especiais do autor, situado no momento da prática da
ação, gere real possibilidade de dano para um determinado bem. Ademais, para que o resultado possa
ser atribuído ao agente, o risco proibido por ele criado deve ser realizado no resultado.
A teoria da imputação objetiva está intimamente ligada ao funcionalismo penal, pois este
questiona a validade do conceito de conduta desenvolvido pelos sistemas clássicos e finalista, sendo que
ao conceber o Direito como regulador da sociedade, delimita o âmbito das expectativas normativas de
conduta, vinculando-se à teoria em comento.
Para o funcionalismo teleológico de Claus Roxin, parte-se da premissa de uma ideia a respeito do
Direito Penal, identificada como a proteção subsidiária de bens jurídicos mais relevantes e a respeito da

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pena, que vem a ter um caráter preventivo geral e especial, para chegar a composição de um novo
modelo de sistema de imputação.
Já o funcionalismo sistêmico de Gunther Jakobs trabalha com a ideia central de competência e
papel social, sendo que em relação à imputação objetiva, com fundamento no argumento segundo o
qual, o comportamento social do homem é vinculado a papeis, traça quatro instituições -penais sobre as
quais desenvolve a referida teoria, quais sejam; risco permitido, princípio da confiança, proibição do
regresso e competência ou capacidade da vítima.
APLICAÇÃO PRÁTICA: Rumoroso caso do afogamento em piscina de um jovem, em uma festa de
formatura, onde havia livre trânsito de substâncias psicotrópicas. O MP denunciou todos os integrantes
da comissão de formatura, o que foi rechaçado pelo STJ, nos seguintes termos: “4. Ainda que se admita
a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados e a morte da vítima, à luz da teoria
da imputação objetiva, necessária é a demonstração da criação pelos agentes de uma situação de risco
não permitido, não-ocorrente, na hipótese, porquanto é inviável exigir de uma Comissão de Formatura
um rigor na fiscalização das substâncias ingeridas por todos os participantes de uma festa”. (HC
46.525/MT, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 21/03/2006, DJ
10/04/2006, p. 245).
➢ Concausas:
É a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, influindo na produção
do resultado naturalístico por ele desejado e posicionando-se paralelamente ao seu comportamento,
omissivo ou comissivo.
#SELIGANATABELA:
Causa Dependente Causa independente
Foge da linha normal de desdobramento da conduta.
Emana da conduta do agente, se insere no curso
Aparecimento é inesperado e imprevisível.
normal do desenvolvimento causal.
Capacidade por si só de produzir o resultado.
Não exclui a relação de causalidade.
Pode ser absoluta ou relativamente independente a
Há dependência entre os acontecimentos.
depender da sua origem.

Classificação da causa independente em razão da origem:

Causa absolutamente independente Causa relativamente independente

Se originam da conduta do agente.


Não se originam da conduta do agente. Essas causas não existiriam sem a conduta do
agente.

Podem ser: preexistentes, concomitantes e Podem ser: preexistentes, concomitantes e


supervenientes supervenientes.
Efeito jurídico:
Efeito jurídico (em todas as modalidades):
1. preexistente e concomitante: o agente
agente não responde pelo resultado
responde pelo resultado naturalístico

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naturalístico, mas somente pelo seu dolo (atos 2. superveniente:
até então praticados). 2.1. que produzem por si só o resultado: agente
não responde pelo resultado naturalístico, mas
somente pelo seu dolo (atos até então
praticados). Rompimento do nexo causal. Art. 13,
§1º, CP (teoria da causalidade adequada).
Exemplo: acidente com a ambulância que
transportava o enfermo.
2.2. que não produzem por si só o resultado:
agente responde pelo resultado naturalístico.
Exemplo: omissão no tratamento médico após
um ato de atentado contra a vida da vítima.

9 Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 10 Arrependimento posterior.

➢ Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz:


Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados.
São formas de tentativa abandonada, ou seja, a consumação do crime não ocorre em razão da
vontade do agente. A natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz
majoritariamente na jurisprudência é de causa de exclusão da tipicidade.
Na desistência voluntária, o agente voluntariamente interrompe o processo executório do crime,
abandonando a prática dos demais atos necessários e que estavam à sua disposição para a consumação.
Diferencia-se da tentativa através da Fórmula de Frank (#SELIGANONOME), pois na desistência
voluntária o agente pode prosseguir, mas não quer, enquanto na tentativa o agente quer prosseguir, mas
não pode.
No arrependimento eficaz, o agente já praticou todos os atos executórios suficientes à
consumação do crime, mas adota providências aptas a impedir a produção do resultado. Possível
somente nos crimes materiais (que necessitam de resultado).
#ATENÇÃO
A desistência voluntária e arrependimento eficaz são comunicáveis no concurso de pessoas?
1ª corrente: caráter subjetivo dos institutos, não se comunicam.
2ª corrente: caráter misto (objetivo e subjetivo), se comunicam. (#DOMINANTE)
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO
O instituto do arrependimento eficaz e da desistência voluntária somente são aplicáveis a delito que não
tenha sido consumado. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1549809/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 02/02/2016.
➢ Arrependimento Posterior:

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Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
um a dois terços.
É a causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena que ocorre quando o responsável pelo
crime praticado sem violência à pessoa ou grave ameaça, voluntariamente e até o recebimento da
denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado por sua conduta. Seus fundamentos são
a proteção da vítima e o fomento ao arrependimento por parte do agente.
#OLHAOGANCHO:
Em regra, o arrependimento deve ser integral, mas o STF já admitiu o arrependimento posterior na
reparação parcial do dano.
Há comunicabilidade aos demais coautores e partícipes em razão de sua natureza objetiva.
O índice de redução da pena em função da maior ou menor celeridade no ressarcimento do prejuízo à
vítima.
#VAIMARCINHO #DIZERODIREITO
Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo na direção
de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada composição civil entre o autor
do crime a família da vítima. Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art.
16 do CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. O
arrependimento posterior exige a reparação do dano e isso é impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª
Turma. REsp 1561276-BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/6/2016 (Info 590).
Desse modo, os crimes contra a fé pública, semelhantes aos demais crimes não patrimoniais em geral,
são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver
reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. STJ. 6ª Turma. REsp 1242294-PR, Rel.
originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/11/2014
(Info 554).

11 Crime impossível.
➢ Crime Impossível:
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Quando por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, jamais
ocorrerá a consumação. No crime impossível não há perigo ao bem jurídico penalmente tutelado.
Tem natureza jurídica de causa de exclusão da tipicidade.
Teorias sobre o crime impossível:
1. Teoria Sintomática: Preocupa-se com a periculosidade do autor. Justifica-se em qualquer caso a
aplicação de medida de segurança.
2. Teoria Subjetiva: Leva em conta a intenção do agente.

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3. Objetiva Pura: Quando nenhum bem jurídico foi lesado ou exposto. Mas não importa se a inidoneidade
do meio ou do objeto é absoluta ou relativa.
4. Objetiva Temperada: Haverá crime impossível quando a inidoneidade do meio ou a impropriedade do
objeto for absoluta. #ADOTADAPELOCP
#DEOLHONASSÚMULAS
Súmula 145-STF. Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração
do crime de furto.
#MAISJURISPRUDÊNCIA
O STF em julgamento do dia 22/08/17, publicado em 06/02/2018, entendeu que a Súmula 567 do STJ
pode ser relativizada a depender do caso concreto. vejamos a ementa do julgado:
Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Furto simples tentado. Artigo 155, caput, em combinação com
o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Conduta delituosa praticada em loja de departamento.
Estabelecimento vítima que exerceu a vigilância direta sobre a conduta do paciente. Acompanhamento
ininterrupto de todo o iter criminis. Ineficácia absoluta do meio empregado para a consecução do delito,
dadas as circunstâncias do caso concreto. Crime impossível caracterizado. Artigo 17 do Código Penal.
Atipicidade da conduta. Recurso provido. Com fundamento diverso, votaram pelo provimento do recurso
os eminentes Ministros Celso de Mello e Edson Fachin. 1. A forma específica mediante a qual os funcionários
do estabelecimento vítima exerceram a vigilância direta sobre a conduta do paciente, acompanhando
ininterruptamente todo o iter criminis, tornou impossível a consumação do crime, dada a ineficácia absoluta
do meio empregado. Tanto isso é verdade que, no momento em que se dirigia para a área externada do
estabelecimento comercial sem efetuar o pagamento do produto escolhido, o paciente foi abordado na
posse do bem, sendo esse restituído à vítima. 2. De rigor, portanto, diante dessas circunstâncias, a incidência
do art. 17 do Código Penal, segundo o qual “não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. 3. Esse entendimento
não conduz, automaticamente, à atipicidade de toda e qualquer subtração em estabelecimento comercial
que tenha sido monitorada pelo corpo de seguranças ou pelo sistema de vigilância, sendo imprescindível,
para se chegar a essa conclusão, a análise individualizada das circunstâncias de cada caso concreto. 4.
Recurso provido para conceder a ordem de habeas corpus, reconhecendo-se a atipicidade da conduta
imputada ao paciente na Ação Penal 0000802-76.2016.8.24.0039, com fundamento no art. 17 do Código
Penal. 5. Com fundamento diverso, votaram pelo provimento do recurso os eminentes Ministros Celso de
Mello e Edson Fachin.

13 Erro: descriminantes putativas; erro determinado por terceiro; erro sobre a pessoa; erro sobre a ilicitude
do fato (erro de proibição).

ERRO DE TIPO

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Trata-se de uma falsa percepção da realidade, em que o agente não sabe o que faz. Possui previsão
expressa no art. 20 do Código Penal, podendo o erro recair sobre circunstâncias essenciais (erro
essencial) ou agregadas ao tipo penal (erro acidental).
ERRO DE Exclui o dolo, mas admite a responsabilidade a título de culpa,
EVITÁVEL
TIPO se prevista em lei.
ESSENCIAL INEVITÁVEL Exclui o dolo e a culpa.
Art. 20, CP: O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso,
ERRO SOBRE A as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa
PESSOA contra quem o agente queria praticar o crime. Ex. agente que
pretende ceifar a vida de A, mas termina por cometer o
homicídio contra seu irmão gêmeo, crendo ser A.
Agente projeta sua conduta sobre um objeto, mas na realidade
ERRO SOBRE O
incide sobre coisa diversa. Ex. Acredita que está furtando um
OBJETO
relógio de ouro, mas é uma bijuteria.
O engano é no tocante à causa do crime. O resultado buscado
pelo agente ocorreu em razão de um acontecimento diverso
ERRO SOBRE O daquele que ele inicialmente idealizou. Ex. A empurra B da
NEXO CAUSAL ou ponte para matá-lo afogado. B vem a falecer, mas não por
ABERRATIO CAUSAE asfixia derivada do afogamento, mas sim em decorrência do
traumatismo craniano, pois se chocou com uma pedra antes
de ter contato com a água.
ERRO DE Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
TIPO execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia
ACIDENTAL ERRO NA ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse
EXECUÇÃO ou praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no
ABERRATIO ICTUS § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida
a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do
art. 70 deste Código.
RESULTADO
Erro na execução com unidade complexa, com resultado
DIVERSO DO
duplo: é a situação descrita pelo art. 73, in fine, do Código
PRETENDIDO ou
Penal, na qual o sujeito, além de atingir a pessoa inicialmente
ABERRATIO
desejada, ofende também pessoa ou pessoas diversas.
CRIMINIS
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado
ERRO SOBRE A
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato
PESSOA
é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
ERRO SOBRE O Exemplo: Ciclano joga uma pedra na vidraça de seu rival, mas
OBJETO acaba atingindo pedestre que passava naquele momento. O

25 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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agente, em razão do erro, acaba por atingir bem jurídico
diverso.

ERRO DE PROIBIÇÃO
No erro de proibição o agente sabe exatamente o que está fazendo, mas desconhece a ilicitude do
fato. Não é que o agente ignore os termos da lei, até porque o art. 21, “caput”, do CP, considera que
“o desconhecimento da lei é inescusável”, não admitindo, portanto, a ignorantia legis. No erro de
proibição, o agente apesar de saber dos termos da lei, desconhece ou interpreta mal o seu conteúdo,
ou seja, não compreende com clareza seu caráter ilícito.
EVITÁVEL Causa de diminuição de pena de 1/6 até 1/3.
INEVITÁVEL Isenção de pena.

ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO


O agente sabe o que faz, mas pensa que sua
O agente não sabe o que faz.
conduta é lícita, quando, na verdade, é proibida.
É o erro incidente sobre os elementos objetivos
É o erro quanto à ilicitude da conduta
do tipo
Afasta a POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE,
Trata-se da má interpretação sobre os FATOS.
que é requisito da culpabilidade. Não há erro sobre
Recai sobre os requisitos ou elementos fático-
a situação de fato, já que essa está incontestável,
descritivos do tipo, como também sobre
mas não há a exata compreensão sobre os LIMITES
requisitos jurídico-normativos do tipo.
JURÍDICOS DA LICITUDE da conduta.
Exclui sempre o DOLO, se poderia ser evitado Exclui a CULPABILIDADE, se INEVITÁVEL ou
(inescusável), responde pela culpa, caso haja ESCUSÁVEL.
previsão da forma culposa do delito. Diminui a pena, se EVITÁVEL ou INESCUSÁVEL.
Exclui CRIME Exclui PENA
Exemplo: pessoa que levou o carro de outrem Exemplo: holandês que acreditou que no Brasil
achando que fosse o seu. poderia usar drogas sem que praticasse crime.

14 Concurso de crimes.

CONCURSO DA Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são


SISTEMA DO
PENA DE aplicadas distinta e integralmente.
CÚMULO
MULTA
MATERIAL:
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
Impõe ao juiz a
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
soma de todas CONCURSO
aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade
as penas dos MATERIAL
em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de
crimes
penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

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praticados pelo Art. 70. 2ª parte (concurso formal imperfeito ou impróprio). As
CONCURSO
réu. penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
FORMAL
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de
IMPRÓPRIO
desígnios autônomos.
Art. 70. 1ª parte (concurso formal próprio ou perfeito) Quando
CONCURSO o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
FORMAL mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das
PRÓPRIO penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade (...).
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
SISTEMA DA omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
EXASPERAÇÃO: condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
O juiz aplica semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
somente uma continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos
das penas, crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
aumentada de em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
CRIME
determinado Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas
CONTINUADO
percentual. diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de
um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até
o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e
do art. 75 deste Código.
#SELIGANAJURIS #AJUDAMARCINHO
Impossibilidade de aplicação concomitante da continuidade delitiva comum e específica.
Se reconhecida a continuidade delitiva específica entre estupros praticados contra vítimas diferentes, deve
ser aplicada exclusivamente a regra do art. 71, parágrafo único, do Código Penal, mesmo que, em relação
a cada uma das vítimas, especificamente, também tenha ocorrido a prática de crime continuado. STJ. 6ª
Turma. REsp 1471651-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/10/2015 (Info 573).
Não há continuidade entre o art. 6º da Lei 7.492/86 e o art. 1º da Lei 9.613/98
Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei nº 7.492/86 (Lei dos Crimes contra o Sistema
Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei nº 9.613/98 (Lei dos Crimes de "Lavagem" de Dinheiro).
Não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois os crimes descritos nos arts. 6º da Lei 7.492/86
e 1º da Lei 9.613/98 não são da mesma espécie. STJ. 6ª Turma. REsp 1405989/SP, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, Rel. p/ Acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/08/2015 (Info 569).
Aumento de pena no máximo pela continuidade delitiva em crime sexual
No caso de crime continuado, o art. 71 do CP prevê que o juiz deverá aplicar a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. O STJ entende
que, em regra, a escolha da quantidade de aumento de pena deve levar em consideração o número de

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infrações praticadas pelo agente com base na seguinte tabela: O critério para o aumento no crime
continuado é o número de crimes praticados: 2 crimes — aumenta 1/6 3 crimes — aumenta 1/5 4 crimes
— aumenta 1/4 5 crimes — aumenta 1/3 6 crimes — aumenta 1/2 7 ou mais — aumenta 2/3 Porém, nem
sempre será fácil trazer para os autos o número exato de crimes que foram praticados, especialmente
quando se trata de delitos sexuais. É o caso, por exemplo, de um padrasto que mora há meses ou anos
com a sua enteada e contra ela pratica constantemente estupro de vulnerável. Nessas hipóteses, mesmo
não havendo a informação do número exato de crimes que foram cometidos, o juiz poderá aumentar a
pena acima de 1/6 e, dependendo do período de tempo, até chegar ao patamar máximo. Assim,
constatando-se a ocorrência de diversos crimes sexuais durante longo período de tempo, é possível o
aumento da pena pela continuidade delitiva no patamar máximo de 2/3 (art. 71 do CP), ainda que sem a
quantificação exata do número de eventos criminosos. STJ. 5ª Turma. HC 311146-SP, Rel. Min. Newton
Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 17/3/2015 (Info 559).
Roubo praticado em ônibus contra o patrimônio de vários passageiros
O sujeito entra no ônibus e, com arma de fogo em punho, exige que oito passageiros entreguem seus
pertences (dois desses passageiros eram marido e mulher). O agente irá responder por oito roubos
majorados (art. 157, § 2º-A, I, do CP) em concurso formal (art. 70). Atenção: não se trata, portanto, de
crime único. Ocorre concurso formal quando o agente, mediante uma só ação, pratica crimes de roubo
contra vítimas diferentes, ainda que da mesma família, eis que caracterizada a violação a patrimônios
distintos. STJ. 5ª Turma. HC 207.543/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 17/04/2012. Nesse caso, o
concurso formal é próprio ou impróprio? Concurso formal PRÓPRIO. Praticado o crime de roubo
mediante uma só ação contra vítimas distintas, no mesmo contexto fático, resta configurado o concurso
formal próprio, e não a hipótese de crime único, visto que violados patrimônios distintos. STJ. 6ª Turma.
HC 197684/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 18/06/2012. STJ. 5ª Turma. HC 455.975/SP, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/08/2018.
Existe precedente do STJ reconhecendo continuidade entre o art. 168-A e o art. 337-A do CP
Em função da melhor hermenêutica, os crimes descritos nos arts. 168-A e 337-A, apesar de constarem
em títulos diferentes no Código Penal e serem, por isso, topograficamente díspares, refletem delitos que
guardam estreita relação entre si, portanto cabível o instituto da continuidade delitiva (art. 71 do CP). STJ.
REsp 1212911/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 20/03/2012.

15 Ilicitude.

CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE


GERAIS (Art. 23 do CP) ESPECÍFICAS SUPRALEGAIS
- Estado de Necessidade
- Legítima Defesa - Art. 128 do CP
-Consentimento do ofendido
- Estrito Cumprimento do Dever - Art. 37, Lei 9.605/98
- outras
Legal - outras
- Exercício Regular do Direito

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#CUIDADO: o consentimento do ofendido também pode atuar como excludente de tipicidade, quando
envolve bem jurídico indisponível e houver necessidade de dissenso da vítima para configurar o tipo
penal. Exemplo: estupro.

ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA


Conflito de vários bens jurídicos diante da
Ameaça ou ataque a um bem jurídico
mesma situação de perigo
Pressupõe: perigo atual + sem destinatário Pressupõe: agressão humana injusta + atual ou
certo. iminente + com destinatário certo.
Os interesses em conflito são legítimos. Os interesses do agressor são ilegítimos.
Conclusão: cabe estado de necessidade contra Conclusão: não cabe legítima defesa contra
estado de necessidade. legítima defesa.

#ATENÇÃO: Em relação ao estado de necessidade, o Código Penal adotou a teoria unitária, de modo
que sempre será uma causa de exclusão de ilicitude (estado de necessidade justificante). Na teoria
diferenciadora, é possível que o estado de necessidade configure exclusão de ilicitude (estado de
necessidade justificante: o bem protegido é de valor superior ao bem sacrificado) ou exclusão da
culpabilidade (estado de necessidade exculpante: o bem protegido é de igual ou menor valor que o bem
sacrificado). Atenção: o CPM adotou a teoria diferenciadora.

ESPÉCIES DE LEGÍTIMA DEFESA


LEGÍTIMA DEFESA AGRESSIVA OU ATIVA Pratica um fato previsto em lei
LEGÍTIMA DEFESA DEFENSIVA OU PASSIVA Apenas se defende, sem praticar fato típico.
Pressupondo agressão injusta, não é possível
LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA duas pessoas simultaneamente agirem uma
contra a outra em legítima defesa.
LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA É a reação contra o excesso do agredido
É descriminante putativa. Legítima defesa
LEGÍTIMA DEFESA CULPOSA putativa por erro de tipo evitável. Ex. Confunde
b com pessoa que pretendia matá-lo.
LEGÍTIMA DEFESA AUTÊNTICA OU REAL Afasta a ilicitude
Afasta a culpabilidade ou tipicidade, depende da
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA
teoria da culpabilidade adotada.
É o excesso por erro de tipo inevitável. Ex. Bate
LEGÍTIMA DEFESA SUBJETIVA OU EXCESSIVA em b (de alto porte) que desmaia. A não
percebe e continua agredindo. B morre.
Não é possível. A tipicidade gera presunção
LEGÍTIMA DEFESA PRESUMIDA relativa de ilicitude, de forma que o ônus de
provar a excludente é do acusado.

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LEGÍTIMA DEFESA REAL CONTRA LEGÍTIMA
A agressão é injusta.
DEFESA CULPOSA (PUTATIVA)
É possível também legítima defesa putativa de
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA RECÍPROCA legítima defesa putativa. Os dois imaginam que
vão ser agredidos pelo outros e atacam.

#OBS: Não é possível legítima defesa contra estado de necessidade ou outra excludente real (não pode
ser encarado como agressão injusta). Assim, se dois náufragos se agridem pelo colete salva-vidas, ocorre
estado de necessidade x estado de necessidade, pois nenhuma das agressões é injusta.
#ATENÇÃO: A legítima defesa pode ser invocada diante de agressão perpetrada por inimputável? SIM.
A legítima defesa, enquanto excludente da ilicitude, segundo substrato do conceito analítico de crime,
deve ser aferida objetivamente, de forma que a injustiça da agressão independe da capacidade de
entendimento e autodeterminação do indivíduo, pois a inimputabilidade constitui elemento da
culpabilidade. No entanto, o agente deve ter maior cautela ao reprimir a agressão injusta no inimputável,
se tinha consciência desse fato. Deve fugir ao combate, se possível.

16 Culpabilidade.

CULPABILIDADE
Consiste no juízo de reprovação do agente por ter praticado um fato
típico e antijurídico, quando podia entender o caráter ilícito do fato e agir
CONCEITO conforme o direito.
#ATENÇÃO Para os adeptos do conceito bipartido de crime, é
pressuposto de pena.
TEORIA PSICOLÓGICA DA CULPABILIDADE: é o vínculo psicológico entre
autor do fato e um resultado típico e ilícito, ou seja, uma mera imputação
(cunho subjetivo: análise do dolo e culpa). É formada pela imputabilidade
e dolo normativo/culpa.
TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA DA CULPABILIDADE: A
culpabilidade é vista como um juízo de valor que necessita de uma
avaliação simultânea do vínculo psicológico do autor (dolo ou culpa) e da
TEORIAS reprovação social, o que a torna psicológico-normativa. O novo elemento
da culpabilidade é de natureza normativa (exigibilidade de conduta
diversa). É formada pela imputabilidade, dolo normativo/culpa e
inexigibilidade de conduta diversa.
TEORIA Teoria normativa extremada, estrita ou normativa
NORMATIVA pura da culpabilidade: para essa vertente, todas as
PURA DA discriminantes putativas configuram erro de
CULPABILIDADE: proibição indireto.

30 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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A culpabilidade
deixa de analisar
elementos
subjetivos,
tornando-se
exclusivamente
Teoria normativa limitada: o erro sobre as hipóteses
normativa,
(existência) e os limites das discriminantes putativas
formada pela
(causas de exclusão da ilicitude) configuram erro de
inimputabilidade,
proibição indireto, ao passo que o erro relacionado
inexigibilidade de
aos pressupostos fáticos que autorizam a
conduta diversa e
discriminante putativa (causas de exclusão da
potencial
ilicitude), caracteriza-se como erro de tipo indireto ou
consciência de
permissivo. Adotada pelo CP
ilicitude. É o
exercício
inadequado do
livre-arbítrio. Foi
a teoria adotada
pelo CP.
Doença mental ou
desenvolvimento mental
CAUSAS DE incompleto/retardado
IMPUTABILIDADE
INIMPUTABILIDADE Menoridade
Embriaguez completa e
acidental
POTENCIAL
CAUSA DE
CONSCIÊNCIA Erro de proibição inevitável
ELEMENTOS EXCLUSÃO
DA ILICITUDE
Coação moral irresistível
#NÃOCONFUNDA: A coação
EXIGIBILIDADE física irresistível leva à exclusão
CAUSA DE
DE CONDUTA da conduta e,
EXCLUSÃO
DIVERSA consequentemente, ao fato
atípico.
Obediência hierárquica
Para Zaffaroni, existe uma parcela de culpa da sociedade, que contribui
para a prática do delito. Assim, a depender do grau de exclusão social,
parcela da doutrina defende a aplicação da coculpabilidade como
COCULPABILIDADE
atenuante genérica inominada (art. 66 do CP).
#ATENÇÃO COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS - É dividida em duas
perspectivas:

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1ª) É o abrandamento da aplicação da pena nos crimes praticados por
pessoas de alto poder socioeconômico, como é o caso da extinção da
punibilidade pelo pagamento da dívida nos crimes contra a ordem
tributária, previstos na Lei 8.137/1990, quando na verdade, essas mesmas
pessoas deveriam sofrer um maior rigor na aplicação da pena, porquanto
tiveram maiores oportunidades perante a sociedade.
2ª). É a criação pelo Estado de leis que incriminem as condutas passíveis
de estarem sujeitas somente as pessoas de menor capacidade
socioeconômica, como é caso da vadiagem e mendicância.

#SELIGANOTERMO – TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA: Essa teoria surgiu na Itália e foi criada para
solucionar os crimes cometidos em estado de embriaguez preordenada. No momento do crime o sujeito
está inconsciente. A teoria antecipa o momento da análise da imputabilidade. A imputabilidade não será
analisada no momento em que o crime foi praticado. Nesse momento ele estava inconsciente. É
antecipada para o momento anterior àquele em que o agente livremente se colocou no estado de
embriaguez. Para a embriaguez preordenada essa teoria é perfeita, pois no momento anterior já existia
o dolo - o fundamento é a causalidade mediata. Antes de começar a beber já havia o dolo de cometer
crime. O art. 28, II CP acolheu essa teoria também para a embriaguez voluntária e culposa. No momento
anterior, antes de beber, já existia o dolo? Não. Por esse motivo, a doutrina critica a aplicação desta teoria
à esta hipótese, alegando que é um resquício da responsabilidade penal objetiva.
#OLHAOGANCHO O art. 45 da Lei de Drogas de fato traz uma causa especial de exclusão da
culpabilidade, que ocorre em razão da dependência. Essa excludente, não incide apenas no delito de
portar ou trazer consigo drogas, mas sim sobre qualquer infração penal praticada.
#ATENÇÃO: CAUSAS SUPRALEGAIS DE INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: cláusula de
consciência, desobediência civil, conflito de deveres, excesso intensivo exculpante (legítima defesa
excessiva), legítima defesa preordenada diante de uma ameaça factível, estado de necessidade
exculpante (não é adota no ordenamento pátrio).

17 Concurso de pessoas.
➢ Tratamento Legislativo:
As regras inerentes ao concurso de pessoas estão disciplinadas pelos artigos 29 a 31 do Código
Penal.
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Circunstâncias incomunicáveis

32 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime.
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração empreendida por duas ou mais
pessoas para a realização de um crime ou de uma contravenção penal, dependendo da existência de
cinco requisitos para sua configuração: pluralidade de agentes culpáveis, relevância causal das condutas
para a produção do resultado, vínculo subjetivo, unidade de infração penal para todo os agentes e
existência de fato punível.
a) Pluralidade de Agentes Culpáveis: As condutas devem ser praticadas por pelo menos duas
pessoas, e, consequentemente, de ao menos duas condutas penalmente relevantes. Essas condutas
podem ser principais, no caso da coautoria, ou então uma principal e outra acessória, praticadas pelo
autor e pelo partícipe, respectivamente. Os coautores ou partícipes, entretanto, devem ser culpáveis, ou
seja, dotados de culpabilidade.
b) Relevância Causal das Condutas para a Produção do Resultado: Concorrer para a infração
penal importa dizer que cada uma das pessoas deve fazer algo para que a empreitada tenha vida no
âmbito da realidade. O caput do art. 29 fala em de qualquer modo, expressão que deve ser compreendida
como uma contribuição pessoal, física ou moral, direta ou indireta, comissiva ou omissiva, anterior ou
simultânea à execução, devendo a conduta individual influir diretamente na produção do resultado.
c) Vínculo Subjetivo: Também denominado de concurso de vontades, impõe que todos os
agentes estejam ligados entre si por um vínculo de ordem subjetiva, um nexo psicológico, pois caso
contrário não haverá um crime praticado com concurso, mas vários crimes simultâneos, caracterizand0o
a autoria colateral. Os agentes devem revelar vontade homogênea, visando a produção do mesmo
resultado, é o denominado princípio da convergência, o que impede a contribuição dolosa para um crime
culposo, nem a concorrência culposa para um delito doloso. Por fim, cumpre salientar que o vínculo
subjetivo não exige ajuste prévio, muito menos estabilidade da união, sendo suficiente a atuação
consciente do partícipe no sentido de contribuir para a conduta do autor, ainda que este desconheça a
colaboração.
d) Unidade de Infração Penal: Para a caracterização do concurso de pessoas, adotou-se,
como regra, a teoria unitária, monística ou monista, segunda a qual, quem concorre para um crime, por
ele responde, sujeitando-se todos os coautores e partícipes a um único tipo penal.
e) Existência de Fato Punível: O concurso d pessoas depende da punibilidade de um crime, a
qual requer, em seu limite mínimo, o início da execução, constituindo o princípio da exterioridade. Neste
sentido, conforme expresso no art. 31 do Código Penal, o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
➢ Teorias sobre a Autoria:
Existem diversas teorias que buscam fornecer o conceito de autor, cumprindo trazer as mais
importantes e com maior chance de cobrança em nossa prova.
a) Teoria Subjetiva ou Unitária: Não diferencia o autor do partícipe. Autor é aquele que de
qualquer modo contribuir para a produção de um resultado penalmente relevante. Seu fundamento

33 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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deriva da teoria da equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua non, pois qualquer colaboração
para o resultado, independente do seu grau, a ele deu causa.
b) Teoria Extensiva: Também com fundamento da teoria da equivalência dos antecedentes,
não distingue o autor do partícipe, todavia, ao admitir causas de diminuição da pena para estabelecer
diversos graus de autoria, é mais suave em relação à teoria anterior. Aparece nesse âmbito a figura do
cúmplice, ou seja, o autor que concorre de modo menos importante para o resultado.
c) Teoria Objetiva ou Dualista: Opera nítida distinção entre autor e partícipe, tendo sido a
teoria adotada pela lei 7.209/84 – Reforma da parte Geral do Código Penal, sendo subdividida em outras
03 (três) teorias:
Teoria objetivo-formal: Autor é quem realiza o núcleo (verbo) do tipo penal, ou seja, a conduta
criminosa descrita pelo preceito primário da norma incriminadora. Por sua vez, partícipe é quem de
qualquer modo concorre para o crime, sem praticar o núcleo do tipo. A atuação do partícipe seria impune
se não existisse a norma de extensão pessoal prevista no caput do art. 29 do Código Penal, ou seja, a
adequação típica, na participação, é de subordinação mediata.
É a teoria adotada pelo Código Penal, devendo, entretanto, ser complementada pela teoria da
autoria mediata.
Teoria do Domínio do Fato: Foi criada na Alemanha, em 1939, por Hans Welzel, com a finalidade
de ampliar o conceito de autor. Por força dessa teoria, pode também ser considerado autor aquele que,
mesmo não realizando o núcleo do tipo, domina finalisticamente todo o seu desenrolar. Welzel dizia que
autor é o senhor do fato.
Em outras palavras, autor é quem executa uma tarefa essencial para a ocorrência do delito. Se
deixar de praticar sua conduta, o delito não acontece da forma planejada. É quem controla
finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de execução, seu início, cessação e demais
condições.
Já o partícipe é quem executa tarefa não essencial (secundária, acessória). Será aquele que,
embora colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação.
Podemos afirmar que tem o controle final do fato:
a) Aquele que por sua vontade executa o núcleo do tipo (autor propriamente dito).
b) Aquele que planeja o crime para ser executado por outras pessoas (autor intelectual).
c) Aquele que se vale de um não culpável ou de pessoa que age sem dolo ou culpa para executar
o tipo (autor mediato).
Embora a teoria objetivo-formal seja adotada pelo Código Penal, a doutrina moderna tem
trabalhado com a teoria do domínio do fato, como no caso de crimes tributários, onde é comum o
Ministério Público invocar a aplicação desta teoria para pedir a condenação do sócio, pois na maioria dos
casos, quem pratica a conduta de suprimir ou reduzir tributo é o empregado, gerente ou contador da
pessoa jurídica.
Contudo, os Tribunais Superiores têm advertido que a teoria do domínio do fato não permite que
a mera posição de um agente na escala hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta,
fixando, então, certos limites a sua aplicação.

#DEOLHONAJURIS

34 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Não há óbice para que a denúncia invoque a teoria do domínio do fato para dar suporte à imputação
penal, sendo necessário, contudo, que, além disso, ela aponte indícios convergentes no sentido de que
o Presidente da empresa não só teve conhecimento do crime de evasão de divisas, como dirigiu
finalisticamente a atuação dos demais acusados.
Assim, não basta que o acusado se encontre em posição hierarquicamente superior. Isso porque o
próprio estatuto da empresa prevê que haja divisão de responsabilidades e, em grandes corporações,
empresas ou bancos há controles e auditorias exatamente porque nem mesmo os sócios têm como saber
tudo o que se passa.
STF. 2ª Turma. HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/12/2016 (Info 850).
O diretor-geral da empresa de telefonia Vivo foi denunciado pelo fato de que na filial que funciona no
Estado de Pernambuco teriam sido inseridos elementos inexatos em livros fiscais.
Diante disso, o Ministério Público denunciou o referido diretor pela prática de crime contra a ordem
tributária (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90).
A denúncia aponta que, na condição de diretor da empresa, o acusado teria domínio do fato, o poder
de determinar, de decidir, e de fazer com que seus empregados contratados executassem o ato, sendo
responsável pelo delito.
O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não se pode invocar a teoria do domínio
do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova, citando de forma genérica o diretor estatutário
da empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria sido supostamente praticado na filial de um Estado-
membro onde ele nem trabalha de forma fixa.
Em matéria de crimes societários, a denúncia deve apresentar, suficiente e adequadamente, a conduta
atribuível a cada um dos agentes, de modo a possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos
denunciados na estrutura jurídico-administrativa da empresa. Não se pode fazer uma acusação baseada
apenas no cargo ocupado pelo réu na empresa.
STF. 2ª Turma. HC 136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

#ATENÇÃO: A teoria do domínio do fato tem aplicação apenas aos crimes dolosos e comissivos.
#ATENÇÃO: É preciso destacar que no julgamento da Ação Penal 470 – Caso Mensalão – alguns ministros
do STF adotaram a teoria do domínio do fato, que posteriormente ganhou força com a edição da Lei
12.850/13 – Lei do Crime Organizado, em especial no art. 2°, § 3°, que traz a previsão de que a pena é
agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não
pratique pessoalmente atos de execução.
➢ Circunstâncias Incomunicáveis:
Circunstâncias incomunicáveis são as que não se estendem, isto é, não se transmitem aos
coautores ou partícipes de uma infração penal, pois se referem exclusivamente a determinado agente,
incidindo apenas em relação a ele.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

35 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
A compreensão deste dispositivo depende, inicialmente, da diferenciação entre elementares e
circunstâncias.
Elementares são os dados fundamentais de uma conduta criminosa. São os fatores que integram
a definição básica de uma infração penal. No homicídio simples, por exemplo, as elementares são matar
e alguém.
Circunstâncias, por sua vez, são os fatores que se agregam ao tipo fundamental, para o fim de
aumentar ou diminuir a pena. No caso acima usado como exemplo, o homicídio, são circunstâncias o
relevante valor moral, o motivo torpe, o motivo fútil, dentre outras.
Existe ainda a classificação em elementar ou circunstância de caráter pessoal ou subjetivo, que nos
moldes do art. 30 do Código Penal, não se comunicam, que são as que se relacionam à pessoa do agente,
e não ao fato por ele praticado. Em sentido oposto, existe a elementar ou circunstância de caráter real
ou objetiva, que dizem respeito ao fato, à infração penal cometida, e não ao agente. Por fim, deve-se
distinguir as condições de caráter pessoal, aquelas qualidades, os aspectos subjetivos inerentes a
determinado indivíduo, que o acompanham em qualquer situação, independente da prática de uma
infração penal, como a reincidência, por exemplo.
18 Penas: espécies de penas; cominação das penas; aplicação da pena; suspensão condicional da pena;
livramento condicional; efeitos da condenação; reabilitação; execução das penas em espécie e incidentes
de execução; limites das penas. 19 Medidas de segurança: execução das medidas de segurança.

INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
é a cominação da pena. Ocorre com a criação
Individualização da pena legislativa ou abstrata:
do tipo penal.
é aquela efetuada pelo magistrado mediante a
Individualização da pena judicial ou concreta: dosimetria da pena.

Individualização da pena administrativa ou


É a que ocorre no cumprimento da pena.
executória:

DOSIMETRIA DA PENA – SISTEMA TRIFÁSICO


Circunstâncias judiciais do art. O juiz não pode elevar a pena
1ª FASE
59 do CP: fixação da pena-base acima do máximo previsto no
tipo penal, nem diminuí-la
2ª FASE Atenuantes e agravantes
abaixo do mínimo legal.
O juiz pode elevar ou diminuir
Causas de aumento e
3ª FASE a pena além dos limites revistos
diminuição de pena
no tipo penal.
Determinação do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade.
Análise sobre a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou multa.
Não sendo cabível a substituição, análise sobre a concessão ou não da suspensão condicional da
pena (sursis), se presentes os requisitos legais.

36 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#OLHAOGANCHO: em relação aos maus antecedentes, o STJ adota o sistema da perpetuidade,
enquanto que o STF adota o princípio da temporariedade (#OLHAOTERMO “direito ao esquecimento na
seara penal” – Gilmar Mendes). Assim, para o STJ, após o período depurador de cinco anos a reincidência
passa a ser considerada como maus antecedentes, ao passo que para o STF não poderá mais ser
considerada.

REGIMES
Não reincidente, com pena igual ou inferior a 4 anos. Casa de albergado ou outro
ABERTO
estabelecimento adequado.
Não reincidente, com pena superior a 4 anos e não excedente a 8anos. Colônia
SEMIABERTO
agrícola, industrial ou em estabelecimento similar.
Pena superior a 8 anos.
FECHADO Estabelecimento de segurança máxima (presídios) ou média (centro de
ressocialização).

SUBSTITUIÇÃO POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS – REQUISITOS


Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa;
Aplicada pena privativa de liberdade com qualquer pena, se o crime for culposo;
O réu não for reincidente em crime doloso (salvo se a medida for recomendável e não ocorra
reincidência específica);
Circunstâncias judiciais favoráveis.
#SELIGANASSUMULAS
Súmula 718 do STF: a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Súmula 719 do STF: a imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea.
Súmula 440 do STJ: fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito.
O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8 anos, tem o direito de
cumprir a pena corporal em regime semiaberto (art. 33, § 2°, b, do CP), caso as circunstâncias judiciais
do art. 59 lhe forem favoráveis. A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para
justificar a fixação do regime mais gravoso (Info 859 - STF).
-Súmula 241-STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.
Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a
pena-base.

37 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Súmula 231-STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo
do mínimo legal.
Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu
fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.

#OLHAOGANCHO: a confissão espontânea, parcial, qualificada ou retratada, todas elas, podem ser
utilizadas pelo juiz, em conjunto com as demais provas, para condenar o réu. Para o STJ, é irrelevante se
a confissão é total ou parcial, condicionada ou restrita, com ou sem retratação posterior. Basta que ela
tenha sido levada em consideração pelo magistrado para proferir a condenação. Essa é a conclusão da
Súmula 545/STJ.

Súmula 269 STJ: É admissível a adoção do regime prisional SEMIABERTO aos REINCIDENTES condenados
a PENA IGUAL ou inferior a quatro anos SE FAVORÁVEIS AS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
#DEOLHONAJURIS
DOSIMETRIA DA PENA. Determinado réu foi condenado por furto qualificado por rompimento de
obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP). O STF considerou incorreta a sentença do juiz que, na 1ª fase da
dosimetria da pena, aumentou a pena-base com fundamento em três argumentos: a) Culpabilidade. O
magistrado afirmou que era patente a culpabilidade do réu considerando que ele tinha plena consciência
da ilicitude de seu ato. O juiz confundiu os conceitos. Para fins de dosimetria da pena, culpabilidade
consiste na reprovação social que o crime e o autor do fato merecem. Essa culpabilidade de que trata o
art. 59 do CP não tem nada a ver com a culpabilidade como requisito do crime (imputabilidade, potencial
consciência da ilicitude do fato e inexigibilidade de conduta diversa). b) Antecedentes. O juiz aumentou
a pena pelo fato de o agente já responder a quatro outros processos criminais. A jurisprudência entende
que, em face do princípio da presunção de não culpabilidade, os inquéritos policiais e ações penais em
curso não podem ser considerados maus antecedentes (Súmula 444-STJ e STF RE 591054/SC). c)
Circunstâncias do crime. O julgador considerou que as circunstâncias do crime eram negativas porque o
crime foi praticado com rompimento de obstáculo à subtração da coisa. Aqui, o erro do magistrado foi
utilizar como circunstância judicial (1ª fase da dosimetria) um elemento que ele já considerou como
qualificadora (inciso I do § 4º do art. 155). Houve, portanto, bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato).
STF. 2ª Turma. HC 122940/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2016 (Info 851).

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA


a) qualidade da pena (art. 77, caput): pena privativa de liberdade (reclusão,
detenção ou prisão simples);
b) quantidade da pena: pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos
REQUISITOS (art. 77, caput).
OBJETIVOS Exceção: pena não superior a 4 (quatro) anos, no caso de ser o condenado maior
de setenta anos de idade (sursis etário), ou por razões de saúde (sursis humanitário)
que justifiquem a suspensão (art. 77, § 2°).
No caso de concurso de crimes considera-se a soma das penas.

38 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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REQUISITO
não ser o réu reincidente em crime doloso, salvo se na condenação anterior foi
SUBJETIVO:
aplicada somente a pena de multa (art. 77, I, e § 1°)
a) sursis simples: no primeiro ano, o condenado presta serviços à comunidade ou
submete-se à limitação de fim de semana. Aplica-se aos casos em que o
condenado não reparou o dano injustificadamente ou quando as circunstâncias do
art. 59 do CP não são favoráveis.
b) sursis especial (art. 78, § 2°, do CP): o condenado não precisa prestar serviços à
comunidade e não se submete à limitação de fim de semana no primeiro ano do
período de prova. Aplica-se aos casos em que o condenado reparou o dano, salvo
justificativa, e desde que as circunstâncias do art. 59 do CP sejam favoráveis.
c) sursis etário (art. 77, § 2º): a execução da pena privativa de liberdade, não
ESPÉCIES:
superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o
condenado seja maior de setenta anos de idade (...).
d) sursis humanitário (art. 77, § 2°, segunda parte): a execução da pena privativa de
liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos,
desde que (...) razões de saúde justifiquem a suspensão.
#ATENÇÃO importante observar que o sursis etário aplica-se ao maior de 70 anos
condenado a pena que seja superior a dois e não exceda a quatro anos de prisão.
Se a sua condenação não for superior a dois anos, o prazo do período de prova
será o comum (2 a 4 anos).
pode ocorrer que o réu obtenha dois sursis ao mesmo tempo. Exemplo: durante o
SURSIS
período de prova o réu é condenado por crime culposo ou contravenção não
SIMULTÂNEOS:
sendo revogado o sursis anterior (hipótese de revogação facultativa).
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
REVOGAÇÃO
motivo justificado, a reparação do dano;
OBRIGATÓRIA:
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código (PSC ou Limitação de
FDS).
A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra
REVOGAÇÃO
condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por
FACULTATIVA:
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.

LIVRAMENTO CONDICIONAL
Forma de liberdade antecipada para crimes em que a pena privativa de liberdade
CONCEITO:
seja igual ou superior a dois anos.
1/3: Crimes comuns – primário
1/2: Crimes comuns – reincidente
REQUISITOS
2/3: Crimes hediondos – primário
OBJETIVOS:
Não se admite para o reincidente em crime hediondo.
Tenha reparado o dano, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo.

39 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto.
REQUISITOS
#ATENÇÃO Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
SUBJETIVOS
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará
a delinquir.
#DEOLHONASÚMULA
SÚMULA 715 DO STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios,
como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
EFEITOS
Pena e medida de segurança
PRINCIPAIS
Penais (reincidência e seus efeitos na concessão de benefícios);
Extrapenais automáticos: perda de bens/instrumentos e obrigação de indenizar;
EFEITOS
Extrapenais não automáticos: perda do cargo (salvo no crime de tortura, em que o
SECUNDÁRIOS
efeito é automático - art. 1, § 5° da lei 9.455/97), do poder familiar, inabilitação para
dirigir.

#IMPORTANTE PERDA DO CARGO:


a) pena privativa de liberdade igual ou superior a 1 ano, desde que o crime tenha sido cometido com
abuso do poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
b) pena privativa de liberdade superior a 4 anos: demais casos.
#DEOLHONAJURIS
REGRA: a pena de perdimento deve ser restrita ao cargo público ocupado ou função pública exercida
no momento da prática do delito. EXCEÇÃO: se o juiz, motivadamente, considerar que o novo cargo
guarda correlação com as atribuições do anterior, ou seja, daquele que o réu ocupava no momento do
crime, neste caso mostra-se devida a perda da nova função como uma forma de anular (evitar) a
possibilidade de que o agente pratique novamente delitos da mesma natureza (Info 599 - STJ)
Não pode ser interpretado extensivamente com o intuito de permitir a cassação da aposentadoria,
ainda que a aposentadoria ocorra no curso da ação Penal, ou seja, antes da condenação. O rol do art.
92 do CP é taxativo, consoante o STJ. (INFO 552, STJ).
#OLHAOSUPERGANCHO: Vamos analisar os efeitos da condenação em algumas legislações
extravagantes que poderão cair na prova:
SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS: um dos efeitos da condenação, automático, é a suspensão dos
direitos políticos (at. 15, III, CF).
#DEOLHONASÚMULA:

40 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
SÚMULA 9 DO TSE: A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em
julgado e cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova
de reparação dos danos;
LEI DE FALÊNCIA: o art. 181, da Lei nº 11.101/05 estabelece como efeitos da condenação: a inabilitação
para o exercício de atividade empresarial (inciso I), o impedimento para o exercício de cargo ou função
em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei (inciso II) e a
impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio (inciso III). Tais efeitos não são
automáticos, devendo ser declarados na sentença (art. 181, §1º); (#OLHAOGANCHO Com o edital de
empresarial)
LEI DE TORTURA: a condenação pela prática de crime de tortura, se praticado por funcionário público,
acarretará a perda do cargo, função ou emprego público, bem como a interdição para seu exercício pelo
dobro do prazo da pena aplicada (art. 1º, §5º, Lei nº 9.455/97). Trata-se de efeito automático, segundo
o STJ (REsp 1.044.866/MG);
LEI DE DROGAS: no caso de crime de tráfico de drogas envolvendo funcionário púbico, o art. 56, §1º, da
Lei nº11.343/06 permite ao juiz promover o afastamento cautelar do servidor, comunicando ao órgão
respectivo. Em caso de condenação, a perda do cargo ou função pública seguirá a regra do art. 92, CP;
CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITOS DE RAÇA E DE COR: o art. 16, da Lei nº 7.716/89 estabelece
como efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público envolvido na
empreitada criminosa. Trata-se de efeito não automático devendo ser expressamente declarado na
sentença (art. 18);
CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS: o art. 7º, da Lei nº 9.613/98 traz os efeitos da condenação, além dos
previstos no CP: I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de competência da Justiça
Estadual -, de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes
previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado ou de
terceiro de boa-fé; II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de
diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no art.
9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
INIMPUTÁVEIS: Recebem uma sentença absolutória imprópria para cumprir medida de segurança.
a) internação (penas de reclusão);
ESPÉCIES:
b) tratamento ambulatorial (penas de detenção).
DURAÇÃO
Prazo mínimo de 1 a 3 anos.
MÍNIMA:
Há divergência:
DURAÇÃO STJ: SÚMULA 527 DO STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve
MÁXIMA: ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado
STF: 30 anos
adota-se o sistema vicariante ou unitário (ou aplica uma pena reduzida ou uma
SEMI-
medida de segurança), que se contrapõe ao sistema do duplo binário (em que era
IMPUTÁVEIS:
possível a aplicação de ambos.

41 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#ATENÇÃO A Lei da Reforma psiquiátrica propõe uma superação desse paradigma de
internação/tratamento ambulatorial com base na espécie de pena! Há doutrina que defende que o
tratamento da Medida de Segurança pelo CP fora revogado pela referida lei, mas fique atento ao texto
legal para as questões.

21 Punibilidade e causas de extinção. 22 Prescrição.

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE


Morte do agente
Anistia
Graça
Indulto
Abolitio criminis
Prescrição
Decadência
Perempção
Renúncia
Perdão do Ofendido
Retratação
Perdão Judicial

AÇÕES PENAIS PRIVADAS E CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:


É A perda do direito de ação penal ou de representação em razão de seu não
DECADÊNCIA exercício no prazo legal.
Prazo legal: Em regra, 6 meses a contar do conhecimento da autoria do fato.
RENÚNCIA AO É o ato unilateral (não depende de aceitação) e voluntário por meio do qual a
DIREITO DE pessoa legitimada ao exercício da ação penal privada abdica do seu direito de
QUEIXA queixa, antes do início do processo.
É o ato bilateral (demanda aceitação) por meio do qual, no curso do processo
PERDÃO DO
penal, o querelante resolve não prosseguir com a demanda, perdoando o
OFENDIDO
acusado.
É a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em virtude
da negligência do querelante, com a consequente extinção da punibilidade.
Hipóteses (art. 60 do CPP):
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
PEREMPÇÃO processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;

42 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.
#AJUDAMARCINHO #NÃOCONFUNDA
GRAÇA INDULTO
ANISTIA
(Indulto individual) (Indulto coletivo)
Concedidos por Decreto do Presidente da
É um benefício concedido pelo Congresso
República. Apagam o efeito executório da
Nacional, com a sanção do Presidente da
condenação.
República (art. 48, VIII, CF/88) por meio do qual
A atribuição para conceder pode ser delegada
se “perdoa” a prática de um fato criminoso.
ao(s):
Normalmente incide sobre crimes políticos, mas
• Procurador Geral da República
também pode abranger outras espécies de
• Advogado Geral da União
delito.
• Ministros de Estado
É concedida por meio de uma lei federal
Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.
Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais
benefícios só podem ser concedidos após o
trânsito em julgado da condenação. Esse
Pode ser concedida: entendimento, no entanto, está cada dia mais
• antes do trânsito em julgado (anistia própria) superado, considerando que o indulto natalino,
• depois do trânsito em julgado (anistia por exemplo, permite que seja concedido o
imprópria) benefício desde que tenha havido o trânsito em
julgado para a acusação ou quando o MP
recorreu, mas não para agravar a pena imposta
(art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
Extingue os efeitos penais (principais e
Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
secundários) do crime.
Os efeitos penais secundários e os efeitos de
Os efeitos de natureza civil permanecem
natureza civil permanecem íntegros.
íntegros.
O réu condenado que foi anistiado, se cometer O réu condenado que foi beneficiado por graça
novo crime não será reincidente. ou indulto se cometer novo crime será reincidente.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA


Perda do direito de executar a punição já
Perda do direito de punir.
imposta.
Ocorre antes do trânsito em julgado. Ocorre após o trânsito em julgado.

43 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Impede qualquer efeito de eventual condenação Impede somente a execução da pena (os demais
(penais ou extrapenais). efeitos penais e extrapenais permanecem).
Exemplo: impede a execução da pena, mas não
impede a reincidência.
Divide-se em quatro espécies:
a) Em abstrato (P.P.P.A) – art. 109, CP;
b) Retroativa (P.P.P.R) – art. 110, §1º, CP;
c) Superveniente (P.P.P.S) – art. 110, §1º, CP; Única forma.
d) Virtual ou antecipada ou em perspectiva
(P.P.P.V) – não tem previsão legal, sendo
rechaçada pelos Tribunais Superiores.
ESPÉCIES DE PPP
ENQUANTO NÃO TRANSITAR
Prescrição em abstrato
EM JULGADO A SENTENÇA
Pena em abstrato
(ART. 109, CP)
Conta-se da publicação da sentença
Prescrição
APÓS O TRÂNSITO EM condenatória para trás e pressupõe trânsito em
retroativa
JULGADO DA SENTENÇA julgado para a acusação.
(ART. 110, CP) Conta-se da publicação da sentença
Prescrição
Pena em concreto condenatória para frente e pressupõe trânsito
superveniente
em julgado para a acusação.
CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO: art. 117, CP.
a) Recebimento da Denúncia ou Queixa: se a denúncia for recebida por juiz de 1º grau,
interrompe-se com a publicação do despacho que a recebeu. Se for recebida por Tribunal, aí se conta
da sessão do julgamento do recurso (Súmula 709, STF). Se proferida por juiz incompetente, não tem o
condão de interromper.
#DEOLHONASÚMULA
SÚMULA 709, STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra
a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
#FOCANAJURISPRUDÊNCIA:
O recebimento da denúncia por magistrado absolutamente incompetente não interrompe a
prescrição penal, uma vez que o referido ato processual é NULO, não passível de convalidação (CP, art.
117, I) - INFO 626, STF.
Tratando-se de incompetência relativa, o exame da prescrição da pretensão punitiva deve
considerar o recebimento da denúncia realizado pelo Juízo incompetente, e não a convalidação posterior
do Juízo que detém competência territorial, uma vez que este último ato possui natureza declarativa,
prestando-se unicamente a confirmar a validade do primeiro. Em outros termos: pelo princípio da
convalidação, o recebimento da denúncia por parte de Juízo territorialmente incompetente tem o condão

44 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
de interromper o prazo prescricional (STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS RHC 40514 MG
2013/0294693-6 (STJ), 2014).

b) Pronúncia: conta-se da publicação da sentença de pronúncia. Se o juiz de 1º grau impronunciou


e a acusação recorreu, conta-se da sessão do julgamento que pronunciou o agente.
#DEOLHONASÚMULA:
SÚMULA 191 DO STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha
a desclassificar o crime.
c) Decisão confirmatória da pronúncia: houve recurso e o Tribunal confirmou os termos da
pronúncia. Conta-se da sessão de julgamento.
d) Publicação da Sentença ou Acórdão Condenatório Recorrível: no caso da sentença, conta-se
da publicação da sentença condenatória e no caso de acórdão conta da sessão de julgamento (e não da
data da veiculação no DO ou outro meio de comunicação congênere).
#ATENÇÃO: O acórdão só é condenatório se a sentença for absolutória. Se o acórdão confirma a
condenação ou altera a pena, não interrompe a prescrição.
CAUSAS SUSPENSIVAS DA PRESCRIÇÃO:
• Questões prejudiciais: do art. 92 e ss., CPP;
• Suspensão do processo parlamentar: art. 53, § 3º a 5º, CF;
• Suspensão condicional da pena: art. 77, CP (STJ);
• Suspensão condicional do processo: art. 88, § 6º, Lei 9.099/95;
• Réu revel citado por edital: art. 366, CPP.
REDUÇÃO PELA METADE DA PPP: a) menos de 21 anos, ao tempo do crime; b) maior de 70
anos, ao tempo da sentença.
#DEOLHONAJURIS:
Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário que, no
momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a idade após a
sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes do julgamento de apelação
interposta contra a sentença. Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será beneficiado
pela redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a "sentença" (sentença ou
acórdão condenatório): isso ocorre quando o condenado opõe embargos de declaração contra a
sentença/acórdão condenatórios e esses embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo prescricional
será reduzido pela metade se o réu completar 70 anos até a data do julgamento dos embargos. Nesse
sentido: STF. Plenário. AP 516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado
em 5/12/2013 (Info 731). STF. 2ª Turma. HC 129696/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info
822).
No caso de crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, havendo sentença condenatória para
um dos crimes e acórdão condenatório para o outro delito, tem-se que a prescrição da pretensão punitiva

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de ambos é interrompida a cada provimento jurisdicional (art. 117, § 1º, do CP). STJ. 5ª Turma. RHC 40177-
PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/8/2015 (Info 568).
#SÚMULAS
STJ:
Súmula 191 - A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a
desclassificar o crime.
Súmula 220 - A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva.
Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.
Súmula 338 - A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.
Súmula 438 - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
STF:
Súmula Nº 497: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na
sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
Súmula nº 592: Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no
código penal.

23 Crimes contra a pessoa.


HOMICÍDIO (ART. 121, CP):
HOMICÍDIO Em regra, não é crime hediondo, salvo quando praticado em atividade de grupo
SIMPLES de extermínio, ainda que por só um agente (art. 1º, I, 1ª parte, Lei nº 8.072/90).
O homicídio é privilegiado quando o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima. Nesse caso, o juiz pode reduzir a pena de
um sexto a um terço. As hipóteses legais do privilégio apresentam caráter
subjetivo.
#NÃOESQUECER: são de natureza objetiva, portanto admitem o homicídio
privilegiado-qualificado, as hipóteses do art. 121, §2º, III e IV, (referentes aos meios
HOMICÍDIO
e modos de execução), com exceção da traição.
PRIVILEGIADO
As demais qualificadoras, nos demais incisos, são de natureza subjetiva.
#MEMORIZAR as objetivas, por exclusão (já que são em menor quantidade).
#ATENÇÃO: O homicídio privilegiado não é crime hediondo por ausência de
previsão legal. Lembrem que o rol dos crimes hediondos é um rol taxativo.
#CONCURSO DE AGENTES: em caso de concurso de agentes as causas
privilegiadas não se comunicam, uma vez que são circunstâncias subjetivas do
crime (e não elementares). Art. 30, CP.
HOMICÍDIO ✓ MOTIVO TORPE = motivo vil, repugnante. Ex.: matar um parente para ficar
QUALIFICADO com sua herança.

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✓ MOTIVO FÚTIL = insignificante, desproporcional à natureza do crime
praticado. Ex.: Concurseiro mata dono da salinha de estudo porque fechou o
estabelecimento mais cedo do que o previsto. #NãoFaçaIssoJamais
#VaiReprovarNoPsicotécnico #EAindaVaiPraCadeia (Rsrsrs).
Obs.: a ausência de motivo não se equipara a motivo fútil.
✓ MEIO INSIDIOSO: agente usa de fraude para cometer crime sem que a vítima
perceba. Ex.: agente retira óleo do carro da vítima para lhe causar acidente fatal.
✓ MEIO CRUEL: é aquele que proporciona à vítima um intenso (e
desnecessário) sofrimento físico ou mental quando a morte poderia ser ocasionada
de forma menos dolorosa.
✓ TORTURA: o agente usa da tortura como meio para conseguir a morte da
vítima, ou seja, trata-se de morte dolosa. Vai responder por crime de homicídio
qualificado.
OBS: TORTURA COM RESULTADO MORTE (art. 1º, §3º, Lei nº 9.455/97): crime
essencialmente preterdoloso. O agente tem o dolo de torturar a vítima e, por
excesso, finda por causar-lhe a morte, culposamente.
✓ TRAIÇÃO: é o ataque desleal, repentino e inesperado. Ex.: atirar na vítima
pelas costas.
✓ EMBOSCADA: pressupõe o ocultamento do agente, que ataca a vítima com
surpresa. Ex.: o agente, escondido no jardim de entrada da casa da vítima, a ataca
quando esta chegava do serviço.
✓ DISSIMULAÇÃO: fingimento, disfarçando o agente a sua intenção criminosa.
Ex.: o agente convida a vítima para jantar, levando-a para lugar ermo onde ocorre
o ataque fatal.
✓ OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO
OFENDIDO: trata-se de caso clássico de interpretação analógica.
✓ Trata-se de figura qualificada no homicídio doloso, de competência do
Tribunal do Júri e considerada crime hediondo (art. 121, §2º, VI, CP c/c art. 1º, I, Lei
FEMINICÍDIO nº 8.072/90).
#JURIS: Recentemente, o STJ decidiu que a qualificadora do feminicídio é de
natureza objetiva.
✓ A Lei nº 13.142/2015 alterou o Código Penal com escopo de criar uma nova
qualificadora ao crime de homicídio.
✓ Considera-se homicídio funcional quando o agente passivo for autoridade
ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
HOMICÍDIO
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
FUNCIONAL
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
#SELIGA: houve também alteração na Lei nº 8.072/ 1990, tornando o homicídio
funcional espécie de crime hediondo.

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✓ É possível a aplicação do perdão judicial nos casos de homicídio culposo.
Trata-se de causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP).
HOMICÍDIO #DEOLHONASÚMULA:
CULPOSO Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção
da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
✓ HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO: deveremos aplicar o art. 302, CTB.

PRINCIPAIS JULGADOS SOBRE OS CRIMES CONTRA A VIDA #AJUDAMARCINHO


STF INFO 849 - A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria
gestante (art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) não e ́ crime. E ́ preciso conferir interpretação
conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para
excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre.
A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio
da proporcionalidade. STF. 1a Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio. julgado em 29/11/2016
(Info 849)
HOMICÍDIO QUALIFICADO X DOLO EVENTUAL:A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é
compatível com o homicídio praticado com dolo eventual? SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de
produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por
motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que
ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012. STJ. 6ª
Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio supostamente
praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele conduzido - em razão de choque
com outro automóvel também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da vítima, terceiro
estranho à disputa automobilística. Motivo fútil corresponde a uma reação desproporcional do agente a
uma ação ou omissão da vítima. No caso de "racha", tendo em conta que a vítima (acidente
automobilístico) era um terceiro, estranho à disputa, não é possível considerar a presença da qualificadora
de motivo fútil, tendo em vista que não houve uma reação do agente a uma ação ou omissão da vítima
(INFO 583 DO STJ).
No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante (§ 4º do art.
121 do CP). Se a vítima tiver morte instantânea, tal circunstância, por si só, é suficiente para afastar a causa
de aumento de pena prevista no § 4º do art. 121? NÃO. No homicídio culposo, a morte instantânea da
vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito
seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa (INFO 554 DO STJ).

LESÃO CORPORAL GRAVE LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA


I - Incapacidade para as ocupações habituais, I - Incapacidade permanente para o trabalho;
por mais de trinta dias;
II - perigo de vida; II - enfermidade incurável;

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III - debilidade permanente de membro, sentido III - perda ou inutilização do membro, sentido
ou função; ou função;
IV - deformidade permanente;
IV - aceleração de parto: V - aborto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos

#VAIMARCINHO: A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º,
IV, do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a
deformidade na vítima (INFO 562 do STJ).
A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais cometidas contra
HOMEM no âmbito das relações domésticas (INFO 501 do STJ).

24 Crimes contra o patrimônio.


FURTO (ART. 155, CP):
Repouso Noturno: a causa de aumento de pena do repouso noturno pode ser aplicada tanto para o
furto simples como para o furto qualificado.
#AJUDAMARCINHO:
É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno
(art. 155, §1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, §4º). Não existe nenhuma
incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do §4º. São circunstâncias
diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja
condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se
a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topográfica do §1º (vem antes do §4º) não é
fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º) - (Info 851-STF).

#DEOLHONASSÚMULAS:
Súmula 511-STJ (furto privilegiado-qualificado ou furto híbrido): É possível o reconhecimento do privilégio
previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
Súmula 567-STJ (idoneidade relativa do meio – não se aplica o crime impossível): Sistema de vigilância
realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento
comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
#SELIGANATABELA:
REQUISITOS DO FURTO PRIVILEGIADO
Primariedade do agente Pequeno valor da coisa furtada
Segundo a jurisprudência, para os fins do § 2º
O agente (criminoso) deve ser primário.
do art. 155, coisa de pequeno valor é aquela
Primário é o indivíduo que não é reincidente,
cujo preço, no momento do crime, não seja
nos termos do art. 63 do CP.
superior a 1 salário-mínimo.

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Furto Privilegiado X Pequeno Valor: o STJ consolidou entendimento no tocante ao conceito de
pequeno valor, a saber, quando não suplantar 1 (um) salário mínimo. Vale lembrar quer o juiz não fica
radicalmente adstrito a esse patamar, caso consiga justificar no caso concreto outro valor. De acordo
com o STJ, não se trata de um teto máximo e intransponível.
Furto Privilegiado X Pequeno Valor X De Crime Continuado: Nos casos de continuidade delitiva,
o valor a ser considerado para fins de concessão do privilégio (artigo 155, § 2º do CP) ou do
reconhecimento da insignificância é a soma dos bens subtraídos.
#NÃOCONFUNDIR: Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção entre
valor insignificante e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o segundo pode
caracterizar o furto privilegiado.
PEQUENO VALOR VALOR INSIGNIFICANTE
- Mínima ofensividade da conduta;
- Ausência de periculosidade;
- Reduzido grau de reprovabilidade do
Quando não suplantar 1 (um) salário mínimo.
comportamento;
Analisar caso concreto.
- Inexpressividade da lesão jurídica.
Requisito subjetivo: importância do bem para a
vítima.
CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE
FURTO PRIVILEGIADO
MATERIAL
Consumação do Furto: Consuma-se o crime de furto com a inversão da posse do bem, ainda
que por breve tempo, seguida de perseguição imediata do agente ou recuperação da coisa roubada,
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada (STF e STJ). TEORIA DA AMOTIO ou
APPREHENSIO.
Furto Qualificado: as qualificadoras do art. 155, §4º, CP dizem respeito ao modo de execução do
agente.
- Destruição: comportamento que faz desaparecer. Ex.: explosivos em
Com destruição ou
caixas eletrônicos.
rompimento de obstáculo à
- Rompimento: é o ato de deteriorar. Ex.: abrir um cofre com barra de
subtração da coisa
ferro.
- Abuso de confiança: tem que ter relação de confiança (ex.:
empregado que já trabalha há anos com a vítima). Não basta a mera
alegação de que o agente trabalhava na empresa. É preciso se provar
Com abuso de confiança,
que a vítima depositou confiança no agente.
ou mediante fraude,
- Mediante fraude: furto qualificado pela fraude (#NÃOCONFUNDIR
escalada ou destreza.
com o estelionato!).
- Mediante destreza: presença de uma habilidade excepcional, desde
que não seja descoberto no ato da conduta delitiva. Assim, o

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magistrado apenas poderá acatar o furto qualificado pela destreza
quando o agente tenha excepcional habilidade em retirar o bem da
vítima sem que ela se aperceba (punguista) – STJ (INFO 554).
- O conceito de chave falsa abrange todo o instrumento, com ou sem
Com emprego de chave forma de chave, utilizado como dispositivo para abrir fechadura,
falsa. incluindo mixas (STJ, HC n. 101.495/MG, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, DJe 25/8/2008).
Mediante concurso de duas
- Partícipes são computados, inclusive o inimputável.
ou mais pessoas.

#DEOLHONASÚMULA:
SÚMULA 442, STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do
roubo.
#NOVIDADESSLEGISLATIVAS:
Art. 155, CP.
§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 7º. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
ROUBO (ART. 157, CP):
ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO
ART. 157, “caput”, CP. ART. 157, §1º, CP.
A grave ameaça ou a violência é empregada A grave ameaça ou a violência é empregada
antes ou durante a subtração a fim de que o após a subtração a fim de assegurar impunidade
agente possa alcançar a subtração do bem. do crime ou a detenção da coisa.
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego
de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao
agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
#NOVIDADESSLEGISLATIVAS #AJUDAMARCINHO:
A Lei nº 13.654/2018 acrescentou uma nova hipótese de roubo majorado no inciso VI.
Art. 157, CP.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
(...)
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

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A mesma lei acrescentou um novo parágrafo ao art. 157 prevendo duas novas hipóteses de roubo
circunstanciado, com pena maior.

Art. 157 (...)


§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018) II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Além disso, foi alterada a redação do § 3º do art. 157 do Código Penal. Duas mudanças foram
verificadas:
1) melhorou a redação dividindo os dois tipos penais em incisos diferentes.
2) aumentou a pena do roubo com resultado lesão corporal grave. Antes era de 7 a 15 anos. Agora é de
7 a 18 anos. Neste ponto, a Lei nº 13.654/2018 é mais gravosa e, portanto, irretroativa.
Art. 157 (...) § 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei
nº 13.654, de 2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)
#ESQUEMATIZANDO:
ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA
Antes da Lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018 (atualmente)
Apenas o emprego de arma de fogo é causa de
Tanto a arma de fogo como a arma branca aumento de pena.
eram causas de aumento de pena. O emprego de arma branca não é causa de
aumento de pena.
O emprego de arma (seja de fogo, seja branca)
O emprego de arma de fogo é punido com um
era punido com um aumento de 1/3 a 1/2 da
aumento de 2/3 da pena.
pena.

ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA


Antes da Lei 13.654/2018 Atualmente
Arma de Era causa de aumento de pena Continua sendo causa de aumento de pena.
FOGO A pena aumentava de 1/3 a 1/2. Mas agora a pena aumenta 2/3.
Deixou de ser causa de aumento de pena.
Arma Era causa de aumento de pena.
A Lei 13.654/2018 é mais benéfica e irá
BRANCA A pena aumentava de 1/3 a 1/2.
retroagir neste ponto.

#DEOLHONAJURIS:

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O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo, com a modificação operada
pela Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal. Diante disso, constata-
se que houve abolitio criminis devendo a Lei nº 13.654/2018 ser aplicada retroativamente para excluir a
referida causa de aumento da pena imposto aos réus condenados por roubo majorado pelo emprego
de arma branca. Trata-se da aplicação da novatio legis in mellius prevista no art. 5º, XL, da Constituição
Federal. STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/05/2018.
Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em conjunto.
Isso porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies diversas. STJ. 5ª
Turma. HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018. STF. 1ª Turma. HC 114667/SP,
rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/4/2018 (Info 899).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
FURTO. É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso
noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º). Não existe nenhuma
incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias
diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja
condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se
a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topográfica do § 1º (vem antes do § 4º) não
é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STF. julgado em
13/12/2016 (Info 851). STJ, julgado em 4/12/2014 (Info 554).
LATROCÍNIO. Carlos e Luiza estão entrando no carro quando são rendidos por João, assaltante armado,
que deseja subtrair o veículo. Carlos acaba reagindo e João atira contra ele e Luiza, matando o casal.
João foge levando o carro. Haverá dois crimes de latrocínio em concurso formal ou um único crime de
latrocínio? STJ: concurso formal impróprio. STF e doutrina majoritária: um único crime de latrocínio. STJ,
julgado em 17/11/2015. STF, julgado em 21/2/2017 (Info 855). #IMPORTANTE!
LATROCÍNIO. Aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima,
responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que sua
participação se revele de menor importância. Ex: João e Pedro combinaram de roubar um carro utilizando
arma de fogo. Eles abordaram, então, Ricardo e Maria quando o casal entrava no veículo que estava
estacionado. Os assaltantes levaram as vítimas para um barraco no morro. Pedro ficou responsável por
vigiar o casal no cativeiro enquanto João realizaria outros crimes utilizando o carro subtraído. Depois de
João ter saído, Ricardo e Maria tentaram fugir e Pedro atirou nas vítimas, que acabaram morrendo. João
pretendia responder apenas por roubo majorado (art. 157, § 2º, I e II) alegando que não participou nem
queria a morte das vítimas, devendo, portanto, ser aplicado o art. 29, § 2º do CP. O STF, contudo, não
acatou a tese. Isso porque João assumiu o risco de produzir resultado mais grave, ciente de que atuava
em crime de roubo, no qual as vítimas foram mantidas em cárcere sob a mira de arma de fogo. STF,
julgado em 21/2/2017 (Info 855). #IMPORTANTE
EXTORSÃO. O crime de extorsão consiste em "Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se
faça ou deixar fazer alguma coisa" (art. 158 do CP). A ameaça de causar um "mal espiritual" contra a
vítima pode ser considerada como "grave ameaça" para fins de configuração do crime de extorsão? SIM.

53 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Configura o delito de extorsão (art. 158 do CP) a conduta do agente que submete vítima à grave ameaça
espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la a realizar o pagamento de vantagem
econômica indevida. STJ, julgado em 14/2/2017 (Info 598)
#DEOLHONASÚMULA:
SÚMULA 567 DO STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do
crime de furto.
SÚMULA 610 DO STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o
agente a subtração de bens da vítima.
SÚMULA 96 DO STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
indevida.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
#ATENÇÃO CONSUMAÇÃO E TENTATIVA PARA OS DELITOS DE FURTO E ROUBO: Os Tribunais
Superiores adotam a teoria da amotio, também adotada no delito de roubo, segundo a qual o crime está
consumado com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de
perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada (STJ, 3ª Seção, Recurso
Repetitivo, REsp 1524450, 14/10/2015).
SÚMULA 582 DO STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata
ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
FURTO MAJORADO: A causa de aumento de pena do repouso noturno pode ser aplicada tanto para o
furto simples como para o furto qualificado.
FURTO PRIVILEGIADO: § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.
#DECORE SÚMULA 511 DO STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do
CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno
valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva
#SELIGANADIFERENÇA
FURTO MEDIANTE FRAUDE ESTELIONATO
Fraude é utilizada pelo agente com o fim de Fraude é usada como meio de obter o
burlar a vigilância da vítima que, desatenta, tem consentimento da vítima que, iludida, entrega
seu bem subtraído sem que perceba. voluntariamente o bem ao agente.

ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO


A grave ameaça ou a violência é empregada antes A grave ameaça ou a violência é empregada logo
ou durante a subtração a fim de que o agente após a subtração a fim de assegurar impunidade
possa alcançar a subtração do bem. do crime ou a detenção da coisa.

54 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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ROUBO E CONCURSO DE CRIMES
UMA VÍTIMA E Reconhecimento de crime único, diante da evidência de que embora
PATRIMÔNIOS subtraídos patrimônios distintos, os mesmos estavam sob os cuidados de
DIVERSOS uma única pessoa, que sofreu a violência ou grave ameaça (STJ, 2014).
MAIS DE UMA VÍTIMA E Ainda que no mesmo contexto fático, mediante uma só ação praticada
PATRIMÔNIOS contra vítimas diferentes, configura-se concurso formal de crimes, visto
DIVERSOS que violados patrimônios distintos (STJ, 2016).
Se a intenção do agente é direcionada à subtração de um único
MAIS DE UMA VÍTIMA E patrimônio, estará configurado crime único, ainda que no modus operandi
PATRIMÔNIO ÚNICO seja utilizada violência ou grave ameaça contra mais de uma pessoa (STJ,
2015).

MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE FOGO


Absolutamente ineficaz: não caracteriza a causa de aumento de pena
(roubo circunstanciado), mas pode configurar o roubo simples (art. 157,
ARMA COM DEFEITO
“caput”, CP).
Relativamente ineficaz: incide a causa de aumento.
Apesar de constituir-se um meio relativamente ineficaz (o que permitiria
ARMA DESMUNICIADA a causa de aumento de pena), o STJ entende que não incide a majorante,
caracterizando roubo simples.
De acordo com o STF e o STJ, não incide a majorante, caracterizando-se
ARMA DE BRINQUEDO
roubo simples.
CONCURSO MATERIAL
Se após o contexto fático o agente é surpreendido portando ou na posse
ENTRE ROUBO E
de arma de fogo, após roubo cometido, vai responder por crime de roubo
PORTE/POSSE DE
circunstanciado c/c as penas do Estatuto do Desarmamento.
ARMA DE FOGO

EXTORSÃO (ART. 158, CP):


EXTORSÃO ROUBO
O agente faz com que a vítima entregue a coisa. O agente subtrai a coisa pretendida. Subtrair.
Constranger #OLHEOVERBO. #OLHEOVERBO.
A colaboração da vítima é indispensável. A colaboração da vítima é dispensável.
A vantagem buscada pelo agente é
contemporânea ao constrangimento ou A vantagem buscada é para agora.
posterior a ele.
Vantagem econômica indevida: bem móvel ou Vantagem econômica indevida: somente bem
imóvel. móvel.

55 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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DANO (ART. 163, CP) e RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP): A Lei nº 13.531/2017 promove alteração nas
qualificadoras dos crimes de dano (art. 163 do CP) e receptação (art. 180) envolvendo bens públicos.
Corrigiu essas duas falhas e incluiu o “Distrito Federal”, as “autarquias”, as “fundações” e as “empresas
públicas” no rol do inciso III do parágrafo único do art. 163 do CP. Compare:

Antes da Lei nº 13.531/2017 ATUALMENTE


Art. 163 (...)
Art. 163 (...) Parágrafo único. Se o crime é cometido:
Parágrafo único. Se o crime é cometido: III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
III - contra o patrimônio da União, Estado, Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
Município, empresa concessionária de serviços fundação pública, empresa pública, sociedade
públicos ou sociedade de economia mista; de economia mista ou empresa concessionária
de serviços públicos;

Antes da Lei nº 13.531/2017 ATUALMENTE


Art. 180 (...)
Art. 180 (...) § 6º Tratando-se de bens do patrimônio da
§ 6º Tratando-se de bens e instalações do União, de Estado, do Distrito Federal, de
patrimônio da União, Estado, Município, Município ou de autarquia, fundação
empresa concessionária de serviços públicos ou pública, empresa pública, sociedade de
sociedade de economia mista, a pena prevista economia mista ou empresa concessionária de
no caput deste artigo aplica-se em dobro. serviços públicos, aplica-se em dobro a pena
prevista no caput deste artigo.

28 Crimes contra a dignidade sexual.

Súmula 593, STJ: “O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de
ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática
do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.”
O STJ rechaçou totalmente a possibilidade de acolhimento da “Exceção de Romeu e Julieta.”

#SELIGANAJURIS
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. No caso de crimes contra a liberdade sexual (arts. 213 a 216-A)
e crimes sexuais contra vulnerável (arts. 217-A a 218-B), se o autor do delito for ascendente da vítima, a
pena deverá ser aumentada de metade (art. 226, II, do CP). O bisavô está incluído dentro dessa expressão
“ascendente”. O bisavô está no terceiro grau da linha reta e não há nenhuma regra de limitação quanto
ao número de gerações. Assim, se o bisavô pratica estupro de vulnerável contra sua bisneta, deverá
incidir a causa de aumento de pena prevista no art. 226, II, do CP. STF. 2ª Turma. RHC 138717/PR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).
ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR: crime único ou concurso material? Para o STJ, caso as
condutas tenham sido praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático, trata-se de crime

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único, pois é um tipo penal misto alternativo (e não cumulativo). Consequência: a lei nova é mais
favorável. Aplicação retroativa (INFO 543 DO STJ).
O agente abordou de forma violenta e sorrateira a vítima com a intenção de satisfazer sua lascívia, o que
ficou demonstrado por sua declarada intenção de "ficar" com a jovem – adolescente de 15 anos – e pela
ação de impingir-lhe, à força, um beijo, após ela ser derrubada ao solo e mantida subjugada pelo
agressor, que a imobilizou pressionando o joelho sobre seu abdômen. Tal conduta configura o delito do
art. 213, § 1º do CP. STJ. 6ª Turma. REsp 1611910-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/10/2016
(Info 592).
O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa,
pratica, em tese, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Não importa que não tenha havido
penetração vaginal (conjunção carnal). STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/o acórdão Min. Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).
A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor de 14 anos
desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apuração do delito de estupro de
vulnerável. Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o “ato
libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos
delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª Turma. RHC 70976-MS, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587).
#APOSTACICLOS A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009.
Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada. STF.
1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
27/2/2018 (Info 892).
Súmula 608-STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada.
#POLÊMICA AÇÃO PENAL E VULNERABILIDADE TRANSITÓRIA: Existe divergência entre as turmas do
STJ! O posicionamento da 5ª Turma é mais recente (agosto/2017) e se coaduna com a doutrina
majoritária.
#AJUDAMARCINHO
5ª TURMA: PÚBLICA INCONDICIONADA 6ª TURMA: CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO
Em casos de vulnerabilidade da ofendida, a ação A “pessoa vulnerável” de que trata o parágrafo
penal é pública incondicionada, nos moldes do único do art. 225 do CP é somente aquela que
parágrafo único do art. 225 do CP. possui uma incapacidade permanente de oferecer
Esse dispositivo não fez qualquer distinção entre a resistência à prática dos atos libidinosos.
vulnerabilidade temporária ou permanente, haja Se a pessoa é incapaz de oferecer resistência
vista que a condição de vulnerável é aferível no apenas na ocasião da ocorrência dos atos
momento do cometimento do crime, ocasião em libidinosos, ela não pode ser considerada
que há a prática dos atos executórios com vistas à vulnerável para os fins do parágrafo único do art.
consumação do delito. 225, de forma que a ação penal permanece sendo
Em outras palavras, se a vulnerabilidade condicionada à representação da vítima. STJ. 6ª
permanente ou temporária, no caso de estupro de

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vulnerável a ação penal é sempre incondicionada. Turma. HC 276.510-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis
STJ. 5ª Turma. HC 389.610/SP, Rel. Min. Felix Júnior, julgado em 11/11/2014 (Info 553).
Fischer, julgado em 08/08/2017.

#INOVAÇÃOLEGISLATIVA O crime de tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual foi
revogado pela Lei 13.344/2016, que criou o delito de tráfico de pessoas, que é bem mais amplo e abrange
diversas situações, tais como a remoção de órgão, submissão a trabalho condições análogas à de escravo
e adoção ilegal. Vale a pena ler o dispositivo que é rico em detalhes que podem ser explorados pelo
examinador!
#OLHAOGANCHO Apesar de não ser equiparado a hediondo, por expressa disposição legal, o crime de
tráfico de pessoas exige o cumprimento de 2/3 da pena para concessão de livramento condicional.

32 Crimes contra a fé pública.


FALSIDADE MATERIAL (Art. 297 e 298 do CP) FALSIDADE IDEOLÓGICA (Art. 299 do CP)
O documento possui vício em sua forma. O documento não possui vício em sua forma
(refere-se ao conteúdo do documento).
O documento apresenta defeitos extrínsecos Não há rasuras ou supressão de palavras no
(rasuras, novos dizeres, supressão de palavras). documento. A pessoa que elabora o documento
possui legitimidade para isso.
É imprescindível a perícia. Em regra, não há necessidade de perícia.

FALSA IDENTIDADE (307 do CP) USO DE DOCUMENTO FALSO (304 do CP)


Consiste na simples atribuição de falsa Aqui há obrigatoriamente o uso do documento
identidade, sem a utilização de documento falso. falso
Ex. ao ser parado em uma blitz, o agente afirma
Ex. ao ser parado em uma blitz, o agente afirma
que seu nome é Pedro Silva e apresenta RG
que seu nome é Pedro Silva, quando na verdade
falsificado com esse nome, quando na verdade é
é João Lima.
João Lima.
#AJUDAMARCINHO #DEOLHONAJURIS
Inserir informação falsa em currículo Lattes não configura crime de falsidade ideológica. Não é típica a
conduta de inserir, em currículo Lattes, dado que não condiz com a realidade. Isso não configura falsidade
ideológica (art. 299 do CP) porque: 1) currículo Lattes não é considerado documento por ser eletrônico e
não ter assinatura digital; 2) currículo Lattes é passível de averiguação e, portanto, não é objeto material
de falsidade ideológica. Quando o documento é passível de averiguação, o STJ entende que não há
crime de falsidade ideológica mesmo que o agente tenha nele inserido informações falsas. STJ. 6ª Turma.
RHC 81451-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/8/2017 (Info 610).
Falsa declaração de hipossuficiência não configura falsidade ideológica (art. 299). É atípica a mera
declaração falsa de estado de pobreza realizada com o intuito de obter os benefícios da justiça gratuita.
A conduta de firmar ou usar declaração de pobreza falsa em juízo, com a finalidade de obter os benefícios
da gratuidade de justiça, não é crime, pois aludida manifestação não pode ser considerada documento

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CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
para fins penais, já que é passível de comprovação posterior, seja por provocação da parte contrária seja
por aferição, de ofício, pelo magistrado da causa. STJ. 6ª Turma. HC 261074-MS, Rel. Min. Marilza
Maynard (Desembargadora convocada do TJ-SE), julgado em 5/8/2014 (Info 546).
Colocar fita na placa: crime do art. 311 do CP. A norma contida no art. 311 do Código Penal busca
resguardar a autenticidade dos sinais identificadores dos veículos automotores, sendo, pois, típica, a
simples conduta de alterar, com fita adesiva, a placa do automóvel, ainda que não caracterizada a
finalidade específica de fraudar a fé pública. Assim, a conduta de colocar uma fita adesiva ou isolante
para alterar o número ou as letras da placa do carro e, assim, evitar multas, pedágio, rodízio etc., configura
o delito do art. 311 do CP. STF. 2ª Turma. RHC 116371/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/8/2013
(Info 715). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1327888/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 03/03/2015.
Desnecessidade de prova pericial para condenação por uso de documento falso (art. 304): É possível a
condenação pelo crime de uso de documento falso (art. 304 do CP) com fundamento em documentos e
testemunhos constantes do processo, acompanhados da confissão do acusado, sendo desnecessária a
prova pericial para a comprovação da materialidade do crime, especialmente se a defesa não requereu,
no momento oportuno, a realização do referido exame. O crime de uso de documento falso se consuma
com a simples utilização de documento comprovadamente falso, dada a sua natureza de delito formal.
STJ. 5ª Turma. HC 307586-SE, Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador convocado do
TJ/SP), julgado em 25/11/2014 (Info 553).
O falso pode ser absorvido pelo descaminho, ainda que a pena da falsidade seja maior que do
descaminho (Info 587-STJ).
Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que
em situação de alegada autodefesa. Aprovada em 25/03/2015, DJe 06/04/2015.
SÚMULA 546 DO STJ:A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada
em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor.
SÚMULA 73 DO STJ:A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime
de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

33 Crimes contra a administração pública.

CRIME FUNCIONAL PRÓPRIO CRIME FUNCIONAL IMPRÓPRIO


Faltando a condição de servidor público o fato
Faltando a condição de servidor público, o fato deixa de ser crime funcional, mas permanece
deixa de ser crime: ATIPICIDADE ABSOLUTA. criminoso, ajustando-se a outro tipo incriminador:
ATIPICIDADE RELATIVA.
Empresa que comete ato equivalente ao delito de
prevaricação com seus funcionários não comete Ex.: se não for peculato poderá ser furto.
crime.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

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CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO: Bastante amplo!! Basta o exercício temporário de uma função
pública, ainda que gratuita, para ser considerado funcionário público, a exemplo dos jurados no Tribunal
do Júri e dos mesários no dia das eleições.
#ATENÇÃO PROGRESSÃO DE REGIME X REPARAÇÃO DO DANO: O condenado por crime contra a
administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação
do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais (art. 33,
§4º, CP).

PECULATO
PECULATO-APROPRIAÇÃO: o agente tem a posse do bem em virtude do cargo
PECULATO e passa a agir como dono.
PRÓPRIO PECULATO-DESVIO: o agente tem a posse do bem em virtude do cargo e desvia
em proveito próprio ou de terceiro.
PECULATO PECULATO-FURTO: o agente não tem a posse do bem, mas se vale das facilidades
IMPRÓPRIO do cargo para subtrair ou concorrer para subtração.
O agente não observa seu dever de cuidado e, por negligência, imprudência ou
imperícia, concorre para que outrem subtraia, desvie ou se aproprie do bem.
É infração de menor potencial ofensivo, admitindo transação penal e suspensão
PECULATO condicional do processo.
CULPOSO #IMPORTANTE REPARAÇÃO DO DANO: No peculato culposo, se reparar até a
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se após isso, reduz a pena pela
metade. No peculato doloso pode ser aplicado o instituto do arrependimento
posterior (artigo 16 do CP) ou a atenuante do art. 65, III, ‘b’ do CP.
PECULATO- O agente se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
ESTELIONATO cargo, recebeu por erro de outrem.
O funcionário insere ou facilita a inserção de dados falsos, altera ou exclui
PECULATO-
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados
ELETRÔNICO
da Administração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
(313-A)
outrem ou para causar dano.

CONCUSSÃO CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA


Funcionário público solicita, Particular oferece ou promete
O funcionário público exige
recebe ou aceita vantagem vantagem indevida a
vantagem indevida.
indevida. funcionário público.

CONCUSSÃO E CORRUPÇÃO ATIVA: Segundo a jurisprudência, são incompatíveis esses crimes, isto é,
não é possível a existência concomitante de ambos. É que a vítima, ao entregar o dinheiro exigido no
crime de concussão, não pode ser considerada sujeito ativo do delito de corrupção ativa, pelo simples
fato de que a corrupção ativa pressupõe que o particular livremente ofereça ou prometa a vantagem, o
que não ocorre quando há primeiramente a prática do delito de concussão, pois o particular é
constrangido a entregar a vantagem.

60 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA PREVARICAÇÃO
O agente viola o dever funcional para satisfazer
O agente viola o dever funcional cedendo a
interesse ou sentimento pessoal, de modo que não
pedido ou influência de outrem. Envolve a figura
envolve um terceiro corruptor (não há pedido de
do corruptor.
outrem).

RESISTÊNCIA DESOBEDIÊNCIA DESACATO


Basta que o agente descumpra Utilizar de palavras de
O agente se opõe ao ato legal
a ordem legal de forma pacífica, menosprezo para com o
mediante violência ou ameaça
sem violência ou ameaça. funcionário público no exercício
à pessoa
da sua função ou em razão dela.
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA COMUNICAÇÃO FALSA DE AUTOACUSAÇÃO FALSA
CRIME
Agente denuncia terceira Não há acusação contra pessoa Agente denuncia a si mesmo
pessoa, sabendo da inocência. alguma
Crime ou contravenção penal, Crime ou contravenção penal. Apenas crime.
nessa última reduz a pena pela
metade.

Súmula 599, STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.”

#DEOLHONAJURIS
Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser crime, conforme
previsto no art. 331 do Código Penal. STJ. 3a Seção. HC 379.269/MS, Rel. para acórdão Min. Antônio
Saldanha Palheiro, julgado em 24/05/2017.
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma remunerada em
defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência judiciária gratuita, enquadra-se no
conceito de funcionário público para fins penais. Sendo equiparado a funcionário público, é possível que
responda por corrupção passiva (art. 317 do CP). STJ. 5ª Turma. HC 264459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).
O simples fato de o réu exercer mandato eletivo não é suficiente para a causa de aumento do art. 327, §
2º, do CP. (Info 816 - STF). É necessário que ele ocupe uma posição de superior hierárquico (o STF
chamou de "imposição hierárquica"). A causa de aumento do § 2º do art. 327 aplica-se aos agentes
políticos, inclusive o Chefe do Poder Executivo (ex.: Governador de Estado) – Info 757 do STF.
#SELIGA O STF (INFO 712) considerou atípica a conduta de “peculato de uso” de um veículo para a
realização de deslocamentos por interesse particular.
#NÃOCONFUNDIR: Caso o agente público seja prefeito, há crime de peculato de uso, por expressa
previsão legal. Veja a redação do art. 1°, II, do Decreto-Lei 201/67: Art. 1º São crimes de responsabilidade
dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do

61 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
pronunciamento da Câmara dos Vereadores: II - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou
alheio, de bens, rendas ou serviços públicos.
o crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento da exigência da vantagem
indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, que se consuma com
a exigência da vantagem indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento
do crime. (Info 564-STJ).
A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrupção passiva
(arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena-base alegando que os “motivos
do crime” (circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. STJ. 3ª Seção. EDv nos EREsp
1196136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017 (Info 608).
FALSO TESTEMUNHO: O crime de falso testemunho é de natureza formal. Consuma-se no momento em
que é feita a afirmação falsa a respeito de fato juridicamente relevante, aperfeiçoando-se quando
encerrado o depoimento, podendo, inclusive, a testemunha ser autuada em flagrante delito. Para que
esse delito ocorra, não interessa se as afirmações feitas possuem ou não potencialidade lesiva. STJ. 5ª
Turma. AgRg no AREsp 603.029/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/05/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg
no AREsp 723.184/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 22/11/2016

34 Lei nº 8.072/1990 e suas alterações (delitos hediondos).

#NOVIDADELEGISLATIVA LEI 13.497/2017. Altera a Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o
crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito no rol dos crimes hediondos

CRIMES HEDIONDOS
a) homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio
qualificado;
b) lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal
seguida de morte, quando praticadas contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
ROL TAXATIVO:
dessa condição;
c) latrocínio;
d) extorsão qualificada pela morte;
d) extorsão mediante sequestro e na forma qualificada;
e) estupro;
f) estupro de vulnerável;
g) epidemia com resultado morte;
h) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais;

62 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
i) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração
sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável;
j) genocídio;
k) posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no
art. 16 da Lei no 10.826/03 #NOVIDADE #VAICAIR.
a) Tortura;
EQUIPARADOS: b) Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;
c) Terrorismo.
Cumprir 2/3 da pena, desde que não seja reincidente específico em
LIVRAMENTO
crimes hediondos.
CONDICIONAL:

a) cumprir 1/6 da pena (crime s cometidos antes da Lei 11.464/07 -


Súmula 471 STJ);
PROGRESSÃO DE REGIME:
b) cumprir 2/5 da pena, se réu primário, ou 3/5, se reincidente
específico (crimes cometidos após a Lei 11.464/07).
a) anistia, graça e indulto; e
VEDAÇÕES:
b) fiança.
a vedação da concessão de liberdade provisória sem fiança e de
INCONSTITUCIONALIDADE: penas restritivas de direitos, além do cumprimento de pena em
regime integralmente fechado.
PRISÃO TEMPORÁRIA: 30 + 30 dias.

#ATENÇÃO #AJUDAMARCINHO
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº1 1.343/2006 (Lei de Drogas), não
deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 23/6/2016 (Info 831).
O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não é crime
equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior
Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595).
O que dizia a Súmula 512-STJ: "A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da
Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas."

36 Lei nº 9.455/1997 e suas alterações (crimes de tortura).

ESPÉCIES DE TORTURA
Causa sofrimento físico ou mental através do emprego de violência ou
TORTURA grave ameaça (art. 1o, I, alíneas “a”, “b” e “c”, da Lei 9.455/97). Subdivide-
PROPRIAMENTE DITA se em: tortura probatória (alíneas “a”), tortura crime (alíneas “b”) e tortura
discriminatória (alíneas “c”)

63 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Com o fim de obter informação,
TORTURA PROBATÓRIA declaração ou confissão da vítima ou de
terceira pessoa.
Para provocar ação ou omissão de
TORTURA CRIME
natureza criminosa.
Em razão de discriminação racial ou
TORTURA DISCRIMINATÓRIA
religiosa.
Causa INTENSO sofrimento físico ou mental por meio de violência ou grave
TORTURA CASTIGO
ameaça (art. 1o, II, da Lei 9.455/97).
Art. 1º, II, parágrafo 1º, Lei 9.455/97 (Submeter pessoa presa ou sujeita a
TORTURA SEM
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da
MOTIVAÇÃO
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal)
art. 1º, II, parágrafo 2º, da Lei 9.455/97 (aquele que tinha o dever de evitar
TORTURA IMPRÓPRIA ou apurar, se omite diante da conduta daquele que submete pessoa presa
ou que cumpre medida de segurança a sofrimento físico ou mental).

TORTURA CASTIGO MAUS TRATOS


Dolo de causar padecimento à vítima, causando-
Para fim de educação, ensino, tratamento ou
lhe sofrimento físico ou mental, sem nenhum
custódia.
cunho educativo.
Crime de dano Crime de perigo

HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA TORTURA QUALIFICADA PELA MORTE


Artigo 121, §2º, III do CP. Artigo 1º, §3º da lei 9.455/97
O dolo é de matar. O dolo é de torturar.
Há dolo de matar e a tortura é o meio de Há dolo de torturar e a morte é resultado
execução escolhido para matar. culposo decorrente da tortura.
Pena de 12 a 30 anos. Pena de 8 a 16 anos.
Competência do júri. Competência do juiz singular

OMITIR-SE NO DEVER DE EVITAR OMITIR-SE NO DEVER DE APURAR


Trata-se da omissão imprópria. Temos aqui a
figura do garante ou garantidor. Logo, deve
Trata-se de omissão própria. Nesta hipótese a
responder pelo crime que tinha o dever de
tortura já ocorreu. Não há o que ser evitado, mas
evitar e não por essa figura mais branda. Ex.:
sim apurado.
Delegado que percebe os seus agentes levando
um preso para tortura e não busca evitar.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

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A Convenção contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes (1984)
rotulou o delito de tortura como próprio, só podendo ser praticado por funcionário público ou pessoa
no exercício da função pública. No entanto, a lei 9.455/97, em regra, não exige qualidade ou condição
especial do agente. No Brasil, em regra, o crime é comum. Apesar de haver doutrina lecionando que o
legislador nacional não poderia ter destoado do legislador internacional, vêm entendendo o STJ e o STF
que o crime de tortura não exige do autor condição de agente público.
EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI DE TORTURA: É aplicada ao crime de tortura ocorrido fora do Brasil,
se a vítima for brasileira e o torturador se encontrar em território nacional. #OLHAAJURIS: No Brasil, a
competência para julgar será da Justiça Estadual.
CAUSAS DE AUMENTO:
a) tortura praticada por agente público;
b) tortura contra criança ou adolescente, gestante, portador de deficiência, maior de 60 anos;
c) tortura mediante sequestro (tem que ser meio para a tortura).

#SELIGANADIFERENÇA EFEITO DA CONDENAÇÃO: perda do cargo e interdição pelo dobro do prazo


da pena para seu exercício. Diferente da regra geral do artigo 92 do Código Penal, tais efeitos são
automáticos.

#DIZERODIREITO #DEOLHONAJURIS
O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do § 1º,
do art. 2º, da Lei nº 8.072/90, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.464/2007, afastando, dessa
forma, a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e
equiparados, incluído aqui o crime de tortura.
Dessa forma, não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no
regime prisional fechado.
STJ. 5ª Turma. HC 383090/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 21/03/2017.
STJ. 6ª Turma. RHC 76642/RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 11/10/2016.
Obs: existe um julgado da 1ª Turma do STF afirmando que o regime inicial no caso de tortura deveria ser
obrigatoriamente o fechado: HC 123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/6/2015. Penso que se
trata de uma posição minoritária e isolada do Min. Marco Aurélio. Os demais Ministros acompanharam
o Relator mais por uma questão de praticidade do que de tese jurídica. Isso porque os demais Ministros
entendiam que, no caso concreto, nem caberia habeas corpus, considerando que já havia trânsito em
julgado. No entanto, eles não aderiram expressamente à tese do Relator. Não há fundamento que
justifique o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (que obriga o regime inicial fechado para crimes hediondos)
ter sido declarado inconstitucional e o § 7º do art. 1º da Lei nº 9.455/97 (que prevê regra semelhante para
um crime equiparado a hediondo) não o ser. Em provas de concurso, deve-se ter atenção para a redação
do enunciado.
No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domésticas e
de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena prevista no
art. 1º, § 4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica estatuída no art. 61, II, "f", do

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Código Penal. STJ. 6ª Turma. HC 362634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
16/8/2016 (Info 589).
O STJ, no Informativo de nº 577, decidiu que a tortura de preso custodiado em delegacia praticada por
policial constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública.

37 Lei nº 12.694/2012 e Lei nº 12.850/2013 e suas alterações (crime organizado).


ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
CONCEITO (Lei
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Trata-
12.850/13):
se de crime de perigo abstrato.
#ATENÇÃO Antes da Lei 12.850/13, não existia a previsão de tipo penal incriminador
para Organizações Criminosas. A Convenção de Palermo era inaplicável para
tipificar crime ou cominar pena.
Se o agente participar de organização criminosa e ainda vier a praticar crimes,
CONCURSO DE
responderá pelo crime do art. 2º, Lei 12.850/13 em concurso material com os crimes
CRIMES:
que tiver cometido.
OBSTRUÇÃO
OU EMBARAÇO
DE
O art. 2º, §1º, da lei nº 12.850/13 traz causa de equiparação de pena àquele que de
INVESTIGAÇÃO
alguma forma impedir ou embaraçar a investigação penal que envolva organização
DE INFRAÇÃO
criminosa. Não é delito de concurso necessário (como o caput). O bem jurídico
PENAL
tutelado, nesse caso, é a Administração da Justiça.
REFERENTE À
ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA:
A Lei 13.260/16 alterou a legislação e passou a prever que se aplica a Lei 12.850/13
ORGANIZAÇÕES
às: “organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos
TERRORISTAS:
atos de terrorismo legalmente definidos”.
Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização
AFASTAMENTO criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego
CAUTELAR: ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à
investigação ou instrução processual.
MEIOS DE colaboração premiada, captação ambiental, ação controlada, acesso a registros de
OBTENÇÃO DE ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais de bancos públicos ou
PROVA (Art. 3°): privados, interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, afastamento

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dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, infiltração de agentes e cooperação entre
instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais.
A Lei exige efetividade da colaboração, consubstanciada na obtenção de pelo
menos um dos seguintes resultados:
1) Identificar os demais coautores e partícipes da organização criminosa e as
infrações penais por eles praticadas;
COLABORAÇÃO 2) Revelar a estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa;
PREMIADA: 3) Prevenir as infrações penais decorrentes das atividades da organização
criminosa;
4) Recuperar total ou parcialmente o produto ou o proveito das infrações penais
praticadas pela organização criminosa;
5) Localizar o paradeiro da vítima com a sua integridade física preservada.
O réu que colaborar poderá ter direito aos seguintes benefícios:
-Redução da pena em até dois terços;
-Substituição por PRD;
BENEFÍCIOS:
-Não oferecimento da denúncia; e
-Redução da pena até a metade ou progressão de regime, no caso de colaboração
posterior à sentença.
Trata-se de uma exceção ao princípio da obrigatoriedade. Para que o MP deixe de
oferecer a denúncia contra o colaborador é necessário o preenchimento dos
PERDÃO seguintes requisitos:
MINISTERIAL: a) A colaboração deve ser efetiva e voluntária;
b) O colaborador não pode ser o líder da organização criminosa;
c) O colaborador deve ter sido o primeiro a prestar efetiva colaboração.
DIREITO AO O réu que colaborar também renuncia o direito ao silêncio, assumindo o
SILÊNCIO: compromisso de dizer a verdade.
Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o
DEFENSOR:
colaborador deverá estar assistido por defensor (§ 15 do art. 4º).
O acordo sobre a colaboração premiada jamais poderá ser feito na presença do
PARTICIPAÇÃO
Juiz, sob pena de violação à imparcialidade. O juiz apenas analisa a regularidade
DO JUIZ:
do acordo, para fins de homologação.
Não se pode condenar com base, exclusivamente, no depoimento/confissão do
colaborador. É necessária a colheita de outras provas com base em sua confissão.
VALOR
É o que se chama de regra de corroboração. Ainda que existam duas ou mais
PROBATÓRIO
colaborações no mesmo sentindo, o STF entende que deve haver necessariamente
DA
uma fonte diversa de uma colaboração.
COLABORAÇÃO:
#SELIGA O STF não admite a chamada “corroboração cruzada”, em que a
colaboração de um agente é confirmada por outra colaboração premiada.
É medida excepcional e subsidiária. Somente poderá ser decretada após
INFILTRAÇÃO
autorização judicial, que definirá os seus limites. O agente precisa consentir com a
DE AGENTES:
infiltração. Prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações.

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LIGHT COVER DEEP COVER
É modalidade mais branda de Trata-se de modalidade de infiltração
infiltração. Não ultrapassa 06 (seis) mais complexa. Ultrapassa 06 (seis)
meses. meses de duração.
#OLHAOGANCHO:
LEI DE ORGANIZAÇÕES
LEI DE DROGAS ECA
CRIMINOSAS
Não poderá exceder o
prazo de 90 (noventa)
dias, sem prejuízo de
eventuais renovações,
Prazo de até 6 (seis)
Não há previsão de desde que o total não
meses, sem prejuízo de
prazo. exceda a 720 (setecentos
eventuais renovações.
e vinte) dias e seja
demonstrada sua efetiva
necessidade, a critério da
autoridade judicial.
TODOS EXIGEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
Lei 12.694 - Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes
praticados por organizações criminosas, o juiz de primeiro grau poderá decidir pela
formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual; decisão
fundamentada; o colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois)
FORMAÇÃO DE
outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência
COLEGIADO:
criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição; as decisões do colegiado,
devidamente fundamentadas e firmadas, sem exceção, por todos os seus
integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente de
qualquer membro. #VOCÊJUIZ

#NÃOCONFUNDA: Exercer o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa tem natureza


jurídica de agravante! As demais, tais como emprego de arma de fogo, participação de criança ou
adolescente, participação de funcionário público, são causas de aumento de pena.

#MAISUMGANCHO
LEI DE ORGANIZAÇÕES LEI DE LAVAGEM DE
LEI DE DROGAS
CRIMINOSAS CAPITAIS
Art. 53. Em qualquer fase da Art. 8º Consiste a ação controlada Art. 4º-B. A ordem de
persecução criminal relativa aos em retardar a intervenção policial prisão de pessoas ou as
crimes previstos nesta Lei, são ou administrativa relativa à ação medidas assecuratórias de
permitidos, além dos previstos praticada por organização bens, direitos ou valores
em lei, mediante autorização criminosa ou a ela vinculada, desde poderão ser suspensas pelo

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judicial e ouvido o Ministério que mantida sob observação e juiz, ouvido o Ministério
Público, os seguintes acompanhamento para que a Público, quando a sua
procedimentos investigatórios: medida legal se concretize no execução imediata puder
II – a não-atuação policial sobre momento mais eficaz à formação comprometer as
os portadores de drogas, seus de provas e obtenção de investigações.
precursores químicos ou outros informações.
produtos utilizados em sua § 1º O retardamento da
produção, que se encontrem no intervenção policial ou
território brasileiro, com a administrativa será previamente
finalidade de identificar e comunicado ao juiz competente
responsabilizar maior número de que, se for o caso, estabelecerá os
integrantes de operações de seus limites e comunicará ao
tráfico e distribuição, sem Ministério Público.
prejuízo da ação penal cabível.
Parágrafo único. Na hipótese do
inciso II deste artigo, a
autorização será concedida
desde que sejam conhecidos o
itinerário provável e a
identificação dos agentes do
delito ou de colaboradores.
EXIGE APENAS COMUNICAÇÃO EXIGE AUTORIZAÇÃO
EXIGE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL
PRÉVIA JUDICIAL

38 Lei nº 9.605/1998 e suas alterações (crimes contra o meio ambiente).

LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS


a) prestação de serviços à comunidade;
b) interdição temporária de direitos;
PENAS RESTRITIVAS
c) suspensão parcial ou total de atividades;
DE DIREITO
d) prestação pecuniária;
e) recolhimento domiciliar.
1. multa;
2. restritivas de direitos:
2.1. suspensão parcial ou total de
atividades;
PENAS APLICADAS ÀS
2.2. interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
PESSOAS JURÍDICAS
2.3. proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter
subsídios, subvenções ou doações;
3. prestação de serviços à comunidade:
3.1. custeio de programas e de projetos ambientais;

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3.2. execução de obras de recuperação de áreas
degradadas;
3.3. manutenção de espaços públicos;
3.4. contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
SUBSTITUIÇÃO DA PPL nos crimes dolosos a pena do crime deve ser inferior a 4 anos.
PELA PRD: #NÃOCONFUNDA: no CP a pena deve ser de até 4 anos.
SUSPENSÃO Condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.
CONDICIONAL DA #NÃOCONFUNDA: no CP a pena deve ser não superior a 2 anos.
PENA:
exige a prévia composição do dano ambiental atestada pelo laudo
TRANSAÇÃO PENAL:
competente.
Admite-se em sede de crimes ambientais, desde que a pena mínima
cominada seja igual ou inferior a 1 ano.
Ademais, a lei ambiental exige o laudo de constatação da reparação do dano
para fins de extinção da punibilidade após o período de prova.
Condições para o Suspensão do Processo:
SUSPENSÃO
1. Reparação do dano ambiental;
CONDICIONAL DO
2. Caso não tenha havido a reparação integral é possível prorrogação [4 anos
PROCESSO:
+ 1 ano];
3. Após os 5 anos, se não houver reparação, poderá ser prorrogado por mais
5 anos;
4. Esgotado o prazo máximo à declaração de extinção, faz‐se um novo laudo
de avaliação.
A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim
de
LIQUIDAÇÃO permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá
FORÇADA: decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado
instrumento do crime e, como tal, perdido em favor do Fundo Penitenciário
Nacional.
Ao aplicar a pena, além de obedecer aos critérios da parte geral, no crime
FIXAÇÃO DA PENA ambiental, deve atentar-se aos seguintes elementos: Gravidade do Crime;
Antecedentes Ambientais do réu; Situação econômica do réu.
Nos crimes contra a fauna:
Não é crime o abate de animal, quando realizado:
- em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua
família (trata-se da caça/pesca famélica).
EXCLUDENTES DE
- para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou
ILICITUDE
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela
autoridade competente;
- por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão
competente.

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#DEOLHONAJURIS
É imprescindível a realização de perícia oficial para comprovar a prática do crime previsto no art. 54 da
Lei 9.605/98 (art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa
da flora).
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota
a chamada teoria da "dupla imputação".
A pessoa jurídica, mesmo podendo ser sujeito passivo de crimes ambientais, não pode ser paciente de
habeas corpus. Pode até ser impetrante, mas nunca paciente, o que não a afasta a possibilidade de ser
beneficiada indiretamente por um HC trancativo.
É possível aplicação do princípio da insignificância nos crimes ambientais.
REGRA: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL
EXCEÇÕES
Obs.: Crimes cometidos nas áreas do artigo 225, §4º da CF seguem a regra geral de competência. Ou
seja, somente serão (rio interestadual, por ex.) da competência da justiça federal se houver interesse
específico e direto da União. Atenção! Patrimônio nacional é sinônimo de patrimônio da nação brasileira
e não patrimônio da União.
Tráfico internacional de animais é de competência da justiça federal. Exportar peles e couros de anfíbios
e répteis também.
Se o animal estiver na lista do IBAMA dos animais ameaçados de extinção, a competência será da justiça
federal.
Crime de liberação de OGM (organismo geneticamente modificado – Ex.: Soja transgênica) no meio
ambiente será julgado pela justiça federal, já que os efeitos do crime extrapolam as fronteiras do estado
onde está o OGM.
Unidade de conservação por órgão federal

40 Lei nº 11.343/2006 (Lei Antidrogas).

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
O art. 33, caput, é um crime de ação múltipla, de modo que, se praticar diferentes condutas previstas
nesse dispositivo, apenas resta configurado um único crime.
Não há causa de aumento pelo concurso de pessoas;
Prazo do IP: 30 + 30 (preso) e 90 + 90 (solto)
A condenação pelo art. 28 da Lei de Drogas gera reincidência, pois não houve a descriminalização das
condutas, mas a despenalização. As penas para o usuário prescrevem em 2 anos.

O Art. 28 não importará prisão em flagrante, devendo o autor ser imediatamente encaminhado ao juízo
competente, ou, na falta, assumir o compromisso de comparecer, lavrando-se termo circunstanciado.
Aqui

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a impossibilidade é absoluta. Jamais haverá prisão.

#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO
Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se configura
com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de
fronteiras.
TRÁFICO DE DROGAS. Agente que pratica delitos da Lei de Drogas envolvendo criança ou adolescente
responde também por corrupção de menores? Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18
anos não esteja previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu responderá pelo crime da Lei de Drogas
e também pelo delito do art. 244-B do ECA (corrupção de menores). Caso o delito praticado pelo agente
e pelo menor de 18 anos seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37 da Lei nº 11.343/2006: ele responderá apenas
pelo crime da Lei de Drogas com a causa de aumento de pena do art. 40, VI. Não será punido pelo art.
244-B do ECA para evitar bis in idem. Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18
anos não estar previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de
corrupção de menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será
possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40, VI,
da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma. REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
22/11/2016 (Info 595).
LEI DE DROGAS. É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação
da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto
no art. 33, § 4º, da Lei n. º 11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado
em 14/12/2016 (Info 596). #IMPORTANTE
LEI DE DROGAS. Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmo assim, negar o
benefício do art. 33, § 4º da LD argumentando que a quantidade de drogas encontrada com ele foi muito
elevada? O tema é polêmico. 1ª Turma do STF: encontramos precedentes afirmando que a grande
quantidade de droga pode ser utilizada como circunstância para afastar o benefício. Nesse sentido: não
é crível que o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma
forma, a organização criminosa, circunstância que justifica o afastamento da causa de diminuição prevista
no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016. Info
844). 2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente, fundamento
idôneo para negar o benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (RHC
138715/MS,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017. Info 866). STF. 2ª Turma. RHC
138715/MS, Rel. Min.Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866). Obs: o tema acima não
deveria ser cobrado em uma prova objetiva, mas caso seja perguntado, penso que a 2ª corrente é
majoritária.
Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33, responderá apenas
pelo art. 36 da Lei de Drogas.
Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum verbo do art. 33, responderá
apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de Drogas (não será condenado pelo art. 36) - (Info 534 - STJ)

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Segundo o STJ e o STF, para configuração do tipo de associação para o tráfico (art. 35), é necessário que
haja estabilidade e permanência na associação criminosa. É atípica a conduta se não houver ânimo
associativo permanente (duradouro), mas apenas esporádico (eventual).
Tráfico de drogas x envolvimento de menor de 18 anos:
a) se o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não está previsto nos arts. 33 a 37 da Lei
de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, além do tráfico de drogas;
b) se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por
aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006 (Info
595 -STJ).
Se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um estabelecimento prisional (art. 40, III), incidirá a
causa de aumento, não importando quem seja o comprador do entorpecente. É irrelevante se o agente
infrator visa ou não aos frequentadores daquele local (Info 858).
É inadmissível a aplicação simultânea das causas de aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e da
interestadualidade (art. 40, V) quando não ficar comprovada a intenção do importador da droga de
difundi-la em mais de um Estado-membro (Info 586 - STJ).
Para incidir a majorante do art. 40, III, é necessário que haja a efetiva comercialização da droga pelo
agente dentro do meio de transporte público.
A natureza e a quantidade da droga NÃO podem ser utilizadas para aumentar a pena-base do réu e
também para afastar o tráfico privilegiado ou para, reconhecendo-se o direito ao benefício, conceder ao
réu uma menor redução de pena, sob pena de bis in idem.
#CUIDADO: A súmula 512, STJ foi cancelada, de maneira que o crime de tráfico privilegiado não deve
ser considerado hediondo.
O crime de associação para o tráfico não é equiparado a hediondo.

42 Lei nº 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto do Desarmamento).

POSSE PORTE
Arma de fogo, acessório ou munição for Arma de fogo encontrada em local diverso da
encontrada na residência ou no local de trabalho, residência ou do local de trabalho (nesse último
nesse último caso, desde que seja proprietário ou caso apenas para os proprietários e responsáveis
responsável pelo estabelecimento ou empresa. da empresa).

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
NORMA PENAL EM BRANCO: Os tipos penais, ao fazerem menção a arma de fogo, acessório ou munição
de uso permitido ou restrito, devem ser complementados pelos Decretos 3.665/2000 e 5.123/2004.
PORTE DE MUNIÇÃO, SEM ARMA: É crime. Excepcionalmente, o STF (INFO 826) entende ser atípica a
conduta de portar munição desacompanhada de arma de fogo na forma de pingente. #ATENÇÃO
OMISSÃO DE CAUTELA: Único crime do Estatuto que admite a modalidade culposa. Para ocorrer a
consumação é necessário que o menor de 18 anos, ao menos, se apodere da arma de fogo. É um crime
omissivo, culposo e próprio. É um exemplo de crime culposo com tipo penal fechado (aquele tipo em
que a conduta ilegal do agente é completamente prevista pelo código)

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#ATENÇÃO Se o agente tem a posse ilegal de arma e a deixa ao alcance de um menor, responde pelos
delitos de posse ilegal de arma de fogo (art. 12) e omissão de cautela (art. 13) em concurso material de
crimes (art. 69 do Código Penal).
CRIANÇA E ADOLESCENTE: vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente constitui o crime do art. 16, V (tipo penal
autônomo).
#SELIGANAJURIS
ESTATUTO DO DESARMAMENTO. É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado
a portar ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do
Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente. STJ. 6ª Turma. RHC 70.141-RJ,
Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 7/2/2017 (Info 597).
ESTATUTO DO DESARMAMENTO. A conduta de portar granada de gás lacrimogênio ou granada de gás
de pimenta não se amolda ao delito previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso
porque elas não se enquadram no conceito de artefatos explosivos. STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/02/2017 (Info 599)
Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) a conduta do
agente que mantém sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com
registro vencido. Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é mera irregularidade
administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. (Info 572 do STJ)
A posse (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) ou o porte (art. 14) de arma de fogo configura crime mesmo que
ela esteja desmuniciada. Da mesma forma, a posse ou o porte apenas da munição (ou seja,
desacompanhada da arma) configura crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo
abstrato, para cuja caracterização não importa o resultado concreto da ação. STF. 1ª Turma. HC 131771/RJ,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016 (Info 844).
Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte NÃO é necessário que a arma de fogo tenha
sido apreendida e periciada. Assim, é irrelevante a realização de exame pericial para a comprovação da
potencialidade lesiva do artefato. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14 e 16 da Lei 10.826/2003
são de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança coletiva. No entanto, se a perícia for
realizada na arma e o laudo constatar que a arma não tem nenhuma condição de efetuar disparos não
haverá crime.
SÚMULA 513 DO STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de
posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
#NOVIDADELEGISLATIVA LEI 13.497/2017. Altera a Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o
crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16) no rol dos crimes hediondos

44 Lei nº 9.613/1998 e suas alterações (Lavagem de Dinheiro).


GERAÇÕES DAS LEIS DE LAVAGEM DE CAPITAIS:
1ª GERAÇÃO: O único crime antecedente era o tráfico de drogas.
2ª GERAÇÃO: Há uma ampliação do rol de crimes antecedentes, porém, este rol é taxativo.

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Qualquer crime ou infração penal pode figurar como crime antecedente da
3ª GERAÇÃO:
lavagem de capitais.

#NÃOESQUEÇA: no Brasil a Lei de Lavagem de Dinheiro surgiu como norma de segunda geração, e
atualmente pode ser classificada como norma da terceira geração de crimes de lavagem de capitais.
FASES DA LAVAGEM DE CAPITAIS
Introdução dos valores no sistema financeiro. Busca-se ocultar
1ª FASE: COLAÇÃO, INTRODUÇÃO,
a origem ilícita dos valores com a separação física entre os
INSERÇÃO, SUBSTITUIÇÃO OU
criminosos e os produtos de seus crimes. Exemplo: smurfing –
PLACEMENT
vários depósitos bancários de pequeno valor.
Nessa fase, multiplicam-se as transações anteriores, através de
2ª FASE: DISSIMULAÇÃO,
muitas empresas e contas, de modo que se perca a trilha do
TRANSFORMAÇÃO,
dinheiro (papertrail), constituindo-se na lavagem propriamente
ESCURECIMENTO, ESTRATIFICAÇÃO,
dita, que tem por objetivo fazer com que não se possa
DIVERSIFICAÇÃO OU LAYERING
identificar a origem ilícita dos valores ou bens.
O dinheiro é empregado em negócios lícitos, ilícitos ou compra
3ª FASE: INTEGRAÇÃO, INVERSÃO, de bens, dificultando ainda mais a investigação, já que o
INTEGRATION OU RECYCLING criminoso assume ares de respeitável investidor, atuando
conforme as regras do sistema.

#SELIGANOTERMO LAVAGEM EM CADEIA (LAVAGEM DA LAVAGEM): Corresponde à hipótese em que


o crime de lavagem de capitais figura como crime antecedente a outro delito da mesma natureza.
Considerando que com as alterações promovidas pela Lei 12.683 toda e qualquer infração penal pode
figurar como antecedente da lavagem de capitais, conclui-se que passa a ser possível a lavagem da
lavagem. Exemplo: lavagem de capitais do rendimento de aplicação financeira oriunda de anterior crime
de lavagem.

#SELIGA ACESSORIEDADE: Trata-se, a lavagem de dinheiro, de crime parasitário (acessório, derivado ou


de fusão #OLHAOTERMO), ou seja, que depende da existência de outro crime para sua configuração.
Entretanto, o crime de lavagem guarda certa autonomia com relação ao crime antecedente, podendo
ser punido independente deste.

INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE: LAVAGEM DE CAPITAIS:


Basta que seja demonstrada a prática de uma Passará a ser punido o crime de lavagem de
conduta típica e ilícita. capitais.
Absolvição com base na atipicidade ou licitude Não será punível o crime de lavagem de capitais.
Absolvição com base em causa excludente da
Será punível o crime de lavagem de capitais
culpabilidade
Não impede a condenação quanto ao crime de
Extinção da punibilidade
lavagem de capitais, salvo em se tratando da

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anistia e da abolitio criminis, hipóteses em que o
fato antecedente deixa de ser considerado
infração penal.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA (“Willfulblindness”, Teoria do avestruz, Doutrina da evitação da
consciência, Doutrina do ato de ignorância consciente, ou “OstrichInstructions”) #OLHAOTERMO:
Segundo esta teoria, se o agente tinha conhecimento da elevada possiblidade de que os bens, dinheiros
ou valores eram provenientes de infração penal e agiu de forma indiferente, deverá ser responsabilizado
pelo crime em questão a título de dolo eventual. Aplicável e fundamental para permitir a punição pelo
delito de lavagem de dinheiro do agente que alega não ter consciência da origem ilícita dos bens, quando
tenha, voluntariamente, procurado evitar a consciência quando à ilicitude da origem. Requisitos: a) agente
crie consciente e voluntariamente barreiras ao conhecimento, com a intenção de deixar de tomar contato
com a atividade ilícita, caso ela ocorra; b) o agente deve representar que a criação das barreiras de
conhecimento facilitará a prática de atos infracionais penais sem sua ciência; c) são imprescindíveis
elementos concretos que gerem na mente do autor a dúvida razoável sobre a ilicitude do objeto sobre
o qual realizará suas atividades.
RESERVA DE AUTOLAVAGEM OU “SELF-LAUNDERING”: O Brasil não adotou a reserva de autolavagem
prevista na Convenção de Palermo em seu direito interno, de modo que prevalece o entendimento de
que é plenamente possível a responsabilização do autor do crime precedente pelo delito de lavagem de
capitais.
COLABORAÇÃO PREMIADA: A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime
aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por
pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as
autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação
dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
"KNOW YOUR COSTUMER": o art. 10 da Lei 9.613/98 consagra a chamada política do "know your
costumer", uma das armas mais poderosas no combate à lavagem de capitais, segundo a qual é dever
da instituição financeira conhecer o perfil de seu correntista de forma que seja possível a definição de um
padrão de movimentação financeira compatível com seus rendimentos declarados. Existindo
incompatibilidade de movimentação, a notícia dessa operação suspeita deve ser encaminhada à
autoridade administrativa responsável que adotará as providências cabíveis quanto à verificação da
legalidade da operação.
COMPETÊNCIA: Em regra, a competência para processo e julgamento dos crimes previstos na Lei de
Lavagem de Capitais é da Justiça Comum Estadual. Excepcionalmente, a legislação atribui a competência
à Justiça Federal, nos seguintes casos:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento de
bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas;
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.
JUSTA CAUSA DUPLICADA: Não basta a presença de lastro probatório quanto à ocultação de capitais,
sendo indispensável a demonstração de que tais valores são provenientes, direta ou indiretamente, de

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infração penal. Em outros termos, a denúncia deverá ser instruída com indícios suficientes da existência
da infração penal antecedente.
ARTIGO 366 DO CPP: A Lei de Lavagem de Capitais estabelece regra especial, vedando a aplicação do
artigo 366 do Código de Processo Penal e determinando que no caso de citação por edital, se o acusado
não comparecer e nem constituir advogado, deve ser dado prosseguimento ao feito, com nomeação de
defensor dativo.
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA: Para a acusação, bastarão indícios suficientes da infração penal para
que o juiz decrete as medidas assecuratórias de bens, dinheiros ou valores do investigado ou acusado,
por outro lado, caberá à defesa comprovar a licitude dos bens, dinheiros ou valores apreendidos para
conseguir sua liberação, exigindo-se prova plena, com juízo de certeza, para que se proceda à restituição
do patrimônio no curso da investigação ou da ação penal.
#CALMALÁ: Para procedência do pedido de restituição dos bens formulado antes da sentença
condenatória, o ônus probatório recai sobre a defesa, que deverá comprovar a licitude da origem do
patrimônio. Por outro lado, quando da sentença condenatória, o ônus da prova quanto à demonstração
da ilicitude recairá sobre o Ministério Público.
COLABORAÇÃO INTERNACIONAL E RECIPROCIDADE: Existindo tratado ou convenção internacional, a
autoridade jurisdicional brasileira pode colaborar com autoridade estrangeira competente, no sentido de
determinar medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes descritos no art. 1°
da Lei n° 9.613/98 praticados no estrangeiro.
Art. 8º, §1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou convenção internacional,
quando o governo do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade ao Brasil.
#DEOLHONAJURIS
O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da Lei nº
9.613/98, quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime permanente. A
característica básica dos delitos permanentes está na circunstância de que a execução desses crimes não
se dá em um momento definido e específico, mas em um alongar temporal. Quem oculta e mantém
oculto algo, prolonga a ação até que o fato se torne conhecido. Assim, o prazo prescricional somente
tem início quando as autoridades tomam conhecimento da conduta do agente. STF. 1ª Turma. AP 863/SP,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

46 Lei nº 11.340/2006 e suas alterações (Lei Maria da Penha).

REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DA LEI:


a) Ação ou omissão;
b) que cause violência física, sexual, psicológica, patrimonial ou moral;
c) praticada contra a mulher;
d) por motivação de gênero;
e) numa situação de vulnerabilidade;
f) no âmbito da unidade doméstica, familiar ou em qualquer relação íntima de afeto (art. 5º):

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I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.

FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER (ROL EXEMPLIFICATIVO)


VIOLÊNCIA
Qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.
FÍSICA
Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
VIOLÊNCIA
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
PSICOLÓGICA
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica
e à autodeterminação.
Qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação
sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a
induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a
VIOLÊNCIA
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à
SEXUAL
gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e
reprodutivos.
Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
VIOLÊNCIA
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
PATRIMONIAL
ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
VIOLÊNCIA
Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
MORAL
#SURRADESUMULAS #SAINDODOFORNO
Súmula 588, STJ: “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave
ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos.”
Súmula 589, STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. ”
Súmula 600, STJ: “Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n.
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.”
LEI MARIA DA PENHA. A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da
mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11.805-DF, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 103/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604).

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Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra
a mulher é pública incondicionada.
SÚMULA 536 DO STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
#INOVAÇÃOLEGISLATIVA #NOTÍCIAQUENTE
A Lei n° 13.641/2018 alterou a Lei Maria da Penha passando a prever expressamente um crime específico
para o descumprimento de medidas protetivas:
“Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.”
#ATENÇÃO Antes da inovação legislativa, o STJ entendi que o descumprimento das medidas protetivas
não ensejava o delito de desobediência (art. 330, CP)
Outro ponto que merece destaque é a previsão expressa da impossibilidade de concessão de fiança por
parte do Delegado de Polícia para o referido crime, que em tese comportaria tal medida cautelar pelo
quantum da pena:
“§ 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. ”
#SELIGA Era costume falar que a Lei Maria da Penha não trazia crimes, mas apenas os mecanismos para
coibir a violência doméstica e familiar com a mulher, mas com o novo art. 24-A passamos a ter o primeiro
delito previsto expressamente na Lei n° 11.340/2006.

47 Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente).


#FOCONAJURIS
Competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA praticado por meio de Whatsapp ou chat do
Facebook: Justiça Estadual. O STF fixou a seguinte tese: Compete à Justiça Federal processar e julgar os
crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou
adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando praticados por meio da rede mundial de
computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão
Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (repercussão geral) (Info 805). O STJ, interpretando a
decisão do STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por meio da rede mundial de computadores
(internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de conteúdo pedófilo-pornográfico deve ter sido
feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por outro lado, se a troca de material pedófilo
ocorreu entre destinatários certos no Brasil, não há relação de internacionalidade e, portanto, a
competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que a definição da competência para julgar o
delito do art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise: • Se ficar constatada a internacionalidade da
conduta: Justiça FEDERAL. Ex: publicação do material feita em sites que possam ser acessados por
qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, desde que esteja conectado à internet. • Nos casos em
que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via Whatsapp
ou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo
WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre
destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não

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está acessível a qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi
disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal.
STJ. 3ª Seção. CC 150564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603).
Disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente. Compete à Justiça
Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico
envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando praticados por meio da
rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. Orig. Min. Marco Aurélio,
Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (repercussão geral) (Info 805)
Competência no caso de pessoa que “baixa” conteúdo pedófilo da internet. Pessoa que “baixa” da
internet e armazena, em computador da escola, vídeos pornográficos envolvendo crianças e adolescentes
pratica o delito do art. 241-A, § 1º, I, do ECA, sendo esta conduta, neste caso concreto, crime de
competência da Justiça Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 103011-PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
13/3/2013 (Info 520).
Possibilidade de configuração dos crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA mesmo que as vítimas estivessem
vestidas. Fotografar cena e armazenar fotografia de criança ou adolescente em poses nitidamente
sensuais, com enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos por peças de roupas, e incontroversa
finalidade sexual e libidinosa, adéquam, respectivamente, aos tipos do art. 240 e 241-B do ECA. Portanto,
configuram os crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando fica clara a finalidade sexual e libidinosa de
fotografias produzidas e armazenadas pelo agente, com enfoque nos órgãos genitais de adolescente —
ainda que cobertos por peças de roupas —, e de poses nitidamente sensuais, em que explorada sua
sexualidade com conotação obscena e pornográfica. STJ. 6ª Turma. REsp 1543267-SC, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 3/12/2015 (Info 577).
#APOSTACICLOS Se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser condenado por dois
crimes de corrupção de menores (art. 244-B do ECA). A prática de crimes em concurso com dois
adolescentes dá ensejo à condenação por dois crimes de corrupção de menores. Ex: João (20 anos de
idade), em conjunto com Maikon (16 anos) e Dheyversson (15 anos), praticaram um roubo. João deverá
ser condenado por um crime de roubo qualificado e por dois crimes de corrupção de menores, em
concurso formal (art. 70, 1ª parte, do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1680114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 10/10/2017 (Info 613).
Súmula 500-STJ: A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do
Adolescente independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.

DIREITO PROCESSUAL PENAL2


1 Processo penal brasileiro; processo penal constitucional. 2 Sistemas e princípios fundamentais.
SISTEMAS PROCESSUAIS:
a) SISTEMA INQUISITIVO (ou Inquisitório): As funções de Acusar, Defender e Julgar estão
concentradas em uma só pessoa, o Juiz Inquisidor. Este sistema, ao permitir que o Juiz produza prova
antes da instrução penal, acarreta um grande problema: a quebra da parcialidade. Além disso, o processo

2
Por Tiago Pozza

80 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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é sigiloso (não é necessária publicidade) e não há contraditório, ficando o acusado como mero objeto
de Investigação e não como Sujeito de Direitos. O Juiz Inquisidor é dotado de ampla iniciativa probatória,
tendo a liberdade para determinar de ofício a colheita de provas, seja no curso das investigações, seja no
curso do processo penal, independentemente de sua proposição pela acusação ou pelo acusado. A
Gestão das Provas estava concentrada, assim, nas mãos do Juiz, que, a partir da prova do fato e tomando
como parâmetro a Lei, podia chegar à conclusão que desejasse. Um dos meios de prova mais comum
desse sistema era a tortura, visando à obtenção da confissão, que era então considerada a rainha das
provas.
b) SISTEMA ACUSATÓRIO (SISTEMA BRASILEIRO): As principais características deste sistema são:
(I) a separação entre os órgãos de Acusação, Defesa e Julgamento, criando-se um processo de partes;
(II) liberdade de defesa e igualdade de posição das partes (o acusado é Sujeito de Direitos); (III) a vigência
do contraditório; (IV) o processo caracteriza-se, assim, como legítimo Actum Trium Personarum; (Art. 129,
I, da CF – “São funções institucionais do Ministério Público: I – promover, privativamente, a ação penal
pública, na forma da lei”). A partir do momento que a CF entrega ao Ministério Público a função de
acusador, quer afastar completamente do Juiz qualquer atividade acusatória. No Brasil adotamos o
Sistema Acusatório.
#ATENÇÃO: O doutrinador Geraldo Prado prega que num Sistema Acusatório Puro, o Juiz não pode
produzir prova de ofício em nenhuma fase, ou seja, nem na fase de Investigação Preliminar e nem na
fase processual. Mas a Doutrina Majoritária (Eugênio Pacelli, Gustavo Badaró) entende que o Juiz pode
produzir prova de ofício, desde que seja apenas na fase processual. Na Fase Investigatória Preliminar, o
Juiz só deve agir quando provocado e desde que sua atuação seja necessária para salvaguardar direitos
e garantias fundamentais do investigado.
✓ Atualmente, ainda existe uma circunstância que revela atuação de um Juiz Inquisidor:
Art. 156, I, do CPP. A prova da alegação incumbe a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz, de ofício:
(...).
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas, consideradas
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida.
✓ Por outro lado, o Art. 212, do CPP, reflete com primazia o que esperamos do Magistrado quanto à
gestão da prova no processo penal.
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz
aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de
outra já respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.
É o chamado Exame Direto e Cruzado. O Juiz atuando de maneira residual, complementar.
✓ Cumpre registrar, ainda, que no Sistema Acusatório o Princípio da Verdade Real é substituído pelo
Princípio da Busca da Verdade, devendo a prova ser produzida com fiel observância ao contraditório e à
ampla defesa.
c) SISTEMA MISTO (Sistema Francês): Há uma primeira fase Inquisitiva presidida por um Juiz e uma
segunda fase Acusatória, respeitando-se o devido processo legal.

81 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO:

A parte adversa deve estar ciente da existência da


A) DIREITO À INFORMAÇÃO:
demanda ou dos argumentos da parte contrária;
Possibilidade de a parte oferecer reação,
B) DIREITO DE PARTICIPAÇÃO: manifestação ou contrariedade à pretensão da
parte contrária.
C) DIREITO E OBRIGATORIEDADE DE
“Nenhum acusado, ainda que ausente ou
ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE UM DEFENSOR (ART.
foragido, será processado e julgado sem defensor”.
261, CPP):

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao
recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA: inclui a defesa técnica (exercida por um profissional da advocacia,
dotado de capacidade postulatória, seja ele advogado constituído, nomeado ou defensor público) e
autodefesa (aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo).
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 522 - STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que
em situação de alegada autodefesa.
PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE: o preso será informado de seus direitos, entre
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. O
direito ao silêncio é uma decorrência do Nemo tenetur se detegere, segundo o qual ninguém é
obrigado a produzir prova contra si mesmo.
DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (OU NÃO CULPABILIDADE): com o advento da CF/88, passou
a constar de forma expressa no texto constitucional (LVII do art. 5º). Antes, apenas era previsto de forma
implícita. Conforme Renato Brasileiro, consiste no direito de não ser declarado culpado senão mediante
sentença transitada em julgado, ao término do devido processo legal, em que o acusado tenha se
utilizado de todos os meios de prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da
credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório).
PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE: superando o dogma da verdade real, tem prevalecido na
doutrina mais moderna que o princípio que vigora no direito penal não é o da verdade material ou real,
mas sim o da busca da verdade. Busca-se a maior exatidão possível na reconstituição do fato
controverso, entretanto sem a pretensão de se chegar a uma verdade real, mas sim a uma aproximação
da realidade.

#SELIGANOSINÔNIMO: o princípio da busca da verdade é também chamado de princípio da livre


investigação da prova no interior do pedido; princípio da imparcialidade do juiz na direção e apreciação
da prova; princípio da investigação; princípio inquisitivo; ou princípio da investigação judicial da prova.

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3 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas: disposições preliminares do
Código de Processo Penal.
➢ Lei Processual no Tempo:
a) Norma Genuinamente Processual: É aquela que cuida de procedimentos, atos processuais,
técnicas do processo. Ex.: Extinção do Protesto por Novo Júri pela Lei nº 11.689/2008. Para a norma
genuinamente processual, o critério a ser aplicado é o do Art. 2º do CPP (Tempus Regit Actum), ou seja,
aplicação imediata:
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior.
b) Norma Processual Material (Mista): É espécie de norma que contempla simultaneamente
normas de direito processual penal e norma de direito penal, por isso também é chamada de mista. De
acordo com a doutrina, é aquela que abriga naturezas diversas, de caráter penal e de caráter processual
penal. Normas penais são aquelas que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos
da condenação e do direito de punir do Estado (Ex.: causas extintivas de punibilidade). De sua vez, normas
processuais penais são aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final da execução
ou extinção da punibilidade. Assim, se um dispositivo legal, embora inserido em lei processual, versa
sobre regra penal, de direito material, a ele serão aplicáveis os princípios que regem a lei penal, de
ultratividade e retroatividade da lei mais benigna. Portanto, quando estivermos diante de uma norma
processual material (mista), o critério a ser aplicado é o do Direito Penal (Irretroatividade da Lei Gravosa
+ Ultratividade da Lei Benéfica).
NORMAS PROCESSUAIS HETEROTÓPICAS: De acordo com a doutrina de Norberto Avena “Há
determinadas regras que, não obstante previstas em diplomas processuais penais, possuem conteúdo
material, devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras, no entanto, inseridas em leis
materiais, são dotadas de conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério da aplicação imediata
(‘tempus regit actum’). E aí que surge o fenômeno denominado de Heterotopia, ou seja, situação em
que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza, encontra-se ela prevista
em diploma de natureza distinta.” Ou seja, é uma norma que foi mal colocada. É uma norma de essência
processual inserida no Código Penal (ou na parte penal da legislação especial), ou uma norma de essência
material inserida no Código de Processo Penal (ou na parte processual da legislação especial).
ATENÇÃO: Tais normas não se confundem com as normas processuais materiais (mista). Enquanto a
Heterotópica possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese estar incorporada
a diploma de caráter distinto, a norma processual mista ou híbrida apresenta Dupla Natureza, vale dizer,
material em uma determinada parte e processual em outra. Como exemplo de disposições Heterotópicas,
pode ser citado o Direito ao Silêncio assegurado ao acusado em seu interrogatório, o qual, apesar de
previsto no CPP (Art. 186), possui caráter nitidamente assecuratório de direitos (material), assim como as
Normas Gerais que trataram da Competência da Justiça Federal, que, conquanto previstas no Art. 109 da
CF/88, que é um diploma material, são dotadas de natureza evidentemente processual.
➢ Lei Processual no Espaço:

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Enquanto à lei penal se aplica o princípio da territorialidade (CP, art. 5o) e da extraterritorialidade
(CP, art. 7o), o CPP adota o princípio da territorialidade ou da Lex fori – porque a atividade jurisdicional é
um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras do respectivo
Estado – Art. 1o, CPP.
Gozam de imunidade diplomática: Chefes de governo estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas
famílias e membros das comitivas, embaixadores e suas famílias, funcionários estrangeiros do corpo
diplomático e suas famílias, assim como funcionários de organizações internacionais em serviço (ONU,
OEA, etc.) – têm a prerrogativa de responder no seu país de origem pelo delito praticado no Brasil
(Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo Decreto Legislativo 103/1964, e
promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/1965).
Assim, em razão de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo em virtude de
regras de Direito Internacional, a lei processual deixa de ser aplicada aos crimes praticados por tais
agentes no território nacional.

4 Fase pré‐processual: inquérito policial.


✓ O Inquérito Policial continua sendo o principal instrumento de que se vale o Estado para
investigação de infrações penais, no entanto, atualmente, se reconhece a importância de outros
instrumentos investigatórios (Ex.: Procedimento de Investigação Criminal – PIC – presidido pelo MP;
Investigação Criminal Defensiva pelo Defensor; Investigações realizadas pelo COAF, etc.).
✓ Características: Escrito; instrumental; dispensável; sigiloso; inquisitorial; informativo; indisponível;
discricionário.
✓ Por ser um procedimento administrativo, NÃO HÁ LITISPENDÊNCIA EM SEDE DE IP.
✓ O IP é UNIDIRECIONAL (o único objeto do IP é apurar fatos e encaminhar os resultados à apreciação
do MP) e SISTEMÁTICO (as peças devem ser juntadas aos autos obedecendo a uma sequência
lógica de modo a facilitar a compreensão dos fatos lá organizados como um todo).
✓ O IP NÃO SE SUJEITA À DECLARAÇÃO DE NULIDADE. Isto porque, despindo-se a sua confecção
de formalidades sacramentais (a lei não estabelece um procedimento específico para sua feitura),
não pode, evidentemente, padecer de vícios que o nulifiquem. Isto não significa, obviamente, que
uma determinada prova produzida no IP não possa vir a ser considerada nula no curso do processo
criminal. Nessa hipótese, porém, a prova é que será nula e não o IP no bojo do qual ela foi realizada.
✓ Os vícios do inquérito não contaminam o processo, sendo incabível a anulação de processo penal
em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial (Info 824 - STF).
✓ Indiciamento: é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica do fato,
não podendo o juiz determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém. Para
Aury Lopes Jr., indiciar significa direcionar o inquérito, as investigações à determinada pessoa. Agora
não é mais “possível” que ela seja a responsável, mas sim “provável”. Segundo o autor, indiciar nada
mais é do que atribuir a alguém a prática de um fato delituoso, saindo-se de um juízo de
possibilidade para um juízo de probabilidade, mais robusto. É a probabilidade, o que o Jacinto
Coutinho chama de verossimilhança.

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✓ Não podem ser indiciados: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do
Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº
8.625/93).
✓ Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe
de Polícia.
✓ Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
✓ A suspeição de autoridade policial NÃO é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera
peça informativa.
# CUIDADO (Lei 12.850/2013 – Organizações Criminosas): Em regra, a lógica é que o Advogado não
precise de autorização judicial para acessar os autos do Inquérito Policial. Mas, a Lei das Organizações
Criminosas, em seu Art. 23, parágrafo único, determinou que nesse tipo de investigação (versando sobre
Organização Criminosa), se faz NECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL para acessar os Autos do IP.
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela Autoridade Judicial competente, para garantia
da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do
representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de
defesa, devidamente Precedido de AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, ressalvados os referentes às diligências em
andamento.
Parágrafo Único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista
dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 DIAS que antecedem ao ato,
podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.

✓ Elementos de Informação são aqueles colhidos na fase investigatória, que é fase inquisitiva, sem a
participação das partes, ou seja, não há contraditório, nem ampla defesa (nem mesmo diante das
mudanças produzidas pela Lei nº 13.245/2016). Prestam-se à decretação de Medidas Cautelares e
à Formação da Opinio Delicti (por isso mesmo jamais podem, isoladamente, ser usados para
fundamentar uma condenação, de acordo com a inteligência do Art. 155 do CPP – “O juiz formará
sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.” e Art. 5º, LV, da CF – “aos litigantes,
em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”).
✓ Provas: têm seu regime jurídico ligado ao contraditório judicial, eis que produzidas na fase judicial
perante o sistema acusatório, que é o sistema processual penal adotado no Brasil. São aquelas
produzidas com a participação do acusador e do acusado, e mediante a direta e constante
supervisão do julgador (com o advento da Lei nº 11.719/08, adota-se o princípio da identidade física
do Juiz – Art. 399, § 2º, do CPP – “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”).
Existem, porém, certos Elementos de Informação produzidos durante o inquérito policial e que se
caracterizam como Provas, podendo, assim, ser tranquilamente levados em conta pelo Juiz para

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condenar. São eles: as Provas Antecipadas, Cautelares e Não Repetíveis. Em relação a estas duas últimas,
o Contraditório é Diferido (adiado para a fase judicial).
✓ Elementos migratórios: são extraídos do inquérito e levados ao processo, podendo ser validamente
valorado em eventual sentença condenatória. Quais são os elementos migratórios?
PROVAS IRREPETÍVEIS: são aquelas provas de iminente perecimento que não tem como ser
refeitas na fase processual (a evidência do fato desaparece depois). Exemplo: constatação de embriaguez
ao volante; ADVERTÊNCIA! O Delegado, em regra, autorizará a confecção da prova irrepetível.
PROVAS CAUTELARES: a cautelaridade é justificada pela necessidade e urgência e, normalmente,
contam com a intervenção judicial. Exemplo: interceptação telefônica. Detalhe: quem conduz toda a
prova é a polícia e de forma inquisitiva.
As provas cautelares e irrepetíveis são colhidas de maneira inquisitiva e, quando levadas ao
processo, se submetem ao contraditório e a ampla defesa de forma diferida ou postergada.

PRAZOS DO INQUÉRITO

HIPÓTESE RÉU PRESO RÉU SOLTO


Estadual 10 dias 30 dias
Federal 15 + 15 dias 30 dias
Militar 20 dias 40 + 20 dias
Drogas 30 + 30 dias 90 + 90 dias
Economia Popular 10 dias 10 dias
Eleitoral 10 dias 30 dias
Prisão temporária decretada
em IPL relativo a crimes 30 + 30 Não se aplica
hediondos e equiparados.

Para evitar dúvida, cabe fazer um esclarecimento em relação à tabela supracitada. Quando se fala
em Estadual e Federal é em relação a inquéritos que tramitam na JE ou na JF. Então, para saber o prazo
não levem em consideração se é PF ou PC, mas sim se o crime investigado no inquérito é de competência
da JF ou da JE.

#DICA: lembrem-se que a PF trabalha com inquéritos (IPLs) perante à JE e JF. Então, se liguem no crime
(se é de competência da JF ou da JE) para saber o prazo do IPL.

✓ Arquivamento: é afeto ao juiz, após requerimento fundamentado do MP, sendo vedada, ao


delegado, sua promoção (art. 17 CPP). Instaurado pela autoridade policial não pode ser por ela
arquivado, ainda que não fique apurado quem foi o autor do delito. O arquivamento é, portanto,
um ato complexo, que envolve prévio requerimento formulado pelo MP e posterior decisão do juízo
competente.

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✓ Arquivamento implícito: ocorre quando MP deixar de incluir na denúncia algum fato investigado
ou algum suspeito, sem expressa justificação (prática rechaçada pela jurisprudência).
✓ Arquivamento indireto: ocorre quando o MP não oferece a denúncia por considerar o juízo
incompetente. A decisão judicial de arquivamento do inquérito policial com fundamento na
atipicidade do fato praticado produz coisa julgada material, impedindo-se a reabertura das
investigações preliminares mesmo diante do surgimento de novas provas.

MOTIVO DO ARQUIVAMENTO É POSSÍVEL DESARQUIVAR?


SIM
1) Insuficiência de provas
(Súmula 524 - STF)
2) Ausência de pressuposto processual ou de
SIM
condição da ação penal
3) Falta de justa causa para a ação penal (não há
SIM
indícios de autoria ou prova da materialidade)
4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO
5) Existência manifesta de causa excludente de STJ: NÃO (Resp 791471/RJ)
ilicitude STF: SIM (HC 125101/SP)
6) Existência manifesta de causa excludente de NÃO
culpabilidade (Posição doutrinária)
NÃO
7) Existência manifesta de causa extintiva da (STJ HC 307.562/RS)
punibilidade (STF Pet 3943)
Exceção: Certidão de óbito falsa

✓ A decisão judicial que determina o arquivamento do inquérito policial é, em regra, irrecorrível,


embora caiba recurso de ofício no caso de crime contra a economia popular.
✓ Não cabe uso de MS pela vítima para tentar impedir o arquivamento do inquérito policial.

5 Processo, procedimento e relação jurídica processual: elementos identificadores da relação processual;


formas do procedimento; princípios gerais e informadores do processo; pretensão punitiva; tipos de
processo penal. 6 Ação penal. 7 Ação Civil Ex Delicto.

ESPÉCIE DE AÇÃO PENAL PRINCÍPIO APLICÁVEL


AÇÃO PENAL PRIVADA Princípio da oportunidade
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA Princípio da obrigatoriedade
Princípio da oportunidade, em relação ao
AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA À ofendido.
REPRESENTAÇÃO Princípio da obrigatoriedade, em relação ao
órgão acusador.

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Princípio da discricionariedade regrada: a lei
AÇÃO PENAL NO JUIZADO ESPECIAL prevê a possibilidade de transação penal, que
CRIMINAL impede o oferecimento da ação penal, se
cumpridos os requisitos.

OUTRAS ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL


AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL Busca a aplicação de uma medida de segurança;
Processo judicial judicialiforme (apesar de ainda estar previsto no
AÇÃO PENAL EX OFFICIO
art. 26 do CPP, não se aplica mais) e HC de ofício;
Casos em que, havendo inércia por parte do órgão ministerial
AÇÃO PENAL PÚBLICA inicialmente incumbido de promover a ação penal, outro órgão
SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA oficial seria então incumbido dessa missão. Exemplo: artigo 2º, §
2º, do DL 201/67 e artigo 27 da lei 7.492/86;
Aquela em que o MP assume a ação privada subsidiária da
AÇÃO PENAL INDIRETA
pública;
Crimes primariamente processados mediante ação penal privada
AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA e, secundariamente, por ação penal pública. Exemplo: crime
contra honra do funcionário público (súmula 714/STF);
Existem duas vertentes:
1) propositura da ação penal privada pelo MP, nos casos em que
vislumbre interesse público;
AÇÃO PENAL ADESIVA 2) nos casos de conexão ou continência entre um delito que
desafia ação penal pública e outro de ação penal privada. Trata-
se de um litisconsórcio facultativo entre MP e ofendido nos
crimes conexos.
Habeas corpus e ação de crime de responsabilidade. Em
AÇÃO PENAL POPULAR
verdade, não se trata de ações penais propriamente ditas.

CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE CONDIÇÃO OBJETIVA DE


(CONDIÇÃO DA AÇÃO) PUNIBILIDADE
Ligada ao direito processual Ligada ao direito material

São condições necessárias ao regular exercício do direito de Condição exigida pelo legislador para
ação. Podem ser genéricas ou específicas que o fato se torne punível, e que
está fora do injusto culpável. Chama-
se objetiva porque independe do
CONDIÇÕES GENÉRICAS: CONDIÇÕES ESPECÍFICAS:
dolo ou da culpa do agente.
(toda ação penal tem que (nem toda ação
Encontra-se entre o preceito primário
ter) penal tem que ter)
e secundário da norma penal
1. POSSIBILIDADE 1. REPRESENTAÇÃO DO
incriminadora, condicionando a
JURÍDICA DO PEDIDO OFENDIDO.

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2. LEGITIMIDADE AD 2. REQUISIÇÃO DO existência da pretensão punitiva do
CAUSAM MINISTRO DA JUSTIÇA. Estado.
3. INTERESSE EM AGIR 3. LAUDO PRELIMINAR
(UNA = Utilidade, NO CASO DE ENVOLVER
Necessidade e Adequação ENTORPECENTES.
da via eleita. 4. ENTRADA DO AGENTE
4. JUSTA CAUSA (lastro NO TERRITÓRIO NACIONAL
probatório mínimo (no caso de
necessário ao ajuizamento extraterritorialidade da lei
da ação) penal).
Se a ausência for verificada no início do processo - rejeição da
Se não ocorre o implemento da
peça acusatória
condição, não há fundamento de
Se a ausência for verificada durante o processo - aplica o CPC
direito para o ajuizamento de uma
de maneira subsidiária e gera a extinção do processo sem
ação penal
julgamento do mérito.
Decisão fará coisa julgada formal e
Só vai haver formação de coisa julgada formal.
material.

#SELIGA Justa Causa DUPLICADA: A expressão justa causa duplicada deve ser usada quando se fala no
Crime de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/1998). Quando se oferece uma denúncia contra alguém
imputando Crime de Lavagem de Capitais, não basta demonstrar a ocultação ou dissimulação de valores,
sendo preciso também demonstrar que aqueles bens lavados (objeto da lavagem) seriam produtos
diretos ou indiretos de uma infração penal antecedente.

#CUIDADO Para o crime de furto a Ação Penal é sempre Pública Incondicionada? Não!
Art. 182 – somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em
prejuízo:
I – docônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II – deirmão, legítimo ou ilegítimo;
III – de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183 – Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I – se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
violência à pessoa;
II – ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.”

AÇÕES PENAIS PRIVADAS E CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:


É a perda do direito de ação penal ou de representação em razão de seu não
DECADÊNCIA exercício no prazo legal.
Prazo legal: Em regra, 6 meses a contar do conhecimento da autoria do fato.

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RENÚNCIA AO É o ato unilateral (não depende de aceitação) e voluntário por meio do qual a
DIREITO DE pessoa legitimada ao exercício da ação penal privada abdica do seu direito de
QUEIXA queixa, antes do início do processo.
É o ato bilateral (demanda aceitação) por meio do qual, no curso do processo
PERDÃO DO
penal, o querelante resolve não prosseguir com a demanda, perdoando o
OFENDIDO
acusado.
É a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em
virtude da negligência do querelante, com a consequente extinção da
punibilidade. Hipóteses (art. 60 do CPP):
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
PEREMPÇÃO
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

#NÃOOCONFUNDA
A regra geral do CPP permite a retratação da representação até o oferecimento da denúncia, porém,
na Lei Maria da Penha é possível se retratar até o recebimento da denúncia e apenas em juízo.
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
Art. 16 da Lei 11.340/06: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de
que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério
Público.

#SELIGANASSÚMULAS

SÚMULA 594 DO STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos,


independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal.
SÚMULA 714 DO STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa e do Ministério Público,
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor
público em razão do exercício de suas funções; sem representação, não há procedibilidade da ação penal.
SÚMULA 542 DO STJ:A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada.
SÚMULA 608-STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada.

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#DEOLHONAJURIS A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009.
Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada. STF.
1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
27/2/2018 (Info 892).

AÇÃO CIVIL EX DELICTO


Trata-se da ação que busca a reparação do dano que a suposta infração penal
CONCEITO
pode ter causado à determinada pessoa.
A vítima, seu representante legal ou sucessores, independentemente da
AÇÃO CIVIL EX sentença penal, irão buscar na esfera cível a reparação do dano decorrente
DELITO do fato delituoso (art. 64, CPP). Nesse caso, poderá o juiz suspender o curso
PROPRIAMENTE DITA da ação civil até que transite em julgado a sentença penal com o patamar
mínimo indenizatório.
AÇÃO DE EXECUÇÃO A vítima, seu representante legal ou sucessores, vão executar a sentença penal
EX DELICTO transitada em julgado (art. 63, CPP c/c art. 387, IV, CPP c/c art. 91, I, CP).
As instâncias são independentes (art. 2º, CF). Contudo, a própria sentença
INDEPENDÊNCIA
penal já pode servir de título executivo judicial para o cível, nos casos em que
DAS INSTÂNCIAS
o juiz já atribui um valor indenizatório mínimo (art. 63, parágrafo único, CPP).
A absolvição do acusado na esfera penal não influencia a decisão do juiz na
EFEITOS CIVIS DA esfera cível, salvo quando ficar comprovado que ele não foi o autor (ou
ABSOLVIÇÃO PENAL partícipe) da infração penal ou que o fato efetivamente não ocorreu (art. 66,
CPP c/c art. 386, CPP c/c art. 935, CC).
A Lei n° 11.719/2008 modificou o art. 387, IV do CPP, determinando que na
sentença penal condenatória o juiz deverá fixar o valor mínimo para reparação
dos danos. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, podem ser fixados
tanto valores à título de DANOS MATERIAIS quanto DANOS MORAIS, mas
deve haver pedido expresso do Ministério Público ou do ofendido.
INDENIZAÇÃO #DEOLHONAJURIS - INFO 588 STJ O juiz, ao proferir sentença penal
FIXADA NA condenatória, no momento de fixar o valor mínimo para a reparação dos
SENTENÇA danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-se apto
diante de um caso concreto, quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano
moral sofrido pela vítima, desde que fundamente essa opção. Isso porque o
art. 387, IV, não limita a indenização apenas aos danos materiais e a legislação
penal deve sempre priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os
prejuízos sofridos. STJ, julgado em 9/8/2016 (Info 588).
De acordo com o art. 68 do CPP, a legitimidade para a ação civil ex delicto,
LEGITIMIDADE EM em caso de vítima pobre, seria do Ministério Público. Discutiu-se se tal previsão
CASO DE VÍTIMA legal continuaria válida em razão da atribuição constitucional da Defensoria
POBRE Pública para atuar em prol dos hipossuficientes. Para o STF, o art. 68 é dotado
de uma inconstitucionalidade progressiva ou inconstitucionalidade imperfeita

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(#DEOLHONOSSINÔNIMOS) – um dia será inconstitucional. “Norma ainda
constitucional” ou “norma em trânsito da constitucionalidade para a
inconstitucionalidade”. Nas comarcas em que não houver Defensoria Pública,
o MP pode pleitear em juízo, a reparação do dano em favor de vítima pobre.
STF RE 135328
#AJUDAMARCINHO- INFO 588 STJ O juiz, ao proferir sentença penal
condenatória, no momento de fixar o valor mínimo para a reparação dos
danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-se apto
diante de um caso concreto, quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano
moral sofrido pela vítima, desde que fundamente essa opção. Isso porque o
art. 387, IV, não limita a indenização apenas aos danos materiais e a legislação
penal deve sempre priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os
prejuízos sofridos. STJ, julgado em 9/8/2016 (Info 588).

8 Jurisdição e competência.

ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA
RATIONE É aquela que leva em consideração a natureza da infração penal (art. 69, III, CPP).
MATERIAE Ex. Justiça Militar, Justiça Eleitoral, Tribunal do Júri.
RATIONE
É aquela que leva em consideração os casos de foro por prerrogativa de função.
FUNCIONAE
Será fixada seja pelo lugar da infração, seja pelo domicílio ou seja pela residência
RATIONE LOCI
do réu (art. 69, I e II, CPP).
É a distribuição feita pela lei entre diversos juízes da mesma instância ou de
instâncias diversas para, em um mesmo processo, praticar determinados atos.
COMPETÊNCIA
Ex. No Tribunal do Júri compete ao juiz sumariante exercer a competência na 1ª
FUNCIONAL
fase (iudiciumaccusationis) e ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri exercer a
competência na 2ª fase (iudicium causae).

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Regra de competência criada com base no Regra de competência criada com base no
interesse público. interesse das partes.
Não pode ser modificada (competência Pode ser modificada (competência prorrogável
improrrogável ou imodificável) ou modificável)
É causa de nulidade relativa:
É causa de nulidade absoluta:
a) deve ser arguida no momento oportuno, sob
a) pode ser arguida a qualquer tempo;
pena de preclusão;
b) o prejuízo é presumido.
b) o prejuízo deve ser comprovado.
Pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado,
Pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado,
enquanto não esgotada sua jurisdição pela
porém até o início da instrução processual.
prolação da sentença.

92 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Pode ser arguida por meio de exceção de Pode ser arguida por meio de exceção de
incompetência. incompetência.
Ratione loci, competência por distribuição,
ratione materiae, ratione funcionae e
competência por prevenção, conexão e
competência funcional.
continência.
TEORIA DO RESULTADO: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do
réu.
#EXCEÇÕES: No JECRIM aplica-se a teoria da atividade (a competência será do lugar da ação ou
omissão). Por sua vez, na ação penal privada, a competência será do lugar da infração ou do domicílio
do réu (foros concorrentes). Também há a exceção nos casos de crime contra vida, em que a competência
será determinada pela teoria da ATIVIDADE. Assim, no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos),
se os atos de execução ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para
julgar o fato será do local onde foi praticada a conduta (local da execução).
CONEXÃO: Casos de concurso de pessoas (conexão intersubjetiva); infrações praticadas para
facilitar ou ocultar outras (conexão objetiva ou teleológica); prova de uma infração influir na prova de
outra (conexão instrumental ou probatória). Gera unidade de processo e julgamento.
CONTINÊNCIA: Casos de pessoas acusadas pela mesma infração (continência por cumulação
subjetiva) e casos de concurso formal de delitos, aberratio ictus e aberratio criminis com duplo resultado
(continência por cumulação objetiva). Gera unidade de processo e julgamento.
#SELIGA
✓ Competência em crime continuado e em crime permanente: prevenção.
✓ Competência em casos de conexão e continência: crime mais grave → maior número de infrações →
prevenção.
✓ Súmula 235 STJ: a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.

SEPARAÇÃO FACULTATIVA DOS PROCESSOS: Quando as infrações tiverem sido praticadas em


circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para
não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a
separação.
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DOS PROCESSOS: Se houver concurso entre a jurisdição comum e
a militar; se houver concurso entre a jurisdição comum e o juízo de menores (ECA); se sobrevier doença
mental em relação a um corréu; se houver corréu foragido; se não houver número mínimo de jurados
no tribunal do júri (estouro de urna).
INFRAÇÕES OCORRIDAS EM NAVIOS OU AERONAVES: Serão julgadas pela Justiça Federal. Para
que o crime seja de competência da Justiça Federal, é necessário que o navio seja uma “embarcação
de grande porte”. Logo, se o delito for cometido a bordo de um pequeno barco, lancha, veleiro etc., a
competência será da Justiça Estadual.

93 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
✓ Viagens nacionais (competência do lugar em que o avião ou navio parar primeiro após a
consumação do crime);
✓ Viagens Internacionais (competência do local de saída ou do de chegada).
#COLANARETINA
• Navios e aeronaves de natureza pública: integram o Brasil independentemente de onde estejam.
• Navios e aeronaves de natura privada: a) bandeira brasileira (quando estiverem transitando território
nacional e alto mar); b) bandeira estrangeira (apenas quando estiverem transitando o território nacional).
COMPETÊNCIA MATERIAL EM RAZÃO DA PESSOA (RATIONE PERSONAE): foro por prerrogativa
de função.
#BORADETABELA?
TABELA FORO PRIVILEGIADO
CF EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO OUTRAS
1. Presidente
2. Vice-Presidente 1. MPU (PGR);
Membros dos
3. Ministros de 2. TCU;
Tribunais
Estado. 3. Comandante
Superiores:
4. Chefe da AGU 1. Senadores das forças
STF 1. STF
5. Chefe da Casa 2. Deputados armadas;
(Art. 102 da CF) 2. STJ
Civil Federais 4. Chefes em
3. TST
6. Controlador missão
4. TSE
Geral da União diplomática
5. STM
7. Presidente do permanente.
BACEN
1. MPU (membros
que atuam no
Tribunal –
Membros dos:
chamados de
STJ Tribunais
Governadores Ninguém. procuradores
(Art. 101 da CF) Estaduais e
regionais);
Federais
2. Os conselheiros
do Tribunal de
contas do Estado;
Todos os
membros do MP
Prefeitos (Art. 29, Deputados Juízes Estaduais
TJ Estadual
X, CF) Estaduais de 1º Grau
(Promotor/Procur
ador).
TRF Prefeitos (Súmula Deputados Juízes Federais de Membros do
(Art. 108 da CF) 702–STF) Estaduais 1º Grau MPU (1º Grau)

94 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
✓ Juiz estadual que praticar crime federal: julgado no TJ.
✓ Renúncia ao mandato na iminência do julgamento caracteriza abuso do direito de defesa, e será
desconsiderada para efeito do deslocamento da competência (STF).
✓ A competência do TJ e do TRF é excepcionada pela competência do TRE para julgamento dos
crimes eleitorais. O mesmo não ocorre com o STF e com o STJ, que aglutinam competência para
julgar infrações eleitorais.
✓ O julgamento de contravenções penais será sempre da justiça estadual. A única exceção diz respeito
aos réus que possuem foro por prerrogativa na JF. Assim, alguém que tenha foro por prerrogativa
de função no TRF, caso pratique alguma contravenção, será julgado no TRF e não ao TJ.
✓ Foro por prerrogativa X deslocamento: as autoridades com foro por prerrogativa no TJ ou no TRF,
ao praticarem crime fora do Estado ou da região, serão julgadas no seu tribunal de origem.
✓ Foro por prerrogativa X Júri: autoridades com foro por prerrogativa na CF não vão a júri, pois serão
julgadas no seu Tribunal de origem. O mesmo não ocorre quando o privilégio é estabelecido apenas
na Constituição Estadual (Súmula 721 - STF).

#OLHAOGANCHO: o Júri prevalece sobre os demais órgãos, julgando os crimes dolosos contra a vida e
todas as infrações comuns eventualmente conexas.

✓ Justiça Especial prevalece sobre a comum. Exceção: justiça militar. Não se aplicam as regras de
conexão e continência (caso de separação obrigatória de processos).
✓ Órgãos da mesma justiça e de mesma hierarquia concorrendo:
1ª) prevalece o juiz que atua no local da consumação do crime mais grave (o que vale é a pena em
abstrato);
2ª) se os crimes têm a mesma gravidade, prevalece o juiz que atua no local da consumação do
maior número de infrações;
3ª) por sua vez, se os delitos têm a mesma gravidade e a mesma quantidade por comarca, prevalece
o juiz prevento.
✓ Reunidos os processos (os de competência comum e os de pequeno potencial ofensivo), o juiz
competente para atuar no julgamento do crime comum deve zelar pela aplicação dos institutos da
transação penal e da composição dos danos civis ao crime de pequeno potencial ofensivo.
✓ Estelionato: competência no caso em que o prejuízo ocorreu em local diferente da obtenção da
vantagem. O crime se consuma no momento da obtenção da vantagem indevida, ou seja, no
instante em que o valor é depositado ("cai") na conta corrente do autor do delito, passando,
portanto, à sua disponibilidade.
#SURRADESÚMULAS #TATUANAMEMÓRIA.
COMPETÊNCIA ESTADUAL:
Súmula 38-STJ: Compete a Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por
contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades.

95 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de
documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado
mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente
lesão à autarquia federal.
Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure
como autor ou vítima.
Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada
em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor.
Súmula 522-STF: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da Justiça
Federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.
Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos
crimes contra a economia popular.
COMPETÊNCIA FEDERAL:
Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, lI, “a”, do Código de Processo Penal.
Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de
passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba
sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e
incorporada ao patrimônio municipal.
Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via
postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.
Súmula vinculante 36: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes
de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e
Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do
Brasil.

9 Questões e processos incidentes.

QUESTÃO PREJUDICIAL HETEROGÊNEA


QUESTÃO PREJUDICIAL OBRIGATÓRIA QUESTÃO PREJUDICIAL FACULTATIVA
Decisão que envolva questão diversa do estado
Decisão que envolva estado civil das pessoas.
civil das pessoas.

96 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Suspensão facultativa do processo: juiz poderá
suspender o curso da ação penal.
Suspensão obrigatória do processo: juiz #ATENÇÃO O juiz marcará o prazo da
suspenderá a ação penal até que no juízo cível a suspensão, que poderá ser razoavelmente
controvérsia seja dirimida por sentença com prorrogado, se a demora não for imputável à
trânsito em julgado, sem prejuízo de inquirição parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível
de testemunhas e de outras provas de natureza tenha proferido decisão, o juiz criminal fará
urgente (art. 92, CPP); prosseguir o processo, retomando sua
competência para resolver, de fato e de direito,
toda a matéria da acusação ou da defesa.
Recurso da decisão que denegar a suspensão do processo: Irrecorrível (art. 93, §2º, CPP).
Recurso da decisão que conceder a suspensão: RESE (art. 582, XVI, CPP).

EXCEÇÕES
Se relaciona com a imparcialidade do juiz.
Só poderá ser arguida até a sentença.
Salvo quando superveniente, deverá ser a primeira exceção alegada.
SUSPEIÇÃO
#ATENÇÃO Aplica-se a exceção de suspeição ao membro do MP, aos
serventuários e aos auxiliares da Justiça e aos Jurados, mas NÃO à
autoridade policial.
Se aplica apenas para os casos de incompetência relativa.
INCOMPETÊNCIA DE
Pode ser oposta verbalmente ou por escrito, no prazo da defesa.
JUÍZO
Segue o mesmo procedimento da exceção de suspeição.
Para o caso de duplicidade de demandas idênticas (identidade de partes,
LITISPENDÊNCIA
fatos imputados e pedidos) tramitando simultaneamente.
Defeitos em relação às partes da ação.
Legitimidade ad causam = É a situação prevista em lei que permite a um
determinado sujeito propor a demanda judicial e a outro ocupar o polo
passivo da demanda. #SELIGANOEXEMPLO: Haverá ilegitimidade ativa ad
ILEGITIMIDADE DE
causam se o MP propor ação penal em crime de natureza privada.
PARTE
Legitimidade ad processum = Se relaciona com a capacidade de estar em
juízo, tida como pressuposto processual de validade. #SELIGANOEXEMPLO:
Haverá ilegitimidade ad processum se o ofendido menor de 18 anos oferecer
queixa-crime sem representante legal.
Duplicidade de demandas idênticas (identidade de partes, fatos imputados
COISA JULGADA
e pedidos), tendo uma delas já transitado em julgado.

#ATENÇÃO As exceções podem ser Peremptórias ou Dilatórias.


Peremptórias: Se julgadas procedentes, extinguem o processo. Ex: litispendência e coisa julgada.
Dilatórias: Se julgadas procedentes, retardam o curso do processo. Ex: suspeição e incompetência.

97 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#SELIGA A ilegitimidade ad causam será sempre peremptória e a ilegitimidade ad processum será
dilatória ou peremptória, a depender do vício ser ou não sandado.

O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de


justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo,
INCOMPATIBILIDADES quando houver incompatibilidade ou impedimento legal.
E IMPEDIMENTOS Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser
arguido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção
de suspeição.
-Conflito positivo: duas ou mais autoridades judiciárias se consideram
competentes para conhecer do mesmo fato criminoso.
-Conflito negativo: duas ou mais autoridades judiciárias se consideram
CONFLITO DE incompetentes para conhecer do mesmo fato criminoso.
JURISDIÇÃO -Também haverá conflito quando entre as autoridades judiciárias surgir
controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.
-Poderá ser arguido junto ao Tribunal competente pela parte interessada,
MP ou qualquer dos juízes ou tribunais envolvidos na causa.
RESTITUIÇÃO DE
Deverá ser instaurado o incidente quando houver dúvida sobre o direito
COISAS
daquele que pede a restituição de coisa apreendida.
APREENDIDAS
Tem natureza patrimonial e buscam assegurar os efeitos patrimoniais da
condenação, tais como, a reparação do dano, pena de multa, pagamento
das despesas processuais. Modalidades:
-SEQUESTRO: para tornar indisponíveis bens imóveis. Para bens adquiridos
com o proveito da ação penal, em nome do investigado/acusado ou de
terceiros.
-HIPOTECA LEGAL: direito real de garantia que também recai sobre bens
imóveis. Sobre o patrimônio do investigado/acusado adquirido de forma
MEDIDAS
lícita ou ilícita.
ASSECURATÓRIAS
-ARRESTO PREVENTIVO: É medida pré-cautelar que busca tornar os bens
do indiciado indisponíveis enquanto tramita o pedido de hipoteca legal.
-ARRESTO: semelhante à hipoteca legal, mas se aplica para bens móveis.
Apenas para bens adquiridos de forma lícita.
-ALIENAÇÃO ANTECIPADA: Aplica-se a todas as modalidades de medidas
assecuratórias, visando a preservação do valor dos bens sempre que
estiverem sujeitos a deterioração ou depreciação ou houver dificuldade
para a sua manutenção.
INCIDENTE DE
Tem por objetivo verificar a autenticidade de documento inserido no
FALSIDADE
processo. #NÃOCAIANESSA Não é possível durante a investigação.
DOCUMENTAL

98 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Quando houver dúvidas sobre a capacidade mental do
INCIDENTE DE investigado/acusado.
INSANIDADE MENTAL #ATENÇÃO Se instaurado no curso do IP não haverá suspensão. Mas no
curso do processo, não acarreta suspensão.

#INFORMATIVOS #COLANARETINA
Indeferimento do pedido de incidente de falsidade formulado anos após a prova ter sido juntada e
depois da sentença condenatória. Não há nulidade na decisão que indefere pedido de incidente de
falsidade referente à prova juntada aos autos há mais de 10 anos e contra a qual a defesa se insurge
somente após a prolação da sentença penal condenatória, uma vez que a pretensão está preclusa.
STJ. 5ª Turma.RHC 79834-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 07/11/2017 (Info 615).
Se o acusado se recusa a participar do incidente, não pode ser obrigado a fazer o exame.
O incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é
possível determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua realização.
STF. 2ª Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/9/2016 (Info 838)
Ilegitimidade do corréu para ajuizar medida cautelar de sequestro de bens dos demais corréus. João,
Pedro e Tiago foram denunciados pela prática de sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90). O
Ministério Público requereu ao juiz e foi autorizado o sequestro dos bens somente do réu João, com
base no Decreto-Lei 3.240?41: Art. 1º Ficam sujeitos a sequestro os bens de pessoa indiciada por
crime de que resulta prejuízo para a fazenda pública, ou por crime definido no Livro II, Títulos V, VI e
VII da Consolidação das Leis Penais desde que dele resulte locupletamento ilícito para o indiciado.
João, inconformado pelo fato de que apenas os seus bens foram atingidos pela decisão, impetrou
mandado de segurança pedindo que os bens dos outros réus (Pedro e Tiago) também fossem
sequestrados. Alegou que a medida constritiva deveria ter recaído sobre os bens de todos os
acusados, sob pena de ofensa aos princípios da isonomia e da proporcionalidade. O mandado de
segurança terá êxito? NÃO. O corréu — partícipe ou coautor — que teve seus bens sequestrados no
âmbito de denúncia por crime de que resulta prejuízo para a Fazenda Pública (DL 3.240/41) não tem
legitimidade para postular a extensão da constrição aos demais corréus, mesmo que o Ministério
Público tenha pedido a medida cautelar de sequestro de bens somente em relação àquele. STJ. 6ª
Turma. RMS 48619-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/9/2015 (Info 570).
Será necessária a procuração se o Defensor Público for praticar algum dos atos para os quais a lei
exige poderes especiais. O art. 98 do CPP prevê que, para ser proposta exceção de suspeição do juiz,
o defensor precisa de procuração com poderes especiais. O Defensor Público que faz a defesa do
réu precisará de procuração com poderes especiais para arguir a suspeição do juiz? SIM. É exigível
procuração com poderes especiais para que seja oposta exceção de suspeição por réu representado
pela Defensoria Pública, mesmo que o acusado esteja ausente do distrito da culpa. STJ. 6ª Turma.
REsp 1431043-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/4/2015 (Info 560).

10 Prova.
✓ Interrogatório do réu: Meio de prova x meio de defesa (STF).

99 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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✓ Momento do interrogatório: Julgamento do HC 127900/AM, em 3/3/2016 (Info 816), o STF decidiu
que a realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é
aplicável no âmbito de processo penal militar.
A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 400 do CPP, na redação dada
pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça Militar, em detrimento
do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. Em relação à Lei de Drogas, não se manifestou de forma expressa,
mas apenas em obter dictum, no sentido de que o interrogatório deveria ser feito apenas ao final da
instrução.
#CUIDADO: na prova vocês devem observar se o enunciado se reporta ao dispositivo legal ou ao
entendimento jurisprudencial.
✓ Exame do corpo de delito: pode ser suprido pela prova testemunhal, mas não pela confissão.
✓ Interrogatório por videoconferência:
a) Prevenir risco à segurança pública (suspeita que integre organização criminosa ou que possa fugir);
b) Viabilizar a participação do réu no ato quando houver dificuldade de comparecimento ao juízo
(enfermidade ou circunstância pessoal);
c) Impedir influência do réu no ânimo da testemunha ou vítima, desde que não seja possível colher o
depoimento destas por videoconferência;
d) Responder à gravíssima questão de ordem pública.
#ATENÇÃO:
✓ PROVAS CAUTELARES: são aquelas provas que correm o risco de desaparecer em razão do tempo.
Nesses casos, coleta-se cautelarmente a prova, mas o contraditório será postergado para a
instrução probatória. Em regra, dependem de autorização judicial. Exemplo: interceptação
telefônica autorizada no curso da investigação.
✓ PROVAS NÃO REPETÍVEIS: É aquela prova que não pode ser novamente produzida, devido ao
desaparecimento, destruição ou perecimento. Exemplo: perícia realizada na vítima de uma lesão
corporal leve que tende a desaparecer em poucos dias. Aqui, o contraditório também será
diferido/postergado.
✓ PROVAS ANTECIPADAS: São produzidas com observância ao contraditório, perante o magistrado,
porém em momento distinto daquele que previsto pela lei, inclusive na fase investigatória.
Exemplo: depoimento ad perpetuam rei memoriam (art. 225, CPP) e a produção de provas prevista
no art. 366, do CPP.
✓ SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA PROVA: sistema da prova tarifada (resquícios no CPP – certidão
de óbito para comprovar a morte); sistema da íntima convicção (tribunal do júri); sistema do livre
convencimento motivado (regra geral).
✓ PROVA ILÍCITA: aquela que viola garantia consagrada em norma constitucional ou legal. Pode ser
utilizada para absolver, mas não para condenar. Devem ser desentranhadas do processo.
#OLHAOGANCHO Teorias diferentes que tratam das provas ilícitas:

100 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
✓ Teoria da exclusão da ilicitude da prova: Preceitua que devem ser aplicadas as excludentes de
ilicitude catalogadas no art. 23 do CP, para justificar a conduta de quem produz a prova ilícita.
✓ Doutrina da visão aberta: Também se configura como exceção da regra da exclusão da prova ilícita.
É legítima a apreensão de elementos probatórios quando, a despeito de não se tratar da finalidade
prevista no mandado de busca e apreensão, o objeto da apreensão é encontrado à plena vista do
agente policial. Deve ocorrer de maneira casual.
✓ Teoria dos vícios sanados, da tinta diluída, do nexo causal atenuado ou limitação da mancha
purgada (purgedtaint): não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se o nexo causal entre a
prova primária e a secundária for atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias
supervenientes na cadeia probatória, da menor relevância da ilegalidade ou da vontade de um dos
envolvidos em colaborar com a persecução criminal. Nesse caso, apesar de já ter havido a
contaminação de um determinado meio de prova em face da ilicitude ou ilegalidade da situação
que o gerou, um acontecimento futuro expurga, afasta, elide esse vício, permitindo-se, assim, o
aproveitamento da prova inicialmente contaminada.
✓ Exceções da boa-fé (good faith exception): Preconiza que “a vedação às provas ilícitas visa inibir,
dissuadir, e desestimular violações aos direitos fundamentais, não seria possível dizer que a prova
seria ilícita quando, com base em um mandado de busca e apreensão ilegal expedido por um juiz
neutro e imparcial, mas posteriormente considerado como não fundado em indícios necessários
para sua expedição, o agente, desconhecendo tal ilicitude e havendo motivos razoáveis para
acreditar na sua validade, obtém provas decorrentes do cumprimento do mandado, tendo
convicção de que agia dentro da legalidade”.
✓ Teoria da proporcionalidade (balancing test): Por esta teoria, deverá o magistrado realizar um juízo
de ponderação entre os diversos valores assegurados pela Constituição, tendo em conta a
intensidade e a quantidade da violação ao direito fundamental e o dano que poderá advir caso a
prova não seja admitida. No entanto, referida teoria não tem sido utilizada pelos tribunais para
afastar a ilicitude por derivação. A doutrina e a jurisprudência somente admitem a aplicação do
princípio da proporcionalidade para permitir a utilização da prova ilícita em benefício do acusado.
#CUIDADO: quando o art. 157, §2º, CP fez menção à fonte independente, quis, na verdade, trazer o
conceito da limitação da descoberta inevitável.
#MAISGANCHOS
Súmula 455 - STJ: a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo 366
do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo.
O que é prova típica? É aquele que procedimento está previsto na legislação.
O que é prova anômala? É a prova típica utilizada para fim diverso que a legislação lhe traz, com
características de outra prova típica. Sendo assim, existe um meio e um procedimento para esta prova, o
que não é respeitado, sendo utilizado outro meio para a sua realização. Exemplo de Renato Brasileiro:
Juiz não utiliza da carta precatória e pede para um oficial de justiça entrar em contato com uma
testemunha por telefone.
O que é prova irritual? É a que não observa o procedimento legal (existe procedimento previsto em lei
para a prova, mas ele não é observado). Conforme Brasileiro a prova irritual é “a típica colhida sem a

101 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
observância do modelo previsto em lei. Como essa prova irritual é produzida sem obediência ao modelo
legal previsto em lei, trata-se de prova ilegítima, passível de declaração de nulidade”.
Prova crítica é sinônimo para a prova pericial.
Prova fora da terra é aquela produzida perante juízo distinto daquele em que se processou o feito, como
acontece no caso de carta rogatória ou precatória.

✓ Busca e Apreensão: embora esteja inserida no CPP como meio de prova, sua natureza jurídica é de
meio de obtenção de prova.
Em regra, documento em poder do advogado do réu não pode ser apreendido, salvo:
• Quando o documento é o corpo de delito do crime praticado pelo cliente (art. 243, §2º, CPP). Ex.:
escritura falsa;
• Quando o advogado é participante do crime, deixando, portanto, de ser (só) advogado (o
advogado é o investigado ou um dos investigados).

11 Sujeitos do Processo.

IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de
I - Tiver funcionado seu cônjuge ou parente,
qualquer deles;
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral
II - seele, seu cônjuge, ascendente ou
até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou
descendente, estiver respondendo a processo por
advogado, órgão do Ministério Público,
fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
controvérsia;
II - Ele próprio houver desempenhado qualquer
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo,
dessas funções ou servido como testemunha;
ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar
III - tiver funcionado como juiz de outra instância,
demanda ou responder a processo que tenha de
pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
ser julgado por qualquer das partes;
questão;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
IV - Ele próprio ou seu cônjuge ou parente,
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral
qualquer das partes;
até o terceiro grau, inclusive, for parte ou
VI - se for sócio, acionista ou administrador de
diretamente interessado no feito.
sociedade interessada no processo.
Rol taxativo. Presunção absoluta de parcialidade. Presunção relativa de parcialidade.

#ATENÇÃO A suspeição ou o impedimento em decorrência de parentesco por afinidade, em regra, cessa


com a dissolução do casamento. EXCEÇÕES:
a) Se do casamento resultar filhos, o impedimento ou suspeição não se extingue em nenhuma hipótese.
b) o impedimento ou suspeição permanece em relação a sogros, genros, cunhados, padrasto e enteado.

ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO:

102 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Trata-se da figura do ofendido, seu representante legal ou seus sucessores,
que poderão atuar na ação penal pública como assistentes do Ministério
CONCEITO:
Público. O requerente deve estar assistido por profissional habilitado ou
Defensor Público.
Apenas durante o processo, entre o recebimento da denúncia e o trânsito
MOMENTO:
em julgado.
MINISTÉRIO PÚBLICO: Deve ser ouvido previamente.
RECURSO DA Irrecorível.
DECISÃO QUE DEFERE #ATENÇÃO A doutrina defende o cabimento de Mandado de Segurança
OU INDEFERE: quando há indeferimento.
CORRÉU: Não pode atuar como assistente de acusação em relação aos demais corréus.
-Propor meios de prova
-Requerer perguntas às testemunhas
-Aditar os articulados
-Participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério
Público ou por ele próprio.
PODERES:
-Requerer a prisão preventiva do acusado
- Apelar da sentença de mérito (mesmo com a única finalidade de majorar a
pena)
- Recorrer da sentença de impronúncia, nos processos do Tribunal do Júri
- Recorrer da sentença que julga extinta a punibilidade

12 Prisão, medidas cautelares, e liberdade provisória e prisão temporária (Lei nº 7.960/1989).

CARACTERÍSTICAS DAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS:


Em regra, as medidas cautelares são determinadas pelo Poder Judiciário.
JURISDICIONALIDADE Exceção: fiança arbitrada pela autoridade policial às infrações cuja pena
máxima não supere quatro anos.
Devem vigorar apenas pelo período necessário para atender a situação que
PROVISORIEDADE
justificou sua imposição.
Relacionado à provisoriedade, o juiz pode revogar a medida cautelar se
REVOGABILIDADE
verificar a falta de motivos para que subsista.
Por implicarem em restrições às garantias e liberdades individuais e em
respeito ao Princípio da Presunção de Inocência devem ser aplicadas em
EXCEPCIONALIDADE
situações emergenciais, que configurem perigo à sociedade, ao processo ou
à execução penal.
Assim como pode revogar a medida, o juiz pode entender que alguma outra
SUBSTITUTIVIDADE
se mostra mais adequada ao caso concreto e promover a substituição.
CUMULATIVIDADE Assegura a possibilidade de aplicação isolada ou cumulativa.

ESPÉCIES DE FLAGRANTE (Art. 302, CPP)

103 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
FLAGRANTE PRÓPRIO Aquele em que o agente está cometendo a infração penal ou que acaba de
OU REAL: cometê-la;
FLAGRANTE Aquele em que o agente é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
IMPRÓPRIO, IRREAL OU ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor
QUASE FLAGRANTE: da infração;
FLAGRANTE
Aquele em que o agente é encontrado, logo depois, com instrumentos,
PRESUMIDO, FICTO OU
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração;
ASSIMILADO:

CRIAÇÕES DOUTRINÁRIAS E JURISPRUDENCIAIS


Um agente provocador induz terceiro à prática do delito, adotando
A) FLAGRANTE precauções para que o crime não se consuma. Também chamado de delito
PREPARADO OU putativo por obra do agente provocador ou crime de ensaio. Configura
PROVOCADO: crime impossível (Súmula 145/STF: não há crime, quando a preparação do
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação).
É considerado legal e encontra previsão na lei das organizações criminosas
B) FLAGRANTE e lei de drogas.
RETARDADO OU Exemplo: ação controlada (retardamento da intervenção policial, que deve
DIFERIDO: se dar no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de
provas);
A autoridade policial limita-se a aguardar o momento da prática do delito.
C)FLAGRANTE
A diferença entre o flagrante esperado e o preparado é que no preparado
ESPERADO:
há o agente provocador. É considerado legal;

D) FLAGRANTE
Cria provas de um delito inexistente. É ilegal.
FORJADO OU URDIDO:

FORMALIDADES DO FLAGRANTE

✓ Comunicar à família, ao juiz e ao MP;


✓ Em 24h enviar os autos ao juiz, entregar a nota de culpa e encaminhar cópia do auto à Defensoria
(caso não tenha advogado).
De acordo com o princípio da homogeneidade, corolário da proporcionalidade, mostra-se
ilegítima a prisão provisória quando a medida for mais gravosa que a própria sanção a ser aplicada na
hipótese de eventual condenação.

PECULIARIDADES EM RELAÇÃO A DETERMINADOS SUJEITOS


O adolescente é passível de apreensão em flagrante de ato
MENORES DE 18 ANOS infracional, caso em que será apresentado imediatamente à
autoridade policial.

104 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Apenas pode ser preso pela prática de crime comum após
PRESIDENTE DA REPÚBLICA sentença condenatória, razão pelo qual não está sujeito à prisão
em flagrante (art. 86, parágrafo 6 da CF/88).
Prevalece que não se estende a governadores a prerrogativa do
artigo 86, parágrafo 6 da CF/88 diante do silêncio eloquente da
GOVERNADOR CF que, deliberadamente, não quis permitir essa exclusiva
imunidade presidencial a outras autoridades. Não há que se falar
em princípio da simetria constitucional nesse caso.
#ATENÇÃO Tanto os magistrados (art. 33, II, da LOMAN) quanto
os membros do Ministério Público (art. 40, III, da LONMP e art. 18,
II, d, LC 75/93) somente podem ser presos em flagrante pela
MAGISTRADOS E MEMBROS DO prática de crime inafiançável. Além disso, mesmo nesses casos, o
MINISTÉRIO PÚBLICO auto de prisão em flagrante não é presidido pela autoridade
policial, mas sim, no caso dos juízes, pelo Presidente do Tribunal
a que vinculado e, no caso dos membros do MP, pelo
Procurador-Geral de Justiça.
Admite-se a prisão em flagrante de crime inafiançável, impondo-
se nas vinte e quatro horas seguintes, o encaminhamento dos
MEMBROS DO CONGRESSO
autos à respectiva Casa Legislativa, para que, pelo voto da maioria
NACIONAL
de seus membros, resolva sobre a prisão (art. 53, parágrafo 2 da
CF/88).
Possuem imunidade diplomática, razão pelo qual não estão
DIPLOMATAS ESTRANGEIROS
sujeitos à prisão em flagrante.
AGENTE QUE PRESTA SOCORRO
Não está sujeito à prisão em flagrante por força do artigo 301 do
À VÍTIMA APÓS ACIDENTE DE
CTB.
TRÂNSITO
INDIVÍDUO QUE SE APRESENTA
Inexistindo flagrante por apresentação, não se impõe a prisão em
ESPONTANEAMENTE À
flagrante ao indivíduo que se apresenta de modo espontâneo.
AUTORIDADE
Segundo o Estatuto da Advocacia, o advogado somente poderá
ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em
caso de crime inafiançável. A contrario sensu, flagrado o
ADVOGADOS advogado na prática de crime afiançável por motivos estranhos
ao exercício da advocacia, nada impede a prisão em flagrante,
ressalvando-se, apenas, a necessidade de comunicação expressa
á seccional da OAB.
Não está sujeito à prisão em flagrante e nem se exigirá fiança se,
AUTOR DE INFRAÇÃO DE MENOR após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao
POTENCIAL OFENSIVO juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer (art. 69,
parágrafo único, da Lei 9.099/95)

105 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser
INDIVÍDUO FLAGRADO NA
imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta
POSSE DE DROGAS PARA
deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se
CONSUMO PESSOAL (ART. 28 DA
termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos
LEI 11.343/06)
exames e perícias necessários.
Eleitor tem imunidade nos cinco dias anteriores e até quarenta e
oito horas depois do encerramento da eleição, salvo hipótese de
ELEITOR, ANTES E DEPOIS DO
flagrante delito (de crime afiançável ou inafiançável) ou sentença
PLEITO
criminal condenatória por crime inafiançável, ou ainda, por
desrespeito a salvo-conduto.

PRISÃO TEMPORÁRIA: só pode ser determinada no inquérito policial e pelo prazo de 5 dias,
podendo ser prorrogada por mais 5 dias. Nos crimes hediondos, o prazo é de 30 + 30.

#ATENÇÃO! Requisitos da prisão temporária:


a) Ser imprescindível para as investigações;
b) Réu não possuir residência fixa ou não fornecer elementos para sua identificação;
c) Haver fundadas razões de autoria ou participação nos seguintes crimes: homicídio doloso, sequestro
ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro, estupro, atentado violento ao pudor,
rapto violento, epidemia com resultado morte, envenenamento de água potável ou substância alimentícia
ou medicinal qualificado pela morte, quadrilha ou bando (associação criminosa), genocídio, tráfico de
drogas, crime contra o sistema financeiro, crimes previstos na Lei de Terrorismo.

PRISÃO PREVENTIVA (ART. 311 E SEGUINTES): Visa à garantia da ordem pública, garantia da
ordem econômica, instrução do processo penal ou aplicação da lei penal. Só pode ser decretada em
crimes dolosos com pena superior a 4 anos, reincidentes dolosos (qualquer pena), descumprimentos
de medida de protetiva de urgência (violência doméstica) ou quando não se identificar civilmente.

PRISÃO PREVENTIVA
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: Apesar de não existir consenso doutrinário, é
utilizada para evitar que o agente continue delinquindo no transcorrer da
persecução criminal.
#OBS: A repercussão social ou a gravidade do fato, por si só, não justificam a
FUNDAMENTOS privação cautelar.
(Art. 312 CPP) CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: Impede que o agente influencie a
produção probatória, destruindo provas, ameaçando testemunhas, etc.
GARANTIA DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL: Evita-se a fuga do agente, impedindo
o sumiço do autor quando houver demonstração fundada da possibilidade de
fuga.

106 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA: Evita-se que o agente continue a praticar
novas infrações afetando a ordem econômica. É mais específica que a garantia
da ordem pública.
DESCUMPRIMENTO DE QUALQUER DAS OBRIGAÇÕES IMPOSTAS POR FORÇA
DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES: Se o agente descumpriu a medida, pode
indicar que a cautelar diversa da prisão não se revela adequada ou suficiente ao
caso, admitindo-se a sua substituição ou cumulação com outra, ou em último
caso, a decretação da preventiva, desde que o delito praticado comporte a
medida.
CRIMES DOLOSOS punidos com pena privativa de liberdade máxima SUPERIOR
A 4 (QUATRO) ANOS.
Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em
julgado (REINCIDENTE).
Se o crime envolver VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR contra a mulher,
REQUISITOS (ART.
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para GARANTIR
313 do CPP)
A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA.
Houver DÚVIDA SOBRE A IDENTIDADE CIVIL DA PESSOA ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese
recomendar a manutenção da medida.

Relaxamento da prisão Revogação da prisão cautelar Liberdade provisória


Incide nas hipóteses de prisão Incide nas hipóteses de prisão Incide nas hipóteses de prisão
ilegal legal legal
Cabível em face de toda e Cabível em face da prisão Por força da lei de 2011, passou
qualquer espécie de prisão, temporária e da prisão a ser cabível em face de
desde que ilegal. preventiva. qualquer prisão.
É medida de contracautela e
também de medida cautelar
Não se trata de medida Não se trata de medida
autônoma, que pode ser
cautelar, mas sim de medida de cautelar, mas sim de medida de
aplicada com a imposição de
urgência baseada no poder de urgência baseada no poder de
uma ou mais das medidas
polícia da autoridade judiciária. polícia da autoridade judiciária.
cautelares diversas da prisão
(art. 321).
Acarreta a restituição de Acarreta a restituição de
liberdade plena. No entanto, na liberdade plena. Todavia,
hipótese do relaxamento, presentes FUMUS + Acarreta a restituição da
presentes FUMUS + PERICULUM, é possível a liberdade com vinculação.
PERICULUM, é possível a imposição de medidas
imposição de medidas cautelares diversas da prisão.

107 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
cautelares, inclusive as prisões
preventiva e temporária.
Há dispositivos legais de
duvidosa constitucionalidade
que vedam a liberdade
Cabível em relação a todos os Cabível em relação a todos os provisória, com ou sem fiança,
crimes. crimes. em relação a alguns delitos, o
que, todavia, não impede a
aplicação das medidas
cautelares diversas da prisão.
Só pode ser decretada pela A competência recai sobre
Pode ser concedida tanto pela
autoridade judicial (há quem quem decretou a medida. Logo,
autoridade policial (art. 322),
defenda que o Delegado se impetrado diretamente HC,
como pelo juiz.
também pode). há supressão de instância.

#BORAFIXAR
✓ Juiz não pode conceder de ofício: prisão temporária e prisão preventiva e cautelares diferentes da
prisão durante o inquérito.
✓ Cautelares diversas da prisão: sempre concedidas pelo juiz, salvo a fiança, que pode ser arbitrada
pelo delegado quando a pena máxima do crime for de até 4 anos.
✓ Atos infracionaispretéritos podem ser utilizados como fundamento para decretação ou manutenção
da prisão preventiva, desde que haja gravidade específica do ato infracional, o tempo decorrido
entre o referido ato e o crime seja razoável (não excessivo) e haja comprovação da efetiva
ocorrência do ato infracional (STJ, Info 585).
✓ A fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a justificar o decreto da custódia preventiva
para a conveniência da instrução criminal e como garantia da aplicação da lei penal.
✓ As condições pessoais favoráveis não garantem a revogação da prisão preventiva quando há nos
autos elementos hábeis a recomendar a manutenção da custódia.
✓ A substituição da prisão preventiva pela domiciliar exige comprovação de doença grave, que
acarrete extrema debilidade, e a impossibilidade de se prestar a devida assistência médica no
estabelecimento penal.
✓ As medidas cautelares diversas da prisão, ainda que mais benéficas, implicam em restrições de
direitos individuais, sendo necessária fundamentação para sua imposição.
✓ A prisão preventiva não é legítima nos casos em que a sanção abstratamente prevista ou imposta
na sentença condenatória recorrível não resulte em constrição pessoal, por força do princípio da
homogeneidade.
✓ Os fatos que justificam a prisão preventiva devem ser contemporâneos à decisão que a decreta.
✓ A alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público ou a comoção social não
constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão preventiva.
✓ Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime
com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai

108 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas
restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto; d) até que sejam
estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao
sentenciado (Info 825 - STF).
PRISÃO DOMICILIAR: é um tipo especial de prisão que substitui a preventiva quando estão
presentes os requisitos dos arts. 312 e 313, mas, por alguma particularidade do acusado, ele não pode
se submeter ao gravame do cárcere.
#NOVIDADELEGISLATIVA: Lei nº 13.257/2016 (Marco Legal da Primeira Infância)
Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 06 (seis) anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos.

13 Citações e Intimações.14 Atos processuais e atos judiciais.

#DEOLHONAJURIS #INFORMATIVOS
Súmula 455 do STJ: A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo
366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do
tempo.
Súmula 415 do STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.
Citação por hora certa é constitucional. É constitucional a citação com hora certa no âmbito do
processo penal. STF. Plenário. RE 635145/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz
Fux, julgado em 1º/8/2016 (repercussão geral) (Info 833).
Produção antecipada de provas e oitiva de testemunhas policiais. Existe um argumento no sentido de
que se as testemunhas forem policiais, deverá haver autorizada a sua oitiva como prova antecipada,
considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras ocorrências e, se houvesse o decurso
do tempo, eles iriam esquecer dos fatos. Esse argumento é aceito pela jurisprudência? A oitiva das
testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? * 1ª
corrente: SIM. É justificável a antecipação da colheita da prova testemunhal com arrimo no art. 366 do
CPP nas hipóteses em que as testemunhas são policiais. O atuar constante no combate à criminalidade
expõe o agente da segurança pública a inúmeras situações conflituosas com o ordenamento jurídico,
sendo certo que as peculiaridades de cada uma acabam se perdendo em sua memória, seja pela
frequência com que ocorrem, ou pela própria similitude dos fatos, sem que isso configure violação à
garantia da ampla defesa do acusado. STJ. 3ª Seção. RHC 64.086-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para
acórdão Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/11/2016 (Info 595). * 2ª corrente: NÃO. Não serve

109 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
como justificativa a alegação de que as testemunhas são policiais responsáveis pela prisão, cuja própria
atividade contribui por si só, para o esquecimento das circunstâncias que cercam a apuração da suposta
autoria de cada infração penal: STF. 2ª Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
3/11/2015 (Info 806).
Nulidade da intimação por edital de réu preso. Preso o réu durante o curso do prazo da intimação por
edital da sentença condenatória, essa intimação fica prejudicada e deve ser efetuada pessoalmente. Se
o réu está preso durante o prazo do edital, ele deverá ser intimado pessoalmente da sentença
condenatória, na forma do art. 392, I, CPP, restando prejudicada a intimação editalícia. STJ. 6ª Turma.
RHC 45584/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 3/5/2016 (Info 583)

EMENDATIO LIBELLI (ART. 383, CPP) MUTATIO LIBELLI (ART. 384, CPP)
Não há alteração em relação ao fato delituoso,
limitando-se o juiz a modificar a classificação
Durante o curso da instrução processual, surge
formulada na peça acusatória, ainda que tenha
uma elementar ou circunstância não contida na
que aplicar pena mais grave, em razão de
peça acusatória.
eventuais equívocos existentes na inicial
acusatória
Deve o MP aditar a peça acusatória, ouvindo-se a
defesa no prazo de 5 dias. Haverá novo
Juiz pode realizar de ofício.
interrogatório e oitiva de no máximo 3
testemunhas.
É cabível na 2ª instância. Não é cabível na 2ª instância (Súmula 453 STF).

15 Procedimentos: processo comum; processos especiais; Lei nº 8.038/1990 – normas procedimentais


para os processos perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF).
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

Juizo de Admissibilidade da
Oferecimento da
acusação (Rejeição ou Citação
Denúncia/Queixa
Recebimento)

Audiência de instrução. Pode


haver diligências (art. 402
Decisão sobre absolvição
Apresentação de resposta à CPP). Alegações Finais Orais
sumária ou designação de
acusação (Prazo = 10 dias) (20 min, prorrogáveis por
audiência
mais 10min) ou memoriais
em 5 dias.

Sentença

110 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
TRIBUNAL DO JÚRI
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI
Plenitude de Defesa.
Sigilo das Votações.
Soberania dos Vereditos.
Competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

1ª Fase – Iudicium Accusationis ou Sumário da Culpa

Juizo de Admissibilidade da
Oferecimento da
acusação (Rejeição ou Citação
Denúncia/Queixa
Recebimento)

Audiência de instrução c/
Apresentação de resposta à Oitiva do MP em réplica Alegações Finais Orais (20
acusação (Prazo = 10 dias) (Prazo = 5 dias) min, prorrogáveis por mais
10min)

Decisão (em audiência ou 10


dias):
1) Impronúncia
2) Absolvição Sumária
3) Desclassificação
4) Pronúncia

Procedimento do Júri Procedimento Ordinário


Prazo para
90 dias -
conclusão
Máximo de
8 8
testemunhas
Oitiva do MP
após a resposta Sim Não há previsão legal
à acusação
Momento da
Absolvição
Após as alegações finais Após a resposta à acusação
Sumária
#ATENÇÃO

111 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Não há previsão legal (mas é possível
Diligências da
com fundamento no art. 156, inc. II do Sim (Art. 402, CPP)
instrução
CPP).
Apenas orais (mas mesmo sem previsão
Alegações
legal, é comum a substituição no dia a Orais ou em memoriais
Finais
dia).
Possibilidade de negativa geral dos
Defesa genérica
fatos, como estratégia da defesa para
nas Alegações Não é possível, sob pena de nulidade
não antecipar a tese a ser utilizada em
Finais
Plenário.

Decisão Hipóteses Recurso Cabível


O juiz não se convencer da:
Impronúncia (art. - Materialidade do fato;
Apelação (art. 416 do CPP)
414 CPP) - Existência de indícios suficientes de
autoria ou participação.
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou
partícipe do fato;
III – o fato não constituir infração
penal;
Absolvição
IV – demonstrada causa de isenção de
Sumária (art. 415 Apelação (art. 416 do CPP)
pena ou de exclusão do crime
CPP)
(EXCETO INIMPUTABILIDADE por
doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado,
quando esta não for a única tese
defensiva).

Desclassificação Decisão através da qual o Juiz singular RESE (Doutrina e Jurisprudência,


(art. 419 CPP) desclassifica o delito para outro que interpretação do art. 581, II do CPP )
não seja doloso contra a vida.
Convencido da materialidade do fato e
da existência de indícios suficientes de
autoria ou de participação.
#OLHAOGANCHO: Na pronúncia
Pronúncia vigora o princípio do in dubio pro RESE (Art. 581, inc. IV, do CPP).
societate, assim, na dúvida quanto à
existência do crime ou em relação à
autoria ou participação, deve o juiz
pronunciar o acusado.

112 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
DESAFORAMENTO
Deslocamento da competência territorial de uma comarca para outra, a fim de
que nesta seja realizado o Julgamento pelo Tribunal do Júri. O desaforamento
CONCEITO:
deverá ser para outra comarca da mesma região, onde não existam os motivos,
preferindo-se as mais próximas.
Interesse de ordem pública.
Dúvida sobre a imparcialidade do júri.
Falta de segurança pessoal do acusado.
HIPÓTESES:
Quando o julgamento não for realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado da
preclusão da decisão de pronúncia, desde que comprovado o excesso de serviço
e evidenciado que a demora não foi provocada pela Defesa.
Ministério Público;
Assistente da acusação;
LEGITIMADOS: Querelante;
Acusado;
Representação do juízo competente.
Após o trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
#IMPORTANTE É possível o desaforamento após o julgamento pelos jurados se
MOMENTO:
somadas duas condições: 1) houver nulidade da decisão; e 2) o fato tiver ocorrido
durante ou após a realização do julgamento (art. 427, §4° do CPP).
Possibilidade de, após ter sido determinado o desaforamento, retornar o processo
ao juízo de origem. Em regra, não é admitido pelos Regimentos Internos dos
REAFORAMENTO:
Tribunais. Mas não há óbice a novo desaforamento, caso surjam motivos na
comarca para a qual o julgamento foi transferido.
Não há previsão legal, mas a jurisprudência tem admitido a utilização de habeas
RECURSOS:
corpus em favor do acusado.
Pedido formulado com base no art. 428, § 2°, do CPP: “Não havendo excesso de
serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que
ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões
ACELERAÇÃO DO periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que
JULGAMENTO: determine a imediata realização do julgamento.”
#ATENÇÃO apesar de a redação legal mencionar apenas o acusado, a doutrina
entende que o Ministério Público, o querelante e o assistente também podem
requerer.

2ª Fase – Iudicium Causae

113 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Intimação do MP e defesa Juiz:
para apresentar rol de - ordenará diligências;
Preclusão da decisão de testemunhas (máx. 5), juntar -fará relatório sucinto;
Pronúncia. documentos e requerer a - determinará a inclusão em
realzação de diligências (art. pauta da reunião do Tribunal
422, CPP - Prazo: 5 dias) do Júri

Com o comparecimento de
Possibilidade de recusa
no mínimo 15 jurados, o juiz Realização da exortação e
imotivada de até 3 jurados
sorteará 7 para a composição compromisso pelos jurados
por parte (MP e Defesa)
do Conselho de Sentença.

Tomadas das declarações do Início dos debates pelo MP


ofendido (se possível) e (1h30min), podendo o
Interrogatório do acusado.
inquirição das testemunhas Assistente de Acusação falar
da acusação e da defesa. em seguida.

Réplica do MP (1h) - não é Tréplica da Defesa (1h) - não


Debates da Defesa (1h30min)
obrigatória. é obrigatória.

Votação pelos jurados (se Juiz-Presidente profere


estiverem aptos). sentença.

#SELIGANASSÚMULAS
SÚMULA 713 DO STF: o efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos
da sua interposição.
SÚMULA 712 DO STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência
do júri sem audiência da defesa.
SÚMULA VINCULANTE 45:A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
SÚMULA 603 DO STF:A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e
não do tribunal do júri.
SÚMULA 206 DO STF:É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou
em julgamento anterior do mesmo processo.

16 Lei nº 9.099/1995 e suas alterações e Lei nº 10.259/2001 e suas alterações (juizados especiais cíveis e
criminais).

114 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
oralidade, informalidade, economia processual, simplicidade, celeridade.
#INOVAÇÃOLEGISLATIVA: A Lei nº 13.603, de 2018 acrescentou a
PRINCÍPIOS:
simplicidade expressamente entre os princípios norteadores do processo
perante o Juizado Especial.
Infrações penais de menor potencial ofensivo (contravenção penal e crimes
COMPETÊNCIA:
com pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa).
CITAÇÃO POR EDITAL: Incabível, os autos deverão ser remetidos ao juízo comum.
se o capturado assumir o compromisso de comparecer ao juizado ou a ele
FLAGRANTE: comparecer imediatamente, não será lavrado o APF, mas tão somente o
TCO, com sua imediata liberação.
MEDIDAS composição civil dos danos, transação penal, representação nos crimes de
DESPENALIZADORAS: lesões corporais leves e culposas, suspensão condicional do processo.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
TRANSAÇÃO PENAL
PROCESSO
PENA Pena máxima </= 2 anos Pena mínima </= 1 ano

- Não reincidente em crime com PPL; - Não processado ou condenado por


REQUISITOS
Não se beneficiou do instituto nos crime; Requisitos do sursis da pena;
últimos 5 anos; Art. 59, CP: favorável. Art. 59, CP: favorável.
Reparação do dano; Proibição de
frequentar lugares e de se ausentar da
comarca, sem autorização;
CONSEQUÊNCIAS - Aplicação de uma PRD ou multa.
Comparecer mensalmente em juízo;
Outras condições judiciais.
Período de prova: 2 a 4 anos.
- Caso seja descumprida, a ação penal
poderá ser proposta
REVOGAÇÃO - Não reparar o dano ou for
(SV 35);
OBRIGATÓRIA processado por crime.
- Homologação da transação não faz
coisa julgada material.
- For processado por contravenção
REVOGAÇÃO
------ penal ou não cumprir as demais
FACULTATIVA
condições.
- Momento: antes do recebimento da - Após intensa divergência entre os
denúncia. Tribunais superiores, pacificou-se que
CUIDADOS - Não se trata de processo penal, mas o juiz pode determinar outras
ESPECIAIS apenas um procedimento. condições, como prestação de serviços
- Não gera reincidência ou maus à comunidade ou prestação pecuniária
antecedentes; (INFO 668 DO STF; INFO 574 DO STJ);

115 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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- Cabe apelação contra a decisão que - Pode ser revogada mesmo após o
homologa. período de prova, desde que motivado
por atos ocorridos antes do seu
término (INFO 658 DO STF E INFO 574
DO STJ);
- Suspende o prazo prescricional.

#SELIGANASSÚMULAS
Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/95 não faz
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
requisição de inquérito policial.
Súmula 696 DO STF: reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo,
mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
Súmula 723 do STJ: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um
ano.
Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na
procedência parcial da pretensão punitiva.

17 Prazos: características, princípios e contagem.

Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo
por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo o
prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr.
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil
imediato.
§ 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto
pela parte contrária.
§ 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.

#ATENÇÃO #DEOLHONAJURIS
O prazo dos embargos de declaração no processo penal ordinário é de 2 dias. Em matéria penal, o
prazo para a oposição dos embargos de declaração é de 2 dias, de acordo com o art. 619 do CPP. Não
se aplica CPC/2015 uma vez que o prazo no processo penal possui disciplina própria. STJ. Corte

116 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Especial. EDcl no AgRg no RE no AgRg no AREsp 759.484/PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
01/08/2017.
Prazo do agravo regimental no STJ: 5 dias corridos. O prazo para interposição de agravo regimental,
em processo penal, é de 5 dias, de acordo com os arts. 39 da Lei nº 8.038/90 e 258 do RISTJ, os quais,
mesmo após a entrada em vigor do CPC/2015, continuam sendo contados em dias corridos, nos termos
do art. 798 do CPP STJ. 6ª Turma. AgInt no AREsp 943.297/ES, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 27/06/2017.

18 Nulidades.

✓ Os atos decisórios praticados por um juiz relativamente incompetente serão declarados nulos,
todavia, os atos instrutórios, os atos de prova, podem ser aproveitados perante o juízo competente
(art. 567, CPP). Já se a nulidade é ocasionada pela incompetência absoluta, nenhum ato será
aproveitado perante o juízo competente.

✓ Não haverá nulidade quando a defesa não apresenta alegações finais no rito do júri na fase anterior
à pronúncia, pois constitui faculdade a apresentação dessas alegações, já que a defesa pode,
estrategicamente, reservar para plenário suas argumentações para não adiantar a tese defensiva
que pretende utilizar.

Súmula 523 - STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência
só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

19 Recursos em geral.

PRINCÍPIOS
O recurso está inserido na estratégia processual da parte. Se a parte
entende que a decisão representa a justa medida, não tem o dever
PRINCÍPIO DA
funcional de recorrer, podendo se conformar com ela, mesmo que lhe seja
VOLUNTARIEDADE
desfavorável. O recurso é pautado pela estratégia da parte, que só
recorrerá se lhe for conveniente (art. 574, CPP).
PRINCÍPIO DA
UNIRECORRIBILIDADE
Para cada decisão judicial caberá, em regra, apenas um recurso.
(UNICIDADE OU
SINGULARIDADE)
Por ele, um recurso inadequado pode ser conhecido como o recurso
PRINCÍPO DA correto em homenagem à instrumentalidade das formas (art. 579, CPP).
FUNGIBILIDADE Requisitos (boa-fé, recurso errado no prazo do recurso certo e dúvida
objetiva):

117 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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- Ausência de má-fé: para o STF, a má-fé será presumida quando o recurso
apresentado goza de mais prazo do que o recurso correto, e o recorrente
se beneficiou do excesso.
- Ausência de erro grosseiro: para o STJ, é necessário que exista dúvida
objetiva quanto ao recurso cabível naquela hipótese (REsp 611.877). Se não
houver nenhuma divergência doutrinária ou jurisprudencial é tido como
erro grosseiro
Para a decisão ser impugnável, deve haver previsão legal disciplinando a
ferramenta disponível. Do contrário, a decisão não será recorrível. Por ele,
os recursos da esfera penal estão taxativamente previstos em lei, não
havendo recurso inominado ou de improviso. Esse princípio também é
conhecido como princípio da legalidade recursal.
#NÃOCONFUDA #SELIGANAJURIS Recursos. As hipóteses de cabimento
de recurso em sentido estrito trazidas pelo art. 581 do CPP são: - exaustivas
(taxativas); - admitem interpretação extensiva; - não admitem interpretação
PRINCÍPIO DA analógica. A decisão do juiz que revoga a medida cautelar diversa da prisão
TAXATIVIDADE de comparecimento periódico em juízo (art. 319, I, do CPP) pode ser
impugnada por meio de RESE? SIM, com base na intepretação extensiva
do art. 581, V. O inciso V expressamente permite RESE contra a decisão do
juiz que revogar prisão preventiva. Esta decisão é similar ao ato de revogar
medida cautelar diversa da prisão. Logo, permite-se a interpretação
extensiva neste caso. Em suma: é cabível recurso em sentido estrito contra
decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão. STJ. 6ª Turma. REsp
1628262/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2016 (Info
596)
Segundo Noberto Avena, a ferramenta impugnativa correta e adequada
ao caso pode ser conhecida como se fosse outra, ainda mais propícia,
cabendo ao Tribunal promover a convolação (exemplo: convolar a revisão
PRINCÍPIO DA
criminal apresentada para combater sentença nula transitada em julgado
CONVOLAÇÃO
no habeas corpus, já que este tramita em rito sumaríssimo e comporta a
concessão de liminar). EX.: intempestivo o RO, deve ser recebido como HC
substitutivo.
Por ele, o Tribunal incompetente para o qual foi endereçado o recurso,
PRINCÍPIO DA
pode reapontar o recurso e encaminhá-lo ao órgão competente. Esse
CONVERSÃO
fenômeno é chamado de itinerância recursal.
No Processo Penal, uma forma de intimidar o recurso da defesa seria o
PRINCÍPIO DA NON
temor de que o Tribunal piorasse a situação do réu. Por ele, quando o
REFORMATIO IN PEJUS
Tribunal julga recurso defensivo, a situação do réu não poderá ser piorada.
(PRINCÍPIO DA
Para a exasperação da situação do imputado é necessário que o Tribunal
PROIBIÇÃO DA
dê provimento a recurso da acusação. Nem mesmo em se tratando de erro
REFORMA PIOR)
material (STF: HC 83.545/SP; STJ: HC 163.851/RS).

118 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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PRINCÍPIO DA Julgando recurso acusatório, o Tribunal está autorizado a julgar extra
REFORMATIO IN petita, podendo melhorar a situação do réu, mesmo que esse não seja o
MELLIUS (PRINCÍPIO DA
objeto do recurso. Para Luís Flávio Gomes, pode o Tribunal melhorar a
REFORMA PARA situação do réu, julgando recurso acusatório, mesmo que, para tanto,
MELHOR) decida extra petita.
Por ele o recorrente apresentará as suas razões recursais, de forma que a
parte contrária terá condição de apresentar as suas contrarrazões
PRINCÍPIO DA
(dialética), respeitando-se o princípio do contraditório. Através dele
DIALETICIDADE:
também haverá a fixação dos limites de atuação do Tribunal na apreciação
do recurso.
Por ele, o recorrente poderá complementar as razões recursais quando a
PRINCÍPIO DA
decisão impugnada foi alterada pelo próprio juiz, em virtude dos seguintes
COMPLEMENTARIDADE
fatores (a complementação só pode versar sobre o que foi alterado): -
OU
Provimento de embargos declaratórios apresentados pela parte contrária.
COMPLEMENTARIEDADE
- Correção exofficio de erros formais ou materiais na decisão.
PRINCÍPIO DO DUPLO tem como fundamentos a falibilidade humana e a esperança de que o erro
GRAU DE JURISDIÇÃO possa ser corrigido; o inconformismo natural do homem.

PRAZO RECURSO
CARTA TESTEMUNHÁVEL (art. 640, CPP).
48 HORAS #ATENÇÃO Para contagem em horas, deve constar da certidão de intimação o horário
da providência; caso contrário, o prazo será de dois dias.
2 DIAS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 619, CPP), inclusive no STJ (art. 263, RISTJ).
APELAÇÃO (art. 593, CPP)
RESE (art. 586, CPP)
AGRAVOS, inclusive de EXECUÇÃO (Súmulas 699 e 700 do STF),
5 DIAS
CORREIÇÃO PARCIAL
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS E NO STF
APELAÇÃO nos Juizados Especiais (Art. 82, Lei 9.099/95)
10 DIAS
EMBARGOS DE NULIDADE e EMBARGOS INFRINGENTES (art. 609, p. único, CPP).
RECURSO ESPECIAL
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
15 DIAS
APELAÇÃO SUPLETIVA DA VÍTIMA não habilitada como assistente de acusação (art. 598,
p. u, CPP)
RESE contra lista de jurados (art. 586, p. único, c/c art. 585, XVI, CPP).
20 DIAS OBS: Art. 426, §1º, CPP – “reclamação”: para alguns, teria revogado tacitamente o RESE
contra lista de jurados

#ATENÇÃO #DEOLHONAJURIS

119 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Julgamento por amostragem. O § 5º do art. 1.035 do CPC/2015 preconiza: § 5º Reconhecida a
repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento
de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no
território nacional. O STF fixou as seguintes conclusões a respeito desse dispositivo: a) a suspensão
prevista nesse § 5º não é uma consequência automática e necessária do reconhecimento da
repercussão geral. Em outras palavras, ela não acontece sempre. O Ministro Relator do recurso
extraordinário paradigma tem discricionariedade para determiná-la ou modulá-la; b) a possibilidade
de sobrestamento se aplica aos processos de natureza penal. Isso significa que, reconhecida a
repercussão geral em um recurso extraordinário que trata sobre matéria penal, o Ministro Relator
poderá determinar o sobrestamento de todos os processos criminais pendentes que versem sobre a
matéria; c) se for determinado o sobrestamento de processos de natureza penal, haverá,
automaticamente, a suspensão da prescrição da pretensão punitiva relativa aos crimes que forem
objeto das ações penais sobrestadas. Isso com base em uma interpretação conforme a Constituição
do art. 116, I, do Código Penal; d) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais
determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá inquéritos policiais ou
procedimentos investigatórios conduzidos pelo Ministério Público; e) em nenhuma hipótese, o
sobrestamento de processos penais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC
abrangerá ações penais em que haja réu preso provisoriamente; f) em qualquer caso de sobrestamento
de ação penal determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC, poderá o juízo de piso, no
curso da suspensão, proceder, conforme a necessidade, à produção de provas de natureza urgente.
STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868). #IMPORTANTE
Recurso adesivo. Impossibilidade. Em matéria criminal, não deve ser conhecido recurso especial adesivo
interposto pelo Ministério Público veiculando pedido em desfavor do réu. STJ. 6ª Turma. REsp
1.595.636-RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 2/5/2017 (Info 605)
A revisão da dosimetria da pena em recurso especial é admissível apenas diante de ilegalidade
flagrante. Em regra, não cabe, no recurso especial, a revisão da dosimetria da pena estabelecida pelas
instâncias ordinárias. Exceção: o STJ admite a mudança da pena no recurso especial em casos
excepcionais quando ficar constatada ilegalidade flagrante, ou seja, quando houver manifesta violação
dos critérios dos arts. 59 e 68, do Código Penal. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 711.268/CE, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 13/12/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 301.889/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 13/12/2016.
Não é possível a execução provisória da pena se ainda estão pendentes embargos de declaração. Não
é possível a execução provisória da pena se foram opostos embargos de declaração contra o acórdão
condenatório proferido pelo Tribunal de 2ª instância e este recurso ainda não foi julgado. A execução
da pena depois da prolação de acórdão em segundo grau de jurisdição e antes do trânsito em julgado
da condenação não é automática quando a decisão ainda é passível de integração pelo Tribunal de
Justiça. STJ. 6ª Turma. HC 366907-PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 6/12/2016 (Info 595).
Sentença de absolvição sumária e vedação de análise do mérito da ação penal em apelação. No
julgamento de apelação interposta pelo Ministério Público contra sentença de absolvição sumária, o
Tribunal não poderá analisar o mérito da ação penal para condenar o réu. Isso viola os princípios do
juiz natural, do devido processo legal, da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição. Neste caso,

120 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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entendendo que não era hipótese de absolvição sumária, o Tribunal deverá dar provimento ao recurso
para determinar o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de que o processo prossiga
normalmente, com a realização da instrução e demais atos processuais, até a prolação de nova
sentença pelo magistrado. STJ. 6ª Turma. HC 260188-AC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 8/3/2016
(Info 579).
É proibido que o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, corrija equívoco aritmético cometido pelo
juiz na sentença e aumente a pena. No âmbito de recurso exclusivo da defesa, o Tribunal não pode
agravar a reprimenda imposta ao condenado, ainda que reconheça equívoco aritmético ocorrido no
somatório das penas aplicadas. Configura inegável reformatio in pejus a correção de erro material no
julgamento da apelação — ainda que para sanar evidente equívoco ocorrido na sentença condenatória
— que importa em aumento das penas, sem que tenha havido recurso do Ministério Público nesse
sentido. Assim, se o juiz cometeu um erro na sentença ao somar as penas, mas o Ministério Público
não recorreu contra isso, não é possível que o Tribunal corrija de ofício em prejuízo do réu. STJ. 6ª
Turma. HC 250455-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015 (Info 576)

#SELIGANASSÚMULAS
Súmula 604 do STJ: Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo Ministério Público.
Súmula 431-STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação,
ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
Súmula 705-STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor,
não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
Súmula 709-STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra
a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
Súmula 347-STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.

REVISÃO CRIMINAL
Trata-se de uma ação autônoma de impugnação, de competência originária dos
Tribunais (ou da Turma Recursal no caso dos Juizados), por meio da qual a pessoa
CONCEITO: condenada requer ao Tribunal que reveja a decisão que a condenou (e que já
transitou em julgado), sob o argumento de que ocorreu erro judiciário (art. 621,
CPP).
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou
à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
HIPÓTESES
documentos comprovadamente falsos;
LEGAIS:
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da
pena.
Réu ou seu procurador e, em caso de morte, seu
LEGITIMADOS:
cônjuge/ascendente/descendente/irmão.

121 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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#ATENÇÃO MP não é legitimado, somente a defesa.
A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou
PRAZO:
após.
A doutrina admite revisão criminal em face da sentença absolutória imprópria, já
que, a despeito de não se tratar de sentença condenatória (como exige o art. 621
do CPP), trata-se de sentença com efeitos, por vezes, mais graves que os de uma
ABSOLVIÇÃO
sentença condenatória, pois se aplica medida de segurança ao “absolvido”. Assim,
IMPRÓPRIA:
aquele que foi absolvido mediante sentença absolutória imprópria tem interesse de
agir para o manejo da revisão criminal, pois eventual decisão favorável trará algum
benefício ao requerente.
A revisão criminal se presta às hipóteses taxativas do art. 626 do CPP: "Julgando
RESULTADO: procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver
o réu, modificar a pena ou anular o processo".

#FICAADICA: O STJ decidiu que o Tribunal pode, a qualquer momento e de ofício, desconstruir acórdão
de revisão criminal que, de maneira fraudulenta, tenha absolvido o réu, quando, na verdade, o
posicionamento que prevaleceu na sessão de julgamento foi pelo indeferimento do pleito revisional.

20 Habeas corpus e seu processo.

✓ Dosimetria da pena e negativa de autoria não são aferíveis por meio de HC, em razão das
restrições ao exame fático e probatório.

✓ Súmula 395 - STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus
das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.
✓ Súmula 606 - STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou
do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
✓ Súmula 693 - STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo
a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
✓ Súmula 695 - STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
✓ Súmula 208 - STF: O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de
decisão concessiva de "habeas corpus".

✓ O habeas corpus não é meio processual adequado para o apenado obter autorização de visita de
sua companheira no estabelecimento prisional (Info 827 - STF).
✓ Pena de suspensão do direito de dirigir veículo automotor: não cabe Habeas Corpus (INFO 550 -
STJ).
✓ Não cabe HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio praticado
na direção de veículo automotor (Info 826 - STF).

122 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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✓ Pessoa sem ter capacidade postulatória que impetra um HC e este é negado, poderá ingressar
com recurso contra a decisão? Info 747 – STF:
▪ 1ª Turma do STF: SIM;
▪ 2ª Turma do STF e STJ: NÃO.

#CONSOLIDAÇÃODEENTENDIMENTO: NÃO é cabível habeas corpus em face de decisão monocrática


proferida por Ministro do STF. STF. Plenário. HC 105959/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 17/2/2016 (Info 814).

21 Normas processuais da Lei nº 7.210/1984 e suas alterações (execução penal).

CLASSIFICAÇÃO DO PRESO (Lei 13.167/2015) #INOVAÇÃOLEGISLATIVA


PRESOS PROVISÓRIOS PRESOS CONDENADOS
Os presos condenados definitivamente ficarão
separados de acordo com os seguintes critérios:
Os presos provisórios ficarão separados de acordo I - condenados pela prática de crimes hediondos
com os seguintes critérios: ou equiparados;
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou II - reincidentes condenados pela prática de crimes
equiparados; cometidos com violência ou grave ameaça à
II - acusados pela prática de crimes cometidos pessoa;
com violência ou grave ameaça à pessoa; III - primários condenados pela prática de crimes
III - acusados pela prática de outros crimes ou cometidos com violência ou grave ameaça à
contravenções diversos dos apontados nos incisos pessoa;
I e II. IV - demais condenados pela prática de outros
crimes ou contravenções em situação diversa das
previstas nos incisos I, II e III.
#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDA
EXAME DE CLASSIFICAÇÃO EXAME CRIMINOLÓGICO
Realizado quando ingressa no sistema. Realizado durante a execução.
Amplo e genérico. Específico.
Orienta o modo de cumprimento da pena, norte Busca construir prognóstico de periculosidade,
da ressocialização. partindo do binômio delito-deliquente.
Envolve aspectos relacionados com a Envolve a parte psicológica e psiquiátrica
personalidade do condenado, seus antecedentes, atestando a maturidade e disciplina do
sua vida familiar e social, sua capacidade reeducando, sua capacidade de suportar
laborativa. frustrações.
Feito pela comissão técnica de classificação. - É um prognóstico criminológico.

#SELIGA: O exame criminológico e o exame de classificação também não se confundem com a


identificação do perfil genético previsto no artigo 9-A da LEP, que serve para guardar dados que podem,

123 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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no futuro, subsidiar eventual investigação, seja pela Polícia Civil ou pela Polícia Federal. Requisitos: autor
de crime doloso, praticado com violência de natureza grave contra a pessoa ou delito hediondo.

#AJUDAMARCINHO #COLANARETINA
CONSEQUÊNCIAS DA FALTA GRAVE
ATRAPALHA NÃO INTERFERE
PROGRESSÃO: interrompe o prazo para a LIVRAMENTO CONDICIONAL: não interrompe o
progressão de regime. prazo para obtenção de livramento condicional
REGRESSÃO: acarreta a regressão de regime. (Súmula 441-STJ).
SAÍDAS: revogação das saídas temporárias. INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: não interfere no
REMIÇÃO: perda de até 1/3 do tempo remido. tempo necessário à concessão de indulto e
SANÇÕES DISCIPLINARES: pode sujeitar o comutação da pena, salvo se o requisito for
condenado ao RDD; acarretar suspensão ou expressamente previsto no decreto presidencial
restrição de direitos e isolamento. (Súmula 535 – STJ).

#SELIGA A prática de falta grave interrompe o prazo para a concessão da saída temporária e para o
trabalho externo?
O tema é polêmico, estando o STJ dividido:
SIM. 5ª Turma do STJ. HC 374086/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/06/2017.
NÃO. 6ª Turma do STJ. AgRg no REsp 1549712/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/10/2017.
#DEOLHONAJURIS Inobservância do perímetro rastreado pelo monitoramento eletrônico não configura
falta grave. A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira eletrônica
configura mero descumprimento de condição obrigatória que autoriza a aplicação de sanção disciplinar,
mas não configura, mesmo em tese, a prática de falta grave. Não confundir: • Apenado que rompe a
tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente: falta grave. • Apenado que descumpre
o perímetro estabelecido para tornozeleira eletrônica: não configura a prática de falta grave. STJ. 6ª
Turma. REsp 1519802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/11/2016 (Info 595).

PRESCRIÇÃO DE FALTA GRAVE: Apesar do silêncio da LEP, o STF entende que, por analogia, deve ser
aplicado o prazo prescricional penal mínimo de 3 anos (art. 109, VI do CP).

AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA
SAÍDA TEMPORÁRIA PERMISSÃO DE SAÍDA
Cunho ressocializador Cunho humanitário
Concedida por ato motivado do Juiz da
execução, ouvidos o Ministério Público e a
Concedida pelo diretor do estabelecimento onde
administração penitenciaria e dependerá da
se encontra o preso.
satisfação dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;

124 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da
pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um
quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benefício com os
objetivos da pena.
A autorização será́ concedida por prazo não
Não há prazo determinado, pois está vinculada à
superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada
finalidade, mediante vigilância direta.
por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
Regime fechado ou semiaberto e os presos
Regime semiaberto.
provisórios.
I - visita à família;
II - frequência a curso supletivo profissionalizante, I - falecimento ou doença grave do cônjuge,
bem como de instrução do 2o grau ou superior, companheira, ascendente, descendente ou
na Comarca do Juízo da Execução; irmão;
III - participação em atividades que concorram II - necessidade de tratamento médico.
para o retorno ao convívio social.

REMIÇÃO DE PENA
REMIÇÃO PELO TRABALHO REMIÇÃO PELO ESTUDO
Pode ser aplicada ao condenado que cumpra
Somente é aplicada se o condenado cumpre pena
pena em regime fechado, semiaberto, aberto ou,
em regime fechado ou semiaberto.
ainda, que esteja em livramento condicional.
Abatimento de 1 dia de pena a cada 12 horas de
estudo, dividas em pelo menos 3 dias.
Abatimento de 1 dia de pena a cada 3 dias de O tempo a remir será acrescido de 1/3 no caso de
trabalho. conclusão do ensino fundamental, médio ou
superior durante o cumprimento da pena (art. 126,
§3° da LEP).
#DEOLHONAJURIS #INFORMATIVOS
É possível a remição pela participação em coral musical. O reeducando tem direito à remição de sua
pena pela atividade musical realizada em coral. STJ. 6ª Turma.REsp 1666637-ES, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 26/09/2017 (Info 613)
Trabalho cumprido em jornada inferior ao mínimo legal pode ser aproveitado para fins de remição caso
tenha sido uma determinação da direção do presídio. Segundo o art. 30 da LEP, a jornada diária de
trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6 horas e, no máximo, 8 horas. Apesar disso, se um
condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha 4 horas diárias (menos do que prevê a
Lei), este período deverá ser computado para fins de remição de pena. Como esse trabalho do preso foi
feito por orientação ou estipulação da direção do presídio, isso gerou uma legítima expectativa de que
ele fosse aproveitado, não sendo possível que seja desprezado, sob pena de ofensa aos princípios da
segurança jurídica e da proteção da confiança. Vale ressaltar, mais uma vez, o trabalho era cumprido

125 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
com essa jornada por conta da determinação do presídio e não por um ato de insubmissão ou de
indisciplina do preso. STF. 2ª Turma. RHC 136509/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017 (Info
860).

PROGRESSÃO DE REGIME LIVRAMENTO CONDICIONAL


Visa a reinserção gradativa do sentenciado ao
Forma de liberdade antecipada para crimes em
convívio social, através do sistema progressivo,
que a pena privativa de liberdade seja igual ou
passando de um regime mais rigoroso para um
superior a dois anos.
menos rigoroso.
Requisito Objetivo:
1/6 :Crimes comuns e Crimes hediondos
cometidos antes da vigência da Lei n° 11.464/2007
Requisitos Objetivos:
(SV 26)
1/3: Crimes comuns - primário
2/5: Crimes hediondos – primário
1/2: Crimes comuns - reincidente
3/5: Crimes hediondos – reincidente
2/3: Crimes hediondos – primário
#ATENÇÃO: Nos crimes contra a administração
Não se admite para o reincidente em crime
pública em que decorra prejuízo ou
hediondo.
enriquecimento ilícito, impõe-se, como condição
-Tenha reparado o dano, salvo efetiva
para a progressão de regime, a reparação integral
impossibilidade de fazê-lo.
do dano causado ou a devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais, nos
termos do artigo 33, §4o, do Código Penal.
Requisitos Subjetivos:
Comprovado comportamento satisfatório durante
a execução da pena, bom desempenho no
trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para
prover à própria subsistência mediante trabalho
Requisito Subjetivo: honesto.
Bom comportamento carcerário. #ATENÇÃO Para o condenado por crime doloso,
cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, a concessão do livramento ficará também
subordinada à constatação de condições pessoais
que façam presumir que o liberado não voltará a
delinquir.
A prática de falta grave interrompe o prazo para A prática de falta grave NÃO interrompe o prazo
progressão de regime. para o Livramento Condicional (Súmula 441 – STJ0

#DEOLHONAJURIS #INFORMATIVOS
O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa se o condenado parcelou este
valor para ter direito à progressão de regime. O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a
pena de multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo sentenciado. O

126 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
acordo de pagamento parcelado da sanção pecuniária deve ser rigorosamente cumprido sob pena de
descumprimento de decisão judicial, violação ao princípio da isonomia e da boa-fé objetiva. STF. Plenário.
EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/11/2017 (Info 884).
Data da prisão preventiva como marco inicial do tempo para a progressão de regime. Se o condenado
estava preso preventivamente, a data da prisão preventiva deve ser considerada como termo inicial para
fins de obtenção de progressão de regime e demais benefícios da execução penal, desde que não ocorra
condenação posterior por outro crime apta a configurar falta grave. STF. 1ª Turma. RHC 142463/MG, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 12/9/2017 (Info 877).
Condenado tem direito à progressão a partir da data em que preenche requisitos legais. A data-base
para subsequente progressão de regime é aquela em que o reeducando preencheu os requisitos do art.
112 da LEP e não aquela em que o Juízo das Execuções deferiu o benefício. A decisão do Juízo das
Execuções que defere a progressão de regime é declaratória (e não constitutiva). Algumas vezes, o
reeducando preenche os requisitos em uma data, mas a decisão acaba demorando meses para ser
proferida. Não se pode desconsiderar, em prejuízo do reeducando, o período em que permaneceu
cumprindo pena enquanto o Judiciário analisava seu requerimento de progressão. STF. 2ª Turma. HC
115254, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015. STJ. 6ª Turma. HC 369774/RS, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 22/11/2016 (Info 595).
A decisão que indefere o pedido do condenado para ser dispensado do uso da tornozeleira eletrônica
deverá apontar a necessidade da medida no caso concreto.A manutenção de monitoramento por meio
de tornozeleira eletrônica sem fundamentação concreta evidencia constrangimento ilegal ao apenado.
No caso concreto, o condenado pediu para ser dispensado do uso da tornozeleira alegando que estava
sendo vítima de preconceito no trabalho e faculdade e que sempre apresentou ótimo comportamento
carcerário. O juiz indeferiu o pedido sem enfrentar o caso concreto, alegando simplesmente, de forma
genérica, que o monitoramente eletrônico é a melhor forma de fiscalização do trabalho externo. Essa
decisão não está adequadamente motivada porque não apontou a necessidade concreta da medida. STJ.
6ª Turma. HC 351273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/2/2017 (Info 597).
Se a defesa ainda não foi intimada do acórdão condenatório, não é possível se iniciar a execução
provisória da pena. Pedro foi condenado a uma pena de 8 anos de reclusão e o TJ manteve a
condenação. O Ministério Público foi intimado do acórdão e requereu que o Tribunal determinasse
imediatamente a prisão do condenado, dando início à execução provisória da pena. Vale ressaltar, no
entanto, que a Defensoria Pública ainda não foi intimada do acórdão. Diante deste caso, o TJ poderá
determinar a imediata prisão do condenado, mesmo antes da intimação da defesa acerca do acórdão?
NÃO. Se ainda não houve a intimação da Defensoria Pública acerca do acórdão condenatório, mostra-
se ilegal a imediata expedição de mandado de prisão em desfavor do condenado. Como a Defensoria
Pública ainda não foi intimada, não se encerrou a jurisdição em 2ª instância, considerando que é possível
que interponha embargos de declaração, por exemplo. STJ. 5ª Turma. HC 371870-SP, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 13/12/2016 (Info 597).
#DIVRGÊNCIA É possível a execução provisória de penas restritivas de direito? • SIM. A execução
provisória de pena restritiva de direitos imposta em condenação de segunda instância, ainda que
pendente o efetivo trânsito em julgado do processo, não ofende o princípio constitucional da presunção
de inocência. STF. 1ª Turma. HC 141978 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/06/2017. • NÃO. Não é

127 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da condenação. STJ. 3ª
Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 14/6/2017 (Info 609).

#SELIGANASSÚMULAS
Súmula 192/STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a
sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à
administração estadual.
Súmula 439/STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.
Súmula 491/STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
Súmula 493/STJ: inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao
regime aberto.
Súmula 520/STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
Súmula 526/STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como
crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
Súmula 533/STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é
imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.
Súmula Vinculante 9: O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido
pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58.
#APOSTACICLOS Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a
manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese,
os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.
DÉFICIT DE VAGAS NO ESTABELECIMENTO ADEQUADO E PARÂMETROS ADOTADOS NO RE
641.320/RS (PARTE FINAL DA SV).
O que fazer em caso de déficit de vagas no estabelecimento adequado? Havendo “déficit” de vagas,
deve ser determinada:
1) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas;
2) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em
prisão domiciliar por falta de vagas;
3) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progrida ao regime
aberto.
Súmula 700/STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução
penal.
Súmula 715/STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado
pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o
livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
Súmula 716/STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata
de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

128 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Súmula 717/STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não
transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

DIREITO CONSTITUCIONAL3

1 Constituição: conceito e classificação; conteúdo da Constituição; normas constitucionais materiais e


formais; supremacia da Constituição.
O Direito Constitucional, para ser conceituado, precisa que sejam interligados três sentidos: o
científico, o objetivo e o subjetivo.
O sentido científico, segundo José Afonso da Silva, conceitua como sendo o ramo do direito
público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. No sentido
objetivo, segundo Uadi Bulos, é o conjunto de normas supremas, encarregadas de organizar a estrutura
do Estado e delimitar as relações de poder. Por fim, no sentido subjetivo, é a posição jurídica de vantagem
que deve reconhecer a alguém, em virtude da incidência concreta de normas integrantes do direito
constitucional objetivo. Essa é a acepção do termo quando se afirma que alguém tem o direito
constitucional de ir e vir.
O objeto de estudo do Direito Constitucional é tudo o que foi constitucionalizado por quem
elaborou a constituição, assim, são todas as normas material e formalmente constitucionais. Assim, em
sentido científico, estuda de forma sistematizada os ordenamentos constitucionais, em especial as que
tratam da forma e da organização do Estado, da divisão dos poderes, dos direitos e garantias
fundamentais e das finalidades básicas que devem direcionar a atuação estatal, enquanto em sentido
objetivo, o objeto de estudo do Direito Constitucional é a produção e a organização das normas que
estabelecem, integram ou modificam o ordenamento constitucional, independentemente de seu
conteúdo (constituição formal), bem como das normas que disciplinam qualquer matéria que interesse
ao Direito Constitucional, independentemente de sua fonte normativa (constituição material).
Por fim, a natureza do Direito Constitucional, pode ser conceituada em sentido científico e sentido
normativo. No sentido científico, é ramo do direito público, já que cuida de relações jurídicas que
envolvem a figura do Estado. Nos casos de adoção de constituições prolixas, como ocorre no Brasil,
ocorre a constitucionalização do direito privado, que se materializa através da disciplina constitucional de
institutos do direito privado, da interpretação conforme a constituição de disposições normativas
referentes ao direito privado e de teorias e decisões que defendem a eficácia horizontal (tema abordado
mais à frente) dos direitos fundamentais no âmbito das relações privadas. Já no sentido normativo, a
natureza dos preceitos constitucionais, apresentam características como a supremacia constitucional, que
pode ser material ou formal, maior abertura semântica, politicidade e transversalidade.
➢ TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
A Constituição é o objeto de estudo do Direito Constitucional. Trata-se da lei fundamental e
suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. Determina a organização político-jurídica
do Estado, limita o poder estatal e estabelece direitos fundamentais.
3
Por Tiago Pozza.

129 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
São componentes da Constituição:
a. Preâmbulo: quanto à natureza jurídica do preâmbulo, são três teses existentes:
• TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA: o preâmbulo está no ÂMBITO DA POLÍTICA, portanto, não
possui relevância jurídica. Tese adotada pelo Brasil;
• TESE DA PLENA EFICÁCIA: o preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais;
• TESE DA RELEVÂNCIA JURÍDICA INDIRETA: o preâmbulo faz parte das características jurídicas
da Constituição Federal, entretanto, não deve ser confundido com as demais normas jurídicas desta.
O STF, no julgamento da ADI 2.076, julgada em 2002, adotou a tese da irrelevância jurídica e
decidiu que o preâmbulo não tem força normativa, sendo, portanto, mero vetor interpretativo. Por tal
motivo, o preâmbulo não serve de parâmetro para controle de constitucionalidade.
b. Corpo: é composto pelos artigos 1º a 250.
c. ADCT: são os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, composto por normas de eficácia
exaurível. Destina-se a realizar a transição do regime constitucional anterior para o atual. Trata-se
de norma que se enquadra como elemento formal de aplicabilidade.
José Afonso da Silva, traz ainda a classificação dos elementos da Constituição:
a. Elementos Orgânicos: normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Exemplo: Título III –
Da Organização do Estado.
b. Elementos Limitativos: normas que estabelecem direitos e garantias fundamentais, limitando a
atuação do Poder Estatal. Exemplo: Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais.
c. Elementos Socioideológicos: normas relativas a direitos sociais; compromisso estatal com o bem-
estar social. Exemplo: Capítulo II do Título II – Dos Direitos Sociais.
d. Elementos de Estabilização Constitucional: normas que se destinam a prover solução de conflitos
constitucionais. Buscam a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
Exemplo: Intervenção (arts. 34 a 36).
e. Elementos Formais de Aplicabilidade: são normas que contêm regras de aplicação da Constituição,
como as constantes no ADCT e a norma que estabelece a aplicabilidade imediata dos direitos e
garantias fundamentais.
➢ FONTES FORMAIS
Fontes de direito, em sentido amplo, são quaisquer atos ou fatos que produzam normas jurídicas
(conceito material). Em sentido estrito, somente os atos ou fatos que estejam autorizados a produzir
normas jurídicas (conceito formal). Assim, no Direito Constitucional, fontes formais são os atos ou fatos
que são autorizados a produzir normas constitucionais, de acordo com o sistema constitucional vigente.
Há ainda, as fontes diretas, que são as previstas e reguladas no âmbito do próprio ordenamento,
e as fontes indiretas, aquelas disciplinadas por outras ordens jurídicas, mas recepcionadas, incorporadas
ou aplicadas pelo ordenamento constitucional, como as normas de direito internacional que podem ser
incorporadas com status de emenda constitucional e o caput do artigo 34 do ADCT, que recepcionou,
ainda que transitoriamente, parte do sistema tributário da ordem constitucional anterior.
Assim, são fontes diretas e formais a própria Constituição Federal, as emendas constitucionais e
as emendas constitucionais de revisão. Existem as fontes diretas e informais, que são as convenções
constitucionais, os costumes constitucionais e as mutações constitucionais. E, por fim, as fontes indiretas

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e formais, representadas pelos tratados internacionais sobre direitos humanos, desde que incorporados
de acordo com o procedimento do § 3°, do artigo 5°, da Constituição Federal.
➢ CALSSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

✓ Material: Conjunto de normas, escritas ou costumeiras, relacionadas


com temas considerados essenciais às funções que a Constituição deve
desempenhar. O importante é o conteúdo delas, e não a fonte normativa em
Quanto ao Conteúdo que veiculadas.
✓ Formal: Conjunto de normas que, independentemente do conteúdo,
consideram-se inseridas em ato escrito no qual se encontram os padrões
normativos dotados de hierarquia jurídica superior.
✓ Escrita/dogmática: formalizada em um texto escrito.
Quanto à Forma
✓ Não escrita/histórica: não há texto único centralizado.
✓ Flexível: é alterada da mesma forma que as leis inferiores.
✓ Semirrígida: uma parte é flexível e outra é rígida.
✓ Rígida: a alteração é mais difícil do que as leis inferiores.
Quanto à Estabilidade
✓ Super-rígidas: uma parte é rígida e outra é imutável (DE ACORDO
COM ALEXANDRE DE MORAES, A BRASILEIRA É SUPER RÍGIDA).
✓ Imutáveis: todo o texto é imutável.
✓ Outorgada: imposta pelo detentor do poder.
✓ Promulgada: elaborada com ampla participação popular.
✓ Cesarista (Bonapartista): o soberano edital o texto e, posteriormente,
Quanto à Origem
o submete a um referendo popular.
✓ Pactuada (dualista): elaborada através de um pacto feito realizado
entre os detentores do poder político.
Quanto à ✓ Heterônoma é aquela que é imposta por outro país.
Voluntariedade ✓ Autônoma: elaborada pelo próprio país.
✓ Sintética/concisa: apenas definem os princípios gerais da organização
Quanto à Extensão do Estado.
✓ Analítica/prolixa: trata de muitos temas.

OUTRAS CLASSIFCAÇÕES: Dirigente: traça metas; Normativa: sai do papel; Nominal: não consegue sair
do papel; Semântica: legitima o status quo injusto; Ortodoxa: comprometida com uma ideologia
específica; Compromissária (pluralista): contempla várias ideologias; Dúctil: não impõe um modelo de
vida, mas apenas assegura as condições para o exercício do projeto de vida de cada pessoa; Balanço:
visa reger o ordenamento por um determinado tempo.

#OLHAOGANCHO – Há que se considerar, ainda, a classificação da Constituição como Constituição


Garantia e Constituição Dirigente. A primeira, também chamada de Constituição-quadro, estatutária ou
orgânica, funciona como um estatuto organizatório ou instrumento de governo, definindo competências

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e regulando processos. Elas estabelecem princípios democráticos, republicanos, pluralistas e de Estado,
buscando a garantia de liberdades e de direitos individuais e coletivos através da limitação do poder
do Estado. Já a segunda, define finalidades e programas com o intuito de ordenar as ações futuras da
política estatal.

3 Interpretação da Constituição: hermenêutica constitucional; critério da interpretação conforme.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
Tópico-
Hermenêutico- Científico-
Hermenêutico problemático Normativo-
concretizador espiritual (Rudolf
Clássico (Theodor estruturante
(Konrad Hesse) Smend)
Viehweg)
Não há identidade
Critérios clássicos: entre texto e
Parte-se de um A análise da CF
gramatical, norma, que
problema Parte-se da CF deve levar em
histórico, compreende
concreto para a para o problema conta também a
sistemático, também um
norma realidade social
teleológico pedaço da
realidade social

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL


UNIDADE DA O texto constitucional deve ser interpretado como um todo, de modo a
CONSTITUIÇÃO evitar contradições entre suas normas.
EFEITO
Integração política e social e reforço da unidade política.
INTEGRADOR
MÁXIMA Deve-se atribuir à norma constitucional o sentido que confira a ela maior
EFETIVIDADE eficácia, mais efetividade social.
Na interpretação constitucional, o órgão a um resultado que subverta ou
JUSTEZA
perturbe o esquema organizatório funcional estabelecido pelo constituinte.
Decorre da unidade da constituição. Os bens jurídicos tutelados pelo texto
HARMONIZAÇÃO
constitucional devem coexistir predomínio, em abstrato, de uns sobre outros.
FORÇA
Deve-se dar prevalência aos pontos de vista que contribuem para a máxima
NORMATIVA DA
eficácia e aplicabilidade do texto constitucional.
CONSTITUIÇÃO
INTERPRETAÇÃO
Se a norma admite mais de um significado, deve-se dar preferência à
CONFORME A
interpretação compatível com o conteúdo da constituição.
CONSTITUIÇÃO

#APROFUNDANDO #INTERPRETAÇÃOCONFORME
Esse princípio, criado pela jurisprudência alemã, se aplica à interpretação das normas infraconstitucionais
(e não da Constituição propriamente dita!). Trata-se de técnica interpretativa cujo objetivo é preservar a

132 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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validade das normas, evitando que sejam declaradas inconstitucionais. Ao invés de se declarar a norma
inconstitucional, o Tribunal busca dar-lhe uma interpretação que a conduza à constitucionalidade.
Essa técnica somente deverá ser usada diante de normas polissêmicas, plurissignificativas (normas com
várias interpretações possíveis). Assim, no caso de normas com várias interpretações possíveis, deve-se
priorizar aquela que lhes compatibilize o sentido com o conteúdo constitucional. A partir deste princípio,
tem-se que a regra é a manutenção da validade da lei, e não a declaração de sua inconstitucionalidade.
Isso, desde que, obviamente, a interpretação dada à norma não contrarie sua literalidade ou sentido, a
fim de harmonizá-la com a Constituição.
“A interpretação conforme é uma técnica de eliminação de uma interpretação desconforme. O saque
desse modo especial da interpretação não é feito para conformar um dispositivo subconstitucional aos
termos da Constituição Positiva. Absolutamente! Ele é feito para descartar aquela particularizada
interpretação que, incidindo sobre um dado texto normativo de menor hierarquia impositiva, torna esse
texto desconforme à Constituição. Logo, trata-se de uma técnica de controle de constitucionalidade que
só pode começar ali onde a interpretação do texto normativo inferior termina.” (STF, ADPF 54-
QO,27.04.2005).
Outro ponto importante é que a interpretação conforme não pode deturpar o sentido originário das leis
ou atos normativos. Não é possível ao intérprete “salvar” uma lei inconstitucional, dando-lhe uma
significação “contra legem”. A interpretação conforme a Constituição tem como limite a razoabilidade,
não podendo ser usada como ferramenta para tornar o juiz um legislador, ferindo o princípio da
separação dos Poderes. Veja o que o Supremo decidiu a respeito: “Por isso, se a única interpretação
possível contrariar o sentido inequívoco que o Poder Legislativo lhe pretendeu dar, não se pode aplicar
o princípio da interpretação conforme a Constituição, que implicaria, em verdade, criação de norma
jurídica, o que é privativo do legislador positivo” (STF, Repr. 1.417-7, em 09.12.1987).
A interpretação conforme pode ser de dois tipos: com ou sem redução do texto.
a) Interpretação conforme com redução do texto: Nesse caso, a parte viciada é considerada
inconstitucional, tendo sua eficácia suspensa. Como exemplo, tem-se que na ADI 1.127-8, o STF
suspendeu liminarmente a expressão “ou desacato”, presente no art. 7º, § 7º, do Estatuto da OAB.
b) Interpretação conforme sem redução do texto: Nesse caso, exclui-se ou se atribui à norma um sentido,
de modo a torná-la compatível com a Constituição. Pode ser concessiva (quando se concede à norma
uma interpretação que lhe preserve a constitucionalidade) ou excludente (quando se exclua uma
interpretação que poderia torná-la inconstitucional).

4 Aplicabilidade das normas constitucionais: classificação quanto à eficácia; normas programáticas.

✓ São de aplicação direta e imediata, independem de uma lei para produzirem


EFICÁCIA seus efeitos. Desde a sua promulgação estão aptas para produzir todos os seus
PLENA efeitos, independentemente de qualquer norma integrativa infraconstitucional.
✓ Assim como as plenas são de eficácia direta e imediata. No entanto, podem ter
EFICÁCIA sua abrangência reduzida por uma norma infraconstitucional, por uma norma
CONTIDA da própria CF, ou por preceitos ético-jurídicos, como a moral e o bom costume
(#SELIGANOTERMO: “normas de contenção”).

133 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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✓ São de aplicação mediata ou indireta, pois há necessidade de uma lei para
mediar sua aplicação. Se não houver a lei, não produz efeitos. Mesmo com a
sua promulgação, não está apta para produzir todos os seus efeitos,
EFICÁCIA necessitando de regulamentação infraconstitucional para ter eficácia. Há duas
LIMITADA espécies de normas limitadas:
1. Limitada de princípio institutivo ou organizativo.
2. Limitada programática: Se reveste em forma de promessas ou programas que
visam atingir fins sociais. Característica principal da Constituição Dirigente.

#DICADOCOACH – Maria Helena Diniz, quanto as cláusulas pétreas, as denomina de absolutas ou


supereficazes.

✓ Pela eficácia direta se tem a possibilidade de se extrair uma regra do núcleo essencial do princípio,
permitindo a subsunção.
✓ Pela eficácia interpretativa entende-se que as normas jurídicas devem ter seu sentido e alcance
determinados de maneira que melhor realize a dignidade humana, que servirá como critério de
ponderação na hipótese de colisão de normas.
✓ A eficácia negativa, de caráter geral ou particular, paralisa ou neutraliza a incidência de regra
jurídica que seja incompatível com a dignidade humana.
✓ Não há um método de interpretação pré-determinado para cada caso concreto.

5 Controle de constitucionalidade: sistemas de controle; o sistema brasileiro; exercício do controle; efeitos


da declaração de inconstitucionalidade; efeitos da declaração de constitucionalidade; a
inconstitucionalidade por omissão.
A constatação da inequívoca hierarquia normativa entre as normas constitucionais e as demais,
justifica a realização do controle de constitucionalidade.
Inconstitucionalidade Formal ou Nomodinâmica – vício afeta o ato inconstitucional decorre da
inobservância de algum rito do processo legislativo constitucionalmente fixado ou da incompetência do
órgão que o editou.
Inconstitucionalidade Material ou Nomoestática – o conteúdo da norma é contrário ao conteúdo
constitucional. Deriva daquelas situações em que há incongruência entre o previsto na lei e aquilo que
dispõe o texto constitucional.
Parâmetro – o preâmbulo não é considerado parâmetro, porque não é norma jurídica. Quanto à
parte permanente, todas as normas que a integram, independentemente de seu conteúdo, serão
consideradas parâmetro, não importa se são originárias, derivadas ou mesmo decorrentes de tratados e
convenções internacionais de direitos humanos pelo rito especial do art. 5 º, § 3º, CF.
No que tange à parte transitória, expressa no ADCT, pode-se dizer que suas normas também são
consideradas parâmetro para o controle, enquanto ainda tiveram eficácia. Se a eficácia já se exauriu não
servem mais como normas de referência.

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No controle difuso de constitucionalidade permite-se também a fiscalização dos atos emanados
do poder Público perante norma constitucional que já tenha sido revogada, sendo unicamente necessário
verificar se essa norma constitucional estava em vigor no momento da criação do ato.
Momento do Controle – poderá ser preventivo, atinge a norma ainda em fase de elaboração, no
curso do trâmite legislativo, recaindo sobre projetos de lei e propostas de emenda constitucional) ou
repressivo (o processo legislativo já está finalizado. Alcança as espécies normativas já prontas e acabadas,
que estejam produzindo seus efeitos).

ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE
POR AÇÃO Ocorre quando um ato estatal viola preceitos constitucionais.
Ocorre quando um poder do Estado deixa de fazer algo que a constituição
determina. Não basta a inexistência de lei sobre determinada matéria para que se
verifique uma inconstitucionalidade por omissão. Devem estar presentes dois
requisitos:
I - Dever constitucional de legislar.
POR OMISSÃO
II - Mora legislativa (elemento temporal): decurso de um tempo para que a norma
seja produzida. Existem hipóteses em que o próprio texto
constitucional fixa o prazo para a edição da norma. Do contrário, caberá ao Poder
Judiciário definir qual o prazo razoável, conforme a complexidade de cada caso
concreto.
Divide-se em:
- Procedimental (ou propriamente dita): não são observadas as normas
constitucionais sobre processo legislativo. Pode ser subjetiva (vício de iniciativa)
ou objetiva (demais regras do processo legislativo). Exemplo: ausência de retorno
à Casa iniciadora após alterações substanciais operadas pela Casa revisora.
FORMAL (OU - Orgânica: vício de competência. Exemplo: lei estadual que dispõe sobre matéria
NOMODINÂMICA) de competência federal.
- Por violação aos pressupostos objetivos do ato: violação de pressupostos
definidos na constituição como elementos determinantes de competência para
órgãos legislativos no exercício da função legiferante. É o caso, por exemplo, das
medidas provisórias, que têm por pressupostos objetivos a relevância e a
urgência.
MATERIAL (OU Incompatibilidade substantiva, ou seja, de conteúdo, entre normas constitucionais
NOMOESTÁTICA) e infraconstitucionais.
ORIGINÁRIA Congênita à norma, que já nasce inconstitucional.
A norma nasce constitucional, mas vai se tornando inconstitucional em momento
posterior.
SUPERVENIENTE #SELIGANADIFERENÇA
Mutação constitucional: Acontece quando o resultado da interpretação se altera
no decorrer do tempo. O texto normativo permanece inalterado, porém o

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resultado da interpretação (norma) passa a ser diferente do anteriormente
adotado.
Inconstitucionalidade progressiva: São situações intermediárias entre a
inconstitucionalidade absoluta e constitucionalidade plena, nas quais as
circunstâncias fáticas justificam a manutenção da norma durante um determinado
período de tempo.
Não recepção: no Brasil quando há a incompatibilidade entre uma lei anterior à
CF e algum dos seus dispositivos, fala-se em não recepção e não em
inconstitucionalidade.
TOTAL A inconstitucionalidade atinge todo o ato normativo.
A inconstitucionalidade recai sobre parte do ato, podendo ser até mesmo fração
de artigo, parágrafo, inciso ou alínea.
PARCIAL #OLHAOGANCHO #NÃOCONFUNDA: o veto do Poder Executivo, ao final do
processo legislativo, deve recair sobre o texto integral de artigo, parágrafo, inciso
ou alínea (art. 66, §2o, CF).
DIRETA Desconformidade entre leis ou outros atos normativos primários e a Constituição.
O vício não decorre da violação direta da Constituição, mas sim de outro ato
normativo no qual encontra fundamento. Exemplo: decreto que extrapola os
limites da lei por ele regulamentada, ainda que isso tenha causado também, de
certa forma, a violação de determinada norma constitucional. A jurisprudência do
STF tem tratado essas hipóteses como mera ilegalidade, e não
INDIRETA (OU
inconstitucionalidade.
REFLEXA)
#NÃOCONFUNDA: não se trata aqui da inconstitucionalidade derivada (ou
consequente), em que a declaração de inconstitucionalidade da norma
regulamentada (primária) acaba por ensejar automaticamente o reconhecimento
da invalidade das normas regulamentadoras (secundárias) que em função dela
foram expedidas.
A aplicação de uma lei pode ser inconstitucional em determinado caso concreto,
CIRCUNSTANCIAL embora seja ela formalmente constitucional. A lei, em tese, permanece
constitucional.
CHAPADA,
Expressões utilizadas pelo Supremo Tribunal Federal para referir-se a hipóteses
ENLOUQUECIDA
de flagrante e evidente inconstitucionalidade.
OU DESVAIRADA
Quanto ao número de órgãos competentes para a realização do controle – poderá ser difuso ou
concentrado.
#SELIGANATABELA:

CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE


Também conhecido como controle incidental ou concreto. É exercido diante
CONCEITO
de ocorrências fáticas a serem solucionadas pelo Poder Judiciário no

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desempenho comum de sua típica função jurisdicional, na qual se controla a
constitucionalidade de modo incidental.
O juízo de verificação da compatibilidade da norma com o texto constitucional
não é a questão principal, mas tão somente uma questão prejudicial.
A finalidade é proteger o direito subjetivo afetado pela norma que se pretende
impugnar.
Qualquer juiz ou tribunal do poder judiciário possui competência para verificar
COMPETÊNCIA a legitimidade constitucional dos atos estatais, não havendo nenhuma
restrição quanto ao tipo de processo.
É ampla e abrange as partes, em qualquer demanda; eventuais terceiros
intervenientes, o Ministério Público; órgão jurisdicional, de ofício.
Nos Tribunais, o processo de controle de constitucionalidade difuso deverá
LEGITIMIDADE observar a “cláusula de reserva de jurisdição”, que determina que somente
pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do órgão
especial é que a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo poderá ser
declarada.
Objeto – é válido manejar essa via de controle para verificar a compatibilidade
com a Constituição de qualquer ato emanado dos Poderes Públicos, não
importando a esfera federativa que produziu, tampouco se sua natureza é de
ato normativo ou não, primário ou secundário. Igualmente não é relevante se
o ato anterior ou posterior à norma constitucional parâmetro, isto é, pré ou
OBJETO E
pós-constitucional. Também não é obstáculo a realização do controle difuso
PARÂMETRO
ter sido o ato revogado ou estar com seus efeitos exauridos.
Parâmetro – o controle difuso permite a fiscalização dos atos emanados do
Poder Público perante qualquer norma constitucional, ainda que ela já tenha
sido revogada, sendo unicamente necessário verificar se essa norma
constitucional estava em vigor no momento da criação do ato.
A sentença que profere a inconstitucionalidade tem efeito declaratório e
retroage à data da edição da norma, ou seja, é ex tunc.
No entanto, é possível que haja a modulação dos efeitos temporais,
excepcionalmente, se o STF, concluir que deva prevalecer a segurança jurídica
ou algum interesse social marcante. No caso, poderá a Corte manipular os
EFEITOS DA DECISÃO efeitos temporais da decisão de modo que a declaração de
inconstitucionalidade não retroaja, mas sim valha do trânsito em julgado da
decisão em diante ou a partir de outro momento que a Corte venha a fixar.
A decisão prolatada no controle difuso opera efeitos inter partes, não
atingindo terceiros que não participaram daquela específica relação
processual.
ATUAÇÃO DO Até o presente ano, o papel do Senado era suspender a norma declarada
SENADO inconstitucional no controle difuso, produzindo, portanto, efeito erga omnes.

137 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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ATENÇÃO: alteração jurisprudencial – houve uma mutação constitucional do
art. 52, X, CF. Agora, quando o STF declara uma norma inconstitucional no
controle difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes.
O STF comunica o Senado com o objetivo que referida casa legislativa dê
publicidade daquilo que foi decidido.
É possível afirmar a adoção da teoria da Abstrativização do Controle Difuso.
#OLHAOGANCHO – Houve mudança de posicionamento do STF (Novembro
de 2017) sobre a adoção da teoria da transcendência dos motivos
determinantes e abstrativização do controle difuso (Foi nessa decisão que
houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88). Assim, a leitura do
Informativo 866 STF é obrigatória.

#SELIGANATBAELA:
CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE
É realizada em abstrato, pela via principal, ou seja, a questão de constitucionalidade
configura o pedido principal da ação, sendo que a Corte analisa, em tese, se há ou
CONCEITO
não contrariedade à Constituição.
Poderá ocorrer mediante uma das seguintes ações: ADI, ADC, ADO ou ADPF.
COMPETÊNCIA STF
Será legitimado ativo: Mesa da Câmara, mesa do Senado, Mesa da Assembleia
Legislativa ou Câmara Legislativa do DF; Governador do Estado ou do DF;
LEGITIMIDADE Procurador Geral da República; Presidente da República; Conselho Federal da OAB;
partido político com representação no Congresso Nacional; confederação sindical;
entidade de classe de âmbito nacional.
OBJETO:
EM ADI – leis e atos normativos federais ou estaduais, editadas após a constituição.
As leis do DF editadas no exercício da competência legislativa estadual podem ser
objeto de ADI.
EM ADC – leis e demais atos normativos federais.
EM ADO – normas constitucionais de eficácia limitada não regulamentada.
EM ADPF – direito pré-constitucional, direito municipal, controvérsia sobre direito
OBJETO E
pós-constitucional já revogado ou cujos efeitos já se exauriram e de decisões
PARÂMETRO
judiciais construídas a partir de interpretações violadoras de preceitos
fundamentais.
PARÂMETRO:
EM ADI, ADC, ADO– normas constitucionais de referência para a realização da
análise de compatibilidade são todas aquelas que constam do documento
constitucional. Tratando-se de norma do ADCT, desde que não exaurida sua
eficácia.

138 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
EM ADPF - o parâmetro é mais restrito, pois tutela os preceitos fundamentais, ou
seja, para a defesa de somente alguns dispositivos constitucionais.
DEFINITIVA:
EM ADI e ADC - Produzirá eficácia contra todos e efeito ex tunc (retroativo). O STF
poderá optar pela modulação temporal dos efeitos, em virtude de razão de
segurança jurídica ou excepcional interesse social.
EM ADO – notificar o legislador ou órgão administrativo que incorre em mora, para
que o responsável adote as medidas necessárias à concretização do texto
constitucional.
MEDIDA CAUTELAR:
EFEITO DA
EM ADI e ADPF - Produzirá eficácia contra todos e efeito ex nunc (não retroativo).
DECISÃO
EM ADC - Produzirá eficácia contra todos e efeito ex nunc (não retroativo).
Também produzirá a suspensão do julgamento dos processos que envolvam a
aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo,
que deverá ocorrer em 180 dias, sob pena de perda de sua eficácia.
EM ADO – poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo
questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos
judicias ou de procedimento administrativos ou ainda em outra providência a ser
fixada pelo Tribunal.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
O que acontece se a lei impugnada por meio de ADI é alterada antes do julgamento da ação? Neste
caso, o autor da ADI deverá aditar a petição inicial demonstrando que a nova redação do dispositivo
impugnado apresenta o mesmo vício de inconstitucionalidade que existia na redação original. A
revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus de apresentar
eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a inconstitucionalidade na norma que promoveu
a alteração ou revogação. Se o autor não fizer isso, o STF não irá conhecer da ADI, julgando prejudicado
o pedido em razão da perda superveniente do objeto.
É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de preceito
fundamental (ADPF)? SIM. É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a
ADPF, desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que
comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o
STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no processo. O
STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro do
âmbito da disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolvendo um incidente processual,
com vistas a conferir maior efetividade à prestação jurisdicional.
➢ CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (FULL BENCH)
A Cláusula do Full-Bench ou Cláusula de Reserva de Plenário diz respeito ao controle de
constitucionalidade difuso realizado pelos Tribunais de Justiça/ Tribunal Regional Federal e pelo Superior
Tribunal de Justiça. Prevê a Constituição Federal de 1988: “Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta

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de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.
#SELIGANASÚMULA:
A Súmula Vinculante 10 trata sobre o tema: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão
de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

#ATENÇÃO! #NÃOVAIMAISERRAR Exceções:


✓ Declaração de constitucionalidade: A reserva do plenário é necessária somente para a declaração
de inconstitucionalidade das normas. Considerando a presunção de constitucionalidade, a decisão
do órgão fracionário que mantém a lei em questão constitucional dispensa o quórum qualificado.
✓ Declaração de não recepção (normas anteriores à constituição): Trata-se da não recepção, que não
se confunde com a inconstitucionalidade. Por isso, nesses casos, o órgão fracionário menor
declarará que a lei ou ato normativo foram revogados ou não recepcionados pela nova ordem
constitucional.
✓ Interpretação conforme a constituição: Nesses casos não se trata de forma de interpretação, mas
técnica de controle de constitucionalidade. Além disso, há o reconhecimento de que a lei é
constitucional, direcionando sua interpretação para que se torne compatível com a carta magna.
Portanto, dispensa-se a cláusula de reserva de plenário.
✓ Existência de pronunciamento do plenário ou da corte especial do tribunal, bem como do plenário
do Supremo Tribunal Federal sobre a questão (art. 949, parágrafo único do novo CPC). Ocorre
através do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade.
✓ Juizados Especiais: o entendimento no sentido da ausência de Repercussão Geral no Recurso
Extraordinário nº 868.457/SC, ocasião em que o STF decidiu pela não aplicação da reserva de
plenário aos Juizados Especiais por entender que não se trata de órgãos que funcionem no regime
de Plenário ou de Órgão Especial (STF, RE 868457, Rel. Min. Teori Zavascki – RIP- , DJ 27/04/2015,
pp. 7-8).
✓ Atos normativos de efeitos concretos: Não viola o art. 97 da CF/88 nem a SV 10 a decisão de órgão
fracionário do Tribunal que declara inconstitucional decreto legislativo que se refira a uma situação
individual e concreta. Isso porque o que se sujeita ao princípio da reserva de plenário é a lei ou o
ato normativo. Se o decreto legislativo tinha um destinatário específico e referia-se a uma dada
situação individual e concreta, exaurindo-se no momento de sua promulgação, ele não pode ser
considerado como ato normativo, mas sim como ato de efeitos concretos. STF. 2ª Turma. Rcl 18165
AgR/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844).
✓ Não viola a Súmula Vinculante 10, nem a regra do art. 97 da CF/88, a decisão do órgão fracionário
do Tribunal que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos
fatos ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem
potencial ofensa direta à Constituição. Além disso, a reclamação constitucional fundada em afronta
à SV 10 não pode ser usada como sucedâneo (substituto) de recurso ou de ação própria que analise
a constitucionalidade de normas que foram objeto de interpretação idônea e legítima pelas

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autoridades jurídicas competentes. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgado em
22/11/2016 (Info 848).
✓ Nulidade de ato administrativo: não é ato normativo, ainda que, entre outros fundamentos, sustente
(mencione) a inconstitucionalidade de lei estadual. (Info 546, STJ).

6 Poder Constituinte: conceito; legitimidade e limites; poder originário e poder derivado; poder
constituinte estadual.

Poder Constituinte Originário é o poder responsável pela elaboração da Constituição, norma


jurídica superior que inicia a ordem jurídica e lhe confere fundamento de validade.
Para os jusnaturalistas este poder é de direito, pois eles admitem a existência de um direito natural
prévio ao direito positivo.
Para os juspositivistas, os quais preconizam não haver direito antes de se aferir a existência de um
Estado, o poder constituinte é anterior ao próprio direito, logo é um poder de fato, metajurídico, não
integrando o mundo jurídico nem possuindo natureza jurídica.
A titularidade do Poder Constituinte Originário pertence ao povo.
O poder constituinte originário pode ser dividido em: (i) fundacional – é aquele que produz a
primeira Constituição de um Estado; (ii) pós-fundacional – parte de uma ruptura institucional de ordem
vigente para elaborar a nova Constituição que sucederá a anterior, revogando integralmente a
precedente.
Características do Poder Constituinte Originário:
#SELIGANATABELA:
A Constituição é a base do ordenamento jurídico.
INICIAL #DEOLHONOGANCHO: não é possível a alegação da existência de “direito
adquirido” perante a nova Constituição.
Não se submete ao regramento posto pelo direito precedente, sendo possuidor
de ampla liberdade de conformação da nova ordem jurídica.
#DEOLHONOGANCHO: a ausência de limites deve ser tratada com certas
reservas, pois é indiscutível a existência de alguns limites, tais como os
ILIMITADO geográficos e territoriais. Também é possível considerar como limite as
circunstâncias sociais e políticas que lhe dão causa,, pois o poder constituinte é
a expressão da vontade política soberana do povo, não pode ser entendido sem
observância dos valores éticos, religiosos e culturais pelo povo partilhados e
motivadores de suas ações.
Não se submete a qualquer regra ou procedimento formal pré-fixado pelo
INCONDICIONADO
ordenamento jurídico que o precede.
É capaz de definir o conteúdo que será implantado na nova Constituição, bem
AUTÔNOMO
como sua estrutura e os termos de seu estabelecimento.

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Não se esgota quando da conclusão da constituição; ele permanece em situação
PERMANENTE de latência, sendo ativado o “momento constituinte” de necessária ruptura com
a ondem estabelecida se apresentar novamente.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE: é a capacidade conferido pelo poder originário


aos Estados-membros para elaborarem suas próprias Constituições.
O poder constituinte derivado decorrente é perceptível no Distrito Federal, mas não nos
Municípios, pois a lei orgânica do DF, assim como ocorre com as Constituições estaduais, é um
documento que só está submetido à Constituição da República. Os municípios são formatados por
documentos condicionados simultaneamente à constituição estadual e à Constituição Federal, isto é, se
sujeitam à uma dupla subordinação, o que tornaria eventual poder decorrente do município em um
poder de terceiro grau.
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR: tem a função de alterar formalmente a
Constituição Federal, exercendo a importante tarefa de ajustar o texto constitucional aos novos ambientes
formatados pela dinâmica social. Tanto o poder constituinte derivado decorrente como o reformador
possuem as seguintes características:
• Poder de direito (possui natureza jurídica);
• Limitado (suas ações são pautadas pelos limites inseridos na Constituição);
• condicionado (suas atribuições estão diretamente vinculadas ao que determina previamente a
Constituição);
• secundário.

7 Poder Legislativo: organização, funcionamento e competências; Congresso Nacional; processo


legislativo; Comissões Parlamentares de Inquérito e controle jurisdicional; imunidades parlamentares;
orçamento e fiscalização orçamentária; Tribunais de Contas.

CPI FEDERAL (ART. 58, §3°, CF) – A CPI pode investigar o Chefe do Executivo, pessoas físicas ou
jurídicas, órgão ou instituições ligadas à gestão da coisa pública ou que, de alguma forma, tenham que
prestar conta sobre dinheiro, bens ou valores públicos. É uma comissão TEMPORÁRIA do Congresso
Nacional. Logo, não pode investigar o que extravase as competências do Congresso.

REQUISITOS PARA CRIAÇÃO DE CPI


✓ 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou Senado Federal;
✓ Investigar fato determinado;
✓ Prazo certo de duração.

#CUIDADO: pode ser que um fato guarde relação com interesse nacional e estadual. Não há problema
nesse caso de instauração de CPI federal e CPI estadual. O que não pode acontecer é CPI federal ser
criada para investigar fatos de exclusivo interesse do Estado.
“Fatos conexos inicialmente desconhecidos e revelados durante a investigação também podem ser
investigados, desde que haja um aditamento do requerimento de criação da CPI”.

142 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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PODERES DA CPI

Poderes de investigação próprios de autoridade judicial, além dos previstos nos regimentos
internos.
1. Quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de dados (STF, MS 25668).
2. Busca e apreensão de documentos e equipamentos, respeitados a inviolabilidade do domicílio.
3. Determinar a condução coercitiva de testemunhas ou indiciados.
4. Determinar a realização de exames periciais.

LIMITES AOS PODERES DA CPI

1. Cláusula da reserva de jurisdição. Ex.: interceptação telefônica.


2. Direito de Não-Incriminação (art. 5°, LXIII, da CF)
3. Sigilo Profissional (art. 5°, LIV, da CF)
4. Não pode formular acusações, punir delitos e nem adotar medidas acautelatórias, tais
como indisponibilidade de bens (MS 23480), proibição de ausentar-se do país, arresto, sequestro e
hipoteca judiciária.

Autonomia Federativa: A CPI federal PODE investigar autoridade estadual caso haja investigação de
interesse nacional e não exclusivamente estadual.

CPI ESTADUAL
✓ A CPI estadual tem poderes simétricos à CPI federal.
✓ O STJ decidiu no AgR na Pet 1611: “CPIs estaduais não tem competência para investigar autoridades
com prerrogativa de foro em órgãos do judiciário federal”.

CPI MUNICIPAL
Deve haver previsão expressa na Constituição Estadual, Lei Orgânica do Município, etc. Além disso:
fato determinado, prazo certo e quórum. Prevalece no âmbito doutrinário que “por não haver órgão
judicial no município, a CPI municipal não pode ter poderes de investigação próprios de autoridade judicial”.

GARANTIAS DO PODER LEGISLATIVO


Visam assegurar aos parlamentares a liberdade necessária para que desempenhem suas funções.
Atualmente o STF tem o entendimento de que o afastamento do parlamentar suspende as imunidades
material e formal, mas não afasta a prerrogativa de foro.

Art. 53, § 8º. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

143 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Suplentes: não possuem as garantias (imunidades e prerrogativa de foro) conferidas aos
parlamentares.
SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS
✓ Foro por Prerrogativa de Função (art. 53, §1° e art. 102, I, “b”, da CF).

Art. 53, § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - Processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.

#ATENÇÃO: Em improbidade administrativa não há foro por prerrogativa de função.


#IMPORTANTE: o art. 102, I, “b”, da CF prevalece sobre a regra do tribunal do júri insculpida no art. 5°,
XXXVIII.
#ATENÇÃO – REDUÇÃO TELEOLÓGICA DO FORO POR PRERROGATIVA
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados
durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o
indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser
julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o
crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com
as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro
por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 03/05/2018.
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de
o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.
✓ Imunidades materiais (freedom of speech)

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos.
Quando proferidas fora do Congresso, o STF exige que a manifestação tenha conexão com o
exercício do mandato.
A imunidade material tem natureza jurídica de excludente de tipicidade (STF, INQ 2273 e PET
4934).

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✓ Imunidade Formal/Incoercibilidade pessoal relativa

Art. 53, § 2º, CF. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
A imunidade formal não abrange só a imunidade processual, mas também a questão prisional.
• OBS¹. Súmula 245 a aplicação apenas a imunidade formal
Súmula 245 STF. A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.
A súmula 245, apesar de tratar “imunidade parlamentar”, essa súmula atinge apenas a imunidade formal.
Isso porque a palavra “réu” só tem sentido no âmbito da imunidade formal, já que a imunidade material
não leva parlamentar, em regra, a ser réu em processo judicial.

A imunidade formal obsta a prisão cautelar do parlamentar, salvo em flagrante de crime inafiançável. A
proibição de prisão não alcança a prisão no caso de condenação definitiva transitada em julgado.

• OBS². Não é mais necessária a autorização da Câmara ou Senado para que o parlamentar seja
processado e julgado. Atualmente, o PGR oferece denúncia perante o STF, que dará ciência à Casa
do respectivo parlamentar, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da
maioria absoluta de seus membros poderá até a decisão final sustar o andamento da ação.

PROCESSO LEGISLATIVO
O art. 62 da CF/88 prevê que o Presidente da República somente poderá editar medidas
provisórias em caso de relevância e urgência. A definição do que seja relevante e urgente para fins de
edição de medidas provisórias consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária) de
competência do Presidente da República, controlado pelo Congresso Nacional.
Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise
dos requisitos da MP. No caso de MP que trate sobre situação tipicamente financeira e tributária, deve
prevalecer, em regra, o juízo do administrador público, não devendo o STF declarar a norma
inconstitucional por afronta ao art. 62 da CF/88. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 15/12/2016 (Info 851).

8 Poder Judiciário: a função jurisdicional; organização do Poder Judiciário; Supremo Tribunal Federal;
Súmula Vinculante; Conselho Nacional de Justiça; Justiça dos Estados.

É importante que percebamos algo muito importante para concursos: não cabe ao STF conhecer
o mandado de segurança, nem o habeas data, nem o habeas corpus, quando o coator for Ministro de
Estado (ou Comandantes de Força), embora conheça do habeas corpus paciente deles. Acontece que o
habeas corpus coator, bem como o mandado de segurança e habeas data contra atos de Ministros está
no âmbito da Competência do STJ (CF, art. 105, I, b e c). Desta forma, em se tratando de Ministros de
Estado (e Comandantes de Força):
• Falou em "paciente" = Competência do STF.

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• Falou em coator (contra atos) = Competência do STJ.
Caso a questão fale de “recurso ordinário” = sempre deverá envolver coisas ou pessoas (físicas ou
jurídicas) – tais como remédios constitucionais, crimes ou demais conflitos. Caso a questão fale de
“recurso extraordinário” (sempre ao STF) ou “recurso especial” (STJ), ela deverá falar em leis ou atos
normativos.
Quando falar em conflito de "competência" = conflito entre órgãos do Judiciário:
• Se envolver tribunais superiores- Competente é o STF.
• Se envolver tribunais de segundo grau - Competente é o STJ.
Quando falar em conflitos de "atribuições" = conflito entre autoridades administrativas X
autoridade judiciárias de entes diversos. Neste caso, o competente é o STJ.
Quando falarmos de recursos envolvendo conflitos com a lei federal, temos:
• Conflito "ato" local X Lei Federal = R. Esp. no STJ.
• Conflito "lei" local x Lei Federal = Conflito federativo = R.Ex no Supremo.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


Vale ressaltar a leitura do artigo 102, da Constituição Federal:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória
de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros
dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
permanente;
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio
Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou
o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,
inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
h) Revogado.
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal
Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

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l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de
atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta
ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente
da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta
e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Da mesma forma, vale a leitura do artigo 105, da Constituição Federal, que traz as competências
do Superior Tribunal de Justiça:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:

147 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a",
ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha,
do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem
como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão,
entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho
e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do
outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras
funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e
orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com
poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.

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CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de
2009)
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de
2009)
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre
os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 61, de 2009)
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 61, de 2009)
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo
Tribunal Federal.

SÚMULA VINCULANTE

149 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de
dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula
que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca
das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que
acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de
súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou
sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

#SELIGNAJURIS
O prazo de 1 ano previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88 incide apenas para revisões de PADs, não se
aplicando para atuação originária do CNJ. A competência originária do CNJ para a apuração disciplinar,
ao contrário da revisional, não se sujeita ao parâmetro temporal previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88.
STF. 2ª Turma. MS 34685 AgR/RR, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 28/11/2017 (Info 886).
CNJ não pode examinar controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário. Não cabe ao
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente administrativas, o controle de
controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário. STF. 1ª Turma.MS 28845/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 21/11/2017 (Info 885).
CNJ, no exercício de controle administrativo, pode deixar de aplicar lei inconstitucional. CNJ pode
determinar que Tribunal de Justiça exonere servidores nomeados sem concurso público para cargos em
comissão que não se amoldam às atribuições de direção, chefia e assessoramento, contrariando o art.
37, V, da CF/88. Esta decisão do CNJ não configura controle de constitucionalidade, sendo exercício de
controle da validade dos atos administrativos do Poder Judiciário. STF. Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info 851).
Análise da constitucionalidade de resolução que permite reeleição para cargos de direção no TJ. É
inconstitucional norma do Tribunal de Justiça que permite a reeleição de desembargadores para cargos
de direção após o intervalo de dois mandatos. Esta previsão viola o art. 93, caput, da CF/88, segundo o
qual a regulamentação da matéria afeta à elegibilidade para os órgãos diretivos dos tribunais está
reservada a lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal. Além disso, esta norma afronta
o tratamento que foi dado à matéria pelo art. 102 da LOMAN (LC 35/79), que regulamenta o art. 93 da
CF/88. STF. Plenário. ADI 5310/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 14/12/2016 (Info 851).

150 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Dever do Poder Executivo de efetuar os repasses de duodécimo na forma do art. 168 da CF/88. A lei
orçamentária anual do Estado do Rio de Janeiro foi aprovada e nela previsto o orçamento do Poder
Judiciário. Ocorre que o Poder Executivo estadual não estava cumprindo seu dever de repassar os
recursos correspondentes às dotações orçamentárias do Poder Judiciário em duodécimos. Diante disso,
o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro impetrou mandado de segurança, com pedido de tutela de
urgência, contra o ato omissivo do Governador do Estado do Rio de Janeiro no atraso do repasse dos
referidos recursos. O Governador argumentou que o Estado passa por uma crise muito grave e que no
ano de 2016 houve um déficit orçamentário de 19,6% em relação ao orçamento que foi previsto na Lei
orçamentária anual. O STF deferiu parcialmente a medida liminar, assegurando-se ao Poder Judiciário do
Estado do Rio de Janeiro o direito de receber, até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, os recursos
correspondentes às dotações orçamentárias, sendo, contudo, facultado ao Poder Executivo fazer um
desconto de 19,6% da Receita Corrente Líquida prevista na LOA. A crise do Estado e a queda na
arrecadação não justificam que o Poder Executivo deixe de repassar o duodécimo ao Poder Judiciário.
No entanto, deve ser autorizado que o Executivo diminua os valores a serem entregues ao TJ de forma
proporcional à redução que houve na arrecadação inicialmente prevista pela Lei Orçamentária Anual.
Não faz sentido que, diante de uma situação de déficit orçamentário (a realização do orçamento foi muito
inferior ao previsto), o Poder Executivo reduza seu orçamento e o Poder Judiciário continue com seu
duodécimo calculado com base na previsão da receita que não foi a verificada na prática. Havendo
frustração de receita, o ônus deve ser compartilhado de forma isonômica entre todos os Poderes. Em
suma, a base de cálculo dos duodécimos deve observar o valor real de efetivo desempenho orçamentário
e não o valor fictício previsto na lei orçamentária. STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 22/11/2016 (Info 848).

9 Funções essenciais à Justiça: Ministério Público (natureza, princípios e garantias, estrutura e funções
constitucionais); Advocacia (o advogado e a administração da Justiça, direitos, deveres e inviolabilidade);
Advocacia Pública (procuradorias e defensorias).

#SELIGANAJURIS
Termo inicial da ação civil para a perda do cargo de membro do MP. Na hipótese de membro de
Ministério Público Estadual praticar falta administrativa também prevista na lei penal como crime, o prazo
prescricional da ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do cargo somente tem início
com o trânsito em julgado da sentença condenatória na órbita penal. STJ. 2ª Turma. RESp 1535222-MA,
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/3/2017 (Info 601).
O PGJ somente pode ser reconduzido uma única vez. É inconstitucional dispositivo de CE que permita a
recondução ao cargo de Procurador-Geral de Justiça sem limite de mandatos. Essa previsão contraria o
art. 128, § 3º da CF/88, que autoriza uma única recondução. STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847).
Conflito de atribuições envolvendo MPE e MPF deve ser dirimido pelo PGR. Compete ao PGR, na
condição de órgão nacional do Ministério Público, dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF
e de Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário. ACO 924/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 19/5/2016
(Info 826).

151 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Para que a DPE atue no STJ, é necessário que possua escritório de representação em Brasília. A Defensoria
Pública Estadual pode atuar no STJ, no entanto, para isso, é necessário que possua escritório de
representação em Brasília. Se a Defensoria Pública estadual não tiver representação na capital federal, as
intimações das decisões do STJ nos processos de interesse da DPE serão feitas para a DPU. Assim,
enquanto os Estados, mediante lei específica, não organizarem suas Defensorias Públicas para atuarem
continuamente nesta Capital Federal, inclusive com sede própria, o acompanhamento dos processos no
STJ constitui prerrogativa da DPU. A DPU foi estruturada sob o pálio dos princípios da unidade e da
indivisibilidade para dar suporte às Defensorias Públicas estaduais e fazer as vezes daquelas de Estados-
Membros longínquos, que não podem exercer o múnus a cada recurso endereçado aos tribunais
superiores. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 378.088/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
06/12/2016. STF. 1ª Turma. HC 118294/AP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 7/3/2017 (Info 856).

10 Poder Executivo: princípios constitucionais da Administração Pública; presidencialismo e


parlamentarismo; organização e estrutura do Poder Executivo; eleição e mandato do Chefe do Executivo;
perda do mandato: hipóteses e consequências; responsabilidade do Chefe do Executivo; Estado de sítio
e Estado de defesa; Medida Provisória: natureza, efeitos, conteúdo e limites; competência política,
executiva e regulamentar.

FORMAS DE GOVERNO
MONARQUIA REPÚBLICA
1. Irresponsabilidade política do governante. 1. Há responsabilização política do governante.
2. Hereditariedade. 2. Eletividade: voto.
3. Vitaliciedade. 3. Temporariedade.
SISTEMAS DE GOVERNO
PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO SEMIPRESIDENCIALISMO
1.Há divisão do Poder
Executivo. O Chefe de Estado
é o Monarca ou Presidente da
República. O Chefe de 1.Há dualidade do Poder
1. Reunião do Chefe de Estado
Governo é o Primeiro Ministro. Executivo. O Chefe de Estado
e Chefe de Governo em uma
é sempre o Presidente da
mesma pessoa.
2.Não existe prazo fixo para República. Exerce importantes
2. Prazo fixo de mandato.
exercício do poder pelo funções políticas, bem como
3. Independência em relação
Primeiro Ministro, escolhido escolhe o Primeiro Ministro,
ao Parlamento.
pelo Parlamento. sendo este apenas aprovado
* “Recall”.
3.Responsabilização do pelo Parlamento.
Primeiro Ministro perante o
Parlamento.
“Moção de desconfiança”.

152 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Sobre as Atribuições do Presidente da República, a leitura do Artigo 84, da Constituição Federal é
obrigatória:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os
diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

153 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

11 Estrutura federativa brasileira: conceito e características da federação; repartição e classificação das


competências na Constituição de 1988; União (natureza da unidade federativa; competências;
organização), Estados (competências, organização e autonomia), Municípios (competências, organização
e autonomia) e Distrito Federal (natureza, competências, organização e autonomia); Lei nº 11.107/2005
(consórcios públicos); intervenção nos Estados e Municípios (autonomia e intervenção, competência
interventiva, pressupostos formais e substanciais, limites e controle).

FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
Estado Pessoa jurídica de Direito Público
Unidos pela Constituição Unidos por tratado internacional
Membros são dotados de autonomia Membros são dotados de soberania
Veda o direito de secessão Permite o direito de secessão
Decisões dos órgãos centrais são obrigatórios
para todos os membros, desde que observados
Membros possuem o direito de nulificação
os limites da competência constitucionalmente
estabelecida
Atividades relacionadas a assuntos internos e Atividades voltadas especialmente aos negócios
externos externos
Cidadãos possuem a nacionalidade do Estado
Cidadãos são nacionais dos respectivos Estados
Federal
Congresso Confederal é o único órgão comum a
Poder Central é dividido em Legislativo, Executivo
todos os Estados (Cada Estado possui o seu
e Judiciário
próprio Poder Executivo e Judiciário)

ESTADO FEDERAL
- Descentralização político-administrativa fixada pela constituição
Características
- Participação das vontades parciais na vontade geral
Essenciais
- Auto-organização dos Estados-membros
- Rigidez constitucional
Requisitos para
- Imutabilidade da formal federativa
manutenção
- Controle de constitucionalidade

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


Forma de Estado FEDERAÇÃO
Forma de governo REPÚBLICA

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Sistema de governo PRESIDENCIALISTA
Regime de governo DEMOCRÁTICO

MODELOS DE FEDERALISMO
QUANTO À ORIGEM
é aquele no qual antes havia um modelo descentralizado e, com o
CENTRÍPETO/AGREGAÇÃO
pacto federal, ocorre a centralização. Ex.: EUA.
antes havia mais centralização, mas o federalismo impõe a
CENTRÍFUGO/SEGREGAÇÃO
descentralização para os entes autônomos. Ex.: Brasil.
QUANTO AO NÚMERO DE ENTES
BIDIMENSIONAL há apenas dois entes. Ex.: Apenas União e Estados.
há três entes. Ex.: União, Estados e Municípios.
TRIDIMENSIONAL • Brasil é um dos únicos países que atribui aos Municípios a
condição de ente federal.
QUANTO À DISTRIBUIÇÃO DOS PODERES
o regime de todos os entes iguais é idêntico.
SIMÉTRICO No Brasil é assim. As competências do Estado de MG são as mesmas
do Estado de SP.
entidades da federação iguais possuem regimes diferentes.
Obs.: No Brasil, Lenza diz que há ERRO DE SIMETRIA, pois a CF tratou
ASSIMÉTRICO
os Estados de modo tão igual que acabou desconsiderando as
dessemelhanças existentes entre eles.
DEMAIS ESPÉCIES
FEDERALISMO DUAL há extrema e severa divisão entre os entes.
FEDERALISMO
mais flexível e permite a interpenetração entre os entes políticos.
COOPERATIVO
os Estados são organismos de um todo maior, que é o poder central
FEDERALISMO ORGÂNICO
fomenta o autoritarismo.
em nome da integração nacional, há a prevalência do Poder Central. É
FEDERALISMO DE
federalismo apenas formal, em tudo se aproximando ao Estado
INTEGRAÇÃO
unitário descentralizado administrativamente.

AUTONOMIA DOS ENTES FEDERATIVOS


Os entes se organizam por suas próprias constituições estaduais ou leis orgânicas.
Auto-organização Deve ser observado o princípio da simetria e, assim, o processo de reforma da CE
deve, obrigatoriamente, observar os requisitos estabelecidos na CF.
Exercem, por seus próprios poderes legislativos, as competências legislativas que
Autolegislação
são de sua alçada.

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Elegerão seus próprios governantes e deputados, e organizarão suas próprias
Autogoverno justiças (exceto os Municípios), inclusive com sistema de controle de
constitucionalidade das leis estaduais e municipais.
Autoadministração Organizarão suas administrações, seus serviços públicos e seus servidores.

MODELOS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS


MODELO CLÁSSICO: União exerce a competência expressa e os Estados a residual.
MODELO MODERNO: verificado após a 1ª guerra mundial. A CF prevê não apenas a competência
exclusiva da União, mas também a comum e concorrente dos Estados.
MODELO HORIZONTAL: não há relação de subordinação entre os entes que legislam. Predomina no
BRASIL.
MODELO VERTICAL: há divisão na competência. É o que ocorre no Brasil com a competência
CONCORRENTE, na qual as normas gerais são de atribuição da União, cabendo aos Estados apenas a
regulamentação específica.

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas as demais, SEM
Exclusivas4
possibilidade de delegação.
Da união (artigo 22 e parágrafo único). Pode ser delegada aos Estados para
Privativas
legislarem sobre determinada matéria, por meio de Lei complementar.
Atribuída a mais de um ente federado com atuação em níveis distintos.
Os municípios estão excluídos, cabem somente a União, Estados e Distrito
Federal, que poderão legislar concorrentemente sobre os assuntos
constantes no artigo 24, mas, NÃO há superposição. §§ 1º a 4º: À união
competem às normas gerais; os Estados têm competência suplementar; se a
Concorrentes União não emitir as normas gerais, os Estados poderão exercer a
competência plena sobre o assunto; se após o exercício da competência
plena dos Estados, surgir, supervenientemente, regulamentação sobre
normas gerais da União, a norma dos Estados terá a eficácia suspensa (não é
revogação nem invalidez, no que contradizer a União, não existindo
repristinação).
Conferida a determinado ente para complementar as normas gerais dispostas
por outro ou para suprir a ausência dessas normas gerais. Artigo 24, § 2º
Suplementares
trata da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS ESTADOS e o art. 30,
II fala da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS MUNICÍPIOS

#SELIGANAJURIS #COLANARETINA

4
Segundo Marcelo Novelino, há uma divergência na doutrina brasileira envolvendo as competências exclusivas e privativas. A doutrina mais tradicional, como,
por exemplo, José Afonso da Silva, adota uma distinção cuja diferença principal reside na possibilidade de delegação das competências privativas, ao
contrário do que ocorre com as competências exclusivas, que são indelegáveis por ausência de previsão expressa. Há autores, contudo, a exemplo do
Ministro Gilmar Mendes, que entendem inexistir qualquer diferença entre ambas, aduzindo a possibilidade de utilização intercambiável das duas expressões.
Para esta corrente, as competências privativas e exclusivas traduzem a mesma ideia.

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Alteração dos limites de um Município exige plebiscito. Para que sejam alterados os limites territoriais de
um Município é necessária a realização de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da CF/88. STF. Plenário. ADI 2921/RJ, rel. orig. Min.
Ayres Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
É necessária a edição de LC federal para que possam ser criados novos municípios. Para a criação de
novos Municípios, o art. 18, § 4º, da CF/88 exige a edição de uma Lei Complementar Federal
estabelecendo o procedimento e o período no qual os Municípios poderão ser criados, incorporados,
fundidos ou desmembrados. Como atualmente não existe essa LC, as leis estaduais que forem editadas
criando novos Municípios serão inconstitucionais por violarem a exigência do § 4º do art. 18. STF. Plenário.
ADI 4992/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2014 (Info 758).
Estado que deixou de pagar precatórios e intervenção federal. O descumprimento voluntário e
intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto indispensável ao acolhimento do
pedido de intervenção federal. Para que seja decretada a intervenção federal em um Estado-membro
que tenha deixado de pagar precatórios é necessário que fique comprovado que esse descumprimento
é voluntário e intencional. Se ficar demonstrado que o ente não pagou por dificuldades financeiras não
há intervenção. STF. Plenário. IF 5101/RS, IF 5105/RS, IF 5106/RS, IF 5114/RS, rel. Min. Cezar Peluso, julgado
em 28/3/2012.
Súmula vinculante 2-STF: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha
sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
Súmula vinculante 38-STF: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.
Súmula vinculante 39-STF: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das
polícias civil e militar do Distrito Federal.
Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das
respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.
Súmula 419-STF: Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que
não infrinjam leis estaduais ou federais válidas.
Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.

12 Direitos e garantias fundamentais: declaração dos direitos e sua formação histórica; natureza e eficácia
das normas sobre direitos fundamentais; conceito de direitos e de garantias; classificação dos direitos
fundamentais. 13 Direitos individuais: destinatários; classificação; direito à vida; direito à privacidade;
dignidade da pessoa humana; igualdade; liberdade (pessoa física, pensamento, ação profissional);
propriedade (conceito e natureza constitucional, propriedades especiais, limitações ao direito de
propriedade, função social da propriedade). 14 Direitos sociais: conceito e classificação; direitos dos
trabalhadores (individuais e coletivos); direito à educação e à cultura; direito ambiental; direitos das
crianças e dos idosos; direito à saúde e seguridade social (previdência e assistência social); disciplina da
comunicação social.

DIREITOS FUNDAMENTAIS

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Na Constituição Federal, os direitos e garantias fundamentais estão insertas no Título II, e são
divididos em direitos e garantias individuais e coletivos (capítulo I), direitos sociais (capítulo II), direitos
nacionais (capítulo III), direitos políticos (capítulo IV) e partidos políticos (capítulo V). Ressalve-se que a
maior parte dos direitos coletivos está inserida no capítulo dos direitos sociais.

DIREITO X GARANTIA: Diz-se que direito é uma faculdade de agir, exercer, fazer ou deixar de fazer algo,
uma liberdade positiva. As garantias não se referem às ações, mas sim às proteções que as pessoas
possuem frente ao Estado ou mesmo frente às demais pessoas. Diz-se que as garantias são proteções
para que se possa exercer um direito.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS

HISTORICIDADE E ✓ São históricos porque que foram conquistados ao longo dos


MUTABILIDADE tempos.
INALIENABILIDADE ✓ São intransferíveis e inegociáveis
✓ Podem ser invocados independentemente de lapso temporal, eles
IMPRESCRITIBILIDADE
não prescrevem com o tempo.
✓ Podem até não estar sendo exercidos, mas não poderão ser
IRRENUNCIABILIDADE
renunciados.
UNIVERSALIDADE ✓ São aplicáveis a todos, sem distinção.
✓ Os direitos fundamentais não são absolutos, são relativos, pois
RELATIVIDADE OU existem limites ao seu exercício. Este limite pode ser de ordem
LIMITABILIDADE constitucional (decretação de Estado de Sítio ou de Defesa) ou
encontrar-se no dever de respeitar o direito da outra pessoa.
INDIVISIBILIDADE, ✓ Os direitos fundamentais formam um conjunto que deve ser
CONCORRÊNCIA E garantido como um todo, e não de forma parcial. Um direito não
COMPLEMENTARIDADE excluiu o outro, eles são complementares, se somam.

TEORIA ABSOLUTA X TEORIA RELATIVA

De acordo com a teoria absoluta, o conteúdo essencial é uma parte do conteúdo total do direito
fundamental. Seria um núcleo duro do conteúdo total que seria intransponível pelo legislador. Esse
conteúdo essencial é absoluto! Não pode ser relativizado.

#RESUMINDO: O conteúdo essencial de um direito fundamental é uma parte do seu conteúdo total.
Consiste no chamado “núcleo duro”, o qual é considerado absoluto e intransponível. Apenas a outra
parte (periférica do Direito: tudo aquilo que sobra após a retirada do núcleo duro) estaria disponível para
a regulamentação legislativa.

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A segunda teoria é a relativa (é incompatível com a classificação de JAS de eficácia limitada,
contida e plena). Essa teoria defende a necessidade de justificar as restrições aos direitos fundamentais
mediante o recurso ao princípio da proporcionalidade. Não existiria um limite intransponível, a priori. É
preciso antes analisar a medida à luz do princípio da proporcionalidade. Se a medida estatal for
proporcional, não atingiu o conteúdo essencial. Por outro lado, se se concluiu que foi desproporcional, é
porque atingiu o conteúdo essencial naquele caso.

#ATENÇÃO: Pela teoria relativa, o conteúdo essencial não pode ser definido abstratamente, devendo ser
analisado no caso concreto por meio do princípio da proporcionalidade.
Em algum momento pode haver suspensão de direitos fundamentais? SIM, nos casos de estado de sítio
e estado de defesa.
#CUIDADO: A dignidade não é um direito absoluto. Isso porque, além de partir da premissa de que
nenhum direito possui essa característica (e, de fato, não existe direito absoluto!), a dignidade não é
sequer um direito, mas sim uma qualidade de todo e qualquer ser humano.

JELLINEK – TEORIA DOS STATUS – MULTIFUNCIONALIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

✓ É aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o


STATUS PASSIVO Estado. É um estado de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo
é meramente detentor de deveres.
✓ O indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade
STATUS ATIVO estatal.
✓ Ex. Direitos políticos por meio do voto.
✓ É aquele em que há um espaço de liberdade diante das possíveis ingerências.
STATUS NEGATIVO
Ocorre a abstenção estatal.
✓ É aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas
STATUS POSITIVO prestações positivas. Neste status, sente-se a necessidade de o Estado suprir
desigualdades fáticas, mediante a sua intervenção nas relações jurídicas.

EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

✓ Quando os direitos fundamentais surgiram eles tinham apenas


a eficácia vertical, pois o indivíduo está subordinado ao Estado
e por esses direitos protegerem os indivíduos contra os arbítrios
EFICÁCIA VERTICAL
do Estado, fala-se dessa eficácia vertical. Consiste na aplicação
dos direitos fundamentais às relações entre particulares e o
Estado. É a eficácia clássica.

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HORIZONTAL/EFICÁCIA ✓ Com o desenvolvimento dos direitos fundamentais, percebeu-
EXTERNA/EFICÁCIA se que a opressão e a violência contra o indivíduo vêm também
PRIVADA/EFICÁCIA EM de entidades privadas. Consiste na aplicação dos direitos
RELAÇÃO A TERCEIROS fundamentais às relações entre particulares.
✓ Trata-se de classificação bastante recente. Consiste na
aplicação dos direitos fundamentais à relação entre particulares,
EFICÁCIA DIAGONAL
nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação
trabalhista e consumerista.

#CAIEMPROVA: Art. 5º § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata. Isso não quer dizer que as normas ali sejam todas de eficácia plena. Na verdade, trata-se apenas
um apelo para que se busque efetivamente aplicá-las e assim não sejam frustrados os anseios da
sociedade.

TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS: A EC 45/04 abriu a


possibilidade de ampliar a relação dos direitos fundamentais de status constitucional através da
aprovação de tratados internacionais pelo mesmo rito de emendas constitucionais.
• Regra é que os tratados internacionais são equivalentes às leis ordinárias.
• Exceção: Quando tratarem de direitos humanos:
a) Vão estar equiparados às Emendas Constitucionais caso versem sobre direitos humanos e o
decreto legislativo relativo a ele seja aprovado pelo mesmo rito exigido para as emendas à Constituição.
b) Ainda que não aprovados pelo rito das Emendas, se versarem sobre direitos humanos, o STF
entende que possuem “SUPRALEGALIDADE” podendo revogar leis anteriores e devendo ser observados
pelas leis futuras. É assim, por exemplo, que vigora em nosso ordenamento o "Pacto de San Jose da
Costa Rica" - status acima das leis e abaixo da Constituição.

DIREITOS INDIVIDUAIS
DESTINATÁRIOS: brasileiros (pessoas físicas e jurídicas de direito público e privado); estrangeiros
residentes no Brasil.
• Obs. 1: numa interpretação literal, os estrangeiros não residentes não poderiam invocar os direitos
individuais, MAS sendo a dignidade uma qualidade intrínseca a todo ser humano,
independentemente de sua nacionalidade, não se pode negar o exercício de um direito
fundamental a um indivíduo pelo simples fato dele não residir no país.
• Obs. 2: são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a
obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
• Obs. 3: contraditório, ampla defesa e devido processo legal podem ser invocados por pessoas
jurídicas de direito público.

160 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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• Obs. 4: São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito,
c) habilitação, registro e primeira certidão de casamento civil.
• Obs. 5: São gratuitas para qualquer pessoa as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na
forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. Também é gratuita para qualquer pessoa
a celebração do casamento civil.
• Obs. 6: Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 05 (cinco) anos de
idade em creches e pré-escolas.

DIREITO À VIDA
✓ Bem jurídico protegido: vida humana em seu sentido biológico. Dupla acepção:
Negativa: Consiste no direito a permanecer vivo.
Positiva: Consiste no direito de exigir do Estado prestações para proteção do direito à vida, assim como
para uma existência digna.
✓ Inviolabilidade: protege o direito contra a violação por parte de terceiros.
✓ Irrenunciabilidade: protege o direito contra o seu próprio titular.
✓ RESTRIÇÕES À INVIOLABILIDADE DO DIREITO À VIDA: Pena de morte no caso de guerra declarada
(art. 5º, XLVII, CF), aborto necessário/terapêutico, aborto sentimental (art. 128, CP), aborto de anencéfalos
(ADPF 54).

DIREITO À IGUALDADE
IGUALDADE PERANTE A
✓ É a igualdade na aplicação da lei.
LEI
IGUALDADE NA LEI ✓ Elaboração das leis.
✓ É a igualdade real, vai além da igualdade formal. A busca da
IGUALDADE MATERIAL igualdade material acontece quando são tratadas desigualmente as
pessoas que estejam em situações desiguais.

#ATENÇÃO: ações afirmativas consistem em políticas públicas ou programas privados, em geral de


caráter temporário, desenvolvidos para reduzir desigualdades decorrentes de discriminações ou de
hipossuficiência, por meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória dessas condições.
#SELIGANASÚMULA: Súmula nº 683 – STF: o limite de idade para a inscrição em concurso público só se
legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições
do cargo a ser preenchido.

DIREITOS DE LIBERDADE
✓ Liberdade de consciência, de crença e de culto (art. 5ª, VI).

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✓ Assegura a plena liberdade de culto e as suas liturgias, bem como o direito de não acreditar ou
professar nenhuma fé, devendo o Estado respeito ao ateísmo.
✓ A liberdade de consciência é a mais ampla. Consiste na adesão de certos valores espirituais
independentemente de qualquer conotação religiosa.
✓ Serviço militar obrigatório: uma pessoa pode alegar motivos religiosos para se eximir desta
obrigação legal, mas deverá cumprir uma prestação alternativa. A objeção de consciência deve ser
baseada em convicções seriamente arraigadas e que causem um grave tormento moral.
✓ Dever de neutralidade do Estado (art. 19, CF).
✓ Com o advento da República, o Estado brasileiro passou a ser laico.

DIREITOS À PRIVACIDADE (GÊNERO)


✓ Vida privada, intimidade, honra e imagem (espécies).
✓ SITUAÇÕES ESPECIAIS:
a) Interceptação ambiental: em regra, só haverá ilicitude quando:
i) houver violação de expectativa de privacidade;
ii) Houver violação de confiança decorrente de relações interpessoais ou profissionais.
b) Gravação clandestina:
Em regra, não é ilícita. Haverá ilicitude, quando:
i) Não houver justa causa. Ex: divulga cena sexual com o parceiro.
ii) Houver violação de causa legal específica de sigilo ou de reserva de conversação.
c) Quebra de sigilo: bancário, fiscal, telefônico e de dados informáticos.
Dentre as autoridades com legitimidade para determinar a quebra destes sigilos estão:
i) Juiz;
ii) CPI.
d) Interceptação das comunicações (art. 5º, XII): é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal.

QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO


Os órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras?
POLÍCIA ✓ NÃO (depende de autorização judicial).
✓ NÃO (depende de autorização judicial) (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011).
MP Excepcionalmente, poderá determinar a quebra para fins de proteção do
patrimônio público (MS 21.729).
RECEITA
✓ SIM. Nova posição do STF.
FEDERAL
TCU ✓ NÃO (depende de autorização judicial) (STF. MS 22934/DF, DJe de 9/5/2012)
CPI ✓ SIM (seja ela federal ou estadual/distrital). Prevalece que CPI municipal não pode.

162 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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✓ Requisitos para interceptação das comunicações telefônicas:
i) ordem judicial;
ii) na forma que a lei estabelecer (Lei nº 9.296/96);
iii) para fins de INVESTIGAÇÃO CRIMINAL OU INSTRUÇÃO PROCESSUAL.
✓ Nem CPI pode determinar quebra de interceptação das comunicações telefônicas.

Além da interceptação telefônica, a violação de domicílio (art. 5º, XI) a prisão por mandado e o sigilo
imposto a processo judicial (MS 27.483) envolvem matérias de reserva de jurisdição.
É possível utilização da interceptação telefônica para PAD.
A 3ª Turma do STJ, no HC 203.405, admitiu, excepcionalmente, a possibilidade de se determinar
interceptação telefônica para fins civis, quando não haja outra medida que resguarde os direitos
ameaçados e quando o caso envolver indícios de conduta criminosa.

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO

✓ Flagrante delito, desastre ou para prestar socorro: dia ou noite, sem necessidade de autorização
judicial.
✓ O conceito de casa deve ser interpretado de uma forma bastante ampla, de modo a compreender
espaços privados, não abertos ao público, onde alguém exerce atividade profissional.

STF: admitiu invasão durante a noite de escritório de advocacia para que fosse feito interceptação
ambiental (INQ 2424), em conformidade com o princípio da proporcionalidade.

DIREITO DE PROPRIEDADE

✓ Desapropriação-sanção: urbana - títulos da dívida pública (art. 182, §4º, III, CF) e rural – títulos da
dívida agrária (art. 184, CF).
✓ Art. 243, CF/88. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º. Em RE, o STF entendeu que o confisco é das glebas como um todo e
não apenas da parte em que é feita a plantação dos psicotrópicos.

✓ Obs.: Art. 184, §5º, CF “são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as ações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária”.
✓ Obs.: art. 185, CF: “São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: i) a pequena e
média propriedade rural, assim definida em lei; desde que seu proprietário não possua outra; ii) a
propriedade produtiva”.

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DIREITO DE REUNIÃO

✓ Requisitos: seja pacífica; sem armas; não frustre outra reunião anteriormente convocada para o local;
avise a autoridade competente. Dispensa autorização, basta simples aviso.
✓ A ofensa a este direito deverá ser tutelada por meio de Mandado de Segurança e não habeas
corpus.
DIREITO DE ASSOCIAÇÃO

✓ Para fins LÍCITOS, sendo vedada a paramilitar;


✓ É vedada a interferência estatal em seu funcionamento e nem mesmo precisa-se de autorização
para criá-las;
✓ Ninguém pode ser compelido a associar-se ou permanecer associado;
✓ Paralisação compulsória (independente da vontade dos sócios) das atividades:
✓ Para que tenham suas atividades SUSPENSAS: só por decisão judicial ("simples")
✓ Para serem DISSOLVIDAS: só por decisão judicial TRANSITADA EM JULGADO
✓ Podem, desde que EXPRESSAMENTE autorizadas, representar seus associados: Judicialmente ou
Extrajudicialmente.

Alguns trechos que geram pegadinhas de prova:


• É livre a manifestação do pensamento, sendo VEDADO O ANONIMATO;
#DEOLHONAJURIS: Segundo o STF, não é possível a utilização da denúncia anônima como ato formal
de instauração do procedimento investigatório, quando isoladamente consideradas, já que as peças
futuras não poderiam, em regra, ser incorporadas formalmente ao processo. Nada impede, porém, que
o Poder Público seja provocado pela delação anônima e, com isso, adote medidas informais para que se
apure a possível ocorrência da ilicitude pena.
• É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, ALÉM DA INDENIZAÇÃO por dano
material, moral ou à imagem (Logo, um não afasta o outro);
#DEOLHONAJURIS: No entendimento do STF, se alguém fizer uso indevido da imagem de alguém, a
simples exposição desta imagem já gera o direito de indenizar, ainda que isso não tenha gerado nenhuma
ofensa à sua reputação.
• É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
INDEPENDENTEMENTE DE CENSURA OU LICENÇA;
• É assegurado a todos o acesso à informação e RESGUARDADO O SIGILO DA FONTE, quando
necessário ao exercício profissional (este princípio não vai de encontro à vedação do anonimato visto
anteriormente, apenas se resguarda a origem e a forma que tal pessoa, não anônima, conseguiu a
informação)
#DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO
• INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO: A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita,
mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a
posteriori”, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados.

164 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 (repercussão geral) (Info
806).
• QUEBRA DE SIGILO: As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações sobre as
movimentações bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art. 6º da LC
105/2001, que foi considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se caracteriza como
"quebra" de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo” dos bancos ao Fisco.

DIREITOS COLETIVOS
NACIONALIDADE

Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a um determinado Estado,


tornando-o um componente do povo.
#SELIGANATABELA #COLANARETINA:
Agrupamento humano homogêneo cujos membros são possuidores das
NAÇÃO mesmas tradições, costumes e ideias coletivos, partilhando, também, laços
invisíveis, como a consciência coletiva e o sentimento de comunidade.
Conjunto de nacionais que compõem o elemento humano de um determinado
NACIONALIDADE
Estado.
Representa a totalidade de indivíduos que habitam determinado território,
POPULAÇÃO ainda que ali se achem temporariamente, independentemente da
nacionalidade.
Deriva de um conflito negativo de nacionalidade, no qual não há nenhum
APÁTRIDA
Estado interessado em proclamar o indivíduo como seu nacional.
São aqueles que, quando do nascimento, se enquadram nos critérios
POLIPÁTRIDA
concessivos de nacionalidade originária de mais de um Estado.
Indivíduo que possui vínculo jurídico-político com Estado Nacional diverso da
ESTRANGEIRO
República Federativa do Brasil.
É o nacional (nato ou naturalizado) no gozo dos direitos políticos e participante
CIDADÃO
da vida do Estado.

A nacionalidade pode ser primária ou secundária. Nacionalidade primária, também conhecida


como originária é aquela resultante de um fato natural, qual seja, o nascimento, podendo ser estabelecida
por meio de critérios sanguíneos, territoriais ou misto. Nacionalidade secundária é aquela resultante de
um ato voluntário, manifestado após o nascimento.

Será considerado brasileiro nato o indivíduo nascido em território nacional,


NACIONALIDADE
independentemente da nacionalidade de seus antecedentes.
PRIMÁRIA
Foi adotado o critério territorial.

165 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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NACIONALIDADE #OLHONOGANCHO: não será considerado brasileiro nato, embora tenha
SECUNDÁRIA nascido em território nacional, filho de ambos pais estrangeiros e qualquer um
deles, ou ambos, estava no Brasil a serviço do país de origem.
Será considerada brasileira a criança nascida no estrangeiro, filho de pai ou mãe
brasileiros, sendo que qualquer deles ou ambos, estava no exterior a serviço da
República Federativa do Brasil.
Foi adotado o critério sanguíneo + territorial.
Será considerada brasileira, a criança, filha de pai ou mãe brasileiro, que é
registrado em repartição brasileira competente.
Foi adotado o critério sanguíneo + o registro em repartição competente.
Será considerada brasileira a criança, filha de pai ou mãe brasileira, que nascer
o estrangeiro, mas depois vem a residir na República Federativa do Brasil e opta,
após a tingir a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
Foi adotado o critério sanguíneo + o residencial + opção confirmativa.
#OLHONOGANCHO: a opção confirmativa configura-se ato personalíssimo e
somente pode ser praticada após a maioridade, devendo ser feita em juízo, em
processo de jurisdição voluntária, perante a justiça federal.
ATENÇÃO: a Lei de Migração revogou, por completo, o Estatuto do
Estrangeiro.
Naturalização Ordinária depende do preenchimento dos seguintes requisitos:
• Capacidade civil, segundo a lei brasileira;
• Ser registrado como permanente no Brasil;
• Residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro
anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização;
• Ler e escrever a língua portuguesa, considerando as condições do
naturalizado;
• Exercício de profissão ou posse de bens suficientes para a manutenção
própria e à da família;
• Bom procedimento;
• Inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou exterior
por crime doloso, a que seja condenada pena de prisão, abstratamente
considerada, superior a um ano;
• Boa saúde (requisito dispensado ao estrangeiro que reside no Brasil há mais
de dois anos).
#OLHONOGANCHO: para ocorrer a naturalização ordinária, é necessário que
o estrangeiro tenha residência no Brasil pelo prazo mínimo de 4 anos. A Lei
prevê, contudo, que esse prazo mínimo poderá ser reduzido para 1 ano, se o
naturalizando: II - tiver filho brasileiro; III - tiver cônjuge ou companheiro
brasileiro e não estiver dele separado legalmente ou de fato no momento de
concessão da naturalização; IV - tiver prestado ou puder prestar serviço
relevante ao Brasil; ou V - tiver destacada capacidade profissional, científica ou
artística que recomende a redução.
Naturalização Extraordinária - A naturalização extraordinária será concedida a
pessoa de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze) anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade
brasileira.

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Os requisitos para a naturalização extraordinária não sofreram alterações com
a Lei de Migração, e nem poderiam, tendo em vista que decorrem de
mandamento constitucional, conforme o art. 12, inciso II, b, da CF/88.
Vale lembrar a doutrina majoritária entende que a concessão da naturalização
extraordinária é ato vinculado. Nesse mesmo sentido, o STF entende que
quando a CF diz “desde que requeiram”, significa que se a pessoa cumprir os 2
requisitos, basta requerer para ter o direito.
Naturalização Especial - A naturalização especial poderá ser concedida ao
estrangeiro que se encontre em pelo menos uma das situações elencadas no
art. 68. Observem:
a) Seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do
Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado
brasileiro no exterior; ou
b) Seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição
consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos.

QUASE NACIONALIDADE – Se houver reciprocidade em favor de brasileiros residentes em


Portugal, os portugueses que aqui residam terão tratamento jurídico similar ao dispensado ao brasileiro
naturalizado, sem precisarem, para isso, de se submeterem a qualquer procedimento de naturalização.
A perda da nacionalidade somente poderá ocorrer em duas hipóteses previstas na Constituição
Federal: (1) perda-punição, sendo declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada
sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; (2) perda-
mudança, ocorre quando o indivíduo, voluntariamente, adquirir outra nacionalidade. Não haverá a perda
acaso haja o recebimento de nacionalidade primeira por Estado estrangeiro, ou seja, fruto de imposição
do Estado estrangeiro no qual o brasileiro reside, como condição para que ele possa permanecer no
território ou para exercer os direitos civis.

15 Direitos políticos: nacionalidade (conceito e natureza, direitos dos estrangeiros); cidadania (direito a
voto e elegibilidade); plebiscito e referendo (conceitos e distinções); direitos políticos negativos (conceito
e significado; perda, suspensão e reaquisição dos direitos políticos; inelegibilidades); Partidos políticos e
organização partidária; Lei nº 9.096/1995 e suas alterações (Lei Orgânica dos Partidos Políticos).
Quanto aos direitos políticos, vale relembrar que a CF VEDA a cassação de direitos políticos e
prevê apenas duas formas de privação dos direitos políticos (PERDA e SUSPENSÃO):
A perda e a suspensão dos direitos políticos somente se darão nos casos de:
I. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; (PERDA).
Em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
OBS.: Também há previsão, na CF, de perda da nacionalidade do brasileiro nato, o que, por óbvio,
também acarreta a perda dos direitos políticos.
II. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa; (PERDA).
Serão privados dos direitos políticos até que cumpram a obrigação (Ex.: função de jurados, serviço
militar). Obs. Há quem defenda se tratar de uma hipótese de suspensão.

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III. Incapacidade civil absoluta; (SUSPENSÃO).
Lembre-se das mudanças recentes realizadas no CC pela Convenção e Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Agora, somente são absolutamente incapazes aqueles menores de 16 anos.
IV. Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; (SUSPENSÃO).
Efeito automático da sentença, ou seja, NÃO precisa vir expresso no dispositivo.
Não importa a natureza ou montante da pena e abarca também condenações relativas a
CONTRAVENÇÕES.
NÃO são atingidos em caso de transação penal ou sursis processual (fala em “condenação”!).
Cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, INDEPENDENDO de reabilitação ou prova de
reparação de danos (Súmula 9 do TSE).
V. Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. (SUSPENSÃO).
Diferentemente do que ocorre na condenação criminal, deve vir EXPRESSO na
sentença. Necessário o trânsito em julgado.
A perda ou a suspensão de direitos políticos acarreta várias consequências jurídicas, como:
• O cancelamento do alistamento e a exclusão do corpo de eleitores;
• O cancelamento da filiação partidária (LOPP, art. 22, II);
• A perda de mandato eletivo;
• A perda de cargo ou função pública;
• A impossibilidade de se ajuizar ação popular;
• O impedimento para votar ou ser votado;
• O impedimento para exercer a iniciativa popular.
Ademais, vale a pena reler o seguinte julgado sobre direitos políticos:
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Info 802 do STF: As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º,
da CF, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são aplicáveis às eleições suplementares. STF. Plenário.
RE 843455/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/10/2015 (repercussão geral).
Art. 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição

16 Ações Constitucionais: tutela de interesses individuais, difusos e coletivos; ações constitucionais em


espécie (habeas corpus, habeas data, mandado de segurança individual e coletivo; mandado de injunção,
ação civil pública, ação popular, ação direta de constitucionalidade, ação direta de inconstitucionalidade,
arguição de descumprimento de preceito fundamental).

HABEAS CORPUS

MOTIVO ✓ Violência ou coação da liberdade de locomoção.

168 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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✓ Qualquer pessoa (habeas corpus poderá ser impetrado por
QUEM PODE USAR qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo
Ministério Público).
QUEM PODE SOFRER A AÇÃO ✓ Qualquer um que use de ilegalidade ou abuso de poder.
✓ Preventivo (caso haja ameaça de sofrer a coação);
MODOS DE HC
✓ Repressivo (caso esteja sofrendo a coação).
CUSTAS ✓ (LXXVII) são gratuitas as ações de “habeas-corpus”.
#SELIGANASSÚMULAS
✓ STF – Súmula nº 693: Não cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em que a pena pecuniária seja a única cominada. (Isso porque Habeas Corpus é para
discutir a liberdade de alguém. Não serve para discutir multa e penas em dinheiro).
✓ STF – Súmula nº 695: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. (Se
a pena que privava a pessoa da liberdade já foi extinta. Para que se quer um habeas corpus?).
✓ STF - Súmula nº 606: Não cabe impetração de "habeas corpus" para o plenário contra decisão
colegiada de qualquer das Turmas (ou do próprio Pleno) do STF, ainda que resultante do
julgamento de outros processos de "habeas corpus" ou proferida em sede de recursos em geral,
inclusive aqueles de natureza penal.

✓ CF, Art. 142 § 2º: Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Embora
a CF expresse que não cabe HC contra punições disciplinares, o STF tem flexibilizado a situação
quando a punição privativa de liberdade foi imposta de forma ilegal.
✓ É cabível habeas corpus inclusive quando a liberdade de locomoção puder ser afetada
indiretamente, por exemplo, contra a quebra de sigilo bancário, caso dela possa resultar processo
penal que leve à sentença de prisão.
✓ Diferentemente do Mandado de Segurança que só pode ser impetrado quando alguém estiver se
valendo de sua prerrogativa de "direito público", o habeas corpus pode ser impetrado contra
qualquer pessoa que estiver coagindo alguém de sua liberdade de locomoção.

MANDADO DE SEGURANÇA
MOTIVO ✓ Proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD.
✓ Qualquer pessoa (PF, PJ ou até mesmo órgão público – independente ou
QUEM PODE USAR
autônomo) seja na forma preventiva ou repressiva.
✓ Autoridade pública ou agente de PJ no exercício de atribuições do poder
público que use de ilegalidade ou abuso de poder. Segundo a lei 12016/09,
QUEM PODE equiparam-se às autoridades: os representantes ou órgãos de partidos
SOFRER A AÇÃO políticos; os administradores de entidades autárquicas; os dirigentes de
pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder
público, somente no que disser respeito a essas atribuições

169 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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✓ Individual: Impetrado em nome de uma única pessoa;
✓ Coletivo: Impetrado por:
a) Partido político com representação no CN;
MODOS DE MS b) Organização sindical;
c) Entidade de classe; ou
d) Associação, desde que esta esteja legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano.
Segundo a lei 12.016/09, não cabe mandado de segurança contra:
• Os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade
de economia mista e de concessionárias de serviço público.
• Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;
• Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
• Decisão judicial transitada em julgado.
#SELIGANASSÚMULAS
✓ STF – Súmula nº 625: Controvérsia sobre matéria de direito não impede a concessão de mandado
de segurança (veja que a matéria de fato alegada deve ser incontroversa, líquida e certa. Porém,
nada impede que o direito em que este fato esteja se baseando seja controverso, complexo, por
exemplo, uma lei que esteja sendo objeto de impugnação).
✓ STF – Súmula nº 429: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o
uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade (a palavra principal desta súmula é a
"omissão", ou seja, de que adiantaria um recurso suspensivo se a autoridade não está agindo e sim
se omitindo em agir?).
✓ STF – Súmula nº 266: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. (Não se pode usar o MS
para impugnar diretamente uma lei, pois isto é privativo da ação direta de inconstitucionalidade)
✓ STF – Súmula nº 267: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recursos ou
correição.
✓ STF - Súmula nº 268: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado.
✓ STF - Súmula nº 629: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em
favor dos associados independe da autorização destes (veja que diferentemente do que ocorre na
representação processual, em se tratando de MS coletivo - substituição processual -, basta
autorização genérica, o que se dá com o simples ato de filiação, prescindindo-se que a entidade
esteja expressamente autorizada para tal).
✓ STF - Súmula nº 630: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
Prazo: O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 dias (prazo
decadencial) contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Obs.: Este prazo de 120 dias não
se aplica, obviamente, ao MS preventivo, pois se a lesão ainda nem ocorreu, como poderíamos começar
a contagem do prazo?

170 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#SELIGANASSÚMULAS #MAISSÚMULASPRAVOCÊS
✓ STF – Súmula nº 430: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para
o mandado de segurança.
✓ STF – Súmula nº 623: É constitucional a lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de
mandado de segurança (120 dias).
✓ STF – Súmula nº 624: Não compete ao STF conhecer originariamente o mandado se segurança
contra atos de outros tribunais (a competência para apreciar o mandado de segurança contra atos
e omissões de tribunais é do próprio tribunal).

HABEAS DATA
HD será concedido para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
DEFINIÇÃO
governamentais ou de caráter público, e para a retificação de dados, quando não se
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
A competência para o julgamento de HD
COMPETÊNCIA É definida com base na hierarquia funcional do agente público, isto é, tendo por
parâmetro a autoridade ou entidade impetrada.
ATIVA - Poderá ser impetrado por qualquer pessoa, tanto natural quanto jurídica,
seja nacional ou estrangeira, para ter acesso às informações a seu respeito.
O caráter personalíssimo da ação, que culmina na conclusão de que o HD será
LEGITIMIDADE
sempre impetrado para o acesso, retificação ou anotação de informação relativa à
pessoa do próprio impetrante e não de terceiros.
PASSIVA – entidades governamentais ou particulares que tenham caráter público.

AÇÃO POPULAR
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
DEFINIÇÃO sucumbência.
É uma ação que viabiliza ao cidadão o controle da legalidade dos atos
administrativos e impede a lesividade. Consiste, portanto, na possibilidade de
qualquer membro da coletividade, com maior ou menor amplitude, invocar a tutela
jurisdicional no intuito de preservar os interesses coletivos.
Juiz de primeiro grau (Justiça Estadual ou Federal) de acordo com as regras
COMPETÊNCIA
ordinárias de definição de competência.
ATIVA – pertence ao cidadão, indivíduo dotado de capacidade eleitoral ativa e que
LEGITIMIDADE
esteja em dia com suas obrigações eleitorais.

171 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
PASSIVA – será proposta em face das pessoas jurídicas de direito público, cujo
patrimônio se procura proteger, bem como suas entidades autárquicas e qualquer
outras pessoas jurídicas que sejam subvencionadas pelos cofres; dos responsáveis
pelo ato lesivo, vale dizer, autoridades diretamente responsáveis pelo ato que está
sendo impugnado, administradores e demais funcionários; beneficiários diretos do
ato ou contrato lesivo.
A natureza da decisão, quando for declarada a procedência do pedido, é dúplice:
será desconstitutiva ou constitutiva negativa.
Os efeitos da sentença são:
• Invalidação do ato lesivo ao patrimônio público;
DECISÃO • Condenação das autoridades, dos administradores, dos funcionários e dos
beneficiários, que arcarão com o ressarcimento dos danos e das perdas;
• Condenação das autoridades, dos administradores, dos funcionários e dos
beneficiários em custas e ônus de sucumbência;
• Efeito erga omnes.

DIREITO ELEITORAL5
1. Princípios do direito eleitoral: princípio democrático; princípio republicano; princípio federativo;
princípio da igualdade; princípio do voto direto e secreto; democracia partidária; participação popular ou
acesso democrático; princípio da anualidade ou da anterioridade.
Princípio democrático: Preceitua a carta Magna: “todo poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (Art. 1º, Parágrafo Único,
CF). Tal preceito constitucional informa que o Brasil adotou uma Democracia Representativa.
Segundo Canotilho, “os cidadãos dele [Estado] participam, sendo seus artífices e destinatários
principais de suas emanações. Assim, os próprios cidadãos são responsáveis pela formulação e execução
das políticas públicas.”
Princípio republicano: São fundamentos da República: a eletividade; a temporalidade no exercício
do mandato; a alternância de pessoas no comando do Estado; e o dever de prestar contas.
Princípio federativo: A CF diz em seu art. 1°, caput: “A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal...”. Além disso, a forma federativa de
Estado é assegurada como cláusula pétrea pela Constituição (art. 60, §4º)
A Constituição de 1988 inaugurou um federalismo de tipo cooperativo. Em razão disso, não se
criou um sistema de repartição vertical de competência legislativa, no qual uma mesma matéria é
simultaneamente atribuída, em diferentes níveis, a diferentes entes federativos, sendo, pois, a
competência de tais entes concorrentes ou comum-, como também se previu em espaço de competência
material comum entre os entes federativos, além de matérias exclusivas.

5
Por Tiago Pozza.

172 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#ATENÇÃO! O direito eleitoral é matéria de competência legislativa exclusiva da União.
Princípio do voto direto e secreto: A constituição elevou a status de cláusula pétrea o direito ao
voto direto, secreto universal e periódico (art. 60, §4º).
Participação popular ou acesso democrático: Conforme a CF, em seu Art. 14, a soberania popular
será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular.
Princípio da anualidade (art. 16, CF): A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data
de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
Princípio dispositivo: Conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimidade o juiz eleitoral
para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de impor multa pela veiculação de propaganda
eleitoral em desacordo com a Lei n. 9.504/97.
Princípio da publicidade: As ações eleitorais devem ser públicas. Até mesmo a AIME (Ação de
Impugnação de Mandato Eletivo), que tem previsão constitucional, art. 14, § 11, e deve correr em segredo
de justiça, terá seu julgamento aberto ao público.

2 Justiça e Ministério Público Eleitorais: organização; competência; funções normativas, consultivas,


administrativas e jurisdicionais; juízes eleitorais; juntas eleitorais; tribunais regionais eleitorais; Tribunal
Superior Eleitoral; divisão geográfica.
A Justiça Eleitoral apresenta natureza federal, sendo mantida pela União. Seus servidores são
federais. Seu orçamento é aprovado pelo Congresso Nacional. Em matéria criminal, é a Polícia Judiciária
Federal que detém atribuições para instaurar e conduzir inquéritos policiais com vistas à apuração de
crimes eleitorais, o que é feito corriqueiramente.
#SELIGANASÚMULA:
Súmula 374 STJ: Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar a ação para anular débito decorrente de
multa eleitoral.
Súmula 368 STJ: Compete à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de retificação de dados
cadastrais da Justiça Eleitoral.
Ao contrário dos demais órgãos que compõem o Poder Judiciário, a Justiça Eleitoral não apresenta
corpo próprio e independente de juízes. Nela atuam magistrados oriundos de diversos tribunais, a saber:
Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Justiça Comum Estadual, Justiça Comum Federal
e da Ordem dos Advogados do Brasil. Vislumbra-se nisso importante manifestação do princípio
cooperativo no federalismo brasileiro, haja vista que outros órgãos disponibilizam seus integrantes para
assegurar o regular funcionamento da Justiça Eleitoral. Por outro lado, a investidura de seus membros é
sempre temporária, vigendo pelo prazo mínimo de 2 anos, que pode ser renovado no período
subsequente (CF, art. 121, § 2º). São esses importantes fatores que contribuem para a desejada
imparcialidade dessa instituição.
A Justiça Eleitoral desempenha várias funções, notadamente as seguintes: administrativa,
jurisdicional, normativa e consultiva.
➢ TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE)

173 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Composição: no mínimo, de sete membros, assim escolhidos: “I – mediante eleição, pelo voto
secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros
do Superior Tribunal de Justiça; II – por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal”.
O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal são escolhidos entre os Ministros do Supremo Tribunal
Federal.
O Corregedor Eleitoral é escolhido entre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si parentesco,
ainda que por afinidade, até o 4º grau, excluindo-se nesse caso o que tiver sido escolhido por último (CE,
art. 16, § 1º).
Não há assento para membros o MP no TSE, nem no TRE.
Uma característica importante na aplicação do Direito Eleitoral é a expedição das chamadas
resoluções pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essas resoluções são atos que disciplinam determinados
aspectos das leis e têm aplicabilidade obrigatória, ou seja, têm força de lei. As resoluções do TSE
disciplinam, por exemplo, a propaganda eleitoral (estabelecendo o que é permitido e o que é proibido),
as datas do calendário eleitoral e as regras para o alistamento eleitoral.
Os membros do TSE, no exercício de suas funções, gozam de plenas garantias e são inamovíveis.
Todavia – diferentemente dos demais integrantes da magistratura –, não são vitalícios (CF, art. 95, I). Salvo
motivo justificado, servem por apenas dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios
consecutivos.
Suas decisões, assim na interpretação de lei eleitoral em face da Constituição e cassação de
registro de partidos políticos, como sobre quaisquer recursos que importem anulação geral de eleições
ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros. Se ocorrer
impedimento de algum juiz, será convocado o substituto. Não sendo possível a convocação, tem-se
entendido que o julgamento poderá ser efetuado com o quórum incompleto.
A competência do Tribunal Superior encontra-se fixada no artigo 121, § 4º, da Constituição Federal.
À vista disso, já se entendeu não caber àquela Corte apreciar recurso especial contra decisão de natureza
estritamente administrativo-eleitoral dos Tribunais Regionais, já que essa matéria não estaria contemplada
no referido dispositivo constitucional.
Releva salientar serem irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que
contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Assim, têm
caráter final e definitivo os julgamentos do TSE acerca de matéria infraconstitucional.
Os Tribunais e juízes inferiores devem dar imediato cumprimento às decisões, aos mandados,
instruções e outros atos emanados do Tribunal Superior Eleitoral (CE, art. 21). O não cumprimento pode
ensejar a apresentação de reclamação perante aquela Corte Superior a fim de que seja garantida a
autoridade de suas decisões (CF, arts. 102, I, l, e 105, I, f). Sobre isso, dispõe o art. 988, II, do CPC caber
“reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para […] garantir a autoridade das decisões
do tribunal”.
➢ TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE)

174 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Nos termos do artigo 120, § 1º, da Constituição, ele é composto de sete membros assim escolhidos:
I – mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de
Justiça; b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II – de um juiz do
Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz
federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III – por nomeação, pelo
Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.”
No que toca aos juízes oriundos da classe dos advogados, a lista sêxtupla é formada pelo Tribunal
de Justiça e encaminhada ao TSE, o qual a repassa à presidência da República para que seja feita a
escolha
O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral são escolhidos entre os
desembargadores estaduais.
Gozam eles de plenas garantias no exercício de suas funções, são inamovíveis, mas não usufruem
de vitaliciedade. Assim, servem por apenas dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios
consecutivos. Permitida, pois, a recondução.
Não podem fazer parte do mesmo Tribunal Regional pessoas que tenham entre si parentesco,
ainda que por afinidade, até o 4º grau, excluindo-se nesse caso a que tiver sido escolhida por último. (CE,
art. 25, § 6º).
O Tribunal Regional, em regra, delibera por maioria de votos, em sessão pública (CE, art. 28,
caput). Todavia, em certas hipóteses, a deliberação deve ser feita pelo voto da maioria absoluta de seus
membros, tal como ocorre na declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato do Poder Público –
nos termos do art. 97 da Constituição Federal.
Havendo ausência, impedimento ou suspeição e não existindo quórum para votação, o juiz
ausente será substituído por outro da mesma categoria, designado na forma legal (CE, art. 28, § 1o).
Inexiste a figura de membro ad hoc de Tribunal Eleitoral. Assim, não sendo possível convocar substituto
ou inexistindo este (ex.: por falta de designação da autoridade competente), poderá o julgamento,
excepcionalmente, ser levado a efeito com o quórum incompleto. Esse entendimento já foi sufragado na
jurisprudência.
Perante o Tribunal Regional, e com recurso voluntário para o Tribunal Superior, qualquer
interessado poderá arguir a suspeição de seus membros, do Procurador Regional, de funcionários de sua
Secretaria, assim como de juízes, nos casos previstos na lei processual civil e por motivo de parcialidade
partidária, mediante o processo previsto em regimento (CE, art. 28, § 2º).
O § 4º do artigo 121 da Constituição dispõe que, das decisões dos Tribunais Regionais, somente
caberá recurso para o TSE quando: I – forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição
ou de lei; II – ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; III –
versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV –
anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V – denegarem
habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.
➢ JUÍZES ELEITORAIS
Atualmente, tem havido polêmica acerca do sentido e da extensão do termo juiz de direito.
Controverte-se a respeito de quem deve ser designado para o exercício das funções de juiz eleitoral:

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juízes estaduais ou juízes federais. No entanto, ainda não há definição acerca dessa questão, de maneira
que a primeira instância da Justiça Eleitoral segue sendo exercida exclusivamente por magistrados da
Justiça Comum estadual.
Os juízes de direito que exercem funções eleitorais são designados pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Se na comarca houver só um juiz, ele acumulará as funções eleitorais. Havendo mais de um, o Tribunal
deverá designar aquele que exercerá a jurisdição naquela zona eleitoral.
➢ JUNTAS ELEITORAIS
Além de um juiz eleitoral, são compostas de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade,
nomeados pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral, após aprovação pela Corte Regional. Portanto,
poderão as Juntas ser formadas por três ou quatro membros.
Sua existência é provisória, já que constituída apenas nas eleições, sendo extinta após o término
dos trabalhos de apuração de votos, exceto nas eleições municipais, em que permanece até a diplomação
dos eleitos
A competência desse órgão liga-se à apuração das eleições realizadas nas zonas eleitorais sob
sua jurisdição. Nos termos do artigo 40 do Código Eleitoral, compete-lhe ainda: resolver as impugnações
e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração dos votos; expedir
boletins de apuração; expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.
➢ DIVISÃO GEOGRÁFICA DA JUSTIÇA ELEITORAL
No prisma territorial, a Justiça Estadual Comum é dividida em comarcas. Entende-se por comarca
o espaço em que o juiz de direito exerce jurisdição; pode abranger mais de um município. Assim, a
comarca delimita territorialmente o exercício do poder jurisdicional. Nesse aspecto, a Justiça Eleitoral
segue peculiar divisão interna. Distinguem-se a seção, a zona e a circunscrição eleitoral.
A Zona Eleitoral (ZE) encerra a mesma ideia de comarca. Trata-se do espaço territorial sob
jurisdição de juiz eleitoral. A área da zona eleitoral pode coincidir com a da comarca, e geralmente é isso
o que ocorre. No entanto, uma comarca pode abrigar mais de uma zona.
Ademais, a área da zona não coincide necessariamente com a do município. Logo, uma zona
pode abranger mais de um município, assim como um município pode conter mais de uma zona eleitoral.
A seção eleitoral é uma subdivisão da zona. Trata-se do local onde os eleitores são inscritos e
comparecem para votar no dia das eleições. É a menor unidade na divisão judiciária eleitoral.
A circunscrição é também uma divisão territorial, mas tem em vista a realização do pleito. Nas
eleições municipais, cada município constitui uma circunscrição. Nas eleições gerais (Governador,
Senador e Deputado), a circunscrição é o Estado da Federação e o Distrito Federal. Já para as eleições
presidenciais, a circunscrição é o território nacional.

3 Partidos políticos: tratamento normativo; liberdade de organização; autonomia; fidelidade partidária;


prestação de contas; fundo partidário; perda de cargo eletivo; Lei nº 9.096/1995 e suas alterações.

➢ CONSTITUIÇÃO FEDERAL

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Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária.
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma
da lei, os partidos políticos que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento)
dos votos válidos em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação.
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo
essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
tempo de rádio e de televisão.

➢ LEI N°. 9.096/1995

Alteração 1: Vedações ao recebimento de auxílio financeiro. O art. 31 da Lei nº 9.096/95 prevê que
os partidos políticos não podem receber ajuda financeira de determinadas pessoas (físicas ou jurídicas).

Redação anterior Redação ATUAL


Art. 31. É vedado ao partido receber, direta ou Art. 31. É vedado ao partido receber, direta ou
indiretamente, sob qualquer forma ou pretexto, indiretamente, sob qualquer forma ou pretexto,
contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em
dinheiro, inclusive através de publicidade de dinheiro, inclusive através de publicidade de
qualquer espécie, procedente de: qualquer espécie, procedente de:
(...) (...)

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II - autoridade ou órgãos públicos, ressalvadas as II - entes públicos e pessoas jurídicas de qualquer
dotações referidas no art. 38; natureza, ressalvadas as dotações referidas no art.
III - autarquias, empresas públicas ou 38 desta Lei e as proveniente do Fundo Especial
concessionárias de serviços públicos, sociedades de Financiamento de Campanha;
de economia mista e fundações instituídas em Esse inciso III foi revogado.
virtude de lei e para cujos recursos concorram V - pessoas físicas que exerçam função ou cargo
órgãos ou entidades governamentais; público de livre nomeação e exoneração, ou cargo
Não havia inciso V. ou emprego público temporário, ressalvados os
filiados a partido político.

Alteração 2: Fundações criadas por partidos políticos. A Lei nº 13.487/2017 inseriu alguns
parágrafos no art. 53 prevendo novas regras para as fundações criadas por partidos políticos.
Art. 53. A fundação ou instituto de direito privado, criado por partido político, destinado ao estudo e
pesquisa, à doutrinação e à educação política, rege-se pelas normas da lei civil e tem autonomia para
contratar com instituições públicas e privadas, prestar serviços e manter estabelecimentos de acordo com
suas finalidades, podendo, ainda, manter intercâmbio com instituições não nacionais.
§ 1º O instituto poderá ser criado sob qualquer das formas admitidas pela lei civil.
§ 2o O patrimônio da fundação ou do instituto de direito privado a que se referem o inciso IV do art. 44
desta Lei e o caput deste artigo será vertido ao ente que vier a sucedê-lo nos casos de:
I - extinção da fundação ou do instituto, quando extinto, fundido ou incorporado o partido político, assim
como nas demais hipóteses previstas na legislação;
II - conversão ou transformação da fundação em instituto, assim como deste em fundação.
§ 3o Para fins do disposto no § 2o deste artigo, a versão do patrimônio implica a sucessão de todos os
direitos, os deveres e as obrigações da fundação ou do instituto extinto, transformado ou convertido.
§ 4o A conversão, a transformação ou, quando for o caso, a extinção da fundação ou do instituto ocorrerá
por decisão do órgão de direção nacional do partido político.

Alteração 3: Fim da propaganda partidária gratuita no rádio e TV.


#COLANARETINA#AJUDAMARCINHO
PROPAGANDA EM DIREITO ELEITORAL
Propaganda, em direito eleitoral, é um gênero, que se divide nas seguintes espécies (classificação
proposta pelo Min. Luiz Fux):
Propaganda INTRAPARTIDÁRIA Tem por objetivo promover o pretenso candidato perante os demais
ou PRÉ-ELEITORAL: filiados ao partido político;
Propaganda ELEITORAL Tem por objetivo conseguir a captação de votos perante o
STRICTO SENSU: eleitorado;
Possui conteúdo educativo, informativo ou de orientação social,
Propaganda INSTITUCIONAL: sendo promovida pelos órgãos públicos, nos termos do art. 37, § 1º,
da CF;

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É aquela organizada pelos partidos políticos, com o intuito de difundir
suas ideias e propostas, o que serviria para cooptar filiados para as
Propaganda PARTIDÁRIA: agremiações, bem como para enraizar suas plataformas e opiniões na
consciência da comunidade. Era disciplinada no art. 45 da Lei nº
9.096/95.

A Lei nº 9.096/95 dispõe sobre os partidos políticos e, em seu art. 45, tratava sobre a “propaganda
partidária”, quarta espécie de propaganda, conforme visto acima. A Lei nº 13.487/2017 acabou com a
propaganda partidária no rádio e na televisão revogando os dispositivos da Lei nº 9.504/97 que tratavam
sobre o tema.
#ATENÇÃO
Art. 5º Ficam revogados, a partir do dia 1º de janeiro subsequente à publicação desta Lei, os arts. 45, 46,
47, 48 e 49 e o parágrafo único do art. 52 da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.
#OLHAOGANCHO – Apoiamento mínimo:
Art. 7º O partido político, após adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil, registra seu estatuto no
Tribunal Superior Eleitoral.
§ 1o Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional, considerando-se
como tal aquele que comprove, no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não filiados a partido
político, correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na última eleição
geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um
terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento) do eleitorado que haja votado
em cada um deles.
Perda do Mandato Eletivo:
Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo
qual foi eleito.
Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses:
I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o prazo de filiação exigido
em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente.
Fusão, Incorporação e extinção dos partidos políticos:
Art. 29. Por decisão de seus órgãos nacionais de deliberação, dois ou mais partidos poderão fundir-se num
só ou incorporar-se um ao outro.
§ 6º No caso de incorporação, o instrumento respectivo deve ser levado ao Ofício Civil competente, que
deve, então, cancelar o registro do partido incorporado a outro.
§ 7º Havendo fusão ou incorporação, devem ser somados exclusivamente os votos dos partidos fundidos
ou incorporados obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, para efeito da distribuição
dos recursos do Fundo Partidário e do acesso gratuito ao rádio e à televisão.

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§ 8º O novo estatuto ou instrumento de incorporação deve ser levado a registro e averbado,
respectivamente, no Ofício Civil e no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 9º Somente será admitida a fusão ou incorporação de partidos políticos que hajam obtido o registro
definitivo do Tribunal Superior Eleitoral há, pelo menos, 5 (cinco) anos.

4 Sistemas eleitorais: considerações gerais; tipologia; sistema majoritário; sistema proporcional; sistema
misto. 5 Eleições: Lei nº 9.504/1997 e suas alterações; alistamento; filiação partidária; domicílio eleitoral;
convenções partidárias; registro de candidatos; arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas
eleitorais; prestação de contas; propaganda eleitoral; captação ilícita de sufrágio (art. 41‐A da Lei das
Eleições); direito de resposta; votação; apuração; proclamação dos resultados; diplomação; condutas
vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais.

➢ SISTEMAS ELEITORAIS
Podemos identificar duas grandes famílias de sistemas eleitorais: os sistemas majoritários e
os proporcionais.
O sistema majoritário busca garantir a eleição de candidatos que conseguem arrecadar mais
votos. Aplicável às eleições de Presidente, Governador, Prefeitos e Senadores.
Para os cargos de Presidente, Governador e Prefeitos nos municípios com mais de 200 mil eleitores
a Constituição prevê a realização de um segundo turno de votação, caso um candidato não alcance mais
de 50% dos votos válidos.
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente.
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-
se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em
primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com
mais de duzentos mil eleitores;
O sistema proporcional busca garantir que os cargos sejam distribuídos de forma proporcional
em relação à quantidade de votos recebidos pelos pelo partido ou coligação.

Art. 17 (...)
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,

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vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária.

ATENÇÃO!! A vedação à celebração de coligações nas eleições proporcionais, prevista no § 1º do art. 17


da Constituição Federal, aplicar-se-á a partir das eleições de 2020.
➢ ELEIÇÕES
Importante ficar atento às alterações trazidas pela minirreforma eleitoral, fazendo uma leitura
minuciosa do texto da lei, destacando as principais diferenças entre os artigos anteriores e os artigos
atualmente em vigência.
➢ ALISTAMENTO ELEITORAL
A decisão que defere ou indefere requerimento de alistamento eleitoral sujeita-se a recurso
perante o Tribunal Regional Eleitoral. Nesse sentido, estabelece o artigo 7º, § 1º, da Lei no 6.996/82 (que
derrogou o artigo 45, § 7º, do Código): Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá
recurso interposto pelo alistando no prazo de 5 (cinco) dias e, do que o deferir, poderá recorrer qualquer
delegado de Partido Político no prazo de 10 (dez) dias.
Essa regra é regulamentada pelo § 1o do artigo 17 da Resolução TSE no 21.538/2003, que assim
dispõe: “Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo alistando
no prazo de cinco dias e, do que o deferir, poderá recorrer qualquer delegado de partido político no
prazo de dez dias, contados da colocação da respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá
ocorrer nos dias 1o e 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas
ao alistando antes dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem (Lei no 6.996/82, art. 7o)”.

Artigo 91 da LE: “Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro
dos 150 (cento e cinquenta) dias anteriores à data da eleição.”
Art. 14, CF § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de 18 anos; II -
facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de 70 anos; c) os maiores de 16 e menores de 18 anos.
ATENÇÃO: Dispõe o art. 6º do Código Eleitoral que o alistamento também não é obrigatório
em relação aos inválidos e aos que se encontrem fora do País; e que o voto não é, outrossim,
obrigatório em relação aos enfermos, aos que se encontrem fora do seu domicílio e aos
funcionários civis e militares que estejam em serviço que os impossibilite de votar.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.
ATENÇÃO: o Código Eleitoral dispõe que não podem se alistar como eleitores os que não saibam
exprimir-se na língua nacional e os que estejam privados, temporária ou definitivamente, dos direitos
políticos (art. 5º do CE).
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

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§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem RENUNCIAR (não apenas se afastar ou se licenciar) aos respectivos
mandatos até 6 MESES antes do pleito.
OBS: O dever de renúncia (dever de desincompatibilização), não atinge o Vice, recaindo apenas
sobre o Chefe do Poder Executivo.
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição (inelegibilidade reflexa).
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de 15 DIAS contados da
Diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma
da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Art. 81, CF: vagando os cargos de Presidente e Vice nesse período, cabe ao Congresso Nacional escolher o
Presidente da República (art. 81 da CF), sendo válido acrescentar que o STF entende que esse modelo não
é obrigatório para os Estados e Municípios, que possuem autonomia para copiar ou criar de maneira
diferente.
➢ REGISTRO DE CANDIDATURA
Art. 27 […] § 12. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento
da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas,
supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade (Lei no 9.504/1997, art. 11, § 10). § 13. As ressalvas
previstas no § 12 também se aplicam às hipóteses em que seja afastada a ausência de condições de
elegibilidade.
Assim, a ausência de condição de elegibilidade existente quando do pedido de registro de
candidatura deve ser desconsiderada se, após aquele momento, não subsistir, devendo, ao final, haver o
deferimento do pedido de registro de candidatura.
#SELIGANASÚMULA:
Súmula no 3 do TSE: “No processo de registro de candidatos, não tendo o juiz aberto prazo para o
suprimento de defeito da instrução do pedido, pode o documento, cuja falta houver motivado o
indeferimento, ser juntado com o recurso ordinário.” Tornou-se pacífico esse entendimento: “1. A
jurisprudência deste Tribunal admite a apresentação de documento faltante até a oposição de embargos
de declaração na instância ordinária, desde que não tenha sido aberto o prazo de 72 horas previsto no
art. 32 da Res. – TSE no 23.373/2011. […].” (TSE – AgR-REspe no 27609/RJ – PSS 27-9-2012).

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Súmula 11-TSE: No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou não tem
legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional.
O militar, para candidatar-se, não precisa estar filiado a partido político. Exige-se, no entanto, que
seja escolhido em convenção partidária.
O Plenário do STF reconheceu que o Ministério Público Eleitoral possui legitimidade para recorrer de
decisão que deferiu registro de candidatura, mesmo que não tenha apresentado impugnação ao pedido
inicial desse registro.
O STF, com essa decisão, modifica a posição até então dominante no TSE.
Vale ressaltar, no entanto, que esse novo entendimento manifestado pelo STF foi modulado e só valerá
a partir das eleições de 2014.
Assim, nos recursos que tratam sobre o tema, referentes ao pleito de 2012, deverá continuar sendo
aplicado o entendimento do TSE que estendia ao MP a regra da Súmula 11-TSE.
STF. Plenário. ARE 728188/RJ. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/12/2013 (Info 733).
O Ministério Público Eleitoral, qualquer candidato, partido político ou coligação podem impugnar
(contestar) os registros. O prazo para essa impugnação é de cinco dias após a publicação do edital com
o nome dos candidatos ofertados por partidos e coligações feita na Justiça Eleitoral.
Embora o Código Eleitoral tenha previsto que qualquer eleitor poderia impugnar candidaturas, a
LC nº 64/90 não previu essa possibilidade, derrogando aquela norma. O que o cidadão deve fazer, então,
é dar conhecimento ao Ministério Público quando souber de alguma causa impeditiva a uma candidatura.
Por exemplo: agente político que se afasta nominalmente do cargo, mas continua exercendo de fato as
funções. Qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos poderá, no prazo de cinco dias contados
da publicação do edital relativo ao pedido de registro, dar notícia de inelegibilidade ao Juízo Eleitoral
competente, mediante petição fundamentada, apresentada em duas vias (art. 2º da LC nº 64/90 e art. 41
da Resolução nº 23.405/2014).
Por ser matéria de ordem pública, no processo de registro é dado ao órgão judicial afirmar de
ofício a ausência de condição de elegibilidade. Também a pessoa legitimada pode impugnar o pedido
de registro, valendo-se, para tanto, da ação de impugnação de registro de candidatura – AIRC.
A ausência de condição de elegibilidade pode acarretar negação do registro de candidatura ou
sua cassação na superior instância da Justiça Eleitoral, se já tiver sido deferido (LC nº 64/90, art. 15).
Devido à sua natureza constitucional, a matéria em apreço não se submete à preclusão temporal.
De tal maneira, caso a falta de condição de elegibilidade não seja arguida na ocasião do registro
e o candidato venha a ser eleito, poderá ter seu diploma impugnado via recurso contra expedição de
diploma (RCED), conforme prevê o artigo 262 do CE, com a redação dada pela Lei nº 12.891/ 2013.
É facultado ao partido político ou à coligação substituir candidato que tiver seu registro indeferido,
inclusive por inelegibilidade, cancelado ou cassado, ou, ainda, que renunciar ou falecer após o termo final
do prazo do registro (Lei n° 9.504/97, art. 13, caput; LC n° 64/90, art. 17; Código Eleitoral, art. 101, § 10).
O pedido de registro do substituto deve ser feito até 10 dias contados do fato ou da notificação do
partido da decisão judicial que deu origem à substituição (Lei n° 9.504/97, art. 13, § 1°). A substituição
poderá ser requerida até 20 dias antes do pleito, exceto no caso de falecimento, quando poderá ser
solicitada mesmo após esse prazo (art.61, § 2º, da Resolução nº 23.405/14)

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Perda superveniente de condição de elegibilidade: em razão do relevante interesse público que
se encontra em jogo, impõe-se que a Justiça Eleitoral possa cancelar o registro de candidatura ou, pelo
menos, que se admita a legitimidade ativa do Parquet eleitoral para pleitear tal cancelamento sempre
que houver perda superveniente de condição de elegibilidade. De todo modo, no caso de cancelamento,
é preciso lembrar que, por força do artigo 5o, LIV, da Lei Maior, o ato respectivo deve ser precedido de
processo próprio, no qual seja o interessado cientificado para, querendo, se defender. Sendo ferido
direito líquido e certo, pode-se cogitar a impetração de mandado de segurança.
No que concerne à negação de diploma, vale registrar que a impugnação à diplomação é feita
pelo recurso contra expedição de diploma (RCED), previsto no art. 262 do CE. A Lei no 12.891/2013
conferiu nova redação a esse dispositivo, prevendo expressamente, o cabimento de RCED no caso de
“falta de condição de elegibilidade”. Devido à sua natureza constitucional, essa matéria não se submete
à preclusão temporal. Logo, poderá ser arguida tanto a falta de condição de elegibilidade já existente na
fase de registro de candidatura, quanto a surgida posteriormente.

6 Condições de elegibilidade e inelegibilidades: condições de elegibilidade; nacionalidade; direitos


políticos; alistamento eleitoral; domicílio eleitoral; limites etários; inelegibilidades; espécies;
inelegibilidades constitucionais; inalistabilidade; analfabetismo; reelegibilidade; parentesco;
inelegibilidades infraconstitucionais; Lei Complementar nº 64/1990 e suas alterações; perda do mandato;
abuso do poder político; abuso do poder econômico; condenação criminal; indignidade para o oficialato;
rejeição de contas; dirigentes de instituições em processo de liquidação; condenações em matéria
eleitoral; renúncia; improbidade administrativa; exclusão do exercício de profissão regulamentada.
Simulação de desfazimento de vínculo conjugal; demissão do serviço público; condenações por doações
ilícitas; aposentadoria compulsória magistrados e membros do Ministério Público; incompatibilidades;
suspensão da inelegibilidade.
➢ DA PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS
Art. 15. CF É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I -
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III -
condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade
administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Prevalece na doutrina que são casos de suspensão: cancelamento da naturalização, condenação
criminal transitada em julgado, improbidade administrativa. O cancelamento da naturalização é hipótese
de perda. Em relação à recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, há
discussão, embora prevalece se tratar de um caso de suspensão dos direitos políticos.
Também será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro nato que adquirir outra
nacionalidade, salvo nos casos: (a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
(b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
A perda da nacionalidade brasileira acarreta ipso facto a perda dos direitos políticos.

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- Incapacidade civil absoluta: O juiz cível que decretar a interdição deverá comunicar esse fato ao
juiz eleitoral ou ao TRE, de maneira que seja cancelado o alistamento do interditado, com a consequente
exclusão do rol de eleitores (CE, art. 71, II e § 2o).
- Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
Reza o artigo 15, inciso III, da Constituição Federal que a condenação criminal transitada em
julgado determina a suspensão de direitos políticos enquanto perdurarem seus efeitos. Trata-se de norma
autoaplicável, conforme pacífico entendimento jurisprudencial.
Efeito secundário da sentença criminal condenatória. Não é necessário que venha gravada na
parte dispositiva do decisum.
#AJUDAMARCINHO #ATENÇÃO
No que concerne a vereadores e detentores de mandato executivo (prefeito, governador, presidente da
República e seus respectivos vices) o trânsito em julgado da condenação criminal implica privação de
direitos políticos e perda de mandato.
Não importa a natureza da pena aplicada, pois, em qualquer caso, ficarão suspensos os direitos
políticos.
- Sentença absolutória imprópria: também nessa hipótese haverá suspensão de direitos políticos.
- Transação penal e suspensão condicional do processo: não há a suspensão de direitos políticos.
De outro modo, ocorrendo suspensão da pena (sursis da pena), os direitos políticos serão suspensos,
pois haverá condenação criminal, que produzirá efeitos, não havendo tão somente a execução da pena.
Súmula no 9 do TSE: “A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em
julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou prova de
reparação de danos”. Logo, a propositura de revisão criminal (CPP, art. 621) por si só não faz cessar os
efeitos da condenação, de maneira a restaurar os direitos políticos.
O legislador foi mais severo em relação a alguns delitos, pois, conforme dispõe o artigo 1°, I, e, da
LC nº 64/90, são inelegíveis para qualquer cargo “os que forem condenados, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8
(oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: 1. contra a economia popular, a fé pública, a
administração pública e o patrimônio público; 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3. contra o meio ambiente e a saúde
pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade,
nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função
pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico de entorpecentes e drogas
afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição análoga à de escravo; 9. contra
a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando”. Assim, no
tocante a essas infrações, o agente também ficará inelegível pelo prazo de 8 anos, após o cumprimento
ou a extinção da pena.
- Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII:
Entre as obrigações legais a todos impostas destacam-se o exercício da função de jurado e a
prestação de serviço militar.

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A suspensão dos direitos políticos só cessará com o cumprimento, a qualquer tempo, das
obrigações devidas (Lei no 8.239/91, art. 4o, § 2o). Todavia, se aquele que se recusa a prestar serviço
militar ou alternativo ainda não estiver alistado como eleitor, não será esse um caso de suspensão nem
de perda de direitos políticos, mas, sim, de impedimento. Conforme acentuado, o impedimento consiste
em obstáculo à aquisição de direitos. Estará, pois, impedido de se tornar cidadão, até que realize a
obrigação alternativa.
- Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º:
Como consequência da ação ímproba, o artigo 12 da Lei 8.429/92 estipula várias sanções, entre
as quais se destaca a suspensão de direitos políticos por até dez anos. Transitando em julgado sentença
judicial que condene alguém pela prática de ato dessa natureza, cópia dela deve ser encaminhada ao
juiz eleitoral para os registros devidos. Ultrapassado aquele lapso, volta-se a usufruir dos direitos políticos.
A condenação por improbidade apresenta natureza civil-administrativa. Diferentemente do que
ocorre com a condenação criminal, a suspensão dos direitos políticos deve vir expressa na sentença que
julgar procedente o pedido inicial. Reza o artigo 20 da Lei no 8.429/92 que a perda de função pública e
a suspensão de direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parte da doutrina tem considerado os incisos I (cancelamento de naturalização) e IV (escusa de
consciência) do citado artigo 15 da Constituição como hipóteses de perda de direitos políticos. As demais
são de suspensão. A perda ou a suspensão de direitos políticos podem acarretar várias consequências
jurídicas, como o cancelamento do alistamento e a exclusão do corpo de eleitores (CE, art. 71, II), o
cancelamento da filiação partidária (LOPP, art. 22, II), a perda de mandato eletivo (CF, art. 55, IV, § 3º), a
perda de cargo ou função pública (CF, art. 37, I, c.c. Lei no 8.112/90, art. 5º, II e III), a impossibilidade de
se ajuizar ação popular (CF, art. 5º, LXXIII), o impedimento para votar ou ser votado (CF, art. 14, § 3º, II) e
para exercer a iniciativa popular (CF, art. 61, § 2º).
➢ CANCELAMENTO DA NATURALIZAÇÃO POR SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO
O artigo 12, § 4º, I, da Constituição determina a perda da nacionalidade do brasileiro naturalizado
que tiver cancelada sua naturalização em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
Somente por decisão judicial se pode cancelar naturalização.
É da Justiça Federal a competência para as causas referentes à nacionalidade e à naturalização
(CF, art. 109, X).
O Ministério Público Federal tem legitimidade para “promover ação visando ao cancelamento de
naturalização, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional” (LC nº 75/90, art. 6º, IX).
➢ INELEGIBILIDADE
As inelegibilidades estão previstas na Constituição e na LC nº 64/90, alterada pela LC nº 135/2010
(Lei da Ficha Limpa), que cria novas hipóteses de inelegibilidade, para proteger a probidade administrativa
e a moralidade no exercício do mandato.
As inelegibilidades podem acarretar a negação ou cassação do registro de candidatura, a negação
ou cancelamento do diploma ou a perda do mandato eletivo.
As inelegibilidades constitucionais não precluem, ou seja, se elas não forem arguidas por ocasião
do pedido de registro, ainda poderão ser questionadas em outra oportunidade, após as eleições, por
meio do Recurso contra Diplomação. Já as inelegibilidades legais, se não forem discutidas no registro de

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candidatura, não poderão mais ser questionadas (a não ser que sejam supervenientes ao pedido de
registro). Com a nova regulamentação do recurso contra expedição de diploma, a falta de condição de
elegibilidade também poderá por ele ser combatida (art. 262 do CE com a redação dada pela Lei nº
12.891/2013)
Pela Constituição, são inelegíveis os candidatos: • analfabetos; • inalistáveis (estrangeiros e
conscritos); • que não se desincompatibilizaram no prazo legal; • no território de jurisdição do titular, o
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, dos titulares do Poder
Executivo ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.
Pela LC nº 64/90, com as modificações feitas pela LC nº 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), são
inelegíveis:
#ATENÇÃO
Art.1º I - para qualquer cargo:
a) os inalistáveis e os analfabetos;
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das
Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos
I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se
realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos
subsequentes ao término da legislatura;
c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que
perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do
Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período
remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do
poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como
para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado,
desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes:
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público;
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula
a falência;
3. contra o meio ambiente e a saúde pública;
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; #COLANARETINA
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para
o exercício de função pública;
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos;
8. de redução à condição análoga à de escravo;

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9. contra a vida e a dignidade sexual; e
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos;
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por
irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível
do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições
que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto
no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de
mandatários que houverem agido nessa condição;
h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si
ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada
em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido
diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo
objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à
respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou representação, enquanto não forem
exonerados de qualquer responsabilidade;
j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça
Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de
recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que
impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do
Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que
renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a
abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da
Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem
durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes
ao término da legislatura;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao
patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso
do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena;
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional
competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver
sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;
n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado,
em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar
caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude;

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CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo
prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder
Judiciário;
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais
por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8
(oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22;
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por
decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou
aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito)
anos;

7 Captação ilícita de sufrágio e condutas vedadas a agentes públicos: conceito; tipologia; caracterização;
aspectos processuais; consequências.
Quem está sujeito às restrições impostas pelas Condutas Vedadas?
• os agentes políticos (Presidente da República, Governadores, Prefeitos e respectivos Vices, Ministros de
Estado, Secretários, Senadores, Deputados federais e estaduais, Vereadores etc.);
• os servidores titulares de cargos públicos, efetivos ou em comissão, em órgão ou entidade pública
(autarquias e fundações);
• os empregados, sujeitos ao regime estatutário ou celetista, permanentes ou temporários, contratados
por prazo determinado ou indeterminado, de órgão ou entidade pública (autarquias e fundações),
empresa pública ou sociedade de economia mista;
• as pessoas requisitadas para prestação de atividade pública (p. ex.: membro de Mesa receptora ou
apuradora de votos, recrutados para o serviço militar obrigatório etc.);
• os gestores de negócios públicos;
• os estagiários;
• os que se vinculam contratualmente com o Poder Público (prestadores terceirizados de serviço,
concessionários ou permissionários de serviços públicos e delegados de função ou ofício público).
Cuidados com Publicidade Institucional
É vedado, nos três meses que antecedem o pleito, “com exceção da propaganda de produtos e serviços
que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades
da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela
Justiça Eleitoral” (cf. art. 73, inciso VI, alínea “b”, da Lei nº 9.504, de 1997).
Atenção! Esta vedação específica se aplica apenas aos agentes públicos das esferas administrativas cujos
cargos estejam em disputa na eleição (cf. §3º do art. 73 da Lei nº 9.504, de 1997). Contudo, os agentes
públicos municipais, neste ano de eleições estaduais e federais, devem ter cautela na prática da referida
conduta, para não infringir o §1º do art. 37 da Constituição, que veda a promoção de autoridades ou
servidores públicos em publicidade oficial, ou para não fazer propaganda a favor de candidato ou partido
político, sob pena de configurar abuso de poder. (cf. § 3º do art. 73 da Lei nº 9.504, de 1997).

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CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Limite de Gastos com Publicidade Institucional
É vedado realizar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade dos órgãos
públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que
excedam a média dos gastos no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito. (cf. art.
73, inciso VII, da Lei n.º 9.504, de 1997, com a redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
“[...] Conduta vedada aos agentes públicos. Publicidade institucional no período vedado. Art. 73, VI, b, da
Lei 9.504/97. Ressalva. § 3º do art. 73. Desprovimento. 1. Consoante o art. 73, § 3º, da Lei 9.504/97, a
vedação de propaganda institucional nos três meses que antecedem a eleição aplica-se somente aos
agentes públicos das esferas administrativas cujos cargos estejam em disputa no pleito. 2. No caso dos
autos, a publicidade institucional impugnada não foi veiculada pelo Governo do Paraná cargo ao qual se
candidataram agravados Gleisi Hoffmann e Haroldo Ferreira e sim pelo Governo Federal, motivo pelo
qual incide a ressalva do § 3º do art. 73 [...]”.
Participação de Candidatos em Inaugurações de Obras Públicas
É vedado o comparecimento de candidato em inaugurações de obras públicas nos três meses anteriores
à eleição (cf.art. 77 da Lei nº 9.504, de 1997).
#ATENÇÃO, com a Lei nº 12.034, de 29 de setembro de 2009, a vedação passou a alcançar o simples
comparecimento a inaugurações de obras públicas, não mais demandando a participação no evento,
além disso, passou a ser aplicável aos candidatos a qualquer cargo, não só aos cargos para o Poder
Executivo.
Pronunciamento em cadeia de rádio e televisão
É vedado, nos três meses que antecedem o pleito, “fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão,
fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente,
relevante e característica das funções de governo” nos três meses que antecedem o pleito. (cf. art. 73,
inciso VI, alínea “c”, da Lei nº 9.504, de 1997).
#ATENÇÃO! Esta vedação específica se aplica apenas aos agentes públicos das esferas administrativas
cujos cargos estejam em disputa na eleição.
Propaganda eleitoral em sítios oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da Administração
Pública Direta ou Indireta
A qualquer tempo, e sobretudo em ano eleitoral, é vedada veiculação, ainda que gratuitamente, de
propaganda eleitoral na internet, em sítios oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da
administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (cf.
art. 57-C, § 1º, inciso II, da Lei nº 9.504, de 1997).
O fato de constar da página oficial do ente somente o link do sítio pessoal do candidato, e não a
propaganda em si, não afasta o caráter ilícito de sua conduta, uma vez que a página oficial foi utilizada
como meio facilitador de divulgação de propaganda eleitoral em favor do representado.
Vedação de utilização de nomes e siglas de órgãos públicos da união, suas autarquias e fundações
públicas

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Os candidatos não poderão fazer uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens
associadas ou semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou sociedade de
economia mista, pois isto constitui crime (cf. artigo 40 da Lei n° 9.504, de 1997).
Cessão e utilização de bens públicos
É proibido “ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou
imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios...”, (cf. art. 73, inciso I, da Lei nº 9.504, de 1997). Período: em todos os anos,
sobretudo no ano eleitoral.
A proibição se aplica em todos os anos, sobretudo no ano eleitoral.
Vale ressaltar que a vedação de cessão e utilização de bens públicos é excepcionada quando se tratar da
realização de convenção partidária (cf. art. 73, parte final do inciso I, da Lei nº 9.504, de 1997).
Além disso, a vedação de cessão e utilização de bens públicos não se aplica ao uso, em campanha, pelos
candidatos à reeleição de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador do
Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, de suas residências oficiais, com os serviços inerentes
à sua utilização normal, para realização de contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria
campanha, desde que não tenham caráter de ato público (cf. § 2°, art. 73 da Lei nº 9.504, de 1997).
Uso abusivo de materiais e serviços públicos
Também é vedado “usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que
excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram” (cf. art. 73,
inciso II, da Lei nº 9.504, de 1997).
A proibição se aplica a todos os anos, sobretudo no ano eleitoral.
Não poderá o gestor, por exemplo, fazer uso de gráfica oficial, remessa de correspondência com
conotação de propaganda eleitoral, utilizar combustível para custear locomoção com eventos de
campanha.
Uso de bens e serviços de caráter social
É vedado ao agente público “fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou
coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo
Poder Público” (cf. art. 73, inciso IV, da Lei nº 9.504, de 1997). Não se exige a interrupção de programas
nem se inibe a sua instituição. O que se interdita é a utilização em favor de candidato, partido político ou
coligação.
A vedação se aplica em todos os anos, sobretudo no ano eleitoral.
Cessão de servidores ou empregados ou uso de seus serviços
A legislação eleitoral veda a cessão de “servidor público ou empregado da administração direta ou
indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de
campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal,
salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado” (cf. art. 73, inciso III, da Lei nº 9.504, de 1997). A
vedação se aplica em todos os anos, sobretudo no ano eleitoral.

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Nomeação, contratação, admissão, demissão sem justa causa, supressão ou readaptação de
vantagens, remoção ou transferência de ofício e exoneração de servidor público.
É vedado, nos três meses que antecedem o pleito, “nomear, contratar ou de qualquer forma admitir,
demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o
exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição
do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno
direito ...” (cf. art. 73, inciso V, da Lei n° 9.504, de 1997).
Essa vedação somente se aplica à esfera de governo para a qual esteja ocorrendo as eleições. Portanto,
no caso das eleições para cargos estaduais e federais, poderá o gestor municipal realizar tais condutas
sem que se configure conduta vedada. Entretanto, se ficar comprovado o desvio de finalidade, com
intenção de prejudicar ou beneficiar determinado candidato, poderá tal conduta infringir o princípio da
impessoalidade insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal e caracterizar ato de improbidade
administrativa.
São exceções: #IMPORTANTE
(a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de
confiança;
(b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou Conselhos de
Contas e dos órgãos da Presidência da República;
(c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até três meses antes do pleito;
(d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços
públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;
(e) a transferência ou remoção de ofício de militares, policiais civis e de agentes penitenciários.
Revisão geral da remuneração dos servidores públicos
É vedado “fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que
exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição”.
A vedação tem início a partir de cento e oitenta dias antes da eleição até a posse dos eleitos (cf. art. 73,
inciso VIII, c.c. o art. 7°, ambos da Lei nº 9.504, de 1997)
Atente-se que o art. 73, § 3º, da Lei 9.504/97 dispõe que a restrição contida na alínea “c” do inciso VI
alcança somente os agentes públicos das esferas administrativas cujos cargos estejam em disputa na
eleição. Ressalva-se, porém, conforme cada caso, a possibilidade de enquadramento da conduta em
outros dispositivos da legislação eleitoral. (TSE, REsp nº 1527171, Acórdão de 11/09/2014, Relator (a) Min.
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJE 02/10/2014)
Transferência voluntária de recursos públicos
Nos três meses anteriores à eleição, é vedado ao gestor “realizar transferência voluntária de recursos da
União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito,
ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou
serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência
e de calamidade pública” (cf. art. 73, inciso VI, alínea “a”, da Lei nº 9.504, de 1997).

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Mesmo em se tratando de eleições estaduais e federais, deverá o gestor da Câmara Municipal observar
a inviabilidade de celebração de convênios que prevejam a transferência voluntária de recursos por parte
de órgãos federais e estaduais.
A presente vedação não se aplica aos convênios e termos de cooperação em que não haja transferência
de recursos. Também não impede a transferência de recursos por parte do próprio executivo municipal
no ano em que não ocorram eleições municipais, bem como por parte do Poder Judiciário e Ministério
Público.
A assinatura de convênios e o repasse de recursos financeiros a entidades públicas e privadas para a
realização de projetos na área da cultura, do esporte e do turismo não se amoldam ao conceito de
distribuição gratuita, previsto no art. 73, § 10, da Lei nº 9.5047/97, sobretudo quando os instrumentos
preveem a adoção de contrapartidas por parte das instituições. (TSE, REsp nº 282.675, Acórdão de
24/04/2012, relator Ministro Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira).
Distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios
Conforme o § 10 do art. 73 da Lei nº 9.504, de 1997, “no ano em que se realizar eleição, fica proibida a
distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos
de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em
execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o
acompanhamento de sua execução financeira e administrativa.”
Além disso, nos anos eleitorais, os programas sociais acima referidos não poderão ser executados por
entidade nominalmente vinculada a candidato ou por esse mantida.
➢ CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO
Captação ilícita de sufrágio - também conhecida como compra de voto, é o ato do candidato de
doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor, com o fim de conseguir votos, bens ou vantagens de
qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública.
Previsão legal Art. 41-A da Lei nº 9.504/97 – Lei das Eleições (LE)
Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta
Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou
vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da
candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil UFIR, e cassação do
registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar n° 64, de 18
de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 9.840/99)
#APOSTACICLOS #ATENÇÃO!!
Art. 41-A § 1º Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando
a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.
Legitimidade ativa – Partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral.
Sanções – cassação do registro ou diploma do representado e multa (Art. 41-A, caput, da LE).
#DEOLHONAJURIS

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[...] 2.2 O TSE entende que, para a caracterização da captação de sufrágio, é indispensável a prova de
participação direta ou indireta dos representados, permitindo-se até que o seja na forma de explícita
anuência da conduta objeto da investigação, não bastando, para a configuração, o proveito eleitoral que
com os fatos tenham auferido, ou a presunção de que desses tivessem ciência. [...] (REspe nº 21.327, rel.
Min. Ellen Gracie, de 04.03.2004) [...]
2. A caracterização da captação ilícita de sufrágio pressupõe a ocorrência simultânea dos seguintes
requisitos: a) prática de uma das condutas previstas no art. 41-A da Lei 9.504/97; b) fim específico de
obter o voto do eleitor; c) participação ou anuência do candidato beneficiário na prática do ato. [...] (AgR-
REsp nº 815659, rel. Min. Nancy Andrighi, de 01.12.2011)

8 Ações e representações eleitorais: ação de impugnação de mandato eletivo (AIME); ação de


impugnação de registro de candidatura (AIRC); ação de investigação judicial eleitoral (AIJE); recurso
contra a expedição de diploma (RCED); medidas cautelares. 9 Recursos eleitorais e ação rescisória em
matéria eleitoral: tipologia; características; efeitos; recursos das decisões dos juízes eleitorais; recursos das
decisões das juntas eleitorais; recursos das decisões dos tribunais regionais eleitorais; recursos das
decisões do Tribunal Superior Eleitoral; habeas corpus e mandado de segurança em matéria eleitoral.

➢ RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA – RCED


Objetivo: Desconstituir o diploma que foi conferido a candidato eleito.
Hipóteses em que pode ser proposto: O recurso contra expedição de diploma caberá somente
nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de
elegibilidade.
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; partido político, candidato eleito e diplomado; e suplente.
O TSE também admite que as coligações têm legitimidade para ajuizar essa ação.
Prazos: Devem ser propostos no prazo de 3 (três) dias contados da sessão de diplomação dos
eleitos (arts. 258 e 276, CE). Após o recebimento da inicial, é concedido prazo de 3 (três) dias para o
recorrido oferecer contrarrazões. Se forem juntados novos documentos, abre-se vista de 48 horas para
o recorrente. Após, os autos são encaminhados para a instância superior.
➢ AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA – AIRC
Objetivo: Indeferir o Registro de Candidatura.
Hipóteses em que pode ser proposta: 1) Falta de condição de elegibilidade; 2) Inelegibilidade; 3)
Descumprimento de formalidade legal (como apresentação de cópia da ata da convenção partidária que
escolheu os candidatos).
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; qualquer candidato, partido político ou coligação.
Prazos: A impugnação deve ser apresentada em até 5 (cinco) dias após a publicação do edital
contendo os pedidos de registro ou da abertura de vista para o Ministério Público. Contestação: 7 (sete)
dias após a notificação. Nos 4 (quatro) dias seguintes, inquirição de testemunhas. Nos 5 (cinco) dias
subsequentes, novas diligências determinadas pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes. Após,
prazo de 5 (cinco) dias para partes se manifestarem. Julgamento: 3 (três) dias após a conclusão dos autos.
Prazo para recurso: 3 (três) dias após a publicação da decisão.

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➢ AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE
Objetivo: Inelegibilidade e Cassação do registro ou diploma do candidato diretamente
beneficiado.
Hipóteses em que pode ser proposta: Uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do
poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício
de candidato ou de partido político (art. 22, LC nº 64/90).
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; qualquer candidato ou pré-candidato, partido político ou
coligação.
Prazos: Podem ser ajuizados desde a realização das convenções até a data da diplomação dos
eleitos. Contestação: 5 (cinco) dias da notificação. Instrução (fase probatória e diligências): até 8 (oito)
dias. Alegações finais: 2 (dois) dias (prazo comum para as partes). Parecer do MP: 48 horas. Julgamento:
3 (três) dias (eleições municipais) e inclusão em pauta, se forem eleições gerais. Prazo para recurso: 3
(três) dias.
➢ AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO – AIME
Objetivo: Cassação do mandato eletivo.
Hipóteses em que pode ser proposta: 1) Abuso do poder econômico; 2) Corrupção; 3) Fraude
eleitoral.
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; qualquer candidato, partido político ou coligação
Prazos: Devem ser ajuizados em até 15 (quinze) dias contados da data da diplomação.
Contestação: 7 (sete) dias da notificação. Fase probatória: 4 (quatro) dias após a defesa. Alegações finais
e manifestação do MP: 5 (cinco) dias depois das diligências (se houver). Decisão: 3 (três) dias depois das
diligências. Recurso: 3 (três) dias após publicação da decisão. Atenção: segundo o TSE, a Aime deve
tramitar em segredo de Justiça. Só o seu julgamento é público.
➢ REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO
Objetivo: Cassação do registro ou diploma e multa.
Hipóteses em que pode ser proposta: Oferecimento, promessa ou entrega ao eleitor, com o fim
de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função
pública, desde o registro de candidatura até o dia da eleição.
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; qualquer candidato, partido político ou coligação
Prazos: Podem ser ajuizados a partir do pedido de registro da candidatura até a data da
diplomação. A representação segue o rito processual da Ação de Investigação Judicial Eleitoral.

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta
Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou
vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da
candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil Ufir, e cassação do
registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18
de maio de 1990.
§ 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos, bastando a
evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.

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§ 2o As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou grave ameaça a
pessoa, com o fim de obter-lhe o voto.
§ 3o A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data da diplomação.
§ 4o O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da
data da publicação do julgamento no Diário Oficial.
“1. O entendimento desta Corte firmou-se no sentido de que a prática de distribuição de combustível a
eleitores, visando à participação em carreata, somente configurará captação ilícita de sufrágio se houver,
conjuntamente, pedido explícito ou implícito de votos. Precedentes. […]” (TSE – AgR-AI no 11.434/RJ –
DJe, t. 29, 11-2-2014, p. 36-37).

Claro está no texto do artigo 41-A da LE que a conduta só se torna juridicamente relevante se
ocorrer no curso do processo eleitoral, isto é, entre a data designada para a formulação do pedido de
registro de candidaturas e as eleições. Com efeito, a captação é de “sufrágio”, sendo realizada por
“candidato” em relação a “eleitor”.
➢ REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO OU GASTO ILÍCITO DE RECURSOS
Objetivo: Cassação do mandato ou diploma do candidato.
Hipóteses em que pode ser proposta: Utilização de recursos oriundos de fonte ilícita ou obtidos
de modo ilícito, ainda que de fonte lícita, desde a campanha eleitoral.
Quem pode propor: Promotor Eleitoral; partido político ou coligação.
Prazos: Podem ser ajuizados até 15 (quinze) dias após a diplomação. A representação segue o rito
processual da Ação de Investigação Judicial Eleitoral.
Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15
(quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial
para apurar condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e gastos de
recursos.
§ 1o Na apuração de que trata este artigo, aplicar-se-á o procedimento previsto no art. 22 da Lei
Complementar no. 64, de 18 de maio de 1990, no que couber.
§ 2o Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao
candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado.
§ 3o O prazo de recurso contra decisões proferidas em representações propostas com base neste artigo
será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial.

➢ IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES DO TSE – ARTIGO 121, § 3° E 4° DA CF


§ 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição
e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;

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V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.
Recursos Eleitorais
Código Eleitoral
Art. 276. As decisões dos Tribunais Regionais são terminativas, salvo os casos seguintes em que cabe recurso
para o Tribunal Superior:
I - especial:
a) quando forem proferidas contra expressa disposição de lei;
b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais.
II - ordinário:
a) quando versarem sobre expedição de diplomas nas eleições federais e estaduais;
b) quando denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.
§ 1º É de 3 (três) dias o prazo para a interposição do recurso, contado da publicação da decisão nos casos
dos nº I, letras a e b e II, letra b e da sessão da diplomação no caso do nº II, letra a.
Art. 279. Denegado o recurso especial, o recorrente poderá interpor, dentro em 3 (três) dias, agravo de
instrumento.
§ 1º O agravo de instrumento será interposto por petição que conterá:
I - a exposição do fato e do direito;
II - as razões do pedido de reforma da decisão;
III - a indicação das peças do processo que devem ser trasladadas.

➢ AÇÃO RESCISÓRIA ELEITORAL


Previsão legal: art. 22, I, j, do Código Eleitoral (incluído pela LC no 86/96), que trata da competência
do Tribunal Superior Eleitoral. Originalmente, essa alínea continha a seguinte redação: “j) a ação rescisória,
nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível,
possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”. Todavia, ao decidir a
Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI no 1.459-5 – DJ 7-5-1999 –, o Supremo Tribunal Federal
declarou a inconstitucionalidade da expressão “possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o
seu trânsito em julgado”. Assim, atualmente só a primeira parte se encontra em vigor.
Prazo: 120 dias contado do trânsito em julgado da decisão que se pretende desfazer.
Competência: tão somente do TSE (alínea j, I, art. 22 do CE). Os Tribunais Regionais Eleitorais não
detêm competência para processar e julgar a ação em tela, nem mesmo em face de seus próprios
julgados.
Objeto: rescisão de decisão do próprio Tribunal Superior Eleitoral, proferida no âmbito de sua
competência originária ou recursal. Não detém competência para rescindir julgado de Tribunal Regional,
tampouco de juiz eleitoral de 1O grau. Face à omissão legal, aceita-se a aplicação por analogia – e com
as adaptações necessárias – das hipóteses arroladas no artigo 966 do CPC.
Cabimento: somente contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral e que verse sobre
inelegibilidade. Note-se que o termo inelegibilidade é aí compreendido em sentido estrito, de maneira
que é incabível a ação em apreço se o julgado rescindendo versar sobre “ausência de condição de
elegibilidade”.

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10 Crimes eleitorais: classificação; Código Eleitoral; leis penais eleitorais extravagantes; crimes contra a
organização administrativa da Justiça Eleitoral; crimes contra os serviços da Justiça Eleitoral; crimes contra
a fé pública eleitoral; crimes contra a propaganda eleitoral; crimes contra o sigilo ou o exercício do voto;
crimes contra os partidos políticos; crimes do Código Eleitoral; crimes das leis penais eleitorais
extravagantes; Leis nº 6.091/1974 e suas alterações, nº 7.021/1982 e nº 9.504/1997 e suas alterações; Lei
Complementar nº 64/1990 e suas alterações.

Crimes eleitorais puros (ou específicos) são aqueles que só podem ser cometidos na esfera
eleitoral.
Crimes acidentais são aqueles que estão previstos, além da legislação eleitoral, também na
legislação comum.
A apuração dos crimes eleitorais realizada pela polícia judiciária responsável está disciplinada na
Resolução TSE nº 22.376/06.
CAPÍTULO I – DA POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL
Art. 1º. O Departamento de Polícia Federal ficará à disposição da Justiça Eleitoral, sempre que houver eleições,
gerais ou parciais, em qualquer parte do Território Nacional (Art. 2º do Decreto-Lei nº 1.064, de 24 de outubro
de 1968, e Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).
Art. 2º. A Polícia Federal exercerá, com prioridade sobre suas atribuições regulares, a função de polícia
judiciária em matéria eleitoral, limitada às instruções e requisições do Tribunal Superior Eleitoral, dos Tribunais
Regionais ou dos Juízes Eleitorais (Res.-TSE nº 8.906, de 5 de novembro de 1970 e art. 94, § 3º, da Lei nº
9.504/97).
Parágrafo único. Quando no local da infração não existir órgãos da Polícia Federal, a Polícia Estadual terá
atuação supletiva (Res.-TSE nº 11.494, de 8 de outubro de 1982 e Acórdãos nos 16.048, de 16 de março de
2000 e 439, de 15 de maio de 2003).
CAPÍTULO II – DA NOTÍCIA-CRIME ELEITORAL
Art. 3º. Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal eleitoral em que
caiba ação pública deverá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la ao juiz eleitoral local (Art. 356 do
Código Eleitoral e art. 5º, § 3º, do Código de Processo Penal).
Art. 4º. Recebida a notícia-crime, o juiz eleitoral a remeterá ao Ministério Público ou, quando necessário, à
polícia judiciária eleitoral, com requisição para instauração de inquérito policial (Art. 356, § 1º, do Código
de Processo Penal).
Art. 5º. Verificada a incompetência do juízo, a autoridade judicial a declarará nos autos e os remeterá ao
juízo competente (Art. 78, IV, do Código de Processo Penal).
Art. 6º. Quando tiver conhecimento da prática da infração penal eleitoral, a autoridade policial deverá
informar imediatamente o juiz eleitoral competente (Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).
Parágrafo único. Se necessário, a autoridade policial adotará as medidas acautelatórias previstas no artigo
6º do Código de Processo Penal (Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).
Art. 7º. As autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito pela prática de infração eleitoral, comunicando o fato ao juiz eleitoral competente em até
24 horas (Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).

198 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Parágrafo único. Quando a infração for de menor potencial ofensivo, a autoridade policial elaborará termo
circunstanciado de ocorrência e o encaminhamento ao juiz eleitoral competente (Res.-TSE nº 11.218, de 15
de abril de 1982).
CAPÍTULO III – DO INQUÉRITO POLICIAL ELEITORAL
Art. 8º. O inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante requisição do Ministério Público ou
da Justiça Eleitoral, salvo a hipótese de prisão em flagrante quando o inquérito será instaurado
independentemente de requisição. (Res.-TSE nos 8.906, de 5 de novembro de 1970 e 11.494, de 8 de outubro
de 1982 e Acórdão nº 439, de 15 de maio de 2003).
Art. 9º. O inquérito policial eleitoral será concluído em até 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante ou previamente, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou em
até 30 (trinta) dias, quando estiver solto (Acórdão nº 330, de 10 de agosto de 1999 e art. 10, do Código de
Processo Penal).
§ 1º. A autoridade policial fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juiz
eleitoral competente (Art. 10, § 1º, do Código de Processo Penal).
§ 2º. No relatório poderá a autoridade policial indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas (Art. 10, § 2º, do Código de Processo Penal).
§ 3º. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz
(Art. 10, § 3º, do Código de Processo Penal).
Art. 10. O Ministério Público poderá requerer novas diligências, desde que necessárias ao oferecimento da
denúncia. (Acórdão nº 330, de 10 de agosto de 1999).
Art. 11. Quando o inquérito for arquivado por falta de base para o oferecimento da denúncia, a autoridade
policial poderá proceder a nova investigação se de outras provas tiver notícia, desde que haja nova
requisição, nos termos dos artigos 4º e 6º desta Resolução.
Art. 12. Aplica-se subsidiariamente ao inquérito policial eleitoral o disposto no Código de Processo Penal
(Res.-TSE nº 11.218, de 15 de abril de 1982).
➢ CÓDIGO ELEITORAL – LEI N°. 4.737/1965
Alteração 1: Vagas não preenchidas com a aplicação dos quocientes partidários.
Redação anterior Redação ATUAL
Art. 109 (...) Art. 109 (...)
§ 2º Somente poderão concorrer à distribuição § 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares
dos lugares os partidos ou as coligações que todos os partidos e coligações que participaram
tiverem obtido quociente eleitoral. do pleito.
Alteração 2: Apropriação indébita eleitoral. Novo crime previsto no art. 354-A do Código Eleitoral.
Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o administrador financeiro da campanha, ou quem de fato exerça
essa função, de bens, recursos ou valores destinados ao financiamento eleitoral, em proveito próprio ou
alheio:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO

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Em regra, as ações tratando sobre divergências internas ocorridas no âmbito do partido político são
julgadas pela Justiça Estadual. Exceção: se a questão interna corporis do partido político puder gerar
reflexos diretos no processo eleitoral, então, neste caso, a competência será da Justiça Eleitoral. Assim,
compete à Justiça Eleitoral processar e julgar as causas em que a análise da controvérsia é capaz de
produzir reflexos diretos no processo eleitoral. STJ. 2ª Seção. CC 148693-BA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 14/12/2016 (Info 596).
Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, competindo
exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe do Poder Executivo
local, sendo incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo. STF. Plenário. RE 729744/MG,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).
Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação das contas de
prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais, com auxílio
dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por decisão de
dois terços dos vereadores. STF. Plenário. RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).
O candidato ao cargo de prefeito que obtém o deferimento do registro de sua candidatura no juízo
eleitoral de primeiro grau, mas, depois de eleito, tem o registro indeferido pelo TSE, não deve indenização
à União por gastos decorrentes de eleição suplementar. Entende-se que, neste caso, o candidato, ao
tentar concorrer mesmo tendo sido impugnado, age no exercício regular de um direito, conduta que não
configura ato ilícito indenizável (art. 188, I, do CC). STJ. 1ª Turma. REsp 1596589-AL, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 16/6/2016 (Info 586).
Não comete crime de desobediência eleitoral o candidato que, proibido de ingressar em órgãos públicos
com o intuito de realizar atos inerentes à campanha eleitoral, adentra nos prédios da Administração
Pública para filmar e fotografar fiscalizando se o então Prefeito, seu adversário, estava praticando ilícitos
eleitorais. STF. 2ª Turma. Inq 3909/SE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/5/2016 (Info 826).
O art. 79 da LC 75/93, que confere ao Procurador Regional Eleitoral a incumbência de designar os
membros do Ministério Público estadual que atuarão junto à Justiça Eleitoral, é constitucional tanto sob
o ponto de vista formal como material. O Procurador-Geral da República detém a prerrogativa, ao lado
daquela atribuída ao Chefe do Poder Executivo, de iniciar os projetos de lei que versem sobre a
organização e as atribuições do Ministério Público Eleitoral. A designação de membro do Ministério
Público local (estadual) como Promotor Eleitoral por Procurador Regional Eleitoral, que é membro do
Ministério Público Federal, não afronta a autonomia administrativa do Ministério Público do Estado. STF.
Plenário. ADI 3802/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/3/2016 (Info 817).

DIREITO EMPRESARIAL6

1 Ordem econômica na Constituição de 1988. Princípios reguladores. Teoria do Direito Empresarial. Teoria
Jurídica da Empresa. Teoria Jurídica do Mercado. Interpretação do direito empresarial. Características do
direito empresarial.
6
Por Renata Borici.

200 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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PRINCÍPIOS QUE REGEM A ORDEM ECONÔMICA
Soberania nacional;
Propriedade privada;
Função social da propriedade;
Livre concorrência;
Defesa do consumidor;
Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
Redução das desigualdades regionais e sociais;
Busca do pleno emprego;
Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sua sede e administração no País.
#ATENÇÃO! A doutrina afirma que a CF/88 adotou um modelo de Estado
regulador/intervencionista.
#SELIGA! É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização dos órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei

TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO TEORIA DA EMPRESA


Adotada pelo Código Comercial de 1850 Adotada pelo Código Civil de 2002
Atos de comércio/comerciante Empresa/ empresário

2 Empresário. Conceito e caracterização. Capacidade. Deveres. Empresário individual e sociedade


empresária. Sociedade não empresária. Pequeno empresário. Empresário Rural. Empresa Individual de
Responsabilidade Ltda. Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Registro Público das Empresas
Mercantis. Lei nº 8.934/1994. Institutos complementares. Nome empresarial. Prepostos. Contabilistas.
Noções gerais de contabilidade empresarial. Auxiliares da empresa. Escrituração. Livros obrigatórios e
facultativos. Força probante. Demonstrações dos resultados econômicos da Empresa.
ELEMENTOS PARA CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO (Art. 966 do CC):
Profissionalmente.
Atividade Econômica.
Organizada.
Para produção ou circulação de bens e serviços.

NÃO SE SUJEITAM AO REGIME EMPRESARIAL


Profissionais intelectuais (natureza científica, literária ou artística). Exceção: quando o exercício da
profissão constitui elemento de empresa.
Quem exerce atividade rural. Exceção: quando optar pelo registro na Junta Comercial
Cooperativas
Sociedades de Advogados (vedação do EOAB)

201 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Empresário é gênero. Empresário é todo aquele que exerce a atividade empresa.
• PESSOA FÍSICA = EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
• PESSOA JURÍDICA = SOCIEDADE EMPRESÁRIA OU EIRELI
Em relação ao EMPRESÁRIO INDIVIDUAL, a responsabilidade é ilimitada, pois não há a
constituição de outra pessoa. Assim, os bens individuais do empresário individual respondem pelas
dívidas contraídas no exercício da empresa. Mas primeiro devem ser executados os bens relacionados à
atividade empresarial.
ENUNCIADO CJF/COMERCIAL 5: Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o
empresário individual tipificado no art. 966 do Código Civil responderá primeiramente com os bens
vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos termos do art. 1.024 do Código Civil.
O EMPRESÁRIO CASADO pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o
regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

VEDAÇÕES AO EXERCÍCIO DE EMPRESA


Os legalmente impedidos
Os que não estão no pleno gozo da capacidade
a) Art. 1011, §1º do CC: condenados a certos crimes
civil (exceção: CONTINUAÇÃO do exercício de
relacionados na norma;
atividade empresarial por incapaz, mediante
b) Art. 117, X da Lei 8112/90: servidores públicos
autorização judicial – art. 974 do CPC)
federais;
#ATENÇÃO CONTINUAÇÃO DA EMPRESA POR
c) Art. 36, I da LC 35/79 – LOMAN: magistrados;
INCAPAZ: O incapaz não pode iniciar atividade
d) Art. 44, III da Lei 8625/93: membros do
empresária, apenas continuar aquela já existe nos
Ministério Público;
casos de incapacidade superveniente ou quando
e) Art. 29 da Lei 6880/80: militares
receber a atividade por herança.
#SELIGA O incapaz pode ser sócio, desde que não #ATENÇÃO: Estão legalmente impedidos para o
seja o administrador, que o capital esteja exercício de empresa, mas podem ser sócios ou
integralizado e que ele esteja quotistas, desde que não exerçam funções de
assistido/representado. gerência ou administração.

REGISTRO
OBRIGATÓRIO FACULTATIVO
Empresários em geral Empresário Rural
Não tem natureza constitutiva Natureza constitutiva
Consequências da ausência de registro:
- Não pode pedir a falência de outrem; Consequências da ausência de registro: Faz com
- Não pode pleitear recuperação judicial própria; que o exercente de atividade rural não se sujeite
- Não pode participar de licitação; ao regime empresarial.
- Não vai obter certidão negativa de débito.

202 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#SELIGANOSENUNCIADOS
Enunciado CJF/CIVIL 198: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua
caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne
os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo
em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário”.
Enunciado CJF/CIVIL 200: É possível a qualquer empresário individual, em situação regular, solicitar seu
enquadramento como microempresário ou empresário de pequeno porte, observadas as exigências e
restrições legais
Enunciado CJF/CIVIL 201: O empresário rural e a sociedade empresária rural, inscritos no registro público
de empresas mercantis, estão sujeitos à falência e podem requerer concordata.
Enunciado CJF/CIVIL 202: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo
e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao
empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.

EIRELI – EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA


É uma nova pessoa jurídica de direito privado constituída por um único
titular, que responde limitadamente pelo resultado da empresa. A ideia do
CONCEITO
legislador, ao criar a EIRELI, foi permitir que uma única pessoa pudesse
exercer a empresa com responsabilidade limitada.
A lei exige capital mínimo (igual ou superior a 100 vezes o valor do maior
CAPITAL MÍNIMO salário mínimo vigente no país) para a sua constituição, que deverá ser
devidamente integralizado.
NOME EMPRESARIAL Firma ou Denominação
A pessoa natural somente poderá figurar em uma única empresa dessa
LIMITAÇÃO
modalidade.

#SELIGANOSENUNCIADOS
Enunciado CJF/COMERCIAL 3: A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI não é
sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária.
Enunciado CJF/COMERCIAL 4: Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa
individual de responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulteriores
alterações no salário mínimo.
Enunciado CJF/CIVIL 468: A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída
por pessoa natural. #POLÊMICA pois a Instrução Normativa 38 do Departamento de Registro Empresarial
e Integração passou a admitir expressamente a possibilidade de ser titular de EIRELI a pessoa jurídica
nacional ou estrangeira.
Enunciado CJF/CIVIL 470: O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada responderá
pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui,
sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica.
Enunciado CJF/CIVIL 473: A imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para a integralização
do capital da EIRELI.

203 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
NOME EMPRESARIAL
FIRMA DENOMINAÇÃO
Deve conter o nome civil do empresário ou dos
Deve designar o objeto da empresa e pode adotar
sócios da sociedade empresária e pode conter
nome civil ou qualquer outra expressão.
ramos de atividade
Serve de assinatura do empresário. Não serve de assinatura do empresário.
Contrata assinando com o nome civil do
Contrata assinando o nome empresarial.
representante.

Empresário Individual
FIRMA Sociedade em nome coletivo
Sociedade em comandita simples
DENOMINAÇÃO Sociedade Anônima
Sociedade Limitada
FIRMA OU DENOMINAÇÃO Sociedade em comandita por ações.
EIRELI

EXIBIÇÃO DE LIVROS
PARCIAL INTEGRAL
Pode ser determinada de ofício ou a Só pode ser determinada pelo juiz a
requerimento da parte interessada. requerimento da parte interessada.
Cabível somente em algumas ações relativas a,
por exemplo: Comunhão ou sociedade;
Liquidação de sociedade; Sucessão por morte de
Cabível em qualquer ação judicial.
sócio; Administração ou gestão à conta de
outrem; Falência; quando e como determinar a
lei.

3 Teoria Geral das Sociedades. Sociedades. Conceito. Elementos. Classificação. Princípios. Personalidade
jurídica. Desconsideração da personalidade jurídica. Sócio e acionista. Direitos. Deveres.
Responsabilidades. Capital Social. Classificação das sociedades. Sociedades no Código Civil. Sociedade
em Comum. Sociedade em Conta de Participação. Sociedade Simples. Sociedade em nome coletivo.
Sociedade em comandita simples. Sociedade Limitada. Sociedade em comandita por ações. Sociedade
cooperativa. Sociedades Coligadas. Liquidação da sociedade. Transformação, incorporação, Fusão e
Cisão das Sociedades. Sociedade dependente de autorização. Sociedade nacional e estrangeira.
Sociedade anônima no Código Civil e Lei nº 6.404/1976 e suas alterações. Sociedades de economia mista.
Sociedades controladoras e controladas. Mercado de Capitais. Valores Mobiliários. Dissolução. Retirada
e exclusão do sócio. Apuração de haveres. Liquidação. Partilha. Processo.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:

204 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Art. 50, CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
#SELIGA: nesse caso, o juiz NÃO PODE decidir de ofício!
TEORIA MAIOR TEORIA MENOR
No Direito do Consumidor e no Direito
O Direito Civil brasileiro adotou a chamada teoria Ambiental, adotou-se a teoria menor da
maior da desconsideração. Isso porque o art. 50 desconsideração. Isso porque, para que haja a
exige, além da insolvência, que se prove o desvio desconsideração da personalidade jurídica nas
de finalidade (teoria maior subjetiva) ou a relações jurídicas envolvendo consumo ou
confusão patrimonial (teoria maior objetiva). responsabilidade civil ambiental, basta provar a
insolvência da pessoa jurídica.
Deve-se provar:
1) Insolvência;
Deve-se provar apenas a insolvência.
2) Abuso da personalidade (desvio de finalidade
ou confusão patrimonial).
Art. 4º da Lei nº 9.605/98 (Lei Ambiental).
Art.50 do CC
Art. 28, § 5º do CDC.

#ATENÇÃO O NCPC trouxe procedimento próprio para a Desconsideração da Personalidade Jurídica


(art. 133 a 137), além de prever a DESCONSIDERAÇÃO INVERSA que é quando o patrimônio da empresa
poderia ser atingido por dívidas do sócio.

Exploram atividade econômica não empresarial. Exemplo: profissionais intelectuais.


OBS: Independente de seu objeto, considera-se simples a cooperativa.
#ATENÇÃO A sociedade simples não ganhou previsão de tipo societário específico,
SOCIEDADES
mas pode se organizar sob a forma de um dos tipos de sociedade empresária
SIMPLES
(sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples ou sociedade
limitada), com exceção das sociedades por ações, em razão da regra do artigo 982,
parágrafo único, do CC/02.
Exploram atividade empresarial, ou seja, exercem profissionalmente atividade
SOCIEDADES
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.
EMPRESÁRIAS
OBS: Independente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações.
#SELIGANOTERMO SOCIEDADE UNIPESSOAL: Incabível. Em nosso ordenamento jurídico, a
pluralidade de sócios é pressuposto de existência de uma sociedade (art. 981 do Código Civil).
Há apenas um caso excepcional de sociedade unipessoal admitido em nosso ordenamento
jurídico. Trata-se da chamada sociedade subsidiária integral, espécie de sociedade anônima que tem
como único sócio uma sociedade brasileira (art. 251, § 2º, da LSA).
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS Sociedade em comum

205 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
(Não possuem registro) Sociedade em conta de participação
Sociedade limitada
Sociedade anônima
SOCIEDADES PERSONIFICADAS
Sociedade em nome coletivo
(Possuem registro)
Sociedade em comandita simples
Sociedade em comandita por ações
#NÃOCONFUNDA: O fato de a sociedade não ser personificada apenas significa que ela não
possui registro. Essa classificação não diz respeito ao objeto social da sociedade. Assim, embora as
sociedades não personificadas estejam disciplinadas na parte do Código Civil dedicada às sociedades
empresárias, podem eventualmente ser sociedades simples.
EFEITOS DA PERSONALIZAÇÃO (Registro):
a) Titularidade negocial: aptidão para realizar negócios jurídicos. Ex. assinar contrato de franquia,
empréstimo, leasing.
b) Titularidade processual: pode estar tanto no polo ativo quanto passivo. Ex. ajuizar execução, sofrer
ação de dissolução de sociedade.
c) Autonomia patrimonial: ela tem patrimônio distinto do patrimônio dos sócios.
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS
É a que conhecemos tradicionalmente com os nomes de sociedade irregular
ou sociedade de fato. Trata-se da sociedade que ainda não inscreveu seus atos
SOCIEDADE EM
constitutivos no órgão de registro competente. Por não possuírem registro,
COMUM
também não possuem personalidade jurídica, logo, a responsabilidade dos
sócios é ilimitada.
A sociedade em conta de participação é o que a doutrina chama de sociedade
secreta. Ela apresenta duas categorias distintas de sócios: o sócio ostensivo e
SOCIEDADE EM os sócios participantes (também chamados de sócios ocultos). A conta de
CONTA DE participação é uma “sociedade” que só existe internamente, ou seja, entre os
PARTICIPAÇÃO sócios. Externamente, isto é, perante terceiros, só aparece o sócio ostensivo, o
qual exerce, em seu nome individual, a atividade empresarial, e responde
sozinho pelas obrigações contraídas.

PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÃOES DAS SOCIEDADES


Responsabilidade ilimitada: sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações
sociais, ou seja, esgotado o patrimônio da sociedade, os credores podem
executar todo o restante da dívida social no patrimônio dos sócios. Ex. sociedade
QUANTO À
em nome coletivo;
RESPONSABILIDADE
Responsabilidade limitada: patrimônio pessoal, em princípio, não pode ser
DOS SÓCIOS
executado para a satisfação de débitos sociais. Sendo possível executar o
patrimônio pessoal, eventualmente, haverá um limite de responsabilidade. Ex.
sociedade anônima e limitada;

206 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Responsabilidade mista: ex: sociedade em comandita simples e comandita por
ações.

Contratuais: Constituídas por um contrato social e dissolvidas segundo as regras


do CC/02. Exemplo: sociedade limitada, sociedade em nome coletivo e
QUANTO AO
sociedade em comandita simples. Máxima autonomia da vontade dos sócios.
REGIME DE
CONSTITUIÇÃO E
Institucionais: Constituídas por um ato institucional ou estatutário e dissolvidas
DISSOLUÇÃO
segundo as regras da Lei 6.404/1976. Exemplo: sociedade anônima e sociedade
em comandita por ações. Mínima autonomia da vontade dos sócios.

De pessoas (intuitu personae): a figura do sócio é muito importante, existe um


vínculo psicológico que une os sócios (affectio societatis) e a entrada de
QUANTO À estranhos ao quadro social depende do consentimento dos demais sócios.
COMPOSIÇÃO OU Exemplo: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples
ÀS CONDIÇÕES DE (quanto ao sócio comanditado), sociedade limitada (salvo previsão em sentido
ALIENAÇÃO DA contrário no contrato social).
PARTICIPAÇÃO De capital: o que importa é tão somente o capital investido pelo sócio, a entrada
SOCIETÁRIA de pessoas estranhas independe do consentimento dos demais sócios. Exemplo:
sociedade em comandita simples (quanto ao sócio comanditário), sociedade em
comandita por ações e sociedade anônima.

CONCEITOS IMPORTANTES
ato pelo qual o sócio se compromete a transferir determinado montante para
SUBSCRIÇÃO
compor o capital social da sociedade.
INTEGRALIZAÇÃO é o efetivo ato de transferência patrimonial do sócio para a sociedade.
aquele que está em mora com a sociedade. Ou seja, é o sócio que ainda não
integralizou sua parte no capital social.
#SELIGA Opções para o sócio remisso:
SÓCIO REMISSO
a) Purgar a mora e indenizar a sociedade pelos danos emergentes da mora;
b) Sujeitar-se à cobrança judicial;
c) Exclusão da sociedade.
#OLHAOGANCHO É possível a integralização por meio da prestação de serviços? Em regra, não.
Apenas a sociedade simples pura é que admite esse tipo de operação.
OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS
Ocorre quando há mudança de tipo societário, ou seja, de uma S/A para LTDA
TRANSFORMAÇÃO ou vice-versa, independentemente, de dissolução e liquidação de um tipo para
outro;
Ocorre quando duas ou mais sociedades se unem, as quais se extinguem, para
FUSÃO formar uma NOVA sociedade, que lhes sucederá em todos os direitos e
obrigações;

207 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhe sucede em todos os
INCORPORAÇÃO
direitos e obrigações. As sociedades absorvidas extinguem-se;
É a operação pela qual a companhia transfere parcela do seu patrimônio para
uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-
CISÃO
se a companhia cindida, se houver a transferência de todo o seu patrimônio
(total), ou dividindo-se o seu capital (parcial).

SOCIEDADE LIMITADA
Deve ser escrito porque os sócios deverão levá-lo a registro no órgão
CONTRATO SOCIAL
competente antes do início das atividades.
Sociedade limitada EMPRESÁRIA = Junta Comercial.
REGISTRO
Sociedade limitada SIMPLES = Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Firma ou denominação.
NOME EMPRESARIAL #ATENÇÃO deve trazer a expressão “limitada” ou “ltda”, sob pena de
acarretar na responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores.
Pessoas físicas ou jurídicas.
#SELIGA O incapaz pode ser quotista de sociedade limitada, bastando que o
SÓCIOS capital social esteja totalmente integralizado e que ele não exerça poderes
de administração. O impedido, da mesma forma, também pode ser quotista,
bastando que não exerça poderes de administração.
A responsabilidade pessoal dos sócios na sociedade limitada é sempre
subsidiária e varia conforme esteja o capital social total ou parcialmente
integralizado. Com relação à parcela não integralizada do capital social,
importante destacar que os sócios são solidariamente responsáveis.
#RESUMINDO:
CAPITAL SOCIAL TOTALMENTE INTEGRALIZADO: Sócios não deverão
RESPONSABILIDADE
responder com seu patrimônio pessoal pelas dívidas da sociedade.
DOS SÓCIOS
CAPITAL SOCIAL NÃO TOTALMENTE INTEGRALIZADO: Sócios responderão
com seu patrimônio pessoal até o montante que faltar para a integralização
solidariamente. #NAOCONFUNDA
#OLHAOGANCHO Se o capital social está totalmente integralizado, o
patrimônio pessoal dos sócios apenas será atingido em situações
excepcionais, como no caso de desconsideração da personalidade jurídica.
É expressamente vedada a estipulação contratual que exclua qualquer sócio
de participar dos lucros e das perdas. Se o contrato social for omisso quanto
LUCROS E PERDAS
à forma de distribuição, aplica-se o artigo 1.007 do Código Civil, distribuindo
na proporção das respectivas quotas.
Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação
DIREITO DE RETIRADA
de outro ou dela por outra, o sócio que dissentiu tem o direito de retirar-se
OU DE RECESSO
da sociedade nos trinta dias seguintes à reunião.

208 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
O Código Civil autoriza que pessoas estranhas ao quadro social administrem
a sociedade, independente de expressa permissão contratual, desde que
atendido o quórum exigido conforme esteja ou não o capital social
integralizado:
#SELIGANATABELA
Capital social não Aprovação de todos os
ADMIISTRAÇÃO
Administrador integralizado sócios
não sócio Aprovação de, no
Capital social integralizado
mínimo, 2/3 dos sócios
Designação em ato
Administrador Mais da metade do
separado do contrato
sócio capital social
social
Como regra, a exclusão do sócio faltoso deve se dar judicialmente, mediante
apreciação da justa causa. Entretanto, o Código Civil de 2002 admite a
exclusão extrajudicial por justa causa do sócio minoritário, desde que o
contrato social expressamente contenha essa previsão.
#RESUMINDO
EXCLUSÃO DE SÓCIO Simples alteração contratual desde que o contrato social
permita e que haja deliberação em assembleia
MINORITÁRIO OU
Decisão judicial caso o contrato social não permita a
exclusão do sócio
MAJORITÁRIO Apenas judicialmente

DELIBERAÇÕES SOCIAIS – SOCIEDADE LIMITADA


Sócios titulares com ¾ do capital social votante (mais 3
1ª CHAMADA
QUORUM DE publicações de avisos com antecedência de oito dias)
INSTALAÇÃO Qualquer número de sócios (mais 3 publicações de avisos
2ª CHAMADA
com antecedência de 5 dias)
REGRA GERAL Maioria absoluta
-Designação de administrador em ato separado do contrato
social;
-Destituição de administrador sócio que tenha sido
MAIS DA
QUORUM DE designado em ato separado do contrato social;
METADE DO
VOTAÇÃO -Destituição de administrador não sócio;
CAPITAL
-Expulsão de sócio minoritário (caso permitido no contrato
SOCIAL
social);
-Dissolução da sociedade contratada por prazo
indeterminado.

209 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
-Modificação do contrato social (salvo quanto às matérias
3/4 DO
sujeitas a quorum diverso);
CAPITAL
-Aprovação da incorporação, fusão, dissolução ou
SOCIAL
levantamento da liquidação.
2/3 DO -Designação de administrador não sócio (desde que o capital
CAPITAL esteja totalmente integralizado).
SOCIAL
-Destituição de sócio nomeado no contrato social (desde que
não haja previsão de quorum diverso no contrato social);
UNANIMIDADE -Designação de administrador não sócio (se o capital não
estiver totalmente integralizado);
-Dissolução da sociedade com prazo determinado.

#APOSTACICLOS
Ocorre a dissolução parcial da sociedade limitada quando um ou alguns dos sócios saem da sociedade,
mas ela é preservada e continua suas atividades. Uma das hipóteses de dissolução parcial de sociedade
é o direito de retirada (direito de recesso, direito de denúncia), ou seja, é a saída do sócio por iniciativa
própria. Ele simplesmente não quer mais fazer parte daquela sociedade. Nesse caso, o sócio que deixar
a sociedade receberá a parte que lhe cabe no patrimônio social, continuando a sociedade em relação
aos demais sócios. O cálculo do valor devido ao sócio que deixa a sociedade é feito por meio de um
procedimento denominado de APURAÇÃO DE HAVERES. Qual é o critério adotado para se fazer a
apuração de haveres do sócio retirante?

STJ NOVO CPC


O contrato social pode prever o critério para a
apuração dos haveres do sócio retirante no caso
de dissolução parcial de sociedade limitada;
No entanto, o critério previsto no contrato social A primeira opção no caso de apuração dos haveres
somente prevalecerá se houver consenso entre é adotar o critério previsto no contrato social (art.
as partes quanto ao resultado alcançado; 604, II).
Caso não haja concordância entre as partes, Somente se o contrato social for omisso, ou seja,
deve-se aplicar o “balanço de determinação”, que apenas se ele não previr um critério de apuração
é o critério que melhor reflete o valor patrimonial de haveres, é que será adotado o “balanço de
da empresa; • O fluxo de caixa descontado, por determinação” (art. 606).
representar a metodologia que melhor revela a #ATENÇÃO O mais seguro é assinalar nos
situação econômica e a capacidade de geração concursos a redação literal do art. 606 do CPC 2015,
de riqueza de uma empresa, pode ser aplicado que irá ser bastante cobrado nas provas.
juntamente com o balanço de determinação na
apuração de haveres do sócio dissidente. (Info
558).

210 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#VAICAIR #SELIGANAJURIS Compete ao juízo cível — e não ao juízo de sucessões no qual tramita o
inventário — julgar, com consequente apuração de haveres do de cujus, dissolução parcial de sociedade
limitada que demande extensa dilação probatória. No caso concreto, o juízo competente será a vara cível
porque eram muitas sociedades, exigindo ampla dilação probatória, o que é inviável no juízo do
inventário. STJ. 3ª Turma. REsp 1.459.192-CE, Rel. originário Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão
João Otávio de Noronha, julgado em 23/6/2015 (Info 566).

SOCIEDADE ANÔNIMA
São espécies de sociedades estatutárias, também chamadas de “institucionais”.
Constituem-se, assim, por meio de um estatuto social e seu capital está dividido em
CONCEITO
frações denominadas ações. Cada sócio é titular de determinado número de ações,
sendo chamado de acionista.

Apenas DENOMINAÇÃO, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou


NOME "companhia", por extenso ou abreviadamente. Pode constar da denominação o
EMPRESARIAL nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da
formação da empresa.
Aquela que negocia seus valores mobiliários no mercado de
capitais (formado pela bolsa de valores e pelo Mercado de
ABERTA
balcão). Para tanto, é necessária uma prévia autorização e
TIPOS DE S/A
registro perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Aquelas que não negociam seus valores mobiliários no
FECHADA
mercado de capitais
São bens móveis que representam frações em que está
dividido o capital social, concedendo ao seu titular um
AÇÕES
complexo de direitos e deveres. São indivisíveis em relação à
companhia.
São valores mobiliários que conferem a seus titulares direito
DEBÊNTURES de crédito contra a companhia, nas condições constantes da
escritura de emissão e, se houver, do certificado.
São valores mobiliários que conferem ao titular, nas
VALORES condições constantes do certificado, o direito de preferência
BÔNUS DE
MOBILIÁRIOS para subscrever novas ações por ocasião do aumento do
SUBSCRIÇÃO
capital social autorizado no estatuto, antes de qualquer
outro.
São espécies de notas promissórias e servem para a
NOTAS
captação de recursos no mercado de capital, sendo
PROMISSÓRIAS
restituídos aos investidores em curto prazo.
São títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao
PARTES
capital social. São emitidos para captar recursos ou
BENEFICIÁRIAS
remunerar serviço prestado.

211 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Caráter exclusivamente deliberativo que reúne todos os
ASSEMBLEIA-GERAL
acionistas (com ou sem direito a voto).
CONSELHO DE Caráter deliberativo e com vistas a agilizar as decisões da Cia.
ADMINISTRAÇÃO (mínimo 3 membros, acionistas ou não).
Órgão de representação legal da S/A e execução das
ÓRGÃOS
DIRETORIA deliberações da assembleia-geral ou do Conselho de
SOCIAIS
Administração (mínimo 2 membros, acionistas ou não).
Órgão colegiado de fiscalização dos órgãos de
administração (existência obrigatória e funcionamento
CONSELHO FISCAL
facultativo; mínimo de 3 e máximo de 5 membros, acionistas
ou não).

#DEOLHONAJURIS
SOCIEDADE ANÔNIMA. Dissolução parcial da sociedade anônima que não está gerando lucros. É possível
que sociedade anônima de capital fechado, ainda que não formada por grupos familiares, seja dissolvida
parcialmente quando, a despeito de não atingir seu fim – consubstanciado no auferimento de lucros e
na distribuição de dividendos aos acionistas –, restar configurada a viabilidade da continuação dos
negócios da companhia. STJ. 3ª Turma. REsp 1.321.263-PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 6/12/2016
(Info 595)
DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE. Momento em que se considera dissolvida a sociedade
empresária para fins de apuração de haveres. Na hipótese em que o sócio de sociedade limitada
constituída por tempo indeterminado exerce o direito de retirada por meio de inequívoca e incontroversa
notificação aos demais sócios, a data-base para apuração de haveres é o termo final do prazo de 60 dias,
estabelecido pelo art. 1.029 do CC/02. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.240-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 6/12/2016 (Info 595)
SOCIEDADE. Não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio que manteve essa condição durante o
exercício financeiro sobre o qual é apurado o lucro, mas se desliga da empresa, por alienação de suas
ações, em data anterior ao ato de declaração do benefício. Fundamento jurídico: art. 205 da Lei nº
6.404/76. Ex: o indivíduo possuía 40 mil ações ordinárias da sociedade anônima. Em fev/2015, ele vendeu
suas ações. Em abril/2015, a S.A. realizou Assembleia Geral Ordinária e deliberou pagar aos acionistas da
companhia os dividendos apurados no ano anterior (2014). Este indivíduo não terá direito ao pagamento
porque na data do ato de declaração do dividendo (data da Assembleia), ele já não mais fazia parte do
quadro de acionistas da Companhia. STJ. 4ª Turma. REsp 1.326.281-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 3/8/2017 (Info 610)
#SELIGANOENUNCIADO
Enunciado CJF/COMERCIAL 19: Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações entre
sócios/acionistas ou entre eles e a sociedade.

4 Teoria do Estabelecimento Comercial. Estabelecimento comercial no Código Civil e no Código de


Processo Civil. Estabelecimento Virtual. Aviamento. Clientela. Locação em Shopping Centers. Ação
renovatória de locação. Propriedade industrial. Lei nº 9.276/1996. Software. Lei nº 9.609/1998.

212 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
ESTABELECIMENTO
Trata-se de todo o conjunto de bens, materiais ou imateriais, que o empresário
utiliza no exercício da sua atividade.
CONCEITO
Bens corpóreos: Mercadorias, instalações, equipamentos, veículos etc.
Bens incorpóreos: Marcas, patentes, direitos e ponto.
A doutrina considera o estabelecimento empresarial uma universalidade de
fato, uma vez que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária
NATUREZA JURÍDICA
exclusivamente em razão da destinação que o empresário lhes dá, e não em
virtude de disposição legal.
É o contrato oneroso de transferência do estabelecimento empresarial. É
condição de eficácia perante terceiros o registro do contrato de trespasse na
Junta Comercial e sua posterior publicação.
#NÃOESQUEÇA: O empresário que quer vender o estabelecimento deve
TRESPASSE
conservar bens suficientes para pagar todas as suas dívidas perante os
credores, ou deverá obter o consentimento destes (expresso ou tácito), sob
pena de ineficácia.
#OLHAOGANCHO O trespasse irregular pode ensejar pedido de falência.
O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos
anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados. O devedor
primitivo continua solidariamente responsável pelo prazo de um ano, a partir,
quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do
vencimento.
SUCESSÃO
#ATENÇÃO: Essa previsão legal de sucessão obrigacional só se aplica às dívidas
EMPRESARIAL
negociais do empresário. Não se aplica às dívidas tributárias e trabalhistas.
#OLHAOGANCHO #SELIGANASÚMULA SÚMULA 554 DO STJ: Na hipótese de
sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os
tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas
referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.
Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode
CLÁUSULA DE NÃO
fazer concorrência ao adquirente pelo prazo de cinco anos, contados da
CONCORRÊNCIA
transferência.

#APOSTACICLOS #DEOLHONAJURIS É válida a cláusula contratual de não concorrência, desde que


limitada espacial e temporalmente. Isso porque esse tipo de cláusula protege a concorrência e os efeitos
danosos decorrentes de potencial desvio de clientela, sendo esses valores jurídicos reconhecidos
constitucionalmente. Assim, quando a relação estabelecida entre as partes for eminentemente comercial,
a cláusula que estabeleça dever de abstenção de contratação com sociedade empresária concorrente
pode sim irradiar efeitos após a extinção do contrato, desde que por um prazo certo e em determinado
lugar específico (limitada temporária e espacialmente). STJ. 3ª Turma. REsp 1.203.109-MG, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 6/5/2015 (Info 561).

213 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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#ATENÇÃO Não é possível cláusula de não concorrência com prazo INDETERMINADO.

#SELIGANOSENUNCIADOS
Enunciado CJF/CIVIL 490: A ampliação do prazo de 5 (cinco) anos de proibição de concorrência pelo
alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no exercício da autonomia da
vontade, pode ser revista judicialmente, se abusiva.
Enunciado CJF/COMERCIAL 59: A mera instalação de um novo estabelecimento, em lugar antes ocupado
por outro, ainda que no mesmo ramo de atividade, não implica responsabilidade por sucessão prevista
no art. 1.146 do CCB.
Enunciado CJF/CIVIL 233: A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo Código Civil nos arts.
1.142 e ss., especialmente seus efeitos obrigacionais, aplica-se somente quando o conjunto de bens
transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL
PATENTE REGISTRO
MODELO DE DESENHO
INVENÇÃO MARCA
UTILIDADE INDUSTRIAL
20 anos 15 anos
DURAÇÃO 10 anos 10 anos
(Mín. 10 anos) (Mín. 7 anos)
Prorrogável sem
Prorrogável por até
limite
PRORROGAÇÃO Não admite 3 períodos de 5
(Requer 1 ano
anos cada
antes do término)
Cabe licença compulsória (não é pacífica a possibilidade de
LICENÇA Não admite
licença compulsória do desenho industrial)
Novidade; Novidade;
Novidade relativa;
Atividade inventiva; Originalidade;
REQUISITOS Não colidência;
Aplicação industrial; Licitude
Licitude
Licitude

Marca notória (art. 126) Alto renome (art. 125)


Não precisa de registro para ser protegida Precisa ser registrado
Só tem proteção no ramo de atividade Tem proteção em todos os ramos de atividade
Precisa ter reconhecimento internacional Reconhecimento no país
Tem proteção em todos os países que assinaram Só tem proteção no território nacional.
o acordo da convenção da União de Paris.
Exceção ao Princípio da Territorialidade (STJ) Exceção ao Princípio da Especificidade (STJ)

#SELIGANAJURIS #DIZERODIREITO
Para arquivamento de pedido ou extinção de patente por falta de pagamento da retribuição anual
prevista no art. 84 da Lei nº 9.279/96, exige-se notificação prévia do respectivo depositante ou titular.

214 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Obs: retribuição anual é um valor que deve ser pago anualmente ao INPI pelo fato de o indivíduo ter
pedido ou já ser titular de uma patente. STJ. 3ª Turma. REsp 1669131-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 27/6/2017 (Info 608).
O termo inicial da pretensão de ressarcimento nas hipóteses de plágio se dá quando o autor originário
tem comprovada ciência da lesão a seu direito subjetivo e de sua extensão, não servindo a data da
publicação da obra plagiária, por si só, como presunção de conhecimento do dano. STJ. 3ª Turma. REsp
1645746-BA, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 6/6/2017 (Info 609).
Em ação de nulidade de registro de marca, a que o INPI não deu causa nem ofereceu resistência, não
cabe condenação do instituto em honorários advocatícios sucumbenciais. STJ. 3ª Turma. REsp 1378699-
PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/6/2016 (Info 585).
A pretensão de abstenção de uso de marca nasce para seu titular com a violação do direito de utilização
exclusiva. No caso concreto, o titular da marca havia autorizado que terceiro a utilizasse até determinada
data. A pretensão inibitória nasceu a partir do momento em que este terceiro desrespeitou a data
assinalada como termo final de vigência da autorização. STJ. 3ª Turma. REsp 1.631.874SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593)
Trade dress ou conjunto-imagem consiste no conjunto de elementos distintivos que caracterizam um
produto, um serviço ou um estabelecimento comercial fazendo com que o mercado consumidor os
identifique. A caracterização de concorrência desleal por confusão, apta a ensejar a proteção ao conjunto
imagem (trade dress) de bens e produtos, é questão fática a ser examinada por meio de perícia técnica.
Ainda que se esteja diante de uma notória semelhança entre os dois produtos, é indispensável analisar
se esta similitude é aceitável do ponto de vista legal ou se estamos diante de um ato abusivo, usurpador
de conjunto-imagem alheio e passível de confundir o consumidor. Ex: a empresa líder do mercado ajuizou
ação contra a ré (empresa nova) afirmando que esta passou a utilizar embalagem copiando as cores e o
design da autora. Será necessária perícia. STJ. 3ª Turma. REsp 1.353.451-MG, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 19/09/2017 (Info 612)
Marcas fracas ou evocativas, que constituem expressão de uso comum, de pouca originalidade, atraem
a mitigação da regra de exclusividade decorrente do registro, admitindo-se a sua utilização por terceiros
de boa-fé. O monopólio de um nome ou sinal genérico em benefício de um comerciante implicaria uma
exclusividade inadmissível, a favorecer a detenção e o exercício do comércio de forma única, com prejuízo
não apenas à concorrência empresarial — impedindo os demais industriais do ramo de divulgarem a
fabricação de produtos semelhantes através de expressões de conhecimento comum, obrigando-os à
busca de nomes alternativos estranhos ao domínio público — mas sobretudo ao mercado em geral, que
teria dificuldades para identificar produtos similares aos do detentor da marca. STJ. 3ª Turma. REsp
1315621-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2013 (Info 526).

5 Teoria geral da Concorrência Empresarial. Fundamento constitucional. Disciplina legal e contratual.


Concorrência desleal. Sistema Brasileiro da Concorrência. Lei nº 12.529/2011. Empresário e o Direito do
Consumidor. Fornecimento de bens e serviços. Teoria da qualidade. Relações interempresariais
decorrentes de vícios do fornecimento de bens e serviços. Publicidade e tutela do consumidor.
Responsabilidade civil em razão da publicidade empresarial.

215 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
Liberdade de iniciativa
Livre concorrência
Função social da propriedade
Defesa dos consumidores
Repressão ao abuso do poder econômico.

SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA – SBDC


Tribunal Autarquia Federal do Ministério da Justiça, responsável
Administrativo de pela prevenção e repressão das infrações contra a
CONSELHO Defesa Econômica ordem econômica em todo o território nacional.
ADMINISTRATIVO DE Superintendência Prevenção = controle prévio de atos de concentração
DEFESA ECONÔMICA Geral empresarial (fusões, incorporações, etc.).
– CADE Repressão = investigação e punição de condutas
Departamento De
anticompetitivas/anticoncorrenciais.
Estudos
Econômicos
SECRETARIA DE
ACOMPANHAMENTO
ECONÔMICO DO Promover a concorrência em órgãos de governo e perante a sociedade.
MINISTÉRIO DA
FAZENDA – SEAE

ASPECTOS GERAIS DAS INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA


- A lei se aplica a qualquer ente, inclusive os despersonalizados.
- A responsabilidade do grupo econômico e dos dirigentes é SOLIDÁRIA.
- Aplica-se a TEORIA MAIOR para desconsideração da personalidade jurídica.
- O rol de condutas previstos no art. 36, §3° são EXEMPLIFICATIVOS.
- As infrações à ordem econômica são perpetradas independentemente de culpa e, mais, não
precisam ter produzidos os resultados elencados, bastando a INTENÇÃO do agente de produzi-los.
- Algumas infrações possuem um “elemento subjetivo especial”;
- O que a lei Antistruste deseja punir é a concorrência desleal, predatória. Assim, se o agente
econômico conquista o mercado justificadamente, não haverá no que se intervir.

PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE CONTROLE DA CONCORRÊNCIA


Acordo de Leniência (art. 86 da Lei nº 12.529/2011)
Controle dos Atos de Concentração (art. 88 da Lei nº 12.529/2011)
Auto de Infração (arts. 39-44 da Lei nº 12.529/2011)
Medida Preventiva (art. 84 da Lei nº 12.529/2011)
Processo Administrativo.

216 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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#DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO
Limites do sigilo nos acordos de leniência. O sigilo nos processos administrativos de acordo de leniência
celebrado com o CADE, bem como o dos documentos que os instruem, no que tange a pretensões
privadas de responsabilização civil por danos decorrentes da eventual formação de cartel, deve ser
preservado até a conclusão da instrução preliminar do referido processo administrativo (marcada pelo
envio do relatório circunstanciado pela Superintendência-Geral ao Presidente do Tribunal Administrativo),
somente podendo ser estendido para após esse marco quando lastreado em circunstâncias concretas
fundadas no interesse coletivo — seja ele o interesse das apurações, seja ele a proteção de segredos
industriais. O sigilo do acordo de leniência celebrado com o CADE não pode ser oposto ao Poder
Judiciário para fins de acesso aos documentos que instruem o respectivo procedimento administrativo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1554986-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/3/2016 (Info 580)
Propaganda comparativa. A propaganda comparativa é forma de publicidade na qual se compara,
explícita ou implicitamente, produtos ou serviços concorrentes, a fim de conquistar a escolha do
consumidor. Em nosso país, não há lei definindo o que seja publicidade comparativa. A doutrina e o
Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária do CONAR afirmam que a publicidade
comparativa, em regra, é permitida, desde que não viole alguns princípios. Segundo decidiu o STJ, é lícita
a propaganda comparativa entre produtos alimentícios de marcas distintas e de preços próximos no caso
em que: a) a comparação tenha por objetivo principal o esclarecimento do consumidor; b) as informações
vinculadas sejam verdadeiras, objetivas, não induzam o consumidor a erro, não depreciem o produto ou
a marca, tampouco sejam abusivas (art. 37, § 2º, do CDC); e c) os produtos e marcas comparados não
sejam passíveis de confusão. A publicidade comparativa não é vedada pelo CDC, desde que obedeça ao
princípio da veracidade das informações, seja objetiva e não abusiva. De igual forma, em regra, a
propaganda comparativa não é proibida pela Lei 9.279/96 (LPI). Para que a propaganda comparativa
viole o direito marcário do concorrente, as marcas devem ser passíveis de confusão ou a menção à marca
do concorrente deve ser feita de forma depreciativa, acarretando a degradação (desgaste do outro
produto) e o consequente desvio de clientela. STJ. 4ª Turma. REsp 1377911-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 2/10/2014 (Info 550).

6 Teoria geral do contrato e contratos mercantis. Função social do contrato e contratos empresariais.
Unificação das obrigações. Caracterização do contrato mercantil. Princípios. Contrato tipo e contrato de
adesão. Dependência empresarial e tutela do contratante empresarial mais fraco. Contratos eletrônicos.
7 Compra e venda mercantil. Elementos essenciais. Direitos e obrigações das partes. Responsabilidade
pelos vícios. Responsabilidade pela evicção. Compra e venda no comércio exterior. Incoterms.
Modalidade de compras e venda. Contrato de fornecimento. Contrato de Distribuição. Comissão
mercantil. Mandato mercantil. Contrato de Agência. Lei nº 4.886/1965 (Representação comercial).
Contrato de Concessão Mercantil. Contrato de Consignação. Contrato de Franquia. Contrato de
corretagem. Contrato de transporte. Contrato de depósito. Contrato de know-how. Locação mercantil.

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS MERCANTIS (ANDRÉ LUIZ SANTA CRUZ RAMOS)
Contratos empresariais são aqueles em que ambos os contratantes são
CONCEITO
empresários e o objeto do negócio jurídico refere-se ao exercício de empresa.

217 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Deve ser menos intenso do que em relação aos contratos de direito privado, pois
DIRIGISMO
em regra nos contratos mercantis não há uma assimetria contratual, pois, em
CONTRATUAL
regra, não há nas relações entre empresários uma parte hipossuficiente.
Situação específica de alguns contratos em que um empresário tem que
DEPENDÊNCIA
organizar sua atividade segundo as diretrizes emanadas por outro empresário.
EMPRESARIAL
Ex: contrato de franquia. Nesse caso, se justificaria a proteção da parte mais fraca.
O CDC, em regra, não se aplica aos contratos empresariais.
#ATENÇÃO #OLHAOGANCHO Há jurisprudência do STJ admitindo a aplicação
CDC
do CDC quando há destinação final econômica do produto/serviço ou quando
se constata a vulnerabilidade técnica, econômica ou jurídica.

#SELIGANOSENUNCIADOS
Enunciado CJF/COMERCIAL 20: Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos
celebrados entre empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo suprir-se de insumos para
sua atividade de produção, comércio ou prestação de serviços.
Enunciado CJF/COMERCIAL 21: Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado,
tendo em vista a simetria natural das relações interempresariais.
Enunciado CJF/COMERCIAL 23: Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer
parâmetros objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto contratual.
Enunciado CJF/COMERCIAL 25: A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil
deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve-se presumir a
sofisticação dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada.
Enunciado CJF/COMERCIAL 26: O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta
prejuízo a direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes da
relação negocial.
Enunciado CJF/COMERCIAL 27: Não se presume violação à boa-fé objetiva se o empresário, durante as
negociações do contrato empresarial, preservar segredo de empresa ou administrar a prestação de
informações reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em risco a
competitividade de sua atividade.
Enunciado CJF/COMERCIAL 28: Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer
sua atividade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na
inexperiência. #ATENÇÃO
Enunciado CJF/COMERCIAL 29: Aplicam-se aos negócios jurídicos entre empresários a função social do
contrato e a boa-fé objetiva (arts. 421 e 422 do Código Civil), em conformidade com as especificidades
dos contratos empresariais

REPRESENTAÇÃO COMERCIAL
É modalidade especial de contrato de colaboração em que o colaborador, chamado de representante,
assume a incumbência de obter pedidos de compra e venda para os produtos comercializados pelo
colaborado, chamado de representado.

218 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
A representação comercial não se confunde com o mandato, uma vez que o representante não tem
poderes para concluir os negócios em nome do representado.
O contrato de representação comercial é um contrato empresarial (entre empresários), razão pela qual
é inaplicável o CDC.
No que se refere à indenização devida em caso de rescisão contratual, determina o § 1.° do art. 27 (lei
4.886/65) que “na hipótese de contrato a prazo certo, a indenização corresponderá à importância
equivalente à média mensal da retribuição auferida até a data da rescisão, multiplicada pela metade
dos meses resultantes do prazo contratual”.
A cláusula de exclusividade de zona, nos contratos de representação, é implícita (ATENÇÃO: a cláusula
de EXCLUSIVIDADE não é implícita).
Os créditos relativos às comissões do representante comercial autônomo são equiparados ao crédito
trabalhista no processo de falência

FRANQUIA
De acordo com o art. 2º da lei nº 8.955/1994, “franquia empresarial é o sistema pelo qual um
franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de
distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito
de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional
desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no
entanto, fique caracterizado vínculo empregatício”.
Há na franquia uma clara subordinação empresarial do franqueado em relação ao franqueador, sem
que exista, todavia, vínculo empregatício. Essa subordinação, pois, diz respeito apenas à organização
da atividade do franqueado, que deve seguir as orientações traçadas pelo franqueador.
O franqueador interessado em “abrir” franquias deve fornecer aos potenciais franqueados uma
CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA (COF), que conterá os dados fundamentais do negócio a ser
realizado entre as partes. Assim, sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema
de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma circular de
oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível.
A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidato a franqueado no mínimo 10 (dez) dias
antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo
de taxa pelo franqueado ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este.

#SELIGANAJURIS
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. É possível presumir a existência de exclusividade em zona de atuação de
representante comercial quando: a) não houver previsão expressa em sentido contrário; e b) houver
demonstração por outros meios da existência da exclusividade. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.077-SC, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/3/2017 (Info 601).
FACTORING. A empresa de factoring, que figura como cessionária dos direitos e obrigações estabelecidos
em contrato de compra e venda em prestações, de cuja cessão foi regularmente cientificado o devedor,
tem legitimidade para figurar no polo passivo de demandas que visem à revisão das condições
contratuais. Ex: Pedro comprou da loja uma moto parcelada. No mesmo instrumento contratual, a loja

219 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
cedeu esse crédito para uma factoring. Assim, no próprio contrato de compra e venda havia uma cláusula
dizendo que a loja estava cedendo o crédito para a factoring, a quem o devedor deveria pagar as parcelas
e que, em caso de inadimplemento, a factoring iria pleitear a restituição do bem vendido. Se Pedro
desejar propor ação pedindo a revisão deste contrato, poderá ajuizá-la diretamente contra a factoring.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.343.313-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Antônio Carlos
Ferreira, julgado em 1/6/2017 (Info 608).
FRANQUIA. A franquia não é um contrato de consumo (regido pelo CDC), mas, mesmo assim, é um
contrato de adesão (Info 591 STJ).

8 Teoria jurídica da atividade bancária. Contratos bancários. Contrato de conta corrente bancária. Mútuo
bancário. Depósito. Desconto. Abertura de crédito. Crédito documentário. Antecipação. Cobrança.
Fomento mercantil. Arrendamento mercantil. Repasse financiamento. Penhor mercantil. Alienação
Fiduciária em Garantia. Alienação fiduciária de bem móvel. Alienação fiduciária de bem imóvel. Alienação
fiduciária no âmbito do mercado de valores mobiliários. Contrato de seguro. Resseguro. Cartões de
Crédito. Encargos nos contratos de crédito bancário. Garantias nos contratos de crédito bancário.

CONTRATOS BANCÁRIOS
É o contrato por meio do qual o banco disponibiliza para o cliente uma
MÚTUO determinada quantia, cabendo a este pagar ao banco o valor correspondente,
com os acréscimos legais, no prazo contratualmente estipulado.
No depósito bancário, uma pessoa (depositante) entrega ao banco (depositário)
DEPÓSITO
determinada quantia em dinheiro, cabendo ao banco restituí-la, na mesma
BANCÁRIO
espécie, em data pré-determinada ou quando o depositante solicitar.
Contrato por meio do qual a instituição financeira se obriga a receber valores
CONTA
monetários entregues pelo cliente ou por terceiros e proceder a pagamentos por
CORRENTE
ordem do cliente, utilizando-se desses recursos.
É o contrato pelo qual o depositante autoriza o banco a empregar em
INVESTIMENTOS determinados mercados de capitais (ações, títulos da dívida pública e outros) o
dinheiro mantido em conta de depósito.
É o contrato bancário pelo qual o banco (descontador) antecipa ao cliente
DESCONTO (descontário) o valor de crédito deste contra terceiro, mesmo não vencido,
BANCÁRIO recebendo tal crédito em cessão, deduzindo a importância relativa a despesas e
juros.
Trata-se de contrato por meio do qual uma instituição financeira, a operadora do
cartão, permite aos seus clientes a compra de bens e serviços em estabelecimentos
comerciais cadastrados, que receberão os valores das compras diretamente da
CARTÃO DE
operadora. Esta, por sua vez, cobra dos clientes, mensalmente, o valor de todas as
CRÉDITO
suas compras realizadas num determinado período. Chama-se cartão de crédito,
então, o documento por meio do qual o cliente realiza a compra, apresentando-
o ao estabelecimento comercial cadastrado.

220 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Trata-se de um contrato por meio do qual o empresário transfere a uma instituição
financeira (que não precisa ser, necessariamente, um banco) as atribuições
atinentes à administração do seu crédito. Algumas vezes, esse contrato também
FOMENTO
envolve a antecipação desse crédito ao empresário. Em síntese: a instituição
(FACTORING)
financeira orienta o empresário acerca da concessão do crédito a seus clientes,
antecipa o valor dos créditos que o empresário possui e assume o risco da
inadimplência desses créditos.
O leasing ou arrendamento mercantil é um contrato de locação em que se
ARRENDAMENTO asseguram ao arrendatário três opções ao final do aluguel: (i) renovar a locação;
MERCANTIL (ii) encerrar o contrato, não mais renovando a locação; (iii) comprar o bem
(LEASING) alugado, pagando-se o valor residual. Para mais detalhes, confira a tabelinha
abaixo:

LEASING LEASING LEASING


FINANCEIRO OPERACIONAL DE RETORNO (LEASE BACK)
Previsto no art. 5º da Resolução Previsto no art. 6º da Resolução Sem previsão na Resolução
2.309/96 – BACEN 2.309/96 – BACEN 2.309/96 – BACEN
Ocorre quando determinada
pessoa, precisando se
É a forma típica e clássica do capitalizar, aliena seu bem à
leasing. Ocorre quando a arrendadora empresa de leasing, que
Ocorre quando uma pessoa já é proprietária do bem e o arrenda de volta o bem ao
jurídica (arrendadora) compra o aluga ao arrendatário, antigo proprietário a fim de que
bem solicitado por uma pessoa comprometendo-se também a ele continue utilizando a coisa.
física ou jurídica (arrendatária) prestar assistência técnica em Em outras palavras, a pessoa
para, então, alugá-lo à relação ao maquinário vende seu bem e celebra um
arrendatária contrato de arrendamento com
o comprador, continuando na
posse direta.
Ex: determinada empresa
(arrendatária) quer utilizar uma Ex: a Boeing Capital Corporation Ex: em 2011, a Varig, a fim de se
nova máquina em sua linha de (arrendadora) celebra contrato recapitalizar, vendeu algumas
produção, mas não tem de arrendamento para alugar aeronaves à Boeing e os alugou
recursos suficientes para realizar cinco aeronaves à GOL de volta por meio de um
a aquisição. Por este motivo, (arrendatária) a fim de que esta contrato de leaseback
celebra contrato de leasing utilize os aviões em seus voos. A O nome completo desse
financeiro com um Banco arrendadora também ficará negócio jurídico, em inglês, é
(arrendador) que compra o responsável pela manutenção sale and lease back (venda e
bem e o arrenda para que a dos aviões. arrendamento de volta)
empresa utilize o maquinário.

221 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Normalmente, a intenção da Normalmente, a intenção da
Em geral é utilizado com uma
arrendatária é, ao final do arrendatária é, ao final do
forma de obtenção de capital
contrato, exercer seu direito de contrato, NÃO exercer seu
de giro.
compra do bem. direito de compra do bem.

#DEOLHONASSÚMULAS
#SAINDODOFORNO #2018 -Súmula 603-STJ: É vedado ao banco mutuante reter em qualquer extensão
o salário, os vencimentos e/ou proventos de correntista para adimplir o mútuo comum contraído, ainda
que haja cláusula contratual autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem salarial
consignada, com desconto em folha de pagamento, que possui regramento legal específico e admite a
retenção de percentual.
-Súmula 565-STJ: A pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou
outra denominação para o mesmo fato gerador, é válida apenas nos contratos bancários anteriores ao
início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008;
-Súmula 566-STJ: Nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n.
3.518/2007, em 30/4/2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro no início do relacionamento entre o
consumidor e a instituição financeira.
-Súmula 380 do STJ - A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização
da mora do autor.
-Súmula 382 do STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica
abusividade.
-Súmula 293 do STJ: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o
contrato de arrendamento mercantil.
-Súmula 28 DO STJ: O contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já
integrava o patrimônio do devedor.
-Súmula 72 DO STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado
fiduciariamente.
-Súmula 92 DO STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado
de registro do veículo automotor.
-Súmula 247 DO STJ: O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do
demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.
-Súmula 258 DO STJ: A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
-Súmula 233 DO STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-
corrente, não é título executivo.
-Súmula 300 DO STJ: O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura
de crédito, constitui título executivo.
-Súmula 283 DO STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por
isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura.
-Súmula 285-STJ: Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a
multa moratória nele prevista.

222 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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-Súmula 286-STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a
possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.
-Súmula 379-STJ: Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os juros moratórios
poderão ser fixados em até 1% ao mês.
-Súmula 381-STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas.
-Súmula 477-STJ: A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários.
-Súmula 479-STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO
CONTRATOS BANCÁRIOS. A instituição pode cobrar tarifa bancária pela liquidação antecipada do saldo
devedor? • Contratos celebrados antes da Resolução CMN nº 3.516/2007 (antes de 10/12/2007): SIM. •
Contratos firmados depois da Resolução CMN nº 3.516/2007 (de 10/12/2007 para frente): NÃO Assim,
para as operações de crédito e arrendamento mercantil contratadas antes de 10/12/2007, podem ser
cobradas tarifas pela liquidação antecipada no momento em que for efetivada a liquidação, desde que a
cobrança dessa tarifa esteja claramente identificada no extrato de conferência. É permitida, desde que
expressamente pactuada, a cobrança da tarifa de liquidação antecipada de mútuos e contratos de
arrendamento mercantil até a data da entrada em vigor da Resolução nº 3.501/2007 (10/12/2007). STJ. 3ª
Turma. REsp 1.370.144-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/2/2017 (Info 597). STJ. 2ª
Seção. REsp 1.392.449-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 24/5/2017 (Info 605). #IMPORTANTE

9 Teoria geral dos títulos de crédito. Títulos de crédito no Código Civil. Constituição do crédito.
Exigibilidade. Títulos de crédito em espécie. Letra de Câmbio. Nota promissória. Cheque. Duplicata.
Títulos de créditos vinculados ao crédito rural, ao crédito industrial, ao comercial e à exportação. Cédulas
de crédito bancário. Títulos de créditos vinculados ao financiamento imobiliário. Conhecimento de
depósito. Warrant. Conhecimento de transporte. Títulos do agronegócio. Certificado de Depósitos
Bancários. Letras de câmbio financeiras. Letras de Arrendamento mercantil. Letras Financeiras. Ações
cambiárias.

CONCEITO LEGAL: O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e


autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO


CARTULARIDADE LITERALIDADE AUTONOMIA
Pressupõe que o direito de Esse princípio traduz a ideia de As relações jurídico-cambiais são
crédito mencionado na cártula que só terá validade para o autônomas e independentes
não existe sem ela, não pode ser direito cambiário, aquilo que entre si. Assim, o vício em uma
transmitido sem a sua tradição e está literalmente escrito no título. das relações não atinge as
não pode ser exigido sem a sua demais obrigações assumidas no
apresentação. título.

223 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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#ATENÇÃO em função do Deste princípio decorrem dois
princípio da cartularidade, a subprincípios:
ação de execução desses títulos -Subprincípio da abstração: com
depende da apresentação do a circulação, o título se
documento original. #EXCEÇÃO desvincula da relação que lhe
STJ – Duplicata virtual. deu origem;
#SELIGANOTERMO -Subprincípio da inoponibilidade
DESMATERIALIZAÇÃO OU das exceções pessoais ao
LIQUEFAÇÃO DOS TÍTULOS DE terceiro de boa-fé: Para o credor
CRÉDITO: crescente criação de primitivo é possível apresentar a
títulos de crédito magnéticos. exceção pessoal, mas não pode
para o terceiro de boa-fé.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO


Negociabilidade
Bens Móveis
Executividade
Obrigação Quesível
Solidariedade
#OLHAOGANCHO
SOLIDARIEDADE CIVIL SOLIDARIEDADE CAMBIÁRIA
Não há autonomia nas relações jurídicas. Há autonomia nas relações jurídicas.
Os vícios existentes na relação se estendem a
Os vícios existentes não se estendem a todos.
todos.
Nem todos os devedores terão direito de
Todos os devedores terão direito de regresso.
regresso.

TÍTULOS DE CRÉDITO TÍPICOS TÍTULOS DE CRÉDITO ATÍPICOS


Criados pela vontade dos próprios particulares
Criados por uma legislação específica, que os segundo seus interesses. Isso é permitido, desde
regulamenta. Exs: letra de câmbio, nota que não violem as regras do Código Civil. Como
promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de não são regulados por uma legislação específica,
crédito. devem obedecer às normas do CC que tratam
sobre títulos de crédito.

CLASSIFICAÇÕES:
QUANTO À FORMA a) Ao portador: circula pela mera tradição; identificação do credor não é feita
DE TRANSFERÊNCIA de forma expressa, possuidor é considerado titular do crédito (cheque até R$
OU CIRCULAÇÃO 100,00);

224 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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b) Nominal à ordem: identifica expressamente o titular e se transfere mediante
endosso e tradição (a regra geral para letra de câmbio, nota promissória,
cheque e duplicata);
c) Nominal não à ordem: também identifica expressamente, mas a circulação
se dá por cessão civil de crédito e tradição;
d) Nominativos: emitido em favor de pessoa determinada, de modo que a
transferência depende de termo no referido registro, assinado pelo emitente e
pelo adquirente do título.
a) Modelo livre: não se sujeita a formalidade específica (letra de câmbio e nota
QUANTO AO promissória);
MODELO b) Modelo vinculado: se submete a padronização fixada em lei, só produzindo
efeitos se preenchidas as formalidades legais (cheque e duplicata).
QUANTO À a) Ordem de pagamento: letra de câmbio, cheque e duplicata;
ESTRUTURA b) Promessa de pagamento: nota promissória;
a) Título causal: somente pode ser emitido nas hipóteses em que a lei autoriza
QUANTO ÀS
essa emissão (duplicata);
HIPÓTESES DE
b) Título abstrato: emissão não está condicionada a nenhuma causa
EMISSÃO
preestabelecida em lei (cheque e nota promissória).

ENDOSSO
O endosso é o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito (endossante)
transmite seus direitos a outrem (endossatário). É ato cambiário, posto que põe o título
em circulação.
CONCEITO #SAIBAADIFERENÇA:
(a) Títulos à ordem → são aqueles transferidos por endosso (a cláusula “à ordem” é
implícita);
(b) Títulos não à ordem → só podem ser transferidos por cessão civil.
(a) transfere a titularidade do crédito;
EFEITOS (b) responsabiliza o endossante, passando este a ser codevedor do título (se o devedor
principal não pagar, o endossatário poderá cobrar do endossante).
(i) Endosso branco: O endosso em branco é aquele que não identifica o seu beneficiário,
chamado de endossatário. Nesse caso, simplesmente o endossante assina no verso do
ENDOSSO título, sem identificar a quem está endossando, o que acaba, na prática, permitindo que
BRANCO o título circule ao portador, ou seja, pela mera tradição da cártula.
x (ii) Endosso preto: é aquele que identifica expressamente a quem está sendo transferida
ENDOSSO a titularidade do crédito, ou seja, o endossatário. Assim, só poderá circular novamente
PRETO por meio de um novo endosso, que poderá ser em branco ou em preto. Nesse caso,
pois, o endossatário, ao recolocar o título em circulação, assumirá a responsabilidade
pelo adimplemento da dívida, uma vez que deverá praticar novo endosso.
ENDOSSO O endosso impróprio compreende duas modalidades distintas:
IMPRÓPRIO

225 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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(a) endosso-caução (endosso-pignoratício) → caracteriza-se quando o endossante
transmite o título como forma de garantia de uma dívida contraída perante o
endossatário.
(b) endosso-mandato (endosso-procuração) → Por meio dele, o endossante confere
poderes ao endossatário – por exemplo, uma instituição financeira – para agir como seu
legítimo representante, exercendo em nome daquele os direitos constantes do título,
podendo cobrá-lo, protestá-lo, executá-lo etc.
Súmula 476 do STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só
responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de
mandatário.
Esse endosso feito após o protesto ou após o prazo para a realização do protesto é
chamado pela doutrina de endosso póstumo ou endosso tardio, expressões que
ENDOSSO
denotam, claramente, que tal endosso foi levado a efeito tarde demais. Nesse caso,
PÓSTUMO
portanto, como a norma acima transcrita deixa claro, o endosso não produz os efeitos
normais de um endosso, valendo tão somente como uma mera cessão civil de crédito.
ENDOSSO CESSÃO CIVIL
O endossante responde pela existência O cedente responde somente pela
do crédito e pela solvência do devedor existência do crédito.
Para se defender, o devedor não
poderá arguir matérias atinentes à sua
Para se defender, o devedor poderá
relação jurídica com o endossatário
ENDOSSO arguir matérias atinentes à sua relação
(subprincípios da autonomia e
X jurídica com o cessionário.
inoponibilidade das exceções pessoais
CESSÃO aos terceiros de boa-fé.)
CIVIL
#MUITAATENÇÃO #CÓDIGOCIVIL
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, NÃO
RESPONDE O ENDOSSANTE PELO CUMPRIMENTO DA PRESTAÇÃO constante do título.
#GRIFO NOSSO.
O CC inverte a regra da LUG (lei uniforme de Genebra), de modo que o endossante não
responde pelo pagamento.

AVAL
Ato cambiário pelo qual um terceiro (o avalista) se responsabiliza pelo pagamento da
obrigação constante do título.
CONCEITO #OLHAAPEGADINHA:
- A LUG admite o AVAL PARCIAL.
- O CC (art. 897) NÃO ADMITE O AVAL PARCIAL.
O local apropriado para a realização do aval é o anverso do título, caso em que basta a
LOCAL
simples assinatura do avalista. Nada impede, todavia, que o aval seja feito no verso da

226 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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cártula, bastando para tanto, além da assinatura, a expressa menção de que se trata de
aval.
O aval também pode ser feito em branco, hipótese em que não identifica o avalizado,
PRETO
ou em preto, caso em que o avalizado é expressamente indicado. Quando o aval é em
x
branco, presume-se que foi dado em favor de alguém: no caso da letra de câmbio,
BRANCO
presume-se em favor do sacador; nos demais títulos, em favor do emitente ou subscritor.
Há três diferenças básicas:
(a) A primeira delas é decorrente da submissão do aval ao PRINCÍPIO DA AUTONOMIA,
inerente aos títulos de crédito. O aval, por ser um instituto do regime jurídico cambial,
constitui uma obrigação autônoma em relação à dívida assumida pelo avalizado. Assim,
se a obrigação do avalizado, eventualmente, for atingida por algum vício, este não se
transmite para a obrigação do avalista. Na fiança o mesmo não ocorre: ela, como
obrigação acessória, leva a mesma sorte da obrigação principal a que está relacionada.
(b) Outra distinção relevante entre o aval e a fiança diz respeito ao BENEFÍCIO DE
ORDEM, presente nesta e ausente naquele. De fato, o aval não admite o chamado
benefício de ordem, razão pela qual o avalista pode ser acionado juntamente com o
avalizado. Na fiança, todavia, o benefício de ordem assegura ao fiador a prerrogativa de
somente ser acionado após o afiançado. A responsabilidade do fiador é, portanto,
AVAL subsidiária.
x (c) O aval deve ser prestado no próprio título, em obediência ao PRINCÍPIO DA
FIANÇA LITERALIDADE; já a fiança pode ser prestada em instrumento separado.
#RESUMINDO

Aval Fiança
Só pode se dar nos títulos de crédito Só pode se dar em contrato
Autônomo
OBS: Em razão dessa autonomia, ainda
que o avalizado tenha uma falência, Acessório
incapacidade ou morte, o avalista
continua responsável.
Se NÃO houver renúncia à opção
Não tem benefício de ordem (relação
(estipulação expressa) tem benefício de
de corresponsabilidade).
ordem.

SÚMULA 26 DO STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde
pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário.
SÚMULA 189 DO STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos.
#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS #AJUDAMARCINHO: Se uma pessoa vai dar o seu aval, ela
precisará da concordância do seu cônjuge? Exige-se outorga uxória ou marital (concordância do cônjuge)
para que a pessoa seja avalista?
• Leis que regem os títulos de crédito: NÃO. Não há previsão exigindo.

227 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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• Código Civil: SIM. Exige-se autorização do cônjuge, nos termos do art. 1.647, III.
Essa norma exige uma interpretação razoável e restritiva, sob pena de descaracterizar o aval como
instituto cambiário. Diante disso, o STJ afirmou que esse art. 1.647, III, do CC somente é aplicado para os
títulos de créditos inominados, considerando que eles são regidos pelo Código Civil. Por outro lado, os
títulos de créditos nominados (típicos), que são regidos por leis especiais, não precisam obedecer essa
regra do art. 1.647, III, do CC. Em suma, o aval dado aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde
de outorga uxória ou marital. Exemplos de títulos de créditos nominados: letra de câmbio, nota
promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.526.560-MG, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 16/3/2017 (Info 604). STJ. 4ª Turma. REsp 1.633.399-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 10/11/2016.

PROTESTO
Ato formal pelo qual se atesta um fato relevante para a relação cambial. Esse fato
CONCEITO relevante pode ser (i) a falta de aceite do título, (ii) a falta de devolução do título ou
(iii) a falta de pagamento do título.

NECESSÁRIO NECESSÁRIO Contra os coobrigados e endossantes.


x PROTESTO
FACULTATIVO FACULTATIVO Contra o devedor principal e seu avalista.

Medida processual muito comum é a cautelar de sustação de protesto. É preciso


destacar, porém, que ela só é cabível enquanto o protesto ainda não foi lavrado. Após
SUSTAÇÃO a sua lavratura, o máximo que se pode determinar é a sustação dos seus efeitos, mas,
nesse caso, o protesto permanece incólume e continuará registrado nos
assentamentos do cartório em que foi lavrado, até que seja feito o seu cancelamento.
Quanto ao local do PROTESTO, em regra, ele ocorrerá no local do pagamento, e na
sua ausência será no domicílio do devedor ou de qualquer deles em sendo vários
devedores.
CASOS ESPECÍFICOS:
Letra de Câmbio Duplicata Nota Promissória Cheque
LOCAL
Deverá ser
Lugar de
protestada no
Lugar do Lugar do pagamento ou
local indicado
pagamento. pagamento. domicílio do
para aceite ou
emitente.
pagamento.

SÚMULA 475 DO STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe
por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado
seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas.

228 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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LETRA DE CÂMBIO
É um título de crédito que se estrutura como ORDEM DE PAGAMENTO, razão pela
qual, ao ser emitida, dá origem a três situações jurídicas distintas:
ESTRUTURA
a) a do sacador, que emite a ordem;
DO TÍTULO
b) a do sacado, a quem a ordem é destinada;
c) a do tomador, que é o beneficiário da ordem.
Aceite é o ato pelo qual o sacado assume obrigação cambial e se torna o devedor
ACEITE principal da letra (aceitante). O aceite, na letra de câmbio, é FACULTATIVO, porém
irretratável.
(a) Dia certo: é a que vence em data preestabelecida pelo sacador, logicamente
posterior à data do saque.
(b) À vista: é aquela que tem seu vencimento no dia da apresentação do título ao
sacado. Não há a prefixação de uma data específica, portanto.
(c) A certo termo da vista: é a que vence após um determinado prazo, estipulado pelo
VENCIMENTO
sacador quando de sua emissão, que começa a correr a partir da vista (aceite) do
título.
(d) A certo termo da data: também vence após um determinado prazo estipulado
pelo sacador, mas que começa a correr não a partir do aceite, mas a partir da própria
emissão (saque) do título.
Pagável no Deve ser apresentada no dia do vencimento
DATA PARA PAGAMENTO exterior ou nos dois dias úteis seguintes
O DE UMA LETRA Deve ser apresentada no dia do vencimento
Pagável no
PAGAMENTO DE CÂMBIO ou, recaindo em dia não útil, no primeiro dia
Brasil
útil seguinte.

NOTA PROMISSÓRIA
Trata-se de uma promessa de pagamento, razão pela qual sua emissão dá
origem a duas situações jurídicas distintas:
ESTRUTURA DO a) a do sacador ou promitente (chamado na Lei Uniforme de subscritor), que
TÍTULO emite a nota e promete pagar determinada quantia a alguém;
b) e a do tomador, em favor de quem a nota é emitida e que receberá a
importância prometida.
ACEITE A nota promissória NÃO ADMITE ACEITE!
LEGISLAÇÃO Aplicam-se às notas promissórias as normas previstas para a letra de câmbio em
APLICÁVEL relação ao endosso, aval e vencimento.

CHEQUE
O cheque é ordem de pagamento à vista emitida contra um banco em
ESTRUTURA DO TÍTULO razão de fundos que a pessoa (emitente) tem naquela instituição
financeira. É, como visto, um título de modelo vinculado, uma vez que só

229 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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é cheque aquele documento emitido pelo banco, em talonário específico,
com uma numeração própria.
(a) Lei do Cheque prevê, em seu art. 39, que o banco tem a obrigação
legal de verificar a regularidade da cadeia de endossos;
(b) Quando possuírem valor não superior a R$ 100,00 (cem reais), podem
ser emitidos ao portador. Cheques acima desse valor, todavia, deverão ser
emitidos nominalmente;
CURIOSIDADES
(c) Embora seja uma ordem de pagamento à vista, popularizou-se bastante
no Brasil a emissão de cheque para ser pago em data futura (cheque pré
ou pós-datado). Por ser o cheque uma ordem de pagamento à vista, se
apresentado o título, o banco é obrigado a pagar. No entanto, aquele que
apresentou o cheque, nessas condições, será civilmente responsabilizado.
(a) Cheque cruzado: ao ser feito o cruzamento o cheque só pode ser pago
a um banco ou a um cliente do banco, mediante crédito em conta, o que
evita, consequentemente, o seu desconto na boca do caixa;
(b) Cheque visado: aquele em que o banco confirma, mediante assinatura
no verso do título, a existência de fundos suficientes para pagamento do
MODALIDADES DE valor mencionado. Ao visar o cheque, o banco garante que ele tem fundos
CHEQUES e assegura o seu pagamento durante o prazo de apresentação. Com o
visto, o banco se obriga a reservar a quantia constante do cheque durante
o período de apresentação;
(c) Cheque administrativo: é aquele emitido por um banco contra ele
mesmo, para ser liquidado em uma de suas agências. O banco, portanto,
é ao mesmo tempo emitente e sacado.
Art. 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de
contraordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial,
com as razões motivadoras do ato. Parágrafo único - A revogação ou
contraordem só produz efeito depois de expirado o prazo de
apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até
que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei.
SUSTAÇÃO DO CHEQUE Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador
legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por
escrito, oposição fundada em relevante razão de direito.
§ 1º A oposição do emitente e a revogação ou contraordem se excluem
reciprocamente.
§ 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo
oponente.
Trata-se do prazo dentro do qual o emitente deverá levar o cheque para
PRAZO DE pagamento junto à instituição financeira sacada.
APRESENTAÇÃO
“da mesma praça” O prazo de apresentação é de 30 dias.

230 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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“de praças diferentes” O prazo de apresentação será de 60 dias.
Art. 59 Prescrevem em 6 (SEIS) MESES, contados da expiração do prazo de
apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.
PRESCRIÇÃO Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do
cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que
o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado.
É uma forma de cobrança do cheque prescrito.
Art. 61 A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados,
AÇÃO DE
que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque,
LOCUPLETAMENTO
PRESCREVE EM 2 (DOIS) ANOS, contados do dia em que se consumar a
prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei.

SÚMULA 600 DO STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado
o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária.
SÚMULA 299 DO STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
SÚMULA 503 DO STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem
força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
SÚMULA 531 DO STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
SÚMULA 370 DO STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.

#DEOLHONAJURIS: O cheque pós-datado amplia o prazo de apresentação?


1) Pós-datação regular (efetivada no campo referente à data de emissão): SIM. A pactuação da pós-
datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de apresentação à instituição financeira sacada,
deve espelhar a data de emissão estampada no campo específico da cártula. O ordenamento jurídico
confere segurança e eficácia à pós-datação regular (efetivada no campo referente à data de emissão).
STJ. 2a Seção. REsp 1.423.464-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/4/2016 (recurso repetitivo)
(Info 584).
2) Pós-datação extracartular (feita em campo diverso do campo específico): NÃO. A pós-datação
extracartular do cheque não modifica o prazo de apresentação nem o prazo de prescrição do título. A
pós-datação extracartular tem existência jurídica, mas apenas com natureza obrigacional entre as partes
(Súmula 370). Esta pactuação extracartular, contudo, é ineficaz em relação à contagem do prazo de
apresentação e, por conseguinte, não tem o condão de operar o efeito de ampliar o prazo de
apresentação do cheque. STJ. 4a Turma. REsp 1.124.709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
18/6/2013 (Info 528).

DUPLICATA
A duplicata é título causal, ou seja, só pode ser emitida para documentar
ESTRUTURA DO determinadas relações jurídicas preestabelecidas pela sua lei de regência, quais
TÍTULO sejam:
(i) uma compra e venda mercantil, ou

231 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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(ii) um contrato de prestação de serviço.
(a) A duplicata só pode ser emitida com dia certo ou à vista;
(b) É título estruturado como ordem de pagamento;
CARACTERÍSTICAS
(c) O ACEITE É OBRIGATÓRIO;
(d) a duplicata é título de crédito emitido pelo próprio credor (vendedor).
Emitida a duplicata, ela deverá então ser enviada para o devedor (comprador),
para que este efetue o aceite e a devolva. Caso ele recuse o aceite, terá que
justificar tal ato. O devedor (comprador) se obriga ao pagamento desse título
independentemente de aceitá-lo expressamente. Daí porque se diz que o aceite,
na duplicata, pode ser expresso (ordinário) ou presumido (por presunção). A
grande diferença entre o aceite expresso e o aceite presumido se manifesta na
PROCEDIMENTO
execução da duplicata. Com efeito, a duplicata aceita expressamente, como é
título de crédito perfeito e acabado, pode ser executada sem a exigência de
maiores formalidades. Basta a apresentação do título. No entanto, a execução
da duplicata aceita por presunção segue regra diferente. Além da apresentação
do título, são necessários o protesto (mesmo que a execução se dirija contra o
devedor principal) e o comprovante de entrega das mercadorias.

10 Teoria geral das execuções coletivas. Teoria geral da falência. Evolução do Direito Falimentar. Princípio
da preservação da empresa. Crise da empresa. Lei nº 11.101/2005: Princípios. Disposições preliminares.
Disposições comuns à recuperação judicial e à falência: verificação e habilitação de créditos.
Administrador judicial e Comitê de Credores. Assembleia geral de credores. Recuperação judicial. Pedido
e processamento da recuperação judicial. Plano de Recuperação Judicial. Procedimento de recuperação
judicial. Plano de Recuperação Judicial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Convolação
da recuperação judicial em falência. Falência. Disposições gerais. Classificação dos créditos. Pedido de
restituição. Procedimento para a decretação da falência. Inabilitação empresarial, direitos e deveres do
falido. Falência requerida pelo próprio devedor. Arrecadação e custódia de bens. Efeitos da decretação
da falência sobre as obrigações do devedor. Ineficácia e revogação dos atos praticados antes da falência.
Realização do ativo. Pagamento aos credores. Encerramento da falência e extinção das obrigações do
falido. Recuperação extrajudicial. Disposições penais. Disposições comuns. Procedimento penal.
Disposições finais e transitórias. O Ministério Público no processo de falência e de recuperação judicial.

SISTEMAS DETERMINANTES DA INSOLVÊNCIA


Insuficiência do ativo do empresário para saldar o
ESTADO PATRIMONIAL DEFICITÁRIO
passivo
SISTEMA DA CESSAÇÃO DE PAGAMENTOS Presunção de insolvabilidade
Não pagamento injustificado de determinada
IMPONTUALIDADE
obrigação líquida no seu vencimento.
ENUMERAÇÃO LEGAL Prática de atos de falência
#ATENÇÃO Os dois últimos foram os sistemas adotados no Brasil

232 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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FALÊNCIA
Trata-se de execução especial, na qual todos os credores deverão ser
reunidos em um único processo, para a execução conjunta do devedor. Em
vez de se submeter a uma execução individual, o devedor insolvente deverá
CONCEITO
se submeter a uma execução concursal, em obediência ao princípio da par
conditio creditorum, segundo o qual deve ser dado aos credores tratamento
isonômico.
PRINCÍPIO DA Essa atividade (empresa) pode continuar sob a
PRESERVAÇÃO DA responsabilidade de outro empresário (empresário
EMPRESA individual ou sociedade empresária).
evitando-se a desvalorização e a deterioração,
PRINCÍPIOS consegue-se fazer com que no momento da venda
PRINCÍPIO DA
esta seja feita por um preço justo, o que em última
MAXIMIZAÇÃO
análise interessa aos credores da massa, visto que o
DOS ATIVOS
dinheiro arrecadado será usado para o pagamento
de seus créditos.
PRESSUPOSTO
MATERIAL Devedor empresário
SUBJETIVO
PRESSUPOSTOS DA PRESSUPOSTO
FALÊNCIA MATERIAL Insolvência (jurídica ou presumida) do devedor
OBJETIVO
PRESSUPOSTO Sentença declaratória de falência (natureza
FORMAL constitutiva)
FASE PRÉ- Início: com o pedido de falência.
FALIMENTAR Término: sentença declaratória de falência.
PROCEDIMENTO Início: sentença declaratória de falência.
FASE FALIMENTAR
Término: sentença de encerramento.
REABILITAÇÃO Início: sentença de extinção das obrigações do falido.
I – empresa pública e sociedade de economia mista;
A lei não distingue entre prestadora de serviço público ou exploradora de
atividade econômica.
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito,
NÃO ESTÃO SUJEITOS
consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de
A FALÊNCIA
plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
#ATENÇÃO tais agentes possuem leis específicas para tratar da sua
insolvência.
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:
SUJEITO ATIVO
I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;

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II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o
inventariante;
III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo
da sociedade;
IV – qualquer credor.
#SELIGA Enunciado 56: A Fazenda Pública não possui legitimidade ou
interesse de agir para requerer a falência do devedor empresário.
O juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de
empresa que tenha sede fora do Brasil.
#SELIGA: conceito de principal estabelecimento está ligado ao aspecto
COMPETÊNCIA
econômico: local onde o devedor concentra o maior volume de negócios,
o que nem sempre coincide com o local da sede ou centro administrativo.
Trata-se de competência absoluta.
-Ações não reguladas pela Lei 11.101/05 em que a massa falida atue no polo
ativo da relação processual, individualmente ou em litisconsórcio.
EXCEÇÕES AO JUÍZO -Ações que demandam quantia ilíquida
UNIVERSAL DA -Demandas em curso na Justiça do Trabalho
FALÊNCIA -Execuções fiscais
-Ações em que a União ou algum ente público federal sejam partes ou
interessados
Quatro opções diante do pedido de falência:
-pode apresentar contestação;
RESPOSTAS DO
-fazer o depósito elisivo;
DEVEDOR:
-contestar e realizar o depósito elisivo;
-pedir a recuperação judicial.
A elisão da falência é feita com o depósito em juízo do valor da dívida
reclamada no pedido falimentar, devidamente corrigido e acrescido de juros
e honorários advocatícios.
#PRESTAATENÇÃO Pela literalidade da lei, não cabe elisão da falência nos
DEPÓSITO ELISIVO
casos dos atos de falência descritos no inciso III do art. 94 da Lei, mas apenas
nos casos de impontualidade injustificada e execução frustrada. Entretanto,
a doutrina e jurisprudência tendem a admitir o depósito elisivo em qualquer
caso.
Sentença que decreta a Falência = Agravo de Instrumento
RECURSO CABÍVEL
Sentença que julga improcedente a Falência = Apelação
É um lapso temporal. Os atos praticados dentro desse intervalo de tempo,
TERMO LEGAL DA serão investigados, por meio de uma auditoria. E se, por acaso, o devedor
FALÊNCIA OU praticar atos expressamente previstos no art. 129 (são as hipóteses de ação
PERÍODO SUSPEITO / revocatória) da Lei, o juiz irá a declarar a ineficácia desses atos. O termo
CINZENTO: legal da falência não pode retroagir por mais de noventa dias contado do
pedido de falência (no caso de atos de falência), do pedido de recuperação

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judicial (no caso de convolação em falência) ou do primeiro protesto por
falta de pagamento (no caso de falência por impontualidade injustificada ou
execução fracassada), excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que
tenham sido cancelados.
Falência dos sócios de responsabilidade ilimitada;
Apuração de eventual responsabilidade pessoal dos
sócios de responsabilidade limitada;
Inabilitação empresarial;
Perda do direito de administração dos seus bens e da
disponibilidade sobre eles (formação da massa falida
EM RELAÇÃO À
objetiva);
PESSOA DO
Não pode ausentar-se do lugar da falência sem
DEVEDOR
autorização do juiz;
Comparecimento a todos os atos da falência;
Suspensão do direito ao sigilo à correspondência e ao
livre exercício da profissão;
Dever de colaboração com a administração da
falência.
EM RELAÇÃO AOS Formação da massa falida objetiva (arrecadação de
BENS DO todos os bens do devedor, exceto os absolutamente
DEVEDOR impenhoráveis).
Suspensão do exercício do direito de retenção (sobre
EFEITOS DA FALÊNCIA os bens sujeitos à arrecadação), de retirada ou
recebimento do valor de quotas ou ações por parte
dos sócios da sociedade falida;
Vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos
sócios ilimitada e solidariamente responsáveis (com
abatimento proporcional dos juros e conversão de
EM RELAÇÃO ÀS todos os créditos em moeda estrangeira para a
OBRIGAÇÕES DO moeda do país);
DEVEDOR Limitação à compensação de dívidas do devedor até
o dia da decretação da falência;
Inexigibilidade de juros vencidos, previstos em lei ou
em contrato, se o ativo apurado não bastar para o
pagamento dos credores subordinados;
Continuidade dos contratos que puderem ser
cumpridos e que possam reduzir ou evitar o aumento
do passivo.
EM RELAÇÃO AOS Formação da massa falida subjetiva (procedimento de
CREDORES DO verificação e habilitação dos créditos).
FALIDO Instauração do juízo universal da falência.

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EM RELAÇÃO AOS Fixação do termo legal da falência (ineficácia dos
ATOS DO FALIDO atos).
-Pagamento de todos os créditos;
-Pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta
por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito
da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não
bastou a integral liquidação do ativo;
EXTINÇÃO DAS
-Decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência,
OBRIGAÇÕES DO
se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;
DEVEDOR FALIDO
-Decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência,
se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.
-Verificada a prescrição ou extintas as obrigações nos termos desta Lei, o
sócio de responsabilidade ilimitada também poderá requerer que seja
declarada por sentença a extinção de suas obrigações na falência.

ATOS OBJETIVAMENTE INEFICAZES ATOS SUBJETIVAMENTE INEFICAZES


Art. 129 da Lei 11.101/95 Art. 130 da Lei 11.101/05
Rol taxativo Rol não taxativo
só terão reconhecida sua ineficácia se restar
reconhecimento da ineficácia independe da provada a intenção de prejudicar os credores, o
demonstração de fraude do devedor ou de conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro
conluio com o terceiro com quem ele contratou. que contratou com ele e o real prejuízo da
massa.
Pode ser declarada de ofício Não pode ser declarada de ofício
Pode ser declarada de modo incidental Depende de ação revocatória

#SELIGA: A legitimidade para propositura da ação revocatória é concorrente entre o administrador


judicial, qualquer credor e o Ministério Público. Além disso, o prazo para propositura é de três anos
contados da decretação de falência. Se o juiz julga a ação revocatória procedente, as partes retornarão
ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao
devedor (art. 136).

Remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos


derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho
relativos a serviços prestados após a decretação da falência;
CRÉDITOS Quantias fornecidas à massa pelos credores;
EXTRACONCURSAIS Despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição
do seu produto, bem como custas do processo de falência;
Custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha
sido vencida;

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Obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da
falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da
falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.
Os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e
cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de
trabalho (sem limitação de valor);
Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
Créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de
constituição, excetuadas as multas tributárias;
Créditos com privilégio especial, a saber:
a) os previstos no art. 964 do Código Civil;
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição
contrária desta Lei;
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa
dada em garantia;
d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das
microempresas e empresas de pequeno porte de que trata a Lei
Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006
CRÉDITOS
Créditos com privilégio geral, a saber:
CONCURSAIS
a) os previstos no art. 965 do Código Civil;
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei;
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição
contrária desta Lei;
Créditos quirografários, a saber:
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens
vinculados ao seu pagamento;
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem
o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas, inclusive as multas tributárias;
Créditos subordinados, a saber:
a) os assim previstos em lei ou em contrato;
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise
CONCEITO econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores,

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promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica.
AUTOR DO
Somente EMPRESÁRIOS
PEDIDO
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda
aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I –não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em
REQUISITOS julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
MATERIAIS PARA II –não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
O PEDIDO III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada
pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador,
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Inicia-se com o pedido de recuperação e vai até o
POSTULAÇÃO
despacho de processamento;
Vai do despacho de processamento até a decisão
FASES PROCESSAMENTO
concessiva;
Da decisão concessiva até o encerramento da
EXECUÇÃO
recuperação judicial.
Publicada a decisão que defere o processamento do pedido de recuperação, o
APRESENTAÇÃO devedor terá prazo de 60 dias para apresentar ao juízo o seu plano de
DO PLANO DE recuperação. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de
RECUPERAÇÃO recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação
de credores.
Se os credores consentirem com o plano do devedor,
sem a apresentação de qualquer objeção, ou se eles
COM O aprovarem o plano, com ou sem alterações, na
CONSENTIMENTO DOS assembleia geral, caberá apenas ao devedor
CREDORES providenciar a apresentação de certidões negativas
de débitos tributários, nos termos previstos pela
legislação tributária.
CONCESSÃO DA
Art. 58. § 1º O juiz poderá conceder a recuperação
RECUPERAÇÃO
judicial com base em plano que não obteve
aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que,
SEM O CONSENTIMENTO na mesma assembleia, tenha obtido, de forma
DOS CREDORES cumulativa: #ATENÇÃO
I – o voto favorável de credores que representem mais
da metade do valor de todos os créditos presentes à
assembleia, independentemente de classes;

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II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores
nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente
2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação
de pelo menos 1 (uma) delas;
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável
de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados
na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.
§2º A recuperação judicial somente poderá ser
concedida com base no § 1º deste artigo se o plano
não implicar tratamento diferenciado entre os
credores da classe que o houver rejeitado.
O objetivo do processo de recuperação judicial é propiciar ao devedor as
condições necessárias à superação de sua crise econômico-financeira. As medidas
ENCERRAMENTO
propostas no plano, pois, devem ser levadas a cabo para que surtam os efeitos
esperados e permitam que a empresa continue em atividade.

CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA


O devedor permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas
no plano que se vencerem ATÉ 2 (DOIS) ANOS depois da concessão da recuperação judicial.
Durante esse período, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a
convolação da recuperação em falência.
Além disso, o juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:
I – por deliberação da assembleia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei;
II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei;
III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4º do art. 56 desta Lei;
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1º
do art. 61 desta Lei.

#DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO
FALÊNCIA. O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou
da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das hipóteses do
art. 94 da Lei nº 11.101/2005. Assim, independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial,
é possível a decretação da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no
vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma
ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei
nº 11.101/2005). STJ. 3ª Turma. REsp 1.532.154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
18/10/2016 (Info 596).
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Depois de ter sido deferido o processamento da recuperação judicial, todas
as ações e execuções contra o devedor que está em recuperação judicial ficam suspensas, excetuadas as
que demandarem quantia ilíquida (§ 1º do art. 6º da Lei nº 11.101/2005) e as execuções fiscais (§ 7º). Além
de as ações e execuções contra o devedor em recuperação ficarem suspensas, o destino do patrimônio

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da sociedade em processo de recuperação judicial não poderá ser atingido por decisões prolatadas por
juízo diverso daquele onde tramita o processo de reerguimento, sob pena de violação ao princípio maior
da preservação da atividade empresarial. Em outras palavras, qualquer decisão que afete os bens da
empresa em recuperação deverá ser tomada pelo juízo onde tramita a recuperação. O juízo onde tramita
o processo de recuperação judicial é o competente para decidir sobre o destino dos bens e valores objeto
de execuções singulares movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente de
relação de consumo. Ex: João comprou uma geladeira em uma loja. O produto apresentou vício e o
consumidor propôs, no Juizado Especial, ação de indenização contra o fornecedor. O juiz julgou o pedido
procedente, condenando a empresa a pagar R$ 10 mil. Como não houve pagamento espontâneo, o
magistrado determinou a penhora online da quantia. Ocorre que, em março de 2017, antes que o
dinheiro penhorado fosse transferido para João, o Juízo da Vara Cível deferiu a recuperação judicial da
referida loja. Como já foi deferida a recuperação judicial, a competência para decidir sobre o patrimônio
do devedor passa a ser do juízo da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.702-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 2/02/2017 (Info 598).
DIREITO FALIMENTAR. Nos processos de falência ajuizados anteriormente à vigência da Lei nº
11.101/2005, a decretação da extinção das obrigações do falido prescinde da apresentação de prova da
quitação de tributos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.426.422-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/3/2017
(Info 601). Existe divergência se, na vigência da Lei nº 11.101/2005, a quitação dos tributos é condição para
a extinção das obrigações do falido. A Min. Nancy Andrighi sustenta que sim. Em provas objetivas, fique
atento porque pode ser cobrada a redação literal do art. 191 do CTN, devendo essa alternativa ser
assinalada como correta: “Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos
os tributos.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Os créditos trabalhistas litigiosos referentes a serviços prestados pelo
trabalhador à empresa antes da recuperação judicial deverão estar sujeitos a ela, mesmo que no
momento do pedido tais créditos não estivessem consolidados? SIM. A partir do momento em que o
empregado trabalha, ele se torna credor de seu empregador, tendo direito ao recebimento das verbas
trabalhistas. Esse crédito existe independentemente de decisão judicial. Se o empregador não paga e o
empregado ingressa com reclamação trabalhista, a sentença apenas reconhecerá (declarará) a existência
do direito do trabalhador, condenando o patrão a pagar. Não é a sentença, contudo, que constitui o
direito, mas apenas o declara. Isso significa que, se este crédito foi constituído em momento anterior ao
pedido de recuperação judicial, deverá se submeter aos seus efeitos. Desse modo, se as verbas
trabalhistas estão relacionadas com serviços prestados pelo empregado em momento anterior ao pedido
de recuperação judicial, tais verbas também estarão sujeitas a esse procedimento, mesmo que a sentença
trabalhista tenha sido prolatada somente depois do deferimento da recuperação. A consolidação do
crédito trabalhista (ainda que inexigível e ilíquido) não depende de provimento judicial que o declare —
e muito menos do transcurso de seu trânsito em julgado —, para efeito de sua sujeição aos efeitos da
recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.046-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/4/2017 (Info 604).
FALÊNCIA. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES. A extinção das obrigações do falido, em decorrência da
aplicação do art. 135, III, do Decreto Lei nº 7.661/45 (art. 158, III, da Lei nº 11.101/2005), não extingue nem

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impede o prosseguimento de execução ajuizada contra avalista e devedor solidário. STJ. 4ª Turma. REsp
1.104.632-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/4/2017 (Info 605).
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Os bondholders – detentores de títulos de dívida emitidos por sociedades em
recuperação judicial e representados por agente fiduciário – têm assegurados o direito de voto nas
deliberações sobre o plano de soerguimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.670.096-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 20/6/2017 (Info 607).
FALÊNCIA. A Lei de Falências afirma que o credor terá direito de receber seu crédito do falido com juros
e correção monetária que são calculados até a “data da decretação da falência”. Quando a lei fala em
“decretação da falência” deve-se considerar a data em ela foi prolatada (não importando quando ocorreu
a sua publicação). Assim, no processo de falência, a incidência de juros e correção monetária sobre os
créditos habilitados deve ocorrer até a decretação da quebra, entendida como a data da prolação da
sentença (e não sua publicação). STJ. 3ª Turma. REsp 1.660.198-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
3/8/2017 (Info 609)
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O credor deverá apresentar ao administrador judicial da falência o valor do
seu crédito, atualizado com juros e correção monetária. Vale ressaltar que o termo final da incidência dos
juros e correção monetária é a data do pedido de recuperação judicial, nos termos do art. 9º, II, da Lei
nº 11.101/2005. Assim, mesmo que a sentença condenatória transitada em julgado tenha determinado
que os juros e correção monetária iriam incidir até a data do efetivo pagamento, quando este crédito for
habilitado na recuperação judicial ele será atualizado até a data do pedido de recuperação judicial.
Segundo o STJ decidiu, isso não ofende a coisa julgada. Nesse sentido: Não ofende a coisa julgada a
decisão de habilitação de crédito que limita a incidência de juros de mora e correção monetária,
delineados em sentença condenatória de reparação civil, até a data do pedido de recuperação judicial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.662.793-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/8/2017 (Info 610).
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicial não obsta a
homologação de sentença arbitral estrangeira. No caso, empresa brasileira foi condenada, em sentença
arbitral proferida na Suíça, a pagar determinada quantia a empresa estrangeira. A credora pediu a
homologação desta sentença no STJ. A empresa brasileira encontra-se em processo de recuperação
judicial no Brasil. Isso, contudo, não impede que o STJ homologue esta sentença estrangeira. Depois, a
credora terá que habilitar este crédito no juízo da recuperação. STJ. Corte Especial. SEC 14.408-EX, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/6/2017 (Info 610)

#SELIGANASSÚMULAS
-Súmula 248-STJ: Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título
hábil para instruir pedido de falência.
-Súmula 361-STJ: A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, exige
a identificação da pessoa que a recebeu.
-Súmula 29-STJ: No pagamento em juízo para elidir falência, são devidos correção monetária, juros e
honorários de advogado.
-Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações
e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia
cambial, real ou fidejussória.

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CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
→ FALÊNCIA
- A lei 11.101/2005 é considerada híbrida, por possuir normas de caráter material e processual.
INCIDÊNCIA DA LEI 11.101/2005
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
SOCIEDADE EMPRESÁRIA
EIRELI
#ATENÇÃO: estão totalmente excluídas da incidência da Lei 11.101/2005 das sociedades de
economia mista e as empresas públicas, por expressa previsão legal.
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS
CELERIDADE
ECONOMIA PROCESSUAL
PRESERVAÇÃO DA EMPRESA
MAXIMIZAÇÃO DOS ATIVOS

PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA
OBJETIVO SUBJETIVO
PRESSUPOSTO MATERIAL
Insolvência do devedor* Qualidade de empresário
PRESSUPOSTO FORMAL SENTENÇA

#SELIGA: Galera, lembrem-se de que essa insolvência é JURÍDICA, e não meramente econômica
(insuficiência de ativo para saldar o passivo). Isso porque o art. 94 da LRF traz um rol de condutas que,
se verificadas objetivamente, já conferem fundamento ao pedido de falência por um dos legitimados
ativos.

FASES DO PROCESSO FALIMENTAR


1ª FASE
Tem início com o pedido de falência e termina com a sentença declaratória de
PRÉ-
falência.
FALIMENTAR
2ª FASE Tem início com a sentença declaratória de falência e termina com a sentença de
FALIMENTAR encerramento.
3ª FASE
Tem início com a sentença de extinção das obrigações do falido.
REABILITAÇÃO

#SELIGA: o direito brasileiro admite a autofalência (falência requerida pelo próprio devedor).
REQUISITOS PARA A AUTOFALÊNCIA
Devedor em crime econômico-financeira
Que não atender aos requisitos para a recuperação judicial

242 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#ATENÇÃO #VAICAIR: a Lei 11.101/05 determina que qualquer credor pode ser legitimado ativo para o
pedido de decretação de falência do devedor (art. 97, IV). Utilizando-se de uma interpretação literal e
teleológica (em razão dos fins e princípios que permeiam a falência no direito brasileiro), o STJ entende
que a Fazenda Pública NÃO pode requerer a falência do devedor. Além disso, a Fazenda Pública dispõe
de procedimento específico para perseguir o seu crédito (a execução fiscal).
#SELIGA: a competência do juízo universal da falência é ABSOLUTA, e é determinada em razão do local
do principal estabelecimento do devedor (ou da filial, em caso de empresa com sede fora do território
nacional).

#DEOLHONAJURIS: A competência para processar e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra
massa falida, quando em litisconsórcio passivo com pessoa jurídica de direito público, é do juízo cível no
qual for proposta a ação de conhecimento, competente para julgar ações contra a Fazenda Pública, de
acordo as respectivas normas de organização judiciária. STJ. 1ª Seção. REsp 1.643.856-SP, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 13/12/2017 (recurso repetitivo) (Info 617).
A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor. Assim, o
credor trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência, considerando que o art.
97, IV, da Lei nº 11.101/2005 não faz distinção entre credores. STJ. 3ª Turma. REsp 1544267-DF, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/8/2016 (Info 589).
O juízo competente para a falência ou a recuperação judicial é o local do principal estabelecimento da
sociedade empresária, ou seja, o local onde ela apresenta o maior volume de negócios, podendo ser
este a matriz ou uma filial. Ajuizada a ação de falência em juízo incompetente, não pode ser aplicada a
teoria do fato consumado para tornar prevento o juízo inicial. Isso porque a competência para processar
e julgar falência é funcional e, portanto, absoluta. STJ. 2ª Seção. CC 116743-MG, Rel. Min. Raul Araújo,
Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/10/2012.
- Para fundamentar o pedido de falência, a Lei 11.101/05 (art. 94) adotou dois sistemas: o da
enumeração legal e o da impontualidade injustificada.
IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA
(art. 94, I)
Deixar de pagar no vencimento
Obrigação líquida
Título executivo judicial ou extrajudicial
Sem justificativa
Valor acima de 40 salários mínimos**
Protesto

#ATENÇÃO**: segundo a doutrina e a jurisprudência, essa exigência serve para desestimular o uso da
falência como meio de cobrança pelo credor.

#DEOLHONAJURIS: O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da
insolvência ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a situação se enquadre em uma

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das hipóteses do art. 40 da Lei nº 11.101/2005. STJ. 3ª Turma. REsp 1.532.154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 596).
O protesto tirado contra o emitente do cheque é obrigatório para o fim de comprovar a impontualidade
injustificada do devedor no procedimento de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005) e deve ser realizado
em até 6 meses contados do término do prazo de apresentação (prazo prescricional da ação cambial).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.249.866-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/10/2015 (Info 572).
A duplicata virtual protestada por indicação é título executivo apto a instruir pedido de falência com base
na impontualidade do devedor (art. 94, I). Logo, se o devedor não pagar uma duplicata virtual em valor
superior a 40 salários-mínimos, é possível que seja decretada a sua falência. STJ. 3ª Turma. REsp 1354776-
MG, Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014 (Info 547).

#NÃOSABOTEASSÚMULAS:
Súmula 248 STJ: Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título
hábil para instruir pedido de falência.
Súmula 361 STJ: A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, exige a
identificação da pessoa que a recebeu.

EXECUÇÃO FRUSTRADA
(art. 94, II)
Devedor não paga
Devedor não deposita
Devedor não nomeia bens suficientes à penhora
Quantia líquida

ATOS DE FALÊNCIA
(art. 94, III – presunção de insolvência)
Procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para
realizar pagamentos.
Realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou
não.
Transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e
sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo. #OLHAOGANCHO: Contrato de trespasse.
Simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a
fiscalização ou para prejudicar credor
Dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo.
Ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores,
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu
principal estabelecimento.
Deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.

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#APOSTACICLOS: depósito elisivo (art. 98, parágrafo único). A doutrina e a jurisprudência defendem que,
em razão do princípio da preservação da empresa, que norteia a falência, o depósito elisivo deve ser
permitido também nos casos dos atos de falência (art. 94, III).
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei [impontualidade
injustificada e execução frustrada], o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor
correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios,
hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz
ordenará o levantamento do valor pelo autor.
#DEOLHONAJURIS: Diante de depósito elisivo de falência requerida com fundamento na impontualidade
injustificada do devedor (art. 94, I, da Lei 11.101/2005), admite-se, embora afastada a decretação de
falência, a conversão do processo falimentar em verdadeiro rito de cobrança para apurar questões
alusivas à existência e à exigibilidade da dívida cobrada, sem que isso configure utilização abusiva da via
falimentar como sucedâneo de ação de cobrança/execução. Assim, se o autor da ação de falência fez o
requerimento baseado no inciso I do art. 94 e a dívida não paga era realmente superior a 40 salários-
mínimos, não se pode dizer que o pedido tenha sido abusivo, mesmo que a devedora tenha grande
porte econômico. Nesse caso, se a devedora efetuar o depósito elisivo, não cabe ao magistrado extinguir
o processo sem resolução de mérito, devendo continuar o feito como se fosse uma ação de cobrança,
discutindo a dívida e, ao final, proferindo sentença resolvendo o mérito quanto à dívida e julgando
improcedente a falência. STJ. 4ª Turma. REsp 1433652-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
18/9/2014 (Info 550).
#OLHAOGANCHO: No processo de falência, a incidência de juros e correção monetária sobre os créditos
habilitados deve ocorrer até a decretação da quebra, entendida como a data da prolação da sentença e
não sua publicação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.660.198-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/8/2017
(Info 609).

- No prazo da contestação (10 dias), o devedor pode pedir a recuperação judicial (o que
suspenderá o processo de falência).
SENTENÇA NA FALÊNCIA
Decreta a falência Improcedência
AGRAVO DE INSTRUMENTO APELAÇÃO
#DEOLHONAJURIS: O falido tem capacidade para propor ação rescisória para desconstituir a sentença
transitada em julgado que decretou a sua falência. STJ. 3ª Turma. REsp 1.126.521-MT, Rel. originário Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2015 (Info
558).
#VAICAIR: efeitos da sentença em relação ao falido.

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Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da
falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus
bens ou deles dispor.
Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências
necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que
a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis.
#OLHAOGANCHO: A extinção das obrigações do falido, em decorrência da aplicação do art. 135, III, do
Decreto-Lei nº 7.661/45 (art. 158, III, da Lei nº 11.101/2005), não extingue nem impede o prosseguimento
de execução ajuizada contra avalista e devedor solidário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.104.632-PR, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 20/4/2017 (Info 605).
A sociedade empresária falida não tem legitimidade para o ajuizamento de ação cujo objetivo seja o
recebimento de valor que, segundo alega, deveria ter sido exigido pela massa falida, mas não o fora.
Depois que é decretada a falência, a sociedade empresária falida não mais possui personalidade jurídica
e não pode postular, em nome próprio, direitos da massa falida. STJ. 3ª Turma. REsp 1330167-SP, Rel.
Min. Sidnei Beneti, julgado em 5/2/2013 (Info 513).
- Termo legal da falência (período suspeito ou cinzento):
Art. 99. II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados
do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de
pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
#SELIGA: extinção automática da concessão.
Art. 195. A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implica extinção da concessão,
na forma da lei.
- Atos objetivamente ineficazes em relação à massa falida (isso porque não importa a intenção ou
o conhecimento do contratante sobre a falência do devedor; pode ser declarada de ofício pelo juiz):
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de
crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio
extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que
não seja a prevista pelo contrato;
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de
dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa
falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de
todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o

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seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou
gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido
prenotação anterior.
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada
mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.
- Atos subjetivamente ineficazes em relação à massa falida (nesse caso, deve haver prova do
elemento subjetivo + prova do prejuízo):
Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio
fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida.
#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDA: a ação revocatória (art. 130) não cabe para as hipóteses de ineficácia
objetiva (que devem ser declaradas incidentalmente), cabendo somente em relação aos casos de
ineficácia subjetiva (residual).

AÇÃO REVOCATÓRIA
LEGITIMIDADE ATIVA LEGITIMIDADE PASSIVA
contra todos os que figuraram no ato ou que por
Administrador judicial efeito dele foram pagos, garantidos ou
beneficiados
contra os terceiros adquirentes, se tiveram
Qualquer credor conhecimento, ao se criar o direito, da intenção
do devedor de prejudicar os credores
contra os herdeiros ou legatários das pessoas
Ministério Público
indicadas nos incisos I e II do caput deste artigo
#APOSTACICLOS:
Art. 137. O juiz poderá, a requerimento do autor da ação revocatória, ordenar, como medida preventiva,
na forma da lei processual civil, o sequestro dos bens retirados do patrimônio do devedor que estejam em
poder de terceiros.
Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base em decisão judicial,
observado o disposto no art. 131 desta Lei.
Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, ficará rescindida a sentença que o motivou.

ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS


Despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência
créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à
decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador
CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS

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créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 salários-mínimos por credor, e os
decorrentes de acidentes de trabalho
#ATENÇÃO: o que exceder 150 salários mínimos, vira crédito quirografário.
#SELIGA: não há limitação de valor para os créditos decorrentes de acidente de trabalho.
créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado
créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as
multas tributárias
créditos com privilégio especial
créditos com privilégio geral
créditos quirografários
as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive
as multas tributárias
créditos subordinados

#OLHAOGANCHO: É desnecessária a apresentação de Certidão de Dívida Ativa (CDA) para habilitação,


em processo de falência, de crédito previdenciário resultante de decisão judicial trabalhista. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.591.141-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/12/2017 (Info 618).
- Créditos extraconcursais: são dívidas da massa falida, e não do falido.
CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS
remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares
créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a
serviços prestados após a decretação da falência
quantias fornecidas à massa pelos credores
despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem
como custas do processo de falência
obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, ou após a
decretação da falência
tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência

#SELIGA: Quanto à classificação dos honorários advocatícios nos créditos da falência, existem três
situações distintas:
- Créditos com privilégio geral: era o entendimento anterior da jurisprudência.
- Créditos equiparados aos créditos trabalhistas: apenas de a Lei Falimentar não prever de forma expressa,
esse é o atual entendimento do STJ (Info 540), no qual tanto os honorários contratuais, quanto os
sucumbenciais são equiparados aos créditos trabalhistas para efeito de habilitação em falência, observado
o limite legal de 150 salários mínimos.
#LEMBREM que o montante que ultrapassar esse valor será considerado crédito quirografário.
- Créditos extraconcursais: referentes aos negócios jurídicos realizados no período compreendido entre
a data do deferimento do processamento da recuperação judicial e a decretação da falência (Info 557
STJ).

248 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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17. Teoria Geral da Recuperação da empresa. Recuperação judicial e recuperação extrajudicial. Órgãos
da recuperação judicial. Processo da recuperação. Verificação dos créditos.
→ RECUPERAÇÃO JUDICIAL
- A recuperação judicial é norteada pelos princípios da preservação da empresa, da função social
e do estímulo à atividade econômica.
- O principal estabelecimento (que determina o juízo universal) é o local do centro das atividades
da empresa, não se confundindo com o endereço da sede constante do estatuto social.
- O juízo da execução individual é competente para ultimar os atos de constrição patrimonial dos
bens adjudicados antes do deferimento do pedido de recuperação judicial.
- O deferimento da recuperação judicial NÃO suspende a execução fiscal, mas os atos que
importem em constrição ou alienação do patrimônio da recuperanda devem se submeter ao juízo
universal.
#NÃOCONFUNDA: Promovida a adjudicação do bem penhorado em execução individual, em data
posterior ao deferimento da recuperação judicial (ou decretação da falência), o ato fica desfeito em razão
da competência do juízo universal.
#OLHAOGANCHO:
Súmula 480 STJ: O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de bens
não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.
- Estão sujeitos à recuperação judicial os créditos existentes na data do pedido, não se
submetendo aos seus efeitos os créditos posteriores ao pleito recuperacional.
#VAICAIR: Os créditos decorrentes de arrendamento mercantil ou com garantia fiduciária – inclusive os
resultantes de cessão fiduciária – não se sujeitam aos efeitos da recuperação judicial. O crédito advindo
de adiantamento de contrato de câmbio também não está sujeito!
#OLHAOGANCHO:
Súmula 307 STJ: A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida antes
de qualquer crédito.
- Os bens de capital essenciais à atividade da empresa em recuperação devem permanecer em
sua posse, enquanto durar o período de suspensão das ações e execuções contra a devedora, por
aplicação do seguinte dispositivo da Lei 11.101/05:
Art. 49. § 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis,
de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos
contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de
proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da
recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais,
observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se

249 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital
essenciais a sua atividade empresarial.

DIREITO TRIBUTÁRIO7

1. Sistema Tributário Nacional: Constituição Federal e Código Tributário Nacional. 2. Princípios


do Direito Tributário. 3. Normas constitucionais de Direito Tributário.

→ Princípio da Legalidade

#DEOLHONAJURIS
Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato infralegal, desde
que respeitados os parâmetros máximos. Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto,
possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da
atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em
percentual superior aos índices de correção monetária legalmente previstos. STF. Plenário. RE 838284/SC,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (repercussão geral) (Info 842 e 844).

Não Aplicação do P. da Legalidade (não


Exceções ao P. da Legalidade (aumentam tributo)
instituem ou aumentam tributo)
Atualização monetária da base de cálculo II, IE, IPI e IOF
Reduzir ou Restabelecer as alíquotas do CIDE
Prazo para recolhimento do tributo
combustível
Obrigações Acessórias ICMS monofásico incidente sobre combustíveis

#SELIGA
É possível a criação ou majoração de tributos por MP, salvo aqueles que exigem Lei Complementar. Os
Estados também podem, desde que prevejam a figura da MP em suas Constituições.
A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender
a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II -
no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observada a
anterioridade anual. Obs.: NÃO HÁ previsão constitucional para a instituição de empréstimos
compulsórios no caso de conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo, como há no
CTN. #NÃOCAIANESSA
Cabe à União, por meio de lei complementar, criar o imposto sobre grandes fortunas. É facultado
ao Poder Executivo alterar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF. IPVA terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado
Federal. À exceção do ICMS, II e IE, nenhum outro IMPOSTO poderá incidir sobre operações relativas a
energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país.

7
Por Renata Borici.

250 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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→ Princípio da Anterioridade
Lembre-se de que o marco inicial é a data da publicação da lei (e não da vigência). Enquanto o
princípio da irretroatividade representa uma proteção a fatos ocorridos antes da vigência da lei (passado),
o princípio da anterioridade protege fatos futuros. É um princípio que se fundamenta no valor segurança
jurídica.
Regra da anterioridade nonagesimal e lei de conversão da MP. Nos casos em que a majoração de alíquota
tenha sido estabelecida somente na lei de conversão, o termo inicial da contagem é a data da conversão
da medida provisória em lei. STF. Plenário. RE 568503/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/2/2014
(repercussão geral) (Info 735).

APLICAÇÃO DA APLICAÇÃO SOMENTE APLICAÇÃO SOMENTE


ANTERIORIDADE DA ANTERIORIDADE ANUAL DA ANTERIORIDADE
NONAGESIMAL
ITR IR IPI
IGF
IMPOSTO RESIDUAL
ICMS
IPVA e IPTU (exceto nos IPVA e IPTU (alteração ICMS e CIDE (para o
casos de majoração decorrente da base de cálculo) restabelecimento de alíquotas)
de alteração da base de
cálculo).
ITBI
ISS
TAXAS
CONTRIBUIÇÃO DE
MELHORIA
#ATENÇÃO!
Princípio da anterioridade tributária e revogação de benefício fiscal – A revogação de benefício
fiscal deverá obedecer ao princípio da anterioridade tributária?
• SIM. O ato normativo que revoga um benefício fiscal anteriormente concedido configura aumento
indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da anterioridade tributária. Precedente da 1ª
Turma do STF.
• NÃO. A revisão ou revogação de benefício fiscal, por se tratar de questão vinculada à política
econômica, que pode ser revista pelo Estado a qualquer momento, não está adstrita à observância das
regras de anterioridade tributária. Precedente da 2ª Turma do STF. STF. 1ª Turma. RE 564225 AgR/RS,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/9/2014 (Info 757). STF. 2ª Turma. RE 617389 AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 08/05/2012.

#SÚMULAPARAMEMORIZAR

251 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Súmula vinculante 50 STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não
se sujeita ao princípio da anterioridade.
#OLHAATABELAAÍ
Observar só 90 DIAS –
Observa apenas o ano
ANTERIORIDADE
financeiro seguinte –
NONAGESIMAL
ANTERIORIDADE ANUAL (não
EXIGÊNCIA IMEDIATA (não precisam observar o
precisam observar 90 dias).
exercício financeiro seguinte).
Logo, são cobrados no 1º de
Logo, podem ser cobrados no
janeiro necessariamente.
mesmo ano.
Empréstimo compulsório
decorrentes de guerra ou
calamidade pública.

#CUIDADO: Não se aplica a


exceção do “já, já” para o
empréstimo compulsório no
caso de investimento público de
caráter urgente e de relevante
IPI
interesse nacional.
#ATENÇÃO: Nesse caso, deve-
A observância de 90 dias se
se aplicar o princípio da IR
justifica pelo simples fato da
anterioridade de exercício (art.
indústria brasileira se adequar
148, inciso II, CF) e nonagesimal
as novas regras.
(introduzida pela EC 42/2003). O
fato do art. 148, inciso II não
englobar a alínea “c” do art. 150,
não significa que ele não deva
ser observado. Isso porque esse
tributo não está incluso na
exceção do §1º do art. 150. Em
suma, deve-se interpretar a CF
de forma global.

Base de cálculo do IPTU e IPVA.


Contribuições destinadas à #CUIDADO: Essa exceção
II seguridade social apenas se refere à BC.
(art. 195, §6º, CF). #CASCADEBANANA: Não se
refere à alíquota.

252 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Redução e restabelecimento da
CIDE Combustível
IE #CUIDADO: A majoração deve -
observar a anterioridade de
exercício também.
Redução e restabelecimento do
ICMS Combustível.
IOF #CUIDADO: A majoração deve -
observar a anterioridade de
exercício também.
Imposto Extraordinário de
- -
Guerra

→ Princípio da Isonomia
Lei que concede isenção de ICMS para oficiais de justiça: inconstitucional. É INCONSTITUCIONAL lei
estadual que concede isenção de ICMS para operações de aquisição de automóveis por oficiais de justiça
estaduais. STF. Plenário. ADI 4276/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/8/2014 (Info 755).

4 Tributo: conceito, natureza jurídica, espécies: imposto, taxa, contribuição de melhoria, empréstimo
compulsório, contribuições.

Art. 3º do CTN: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou


CONCEITO DE
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
TRIBUTO
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
NATUREZA É determinada considerando o seu fato gerador, sendo irrelevantes a sua
JURÍDICA denominação, características formais e destinação de sua arrecadação.
Teoria PENTAPARTIDA/PENTAPARTITE/QUINQUIPARTITE: prevalece no STF e na doutrina
majoritária. (Obs.: há posicionamentos minoritários que defendem a teoria tripartida – impostos, taxas e
contribuições de melhoria – e até a teoria quadripartida, Ricardo Lobo Torres). O STF reconhece a
existência de cinco tipos de espécies tributárias (impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimo
compulsório e contribuições especiais).

CONTRIBUIÇÕES EMPRÉSTIMO CONTRIBUIÇÕES


IMPOSTOS TAXAS
DE MELHORIA COMPULSÓRIO ESPECIAIS
União
*Estados, DF e
União, Estados, DF União, Estados, DF União, Estados, DF
União Municípios
e Municípios. e Municípios. e Municípios.
(exceção). –
contribuição

253 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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previdenciária de
seus servidores
Regra: Lei
Lei Ordinária Lei Ordinária Lei Complementar Lei Ordinária
Ordinária

Art. 145, I, CF; Art. Art. 145, II, CF; Art. Art. 145, III, CF; Art. 148, CF; Art.
Art.149 CF
153, 155, 156, CF 77 a 79, CTN Art. 80 e 55 CTN 15, CTN

#SELIGANAJURIS
Isenção da taxa de registro de arma de fogo não se aplica para policiais rodoviários federais aposentados.
A isenção do recolhimento da taxa para emissão, renovação, transferência e expedição de segunda via
de certificado de registro de arma de fogo particular prevista no art. 11, § 2º, da Lei nº 10.826/2003 não
se estende aos policiais rodoviários federais aposentados. STJ. 1ª Turma. RESp 1530017-PR, Rel. Min.
Regina Helena Costa, julgado em 21/09/2017 (Info 612).
Inconstitucionalidade de taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. É inconstitucional taxa
de combate a sinistros instituída por lei municipal. A prevenção e o combate a incêndios são atividades
desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo consideradas atividades de segurança pública, nos
termos do art. 144, V e § 5º da CF/88. A segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é
sustentada por meio de impostos (e não por taxa). Desse modo, não é possível que, a pretexto de prevenir
sinistro relativo a incêndio, o Município venha a se substituir ao Estado, com a criação de tributo sob o
rótulo de taxa. Tese fixada pelo STF: “A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a
incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço
essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação de
taxa para tal fim.” STF. Plenário. RE 643247/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/8/2017 (repercussão
geral) (Info 871).
Base de cálculo da taxa municipal de fiscalização e funcionamento. As taxas municipais de fiscalização e
funcionamento não podem ter como base de cálculo o número de empregados ou ramo de atividade
exercida pelo contribuinte. STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2017
(Info 870). A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base de cálculo a área de fiscalização,
na medida em que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização. STF. 1ª Turma. RE 856185 AgR, Rel.
Min. Roberto Barroso, julgado em 04/08/2015.
Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato infralegal, desde
que respeitados os parâmetros máximos. Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto,
possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da
atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em
percentual superior aos índices de correção monetária legalmente previstos. STF. Plenário. RE 838284/SC,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (repercussão geral) (Info 842 e 844).
Valor da taxa deve estar relacionado com o custo do serviço que as motiva. Em um determinado
Município, foi instituída uma taxa de localização e funcionamento de estabelecimento industrial e
comercial. Assim, os estabelecimentos comerciais e industriais eram obrigados a pagar uma taxa ao
Município por conta da fiscalização que ele exercia nesses empreendimentos (taxa de poder de polícia).

254 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Comumente, era conhecida como “alvará de funcionamento”. Ocorre que a lei municipal previu que a
base de cálculo dessa taxa seria o número de empregados da empresa. Assim, quanto mais
trabalhadores, maior a base de cálculo. Esse critério escolhido é constitucional? NÃO. O STF entendeu
que o número de empregados não pode ser utilizado como base de cálculo para a cobrança da taxa de
localização e funcionamento de estabelecimento industrial e comercial. O legislador municipal, ao
escolher o número de empregados para fixar a base de cálculo, levou em consideração qualidades
externas e estranhas ao exercício do poder de polícia, sem pertinência quanto ao aspecto material da
hipótese de incidência. A taxa é tributo contraprestacional (vinculado), usado na remuneração de
atividade específica, seja serviço ou exercício do poder de polícia e, por isso, não pode fixar a base de
cálculo usando como critério os sinais presuntivos de riqueza do contribuinte. O valor das taxas deve
estar relacionado com o custo do serviço que as motiva, ou com a atividade de polícia desenvolvida. STF.
1ª Turma. RE 554951/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2013 (Info 724).
Súmula vinculante 41-STF: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Aprovada em 11/03/2015, DJe 20/03/2015.
Súmula vinculante 29-STF: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade
entre uma base e outra.

5. Competência tributária: classificação, exercício da competência tributária. 6. Capacidade tributária,


distinção entre competência tributária e capacidade tributária.
A atribuição da competência tributária a determinado ente político compreende a competência
legislativa para instituir o tributo e definir os seus aspectos, tais como fatos geradores, bases de cálculo,
alíquotas, contribuintes, responsáveis, etc. Uma das características mais importantes da competência
tributária é que ela é indelegável. Isso significa que se a CF/88 determina que cabe à União instituir
imposto sobre a renda, a União não pode delegar tal competência a outro ente. Nada impede, contudo,
que seja delegada as funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou, como define o CTN, também as
funções de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária.
Essa delegação por ocorre a outra pessoa jurídica de direito público e denomina-se capacidade
tributária ativa. A delegação da capacidade tributária ativa compreende as garantias e os privilégios
processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferiu, e pode ser revogada a
qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica que detém a competência tributária.

255 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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7 Limitações do poder de tributar: imunidade tributária, imunidades em espécie, distinção entre
imunidade, isenção e não incidência.
As imunidades podem ser vistas como regras negativas de competência tributária, pois afastam a
tributação de determinadas pessoas ou bases econômicas. Estabelecem uma regra de incompetência das
pessoas políticas de direito constitucional interno.
As imunidades tributárias estão localizadas na Constituição Federal, exclusivamente. Em cunho
infraconstitucional, haverá isenções. Conclui-se que as imunidades estão para a Constituição assim como
as isenções estão para a legislação infraconstitucional. Mas, cuidado para #NÃOCONFUNDIR:

IMUNIDADE Dispensa constitucional do dever de pagar o tributo.


ISENÇÃO Dispensa legal do dever de pagar o tributo.
Ao contrário da imunidade e da isenção, a não incidência está fora do campo
da tributação. Isso porque o legislador não classificou aquele fato como um
fato jurídico. Ex.: paga-se IPVA se o contribuinte é proprietário de um veículo
NÃO INCIDÊNCIA automotor. Se o contribuinte tiver uma bicicleta, não haverá incidência do
IPVA.
ALÍQUOTA ZERO A dispensa do tributo se justifica pelo simples fato de a alíquota não ter valor
algum.
BC x ZERO = ZERO.
REMISSÃO É o perdão concedido pelo Fisco, sendo uma hipótese de extinção do crédito
tributário.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

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b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais
de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes
materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas
de leitura a laser.
Esse é o principal artigo das imunidades, que afasta apenas um tipo de tributo, o imposto, e atinge
todas as pessoas políticas (União, Estados, Municípios e DF). Então, por exemplo, a igreja paga taxa; o
sindicato de empregado paga contribuição de melhoria.

#SELIGA #ATEÇÃO
Somente IMPOSTOS estão abrangidos na imunidade do art. 150, VI. Em outros artigos, é possível
vislumbrar imunidades relativas a outros tributos.
- Imunidade de custas judiciais, na ação popular, salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII) - Imunidade de
emolumentos referentes ao registro civil de nascimento e certidão de óbito, para os reconhecidamente
pobres (art. 5º LXXVI, CF).
- Sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos
e gasosos dele derivados, e energia elétrica (art. 155, § 2º, X, “b). O STF decidiu que a não-incidência se
destina a beneficiar o Estado destinatário da mercadoria, a quem cabe todo o ICMS e não ao consumidor,
o que faz com que a empresa que adquire combustível em outro Estado, para uso próprio, se sujeite ao
ICMS (RE198088).
- Nenhum outro imposto (exceto ICMS, II e IE) poderá incidir sobre operações relativas à energia elétrica,
serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis minerais do País, não havendo
qualquer restrição para a incidência de contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico,
nos termos do art. 155, § 3º c/c 149, § 2º, II da CF.
- IPI sobre bens para o exterior.
- Pequenas glebas rurais (ex.: ITR).
- ICMS sobre mercadorias para o exterior.
- Transferência de imóveis para fins de reforma agrária.

#DEOLHONATABELA #DIZERODIREITO:

SUBJETIVA (PESSOAL) OBJETIVA (REAL) MISTAS


Ocorre quando a imunidade foi Ocorre quando a imunidade foi
Verifica-se quando ocorre uma
instituída em razão das instituída em função de
combinação entre os dois
características de uma determinados fatos, bens ou
critérios anteriores.
determinada pessoa. situações.

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A CF/88 prevê que o ITR não
incide sobre pequenas glebas
rurais, definidas em lei, quando
A imunidade que beneficia
A imunidade que recai sobre as explore o proprietário que
instituições de educação e de
livros, jornais, periódicos e o não possua outro imóvel. “Tal
assistência social, sem fins
papel destinado à sua impressão imunidade é mista porque
lucrativos, é uma imunidade
é objetiva, porque não interessa depende de aspectos subjetivos
subjetiva, considerando que foi
quem seja a pessoa envolvida, (o proprietário possuir apenas
criada em função da condição
mas sim esta lista de bens. um imóvel) e objetivos (a área da
pessoal dessas instituições.
pequena gleba estar dentro dos
limites da lei.) (Ricardo
Alexandre)
#DEOLHONAJURIS:
A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal, não abarca o maquinário
utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos. A imunidade tributária visa à garantia
e efetivação da livre manifestação do pensamento, da cultura e da produção cultural, científica e artística.
Assim, é extensível a qualquer material assimilável a papel utilizado no processo de impressão e à própria
tinta especial para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque gráfico, que não são
assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade constitucional do
art. 150, VI, “d”, da CF/88. STF. 1ª Turma. ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
A INFRAERO (empresa pública federal) celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma
empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente um imóvel pertencente
à INFRAERO. Vale ressaltar que esta empresa é uma concessionária de automóveis. A empresa privada
queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não aceitou
a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso. A atividade desenvolvida pela empresa tem por
finalidade gerar lucro. Se fosse reconhecida a imunidade neste caso, isso geraria, como efeito colateral,
uma vantagem competitiva artificial em favor da empresa, que teria um ganho em relação aos seus
concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite o aumento do lucro ou a formação de preços
menores, o que provoca desequilíbrio das relações de mercado. Não se pode aplicar a imunidade
tributária recíproca se o bem está desvinculado de finalidade estatal. STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig.
Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/4/2017 (Info 861).
Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica de direito
privado, devedora do tributo. Ex: a União celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma
empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente determinado imóvel
pertencente ao patrimônio público federal. A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegando que
o imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade
neste caso. STF. Plenário. RE 601720/RJ, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,
julgado em 6/4/2017 (repercussão geral) (Infos 860 e 861).

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A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende a empresa
privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica com fins
lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município. Ex: a União, proprietária
de um grande terreno localizado no Porto de Santos, arrendou este imóvel para a Petrobrás (sociedade
de economia mista), que utiliza o local para armazenar combustíveis. Antes do arrendamento, a União
não pagava IPTU com relação a este imóvel em virtude da imunidade tributária recíproca. Depois que
houve o arrendamento, a Petrobrás passa a ter que pagar o imposto. STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).
Os Correios gozam de imunidade tributária recíproca, razão pela qual os Municípios não podem cobrar
ISS sobre a prestação dos serviços postais. Ocorre que, durante muitos anos, alguns Municípios cobravam
o imposto porque ainda não se tinha uma certeza, na jurisprudência, acerca da imunidade dos Correios.
A ECT pode pleitear à repetição do indébito relativo ao ISS cobrado sobre os serviços postais. Para isso,
os Correios não precisam provar que assumiram o encargo pelo tributo nem precisam estar
expressamente autorizados pelos tomadores dos serviços. Presume-se que os Correios não repassaram
o custo do ISS nas tarifas postais cobradas dos tomadores dos serviços. Isso porque a empresa pública
sempre entendeu e defendeu que não estava sujeita ao pagamento desse imposto. Não havendo repasse
do custo do ISS ao consumidor final, os Correios podem pleitear a restituição sem necessidade de
autorização do tomador dos serviços. STJ. 2ª Turma. RESp 1.642.250-SP, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 16/3/2017 (Info 602).
A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes eletrônicos destinados,
exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos. STF. Plenário. RE 595676/RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-se ao livro
eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. STF. Plenário. RE
330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).
Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar. STF. Plenário. ADI
2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber,
julgados em 23/2 e 2/3/2017 (Info 855). STF. Plenário. RE 566622/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
23/2/2017 (Info 855).
A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas
não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito
constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. • Se a entidade imune for contribuinte de
direito: incide a imunidade subjetiva. • Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a
imunidade subjetiva. STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22 e 23/2/2017
(repercussão geral) (Info 855).
O art. 150, VI, “c” da CF/88 prevê que as “instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos” gozam de imunidade tributária quanto aos impostos, desde que atendidos os requisitos
previstos na lei. A instituição de ensino continuará com a imunidade do imposto sobre o imóvel caso ele
esteja alugado a terceiros? SIM. Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece
imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde

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que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. STF.
Plenário. Aprovada em 17/06/2015.
Os veículos automotores pertencentes aos Correios são imunes à incidência do IPVA por força da
imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88). STF. Plenário. ACO 879/PB, Rel. Min. Marco
Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 26/11/2014 (Info 769).
Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que desempenha serviços
públicos. Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma exclusiva, como é o
caso da entrega de cartas, também realizam alguns serviços em concorrência com a iniciativa privada
(ex.: entrega de encomendas). Mesmo quando os Correios realizam o serviço de transporte de bens e
mercadorias, concorrendo, portanto, com a iniciativa privada, ainda assim gozam de imunidade e ficam
livres de pagar ICMS. Assim, o STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT goza
de imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e mercadorias. STF.
Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014 (repercussão geral) (Info 767).
Determinada entidade de assistência social sem fins lucrativos que atende pessoas com deficiência
explora uma agência franqueada dos Correios. Em outras palavras, ela é proprietária de uma agência
franqueada dos Correios. A renda obtida com essa atividade é revertida integralmente aos fins
institucionais dessa entidade. A venda das mercadorias nessa agência franqueada será imune de ICMS?
NÃO. O STJ decidiu que não há imunidade nesse caso. Isso porque a atividade econômica fraqueada dos
Correios não está relacionada com as finalidades institucionais da entidade de assistência social, ou seja,
o serviço prestado não possui relação com seus trabalhos na área de assistência social, ainda que o
resultado das vendas seja revertido em prol das suas atividades essenciais. Logo, não se pode conceder
a imunidade porque não está preenchido o requisito exposto no ar. 150, § 4º da CF/88 e art. 14, § 2º do
CTN. STJ. 2ª Turma. RMS 46170-MS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 23/10/2014 (Info 551).
A imunidade tributária recíproca reconhecida à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT
alcança o IPTU incidente sobre imóveis de sua propriedade, bem assim os por ela utilizados. Se houver
dúvida acerca de quais imóveis estariam afetados ao serviço público, cabe à administração fazendária
(Fisco) produzir prova em contrário, haja vista militar em favor do contribuinte a presunção de imunidade
anteriormente conferida em benefício dele. Assim, para que o Município possa cobrar IPTU sobre o
imóvel, ele deverá identificar e provar que aquele imóvel específico não se destina às finalidades
essenciais dos Correios. Ex.: o Ministro Relator Dias Toffoli citou que a imunidade alcança os imóveis
próprios da ECT, não abrangendo os imóveis pertencentes às empresas que são franquias dos Correios
ou que são meros prestadores de serviços para a entidade. STF. Plenário. RE 773992/BA, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 15/10/2014 (repercussão geral).

11. Obrigação tributária: definição e natureza jurídica, obrigação principal e acessória, fato gerador, sujeito
ativo, sujeito passivo, solidariedade, capacidade tributária, domicílio tributário.
#TABELABÁSICA
OBRIGAÇÃO A classificação depende apenas do conteúdo pecuniário. Assim, tanto o crédito
PRINCIPAL quanto os juros e multas são considerados obrigação tributária principal.

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Obs.: Multa tributária. A multa é sanção por ato ilícito e, por isso, não é tributo.
Contudo, a obrigação de pagar a multa tributária foi tratada pelo CTN como
obrigação tributária principal. Em outras palavras, multa tributária não é tributo, mas a
obrigação de pagá-la tem natureza tributária.
Segundo o § 2.º do art. 113 do CTN, a obrigação acessória tem por objeto as
prestações, positivas ou negativas, previstas no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos.
Importante! As obrigações acessórias existem também para as entidades imunes, no
OBRIGAÇÃO interesse da fiscalização e arrecadação de tributos, até mesmo para que a
ACESSÓRIA Administração Tributária tenha como fiscalizá-las e verificar se as condições para a
fruição da imunidade permanecem presentes.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A entidade que goza de imunidade tributária tem o
dever de cumprir as obrigações acessórias, dentre elas a de manter os livros fiscais.
STF. 1ª Turma. RE 250844/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012.
DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO
Art. 127 CTN. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da
legislação aplicável, considera-se como tal:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro
habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em
relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade
tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-
se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência
dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a
arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.
SOLIDARIEDADE
A solidariedade pode se dar por meio de lei, ou por interesse comum. Ex.: contribuições
previdenciárias (por lei); tributos incidentes sobre o patrimônio (em razão de interesse comum).
#OLHONASÚMULA
Súmula 585-STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no que se refere ao
período posterior à sua alienação.
Súmula 430-STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente.

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12. Responsabilidade tributária: responsabilidade dos sucessores; responsabilidade de terceiros,
responsabilidade por infrações.

RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO PARA RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO PARA


FRENTE TRÁS
Antecipa-se a exigência tributária pressupondo Aqui a ideia é inversa. Em vez de antecipar a
um fato gerador futuro. exigência tributária, adia-se a exigência tributária
sobre o fato gerador já ocorrido.

#APOSTACICLOS #ATENÇÃO #MUDANÇADEENTENDIMENTO #VAICAIRNAPROVA:


Em julgamento realizado em outubro de 2016, o STF alterou o entendimento anteriormente adotado e
reconheceu o direito do contribuinte sujeito a substituição tributária para a frente requerer a restituição
dos valores recolhidos a maior quando a operação efetivamente ocorrida tenha valor menor que o
previsto para fins de base de cálculo do ICMS-substituição. Neste julgamento, fixado por maioria, mas
adotando a técnica da repercussão geral, foi fixada a seguinte tese: “É devida a restituição da diferença
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago a mais, no regime de substituição
tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida. STF. Plenário.
ADI 2675/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski e ADI 2777/SP, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski,
julgados em 19/10/2016 (Info 844). STF. Plenário. RE 593849/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em
19/10/2016 (repercussão geral) (Info 844)
Este entendimento manifestado na ADI 1851 está superado pela nova decisão do STF no RE 593849/MG.
Todos os Ministros que votaram pela rejeição da ADI 1851 já saíram do Supremo e houve, no caso, um
overriding, que ocorre quando o Tribunal supera parcialmente um entendimento anterior da própria
Corte, modificando o âmbito de incidência do precedente. Assim, atualmente, não importa se a
sistemática da substituição tributária é facultativa ou obrigatória para o contribuinte. Também não
importa se o Estado-membro é ou não signatário do Convênio ICMS 13/97 ou se ele possui lei local
tratando o tema. Se for realizada a técnica da substituição tributária progressiva e a base de cálculo
efetiva da operação for inferior à presumida, será devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais.
#MODULAÇÃODEEFEITOS: 1) Este entendimento do STF permitindo direito à restituição VALE: • para
todos os processos judiciais que já haviam sido ajuizados e que estavam aguardando o posicionamento
do STF na repercussão ora decidida; e • para as operações futuras, ou seja, para as situações em que,
após a decisão do STF, houver pagamento a maior, surgindo o direito à restituição. 2) Por outro lado,
este posicionamento do Supremo NÃO SE APLICA: • para situações ocorridas antes da decisão e que
não tenham sido judicializadas; e • para situações que foram judicializadas, mas o contribuinte perdeu
(não teve direito à restituição) e houve trânsito em julgado.

RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS
Responsabilidade subsidiária (Art. 134) Responsabilidade integral (Art. 135)
Atos culposos – omissão, culpa. Atos dolosos – fraude, má-fé, dolo.

262 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Contribuinte responde primeiro Contribuinte é excluído
Abrange tributos + penalidades moratórias Abrange tributos + todas as penalidades

14. Prescrição e Decadência.


Tanto a decadência quanto a prescrição são formas de extinção do crédito tributário, nos termos
do art. 156, V, CTN:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
V - a prescrição e a decadência;
A diferenciação entre esses dois institutos é bem mais simples aqui no Direito Tributário: o marco
divisor é o lançamento. Antes dele, há decadência. Depois, prescrição.
#SELIGA: Os prazos de prescrição e decadência somente podem ser estabelecidos por lei
complementar, conforme previsão do art. 146, III, “b”, CF/88:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
(...)
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

#ATENÇÃO: Embora incidam em momentos diferentes, os prazos de decadência e de prescrição são


idênticos: 5 anos.
Súmula vinculante n.º 8: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977
e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário.

→ DECADÊNCIA
É instituto que fulmina o direito potestativo do fisco de constituir o crédito tributário (lançar). É o
prazo para o fisco lançar, apurar ou determinar o crédito tributário.
a) Regra geral (art. 173, I, CTN)

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
Se aplica aos tributos em que o lançamento ocorre de ofício ou por declaração. Não é a regra
para os tributos sujeitos a lançamento por homologação. Assim, temos que o direito de a Fazenda Pública
constituir o crédito tributário extingue-se após 5 anos, contados do primeiro dia do exercício financeiro
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. O lançamento pode ser efetuado a
partir da ocorrência do fato gerador. Se o fato gerador se deu, por exemplo, no dia 05/02/2017, o prazo
decadencial começa a contar a partir do dia 01/01/2018, e a decadência ocorre em 01/01/2023.

263 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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#OLHAOGANCHO: Não é possível a constituição de crédito tributário com base em documento de
confissão de dívida tributária apresentado, para fins de parcelamento, após o prazo decadencial previsto
no art. 173, I, do CTN. STJ. 1ª Seção. REsp 1355947–SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
12/6/2013 (recurso repetitivo) (Info 522).
b) Regra da antecipação da contagem

Art. 173 (...)


Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo
nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
Representa exceção à regra geral e, como o próprio nome indica, há antecipação do termo inicial
do prazo decadencial. Ocorre quando, entre o fato gerador e o primeiro dia do exercício seguinte, o
fisco notifica o contribuinte da necessidade de prática de qualquer ato indispensável ao lançamento.
O prazo decadencial tem início, nesta hipótese, da notificação ou ciência do sujeito passivo.
Exemplificando, se o fato gerador ocorreu em 05/02/2017, mas o fisco notifica o contribuinte, em
05/05/2017, da necessidade de prática de algum ato indispensável ao lançamento, como por exemplo,
do início de uma fiscalização, o prazo decadencial começa a correr desde já, ou seja, desde a ciência do
sujeito passivo do termo de início da fiscalização. Assim, ao contrário da regra geral, em que a decadência
ocorreria só em 01/01/2013, a decadência será antecipada e ocorrerá em 05/05/2022. A lógica aqui é
reduzir o prazo de que a Fazenda Pública dispõe para efetuar o lançamento tendo em vista que, com a
notificação do sujeito passivo, presume-se que já há possibilidade de lançar, pois resta comprovado que
o fisco tem conhecimento da ocorrência do fato gerador.
#ATENÇÃO: Só ocorre a antecipação da contagem se a notificação do sujeito passivo ocorre entre a data
do fato gerador e o 1º dia do exercício seguinte, ou seja, até o início da fluência do prazo decadencial
pela regra geral! Se a notificação ocorre quando o prazo decadencial já está em curso, não há nenhuma
consequência.
c) Anulação do lançamento anterior por vício formal

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.
O prazo decadencial conta-se da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,
por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

#SELIGA: Pessoal, essa regra só é válida quando o vício que atingiu o lançamento é de cunho FORMAL.
Se o vício do lançamento é de cunho material (exemplo: se a anulação ocorre porque não houve fato
gerador), não há que se falar em novo lançamento e consequentemente não haverá novo prazo
decadencial.

264 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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DECADÊNCIA NOS LANÇAMENTOS DE OFÍCIO E POR DECLARAÇÃO
PRAZO: 5 ANOS
Conta-se do 1º dia do
REGRA - Art. 173, I, CTN
exercício seguinte
Ocorre quando o fisco
notifica o contribuinte
Conta-se da notificação
da necessidade de
ANTECIPAÇÃO DA ou ciência do sujeito
prática de qualquer ato Art. 173, §único, CTN
CONTAGEM passivo
indispensável ao
lançamento.
Conta-se da data em
ANULAÇÃO DO que se tornar definitiva
Ocorre quando há
LANÇAMENTO a decisão que houver
anulação de lançamento
ANTERIOR POR VÍCIO anulado, por vício
anterior por vício Art. 173, II, CTN
FORMAL formal, o lançamento
formal.
anteriormente efetuado
d) Regra do prazo decadencial no caso de tributos em que o lançamento ocorre por homologação
Art. 150. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado
o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.
O lançamento ocorre por homologação quando é o próprio contribuinte que calcula o valor do
tributo e faz o pagamento antecipado, sem prévio exame da autoridade administrativa:
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito
passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo
ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
Isto feito, a Fazenda Pública possui o prazo decadencial de 5 (cinco) anos para homologar o
pagamento, contados da ocorrência do fato gerador, sob pena de homologação tácita, conforme art.
150, §4º, CTN. Assim, transcorrido o prazo decadencial e havendo homologação tácita, o Fisco perde o
direito de apurar eventuais diferenças. Percebam que aqui o prazo decadencial é para a autoridade fiscal
homologar o pagamento do sujeito passivo ou para discordar do pagamento e efetuar o lançamento
suplementar. Portanto, aqui no lançamento por homologação, o prazo decadencial tem como termo
inicial a ocorrência do fato gerador, em regra.
#ATENÇÃO: EXCEÇÕES à regra no lançamento por homologação.
i) Se o sujeito passivo não paga nem entrega a declaração: aplica-se a regra geral das demais
modalidades de lançamento, ou seja, o prazo decadencial é contado do primeiro dia do exercício

265 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I,
CTN.

#NÃOCONFUNDA: Se o sujeito passivo declara e paga o crédito apenas parcialmente, o prazo


decadencial de 5 anos para homologação conta-se da ocorrência do fato gerador, ou seja, a regra
aplicável é a regra geral pros tributos sujeitos ao lançamento por homologação, conforme art. 150, §4º,
CTN, acima explicado!
OBS.: Nesse caso, a diferença de valor (já que o contribuinte pagou a menor) deve ser lançada
pelo fisco através de lançamento de ofício, conforme art. 149, V, CTN:
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
(...)
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da
atividade a que se refere o artigo seguinte;
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito
passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo
ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
Súmula 555 STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco
constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que
a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa.
ii) Se o pagamento antecipado se dá com fraude, dolo ou simulação (é a exceção do §4º do art.
150, CTN), diante da ausência de previsão expressa, aplica-se também a regra geral dos tributos lançados
de ofício, qual seja o prazo decadencial é contado do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele
em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, CTN.
Art. 150 (...)
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador;
expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
#ATENÇÃO: Se o pagamento se dá com fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do
contribuinte acerca de medida preparatória, aplica-se o parágrafo único do art. 173 do CTN, de forma
que o prazo decadencial conta-se da data da notificação do sujeito passivo acerca do ilícito tributário!
Art. 173 (...)

266 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo
nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
iii) Se o sujeito passivo declara mas não paga: o STJ firmou entendimento de que a declaração
formal do sujeito passivo do débito tributário, a exemplo da Declaração de Débitos e Créditos Tributários
Federais – DCTF e da Guia de Informação e Apuração de ICMS – GIA, é, por si só, modo de constituição
do crédito tributário, não havendo que se falar, assim, em decadência, mas tão somente em prescrição.
#ATENÇÃO: Se o sujeito passivo declara, mas não paga, não há se falar em decadência, mas tão somente
prescrição, já que a declaração formal do sujeito passivo do débito tributário é, por si só, modo de
constituição do crédito tributário.
Súmula 436 STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.

DECADÊNCIA NO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO


PRAZO: 5 ANOS
Contribuinte declara e paga,
Art. 150, §4º,
REGRA ainda que parcialmente Conta-se da data do fato gerador
CTN

Contribuinte não declara (e não Conta-se do 1º dia do exercício


EXCEÇÃO 1 Art. 173, I, CTN
antecipa qualquer valor) seguinte
Conta-se do 1º dia do exercício
EXCEÇÃO 2 Dolo, fraude ou simulação Art. 173, I, CTN
seguinte
Ocorre a constituição do crédito tributário, de
EXCEÇÃO 3 Contribuinte declara e não paga forma que não é mais possível se falar em
decadência, mas tão somente em prescrição.

→ PRESCRIÇÃO
Ocorre quando a Fazenda Pública, tendo o crédito devidamente apurado e não pago, não realiza
a cobrança judicial no prazo fixado em lei, não propõe a ação de execução fiscal no prazo legal. Em
outras palavras, é o prazo para o Fisco realizar a cobrança judicial do crédito tributário.
#SELIGA: Ao contrário do que ocorre no Direito Civil, no Direito Tributário o prazo de prescrição não
fulmina apenas a pretensão jurídica, mas o próprio direito (cf. art. 156, V, do CTN c/c o art. 165, I, do CTN).
Ao contrário do que acontece com a prescrição no Direito Civil, onde temos a clássica lição de que é
irrepetível o pagamento de dívida prescrita, no Direito Tributário, tanto com a decadência quanto com a
prescrição não há se falar mais em crédito tributário, já que são causas de extinção do crédito. Assim, o
contribuinte que paga o tributo após a prescrição ou decadência possui direito à repetição do indébito
tributário.

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

267 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
(...) V - a prescrição e a decadência;
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial
do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos
seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação
tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido.
Ao contrário da decadência, a prescrição ocorre após o lançamento. O seu termo inicial é a
constituição definitiva do crédito tributário. A constituição (não definitiva) do crédito se dá com o
lançamento. Com a notificação inicial, abre-se um prazo para o contribuinte pagar ou impugnar. Só após
o transcurso desse prazo sem pagamento ou impugnação ou ao final desta é que a constituição do
crédito será definitiva. Assim, entre a notificação preliminar e a constituição definitiva não corre prescrição
nem decadência. É que durante esse lapso temporal ainda é possível a discussão da legitimidade do
lançamento. Só ocorre, portanto, a constituição definitiva do crédito tributário, quando não é mais cabível
discussão sobre o lançamento ocorrido.
#ATENÇÃO: Interrupção da prescrição.
Na interrupção da prescrição, o prazo para propor a execução fiscal começa a contar
integralmente de novo, é totalmente devolvido ao fisco.
Art. 174 (...)
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de
2005)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO: REFIS é um programa de
parcelamento de tributos federais. O pedido de parcelamento interrompe o prazo prescricional, por
constituir reconhecimento inequívoco do débito (art. 174, parágrafo único, IV, do CTN). Por outro lado, a
exclusão do contribuinte do programa de parcelamento gera a possibilidade imediata de cobrança do
crédito confessado. A partir do momento que o Fisco exclui formalmente o contribuinte do programa de
parcelamento surge, a pretensão de cobrança dos valores devidos. Em outras palavras, a exclusão do
programa configura o marco inicial para a exigibilidade plena e imediata da totalidade do crédito que foi
objeto do parcelamento e ainda não pago. A partir desse instante começa a correr o prazo prescricional
de 5 anos para a União cobrar o débito. Mesmo que o contribuinte, após ser excluído do REFIS, continue
a realizar mensalmente o pagamento das parcelas de forma voluntária e extemporâneo, tal fato não tem
o condão de estender a interrupção do prazo prescricional e nem configurar ato de reconhecimento do
débito (confissão de dívida). Assim, não interrompe o prazo prescricional o fato de o contribuinte, após
ser formalmente excluído do REFIS, continuar efetuando, por mera liberalidade, o pagamento mensal das
parcelas do débito tributário. STJ. 2ª Turma. REsp 1493115-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 15/9/2015 (Info 570).

268 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
#OLHAOGANCHO: Suspensão da prescrição.
Nas hipóteses de suspensão da prescrição, ocorre uma paralisação no transcurso do prazo prescricional,
que deixa de ser contado enquanto perdura a hipótese suspensiva. Uma vez encerrada a situação que
suspendeu o prazo, volta o transcurso deste, mas apenas do restante que faltava correr.
As hipóteses de suspensão da prescrição, ao contrário das hipóteses de decadência, não se encontram
expressas no CTN, mas são elencadas pela doutrina e jurisprudência.
A suspensão da prescrição ocorre implicitamente na moratória, parcelamento, remissão, isenção e à
anistia obtidos em caráter individual com base em procedimento fraudulento.
Além disso, tem-se entendido que, em todos os casos em que a exigibilidade do crédito tributário está
suspensa (art. 151, CTN), também estará suspenso o referido prazo prescricional.
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído
pela Lcp nº 104, de 2001)
VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A revogação de liminar que suspendeu a exigibilidade do crédito
tributário ocasiona a retomada do lapso prescricional para o Fisco, desde que inexistente qualquer outra
medida constante do art. 151 do CTN ou recurso especial / extraordinário dotado de efeito suspensivo.
STJ. 1ª Seção. EAREsp 407940-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/5/2017 (Info 605).
#OLHAOGANCHO: A Lei 6.830/80 (art. 2º, § 3º) também prevê a suspensão por 180 dias, quando da
inscrição em Dívida Ativa da União, mas a jurisprudência em geral só tem aceitado essa suspensão para
créditos não tributários, visto que na esfera tributária a matéria deve ser regulada por lei complementar.
Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei
nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito
financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal.
(...) § 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão
competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de
direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.

#MAISUMGANCHO: Suspensão da prescrição intercorrente.


Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados
bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.

269 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Assim, suspensa a execução fiscal por não ter sido localizado o devedor ou bens penhoráveis,
suspende-se também o prazo prescricional. O prazo máximo de suspensão da execução fiscal e,
portanto, da suspensão da prescrição, é de 1 (um) ano, nos termos do §2º do art. 40, LEF:
§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens
penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
Com o fim da suspensão da execução fiscal, e uma vez arquivados os autos, reinicia-se o prazo
prescricional intercorrente, também quinquenal, e que pode ser reconhecida de ofício pelo juízo, nos
termos do art. 40, §4º, LEF:
Art. 40. (...)
§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de
ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.
(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)
16. Impostos da União, impostos dos Estados e impostos dos Municípios.
#IPTU
Súmula 614-STJ: O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-tributária de
IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos.
Alienante do imóvel continua responsável pelos débitos tributários cujo fato gerador ocorreram antes da
alienação. O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execução fiscal de débitos
constituídos em momento anterior à alienação voluntária de imóvel. Ex: em 01/01/2015, data do fato
gerador do IPTU, João era proprietário de um imóvel; alguns meses mais tarde ele aliena para terceiro;
Município poderá ajuizar execução fiscal contra João cobrando IPTU do ano de 2015. STJ. 2ª Turma. AgInt
no AREsp 942940-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/8/2017 (Info 610).
Obrigatoriedade da publicação oficial da planta de valores imobiliários para apuração da base de cálculo
do IPTU. A Planta Genérica de Valores, por conter dados indispensáveis à apuração da base de cálculo
do IPTU, deve ser objeto de publicação oficial. A mera afixação da Planta de Valores no átrio da sede do
município não supre essa exigência de publicação oficial. STJ. 2ª Turma. REsp 1645832/SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 07/03/2017.
Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de finalidade estatal. A
INFRAERO (empresa pública federal) celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma
empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente um imóvel pertencente
à INFRAERO. Vale ressaltar que esta empresa é uma concessionária de automóveis. A empresa privada
queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não aceitou
a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso. A atividade desenvolvida pela empresa tem por
finalidade gerar lucro. Se fosse reconhecida a imunidade neste caso, isso geraria, como efeito colateral,
uma vantagem competitiva artificial em favor da empresa, que teria um ganho em relação aos seus
concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite o aumento do lucro ou a formação de preços
menores, o que provoca desequilíbrio das relações de mercado. Não se pode aplicar a imunidade
tributária recíproca se o bem está desvinculado de finalidade estatal. STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig.
Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/4/2017 (Info 861).

270 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Se uma pessoa jurídica de direito público faz contrato de cessão de uso de imóvel com empresa privada,
esta última não goza de imunidade e deverá pagar IPTU. Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa
jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo. Ex: a União
celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma empresa privada por meio da qual esta
última poderia explorar comercialmente determinado imóvel pertencente ao patrimônio público federal.
A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária.
O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso. STF. Plenário. RE 601720/RJ,
rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão geral)
(Infos 860 e 861).
Sociedade de economia mista com finalidade lucrativa e que for arrendatária de imóvel público não goza
de imunidade tributária. A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não
se estende a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade
econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município. Ex: a
União, proprietária de um grande terreno localizado no Porto de Santos, arrendou este imóvel para a
Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza o local para armazenar combustíveis. Antes do
arrendamento, a União não pagava IPTU com relação a este imóvel em virtude da imunidade tributária
recíproca. Depois que houve o arrendamento, a Petrobrás passa a ter que pagar o imposto. STF. Plenário.
RE 594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).
#ISS
ECT tem direito à repetição do indébito relativo ao ISS sem necessidade de prova de ter assumido o
encargo pelo tributo e sem autorização dos tomadores dos serviços. Os Correios gozam de imunidade
tributária recíproca, razão pela qual os Municípios não podem cobrar ISS sobre a prestação dos serviços
postais. Ocorre que, durante muitos anos, alguns Municípios cobravam o imposto porque ainda não se
tinha uma certeza, na jurisprudência, acerca da imunidade dos Correios. A ECT pode pleitear à repetição
do indébito relativo ao ISS cobrado sobre os serviços postais. Para isso, os Correios não precisam provar
que assumiram o encargo pelo tributo nem precisam estar expressamente autorizados pelos tomadores
dos serviços. Presume-se que os Correios não repassaram o custo do ISS nas tarifas postais cobradas dos
tomadores dos serviços. Isso porque a empresa pública sempre entendeu e defendeu que não estava
sujeita ao pagamento desse imposto. Não havendo repasse do custo do ISS ao consumidor final, os
Correios podem pleitear a restituição sem necessidade de autorização do tomador dos serviços. STJ. 2ª
Turma. RESp 1.642.250-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/3/2017 (Info 602).
Lei municipal que veicula exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN. É inconstitucional lei municipal
que veicule exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN fora das hipóteses previstas em lei
complementar nacional. Também é incompatível com o texto constitucional medida fiscal que resulte
indiretamente na redução da alíquota mínima estabelecida pelo art. 88 do ADCT, a partir da redução da
carga tributária incidente sobre a prestação de serviço na territorialidade do ente tributante. STF. Plenário.
ADPF 190/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/09/2016 (Info 841).
Incide ISS sobre o serviço prestado pelos planos de assistência à saúde. As operadoras de planos privados
de assistência à saúde (plano de saúde e seguro-saúde) realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CF/88. STF. Plenário. RE
651703/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29/09/2016 (repercussão geral) (Info 841).

271 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Incidência de ISS sobre montagem de pneus. Incide ISS (e não ICMS) sobre o serviço de montagem de
pneus, ainda que a sociedade empresária também forneça os pneus utilizados na montagem. STJ. 2ª
Turma. REsp 1307824-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 27/10/2015 (Info 573).
#IPVA
Súmula 585-STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no que se refere ao
período posterior à sua alienação. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 14/12/2016.
Termo inicial do prazo prescricional para cobrança de IPVA. O Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA) é lançado de ofício no início de cada exercício e constituído definitivamente com a
cientificação do contribuinte para o recolhimento da exação, a qual pode ser realizada por qualquer meio
idôneo, como o envio de carnê ou a publicação de calendário de pagamento, com instruções para a sua
efetivação. A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA perfectibiliza a constituição
definitiva do crédito tributário, iniciando-se o prazo prescricional para a execução fiscal no dia seguinte
à data estipulada para o vencimento da exação. STJ. 1ª Seção. REsp 1320825-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 588).
#AJUDAMARCINHO
Releitura do art. 174 do CTN pelo STJ
O art. 174 do CTN estabelece o seguinte:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
Para o STJ, a constituição definitiva do IPVA ocorre com a notificação do contribuinte para pagamento.
Desse modo, se fossemos utilizar a redação literal do art. 174, o prazo prescricional teria início na data da
notificação do sujeito passivo (constituição definitiva). Ex: no dia em que ele recebeu o carnê de
pagamento ou na data em que foi divulgado o calendário de pagamentos.
Ocorre que o STJ fez uma releitura dessa parte final do dispositivo e decidiu que o prazo prescricional
deverá ser contado a partir do dia seguinte à data estipulada como vencimento do imposto.
O STJ decidiu assim porque antes de passar a data do vencimento do tributo, o Fisco ainda não poderá
executar o contribuinte, que ainda nem pode ser considerado devedor.
#ICMS
É devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para frente
se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida. Em adequação ao entendimento do
Supremo Tribunal Federal, é devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para frente se a base de
cálculo efetiva da operação for inferior à presumida. STJ. 1ª Turma. REsp 687113-RS, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 05/04/2018 (Info 623).
Responsabilidade pelo pagamento da diferença de alíquota caso tenha havido tredestinação da
mercadoria. A empresa vendedora de boa-fé que evidencie a regularidade da operação interestadual
realizada com cláusula FOB (Free on Board) não pode ser objetivamente responsabilizada pelo
pagamento do diferencial de alíquota de ICMS em razão de a mercadoria não ter chegado ao destino
declarado na nota fiscal. A despeito da regularidade da documentação, o Fisco pode tentar comprovar

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que a empresa vendedora intencionalmente participou de eventual fraude para burlar a fiscalização,
concorrendo para a tredestinação da mercadoria (mediante simulação da operação, por exemplo). Neste
caso, sendo feita essa prova, a empresa vendedora poderá ser responsabilizada pelo pagamento dos
tributos que deixaram de ser oportunamente recolhidos. STJ. 1ª Seção. EREsp 1657359-SP, Rel. Min.
Gurgel de Faria, julgado em 14/03/2018 (Info 622).
É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de importação editada
após a vigência da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002. É válida lei estadual que dispõe acerca da
incidência do ICMS sobre operações de importação editada após a vigência da EC 33/2001 (12/12/2001),
mas antes da LC federal 114/2002, visto que é plena a competência legislativa estadual enquanto inexistir
lei federal sobre norma geral, conforme art. 24, § 3º, da CF/88. Nesse sentido, o STF julgou válida lei do
Estado de SP, editada em 21/12/2001, que prevê a incidência de ICMS sobre importação de veículo por
pessoa física e para uso próprio. Não há inconstitucionalidade uma vez que a lei foi editada após a EC
33/2001, que autorizou a tributação. STF. 2ª Turma. ARE 917950/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/
ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5/12/2017 (Info 887).
Inconstitucionalidade de lei estadual que concede vantagens no parcelamento do ICMS para empresas
que aderirem a programa de geração de empregos. É inconstitucional lei estadual que concede, sem
autorização de convênio interestadual, vantagens no parcelamento de débitos do ICMS para empresas
que aderirem a programa de geração de empregos. O Estado-membro só pode conceder benefícios de
ICMS se isso tiver sido previamente autorizado por meio de convênio celebrado com os demais Estados-
membros e DF, nos termos do art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o art. 1º da LC 24/75. A concessão
unilateral de benefícios de ICMS sem previsão em convênio representa um incentivo à guerra fiscal. STF.
Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/3/2017 (Info 856).
Constitucionalidade de regime tributário opcional com redução da base de cálculo condicionada à
renúncia ao regime de apuração normal de créditos e débitos. No Rio Grande do Sul foi editada uma lei
prevendo que as empresas transportadoras teriam duas opções de tributação do ICMS: 1ª) poderiam
continuar com o sistema normal de créditos e débitos inerente ao ICMS; 2ª) poderiam aderir a um regime
tributário opcional no qual teriam a redução da base de cálculo para o percentual de 80%, condicionada
ao abandono do regime de apuração normal de créditos e débitos. O STF entendeu que não é
inconstitucional lei estadual que permita que o contribuinte opte por um regime especial de tributação
de ICMS com base de cálculo reduzida, mediante expressa renúncia ao aproveitamento de créditos
relativos ao imposto pago em operações anteriores, ainda que proporcional. Esta norma não viola o
princípio da não cumulatividade. Assim, se a empresa contribuinte optar pelo sistema da base de cálculo
reduzida, não terá direito ao creditamento de ICMS. STF. 1ª Turma. AI 765420 AgR-segundo/RS, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 21/2/2017 (Info 855).

#IR
Súmula 598-STJ: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial
da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda suficientemente demonstrada a
doença grave por outros meios de prova.
Súmula 590-STJ: Constitui acréscimo patrimonial a atrair a incidência do Imposto de Renda, em caso de
liquidação de entidade de previdência privada, a quantia que couber a cada participante, por rateio do

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patrimônio, superior ao valor das respectivas contribuições à entidade em liquidação, devidamente
atualizadas e corrigidas.

17. Processo administrativo tributário: princípios básicos, determinação e exigência do crédito tributário,
representação fiscal para fins penais. 18. Processo judicial tributário: Lei nº 6.830/1980 e suas alterações
(ação de execução fiscal), Lei nº 8.397/1992 e suas alterações (ação cautelar fiscal), ação declaratória
da inexistência de relação jurídico‐tributária, ação anulatória de débito fiscal, Lei nº 12.016/2009
(mandado de segurança), ação de repetição de indébito, ação de consignação em pagamento, ações
de controle de constitucionalidade, ação civil pública.
#CHUVADESÚMULA #NÃOSABOTEASSÚMULAS

Súmula 66 STJ: compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho de
fiscalização profissional.
Súmula 515 STJ: A reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor constitui faculdade do Juiz.
Súmula 414 STJ: A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais
modalidades.
Súmula 435 STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio-gerente.
#ATENÇÃO: o STJ entende que essa súmula aplica-se tanto para dívidas tributárias como não-tributárias.
Assim, quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o redirecionamento de
execução fiscal de dívida ativa não-tributária contra o sócio-gerente da pessoa jurídica executada,
independentemente da existência de dolo (REsp 1.371.128-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 10/9/2014).
Súmula 314 STJ: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por 1
ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.
Súmula 409 STJ: em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser
decretada de ofício. #ATENÇÃO: Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: II — decidir, de
ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
Súmula 153 STJ: A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, não exime o
exequente dos encargos da sucumbência.
Súmula 189 STJ: é desnecessária a intervenção do MP nas execuções fiscais.
Súmula 452 STJ (execução fiscal): A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração
Federal, vedada a atuação judicial de ofício.
Súmula 394 STJ: É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de renda
retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual.
Súmula 121 STJ: Na execução fiscal o devedor deverá ser intimado, pessoalmente, do dia e hora da
realização do leilão.
Súmula 393 STJ: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias
conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.

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Súmula 523-STJ: A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais deve
corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a incidência da taxa
Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada sua cumulação com quaisquer
outros índices.
Súmula 188-STJ: Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do trânsito
em julgado da sentença.
Súmula 162-STJ: Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento
indevido.
→ EXECUÇÃO FISCAL
A Lei nº 6.830/80 estabelece um rito específico para a cobrança de créditos da Fazenda Pública.
Os entes políticos e as respectivas autarquias possuem a prerrogativa de constituir unilateralmente o título
executivo que irá lastrear a execução. Essa é a disposição da LEF:
Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo
Civil.
Execução fiscal é uma modalidade de execução por quantia certa, com base em título extrajudicial,
constituído pela certidão de dívida ativa regularmente inscrita (para possibilitar a execução fiscal, é
indispensável que a dívida ativa esteja regularmente inscrita), de caráter expropriatório, que se realiza no
interesse da Fazenda Pública.
A dívida ativa poderá compreender qualquer valor. As obrigações contratuais, inclusive, desde
que submetidas ao controle de inscrição, podem ser exigidas por via de execução fiscal.
Diferentemente da maioria dos demais títulos extrajudiciais, é constituído independentemente da
manifestação da vontade do devedor (como acontece na relação contratual, por exemplo). Desde que
observados os requisitos legais na sua formação, dentre os quais se insere o direito à ampla defesa no
correspondente procedimento fiscal, a certidão de dívida ativa goza de presunção5 de certeza e liquidez,
sendo apta para lastrear a execução fiscal.
A regra geral de competência é o domicílio do executado, no de sua residência ou onde for
encontrado.
Na execução fiscal, o devedor é citado para, em cinco dias (lembre que na execução comum esse
prazo é de 3 dias), pagar ou oferecer bens à penhora. Caso pague, o juiz dará vista à Fazenda e, com a
concordância desta, a execução será extinta.
Garantido o juízo, é viabilizada a oposição de embargos à execução fiscal. De acordo com a
sistemática da LEF, a garantia ao juízo é pressuposto de admissibilidade dos embargos à execução fiscal.
No mais, o prazo para apresentação dos embargos é contado a partir da data em que o devedor é
intimado do termo de formalização de garantia (depósito, fiança bancária, penhora).

Não embargada a execução ou rejeitados os embargos, passa-se à expropriação dos bens, na


forma preconizada para a execução comum. Do mesmo modo, não havendo concessão de efeito
suspensivo aos embargos ou sendo estes julgados improcedentes, a execução prossegue com venda dos
bens penhorados em leilão público.

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→ Exceção de pré-executividade
O objetivo é demonstrar a inexequibilidade da CDA e ocasionar a extinção da execução fiscal. Não
precisa de garantia.
Súmula 393 STJ: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias
conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.
Não pode discutir responsabilidade de sócios. Algumas hipóteses de cabimento: modificação do
crédito tributário (suspensão da exigibilidade, exclusão ou extinção), imunidades e prescrição.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
O erro culposo na classificação aduaneira de mercadorias importadas e devidamente declaradas ao fisco
não se equipara à declaração falsa de conteúdo e, portanto, não legitima a imposição da pena de
perdimento. STJ. 1ª Turma. REsp 1316269-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 6/4/2017 (Info 604).
A ausência de prévio processo administrativo não enseja a nulidade da Certidão de Dívida Ativa (CDA)
nos casos de tributos sujeitos a lançamento de ofício. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 370.295-SC, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 1º/10/2013 (Info 531).
A cassação de registro especial para a fabricação e comercialização de cigarros, em virtude de
descumprimento de obrigações tributárias por parte da empresa, não constitui sanção política. STF.
Plenário. RE 550769/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 22/5/2013 (Info 707).
A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluir os expurgos inflacionários. STJ. Corte Especial.
REsp 1131360-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 3/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 607).
A irrisoriedade do valor em relação ao total da dívida executada não impede sua penhora via BacenJud.
STJ. 2ª Turma. REsp 1646531/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 06/04/2017.
É permitido o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente que, no momento da
dissolução, exercia a gerência, mas que não era o gerente no momento do fato gerador do tributo? 1ª
corrente: NÃO. Posição da 1ª Turma do STJ. AgRg no AREsp 729285/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 06/08/2015. 2ª corrente: SIM. Posição da 2ª Turma do STJ. REsp 1520257-SP, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 16/6/2015 (Info 564).
No caso em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente dispensada de forma expressa pelo
juízo competente — inexistindo, ainda que parcialmente, a prestação de qualquer garantia (penhora,
fiança, depósito, seguro-garantia) —, o prazo para oferecer embargos à execução deverá ter início na
data da intimação da decisão que dispensou a apresentação de garantia, não havendo a necessidade,
na intimação dessa dispensa, de se informar expressamente o prazo para embargar. STJ. 2ª Turma. REsp
1440639-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/6/2015 (Info 563).
Na ação de execução fiscal, frustradas as diligências para localização de outros bens em nome do devedor
e obedecida a ordem legal de nomeação de bens à penhora, não cabe ao magistrado recusar a
constrição de bens nomeados pelo credor fundamentando a decisão apenas na assertiva de que a
potencial iliquidez deles poderia conduzir à inutilidade da penhora. Isso porque, nos termos do art. 612
do CPC 1973 (art. 797 do CPC 2015), a execução é realizada no interesse do credor que adquire, pela
penhora, o direito de preferência sobre os bens indicados. Ademais, conforme preceitua o art. 591 do

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CPC 1973 (art. 789 do CPC 2015), todo o patrimônio presente e futuro do devedor pode ser utilizado
para pagamento de débitos. Ex: a União ajuizou execução fiscal contra João cobrando uma dívida de R$
20 mil. Foi tentada a penhora “online” (via sistema “BacenJud”), não tendo sido localizadas contas
bancárias em nome do devedor. Buscou-se também a localização de outros bens penhoráveis, mas sem
sucesso. Diante disso, a União requereu a penhora de um veículo do executado, qual seja, um Volkswagen
SANTANA CD (fabricado em 1985). O juiz indeferiu a constrição do veículo, sob o argumento de que o
bem era muito antigo, o que ensejaria a inutilidade da penhora. Em uma situação parecida com esta, o
STJ deu provimento ao recurso e determinou que a penhora fosse realizada. STJ. 1ª Turma. REsp 1523794-
RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/5/2015 (Info 563).
Em sede de execução fiscal, a Fazenda Pública não tem direito de substituir a fiança bancária prestada
pela sociedade empresária executada e anteriormente aceita pelo ente público por penhora de depósito
de quantia destinada à distribuição de dividendos aos acionistas da devedora, a não ser que a fiança
bancária se mostre inidônea. STJ. 1ª Seção. EREsp 1163553-RJ, Rel. originário e voto vencedor Min. Arnaldo
Esteves Lima, Rel. para o acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/4/2015 (Info 569).
O art. 185-A do CTN prevê a possibilidade de ser decretada a indisponibilidade dos bens e direitos do
devedor tributário na execução fiscal. Vale ressaltar, no entanto, que a indisponibilidade de que trata o
art. 185-A do CTN só pode ser decretada se forem preenchidos três requisitos: 1) deve ter havido prévia
citação do devedor; 2) o executado deve não ter pago a dívida nem apresentado bens à penhora no
prazo legal; 3) não terem sido localizados bens penhoráveis do executado mesmo após a Fazenda Pública
esgotar as diligências nesse sentido. Obs.: para que a Fazenda Pública prove que esgotou todas as
diligências na tentativa de achar bens do devedor, basta que ela tenha adotado duas providências: a)
pedido de acionamento do BacenJud (penhora “online”) e consequente determinação pelo magistrado;
b) expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao Departamento Nacional
ou Estadual de Trânsito — DENATRAN ou DETRAN. STJ. 1ª Seção. REsp 1377507-SP, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 26/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 552).
Quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o redirecionamento da
execução fiscal para o sócio-gerente da pessoa jurídica executada mesmo que se trate de dívida ativa
NÃO-TRIBUTÁRIA. Assim, por exemplo, a Súmula 435 do STJ pode ser aplicada tanto para execução fiscal
de dívida ativa tributária como também na cobrança de dívida ativa NÃO-TRIBUTÁRIA. STJ. 1ª Seção.
REsp 1371128-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/9/2014 (recurso repetitivo) (Info 547).
Nos casos de dissolução irregular da sociedade empresária, o redirecionamento da Execução Fiscal para
o sócio-gerente não constitui causa de exclusão da responsabilidade tributária da pessoa jurídica. Apesar
de o art. 135 do CTN falar em “responsabilidade pessoal”, o STJ consolidou o entendimento de que essa
responsabilidade do sócio-gerente, por atos de infração à lei, é solidária (não excluindo a
responsabilidade da empresa). Logo, responderão pelo débito o sócio-gerente e a pessoa jurídica,
figurando ambos na execução fiscal, em litisconsórcio passivo. STJ. 2ª Turma. REsp 1455490-PR, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 26/8/2014 (Info 550).
A garantia do juízo no âmbito da execução fiscal deve abranger honorários advocatícios mesmo que eles
não constem na CDA? SIM. Há situações em que o valor dos honorários advocatícios já consta na própria
CDA. Isso ocorre quando a lei que rege o crédito cobrado permite essa inclusão. Nesses casos, não há
qualquer dúvida de que a garantia oferecida deverá abranger também o montante dos honorários.

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Existem, contudo, outras hipóteses em que na CDA não vêm previstos os honorários e estes são
arbitrados pelo juiz ao despachar a petição inicial na execução. Aqui havia dúvida se a garantia deveria
também englobá-los. O STJ entendeu que sim. Isso porque, como a LEF não trata do assunto, deve-se
aplicar subsidiariamente o CPC e este determina que a penhora de bens seja feita de modo a incluir o
principal, os juros, as custas e os honorários advocatícios. Em resumo, a garantia do juízo no âmbito da
execução fiscal deve abranger honorários advocatícios, sejam eles previstos na CDA ou arbitrados
judicialmente. STJ. 2ª Turma. REsp 1409688-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 11/2/2014 (Info
539).
Se o devedor aderiu a parcelamento administrativo dos débitos tributários, os seus bens penhorados na
execução fiscal deverão ser liberados? • Se a penhora ocorreu ANTES do parcelamento: NÃO. • Se a
penhora ocorreu DEPOIS do parcelamento: SIM. STJ. 2ª Turma. REsp 1421580-SP, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 4/2/2014 (Info 537).
A constatação posterior ao ajuizamento da execução fiscal de que a pessoa jurídica executada tivera sua
falência decretada antes da propositura da ação executiva não implica a extinção do processo sem
resolução de mérito. Deve ser dada a oportunidade de o exequente retificar a CDA, fazendo constar a
informação de que a parte devedora se encontra em estado falimentar, e emendar a Inicial. STJ. 1ª Seção.
REsp 1372243-SE, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes,
julgado em 11/12/2013 (recurso repetitivo) (Info 538).
Os valores depositados em contas em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas tributárias da
matriz. STJ. 1ª Seção. REsp 1.355.812-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/5/2013
(recurso repetitivo) (Info 524).

DIREITO AMBIENTAL8

2. Princípios fundamentais.
• Princípio do desenvolvimento sustentável: Desenvolvido inicialmente na Conferência de Estocolmo
de 1972, segundo o qual se baseia a noção da necessidade da coexistência harmônica do
desenvolvimento econômico com os limites ambientais, para que estes não se esgotem, mas que
fiquem preservados para as futuras gerações.
• Princípio da reparação integral: Também conhecido como “princípio da responsabilidade”, ou
“princípio do poluidor-pagador” (polluterpayprinciple), busca imputar ao poluidor o custo social da
poluição por ele gerada, engendrando um mecanismo de responsabilidade por dano ecológico.
Não pode ser confundido com uma permissão à degradação, mas evitar a degradação ambiental.
• Consagrado no art. 4º, inc. VII, da Lei 6.938/81, recepcionada pelo novo ordenamento constitucional.

VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados
e, ao usuário, da contribuição pela utilização
de recursos ambientais com fins econômicos.

8
Por Renata Borici.

278 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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→ STF, julgamento do RE 609.748 AgR/RJ, de 23.08.2011: A teoria do fato consumado não pode ser
invocada para conceder direito inexistente sob a alegação de consolidação da situação fática pelo
decurso do tempo. Esse é o entendimento consolidado por ambas as turmas desta Suprema Corte.
→STJ: Não há direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente, não existindo permissão ao
proprietário ou posseiro para a continuidade de práticas vedadas pelo legislador.

#ATENÇÃO #SEMPRECAI
• Princípio da prevenção: a prevenção trata de riscos ou impactos já conhecidos da ciência, ao passo
que a precaução se destina a gerir riscos ou impactos desconhecidos. O princípio da prevenção
relaciona-se com o perigo concreto de um dano, ou seja, sabe-se que não se deve esperar que ele
aconteça, fazendo-se necessário, portanto, a adoção de medidas capazes de evitá-lo.
• Princípio da precaução: A precaução tende a não autorização de determinado empreendimento,
se não houver certeza científica de que ele não causará no futuro um dano irreversível. Foi proposto
na conferência Rio 92 com a seguinte definição: “O Princípio da precaução é a garantia contra os
riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda
identificados.”
#DEOLHONAJURIS
STJ: O princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório, competindo a quem
supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou ou que a substância lançada
ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva. (Jurisprudência em teses) #VAICAIR
Princípio da precaução, campo eletromagnético e legitimidade dos limites fixados pela Lei 11.934/2009 -
No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da
exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos
gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os
parâmetros propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme estabelece a Lei nº
11.934/2009. STF. Plenário. RE 627189/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/6/2016 (repercussão geral)
(Info 829).
• Princípio da cooperação: tanto diz respeito à cooperação internacional entre as nações, como
internamente, à cooperação entre os entes federativos e, ainda, a sociedade civil organizada,
conforme contemplado genericamente no art. 225 da Constituição Federal, quando ali se prescreve
que se impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender o meio ambiente e preservá-
lo.
• Princípio da Proibição do Retrocesso: Significa dizer que, uma vez obtido um determinado direito,
este passa a constituir uma garantia institucional e um direito subjetivo.
• Princípio da informação: cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio
ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e
atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos
decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando
as informações à disposição de todos. (DECLARAÇÃO DO RIO 1992, p. 2)

279 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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• Princípio da participação comunitária: a resolução dos problemas ambientais deve-se dar por
intermédio da cooperação entre o Estado e a sociedade, através da participação dos diferentes
grupos sociais na formulação e na execução da política ambiental.
• Princípio da função socioambiental da propriedade: estabelece o condicionamento do uso da
propriedade à preservação do meio ambiente e ao bem-estar social, conforme também foi
reconhecido pelo legislador ordinário, limitando o direito fundamental da propriedade, tanto rural
como urbana, à sua finalidade social.
• Princípio da ubiquidade: a proteção ambiental deve ser levada em conta toda vez que uma política,
atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra, etc., tiver que ser criada e desenvolvida.
• Princípio da solidariedade intergeracional: por meio do qual se busca assegurar a solidariedade da
presente geração em relação às futuras, para que também estas possam usufruir de forma
sustentável dos recursos naturais.
→ STJ: “inexiste direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente. O tempo é incapaz de curar
ilegalidades ambientais de natureza permanente, pois parte dos sujeitos tutelados – as gerações futuras
– carece de voz e de representantes que falem ou se omitam em seu nome”. Passagem do Resp 948.921,
de 23.10.2007
• Princípio da subsidiariedade: o ente político centralizador, no caso a União, somente deve agir
quando o regional, no caso estadual, ou local – municipal, não for capaz de realizar determinada
ação.
• Princípio usuário pagador: Busca-se evitar que o “custo zero” dos serviços e recursos naturais acabe
por conduzir o sistema de marcado a uma exploração desenfreada do meio ambiente.
• Princípio da Responsabilidade comum, mas diferenciada: “(...) tem feição ambiental internacional,
decorrendo do Princípio da Isonomia, pontificando que todas as nações são responsáveis pelo
controle da poluição e a busca da sustentabilidade, mas os países mais poluidores deverão adotar
as medidas mais drásticas, pois são os principais responsáveis pela degradação ambiental na
Biosfera.
3. O Direito Ambiental como Direito Econômico. 4. A natureza econômica das normas de Direito
Ambiental.
O Direito Econômico busca uma melhor organização e um planejamento da economia. Isto
envolve políticas sociais e culturais de uma sociedade que leva à criação do direito do desenvolvimento
sustentável, pois instrumentalizam políticas de desenvolvimento com o aumento do bem-estar dos
cidadãos.
Princípios da Constituição Federal Econômica (art. 170, CF): soberania nacional, propriedade
privada, função social da propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, redução das
desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego, tratamento favorecido para empresas
nacionais de pequeno porte, e defesa do meio ambiente, sinalizando desde já a Constituição econômica
pela necessidade de interação com a Constituição natureza.

280 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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São os três pilares do direito ambiental: desenvolvimento econômico, com proteção ao meio
ambiente e com equidade social.
Este objetivo decorre do Princípio do Desenvolvimento Sustentável. Busca-se um meio termo entre
o crescimento da economia e a manutenção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, sempre
com vista à redução da miséria.
RIO92 – Princípio 16: As autoridades nacionais deveriam fomentar a internalização dos custos
ambientais pelo poluidor ou degradador, e o uso de instrumentos econômicos que impliquem que o
poluidor deve, em princípio, arcar com os custos da degradação ambiental.
Instrumentos Econômicos:
▪ ICMS Ecológico;
▪ Isenção de ITR;
▪ CIDE – Combustíveis;
▪ Suspensão da incidência de Contribuição para PIS/PASEP e da COFINS;
▪ Concessão de incentivos e de financiamentos públicos;
▪ Pagamento por serviços ambientais.

5. Repartição de competências em matéria ambiental


A competência em matéria ambiental é distribuída por todos os entes federados. É importante
distinguir a competência legislativa e a competência material (ou administrativa).

A Competência Legislativa está disciplinada na Constituição e subdivide-se em:


a) exclusiva: é a atribuída a um ente com a exclusão dos demais, sendo certo que esta competência
é indelegável. É prevista no artigo 25, §§ 1º e 2º da Constituição Federal;
b) privativa: é a enumerada como própria de uma entidade, todavia passível de delegação e
suplementação da competência. É prevista pelo artigo 22 e parágrafo único, da Constituição Federal;
c) concorrente: é a competência prevista pelo artigo 24 da Constituição Federal, a qual se
caracteriza pela possibilidade de União, Estados, e Distrito Federal disporem sobre o mesmo assunto ou
matéria, sendo que a União caberá legislar sobre normas gerais;
d) suplementar: correlata à concorrente, é a que atribui competência a Estados, Distrito Federal
(art. 24, § 2º) e Municípios (art. 30, II) para legislarem sobre normas de conteúdo de princípios e normas
gerais ou que supram a ausência ou omissão destas.

Exclusiva Art. 21, IX, XVIII, XIX, XX e XXIII


União
Comum Art. 23, III, IV, VI, VII e XI
Estados Exclusiva Art. 25, §§1º, 2º e 3º
ADMINISTRATIVA
e DF Comum Art. 23, III, IV, VI, VII e XI
Exclusiva Art. 30, VIII e IX
Municípios
Comum Art. 23, III, IV, VI, VII e XI
Privativa Art. 22, IV, XII e XXVI
LEGISLATIVA União
Concorrente Art. 24, VI, VII e VIII

281 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Exclusiva Art. 25, §§1º e 3º
Estados
Concorrente Art. 24, VI, VII e VIII.
Plena Art. 24, §3º
Exclusiva Art. 30, I
Municípios
Suplementar Art. 30, II

→ COMPETÊNCIA DA UNIÃO
Competência Executiva Exclusiva – a União deve sempre observar com precisão a atuação do
interesse nacional.
É de competência executiva exclusiva da União:
• elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
• planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas
e inundações;
• instituir um sistema nacional de gerenciamento de recursos híbridos e definir critérios de outorga
de direitos de seu uso;
• instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos;
• e explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer o monopólio estatal
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de
minérios nucleares e seus derivados, atendidos princípios e condições estabelecidos pela própria
Constituição.
Competência Legislativa da União – Competência Privativa da União:
O artigo 22 da Constituição determina que a União deve legislar sobre:
• águas e energia;
• jazidas, minas e outros recursos minerais; e
• atividades nucleares de qualquer natureza.
→ STF: “Energia nuclear. Competência legislativa da União. Artigo 22, XXVI, da Constituição Federal. É
inconstitucional norma estadual que dispõe sobre atividades relacionadas ao setor nuclear no âmbito
regional, por violação da competência da União para legislar sobre atividades nucleares, na qual se inclui
a competência para fiscalizar a execução dessas atividades e legislar sobre a referida fiscalização. Ação
direta julgada procedente.” (ADI 1.575, de 07.04.2010).

Competência Concorrente da União (também dos Estados e Distrito Federal): Segundo o Art. 24 da CF,
compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
• VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
• VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
• VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

282 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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#ATENÇÃO
Não custa lembrar que no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.E mais, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.Por fim, a superveniência
de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Fique
atento!! Não se trata de revogação, mas sim de suspensão de eficácia da lei estadual. Pode-se dizer que
existe um verdadeiro Paralelismo Triplo de Normas Ambientais(#DEOLHONANOMENCLATURA). A União
editará as regras gerais; os Estados e o DF, observadas as normas gerais, editarão normas observando
seus interesses regionais, enquanto que os municípios as editará de acordo com os interesses locais, mas
sempre observando aquelas que lhe sobrepõem.
Competência administrativa comum – O artigo 23 da Constituição estabelece como sendo dever da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de forma cooperativa:
• proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
• impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico e cultural;
• proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; preservar as
florestas, a fauna e a flora;
• e, por fim, registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de
recursos híbridos e minerais em seus territórios.

As normas de cooperação entre os entes federativos deverão ser fixadas por Lei Complementar, no caso
se trata da LCP 140/11.
→ COMPETÊNCIA DOS ESTADOS
Além da competência concorrente disciplinada no art. 24 da CF e da competência executiva
comum disciplinada no art. 23, CF, os Estados também possuem:
Competência executiva exclusiva – A Constituição não enumera as competências executivas
exclusivas dos Estados, somente as dos Municípios e da União. A competência que lhe sobra é a
remanescente, ou seja, aquelas que não foram designadas para outro ente público.
A Constituição ainda dispõe aos Estados o poder de explorar diretamente, através de concessão,
os serviços de gás canalizado e instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamento de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum.
Competência legislativa– Também se trata de competência remanescente. Cabe ao Estado legislar
tudo aquilo que a Constituição não atribuiu aos Municípios ou à União.

→ COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS

283 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Competência executiva exclusiva – Além da Competência comum, descrita no artigo 23, os
Municípios são dotados de competência exclusiva em matéria ambiental, cabendo-lhes, conforme o art.
30 da CF:
• Promover o adequado ordenamento territorial, o que deve ser feito mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano, feita em conjunto com a da União
de executar planos elaborados para a ordenação do território regional.
• Proteger o patrimônio histórico-cultural local com observância da legislação e da ação fiscalizadora
da União e dos Estados.
Competência legislativa – O artigo 30, inciso I da Constituição estabelece que é competência
municipal legislar sobre:
• Assuntos de interesse local – Deve-se buscar por uma predominância de interesse. Essa
predominância é o que propõe Paulo Machado, ao lecionar que "caberá aos Municípios legislar
sobre todas aquelas matérias em que seu interesse prevalece sobre os interesses da União e dos
Estados”.
#DEOLHONAJURIS
É inconstitucional lei estadual que prevê a supressão de vegetal em APP para a realização de atividades
exclusivamente de lazer – É inconstitucional lei estadual prevendo que é possível a supressão de vegetal
em Área de Preservação Permanente (APP) para a realização de “pequenas construções com área
máxima de 190 metros quadrados, utilizadas exclusivamente para lazer”. Essa lei possui vícios de
inconstitucionalidade formal e material. Há inconstitucionalidade formal porque o Código Florestal (lei
federal que prevê as normas gerais sobre o tema, nos termos do art. 24, § 1º, da CF/88) não permite a
instalação em APP de qualquer tipo de edificação com finalidade meramente recreativa. Existe também
inconstitucionalidade material porque houve um excesso e abuso da lei estadual ao relativizar a proteção
constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, cujo titular é a coletividade, em face do
direito de lazer individual. STF. Plenário. ADI 4988/TO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
19/9/2018 (Info 916).
É inconstitucional lei estadual que remete o regramento do cultivo comercial e das atividades com
organismos geneticamente modificados à regência da legislação federal – A competência para legislar
sobre as atividades que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) é concorrente (art. 24,
V, VIII e XII, da CF/88). No âmbito das competências concorrentes, cabe à União estabelecer normas
gerais e aos Estados-membros editar leis para suplementar essas normas gerais (art. 24, §§ 1º e 2º).
Determinado Estado-membro editou lei estabelecendo que toda e qualquer atividade relacionada com
os OGMs naquele Estado deveria observar “estritamente à legislação federal específica”. O STF entendeu
que essa lei estadual é inconstitucional porque significou uma verdadeira “renúncia” ao exercício da
competência legislativa concorrente prevista no art. 24, V, VIII e XII, da CF/88. Em outras palavras, o
Estado abriu mão de sua competência suplementar prevista no art. 24, § 2º da CF/88. Essa norma estadual
remissiva fragiliza a estrutura federativa descentralizada, e consagra o monopólio da União, sem atentar
para nuances locais. STF. Plenário. ADI 2303/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/9/2018 (Info 914).
Compete aos Municípios legislar sobre meio ambiente em assuntos de interesse local - O Município tem
competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de interesse

284 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de multas
para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados
aceitáveis. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
julgado em 29/6/2017 (Info 870)
Inconstitucionalidade de lei que proíbe a queima da cana - O Município é competente para legislar sobre
o meio ambiente, juntamente com a União e o Estado-membro/DF, no limite do seu interesse local e
desde que esse regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados
(art. 24, VI, c/c o art. 30, I e II, da CF/88).O STF julgou inconstitucional lei municipal que proíbe, sob
qualquer forma, o emprego de fogo para fins de limpeza e preparo do solo no referido município,
inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de cana-de-açúcar e de outras culturas. STF. Plenário.
RE 586224/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/3/2015 (repercussão geral) (Info 776).

Competência legislativa suplementar – A Constituição possibilita aos Municípios preencher lacunas


de normas estaduais ou federais ou adaptá-las ao contexto local. A suplementação envolve tanto o
próprio caráter supletivo, que é o de erradicar as lacunas, como o complementar, que é o de detalhar as
normas existentes. No exercício desta competência, os Municípios podem criar normas sobre assuntos
que não existem nas esferas superiores.
#DEOLHONAJURIS
#IMPORTANTE Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam
fundamentadamente. STF. 2ª Turma. ARE 748206 AgR/SC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 14/3/2017
(Info 857).
O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar
de interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de
multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados
aceitáveis. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
julgado em 29/6/2017 (Info 870).
Ação direta de inconstitucionalidade estadual. Lei municipal que altera regime de ocupação do solo de zona
de proteção ambiental. Lei municipal é a via própria para alteração do regime de ocupação do solo. [RE
519.778 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 24-6-2014, 1ª T, DJE de 1º-8-2014.]
É proibida a utilização de qualquer forma de amianto. As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são
constitucionais. O art. 2º da Lei federal nº 9.055/95, que autorizava a utilização da crisotila (espécie de
amianto), é inconstitucional. Houve a inconstitucionalidade superveniente (sob a óptica material) da Lei nº
9.055/95, por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao dever estatal de redução dos riscos
inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7º, inciso XXII, CF/88); e à
proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). STF. Plenário. ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info 874)

LEI COMPLEMENTAR 140/11 – COOPERAÇÃO ENTRE OS ENTES FEDERADOS EM MATÉRIA AMBIENTAL


A lei institui gestão descentralizada para abranger a atuação da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. Também é democrática para assegurar a participação da população, com vários

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instrumentos de inserção social. A gestão eficiente traduz a ideia de ecoeficiência que, nada mais é do
que a procura, cada vez mais, por tecnologias limpas que causem um menor impacto ambiental.
Estabelece como objetivo a harmonização das políticas administrativas dos entes federados para
promover a proteção adequada e uniforme do meio ambiente, preservadas as características peculiares:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no
exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:
I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão
descentralizada, democrática e eficiente;
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando
a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e
regionais;
III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes
federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente;
IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais
e locais.
São instrumentos de cooperação previstos na LC 140/2011:
Art. 4º Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de cooperação
institucional:
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;
São criados pelas entidades políticas para atender a objetivos comuns.
II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do
Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;
Os convênios são mais utilizados para a delegação de competência para promover o
licenciamento ambiental. Por exemplo, o Estado pode ser competente para o licenciamento ambiental
de determinada atividade, mas se, percebendo que o órgão municipal possui estrutura adequada para
tal tarefa, poderá, através de um convênio, delegar esta competência licenciatória para o órgão municipal.
Existem, no entanto, algumas regras.
Para que o órgão municipal possa fazer isso é necessário que este tenha a estrutura e um Conselho
Municipal de Meio Ambiente. Todo ente, para que possa licenciar, precisa contar com um conselho que
na esfera federal é o CONAMA. A respeito dos convênios, vale conhecer o que dispõe o art. 5º da Lei
Complementar 140:
Art. 5º O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele
atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão
ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio
ambiente.
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele
que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a
demanda das ações administrativas a serem delegadas.
III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal;

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Estas comissões são instâncias de deliberação para harmonizar as políticas ambientais dos entes.
A nacional tem composição paritária entre as três esferas, assim como as estaduais. No Distrito Federal,
cuja estruturação é diferente da dos Estados, a comissão é bipartite com representantes do poder público
federal e do DF.
IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;
Instrumentos Econômicos são mecanismos que importam na intervenção do Estado na economia.
Já os fundos consistem na transformação de dinheiro aplicado em ações voltadas ao meio ambiente. O
fundo mais famoso é o Fundo Nacional do Meio Ambiente, para onde vão as multas impostas pelo
IBAMA, mas temos também um Fundo de Mudanças Climáticas criado em 2009.
V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei
Complementar;
VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os
requisitos previstos nesta Lei Complementar.

9. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.


O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo conjunto
das unidades de conservação federais, estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei.
Dentre os objetivos do SNUC, pode-se destacar:
• contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território
nacional e nas águas jurisdicionais;
• contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
• promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
• recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
• proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e
valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.
Organização do SNUC – Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas
atribuições:
Órgão consultivo e • Conselho Nacional do Meio Atribuições de acompanhar a
deliberativo Ambiente - Conama implementação do Sistema
Órgão central • Ministério do Meio Ambiente Finalidade de coordenar o Sistema
Função de implementar o SNUC,
• Instituto Chico Mendes e o Ibama subsidiar as propostas de criação e
(Federal) administrar as unidades de
Órgãos Executores
• Os órgãos estaduais e municipais conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de
atuação.

287 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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#ATENÇÃO! O Ibama, atuará em caráter supletivo! Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a
critério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender a
peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente
atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em relação a estas,
uma clara distinção.
Categorias de Unidades de Conservação
#SURRADETABELA #COLANARETINA #SEMPRECAI
Categoria Objetivo Espécies de UC
I - Estação Ecológica;
Preservar a natureza, sendo admitido
II - Reserva Biológica;
Unidades de apenas o uso indireto dos seus
III - Parque Nacional;
Proteção Integral recursos naturais, com exceção dos
IV - Monumento Natural;
casos previstos em Lei
V - Refúgio de Vida Silvestre.
I - Área de Proteção Ambiental;
II - Área de Relevante Interesse
Ecológico;
III - Floresta Nacional;
Compatibilizar a conservação da
Unidades de Uso IV - Reserva Extrativista;
natureza com o uso sustentável de
Sustentável V - Reserva de Fauna;
parcela dos seus recursos naturais.
VI – Reserva de Desenvolvimento
Sustentável; e
VII - Reserva Particular do Patrimônio
Natural.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL


Pesquisa
Preservar a Proibida a
Áreas científica
ESTAÇÃO natureza e visitação
Posse e domínio particulares depende de Conselho
ECOLÓGICA realizar pública, exceto
públicos. serão autorização Consultivo.
(ART. 9º) pesquisas com objetivo
desapropriadas. prévia do órgão
científicas. educacional.
responsável.
Preservar
Proibida a Pesquisa
integralmente a Áreas
RESERVA visitação depende de
biota e demais Posse e domínio particulares Conselho
BIOLÓGICA pública, exceto autorização
atributos públicos. serão Consultivo.
(ART. 10) com objetivo prévia do órgão
naturais desapropriadas.
educacional. responsável.
existentes.
Preservar Áreas
PARQUE Visitação está Pesquisa
Ecossistemas Posse e domínio particulares Conselho
NACIONAL sujeita a normas depende de
naturais de públicos. serão Consultivo.
(ART. 11) e restrições do autorização
grande desapropriadas.

288 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
relevância Plano de prévia do órgão
ecológica e Manejo. responsável.
beleza cênica.
Pode ser
constituído por
áreas
particulares,
desde que haja Visitação está
Preservar sítios Pesquisa
MONUMENTO A lei não fala compatibilidade sujeita a normas
naturais raros, depende de
NATURAL que são de entre os e restrições do Conselho
singulares ou de autorização
(ART.12) posse e domínio objetivos da Plano de Consultivo.
grande beleza prévia do órgão
públicos unidade com a Manejo
cênica. responsável
utilização pelo (art. 32, §2º).
proprietário.
Caso contrário,
haverá
desapropriação.
Pode ser
constituído por
Proteger
áreas
ambientes
particulares,
naturais para a
desde que haja
existência ou Visitação está Pesquisa
A lei não fala compatibilidade
REFÚGIO DA reprodução de sujeita a normas depende de
que são de entre os Conselho
VIDA SILVESTRE espécies ou e restrições do autorização
posse e domínio objetivos da Consultivo.
(ART. 13) comunidades Plano de prévia do órgão
públicos unidade com a
de flora local e Manejo. responsável.
utilização pelo
da fauna
proprietário.
residente ou
Caso contrário,
migratória.
haverá
desapropriação.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL


ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA)
Constituídas por terras públicas ou privadas.
Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de
uma propriedade privada localizada em uma APA.
As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público
serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade. Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao
proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação, observadas as exigências e restrições
legais.
A APA terá de um conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por
representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente.
ÁREAS DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO (ARIE)

289 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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A ARIE é constituída por terras públicas ou privadas.
Áreas geralmente de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características
naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional.
Têm como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso
admissível dessas áreas.
Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de
uma propriedade privada localizada em seu interior.
FLORESTAS NACIONAIS (FLONA)
Elas são de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem
ser desapropriadas.
São áreas com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e têm como objetivo básico
o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica.
Nas Flonas é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua criação,
em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
A visitação pública e a pesquisa científica são permitidas, condicionadas às normas estabelecidas para o
manejo da unidade pelo órgão responsável por sua administração.
A Flona terá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e
constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o
caso, das populações tradicionais residentes. A unidade desta categoria, quando criada pelo governo
estadual ou pela prefeitura, será denominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal.
RESERVAS EXTRATIVISTAS (RESEX)
A Resex é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais, sendo que as
áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas.
São áreas utilizadas por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo
e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte.
Têm como objetivos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações e assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais da unidade.
As Reservas Extratitivistas serão geridas por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável
por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da
sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área. A visitação pública e a pesquisa científica
são permitidas, condicionadas às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão
responsável por sua administração.
A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações
especiais, complementares às demais atividades desenvolvidas na unidade.
RESERVAS DE FAUNA (REF)
São de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser
desapropriadas.
São áreas naturais com fauna de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias.

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Elas são adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável desses
animais.
A visitação pública é permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo com as
normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração.
RESERVAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RDS)
Ela se constitui como área de domínio público, sendo que as propriedades particulares incluídas em seus
limites devem ser, quando necessário, desapropriadas.
São áreas naturais que abrigam populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas
sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações. Essas técnicas
tradicionais de manejo estão adaptadas às condições ecológicas locais e desempenham um papel
fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.
A RDS tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os
meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida das populações
tradicionais.
A reserva será gerida por um Conselho Deliberativo, constituído por representantes de órgãos públicos,
de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área.
Nela é permitida e incentivada a visitação pública e a pesquisa científica voltada à conservação da
natureza, à melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental. A
exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável e a substituição
da cobertura vegetal por espécies cultiváveis são permitidas, desde que sujeitas ao zoneamento, às
limitações legais e ao Plano de Manejo da área.
RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN)
São áreas privadas com o objetivo de conservar a diversidade biológica.
O termo de compromisso entre o proprietário e o governo será assinado perante o órgão ambiental,
que verificará a existência de interesse público. Na RPPN só será permitida a pesquisa científica e a
visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

#ATENÇÃO! Tais unidades não podem ter finalidade lucrativa, contudo, é possível que dentro de
tais unidades sejam desenvolvidas determinadas atividades que gerem lucro. Por exemplo, muitas
unidades de conservação contam com restaurantes, serviços de turismo ecológico, atividades que geram
lucro, porém, isso não desvirtua a finalidade precípua da Unidade de Conservação que é a preservação
do meio ambiente.

Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação:

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• São criadas precedidas de estudos técnicos e consulta pública, por ato do Poder Público (lei, decreto
ou resolução, etc.)
• A depender da modalidade, podem ser compostas de área pública ou particular. Neste último caso,
será necessária sua desapropriação, por utilidade pública.
• A Lei do SNUC, no art. 45, exclui da indenização as espécies arbóreas declaradas imunes ao corte,
os lucros cessantes, juros compostos e áreas sem prova inequívoca do domínio anterior.

#DEOLHONAJURIS
O STF (MS 24.184/2003) já decidiu que a consulta pública não pode ser dispensada, sob pena de
invalidade do ato de criação, apesar de não ser vinculativa. Frise-se que a consulta pública é dispensada
para estações ecológicas e reservas biológicas, uma vez que o interesse público é presumido. A mera
ampliação dos limites territoriais, sem redução em outras áreas, depende dos requisitos da criação. No
MS 25.347/2010, o STF entendeu não haver ilegalidade na criação de mais de um tipo de UC pelo mesmo
procedimento administrativo.
A partir da criação da UC, as licenças ambientais anteriormente outorgadas tornam-se imediatamente
inválidas, pela incompatibilidade de regimes jurídicos, conforme entende o STJ (RESP 1.122.909-SC/2009).
STF ADI 3.378/2008: declarou inconstitucional a expressão que previa que o montante “não pode ser
inferior a 0,5% dos custos totais de implantação do empreendimento”. Entendeu que o valor da
compensação deve ser fixado proporcionalmente o impacto ambiental, após estudo que assegurasse
contraditório e ampla defesa, que prescinde de fixação percentual sobre os custos do empreendimento.

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No RESP 896.863/2011, o STJ afirmou que, se o dano ambiental já tiver sido alvo de compensação
ambiental, não deve gerar a responsabilidade civil posterior do empreendedor, sob pena de bis in idem.
Apenas no caso de dano ambiental não previsto no EIA/RIMA é que será possível a posterior
responsabilização.
#ATENÇÃO #VAICAIRNAPROVA
É possível a transformação de UC de uso sustentável em UC de proteção integral, total ou parcialmente,
por meio de instrumento normativo de mesmo grau hierárquico que o da criação, obedecendo os
procedimentos de prévio estudo técnico e consulta pública. A transformação de UC de proteção integral
para UC de uso sustentável, por sua vez, depende de lei.A desafetação ou redução dos limites de uma
UC apenas pode se dar por meio de lei específica (exceção ao princípio do paralelismo das formas, caso
a unidade de conservação tenha sido instituída por outro instrumento normativo), já que o art. 225, §1º,
III, CRFB, afirma que alteração e supressão somente podem ser feitas por lei.

Zona de amortecimento: é o entorno de uma UC, onde as atividades humanas estão sujeitas a
normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a UC (art. 2º,
XVIII, Lei do SNUC). Todas as UC devem possuir uma zona de amortecimento, salvo as Áreas de proteção
ambiental e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (art. 25, caput).
Corredor ecológico: São porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de
conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão
de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que
demandam, para a sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquelas da UC individual.

10. Poder de Polícia e Direito Ambiental.


Poder de polícia é a faculdade de que a Administração Pública tem para condicionar e restringir
o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais em benefício do próprio Estado. Todos os entes
federativos devem promover a proteção do meio ambiente, em especial, da fauna e flora, bem como
controlar a poluição. Isso envolve atividades administrativas com fulcro no poder de polícia, com
fundamento no art. 225 da Constituição Federal.
O poder de polícia ambiental permite o controle de atividades e empreendimentos de que possa
decorrer poluição ou agressão à natureza, de forma a garantir a máxima efetividade à proteção ao meio
ambiente. As sanções aplicáveis por infração às normas ambientais devem ser previamente fixadas em
lei e podem ser pecuniárias, restritivas ou destrutivas.

#DEOLHONAJURIS
STJ: É vedado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
impor sanções administrativas sem expressa previsão legal.
STJ: É defeso ao IBAMA impor penalidade decorrente de ato tipificado como crime ou contravenção,
cabendo ao Poder Judiciário referida medida.
STJ: O emprego de fogo em práticas agropastoris ou florestais depende necessariamente de autorização
do Poder Público.

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STJ: Em matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a omissão de
cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou o
agravamento do dano causado.

13. Licenciamento ambiental.


O procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores
de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental.
O Art. 10, da Lei 6.938/81 prevê que:
Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores
de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental.

Objetiva o controle das atividades efetiva e potencialmente poluidoras, através de um conjunto


de procedimentos a serem determinados pelo órgão ambiental competente, com o intuito de defender
o equilíbrio do meio ambiente equilibrado e a qualidade de vida da coletividade.
O procedimento administrativo de licenciamento ambiental almeja a concessão da licença
ambiental, a qual pode ser definida como ATO ADMINISTRATIVO pelo qual o órgão ambiental
competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar
empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos
básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;
II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as
especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;
III – Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação
do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.
Parágrafo único – As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com
a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade.
#SELIGA
É concedida na fase preliminar do projeto, estabelecendo a sua viabilidade
Licença Prévia – LP ambiental e os requisitos a serem atendidos nas próximas fases.
Possui prazo de validade de até 05 (cinco) anos.

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Licença de Instalação – Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade.
LI Possui prazo de validade de até 06 (seis) anos.
Autoriza que o empreendimento ou atividade seja finalmente colocado em
Licença de Operação – prática.
LO Possui prazo de validade que varia entre 04 (quatro) e 10 (dez) anos.
Licença Simplificada Autoriza o funcionamento de atividades e empreendimentos de pequeno
potencial de impacto ambiental em uma única etapa.

Dispõe o art. 19, inciso III, da Resolução 237 do CONAMA:


Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes
e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:
I – Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.
II – Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.
III – Superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.
Deve-se relembrar, mais uma vez, da inexistência do direito adquirido a poluir, razão pela qual a
licença é considerada rebus sic stantibus. Vejamos as principais hipóteses de revisibilidade da licença
ambiental:
Estabelece uma espécie de sustação ou de sobrestamento de atividade até que
ocorra a adequação à legislação ambiental ou às condicionantes ambientais
SUSPENSÃO impostas pelo órgão ambiental.
A Suspensão é hipótese de retirada temporária.
A Anulação, Cassação e Revogação são hipóteses de retirada definitiva.
Ocorre nos casos de omissão ou falsa descrição de informações relevantes que
servirem para fundamentar a expedição da licença. Assim, pode-se dizer que se
ANULAÇÃO
trata de irregularidade na concessão da licença, que desconsiderou os preceitos
legais.
Trata-se de irregularidade posterior à concessão da licença ambiental, em razão
CASSAÇÃO
do pelo descumprimento das condicionantes ou da legislação ambiental
REVOGAÇÃO Superveniência de graves riscos para o meio ambiente e para a saúde pública.
Competência para Licenciamento – É vedado o licenciamento ambiental múltiplo. O licenciamento
ambiental múltiplo é aquele licenciamento realizado por mais de uma esfera de governo. Vejamos o art.
13 da Lei Complementar 140/11:
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único
ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou
autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento
ambiental.
§2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo ente federativo
licenciador.

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§3º Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem guardar relação
de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo.
Renovação da Licença Ambiental (LC 140/11)
Art. 14, § 4o A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedênciamínima de 120 (cento
e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este
automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.
Cooperação e Coordenação das Entidades Ambientais:
A ação supletiva é automática, não precisa ser solicitada.
Ocorre quando o ente detentor da competência de licenciamento não
Atuação Supletiva conta com os requisitos estabelecidos em Lei.
Ação supletiva pode ser entendida como sinônimo de SUBSTITUIÇÃO.
Necessita ser solicitada pelo ente originariamente detentor da
atribuição do licenciamento.
Ação Administrativa Não possui requisitos como ausência de órgão capacitado, como na
Subsidiária atuação supletiva.
A palavra-chave aqui é APOIO e COOPERAÇÃO.
Regras de competência para promover o licenciamento ambiental – No inciso XIV do art. 7º da
LC 140/2011 foram listadas as competências federais, que são desenvolvidas através do IBAMA. No art.
9º, também em seu inciso XIV, foram listadas as competências para o licenciamento municipal. Quanto
aos estados, temos uma competência residual. O que não for de competência federal ou municipal será
licenciado pelos estados. O Distrito Federal, como lhe é comum, acumula as competências estaduais e
municipais.
Competências do IBAMA – Federal:
Art. 7o São ações administrativas da União:
XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica
exclusiva;
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de
Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo,
aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar
no 97, de 9 de junho de 1999;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo,
em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante
parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou

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h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão
Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou
empreendimento;
Vale ficar atento. Pela RESOLUÇÃO CONAMA nº 237/97, que regulamenta aspectos de licenciamento
ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente:
Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA,
órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31
de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito
nacional ou regional.
Competência dos Estados
Art. 8o São ações administrativas dos Estados:
XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou
autorizar, ambientalmente, for cometida aos Estados;
XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o;
XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos
em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

Competência dos Municípios


Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:
XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou
autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município;
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover
o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos
respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade; ou
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção
Ambiental (APAs);

#ATENÇÃO!! #APA
Conforme o Art. 12 da LC 140/11, o critério do ente federativo instituidor da unidade de conservação não
será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs). No caso, a definição inicial do ente/órgão
competente para licenciamento de atividades dentro de uma APA depende de análise da abrangência
da atividade e o seu decorrente impacto ambiental. Ou seja, deverá analisar se o impacto tem
repercussão nacional, regional ou local, em conformidade com os critérios previstos nas alíneas a, b, e, f
e h do inciso XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea a do inciso XIV do art. 9o. da LC 140/11.

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15. Responsabilidade ambiental: conceito de dano e a reparação do dano ambiental.
Responsabilidade Objetiva e Teoria do Risco Integral – A responsabilidade por dano ambiental é
objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que
permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa
responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de
indenizar (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973).
Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) – Art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das
penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e
criminal por danos causados ao meio ambiente.
Desconsideração da Personalidade Jurídica – Não custa lembrar que o Direito Ambiental adota,
amplamente, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (in casu, v.g., os arts. 4º da Lei
9.605/1998 e 81 e 82 da Lei 11.101/2005). Sua incidência, assim, na Ação Civil Pública, vem a se impor, em
certas situações, com absoluto rigor. O intuito é viabilizar a plena satisfação de obrigações derivadas de
responsabilidade ambiental, notadamente em casos de insolvência da empresa degradadora.
STJ adota Teoria Menor – A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento
jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova
de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da
existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
#DEOLHONAJURIS
DESCONSIDERAÇÃO. PERSONALIDADE JURÍDICA. PRESSUPOSTOS.
Houve a desconsideração da personalidade jurídica (disregarddoctrine) da empresa devedora, ao imputar
ao grupo controlador a responsabilidade pela dívida, sem sequer as instâncias ordinárias declinarem
presentes os pressupostos do art. 50 do CC/2002. Houve apenas menção ao fato de que a cobrança é
feita por um órgão público e que a empresa controlada seria simples longa manus da controladora. Daí
a violação do art. 131 do CPC, visto que não há fundamentação nas decisões das instâncias ordinárias, o
que leva a afastar a extensão do arresto às recorrentes em razão da exclusão da desconsideração da
personalidade jurídica da devedora, ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa
de seu crédito acaso comprovadas as condições previstas no retrocitado artigo. Anotou-se não se cuidar
da chamada teoria menor: desconsideração pela simples prova da insolvência diante de tema referente
ao Direito Ambiental (art. 4º da Lei n. 9.605/1998) ou do Consumidor (art. 28, § 5º, da Lei n. 8.078/1990),
mas sim da teoria maior que, em regra, exige a demonstração do desvio de finalidade da pessoa jurídica
ou a confusão patrimonial. Precedente citado: REsp 279.273-SP, DJ 29/3/2004. REsp 744.107-SP, Rel. Min.
Fernando Gonçalves, julgado em 20/5/2008.
Admite-se a condenação simultânea e cumulativa das obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar
na reparação integral do meio ambiente. (Jurisprudência em teses - STJ)Em matéria de proteção
ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a omissão de cumprimento adequado do seu
dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou o agravamento do dano causado. (AgRg no

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REsp 1001780/PR,Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA,Julgado em 27/09/2011,DJE
04/10/2011)
A obrigação de recuperar a degradação ambiental é do titular da propriedade do imóvel, mesmo que
não tenha contribuído para a deflagração do dano, tendo em conta sua natureza propter rem. (REsp
1240122/PR,Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, Julgado em 28/06/2011,DJE 11/09/2012)

#AJUDAMARCINHO
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL
Empresa que deixou vazar amônia em rio e danos aos pescadores profissionais
A responsabilidade por dano ambiental é OBJETIVA, informada pela teoria do RISCO INTEGRAL. Não são
admitidas excludentes de responsabilidade, tais como o caso fortuito, a força maior, fato de terceiro ou
culpa exclusiva da vítima. O registro de pescador profissional e o comprovante do recebimento do
seguro-defeso são documentos idôneos para demonstrar que a pessoa exerce a atividade de pescador.
Logo, com tais documentos é possível ajuizar a ação de indenização por danos ambientais que
impossibilitaram a pesca na região. Se uma empresa causou dano ambiental e, em decorrência de tal
fato, fez com que determinada pessoa ficasse privada de pescar durante um tempo, isso configura dano
moral. O valor a ser arbitrado como dano moral não deverá incluir um caráter punitivo. É inadequado
pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é
função que incumbe ao direito penal e administrativo. Assim, não há que se falar em danos punitivos
(punitivedamages) no caso de danos ambientais. STJ. 2ª Seção. REsp 1.354.536-SE, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 26/3/2014 (recurso repetitivo) (Info 538).
Particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno
O particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu aberto, em local onde,
apesar da existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico, o
acesso de outros particulares seja fácil, consentido e costumeiro, responde objetivamente pelos danos
sofridos por pessoa que, por conduta não dolosa, tenha sofrido, ao entrar na propriedade, graves
queimaduras decorrentes de contato com os resíduos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.788-SP, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 6/5/2014 (Info 544).
Dano moral coletivo no direito ambiental
Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a sentença
condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor o meio ambiente
degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de compensação por dano moralcoletivo. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.328.753-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/5/2013 (Info 526).

18. Estudo de impacto ambiental: conceito, competências, natureza jurídica e requisitos.


Estudo de Impacto Ambiental é um relatório técnico onde se avaliam as consequências para o
ambiente decorrentes de um determinado projeto. Nele encontram-se identificados e avaliados de forma
imparcial e meramente técnica os impactos que um determinado projeto poderá causar no ambiente,
assim como apresentar medidas mitigadoras.

299 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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A exigência do estudo de impacto ambiental foi mencionada pelo artigo 225, pár. 1º, IV da
Constituição Federal de 1988 nos seguintes termos:
Art. 225. 1º, IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.
Não é qualquer degradação que determina a exigência do EIA/RIMA. Somente as atividades ou
obras que causem SIGNIFICATIVA degradação.
A regulamentação do EIA/RIMA encontra-se na Resolução 01/86 do CONAMA:
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
EIA
Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas:
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos
ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes
da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os
tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes
atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da
qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de
preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, destacando
os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência
entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da
magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos
positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos,
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a
distribuição dos ônus e benefícios sociais.
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e
sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos,
indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.

300 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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RIMA
Artigo 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental
e conterá, no mínimo:
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e
programas governamentais;
II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles,
nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de
energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os
empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto;
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando
o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos,
técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes
situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização;
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos,
mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral).

O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. Respeitado o
sigilo industrial, assim solicitado e demonstrado pelo interessado, o RIMA será acessível ao público.

19. Biodiversidade.
Segundo a Convenção da Biodiversidade, ratificada pelo Brasil, biodiversidade significa: “a
variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas
terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte;
compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas”.
Convenção de Estocolmo 1972: quando a questão da preservação da biodiversidade em âmbito
global surgiu pela primeira vez. Importância de preservar a fauna e a flora para as presentes e futuras
gerações através de um cuidadoso planejamento.
Convenção sobre Diversidade Biológica (Rio 92) propõe regras para assegurar a conservação da
biodiversidade, o seu uso sustentável e a justa repartição dos benefícios provenientes do uso econômico
dos recursos genéticos, respeitada a soberania de cada nação sobre o patrimônio existente em seu
território.
O Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002 institui princípios e diretrizes para a implementação
da Política Nacional da Biodiversidade, no qual se reconhece que a diversidade biológica tem valor
intrínseco, merecendo respeito independentemente de seu valor para o homem ou potencial para uso
humano.

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CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Reconhece que as nações têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos biológicos,
segundo suas políticas de meio ambiente e desenvolvimento, mas são responsáveis pela conservação de
sua biodiversidade, uma vez que a manutenção da biodiversidade é essencial para a evolução e para a
manutenção dos sistemas necessários à vida da biosfera e, para tanto, é necessário garantir e promover
a capacidade de reprodução sexuada e cruzada dos organismos
A Política Nacional da Biodiversidade abrange os seguintes Componentes:
• Conhecimento da Biodiversidade;
• Conservação da Biodiversidade;
• Utilização Sustentável dos Componentes da Biodiversidade;
• Monitoramento, Avaliação, Prevenção e Mitigação de Impactos sobre a Biodiversidade;
• Acesso aos Recursos Genéticos e aos Conhecimentos Tradicionais Associados e Repartição de
Benefícios;
• Educação, Sensibilização Pública, Informação e Divulgação sobre Biodiversidade;
• Fortalecimento Jurídico e Institucional para a Gestão da Biodiversidade.
Biopirataria é a exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização de recursos biológicos
contrariando as normas da CDB (Convenção sobre Diversidade Biológica, 1992). Ou seja, é a apropriação
indevida de recursos da fauna e da flora, levando à monopolização dos conhecimentos no que se refere
ao uso desses recursos.
#ATENÇÃO!
LEI Nº 13.123, DE 20 DE MAIO DE 2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e
o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso
sustentável da biodiversidade.
Art. 19. A repartição de benefícios decorrente da exploração econômica de produto acabado ou material
reprodutivo oriundo de acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado poderá
constituir-se nas seguintes modalidades:
I - monetária; ou
II - não monetária, incluindo, entre outras:
a) projetos para conservação ou uso sustentável de biodiversidade ou para proteção e manutenção de
conhecimentos, inovações ou práticas de populações indígenas, de comunidades tradicionais ou de
agricultores tradicionais, preferencialmente no local de ocorrência da espécie em condição in situ ou de
obtenção da amostra quando não se puder especificar o local original;
b) transferência de tecnologias;
c) disponibilização em domínio público de produto, sem proteção por direito de propriedade intelectual ou
restrição tecnológica;
d) licenciamento de produtos livre de ônus;
e) capacitação de recursos humanos em temas relacionados à conservação e uso sustentável do patrimônio
genético ou do conhecimento tradicional associado; e
f) distribuição gratuita de produtos em programas de interesse social.

20 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL.

302 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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• Convenção de Washington, de 1973 - Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies
Ameaçadas da Flora e Fauna Selvagem (CITES) – institui a regulamentação do comércio de
determinadas espécies, dispostas em três anexos: “a) todas espécies em perigo de extinção que são
ou podem ser afetadas pelo comércio (Anexo I), o qual somente será autorizado em circunstâncias
excepcionais (dispostas no art. 3); b) as espécies que não se encontram em perigo de extinção, mas
que podem chegar a esta situação (Anexo II) e c) as espécies que as Partes na Convenção declararem
submetidas à regulamentação interna com o objetivo de prevenir ou restringir sua exploração e que
necessitam a cooperação de outras Partes no controle do comércio (Anexo III).”
• Convenção de Ramsar de 1971 (Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional)
- É considerada o primeiro tratado intergovernamental a fornecer uma base estrutural para a
cooperação internacional e ação nacional no sentido da conservação e uso sustentável dos recursos
naturais, em concreto, das zonas húmidas e seus recursos. #JÁCAIUEMPROVA
• Convenção de Bonn de 1979 (Convenção sobre a conservação de espécies migratórias de animais
selvagens) – possui como finalidade a conservação, mediante a restrição à captura e à conservação
de habitats: “a) dos habitats de reprodução e as espécies (terrestres, marinhas e aéreas) migratórias
selvagens nos Estados considerados da área de distribuição; b) as espécies em perigo (enumeradas
no anexo I); e c) as espécies cujo estado de conservação seja desfavorável (enumeradas no anexo
II)”.
• Conferência de Estocolmo de 1978 – primeiro instrumento de Direito Internacional Ambiental que
abordou as principais questões que prejudicavam o planeta e a recomendação de critérios para
minimizá-los. Serviu para inserir no plano internacional a dimensão ambiental como condicionadora
e limitadora do modelo tradicional econômico e dos recursos naturais do planeta.
• Relatório Brundtland 1987 - Foram apontados os principais problemas ambientais em três grandes
grupos:
a) poluição ambiental, emissões de carbono e mudanças climáticas, poluição da atmosfera, poluição
da água, dos efeitos nocivos dos produtos químicos e dos rejeitos nocivos, dos rejeitos radioativos
e a poluição das águas interiores e costeiras.
b) diminuição dos recursos naturais, como a diminuição de florestas, perdas de recursos genéticos,
perda de pasto, erosão do solo e desertificação, mau uso de energia, uso deficiente das águas de
superfície, diminuição e degradação das águas freáticas, diminuição dos recursos vivos do mar.
c) problemas de natureza social tais como: uso da terra e sua ocupação, abrigo, suprimento de água,
serviços sanitários, sociais e educativos e a administração do crescimento urbano acelerado.
• Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio - A Convenção de Viena para a
Proteção da Camada de Ozônio é um acordo ambiental multilateral. Foi firmado na Conferência de
Viena de 1985 e entrou em ação no ano de 1988. Atua como estrutura para os esforços
internacionais para proteger a camada do ozônio. No entanto, não incluiu objetivos de redução
legalmente atuantes para o uso de CFC, o principal agente químico que causa a degradação do
ozônio.
• Protocolo de Montreal de 1987 - O Protocolo de Montreal sobre substâncias que empobrecem a
camada de ozônio é um tratado internacional em que os países signatários se comprometem a

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substituir as substâncias que se demonstrou estarem reagindo com o ozônio (O3) na parte superior
da estratosfera (conhecida como ozonosfera).
• Conferência da Biodiversidade (Rio 92) – produziu documentos que definiram o contorno das
políticas essenciais para alcançar o modelo de desenvolvimento sustentável que atendesse às
necessidades dos pobres, reconhecendo os limites de desenvolvimento, de modo a satisfazer às
necessidades globais. As relações entre países pobres e ricos foram conduzidas por um novo
conjunto de princípios inovadores, como o do “poluidor pagador” e de “padrões sustentáveis de
produção e consumo.” Foram estabelecidos objetivos concretos de sustentabilidade em diversas
áreas, explicitando a necessidade de se buscarem recursos financeiros novos e adicionais para a
complementação em nível global do desenvolvimento sustentável.
• Agenda 21 - centraliza-se na idéia do desenvolvimento sustentável. Essas devem ser colocadas em
prática durante esse século, sendo o objetivo da Agenda 21 implantar medidas sociais,
principalmente para os excluídos (índios, ribeirinhos), além de questões como a mulher no contexto
social, os jovens, e uma preocupação com a preservação da atmosfera e oceanos.
• Protocolo de Kyoto, de 1997 - pela primeira vez na história impôs limites às emissões de gases pelos
Estados.
• Conferência de Joanesburgo, na África do Sul, de 2002 - procurou a adoção de medidas concretas
e identificações de metas quantificáveis para por em ação de forma concreta a Agenda 21
(produzida na Rio 92). Dentre outros temas, foram avaliados os avanços obtidos e ampliadas as
finalidades para as chamadas “metas do milênio” que visavam, além de garantia da sustentabilidade
ambiental, a erradicação da fome e a miséria, o alcance de educação primária com iguais
oportunidades para homens e mulheres.
• A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) - pretende constituir um marco
jurídico geral, aglutinador do direito do mar consuetudinário e os convênios universais e regionais
existentes, que fixem as bases para o desenvolvimento ulterior da regulação internacional e nacional,
prevenindo, reduzindo e controlando as distintas fontes de contaminação causadas pelas atividades
humanas em espaços marítimos, os quais compreendem suas águas e recursos naturais.
• Convenção de OSPAR - A Convenção OSPAR, ou Convenção para a Proteção do Meio Marinho do
Atlântico Nordeste, é um evento internacional adotado em Paris, no âmbito da reunião ministerial
das Comissões de Oslo e Paris, em 22 de Setembro de 1992, resultante da fusão e pactualização da
Convenção para a Prevenção da Poluição Marítima Causada por Operações de Imersão Efectuadas
por Navios e Aeronaves, assinada em Oslo a 15 de Fevereiro de 1972 (Convenção de Oslo), e da
Convenção para a Prevenção da Poluição Marítima de Origem Telúrica, assinada em Paris a 4 de
Junho de 1974 (Convenção de Paris).
• Protocolo de Proteção Ambiental do Tratado da Antártica - Protocolo de Proteção Ambiental do
Tratado da Antártica (também conhecido como Protocolo de Madri), é um documento assinado
pelos países assinantes do Tratado da Antártica, fazendo parte do Sistema de Tratados Antárticos.
O protocolo assegura a proteção do meio ambiente na Antártica em todas as atividades humanas
desenvolvidas no continente.
24. Proteção química das culturas e meio ambiente.

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O tema é regulado pela Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989:
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:
I - agrotóxicos e afins:
a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de
produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de
florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e
industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação
danosa de seres vivos considerados nocivos;
b) substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de
crescimento;
II - componentes: os princípios ativos, os produtos técnicos, suas matérias-primas, os ingredientes inertes e
aditivos usados na fabricação de agrotóxicos e afins.
Art. 3º Os agrotóxicos, seus componentes e afins, de acordo com definição do art. 2º desta Lei, só poderão
ser produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados, se previamente registrados em órgão
federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde,
do meio ambiente e da agricultura.
Legitimidade para requerer o cancelamento ou a impugnação do Registro de Agrotóxicos
Art. 5º Possuem legitimidade para requerer o cancelamento ou a impugnação, em nome próprio, do
registro de agrotóxicos e afins, arguindo prejuízos ao meio ambiente, à saúde humana e dos animais:

I - entidades de classe, representativas de profissões ligadas ao setor;


II - partidos políticos, com representação no Congresso Nacional;
III - entidades legalmente constituídas para defesa dos interesses difusos relacionados à proteção do
consumidor, do meio ambiente e dos recursos naturais.

25. Produtos tóxicos: controle e transporte.


Art. 14. As responsabilidades administrativa, civil e penal pelos danos causados à saúde das pessoas e ao
meio ambiente, quando a produção, comercialização, utilização, transporte e destinação de embalagens
vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, não cumprirem o disposto na legislação pertinente,
cabem:

a) ao profissional, quando comprovada receita errada, displicente ou indevida;


b) ao usuário ou a prestador de serviços, quando em desacordo com o receituário;
b) ao usuário ou ao prestador de serviços, quando proceder em desacordo com o receituário ou as
recomendações do fabricante e órgãos registrantes e sanitário-ambientais;
c) ao comerciante, quando efetuar venda sem o respectivo receituário ou em desacordo com a receita;
c) ao comerciante, quando efetuar venda sem o respectivo receituário ou em desacordo com a receita
ou recomendações do fabricante e órgãos registrantes e sanitário-ambientais;
d) ao registrante que, por dolo ou por culpa, omitir informações ou fornecer informações incorretas;

305 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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e) ao produtor que produzir mercadorias em desacordo com as especificações constantes do registro
do produto, do rótulo, da bula, do folheto e da propaganda;
e) ao produtor, quando produzir mercadorias em desacordo com as especificações constantes do
registro do produto, do rótulo, da bula, do folheto e da propaganda, ou não der destinação às
embalagens vazias em conformidade com a legislação pertinente;
f) ao empregador, quando não fornecer e não fizer manutenção dos equipamentos adequados à
proteção da saúde dos trabalhadores ou dos equipamentos na produção, distribuição e aplicação dos
produtos.

28. Efetivação da proteção normativa ao meio ambiente: poder Judiciário, Ministério Público e
Administração Pública.
O meio ambiente é, em regra, classificado como difuso em decorrência de sua natureza indivisível,
bem como por envolver segmentos indeterminados da sociedade (interesses transindividual ou
metaindividual). Tais direitos de 3a Geração (ou de fraternidade) são dotados de enorme carga de
universalidade e de humanismo.
Assim, o legislador instituiu técnicas e modelos processuais diferenciados com o intuito de atender
às peculiaridades dos interesses transindividuais:
▪ Jurisdição civil coletiva por meio da Ação Civil Pública (Lei 7347/85);
▪ Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90);
▪ Ação Popular (Lei 4717/65).
Ação Civil Pública (Lei 7347/85)
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade
por danos morais e patrimoniais causados:
l- ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá
competência funcional para processar e julgar a causa.
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V - a associação que, concomitantemente:

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a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente,
ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos
ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social
evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Art. 8o § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de
qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que
assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão
prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os
dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.
Ação Popular (Lei 4717/65)
Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
ao patrimônio público. Consideram-se patrimônio público os bens e direitos de valor econômico, artístico,
estético, histórico ou turístico.
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado,
condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele,
ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.
Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais
despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos
honorários de advogado.
Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar a lide manifestamente
temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.
Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será indicado na sentença; se depender de
avaliação ou perícia, será apurado na execução.
Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes", exceto no caso de haver sido a
ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de
jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente
caberá apelação, com efeito suspensivo.

29. Política energética e meio ambiente.


Princípios e Objetivos
▪ Segurança no Abastecimento;

307 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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▪ Modicidade Tarifária;
▪ Universalização do Atendimento;
▪ Respeito aos Contratos Existentes;
▪ Fortalecimento do Planejamento;
▪ Diversificação da Matriz;
▪ Uso de Energias Renováveis;
▪ Integração Nacional Desenvolvimento Tecnológico Nacional;
▪ Compromisso com as Questões Socioambientais.
LEI Nº 9.478, DE 6 DE AGOSTO DE 1997.
Art. 3º Pertencem à União os depósitos de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos existentes
no território nacional, nele compreendidos a parte terrestre, o mar territorial, a plataforma continental e a
zona econômica exclusiva.
Art. 4º Constituem monopólio da União, nos termos do art. 177 da Constituição Federal, as seguintes
atividades:
I - a pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação de petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos
incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo
produzidos no País, bem como o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e de
gás natural.
Art. 5o As atividades econômicas de que trata o art. 4o desta Lei serão reguladas e fiscalizadas pela União
e poderão ser exercidas, mediante concessão, autorização ou contratação sob o regime de partilha de
produção, por empresas constituídas sob as leis brasileiras, com sede e administração no País.

DIREITO ADMINISTRATIVO9

1. Princípios do direito administrativo: noção; relevância; tipologia; princípios constitucionais e


infraconstitucionais que regem a atividade administrativa; legalidade; impessoalidade; moralidade;
publicidade; eficiência; preponderância e indisponibilidade do interesse público; proporcionalidade;
razoabilidade;motivação; continuidade; presunção de veracidade e de legalidade; autoexecutoriedade;
autotutela; segurança jurídica; proteção à confiança; boa‐fé.

Art. 37 (CF). A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte.
- LEGALIDADE: a atuação da Administração Pública deve ser autorizada por lei.
- IMPESSOALIDADE: pode ser analisado sob duas perspectivas:
9
Por Renata Borici.

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• Isonomia: a Administração deve tratar todos os administrados da mesma forma.
• Proibição de promoção pessoal: o administrador não pode se valer das realizações públicas para
se promover.

#OLHAOGANCHO: esse princípio fundamenta a proibição de existência de nome, símbolos ou imagens


que caracterizem promoção pessoal, inclusive do partido.
Por outro lado, permite que se reconheça a validade de atos praticados por agente de fato (Segurança
Jurídica e Teoria dos atos de Governo).
- MORALIDADE: o administrador deve se pautar de acordo com padrões éticos (moral administrativa).
#OLHAASÚMULA
Súmula Vinculante 13 - a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
poderes da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a constituição federal.
- PUBLICIDADE: os atos da Administração devem ser públicos, o que permite maior controle pelo
povo.
 Restrições à publicidade: segurança da sociedade e do Estado; proteção à intimidade ou ao
interesse social.
#APOSTACICLOS: O IBGE está legalmente impedido de fornecer a quem quer que seja as informações
individualizadas que coleta, no desempenho de suas atribuições, para que sirvam de prova em quaisquer
outros procedimentos administrativos. STJ. 1ª Turma. REsp 1.353.602-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 30/11/2017 (Info 617).
- EFICIÊNCIA: introduzido pela EC 19/98, esse princípio impõe a busca por melhores resultados,
com o menor custo possível.
- RAZOABILIDADE/PROPORCIONALIDADE: é a mesma ideia que aprendemos em direito
constitucional, no sentido de que a atuação administrativa deve respeitar os subprincípios da (i)
adequação; (ii) necessidade e (iii) proporcionalidade em sentido estrito.
- INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO: à medida que o administrador exerce função
pública (múnus público – atividade em nome do interesse do povo), ele não pode abrir mão desse
interesse (direito), justamente porque tal direito não o pertence.
- SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO: quando em confronto, o interesse
público se sobrepõe ao interesse particular. É esse o princípio que justifica, por exemplo, a intervenção
do Estado na propriedade privada.
#ATENÇÃO: alguns autores contestam a existência desse princípio. Argumentam que: (a) Há
indeterminação no conceito de interesse público; (b) violação ao princípio da proporcionalidade, pois,
em caso de conflito entre os direitos, já se escolhe, de antemão, qual sempre irá prevalecer.

309 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
- AUTOTUTELA: a Administração possui o poder-dever de anular seus atos ilegais e revogar os
inconvenientes.
#ATENÇÃO: fala-se em heterotutela se o controle não é feito pela Administração Pública, como em casos
de anulação de ato administrativo pelo poder judiciário.
#NÃOCONFUNDA: Tutela é o poder de fiscalização dos atos das entidades da administração indireta
pelos órgãos centrais da administração direta.
- MOTIVAÇÃO: obriga a Administração a explicitar o fundamento normativo de suas decisões,
permitindo o controle.
#SELIGA: chama-se de MOTIVAÇÃO ALIUNDE o caso em que a motivação consiste em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações ou decisões, que passam a ser
parte integrante do ato.
Art. 50, §1º, Lei 9.784/1999: A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas,
que, neste caso, serão parte integrante do ato.

#OLHAOGANCHO: Teoria dos motivos determinantes: o ato discricionário, uma vez motivado, tem sua
validade vinculada à veracidade dos fatos descritos como motivadores da sua prática.

2. Administração Pública: noção; relação com legislação e jurisdição; governo; constituição; federação;
personalidade jurídica; estrutura fundamental no Brasil; desconcentração; descentralização; órgãos
públicos; hierarquia; delegação; avocação.

DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
Distribuição interna de atividade dentro de
Transferência da atividade administrativa
uma mesma PJ, resultando na criação de centros
para outra pessoa, física ou jurídica, integrante ou
de competências, denominados órgãos públicos,
não do aparelho estatal.
dentro de uma mesma estrutura hierárquica.
Nova pessoa jurídica. Mesma pessoa jurídica.
Não há hierarquia, apenas controle e
Há hierarquia
fiscalização
Relação de vinculação Relação de subordinação

310 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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DESCONCENTRAÇÃO Criação de órgãos
Apenas para Administração
Desconcentração Outorga Por meio de LEI
Indireta
e Descentralização (Por serviço)
DESCENTRALIZAÇÃO
Delegação Delegação
Por meio de ato
(Por (Concessão ou
ou contrato
colaboração) Permissão)

Na descentralização por OUTORGA/SERVIÇO, transfere-se a execução e a titularidade, enquanto


na descentralização por DELEGAÇÃO/COLABORAÇÃO, transfere-se apenas a execução.

ÓRGÃOS PÚBLICOS
Quanto à relação a. Teoria do mandato.
entre o Estado e os b. Teoria da representação.
agentes públicos: c. Teoria do órgão (é a que prevalece).
a. Subjetiva: identifica os órgãos com os agentes
públicos;
Teoria dos órgãos
b. Objetiva: órgãos seriam apenas um conjunto de
públicos
Quanto à natureza atribuições ou unidades funcionais da organização
dos órgãos: administrativa;
c. Eclética: os órgãos seriam formados pela soma dos
elementos objetivos e subjetivos, ou seja, pelo plexo
de atribuições e pelo agente público.
Quanto à posição a. Órgãos independentes;
que ocupa na escala b. Órgãos autônomos;
governamental ou c. Órgãos superiores;
administrativa: d. Órgãos subalternos.
a. Órgãos federais;
Em relação ao
b. Órgãos estaduais;
enquadramento
c. Órgãos distritais;
Classificação federativo:
d. Órgãos municipais.
Quanto à a. Órgãos singulares ou unipessoais;
composição / b. Órgãos coletivos ou pluripessoais.
atuação funcional:
a. Órgãos ativos;
Em relação às
b. Órgãos consultivos;
atividades que,
c. Órgãos de controle;

311 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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preponderantemente,
são exercidas:
• Não possuem personalidade jurídica (alguns possuem personalidade judiciária,
mas apenas para a defesa de suas prerrogativas institucionais);
• Embora não possuam personalidade, podem celebrar contrato de gestão
Informações
(interno ou endógeno).
gerais
Súmula 525-STJ: A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica,
apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para
defender os seus direitos institucionais.

Vale sempre reler o Decreto-Lei 200/67:


DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967.
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja
área de competência estiver enquadrada sua principal atividade.
DA DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA
Art. 11. A delegação de competência será utilizada como instrumento de descentralização administrativa,
com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na proximidade dos
fatos, pessoas ou problemas a atender.
Art. 12 . É facultado ao Presidente da República, aos Ministros de Estado e, em geral, às autoridades da
Administração Federal delegar competência para a prática de atos administrativos, conforme se dispuser
em regulamento.
Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a autoridade delegante, a autoridade delegada
e as atribuições objeto de delegação.
LEI 9784/99 - DA COMPETÊNCIA
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da
sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.
#APOSTACICLOS

312 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
#PRINCIPAISJURISPRUDÊNCIAS
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. Associação de Municípios e Prefeitos não possui legitimidade ativa
para tutelar em juízo direitos e interesses das pessoas jurídicas de direito público. STJ.
1ª Seção. REsp 1.503.007-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/6/2017 (Info 610).
#IMPORTANTE
Personalidade judiciária das Câmaras Municipais e das Assembleias Legislativas. Súmula 525-STJ: A
Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente
podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais.

3. Administração direta e indireta: noções; características; autarquias; fundações públicas; empresas


públicas; sociedades de economia mista; entes com situação peculiar (ordens e conselhos profissionais,
fundações de apoio, empresas controladas pelo poder público, serviços sociais autônomos, organizações
sociais, organizações da sociedade civil de interesse público).

A estrutura básica da organização administrativa do Brasil foi dada pelo DL200/67:


DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967.
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio
próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Govêrno
seja levado a exercer por fôrça de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de
qualquer das formas admitidas em direito.
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada
por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam
execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio
gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras
fontes.
#JURISPRUDÊNCIAEMTESES #STJ

313 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
 Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto n. 20.910/32 às empresas públicas e às sociedades de
economia mista responsáveis pela prestação de serviços públicos próprios do Estado e que não
exploram atividade econômica.
 As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e personalidade jurídica própria,
distinta da entidade política à qual estão vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm legitimidade
passiva para figurar como autoridades coatoras em Mandados de Segurança.
 As empresas públicas e as sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos possuem
legitimidade ativa ad causam para a propositura de pedido de suspensão, quando na defesa de
interesse público primário.
 As agências reguladoras podem editar normas e regulamentos no seu âmbito de atuação quando
autorizadas por lei.
 Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de
economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. (Súmula nº 42 STJ)

▪ AGÊNCIAS REGULADORAS:
CONCEITO: são autarquias com regime especial.
ESPÉCIES: podem (i) controlar atividades privadas; ou (ii) fiscalizar os prestadores de serviços públicos.
PECULIARIDADES: são três:
 Poder normativo: as agências podem editar normas para o setor regulado.
 Autonomia: a autonomia é garantida pela (a) inexistência de recurso hierárquico impróprio (aquele
endereçado para outra PJ); e (b) estabilidade reforçada de seus dirigentes, que não podem ser
exonerados AD NUTUM, mas apenas em caso de renúncia, sentença judicial ou após processo
administrativo.
 Independência financeira: as agências podem criar as famosas TAXAS REGULATÓRIAS.

LEI Nº 9.986, DE 18 DE JULHO DE 2000. AGÊNCIAS REGULADORAS


Não coincidência de mandatos
Art. 7o A lei de criação de cada Agência disporá sobre a forma da não-coincidência de mandato.
Quarentena e Teoria da Captura #SELIGANOTERMO
Art. 8º O ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor
regulado pela respectiva agência, por um período de quatro meses, contados da exoneração ou do término
do seu mandato. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
Mandato-Fixo
Art. 9/] Os Conselheiros e os Diretores somente perderão o mandato em caso de renúncia, de condenação
judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar.
Modalidades de Licitação
Art. 37. A aquisição de bens e a contratação de serviços pelas Agências Reguladoras poderá se dar nas
modalidades de consulta e pregão, observado o disposto nos arts. 55 a 58 da Lei no 9.472, de 1997, e nos
termos de regulamento próprio.
#OLHONAJURIS

314 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
AGÊNCIAS REGULADORAS E FUNÇÃO NORMATIVA. É constitucional a previsão de que a ANVISA pode
proibir produtos e insumos em caso de violação da legislação ou de risco iminente à saúde, inclusive
cigarros com sabor e aroma. É constitucional o art. 7º, III e XV, da Lei nº 9.782/99, que preveem que
compete à ANVISA: III - estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e
as ações de vigilância sanitária; XV - proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, a distribuição
e a comercialização de produtos e insumos, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco
iminente à saúde; Entendeu-se que tais normas consagram o poder normativo desta agência reguladora,
sendo importante instrumento para a implementação das diretrizes, finalidades, objetivos e princípios
expressos na Constituição e na legislação setorial. Além disso, o STF, após empate na votação, manteve
a validade da Resolução RDC 14/2012- ANVISA, que proíbe a comercialização no Brasil de cigarros com
sabor e aroma. Esta parte do dispositivo não possui eficácia erga omnes e efeito vinculante. Significa dizer
que, provavelmente, as empresas continuarão ingressando com ações judiciais, em 1ª instância, alegando
que a Resolução é inconstitucional e pedindo a liberação da comercialização dos cigarros com aroma.
Os juízes e Tribunais estarão livres para, se assim entenderem, declararem inconstitucional a Resolução e
autorizar a venda. Existem, inclusive, algumas decisões nesse sentido e que continuam valendo. STF.
Plenário. ADI 4874/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 1º/2/2018 (Info 889).
▪ AUTARQUIAS:
 Pessoa jurídica de direito público interno.
 Criada por lei.
 Autonomia administrativa, mas submetida a controle finalístico das suas atividades (tutela,
vinculação).
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 120 STJ - O oficial de farmácia, inscrito no Conselho Regional de Farmácia, pode ser responsável
técnico por drogaria. (Súmula 120, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 29/11/1994, DJ 06/12/1994 p. 33786)
Súmula 275 STJ - O auxiliar de farmácia não pode ser responsável técnico por farmácia ou drogaria.
(Súmula 275, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/03/2003, DJ 19/03/2003 p. 141)
Súmula 413 STJ - O farmacêutico pode acumular a responsabilidade técnica por uma farmácia e uma
drogaria ou por duas drogarias. (Súmula 413, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 16/12/2009)
#SELIGANAJURIS
CONSELHOS PROFISSIONAIS. Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos
Conselhos de Fiscalização (exs: CREA, CRM, COREN, CRO) não se submetem ao regime de
precatórios. STF. Plenário. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,
julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).Apesar de os Conselhos de Fiscalização Profissional
serem considerados autarquias especiais, eles não participam do orçamento público, não recebem aporte
do Poder Central nem se confundem com a Fazenda Pública. Por essa razão, não se submetem ao regime
de precatórios. Os conselhos de fiscalização profissional têm autonomia financeira e orçamentária.
Portanto, sua dívida é autônoma em relação ao Poder Público. Desse modo, inserir esse pagamento no
sistema de precatório transferiria para a União a condição de devedora do Conselho de Fiscalização.

315 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
CONSELHOS PROFISSIONAIS. Não estão sujeitas a registro perante o respectivo Conselho Regional de
Medicina Veterinária, nem à contratação de profissionais nele inscritos como responsáveis técnicos, as
pessoas jurídicas que explorem as atividades de comercialização de animais vivos e a venda
de medicamentos veterinários, pois não são atividades reservadas à atuação privativa do médico
veterinário. STJ. 1ª Seção. REsp 1.338.942-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/4/2017 (recurso
repetitivo) (Info 602).
CONSELHOS PROFISSIONAIS. Segundo o art. 8º da Lei nº 12.514/2011, para que os
Conselhos Profissionais ajuízem execução fiscal cobrando anuidades em atraso, é necessário que o total
da quantia executada seja de, no mínimo, quatro vezes o valor da anuidade. Mesmo sem poder executar
a dívida, o Conselho Profissional poderá adotar uma outra sanção contra o inadimplente:
poderá suspender ou cancelar seu registro profissional. Assim, o fato de os conselhos não poderem
executar dívidas inferiores a quatro vezes o valor cobrado anualmente da pessoa física ou jurídica
inadimplente, não impede que seja feita a suspensão ou o cancelamento do registro do profissional que
deixar de efetuar o pagamento das anuidades. Isso está previsto no art. 8º, parágrafo único, da Lei
nº 12.514/2011. No caso específico dos Engenheiros e Arquitetos, o cancelamento do registro somente
pode acontecer desde que o atraso seja de, no mínimo, duas anuidades consecutivas (art. 64 da Lei
nº 5.194/66). STJ. 2ª Turma. REsp 1.659.989-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/4/2017 (Info
603)
CONSELHO PROFISSIONAL. O exercício da profissão de técnico ou treinador profissional de futebol não
se restringe aos profissionais graduados em Educação Física, não havendo obrigatoriedade legal de
registro junto ao respectivo Conselho Regional. STJ. 2ª Turma. REsp 1.650.759-SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 6/4/2017 (Info 607).
CONSELHOS PROFISSIONAIS. É facultado aos técnicos de farmácia, regularmente inscritos no Conselho
Regional de Farmácia, a assunção de responsabilidade técnica por drogaria, independentemente do
preenchimento dos requisitos previstos nos arts. 15, § 3º, da Lei nº 5.991/73, c/c o art. 28 do
Decreto nº 74.170/74, entendimento que deve ser aplicado até a entrada em vigor da Lei
nº 13.021/2014. Obs: após a Lei nº 13.021/2014 apenas farmacêuticos habilitados na forma da lei poderão
atuar como responsáveis técnicos por farmácias com manipulação e drogarias. STJ.
1ª Seção. REsp 1.243.994-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/6/2017 (recurso repetitivo) (Info
611).
▪ LEI DAS ESTATAIS (LEI 13.303/2016):
Importante também conhecer a parte da Constituição que traça as normas fundamentais para a
constituição de Empresas Estatais (Empresa Pública e Sociedades de Economia Mista).
Constituição Federal
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação
de serviços, dispondo sobre:

316 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações
civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da
administração pública;
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de
acionistas minoritários;
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não
extensivos às do setor privado.
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.
§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a
responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra
a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Na participação em sociedade empresarial em que a empresa pública, a sociedade de economia
mista e suas subsidiárias não detenham o controle acionário, essas deverão adotar, no dever de fiscalizar,
práticas de governança e controle proporcionais à relevância, à materialidade e aos riscos do negócio do
qual são partícipes.
A constituição de empresa pública ou de sociedade de economia mista dependerá de prévia
autorização legal que indique, de forma clara, relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança
nacional.
 EMPRESA PÚBLICA é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União,
pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
#ATENÇÃO
Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito
Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas
jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito
a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a
entidade da administração indireta.
O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias deverá
observar regras de governança corporativa, de transparência e de estruturas, práticas de gestão de riscos
e de controle interno, composição da administração e, havendo acionistas, mecanismos para sua
proteção.

317 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
A lei determina a necessidade de licitação para as contratações por estatais, mas traz hipóteses
próprias de dispensa e inexigibilidade (artigos 28 a 30).
As licitações realizadas e os contratos celebrados por empresas públicas e sociedades de
economia mista destinam-se a assegurar a seleção da proposta mais vantajosa, inclusive no que se refere
ao ciclo de vida do objeto, e a evitar operações em que se caracterize sobre preço ou superfaturamento,
devendo observar os princípios da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
eficiência, da probidade administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da
vinculação ao instrumento convocatório, da obtenção de competitividade e do julgamento objetivo.
As despesas com publicidade e patrocínio da empresa pública e da sociedade de economia mista
não ultrapassarão, em cada exercício, o limite de 0,5% (cinco décimos por cento) da receita operacional
bruta do exercício anterior.
É vedado à empresa pública e à sociedade de economia mista realizar, em ano de eleição para
cargos do ente federativo a que sejam vinculadas, despesas com publicidade e patrocínio que excedam
a média dos gastos nos 3 (três) últimos anos que antecedem o pleito ou no último ano imediatamente
anterior à eleição.
A lei concedeu um prazo de 24 meses para que as empresas públicas e as sociedades de economia
mista constituídas anteriormente à sua vigência promovessem as adaptações necessárias à adequação
ao disposto na lei.

Súmula 517 STF - As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a União
intervém como assistente ou opoente.
Súmula 556 STF - É competente a Justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de
economia mista.
Súmula 333 STJ - Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por
sociedade de economia mista ou empresa pública. (Súmula 333, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
13/12/2006, DJ 14/02/2007 p. 246)
#NÃOESQUEÇEDAJURIS
É possível aplicar o regime de precatórios às sociedades de economia mista? É aplicável o regime dos
precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de
natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017
(Info 858). É inconstitucional determinação judicial que decreta a constrição de bens de sociedade de
economia mista prestadora de serviços públicos em regime não concorrencial, para fins de pagamento
de débitos trabalhistas. Sociedade de economia mista prestadora de serviço público não concorrencial
está sujeita ao regime de precatórios (art. 100 da CF/88) e, por isso, impossibilitada de sofrer constrição
judicial de seus bens, rendas e serviços, em respeito ao princípio da legalidade orçamentária (art. 167, VI,
da CF/88) e da separação funcional dos poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III). STF. Plenário. ADPF 275/PB,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/10/2018 (Info 920).
É constitucional lei estadual que condiciona a nomeação dos dirigentes de AUTARQUIAS e FUNDAÇÕES
à prévia aprovação da Assembleia Legislativa. Por outro lado, é inconstitucional exigir essa prévia
aprovação da ALE se os dirigentes forem de EMPRESAS PÚBLICAS e SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.

318 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
É inconstitucional a exigência de que os dirigentes de entidades da administração indireta forneçam à
ALE a declaração atualizada de seus bens e de suas ocupações para serem fiscalizados pelo Parlamento.
Tal situação viola a separação de poderes. (Info 755).
É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado e de natureza não concorrencial. (Info 858).
Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização (exs:
CREA, CRM, COREN, CRO) não se submetem ao regime de precatórios. STF. Plenário. RE 938837/SP, rel.
orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info
861).
As empresas públicas e sociedades de economia mista não têm direito à prerrogativa de execução via
precatório. STF. 1ª Turma. RE 851711 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 12/12/2017 (Info 888).
Em regra, as empresas estatais estão submetidas ao regime das pessoas jurídicas de direito privado
(execução comum). No entanto, é possível sim aplicar o regime de precatórios para empresas públicas e
sociedades de economia mista que prestem serviços públicos e que não concorram com a iniciativa
privada. Assim, é aplicável o regime dos precatórios às empresas públicas e sociedades de economia
mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. 1ª Turma.
RE 627242 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 02/05/2017.
STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858).
PRECATÓRIOS. É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de
serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858).#MUITOIMPORTANTE

CONSÓRCIOS PÚBLICOS
União de alguns entes políticos (União, Estados e Municípios) para a consecução de
CONCEITO
interesses comuns.
1. Subscrição do PROTOCOLO DE INTENÇÕES;
2. Autorização LEGISLATIVA;
PROCEDIMENTO
3. Assinatura do CONTRATO DE CONSÓRCIO;
PARA
4. PERSONIFICAÇÃO do consórcio (deve haver cláusula específica);
INSTITUIÇÃO
5. Contrato de RATEIO;
6. Contrato de PROGRAMA.

319 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Conceito de Consórcio Público: Ajuste celebrado entre entes federados para gestão
associada de serviços públicos, bem como à transferência total ou parcial de
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.
(a) Natureza jurídica: autarquia plurifederativa.
CONSÓRCIO (b) Criação: A associação pública é instituída no momento da vigência das leis de
PÚBLICO DE ratificação dos protocolos de intenção.
DIREITO (c) Objeto: Pode ser desempenho de atividade administrativa que é de competência
PÚBLICO comum dos Entes consorciados ou que venha a ser delegada por um deles ao
consórcio.
(d) Patrimônio: Os bens serão bens públicos.
(e) Atos e contratos: Proferem atos administrativos e celebram contratos
administrativos. Além disso, possuem COMPETÊNCIA EXECUTÓRIA na
desapropriação.
(f) Responsabilidade civil: Responsabilidade objetiva (art. 37, §6º).
(a) A lei é silente, mas há doutrina (Rafael Oliveira e Maria Sylvia) que entende que
também integrarão a administração indireta dos entes consorciados.
(b) Natureza jurídica: Rafael Oliveira diz que é empresa pública prestadora de
serviço público ou fundação pública de direito privado.
(c) Criação: Após a autorização legal, com o registro do ato constitutivo.
CONSÓRCIO (d) Objeto: Não podem exercer atividade tipicamente administrativa, pois não
PÚBLICO DE possuem poder de polícia.
DIREITO (e) Pessoal: São celetistas, conforme previsto na Lei. Se houver cessão, o cedido
PRIVADO permanece vinculado ao regime originário.
(f) Patrimônio: Os bens são privados.
(g) Atos e contratos: Editam atos privados e celebram “contratos privados da
Administração”.
(h) Responsabilidade: Como prestam serviço público, também se submetem ao art.
37, §6º.

▪ TERCEIRO SETOR:
Pontos em Comum:
✓ Pessoas Jurídicas de Direito Privado
✓ Não integram a Administração Pública
✓ Atuam em cooperação com o Poder Público
✓ Sem fins lucrativos
✓ Foram instituídas para reduzir o papel do Estado na economia e os gastos públicos

320 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Qualificação
OS OSCIP
o
Art. 1 Podem qualificar-se como Organizações da
Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como
Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas
organizações sociais pessoas jurídicas de direito
jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que
privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam
tenham sido constituídas e se encontrem em
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três)
desenvolvimento tecnológico, à proteção e
anos, desde que os respectivos objetivos sociais e
preservação do meio ambiente, à cultura e à
normas estatutárias atendam aos requisitos
saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.
instituídos por esta Lei.
A concessão de qualificação é discricionária ou vinculada?
OS OSCIP
o
Art. 2 . (...)
II - haver aprovação, quanto à conveniência e
oportunidade de sua qualificação como Art. 1o. (...)
organização social, do Ministro ou titular de órgão § 2o A outorga da qualificação prevista neste
supervisor ou regulador da área de atividade artigo é ato vinculado ao cumprimento dos
correspondente ao seu objeto social e do Ministro requisitos instituídos por esta Lei.
de Estado da Administração Federal e Reforma do
Estado.
Quem concede a Qualificação?
OS OSCIP
Ministro ou titular de órgão supervisor ou
regulador da área de atividade e Ministro do Ministro da Justiça
Planejamento;
Áreas de Atuação
OS OSCIP
Rol muito extenso!! Aqui vão algumas:
▪ promoção da assistência social;
▪ promoção da cultura, defesa e conservação do
patrimônio histórico e artístico;
Atividades devem ser dirigidas a:
▪ promoção gratuita da educação, observando-se
▪ ensino;
a forma complementar de participação das
▪ pesquisa científica;
organizações de que trata esta Lei;
▪ desenvolvimento tecnológico;
▪ promoção gratuita da saúde, observando-se a
▪ proteção e preservação do meio ambiente;
forma complementar de participação das
▪ cultura e à saúde
organizações de que trata esta Lei;
▪ promoção da segurança alimentar e nutricional;
▪ defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;

321 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
▪ muito mais!!
Quais os requisitos para ser qualificada?
OS OSCIP
Requisitos comuns Requisitos comuns
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, Art. 5o Cumpridos os requisitos dos arts. 3o e 4o
dispondo sobre: desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado sem
a) natureza social de seus objetivos relativos à fins lucrativos, interessada em obter a qualificação
respectiva área de atuação; instituída por esta Lei, deverá formular
b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade requerimento escrito ao Ministério da Justiça,
de investimento de seus excedentes financeiros no instruído com cópias autenticadas dos seguintes
desenvolvimento das próprias atividades; documentos:
(...) I - estatuto registrado em cartório;
e) composição e atribuições da diretoria; II - ata de eleição de sua atual diretoria;
Requisitos especiais
c) previsão expressa de a entidade ter, como
órgãos de deliberação superior e de direção, um
conselho de administração e uma diretoria
definidos nos termos do estatuto, asseguradas
àquele composição e atribuições normativas e de
controle básicas previstas nesta Lei;
d) previsão de participação, no órgão colegiado
de deliberação superior, de representantes do
Poder Público e de membros da comunidade, de
notória capacidade profissional e idoneidade
moral;
Requisitos especiais
f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário
III - balanço patrimonial e demonstração do
Oficial da União, dos relatórios financeiros e do
resultado do exercício;
relatório de execução do contrato de gestão;
IV - declaração de isenção do imposto de renda;
g) no caso de associação civil, a aceitação de
V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes.
novos associados, na forma do estatuto;
h) proibição de distribuição de bens ou de parcela
do patrimônio líquido em qualquer hipótese,
inclusive em razão de desligamento, retirada ou
falecimento de associado ou membro da
entidade;
i) previsão de incorporação integral do
patrimônio, dos legados ou das doações que lhe
foram destinados, bem como dos excedentes
financeiros decorrentes de suas atividades, em
caso de extinção ou desqualificação, ao
patrimônio de outra organização social qualificada

322 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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no âmbito da União, da mesma área de atuação,
ou ao patrimônio da União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção
dos recursos e bens por estes alocados;

Conselho de Administração das OS:


a) 20 a 40% (vinte a quarenta por cento) de membros natos representantes do Poder Público, definidos
pelo estatuto da entidade;
b) 20 a 30% (vinte a trinta por cento) de membros natos representantes de entidades da sociedade civil,
definidos pelo estatuto;
c) até 10% (dez por cento), no caso de associação civil, de membros eleitos dentre os membros ou os
associados;
d) 10 a 30% (dez a trinta por cento) de membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, dentre
pessoas de notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;
e) até 10% (dez por cento) de membros indicados ou eleitos na forma estabelecida pelo estatuto;

Não podem se qualificar como OSCIP


Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3odesta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões
devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de
associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializamplanos de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalaresprivadasnão gratuitas e suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por
fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro
nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
#PRINCIPAISJULGADOS
SÚMULA 516 STF - O Serviço Social da Indústria – S. E. S. I. – está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual.
SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS. CONCURSO PÚBLICO. Os serviços sociais autônomos precisam
realizar concurso público para contratar seu pessoal? NÃO. Os serviços sociais autônomos, por possuírem
natureza jurídica de direito privado e não integrarem a Administração Pública, mesmo que desempenhem

323 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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atividade de interesse público em cooperação com o ente estatal, NÃO estão sujeitos à observância da
regra de concurso público (art. 37, II, da CF/88) para contratação de seu pessoal. Obs.: vale ressaltar, no
entanto, que o fato de as entidades do Sistema “S” não estarem submetidas aos ditames constitucionais
do art. 37, não as exime de manterem um padrão de objetividade e eficiência na contratação e nos gastos
com seu pessoal. STF. Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/9/2014
(repercussão geral) (Info 759)
SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS. RECURSOS. Os recursos geridos pelos serviços sociais autônomos são
considerados recursos públicos? NÃO. Segundo entende o STF, os serviços sociais autônomos do
denominado sistema “S”, embora compreendidos na expressão de entidade paraestatal, são pessoas
jurídicas de direito privado, definidos como entes de colaboração, mas não integrantes da Administração
Pública. Assim, quando o produto das contribuições ingressa nos cofres dos Serviços Sociais Autônomos,
perde o caráter de recurso público. STF. Plenário. ACO 1953 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 18/12/2013.
SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS. PRERROGATIVAS DE FAZENDA PÚBLICA. AUSÊNCIA. Sem
prerrogativas processuais Os serviços sociais autônomos gozam das prerrogativas processuais inerentes
à Fazenda Pública (ex.: prazo em dobro para recorrer)? NÃO. As entidades paraestatais não gozam dos
privilégios processuais concedidos à Fazenda Pública. STF. AI 841548 RG, julgado em 09/06/2011.

4. Atividades da Administração Pública: tipologia; poder e função; poder normativo; poder disciplinar;
poder decorrente de hierarquia; poder vinculado; poder discricionário (evolução conceitual, mérito,
justificativa, campos de exercício, parâmetros, conceitos jurídicos indeterminados); poder regulamentar;
poder normativo; poder hierárquico; poder disciplinar.

✓ Poder vinculado: Ao administrador não é concedida qualquer liberdade quanto à atividade a ser
desempenhada e, por isso, deve se submeter por inteiro ao mandamento legal.
✓ Poder discricionário: Poder Discricionário é aquele conferido por lei ao administrador público para
que, nos limites nela previstos e com certa parcela de liberdade, adote, no caso concreto, a solução
mais adequada satisfazer o interesse público.
→ O conceito jurídico indeterminado é a vaguidade semântica existente em certa norma com a
finalidade de que ela, a norma, permaneça, ao ser aplicada, sempre atual e correspondente aos
anseios da sociedade nos vários momentos históricos em que a lei é interpretada e aplicada. A
vaguidade de um conceito, portanto, não é imperfeição linguística, mas sim uma característica
bastante pertinente em certas situações que fazem com que busque o intérprete maior perfeição
na valoração significante−significado, o que gera certa atualização da norma.
✓ Poder normativo: É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para editar atos
administrativos gerais para fiel execução das leis.
✓ Poder disciplinar: Prerrogativa reconhecida à Adm. P. para investigar e punir, após o contraditório
e ampla defesa, os agentes públicos e particulares.
✓ Poder hierárquico: Existência de subordinação dentro de uma mesma PJ - resultado da
desconcentração. Prerrogativas: ordens; controle ou fiscalização; alteração de competências
(delegação ou avocação); revisional; resolução de conflitos; disciplinar.

324 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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LEI 4.717/65 – AÇÃO POPULAR (Abuso de Poder – Desvio de Finalidade)
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos
de:
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, na regra de competência.

ABUSO DE PODER é gênero, que tem por espécies:


 DESVIO DE PODER: embora agindo dentro de suas competências, o agente público não observa
os fins previstos pelo legislador.
 EXCESSO DE PODER: atuação do agente público fora dos limites da sua competência.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL (Poder Regulamentar)


Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta
Constituição e na lei:
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;

#DEOLHONASÚMULA
SÚMULA 56 STF - Militar reformado não está sujeito à pena disciplinar.
SÚMULA 57 STF - Militar inativo não tem direito ao uso do uniforme fora dos casos previstos em lei ou
regulamento.
SÚMULA 346 STF - A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
SÚMULA 473 STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

5. Poder de polícia: noções gerais; síntese evolutiva; fundamentos e finalidades; polícia administrativa;
regime jurídico geral; campo de atuação; meios de atuação; limites; possibilidade de delegação;

325 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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características (discricionariedade/vinculação, autoexecutoriedade e coercibilidade); requisitos de
validade; proporcionalidade; sanções; prescrição.

Poder de Polícia: Compreende a prerrogativa reconhecida à Adm. P. para restringir e condicionar,


com fundamento na lei, o exercício de direitos, com o objetivo de atender ao interesse público.
São as 4 fases (“CICLO DE POLÍCIA”):
1. ordem (legislar);
2. consentimento (delegável);
a. licença
b. autorização
3. fiscalização (delegável);
4. sanção
CTN, Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
(Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966) #COLANARETINA
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que
a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
LEI Nº 9.873, DE 23 DE NOVEMBRO DE 1999.
Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no
exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática
do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
#SELIGANASÚMULA!
SÚMULA VINCULANTE 38 É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.
SÚMULA VINCULANTE 49 Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação
de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.
Súmula 510 STJ - A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está
condicionada ao pagamento de multas e despesas.(Súmula 510, PRIMEIRA SEÇÃO, julgada em
26/03/2014, DJe 31/03/2014)
Súmula 312 STJ - No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as
notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração. (Súmula 312, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 11/05/2005, DJ 23/05/2005 p. 371)
Súmula 127 STJ - É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual
o infrator não foi notificado. (Súmula 127, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/03/1995, DJ 23/03/1995 p.
6730)

326 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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SÚMULA 419 STF - Os Municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que
não infrinjam leis estaduais ou federais válidas.
SÚMULA 645 STF - É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial. (SV.38)
SÚMULA 646 STF - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área. (SV. 49)
#DEOLHONAJURIS
PODER DE POLÍCIA. O Banco Central tem o dever de exercer o controle do crédito e fiscalizar a atividade
das instituições financeiras. O Serasa não é uma instituição financeira, considerando que não exerce
coleta, intermediação nem aplicação de recursos financeiros, nem a custódia de valor de propriedade de
terceiros, seja como atividade principal ou acessória. Logo, não é da atribuição do Banco Central a
fiscalização das atividades do Serasa. STJ. 4ª Turma. REsp 1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 1/12/2016 (Info 595).
PODER DE POLÍCIA. A Lei nº 7.102/83 estabelece normas para constituição e funcionamento
das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores. O art. 11 dessa
Lei prevê que “a propriedade e a administração das empresas especializadas que vierem a se
constituir são vedadas a estrangeiros.” Esse art. 11 deve ser interpretado segundo a Constituição Federal
que, desde a EC 6/95, proíbe, em regra, que a lei faça discriminação entre “empresa brasileira de capital
nacional” e “empresa brasileira de capital estrangeiro”. Em outras palavras, para o texto constitucional
atual, em regra, desde que uma empresa seja brasileira (constituída no Brasil e sujeita às leis brasileiras), a
origem do seu capital é irrelevante. Diante disso, a interpretação atual do art. 11 deve ser a
seguinte: • Empresas constituídas no exterior são proibidas de atuar no setor de segurança
privada. • Todavia, empresas que sejam constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País são consideradas “empresas brasileiras” (art. 1.126 do Código Civil), sendo
irrelevante que tenham na sua composição societária, direta ou indiretamente, participação ou controle
pelo capital estrangeiro. • Logo, “empresas brasileiras” poderão praticar atividades de segurança privada
no país ainda que tenham sócios estrangeiros. A restrição veiculada pelo art. 11 da Lei nº 7.102/83, de
acordo com a CF/88, não impede a participação de capital estrangeiro nas sociedades nacionais
(empresas brasileiras) que prestam serviço de segurança privada. STJ. 1ª Seção. MS 19.088-DF, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 14/12/2016 (Info 596).
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART.
58 E SEUS PARÁGRAFOS DA LEI FEDERAL Nº 9.649, DE 27.05.1998, QUE TRATAM DOS SERVIÇOS DE
FISCALIZAÇÃO DE PROFISSÕES REGULAMENTADAS. 1. Estando prejudicada a Ação, quanto ao § 3º do
art. 58 da Lei nº 9.649, de 27.05.1998, como já decidiu o Plenário, quando apreciou o pedido de medida
cautelar, a Ação Direta é julgada procedente, quanto ao mais, declarando-se a inconstitucionalidade do
"caput" e dos § 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º do mesmo art. 58. 2. Isso porque a interpretação conjugada dos
artigos 5°, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, parágrafo único, 149 e 175 da Constituição Federal, leva à conclusão,
no sentido da indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade típica de Estado, que abrange até
poder de polícia, de tributar e de punir, no que concerne ao exercício de atividades profissionais
regulamentadas, como ocorre com os dispositivos impugnados. 3. Decisão unânime.

327 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. APLICAÇÃO DE MULTA DE TRÂNSITO POR
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. PODER DE POLÍCIA. DELEGAÇÃO DOS ATOS DE FISCALIZAÇÃO E
SANÇÃO A PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. (ARE 662186 RG, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado
em 22/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 12-09-2012 PUBLIC 13-09-2012)
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. INMETRO. PEDIDO DE NULIDADE. ATO ADMINISTRATIVO.
DELEGAÇÃO DE PODER FISCALIZATÓRIO. ENTIDADE DE DIREITO PRIVADO. POSSIBILIDADE. 1. O
Superior Tribunal de Justiça possui orientação pacificada na Primeira Seção de que "estão revestidas de
legalidade as normas expedidas pelo CONMETRO e INMETRO, e suas respectivas infrações, com o
objetivo de regulamentar a qualidade industrial e a conformidade de produtos colocados no mercado
de consumo, seja porque estão esses órgãos dotados da competência legal atribuída pelas Leis
5.966/1973 e 9.933/1999, seja porque seus atos tratam de interesse público e agregam proteção aos
consumidores finais" (REsp 1.102.578/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon). 2. O Tribunal de origem consignou
que "partindo-se do fato de que a delegação, promovida por meio da Portaria 213/2007, a Organismo
de Certificação de Produto - OCP, para efetuar a Certificação Compulsória de Conformidade, é de se
entender que esta autuação envolve o exercício do poder de polícia administrativa de verificação e
avaliação da conformidade, que poderá ser delegada apenas a entidades de direito público, seja com
base no texto legal vigente à época da prolação da sentença (art. 4º, parágrafo único da Lei n° 9.933/99),
seja após a alteração legislativa (art. 4º § 2º da Lei n° 9.933/99, alterado pela Lei n° Lei n° 12.545/2011)."
3. Dessume-se que, nos termos do art. 4º, §§ 1º e 2º, da Lei 9.933/1999, somente os atos relativos ao
consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes ao sancionamento e à
normatização derivam do poder de coerção do Poder Público. 4. Na hipótese, em momento algum o
Tribunal de origem constatou que o ato de verificação e avaliação de conformidade do produto cuidava
de atividade inerente à imposição de sanção administrativa, tampouco se houve ou não violação de
norma de regulamentação. 5. Recurso Especial provido. (REsp 1658399 / CE RECURSO ESPECIAL
2017/0049205-7; Ministro HERMAN BENJAMIN (1132); DJe 12/09/2017) #IMPORTANTE

7. Processo Administrativo: tratamento constitucional e infraconstitucional; finalidades; devido processo


legal no âmbito administrativo; princípios específicos (contraditório, ampla defesa, duração razoável,
formalismo moderado, verdade material, oficialidade, gratuidade, pluralidade de instâncias, participação
popular); tipologia; fases; Lei nº 9.784/1999 e suas alterações; reformatio in pejus; processo administrativo
disciplinar; processo sumário; sindicância; verdade sabida.

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS
A Administração Pública pode atuar, de ofício, na condução de todas as fases
IMPULSO OFICIAL
do processo, inclusive com iniciativa de investigação dos fatos e da produção
(OFICIOSIDADE)
de provas.
DEVIDO PROCESSO Garantia de transparência na condução do processo, com a finalidade de se
LEGAL evitar o cometimento de abusos e arbitrariedades.
CONTRADITÓRIO E Direito conferido ao administrado de influenciar na decisão administrativa de
AMPLA DEFESA seu interesse, manifestando-se na relação processual, requerendo a

328 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
produção de provas e provocando sua tramitação. Aqui, temos algumas
súmulas vinculantes de destaque:
✓ Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no
processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
✓ Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.
✓ Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da
União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão
puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
A ressalva quanto à apreciação do ato de concessão da aposentadoria se dá
porque não se trata de anulação ou revogação, mas sim formação de um
ato complexo, em que a defesa se deu nos momentos iniciais. Ademais, não
haveria anulação ou revogação por que o ato ainda não se aperfeiçoou.
#JÁCAIU #CESPE: Em 2017, a banca considerou errada a seguinte assertiva:
Nos termos da jurisprudência do STF, caso um particular interponha recurso
administrativo contra uma multa de trânsito, por se tratar do exercício do
poder de polícia pela administração, a admissibilidade do recurso
administrativo dependerá de depósito prévio a ser efetuado pelo
administrado.
#JÁCAIU #CESPE: Em 2017, a banca considerou errada a seguinte assertiva:
Conforme o Supremo Tribunal Federal, é obrigatória a representação por
advogado para o exercício do direito à recorribilidade de decisão proferida
em processo administrativo.
INSTRUMENTALIDADE O vício de forma é sanável quando não ensejar em prejuízo, desde que
DAS FORMAS mantido o interesse público diante da aplicação do princípio.
São obrigatórias as formalidades indispensáveis à segurança jurídica do
cidadão que devem ser observadas pela Administração Pública na condução
INFORMALISMO OU do feito, mas, em contrapartida, não se exigem tantas formalidades ao
FORMALISMO particular interessado no procedimento.
NECESSÁRIO OU #JACAIU #CESPE: Em 2017, a banca considerou correta a seguinte assertiva:
FORMALISMO No processo administrativo, vige o princípio do formalismo moderado,
MODERADO rechaçando-se o excessivo rigor na tramitação dos procedimentos, para que
se evite que a forma seja tomada como um fim em si mesma, ou seja,
desligada da verdadeira finalidade do processo.
Em virtude desse princípio, é admissível, em sede de recursos administrativos,
a chamada reformatio in pejus. #CUIDADO, não se admite reformatio in pejus
VERDADE REAL
em processo de REVISÃO, posto que se trataria de processo distinto, mas no
âmbito do RECURSO admite-se a reformatio in pejus.

329 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
Os processos administrativos são gratuitos, de modo que não há cobrança
GRATUIDADE
de custas, emolumentos ou ônus sucumbenciais aos particulares envolvidos.
A Administração deve atuar de acordo com as balizas da lei, tanto para se
LEGALIDADE
resguardar quanto para resguardar o administrado.
Dever do administrador de indicar os pressupostos de fato e de direito que
MOTIVAÇÃO
determinaram a prática dos atos administrativos.
#OLHAASÚMULA #DEOLHONAJURIS
Súmula 592-STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa
nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.
Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.
Servidor já punido não pode ser novamente julgado para agravar sua pena - Depois do servidor já ter
sido punido, é possível que a Administração, com base na autotutela, anule a sanção anteriormente
cominada e aplique uma nova penalidade mais gravosa? NÃO. A decisão administrativa que põe fim ao
processo administrativo, à semelhança do que ocorre no âmbito jurisdicional, possui a característica de
ser definitiva. Logo, o servidor público já punido administrativamente não pode ser julgado novamente
para que sua pena seja agravada mesmo que fique constatado que houve vícios no processo e que ele
deveria receber uma punição mais severa. Assim, a anulação parcial do processo administrativo disciplinar
para adequar a penalidade aplicada ao servidor, consoante pareceres do órgão correspondente,
ensejando aplicação de sanção mais grave ofende o devido processo legal e a proibição da reformatio
in pejus. Obs: o posicionamento acima tem por base a Súmula 19 do STF, que dispõe: “É inadmissível
segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.” STJ.
3ª Seção. MS 10950-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/5/2012. STJ. 1ª Seção. MS 11749/DF, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/06/2014.
DENÚNCIA ANÔNIMA - É possível a instauração de processo administrativo com base em “denúncia
anônima”? SIM. Segundo o STJ, não há ilegalidade na instauração de processo administrativo com
fundamento em denúncia anônima, por conta do poder-dever de autotutela imposto à Administração e,
por via de consequência, ao administrador público. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1307503/RR, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 06/08/2013. #JACAIU #CESPE – Na última prova da DPU, em 2017,
a banca considerou correta a seguinte assertiva: É possível a instauração de procedimento administrativo
disciplinar com base em denúncia anônima.
INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS - Não deve ser paralisado o curso de processo administrativo
disciplinar apenas em função de ajuizamento de ação penal destinada a apurar criminalmente os mesmos
fatos investigados administrativamente. As esferas administrativa e penal são independentes, não
havendo falar em suspensão do processo administrativo durante o trâmite do processo penal. STJ. 1ª
Seção. MS 18090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523).
INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO CASO DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR QUE
GERE DEMISSÃO - Deve ser aplicada a penalidade de demissão ao servidor público federal que obtiver
proveito econômico indevido em razão do cargo, independentemente do valor auferido (no caso, eram
apenas R$ 40,00). Isso porque não incide, na esfera administrativa, o princípio da insignificância quando

330 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
constatada falta disciplinar prevista no art. 132 da Lei 8.112/1990. STJ. 1ª Seção. MS 18090-DF, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 523). #VIROUSÚMULA #SAINDODOFORNO: SÚMULA 599
- O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
PAD É INDEPENDENTE EM RELAÇÃO À AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - As punições
aplicáveis no PAD são independentes em relação às sanções determinadas na ação judicial de
improbidade administrativa, não havendo bis in idem caso o servidor seja punido nas duas esferas. STJ.
1ª Seção. MS 15848/DF, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 24/04/2013.

INDEPENDÊNCIA / COMUNICAÇÃO ENTRE AS INSTÂNCIAS (EXEMPLOS)


Independência Comunicação
Absolvição penal por falta de provas – não
Negativa da existência do fato – comunica-se
repercute na esfera administrativa, pois pode ser
com a esfera administrativa, posto que se
que na esfera administrativa existem provas
evidencia que o fato em questão sequer existiu.
suficientes para condenação naquela esfera.
Prescrição penal – não repercute na esfera Negativa de autoria – comunica-se com a esfera
administrativa, pois apenas reconhece a perda do administrativa. O fato existe, mas ficou
direito de punir do Estado. comprovado que a parte não o realizou.

LEI 9.784/99
- Ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar
o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações
- Ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a
condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles
DIREITOS DO
contidos e conhecer as decisões proferidas
ADMINISTRADO
- Formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão
objeto de consideração pelo órgão competente
- Fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a
representação, por força de lei

- Expor os fatos conforme a verdade


- Proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé
DEVERES DO
- Não agir de modo temerário
ADMINISTRADO
- Prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o
esclarecimento dos fatos

De ofício ou a pedido de interessado


#ATENÇÃO: quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem
INÍCIO DO conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único
PROCESSO requerimento, salvo preceito legal em contrário.
#OLHAOGANCHO: São LEGITIMADOS como interessados no processo
administrativo:

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- Pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses
individuais ou no exercício do direito de representação;
- Aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que
possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
- As organizações e associações representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos
- As pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou
interesses difusos
#NÃOCONFUNDA: São CAPAZES, para fins de processo administrativo, os
maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.
Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários padronizados para
assuntos que importem pretensões equivalentes
Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a
autoridade de menor grau hierárquico para decidir
Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir
Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força
maior
Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o
interessado se outro for o local de realização
Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de
deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza,
de seu interesse
As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de
decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo
do direito dos interessados de propor atuações probatórias
Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá,
mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes
da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada
São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos
A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre
solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência. Concluída a instrução de processo
administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual
período expressamente motivada
O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido
formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. A desistência ou renúncia do interessado, porém,
conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o
interesse público assim o exige.
#ATENÇÃO: havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a tenha
formulado.

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O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto
da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente
O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé
Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros,
os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração
Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito. O recurso
será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias,
o encaminhará à autoridade superior
O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal
diversa
- Titulares de direitos e interesses que forem parte no processo
- Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão
LEGITIMIDADE recorrida
RECURSAL - Organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses
coletivos
- Cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos
Salvo disposição legal específica, 10 dias, contados a partir da ciência ou divulgação
oficial da decisão recorrida.
PRAZO #ATENÇÃO: Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá
RECURSAL ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos
pelo órgão competente, podendo ser prorrogado por igual período, mediante
justificativa explícita.
Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo. Havendo justo receio de
prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a
imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso
O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde
que não ocorrida preclusão administrativa
#NÃOCONFUNDA: da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

#PRINCIPAISJURISPRUDÊNCIAS
SÚMULA VINCULANTE 21 É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
SÚMULA 373 STJ - É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso
administrativo. (Súmula 373, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/03/2009, DJe 30/03/2009)
SÚMULA 467 STJ - Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. (Súmula
467, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010, DJe 25/10/2010)

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PROCESSO ADMINISTRATIVO. DECADÊNCIA. O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se
aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. Não existe direito
adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a vacância do cargo ocorre na vigência da
CF/88, que exige a submissão a concurso público (art. 236, § 3º). O prazo decadencial do art. 54 da Lei
nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. O art.
236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei
8.935/1994 ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório como condição para o ingresso
na atividade notarial e de registro. STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014
(Info 741).

10. Servidores públicos: Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado da Bahia; Regime Próprio de
Previdência do Estado da Bahia; terminologia; vínculos de trabalho (funções, cargos e empregos); noção;
acessibilidade; cargos públicos; regime jurídico; vencimento, remuneração e subsídio; estabilidade;
vitaliciedade; acumulação de cargos; exercício de mandato eletivo; férias, décimo terceiro salário, licenças
e direito de greve; sindicalização; aposentadoria e pensão; limites de despesas com pessoal.
responsabilidade dos servidores; poder disciplinar; regime disciplinar; processo administrativo disciplinar;
comunicabilidade de instâncias.

#SELIGANASSÚMULAS
Súmula vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão. #OLHAOGANCHO: há uma mitigação dessa súmula → se
passados 5 anos e o TCU ainda não tiver analisado o ato de concessão, reforma ou pensão, vai ter o
direito ao contraditório e à ampla defesa novamente, pois o tempo passado compromete a segurança
jurídica.
SÚMULA VINCULANTE 4 Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado
como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser
substituído por decisão judicial.
SÚMULA VINCULANTE 6 Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário
mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
SÚMULA VINCULANTE 15 O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide
sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.
SÚMULA VINCULANTE 16 Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-
se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
SÚMULA VINCULANTE 33 Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da
previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição
Federal, até a edição de lei complementar específica.
Súmula vinculante 37-STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

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SÚMULA VINCULANTE 39 Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros
das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
SÚMULA VINCULANTE 42 É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.
SÚMULA VINCULANTE 43 É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
integra a carreira na qual anteriormente investido.
SÚMULA VINCULANTE 44 Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a
cargo público.
SÚMULA VINCULANTE 55 O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.
SÚMULA 266 STJ - O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e
não na inscrição para o concurso público. (Súmula 266, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/05/2002, DJ
29/05/2002 p. 135)
SÚMULA 377 STJ - O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às
vagas reservadas aos deficientes. (Súmula 377, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe
05/05/2009)
SÚMULA 552 STJ - "O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para
o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos." (Súmula 552, CORTE ESPECIAL, julgado
em 04/11/2015, DJe 09/11/2015)
SÚMULA 591 STJ - É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. (Súmula
591, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe 18/09/2017)
SÚMULA 592 STJ - O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa
nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa. (Súmula 592, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
13/09/2017, DJe 18/09/2017)
SÚMULA 346 STJ - É vedada aos militares temporários, para aquisição de estabilidade, a contagem em
dobro de férias e licenças não-gozadas. (Súmula 346, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/02/2008, DJe
03/03/2008)
SÚMULA 378 STJ - Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais decorrentes.
(Súmula 378, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 05/05/2009)
SÚMULA 682 STF - Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso dos
vencimentos de servidores públicos.
SÚMULA 683 STF - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art.
7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.
SÚMULA 684 STF - É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso
público.
SÚMULA 685 STF - É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra
a carreira na qual anteriormente investido.

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SÚMULA 686 STF - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo
público.
SÚMULA 688 STF - É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário.
#JURISPRUDÊNCIAEMTESES:
- É indevida a devolução ao erário de valores recebidos de boa-fé, por servidor público ou pensionista,
em decorrência de erro administrativo operacional ou nas hipóteses de equívoco ou má interpretação
da lei pela Administração Pública.
- A contagem do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança contra ato que fixa
ou altera sistema remuneratório ou suprime vantagem pecuniária de servidor público inicia-se com a
ciência do ato impugnado.
- É legítimo o ato da Administração que promove o desconto dos dias não trabalhados pelos servidores
públicos participantes de movimento grevista.
- É lícita a cassação de aposentadoria de servidor público, não obstante o caráter contributivo do
benefício previdenciário.
- A limitação da carga horária semanal para servidores públicos profissionais de saúde que acumulam
cargos deve ser de 60 horas semanais.
#DEOLHONAJURIS
Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do
servidor público, tais como terço de férias, serviços extraordinários, adicional noturno e adicional de
insalubridade. STF. Plenário.RE 593068/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/10/2018 (repercussão
geral) (Info 919).
Correios devem motivar a demissão de seus empregados. Em 2013, o STF decidiu, de forma genérica,
que: Os empregados públicos não fazem jus à estabilidade prevista no art. 41 da CF/88, salvo aqueles
admitidos em período anterior ao advento da EC 19/98. Em atenção, no entanto, aos princípios da
impessoalidade e isonomia, que regem a admissão por concurso público, a dispensa do empregado de
empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços públicos deve ser motivada,
assegurando-se, assim, que tais princípios, observados no momento daquela admissão, sejam também
respeitados por ocasião da dispensa. A motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o
empregado de uma possível quebra do postulado da impessoalidade por parte do agente estatal
investido do poder de demitir. STF. Plenário. RE 589998/PI, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20/3/2013
(repercussão geral) (Info 699). Diante disso, imaginou-se que essa decisão valeria para todas as empresas
públicas e sociedades de economia mista. No entanto, em 2018, o STF, em embargos de declaração,
afirmou que esta decisão (RE 589998/PI) só se aplica para os Correios considerando que o caso concreto
envolvia um empregado da ECT). Quanto às demais empresas públicas e sociedades de economia mista,
o STF afirmou que ainda não decidiu o tema, ou seja, terá que ser analisado caso a caso. Assim, por
enquanto, essa decisão só se aplica para os Correios. A tese fixada foi a seguinte: A Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (ECT) tem o dever jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus
empregados. STF. Plenário. RE 589998 ED/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/10/2018.
Servidor que fazia faculdade particular e é removido, de ofício, para outra cidade tem direito a matrícula
em universidade pública, se não existir instituição privada congênere no destino. É constitucional a

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previsão legal que assegure, na hipótese de transferência ex officio de servidor, a matrícula em instituição
pública, se inexistir instituição congênere à de origem. Ex: Paulo é servidor público federal, lotado em
Recife (PE), onde faz faculdade de Medicina em uma universidade particular. Ele é transferido, de ofício,
para Rio Branco (AC). Suponhamos, hipoteticamente, que, em Rio Branco, as universidades privadas lá
existentes não possuem o curso de medicina. Neste caso, Paulo teria direito a uma vaga no curso de
Medicina da universidade pública. Fundamento legal: art. 1º da Lei nº 9.536/97. STF. Plenário. RE
601580/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/9/2018 (repercussão geral) (Info 916).
Servidor que estava cursando faculdade e foi removido para outra cidade terá direito de ser matriculado
em outra instituição de ensino no local de destino? Entenda a chamada transferência ex officio. É
constitucional a previsão legal que assegure, na hipótese de transferência ex officio de servidor, a
matrícula em instituição pública, se inexistir instituição congênere à de origem. STF. Plenário. RE
601580/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/9/2018 (repercussão geral) (Info 916).
Agentes penitenciários possuem direito à aposentadoria especial. Os agentes penitenciários possuem
direito à aposentadoria especial. Os agentes penitenciários podem ingressar com mandado de injunção
pedindo a concessão de aposentadoria especial sob o argumento de que está havendo uma omissão
inconstitucional. Isso porque se trata de categoria que desempenha atividades com risco imanente
(inerente). STF. Decisão Monocrática. MI 6943, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11/09/2018. Obs: existem
decisões monocráticas de praticamente todos os Ministros nesse mesmo sentido.
Servidor reintegrado deve ser ressarcido dos vencimentos e vantagens devidas durante o período de
afastamento. O servidor reintegrado deve ser ressarcido dos vencimentos a que faria jus desde o
desligamento indevido, a fim de restabelecer a situação injustamente desconstituída. STJ. 2ª Turma. AgInt
no AREsp 1285218/CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 11/09/2018.
Possibilidade de acumulação de cargos mesmo que a jornada semanal ultrapasse 60h. A acumulação de
cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao
limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na
Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários
no exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração pública. STF. 1ª Turma.
RE 1094802 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/5/2018. STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 2ª Turma. REsp 1746784/PE, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 23/08/2018.
São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em razão
de perseguição política praticada na época da ditadura militar. São imprescritíveis as ações de
reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em razão de atos de exceção praticados
durante o regime militar. Ex: João era servidor da ALE/PR. Em 1963, João foi demitido em razão de
perseguição política perpetrada na época da ditadura militar. Em 2011, João ajuizou ação ordinária contra
o Estado do Paraná pedindo a sua reintegração ao cargo. Esta pretensão é considerada imprescritível
considerando que envolve a efetivação da dignidade da pessoa humana. Vale ressaltar, contudo, que a
imprescritibilidade da ação que visa reparar danos provocados pelos atos de exceção não implica no
afastamento da prescrição quinquenal sobre as parcelas eventualmente devidas ao autor. Não se deve
confundir imprescritibilidade da ação de reintegração com imprescritibilidade dos efeitos patrimoniais e
funcionais dela decorrentes, sob pena de prestigiar a inércia do Autor, o qual poderia ter buscado seu

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direito desde a publicação da Constituição da República. Em outras palavras, o recebimento dos
“atrasados” ficará restrito aos últimos 5 anos contados do pedido. STJ. 1ª Turma. REsp 1.565.166-PR, Rel.
Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/06/2018 (Info 630).
Inconstitucionalidade de normas da Constituição Estadual que tratam sobre remuneração e direitos dos
servidores públicos sem que existam previsões semelhantes na CF/88. São inconstitucionais os arts. 154,
§ 2º; 167, XII e XIII, §§ 1º e 2º; e 174, da Constituição do Estado do Ceará, e os arts. 27 e 28 do seu ADCT.
Tais dispositivos tratam de remuneração e direitos de servidores públicos, que, por não encontrarem
similares na CF/88, somente poderiam ser veiculados por meio de lei de iniciativa do Chefe do Poder
Executivo. São previsões específicas que não tratam da organização e estruturação do Estado-membro
ou de seus órgãos, mas que versam sobre o regime jurídico de servidores públicos. STF. Plenário. ADI
145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).
A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores
públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas (Info 871, STF).
A instauração de processo disciplinar contra servidor efetivo cedido deve ocorrer, preferencialmente, no
órgão em que tenha sido praticada a suposta irregularidade. Por outro lado, o julgamento e a eventual
aplicação de sanção só podem ocorrer no órgão ao qual o servidor efetivo estiver vinculado (Info 598,
STJ).
Se o candidato tomou posse por força de decisão judicial precária e esta, posteriormente, é revogada,
ele perderá o cargo, mesmo que já o esteja ocupando há muitos anos. Não se aplica, ao caso, a teoria
do fato consumado. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
7/8/2014 (repercussão geral) (Info 753). A situação será diferente se ele se aposentou antes do processo
chegar ao fim. Imagine que o candidato tomou posse no cargo por força de decisão judicial precária.
Passaram-se vários anos e ele, após cumprir todos os requisitos, aposentou neste cargo por tempo de
contribuição. Após a aposentadoria, a decisão que o amparou foi reformada. Neste caso, não haverá a
cassação de sua aposentadoria (Info 600, STJ).#COLANARETINA
Não é possível a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária referente aos dois
cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. Assim, é vedada a acumulação de um cargo
de professor com outro técnico ou científico quando a jornada de trabalho semanal ultrapassar o limite
máximo de 60 horas semanais. (Info 576).
São inconstitucionais, por violarem o art. 37, IX, da CF/88, a autorização legislativa genérica para
contratação temporária e a permissão de prorrogação indefinida do prazo de contratações temporárias.
STF. Plenário. ADI 3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/3/2017 (Info 858).
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos
os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação
do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos
termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. (Info 860).
Os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da
aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo
de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em
comissão. Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o
servidor efetivo, aposentado compulsoriamente, permaneça no cargo comissionado que já

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desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não
se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a Administração. (Info 851).
É inconstitucional a contratação, sem concurso público, após a instalação da Assembleia Constituinte, de
advogados para exercerem a função de Defensor Público estadual. Tal contratação amplia, de forma
indevida, a regra excepcional do art. 22 do ADCT da CF/88 e afronta o princípio do concurso público.
STF. 1ª Turma. RE 856550/ES, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 10/10/2017 (Info 881).
Servidor Público. Remoção de cônjuge a pedido. Acompanhamento. O servidor público federal somente
tem direito à remoção prevista no art. 36, parágrafo único, III, "a", da Lei n. 8.112/1990, na hipótese em
que o cônjuge/companheiro, também servidor, tenha sido deslocado de ofício, para atender ao interesse
da Administração (nos moldes do inciso I do mesmo dispositivo legal). EREsp 1.247.360-RJ, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em 22/11/2017, DJe 29/11/2017 #IMPORTANTE
Concurso público. Nomeação tardia. Erro reconhecido pela Administração. Indenização. Remuneração
retroativa. Impossibilidade. A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera
direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração
Pública. REsp 1.238.344-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, por maioria, julgado em
30/11/2017, DJe 19/12/2017 #FIQUEDEOLHO
Militar. Descontos em folha de pagamento. Os descontos em folha, juntamente com os descontos
obrigatórios, podem alcançar o percentual de 70% das remunerações ou dos proventos brutos dos
servidores militares. EAREsp 272.665-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, por unanimidade, julgado
em 13/12/2017, DJe 18/12/2017
Pensão por morte. Acordo efetivado em juízo. . O acordo de partilha de pensão por morte, homologado
judicialmente, não altera a ordem legal do pensionamento, podendo, todavia, impor ao órgão de
previdência a obrigação de depositar parcela do benefício em favor do acordante que não figura como
beneficiário perante a autarquia previdenciária. RMS 45.817-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd.
Min. Og Fernandes, por maioria, julgado em 26/09/2017, DJe 05/02/2018
SERVIDORES PÚBLICOS. TEORIA DO FATO CONSUMADO. A “teoria do fato consumado" não pode ser
aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada a acompanhamento de cônjuge,
em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja perdurado por vários
anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do julgamento de mérito. Em outras
palavras, se a pessoa consegue uma decisão provisória garantindo a ela a remoção e, posteriormente,
esta decisão é revogada, esta remoção terá que ser desfeita mesmo que já tenha se passado muitos
anos. Não se aplica a "Teoria do Fato Consumado" em relação a atos praticados sob contestação das
pessoas envolvidas, que o reputam irregular e manifestam a existência da irregularidade nas vias
adequadas, ainda que, pela demora no transcurso do procedimento destinado à apuração da legalidade
do ato, este gere efeitos no mundo concreto. Verificada ou confirmada a ilegalidade, o ato deve ser
desfeito, preservando-se apenas aquilo que, pela consolidação fática irreversível, não puder ser restituído
ao status quo ante. Se a Administração Pública, mesmo após a decisão liminar, continuou questionando
no processo a legalidade da remoção do servidor/autor, não se pode aplicar a teoria do fato consumado,
devendo o ato ser desfeito, salvo se tivesse havido uma consolidação fática irreversível (ou seja, se não

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fosse mais possível voltar ao "status quo ante"). STJ. Corte Especial. EREsp 1.157.628-RJ, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 7/12/2016 (Info 598). #IMPORTANTE
GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO. COMPETÊNCIA. A justiça comum, federal ou estadual, é competente para
julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias
e fundações públicas. STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871). Vale fazer, contudo, uma importante
ressalva: se a greve for de empregados públicos de empresa pública ou sociedade de economia mista, a
competência será da Justiça do Trabalho. #IMPORTANTE
PAD. PROVA EMPRESTADA. Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo
administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o
contraditório e a ampla defesa. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017.
#SELIGANASÚMULA
PAD. EXCESSO DE PRAZO. Súmula 592-STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo
administrativo disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa. STJ.
1ª Seção. Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017. #SELIGANASÚMULA
CONCURSO PÚBLICO. O candidato aprovado fora do número de vagas, mas que fique dentro
do número de vagas em virtude da desistência de alguém melhor colocado, passa a ter direito subjetivo
de ser nomeado. STJ. 1ª Turma. RMS 53.506-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/09/2017
(Info 612). STF. 1ª Turma. ARE 1058317 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
01/12/2017 #APOSTACICLOS
CONCURSOS PÚBLICOS. Restrição a candidatos com tatuagem. Editais de concurso público não podem
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que
viole valores constitucionais. STF. Plenário. RE 898450/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/8/2016
(repercussão geral) (Info 835).
CONCURSOS PÚBLICOS. Momento para comprovação do limite de idade. O limite de idade, quando
regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser comprovado no
momento da inscrição no certame. STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE, Min. Roberto Barroso, julgado em
23/6/2015 (Info 791).
CONCURSOS PÚBLICOS. Investigação social. A jurisprudência entende que o fato de haver instauração
de inquérito policial ou propositura de ação penal contra candidato, por si só, não pode implicar a sua
eliminação. A eliminação nessas circunstâncias, sem o necessário trânsito em julgado da condenação,
violaria o princípio constitucional da presunção de inocência. Assim, em regra, para que seja configurado
antecedente criminal, é necessário o trânsito em julgado. STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 39.580-PE, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 11/2/2014 (Info 535).
TETO CONSTITUCIONAL REMUNERATÓRIO. A instituição do teto teve eficácia imediata e todas as
remunerações tiveram que se submeter a ele O teto de retribuição fixado pela EC nº 41/2003 é de eficácia
imediata e todas as verbas de natureza remuneratória recebidas pelos servidores públicos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem se submeter a ele, ainda que adquiridas de acordo
com regime legal anterior. A aplicação imediata da EC nº 41/2003 e a redução das remunerações acima
do teto não afrontou o princípio da irredutibilidade nem violou a garantia do direito adquirido. Em outras
palavras, com a EC nº 41/2003, quem recebia acima do teto fixado, teve a sua remuneração reduzida

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para respeitar o teto. Essa redução foi legítima. STF. Plenário. RE 609381/GO, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 2/10/2014 (Info 761)
TETO CONSTITUCIONAL REMUNERATÓRIO. Servidor que ocupa dois cargos acumuláveis. A
acumulação de proventos de servidor aposentado em decorrência do exercício cumulado de dois cargos
de profissionais da área de saúde legalmente exercidos, nos termos autorizados pela CF/88, não se
submete ao teto constitucional, devendo os cargos ser considerados isoladamente para esse fim. STJ. 2ª
Turma. RMS 38.682-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/10/2012 (Info 508).
CONTRATAÇÃO SEM CONCURSO PÚBLICO. Contratação sem concurso público e ausência de efeitos
trabalhistas. É nula a contratação de pessoal pela Administração Pública sem a observância de prévia
aprovação em concurso público, razão pela qual não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação
ao empregado eventualmente contratado, ressalvados: • o direito de ele receber os saláriosreferentes ao
período trabalhado; e • o direito de ele levantar os depósitos do FGTS (art. 19-A da Lei 8.036/90). STF.
Plenário. RE 705140/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/8/2014 (repercussão geral) (Info 756).
ACUMULAÇÃO DE CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS. Definição de cargo técnico. Cargo técnico "é
aquele que requer conhecimento específico na área de atuação do profissional, com habilitação
específica de grau universitário ou profissionalizante de 2º grau" (STJ. 2ª Turma. RMS 42.392/AC, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 10/02/2015). É aquele que exige da pessoa um conjunto de atribuições
ligadas ao conhecimento específico de uma área do saber. Segundo já decidiu o STJ, somente se pode
considerar que um cargo tem natureza técnica se ele exigir, no desempenho de suas atribuições, a
aplicação de conhecimentos especializados de alguma área do saber. STJ. 2ª Turma. REsp 1.569.547-RN,
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 15/12/2015 (Info 575).
ACUMULAÇÃO DE CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS. Definição de cargo técnico. Conceito de cargo
técnico para os fins do art. 37, XVI, “b”, da CF/88 A CF/88 permite a acumulação de um cargo de professor
com outro técnico ou científico (art. 37, XVI, “b”). Somente se pode considerar que um cargo tem natureza
técnica se ele exigir, no desempenho de suas atribuições, a aplicação de conhecimentos especializados
de alguma área do saber. Não podem ser considerados cargos técnicos aqueles que impliquem a prática
de atividades meramente burocráticas, de caráter repetitivo e que não exijam formação específica. Nesse
sentido, atividades de agente administrativo, descritas como atividades de nível médio, não se
enquadram no conceito constitucional. STF.1ª Turma.RMS 28497/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red.p/ o
acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/5/2014 (Info 747).
ACUMULAÇÃO DE CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS. Definição de cargo científico. Definição de cargo
científico Cargo científico é o conjunto de atribuições cuja execução tem por finalidade a investigação
coordenada e sistematizada de fatos, predominantemente de especulação, visando a ampliar o
conhecimento humano. STJ. 5ª Turma. RMS 28.644/AP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/12/2011.

12. Serviços públicos: caracterização; princípios específicos; tipologia; modos de prestação; concessão de
serviço público; conceito; características; concessão de serviço precedida de obra pública; Lei nº
8.987/1995 e suas alterações; serviço adequado; direitos e deveres dos usuários; política tarifária; licitação;
contrato; encargos do concedente e da concessionária; intervenção; extinção; permissão e autorização
de serviço público; arrendamento; franquia; parcerias público-privadas.

341 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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CONCEPÇÕES SOBRE SERVIÇO PÚBLICO
AMPLÍSSIMA Toda e qualquer atividade exercida pelo Estado
Toda atividade prestacional voltada ao cidadão, não importando se é de
AMPLA
titularidade exclusiva do Estado e qual a forma de remuneração
Atividade prestada pelo Estado, de forma individualizada e com fruição
RESTRITA
qualificada
RESTRITÍSSIMA Atividade de titularidade do Estado remunerada por taxa ou tarifa
PREVALECE A CONCEPÇÃO AMPLA, de modo que é o conceito de serviço público: “atividade
prestacional, titularizada, com ou sem exclusividade, pelo Estado, criada por lei, com o objetivo de
atender as necessidades coletivas, submetida ao regime predominantemente público”.
ELEMENTOS DO SERVIÇO PÚBLICO
SUBJETIVO Prestado pelo Estado ou por seus delegatários
MATERIAL Atividade que satisfaz os interesses da coletividade
FORMAL Submetida ao regime jurídico de direito público
PRINCÍPIOS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Impõe a prestação ininterrupta do serviço público, tendo em vista o dever do
CONTINUIDADE
Estado de satisfazer e promover direitos fundamentais.
IGUALDADE /
Dever de prestar o serviço de maneira igualitária a todos os particulares.
UNIFORMIDADE
MUTABILIDADE
Os serviços públicos devem se adaptar a evolução social e tecnológica.
/ATUALIDADE
GENERALIDADE / Exige que a prestação do serviço público beneficie o maior número possível de
UNIVERSALIDADE beneficiários.
O valor cobrado do usuário deve ser proporcional ao custo do respectivo
MODICIDADE
serviço.

CLASSIFICAÇÕES DOS SERVIÇOS PÚBLICOS:


 PRÓPRIOS: o Estado tem a titularidade do serviço e os executa diretamente ou por terceiros.
 IMPRÓPRIOS: a titularidade não pertence exclusivamente ao Estado.
 DELEGÁVEIS: o Estado pode prestar diretamente ou por terceiros.
 INDELEGÁVEIS: a prestação não pode ser repassada a terceiros.
 UTI SINGULI: também chamados de específicos (ou individuais). Atendem direta e individualmente
o administrado.
 UTI UNIVERSI: também chamados de gerais. Não possuem usuários determinados.
 ADMINISTRATIVOS: atendem às necessidades de funcionamento da Administração.
 COMERCIAIS (OU INDUSTRIAIS): de ordem econômica, que envolvem utilidades materiais.
 SOCIAIS: satisfazem necessidades de cunho social ou assistencial.
 EXCLUSIVOS: titularidade atribuída exclusivamente ao Estado.
 NÃO EXCLUSIVOS: o ordenamento permite a titularidade tanto do Poder Público como do setor
privado.

342 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Tanto a Lei nº 8.987/95, como o Código Consumerista, dizem que o CDC é aplicado no âmbito do serviço
público. No entanto, o próprio CDC diz que só há relação de consumo quando a prestação do
serviço é remunerada. Porém, há serviços públicos que não são remunerados. E agora, como
resolver?
 Corrente 1 (Juruena): aplica-se o CDC a todos os serviços, pois todos são remunerados, nem que
seja indiretamente por meio de impostos.
 Corrente 2 (Cláudia Lima Marques): aplica-se o CDC apenas aos serviços UTI SINGULI, que são
especificamente remunerados por taxa ou tarifa.
 Corrente 3 (Rafael Oliveira): CDC incide apenas sobre os serviços remunerados por TARIFA, e não
naqueles remunerados por taxa.

Administração direta -
DESCONCENTRAÇÃO
Diretamente
Administração indireta -
DESCENTRALIZAÇÃO

Prestação de
Concessão comum
serviços públicos
Concessões Administrativa
Concessão especial -
PPP
Indiretamente - Patrocinada
DELEGAÇÃO Permissões

Autorização

CONCESSÃO PERMISSÃO AUTORIZAÇÃO


Delegação (transferência apenas Delegação (transferência apenas
Delegação
da execução) da execução)
Apenas PJ ou consórcio de
PF ou PJ PF ou PJ
empresas

Ato unilateral, discricionário,


Formalizada por contrato Formalizada por contrato
precário (sem necessidade de
administrativo administrativo
indenização).

Mediante licitação na
Qualquer modalidade licitatória Não precisa licitar
modalidade CONCORRÊNCIA

343 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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I - advento do termo contratual;
II - encampação;
III - caducidade;
EXTINÇÃO DA
IV - rescisão;
CONCESSÃO:
V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou
incapacidade do titular, no caso de empresa individual.

#NÃOCONFUNDA:
ENCAMPAÇÃO CADUCIDADE
FUNDAMENTO Interesse público Inadimplemento da concessionária
FORMALIZAÇÃO Lei autorizativa e decreto Processo administrativo e decreto
INDENIZAÇÃO Indenização prévia do concessionário Indenização eventual e posterior

CONCESSÃO COMUM:
- A tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos casos expressamente
previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e
gratuito para o usuário.
- Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos
ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a
revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso.
- A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de exclusividade, salvo no caso de
inviabilidade técnica ou econômica justificada no ato

CONCESSÃO ESPECIAL – PPP (LEI


CONCESSÃO COMUM (LEI 8.987/95)
11.079/04)
CONTRAPRESTAÇÃO
DO PARCEIRO Facultativa Obrigatória
PÚBLICO
RISCO ORDINÁRIO
Risco do concessionário Repartição objetiva dos riscos
DO NEGÓCIO
R$ 10.000.000,00
VALOR MÍNIMO Inexistente #ATENÇÃO
#NOVIDADELEGISLATIVA
Determinado, contudo não há prazo Mínimo: 5 anos
PRAZO
mínimo ou máximo Máximo: 35 anos
Serviços públicos e/ou
OBJETO Serviços públicos
administrativos

344 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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PPP patrocinada = Tarifa +
orçamento
REMUNERAÇÃO Tarifas (possíveis receitas alternativas) PPP administrativa = orçamento ou
outras modalidades de
contraprestação estatal
LICITAÇÃO Concorrência Concorrência

PPPs que envolvem serviços públicos


= OBJETIVA
RESPONSABILIDADE Objetiva
PPPs de serviços administrativos =
CIVIL Estado responde subsidiariamente
SUBJETIVA
Estado responde SOLIDARIAMENTE

PPP PATROCINADA PPP ADMINISTRATIVA


Remunerada integralmente pelo
REMUNERAÇÃO Tarifa + orçamento Estado (orçamento)
Serviços públicos ou administrativos
OBJETO Apenas serviços públicos
(prestados ao Estado)

#SELIGANAJURIS
SERVIÇOS PÚBLICOS. Em regra, o serviço público deverá ser prestado de forma contínua, ou seja, sem
interrupções (princípio da continuidade do serviço público). Excepcionalmente, será possível
a interrupção do serviço público nas seguintes hipóteses previstas no art. 6º, § 3º da Lei n.º 8.987/95: a)
Em caso de emergência (mesmo sem aviso prévio); b) Por razões de ordem técnica ou de segurança das
instalações, desde que o usuário seja previamente avisado; c) Por causa de inadimplemento do
usuário, desde que ele seja previamente avisado. Se a concessionária de energia elétrica divulga, por
meio de aviso nas emissoras de rádio do Município, que haverá, daqui a alguns dias, a interrupção do
fornecimento de energia elétrica por algumas horas em virtude de razões de ordem técnica, este aviso
atende a exigência da Lei nº 8.987/95? SIM. A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de
energia elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antes da interrupção, satisfaz a exigência de aviso
prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. STJ. 1ª Turma. REsp 1.270.339-SC, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 15/12/2016 (Info 598).
A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina hidrelétrica.
A União possui a faculdade de prorrogar ou não o contrato de concessão, tendo em vista o interesse
público, não se podendo invocar direito líquido e certo a tal prorrogação. Dessa forma, a prorrogação
do contrato administrativo insere-se no campo da discricionariedade. A Lei nº 12.783/2013 subordinou a
prorrogação dos contratos de concessão de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica à
aceitação expressa de determinadas condições. Se estas são recusadas pela concessionária, a
Administração Pública não é obrigada a renovar a concessão. A Lei nº 12.783/2013 pode ser aplicada
para a renovação de contratos ocorrida após a sua vigência mesmo que a assinatura do pacto original

345 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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tenha ocorrido antes da sua edição. STF. 2ª Turma. RMS 34203/DF e AC 3980/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgados em 21/11/2017 (Info 885).
TARIFA. IMPOSSIBILIDADE DE INTERFERÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO. A interferência judicial para
invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano viola a ordem pública, mormente
nos casos em que houver, por parte da Fazenda estadual, esclarecimento de que a metodologia adotada
para fixação dos preços era técnica. Segundo a “doutrina Chenery”, o Poder Judiciário não pode anular
um ato político adotado pela Administração Pública sob o argumento de que ele não se valeu de
metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo questões técnicas e complexas, os Tribunais não
gozam de expertise para concluir se os critérios adotados pela Administração são corretos ou não.
Assim, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida
ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário. STJ. Corte Especial.AgInt no AgInt na SLS
2.240-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/6/2017 (Info 605)
Corte de serviços públicos essenciais e débitos pretéritos. Não é legítimo o corte no fornecimento de
serviços públicos essenciais quando a inadimplência do consumidor decorrer de débitos pretéritos, o
débito originar-se de suposta fraude no medidor de consumo de energia apurada unilateralmente pela
concessionária e inexistir aviso prévio ao consumidor inadimplente. STJ. 2ª
Turma. AgRg no AREsp 211.514-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/10/2012 (Info 508).
Aplicabilidade aos servidores públicos civis da Lei no 7.783/1989, sem prejuízo de que, diante do caso
concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao juízo competente a
fixação de regime de greve mais severo, em razão de tratarem de "serviços ou atividades essenciais" (Lei
no 7.783/1989, arts. 9o a 11). (...) Mandado de injunção conhecido e, no mérito, deferido para, nos termos
acima especificados, determinar a aplicação das Leis nos 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às ações
judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis. (MI 708,
Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2007, DJe-206 DIVULG 30-10-2008
PUBLIC 31-10-2008 EMENT VOL-02339-02 PP-00207 RTJ VOL-00207-02 PP-00471).

#NÃOSABOTEASSÚMULAS
SÚMULA VINCULANTE 12
A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da
Constituição Federal.
SÚMULA VINCULANTE 19
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.
SÚMULA VINCULANTE 27
Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de
telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente.
SÚMULA VINCULANTE 41
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
SÚMULA 545 STF

346 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são
compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que
as instituiu.
SÚMULA 506 STJ
A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o usuário de telefonia decorrentes
de relação contratual. (Súmula 506, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/03/2014, DJe 31/03/2014

 LEI 13.460/2017. Dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços
públicos da administração pública. #NOVIDADELEGISLATIVA #ATUALIZAOVADEMECUM
 LEI 13.448/2017: Foi publicada, no dia 06/06/2017, a Lei nº 13.448/2017, que estabelece diretrizes
gerais para prorrogação e relicitação dos contratos de parceria definidos nos termos da Lei
nº 13.334/2016, nos setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário da administração pública federal.
A lei trata sobre a possibilidade de prorrogação ou de relicitação dos contratos de concessões de
rodovias, ferrovias e de aeroportos federais que tenham sido definidos pelo Programa de Parcerias
de Investimentos – PPI (Lei nº 13.334/2016).
17. Improbidade administrativa: regime jurídico; concomitância de instâncias; elementos constitutivos do
tipo; sujeição ativa; sujeição passiva; ato danoso; dolo e culpa; sanções; procedimentos; ação judicial.

Segundo Rafael Oliveira, consiste no “Ato ilícito, praticado por agente público ou
terceiro, geralmente de forma dolosa, contra as entidades públicas e privadas,
CONCEITO
gestoras de recursos públicos, capaz de acarretar enriquecimento ilícito, lesão ao
erário ou violação aos princípios que regem a Administração Pública”.
O art. 37, §4º, não delimitou de quem seria a competência para legislar sobre a
probidade administrativa, nem tampouco os artigos tradicionais de competência
COMPETÊNCIA trazem a resposta. Em regra, a LIA trata de matéria cível e política, o que atrai a
LEGISLATIVA competência privativa da União. Além disso, a LIA traz normas sobre processo civil,
o que novamente atrai a competência privativa da União. No entanto, as normas
meramente administrativas devem ser consideradas apenas federais.
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor
ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território,
de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento
SUJEITO
do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
PASSIVO
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de
improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção,
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos,

347 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


CPF: 008.374.135-67 ALUNO: Luciana Nascimento Pereira
a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo
SUJEITO ATIVO
anterior.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo
não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
ATOS DE IMPROBIDADE
VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DANO AO ERÁRIO
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(ART. 9º) (ART. 10)
(ART. 11)
Art. 11. Constitui ato de
improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da
administração pública qualquer
Art. 9° Constitui ato de ação ou omissão que viole os
Art. 10. Constitui ato de
improbidade administrativa deveres de honestidade,
improbidade administrativa que
importando enriquecimento imparcialidade, legalidade, e
causa lesão ao erário qualquer
ilícito auferir qualquer tipo de lealdade às instituições, e
ação ou omissão, dolosa ou
vantagem patrimonial indevida notadamente.
culposa, que enseje perda
em razão do exercício de cargo,
patrimonial, desvio, apropriação,
mandato, função, emprego ou ELEMENTOS ESSENCIAIS:
malbaratamento ou dilapidação
atividade nas entidades (i) Conduta funcional, comissiva
dos bens ou haveres das
mencionadas no art. 1° desta lei, ou omissiva, dolosa do agente
entidades referidas no art. 1º
e notadamente. público.
desta lei, e notadamente.
ELEMENTOS ESSENCIAIS: (ii) Ofensa aos princípios da
(i) Percepção de vantagem administração pública
ELEMENTOS ESSENCIAIS:
patrimonial pelo agente, mesmo (iii) Nexo causal entre o exercício
(i) Conduta, comissiva ou
que não haja dano ao erário. funcional e a violação dos
omissiva, dolosa ou CULPOSA
(ii) Essa vantagem deve ser princípios
(ii) Perda patrimonial
indevida.
(iii) Nexo causal entre o exercício
(iii) Conduta dolosa do agente. #MUITAATENÇÃO ao inciso X
funcional e a perda patrimonial
(iv) Nexo causal entre o exercício inserido pela Lei nº 13.650, de
(iv) Ilegalidade da conduta.
funcional e a vantagem indevida. 2018: #VAICAIR

X - transferir recurso a entidade


privada, em razão da prestação
de serviços na área de saúde sem

348 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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a prévia celebração de contrato,
convênio ou instrumento
congênere, nos termos do
parágrafo único do art. 24 da Lei
nº 8.080, de 19 de setembro de
1990.
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem
ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão
ou de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo
efetivo ou emprego.
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação
PRESCRIÇÃO
de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.

Ação de ressarcimento decorrente de ato de improbidade administrativa praticado


com DOLO é IMPRESCRITÍVEL, nos termos do § 5º do art. 37 da CF/88.

CF. Art. 35. § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados
por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas
as respectivas ações de ressarcimento.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério
Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da
medida cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à
complementação do ressarcimento do patrimônio público.
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-
se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de
1965.
PROCEDIMENTO
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará
JUDICIAL
obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
objeto.
§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios
suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo
Civil.

349 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a
notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser
instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão
fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de
improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de
improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos
por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa jurídica interessada
o ente tributante que figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam
o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de
2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou
ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo
inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do
indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá
sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará
ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo
competente a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts.
MEDIDAS
822 e 825 do Código de Processo Civil.
CAUTELARES
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de
bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior,
nos termos da lei e dos tratados internacionais.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério
Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da
medida cautelar
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se
efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá
determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou
função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à
instrução processual.

350 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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SANÇÕES
VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DANO AO ERÁRIO
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(ART. 9º) (ART. 10)
(ART. 11)
(a) Perda de bens e valores (a) Ressarcimento integral do
acrescidos ilicitamente ao dano
(a) Ressarcimento integral do
patrimônio. (b) Perda dos bens e calores
dano, se houver.
(b) Ressarcimento integral do acrescidos ilicitamente ao
(b) Perda da função pública
dano, quando houver. patrimônio, se concorrer essa
(c) Suspensão dos direitos
(c) Perda da função pública. circunstância.
políticos de 3 a 5 anos.
(d) Suspensão dos direitos (c) Perda da função pública.
(d) Pagamento de multa civil de
políticos de 8 a 10 anos. (d) Suspensão dos direitos
até 100 X a remuneração
(e) Pagamento de multa civil de políticos de 5 a 8 anos.
recebida pelo agente.
até 3X o valor acrescido (e) Pagamento de multa civil de
(e) Proibição de contratar com o
ilicitamente até 2X o valor do dano.
Poder Público ou receber
(f) Proibição de contratar com o (f) Proibição de contratar com o
benefícios fiscais ou creditícios,
Poder Público ou receber Poder Público ou receber
direta ou indiretamente, ainda
benefícios fiscais ou creditícios, benefícios fiscais ou creditícios,
que por intermédio de PJ da qual
direta ou indiretamente, ainda direta ou indiretamente, ainda
seja sócio majoritário, pelo prazo
que por intermédio de PJ da qual que por intermédio de PJ da qual
de 03 ANOS.
seja sócio majoritário, pelo prazo seja sócio majoritário, pelo prazo
de 10 ANOS. de 05 ANOS.

#JURISPRUDÊNCIAEMTESES:
- É inadmissível a responsabilidade objetiva na aplicação da Lei 8.429/1992, exigindo- se a presença de
dolo nos casos dos arts. 9º e 11 (que coíbem o enriquecimento ilícito e o atentado aos princípios
administrativos, respectivamente) e ao menos de culpa nos termos do art. 10, que censura os atos de
improbidade por dano ao Erário.
- O Ministério Público tem legitimidade ad causam para a propositura de Ação Civil Pública objetivando
o ressarcimento de danos ao erário, decorrentes de atos de improbidade.
- O Ministério Público estadual possui legitimidade recursal para atuar como parte no Superior Tribunal
de Justiça nas ações de improbidade administrativa, reservando- se ao Ministério Público Federal a
atuação como fiscal da lei.
- A ausência da notificação do réu para a defesa prévia, prevista no art. 17, § 7º, da Lei de Improbidade
Administrativa, só acarreta nulidade processual se houver comprovado prejuízo (pas de nullitésansgrief).
- A presença de indícios de cometimento de atos ímprobos autoriza o recebimento fundamentado da
petição inicial nos termos do art. 17, §§ 7º, 8º e 9º, da Lei n. 8.429/92, devendo prevalecer, no juízo
preliminar, o princípio do in dubio pro societate.
- O termo inicial da prescrição em improbidade administrativa em relação a particulares que se
beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente público que praticou a ilicitude.

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- A eventual prescrição das sanções decorrentes dos atos de improbidade administrativa não obsta o
prosseguimento da demanda quanto ao pleito de ressarcimento dos danos causados ao erário, que é
imprescritível (art. 37, § 5º da CF).
- É inviável a propositura de ação civil de improbidade administrativa exclusivamente contra o particular,
sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.
- É possível a decretação da indisponibilidade de bens do promovido em ação civil Pública por ato de
improbidade administrativa, quando ausente (ou não demonstrada) a prática de atos (ou a sua tentativa)
que induzam a conclusão de risco de alienação, oneração ou dilapidação patrimonial de bens do
acionado, dificultando ou impossibilitando o eventual ressarcimento futuro.
- Na ação de improbidade, a decretação de indisponibilidade de bens pode recair sobre aqueles
adquiridos anteriormente ao suposto ato, além de levar em consideração, o valor de possível multa civil
como sanção autônoma.
- No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial do prazo prescricional nas ações de improbidade
administrativa deve ser contado a partir do término do último mandato.
- Os agentes políticos municipais se submetem aos ditames da Lei de Improbidade Administrativa, sem
prejuízo da responsabilização política e criminal estabelecida no Decreto-Lei 201/1967.
- A ação de improbidade administrativa proposta contra agente político que tenha foro por prerrogativa
de função é processada e julgada pelo juiz de primeiro grau, limitada à imposição de penalidades
patrimoniais e vedada a aplicação das sanções de suspensão dos direitos políticos e de perda do cargo
do réu.
- O afastamento cautelar do agente público de seu cargo, previsto no parágrafo único, do art. 20, da Lei
n. 8.429/92, é medida excepcional que pode perdurar por até 180 dias.
- O especialíssimo procedimento estabelecido na Lei 8.429/92, que prevê um juízo de delibação para
recebimento da petição inicial (art. 17, §§ 8º e 9º), precedido de notificação do demandado (art. 17, § 7º),
somente é aplicável para ações de improbidade administrativa típicas. (Tese julgada sob o rito do artigo
543-C do CPC - TEMA 344).
- O ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92 não requer a demonstração de
dano ao erário ou de enriquecimento ilícito, mas exige a demonstração de dolo, o qual, contudo, não
necessita ser específico, sendo suficiente o dolo genérico.
- Nas ações de improbidade administrativa é admissível a utilização da prova emprestada, colhida na
persecução penal, desde que assegurado o contraditório e a ampla defesa.
- O magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no art. 12 da Lei
8.429/92, podendo, mediante adequada fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a
gravidade e as consequências da infração.

#CHUVADEJURIS #SÓASMAISRECENTES
A nomeação da esposa do prefeito como Secretária Municipal não configura, por si só, nepotismo e ato
de improbidade administrativa.
A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se tratar de cargo público
de natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa. STF. 2ª Turma. Rcl
22339 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914).

352 CICLOS RETA FINAL TJ/BA @CICLOSR3


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Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política, como, por
exemplo, Secretário Municipal. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra
sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o
fundamento de que tal prática não configura nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo
mesmo em se tratando de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na
nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª
Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.
Imprescritibilidade da ação de ressarcimento ao erário em caso de atos de improbidade praticados
dolosamente.
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na
Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel.
para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/08/2018 (repercussão geral) (Info 910).
Necessidade de efetivo dano para configurar o art. 10
Em regra, para a configuração dos atos de improbidade administrativa previstos no art. 10 da Lei nº
8.429/92 exige-se a presença do efetivo dano ao erário. Exceção: no caso da conduta descrita no inciso
VIII do art. 10, VIII não se exige a presença do efetivo dano ao erário. Isso porque, neste caso, o dano é
presumido (dano in re ipsa). STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 05/06/2018. Art. 10 (...) VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo
para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente.
Ação de improbidade administrativa: ministro de estado e foro competente
Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a duplo regime
sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade
administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade. O foro
especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às infrações penais
comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa. STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel.
Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 901).
Improbidade e verbas transferidas pela União ao município
Nas ações de nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade administrativa ajuizadas em face de
eventuais irregularidades praticadas na utilização ou prestação de contas de valores decorrentes de
convênio federal, o simples fato das verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de
Contas da União, por si só, não justifica a competência da Justiça Federal. Igualmente, a mera
transferência e incorporação ao patrimônio municipal de verba desviada, no âmbito civil, não pode impor
de maneira absoluta a competência da Justiça Estadual. Se houver manifestação de interesse jurídico por
ente federal que justifique a presença no processo, (v.g. União ou Ministério Público Federal)
regularmente reconhecido pelo Juízo Federal nos termos da Súmula 150/STJ, a competência para
processar e julgar a ação civil de improbidade administrativa será da Justiça Federal. As Súmulas 208 e
209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação da competência em matéria penal,
em que basta o interesse da União ou de suas autarquias para deslocar a competência para a Justiça
Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. Logo, não podem ser utilizadas como critério para as
demandas cíveis. Diante disso, é possível afirmar que a competência cível da Justiça Federal deve ser
definida em razão da presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF/88

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na relação processual, seja como autora, ré, assistente ou oponente e não em razão da natureza da verba
federal sujeita à fiscalização do TCU. Assim, em regra, compete à Justiça Estadual processar e julgar
agente público acusado de desvio de verba recebida em razão de convênio firmado com a ente federal,
salvo se houver a presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF/88 na
relação processual. STJ. 1ª Seção. CC 142354/BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
23/09/2015. STJ. 1ª Seção. AgRg no CC 133.619/PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/05/2018.
Em caso de concurso de agentes, a prescrição da ação de improbidade é contada individualmente
Em caso de ação de improbidade administrativa que envolva dois ou mais réus, o prazo prescricional de
5 anos previsto no art. 23 da Lei nº 8.429/92 deve ser contado de forma individual. O art. 23 é claro no
sentido de que o início do prazo prescricional ocorre com o término do exercício do mandato ou cargo
em comissão, sendo tal prazo computado individualmente, mesmo na hipótese de concurso de agentes,
haja vista a própria natureza subjetiva da pretensão sancionatória e do instituto em tela. STJ. 2ª Turma.
REsp 1230550/PR, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/02/2018.
Aplica-se às ações de improbidade administrativa o reexame necessário previsto no art. 19 da lei da ação
popular
A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade administrativa
está sujeita ao reexame necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e por aplicação analógica
da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65. STJ. 1ª Seção.EREsp 1220667-MG, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 24/5/2017 (Info 607).
MP pode instaurar inquérito civil para apurar ato de improbidade praticado por magistrado e solicitar
seu depoimento pessoal
É possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público objetivando a apuração de ato ímprobo
atribuído a magistrado mesmo que já exista concomitante procedimento disciplinar na Corregedoria do
Tribunal acerca dos mesmos fatos, não havendo usurpação das atribuições da Corregedoria pelo órgão
ministerial investigante. A mera solicitação para que o juiz preste depoimento pessoal nos autos de
inquérito civil instaurado pelo Ministério Público para apuração de suposta conduta ímproba não viola o
disposto no art. 33, IV, da LC nº 35/79 (LOMAN). STJ. 1ª Turma. RMS 37151-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em 7/3/2017 (Info 609).

“Comece de onde você está. Use o que você tiver. Faça o que você puder”. Arthur Ashe.

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