1º PRIMEIRA PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE LARANJEIRAS DO SUL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL-PR

AUTOS N. 0002843-90.2023.8.16.0104

DENÚNCIA CRIMINAL

O Ministério Público do Estado do Paraná, com supedâneo nas suas

atribuições constitucionais (art. 129, da Constituição da República Federativa do Brasil) e
infraconstitucionais (art. 257, I, do Código de Processo Penal; art. 100, §1º, do Código
Penal; art. 25, inciso III, da Lei nº 8.625/93 e art. 2º, inciso III, da Lei Complementar
Estadual nº 85/99), com amparo nas informações constantes neste Inquérito Policial, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, oferecer denúncia contra:

• IRACI DOS SANTOS QUEVEDO, brasileiro, autônomo, casado, portador da

Carteira de Identidade nº 3.219.976-3 SSP/PR e inscrito no CPF nº
410.980.489-20, nascido em 03 de março de 1958, com 65 (sessenta e cinco)
anos de idade na época dos fatos, filho de Izaltina dos Santos Quevedo e José
Bento de Quevedo, podendo ser encontrado na Rua Pedro Lvares Cabra, nº 199,
Fraron, na cidade de Pato Branco/PR, telefone para contato (46) 99900-7780,
pela prática, em tese, da seguinte conduta delituosa:

FATO DELITUOSO

Em data não especificada nos autos, em período compreendido

entre fevereiro e novembro de 2019, no endereço dos Altos dos Laranjais,
caso do meio, no Município de Nova Laranjeiras/PR, Comarca de
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Laranjeiras do Sul/PR, o denunciado LEONARDO ALVES, agindo com

consciência e vontade, ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua
conduta, praticou, contra a vítima Kerolayne Vitória Damazio
Alves, sem a sua anuência, ato libidinoso com objetivo de
satisfazer sua lascívia, na medida em que os assédios começaram em
fevereiro de 2019, quando a vítima foi buscar uma chave na casa do
denunciado, que residia na mesma rua da menor, quando esta chegou na
residência encontrou o denunciado alcoolizado, sendo que no momento
da entrega da chave, este pediu como forma de agradecimento para que
ela desse um abraço nele, quando ela o abraçou, o denunciado a segurou
pelo braço, falando que ela era muito “gostosa”, e começou a passar a
mão por dentro de sua calça, sendo que a mesma tentou se soltar e
empurrar o denunciado, informando que não estava gostando e que
necessitava ir para casa.

Infere-se dos autos que os assédios voltaram a ocorrer “pelo menos

uma vez por semana ate o denunciado ir embora”, sendo que sempre que
a vítima se encontrava sozinha em casa, o denunciado sentava no sofá e
lhe oferecia doce, quando a vítima ia pegar o doce, este o segurava e
realizava perguntas de cunho sexual “a cor da sua calcinha, se esta já
havia realizado relações sexuais, se esta pretendia ter relações sexuais”
onde o denunciado oferecia o celular para a vítima para ver vídeos
pornográficos e fotos, sendo que em todos os momentos esta tentava se
soltar e sair de perto do denunciado, que sempre que o denunciado via a
vítima, este passava a mão nas partes íntimas, sendo que em algumas
vezes por cima da roupa, e outras vezes por dentro do sutiã ou da sua
calcinha.

Relata a vítima que os abusos sempre duravam por volta de 10

(minutos) ou menos e então ia embora (Cf Boletim de Ocorrência de mov.
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6.3, Termo de Depoimento mov. 6.4/6.5, Relatório da Rede de

Atendimento e Proteção mov. 6.6, Investigação Policial mov. 6.7, Termo
de Interrogatório mov. 15.1 e Relatório da Autoridade Policial de mov.
16.1).

Assim agindo, o denunciado IRACI DOS SANTOS QUEVEDO praticou, em

tese, os crimes narrados no artigo 215-A, do Código Penal, pelo que se requer o
recebimento da denúncia, citando-se o acusado para responder à acusação e aos demais
atos do processo, na forma do art. 396 e seguintes do Código de Processo Penal, julgando-
se, no fim, a pretensão punitiva estatal ora veiculada.

Pugna-se pela produção de todas as provas amparadas pelo ordenamento

jurídico que forem necessárias à comprovação judicial do fato, mormente a inquirição das
pessoas abaixo, com a respectiva intimação para a audiência de instrução, sob as penas da
lei.

ROL DE INQUIRIÇÃO (vítima/testemunhas/informantes):

1. KEROLAYNE VITORIA DAMAZIO ALVES (vítima – mov. 6.7) brasileira,

solteira, portadora da Carteira de Identidade nº 139516508, filha de Nadir da Aparecida
Damazio Alves e Augusto das Neves Alves, residente e domiciliada na Casa do Meio, Alto
Laranjeiras, no município de Nova Laranjeiras.

2. AUGUSTO DAS NEVES ALVES (testemunha – mov. 6.3) brasileiro, pedreiro,

portador da Carteira de Identidade nº 8.272.785-0, filho de Izabel Das Neves Alves,
residente e domiciliado na Casa do Meio, bairro Alto Dos Laranjais, casa, no município de
Nova Laranjeiras/PR, telefone para contato (42) 99947-2643.

3. NADIR DA APARECIDA DAMAZIO ALVES (testemunha – mov. 6.4),

brasileira, casada, funcionaria publica, portador da Carteira de Identidade Nº 8.544.924-9,
filha de Doracilia Rosa Ferreira e Jorge Damazio, residente e domiciliado na Casa do Meio,
bairro Alto dos Laranjais, casa, no município de Nova Laranjeiras/PR.
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REQUERIMENTOS FINAIS DA DENÚNCIA

MM. JUIZ(A),

1. RECEBIMENTO: pugna-se pelo recebimento da denúncia, com as devidas

comunicação, na forma disposta no Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça
do Estado do Paraná;

2. ANTECEDENTES CRIMINAIS: Requer-se, também, que sejam certificados os

antecedentes criminais do denunciado oriundos do Tribunal de Justiça do Paraná e da
Justiça Federal do Paraná (TRF4).

3. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL: deixa-se de oferecer acordo de não

persecução penal, vez que há elementos que indicam conduta praticada de forma
habitual ou reiterada, o que indica ser o ANPP insuficiente para a reprovação do crime.

4. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: deixa-se de oferecer proposta de

suspensão condicional do processo, por não estarem presentes os requisitos autorizadores
da benesse processual previstos no artigo 89 da Lei n.º 9.099/95, já que a pena mínima
supera um ano.

5. Por fim, tendo em vista que o presente feito versa sobre crime contra dignidade sexual.
pugna-se para que seja decreto SEGREDO DE JUSTIÇA, na forma indicada pelo art.
234-B do Código Penal.

6. DIREITOS PROCESSUAIS DA VÍTIMA (INFORMAÇÃO E LOCAL

RESERVADO): pugna-se para que seja atendido ao teor do art. 201, §2º e §4ºdo CPP:

a) comunicando-se a ofendida dos atos processuais relativos ao ingresso e à

saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e

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respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem;

b) antes do início da audiência e durante a sua realização, que seja reservado

espaço separado para a ofendida.

7. DIRETOS DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR DA VÍTIMA: com arrimo

no §5º do art. 201 da Lei Penal Adjetiva, requer-se o encaminhamento da ofendida para
atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica
e de saúde do município de sua residência, no qual poderá ela e sua família serem incluídos
em programas de apoio, caso não tenha sido encaminhada em medida protetiva de
urgência.

8. REPARAÇÃO DO DANO MORAL: pugna-se pela fixação, na sentença, de valor

mínimo a título de reparação por dano moral à vítima – art. 387, IV, do CPP.

9. DIREITO DA VÍTIMA DE APRESENTAR PROVAS DE EVENTUAIS

PREJUÍZOS MATERIAIS: o Ministério Público requer seja incluído no mandado de
intimação da vítima o seu direito de apresentar provas de eventuais prejuízos materiais
que eventualmente tenha sofrido, além dos danos morais (imateriais).

Laranjeiras do Sul-PR, datado e assinado digitalmente.

Cláudia Juliana Almeida Erbano

Promotora de Justiça

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