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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

MINISTÉRIO PÚBLICO
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ENCRUZILHADA DO SUL
Procedimento nº 00761.001.559/2023 — Medidas Protetivas de urgência (Lei Maria da Penha) Criminal

Medidas Protetivas de urgência (Lei Maria da Penha) Criminal


5001288-92.2023.8.21.0045
Juízo da Vara Judicial da Comarca de Encruzilhada do Sul

PARECER PELO MINISTÉRIO PÚBLICO

MM. Juiz(a):

Trata-se de expediente policial que versa sobre o crime de ameaça, nas


circunstâncias da Lei Maria da Penha, cujo fato ocorreu em 08/06/2023, no município

de Encruzilhada do Sul - RS, praticado por JÚLIO CÉSAR DA SILVA CUSTÓDIO em face

de VALANI FREITAS DOS SANTOS

Juntado aos autos petitórios da vítima (evento 18 e 19).

É o relatório.

Conforme petitórios juntados aos eventos 18 e 19 e registro de boletim online

de evento 18, BOC, o autor do fato descumpriu medidas protetivas, eis que continuou a

proferir ameaças à vítima e seus familiares. No caso, o autor do fato envia mensagens

pelo Whatsapp à VALANI e depois as apaga. Além disso, começou a perseguir a vítima,

passando em frente à sua residente, durante o dia e na madrugada, inclusive furou os

pneus do veículo de VALANI que estava estacionado em frente à moradia desta.

Colaciona o print de conversa de Whatsapp anexado ao expediente pela vítima

(evento 19, PET1):

Av Rodolfo Taborda, 77, Bairro Centro, CEP 96610-000, Encruzilhada do Sul, Rio Grande do Sul
Tel. (51) 37331572 — E-mail mpencruzilhada@mprs.mp.br
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Nos termos da decisão judicial datada de 09/06/2023 (Evento 3), foi

determinado a JÚLIO CÉSAR DA SILVA CUSTÓDIO o afastamento do lar, domicílio ou

local de convivência com a ofendida, bem como o autor do fato restou impedido de se

aproximar e de manter contato com a vítima na distância inferior a 100 metros, no

prazo fixado de 90 dias. Na decisão houve alerta de que, no caso de descumprimento,

seria decretada a prisão preventiva. Da correspondente decisão foi intimado em 09/06

/2023, às 23h30min (Certidão de Evento 12).

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Assim, as peças policiais demonstram que houve o descumprimento de medidas,

uma vez que JÚLIO CÉSAR manteve contato com a vítima, proferindo-lhe ameaças, bem

como furou os pneus do veículo de VALANI.

Assim, sabendo-se que estão vigorando as medidas protetivas, com ciência do

autor do fato, tem-se que a decisão judicial não o impediu de descumprir a medida

protetiva e a praticar novo crime contra a vítima. Dessa forma, a ação levada a efeito

demonstra elevado grau de desajustamento social e atitude de completo menoscabo

ao Poder Público, particularmente à Justiça Criminal.

Em outras palavras, a circulação do acusado no meio social constitui abalo à

ordem pública, sendo autorizado o vaticínio de que voltará a delinquir contra a vítima

e contra quem mais se lhe interpuser aos desígnios.

Dada a premência do quadro, necessário ao Judiciário lançar mão dos meios

disponíveis para frear a ação criminosa reiterada, salvaguardando a integridade e a vida

das vítimas e acautelando a comunidade local.

Em razão disso, é necessária a decretação da prisão preventiva do indigitado

autor do fato.

A lei processual penal autoriza, em casos que tais, a decretação da segregação

cautelar, seja pela gravidade e circunstâncias do crime, seja em virtude do

descumprimento de medida protetiva de urgência:

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da

prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

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I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior

a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em

julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848,

de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,

criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a

execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver

dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos

suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em

liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da

medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Na mesma direção, a Lei nº 11.340/06 dispõe que é possível a prisão preventiva

em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial:

Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a

prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do

Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.

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Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do

processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la,

se sobrevierem razões que a justifiquem.

Por derradeiro, caso deferida a medida, requer-se, desde já, a notificação da

vítima acerca de todas as intercorrências do procedimento, notadamente quanto à

entrada e saída do agressor do estabelecimento prisional, na forma do artigo 21 da Lei

nº 11.340/2006.

Ante o exposto, demonstrada a necessidade e a adequação da medida ao caso

concreto, requer o Ministério Público seja decretada a PRISÃO PREVENTIVA de

JÚLIO CÉSAR DA SILVA CUSTÓDIO, forte nos artigos 312 e 313, inciso IV, do Código

de Processo Penal, combinado com o artigo 20, “caput”, da Lei n.º 11.340/2006.

Encruzilhada do Sul, 05 de julho de 2023.

Christine Mendes Ribeiro Grehs,


Promotora de Justiça, em substituição.

Nome: Christine Mendes Ribeiro Grehs


Promotora de Justiça — 3428443
Lotação: Promotoria de Justiça de Rio Pardo
Data: 05/07/2023 11h19min

Documento eletrônico assinado por login e senha (Provimento nº 63/2016-PGJ).

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