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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Justiça de Primeira Instância

Comarca de Contagem / Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e de Inquéritos


Policiais da Comarca de Contagem

Avenida Maria da Glória Rocha, 425, Beatriz, Contagem - MG - CEP: 32010-375

PROCESSO Nº: 5060134-22.2023.8.13.0079

CLASSE: [CRIMINAL] AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (280)

ASSUNTO: [Prisão em flagrante]

AUTORIDADE: PCMG - POLICIA CIVIL DE MINAS GERAIS

FLAGRANTEADO(A): JOAO VITOR RIBEIRO AGUIAR e outros

DECISÃO

Vistos, etc.

Trata-se de auto de prisão em flagrante delito lavrado pelo Delegado de Polícia desta comarca,
em que figura como autuado JOAO VITOR RIBEIRO AGUIAR, qualificado.

Segundo consta em exame, o autuado foi preso por haver cometido, em tese, o crime previsto no
artigo 157 do Decreto Lei 2848/40.

O Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em preventiva.

A defesa pugnou pela concessão de liberdade provisória.

É o breve relatório. Decido.

A situação narrada pelo Auto de Prisão em Flagrante Delito configura estado de flagrância. Os
requisitos formais para a lavratura do A.P.F.D. foram observados, ouvidos o condutor,
testemunhas, vítima e o conduzido. Nota de culpa foi expedida pela autoridade policial e recebida
pelo autuado.

Com efeito, o Auto de Prisão em Flagrante Delito deve ser homologado.

Passo à análise da possibilidade/necessidade da conversão da prisão em flagrante em preventiva


(art. 310 do Código de Processo Penal) do(s) autuado(s).

Número do documento: 23112719201201500010120382804


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Em juízo de cognição sumária, verifico que a materialidade do fato e indícios suficientes de
autoria são observados pelos depoimentos das testemunhas e da vítima (parte final do caput do
artigo 312 do CPP).

Extrai-se do depoimento do condutor (ID10123376869):

“(…) QUE presta depoimento na condição de Condutor do Flagrante e primeira testemunha; QUE
o depoente é Cabo da Polícia Militar e hoje, 26/11/2023, por volta de 00h25, compareceu ao
endereço constante no REDS após acionamento narrando um roubo a um veículo; QUE no local,
os militares foram recebidos pela vítima NEDSON DUARTE FONSECA; QUE NEDSON relatou
que estava em uma festa no e foi até o seu veículo, qual seja um Polo QNN-8C35, pegar uns
objetos, momento em que foi abordado por um indivíduo portando uma arma de fogo; QUE com a
arma apontada em direção à vítima, o indivíduo disse: ¿ Perdeu, perdeu, saia do carro e me dê
as chaves.¿; QUE a vítima entregou tudo que tinha e o indivíduo entrou no carro e evadiu sentido
Via Expressa pela Avenida Agua Branca; QUE a vítima disse ter visto um outro indivíduo dentro
de um carro Honda Civic acobertando, mas não soube precisar quem era esse indivíduo, bem
como a placa do carro; QUE diante dos fatos, as viaturas do turno VP30966, MP Novo Riacho,
MP Novo Eldorado, VP30939, juntamente com COTM, em diligências, visualizaram um veículo
Honda Civic placa PXJ-2D03 com queixa de roubo/furto trafegando pelas ruas do Bairro
Inconfidentes; QUE o depoente ressalta que desde ontem, 25/11/2023, 17h30, estavam em
diligências a fim de localizar os indivíduos; QUE houve ajuda de informantes, câmeras e apoio de
viaturas; QUE foi montado um cerco e mesmo após tentar evadir, o veículo e seus ocupantes
foram abordados na Rua Humberto Moura, próximo ao número 500, bairro Inconfidentes,
aproximadamente às 15h00 horas de hoje, 26/11/2023; QUE durante a abordagem ao veículo,
verificou-se que o condutor era LUÍS HENRIQUE DO NASCIMENTO ELEUTÉRIO (menor de
idade) e os passageiros KAUÁ (menor de idade), PEDRO (menor de idade), JOÃO, BRENDA,
THALITA (menor de idade) e ÁGATA (menor de idade); QUE em busca veicular, foram
encontrados dois simulacros de arma de fogo, sendo um no banco do passageiro e outro no
banco do motorista; QUE também foram encontrados telefones celulares e dinheiro; QUE
importante ressaltar que a vítima reconheceu PEDRO BARBOSA BATISTA como o indivíduo que
o abordou com a arma de fogo e roubou seu veículo; QUE a outra vítima JOÃO PAULO PAIXAO
é funcionário do Lava Jato situado na Rua João Donada, 10, Bairro Santa Terezinha; QUE JOAO
relatou que ontem, 25/11/2023, por volta de 17h00, três indivíduos armados foram até lá e
subtraíram o veículo Honda Civic placa PXJ-2D03 do estabelecimento; QUE o REDS desse
ocorrido é 2023-054990141-001; QUE JOAO reconheceu KAUÃ, LUIS HENRIQUE e JOAO
VITOR como os indivíduos que foram ao Lava Jato; QUE salientase que em pesquisa no REDS,
o veículo Honda Civic citado anteriormente foi utilizado como cobertura de indivíduos que
realizaram um roubo na Avenida Severino Balesteros Rodrigues, 2090, Ceasa em 25/11/2023,
20h30; QUE nessa ocasião, os indivíduos utilizaram o carro a fim de subtrair um outro veículo
HVR branco QNP-9063, conforme REDS 2023-055016355-001; QUE ressalta-se que LUIS
HENRIQUE, KAUÁ, PEDRO E JOÃO possuem diversos registros de ocorrências de tráfico de
drogas, roubos e homicídios; QUE THALITA é namorada de KAUA e, de acordo com os militares,
ficam o tempo todo juntos numa boca onde ocorre tráfico de drogas; QUE todos os indivíduos
foram autuados em flagrante e encaminhados à Delegacia de Polícia (…)”

O artigo 313 do CPP, traz como requisitos alternativos para a decretação da prisão preventiva: (1)
crime doloso cuja pena máxima superior a 4 anos; (2) condenação transitada em julgado por
crime doloso; (3) para garantia de execução de medidas protetivas em crimes que envolvam
violência doméstica ou familiar contra mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa
com deficiência; (4) quando houver dúvida sobre a identificação civil do preso. Na hipótese,
presente o requisito do artigo 313, I e II, do CPP.

Os fundamentos para a decretação da preventiva estão elencados na primeira parte do caput do


artigo 312 e no seu 1º,do CPP: garantia da ordem pública, da ordem econômica, por

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conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal , em caso de
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares.

No caso, entendo que a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva revela-se


necessária para garantia da ordem pública, aplicação da lei penal e conveniência da instrução
penal, haja vista que o modus operandi e as circunstâncias do crime denotam a periculosidade
concreta do autuado, que foi preso em flagrante, por crime grave, cometido mediante ameaça
contra a pessoa, utilizando-se de simulacro de arma de fogo e em um concurso de pessoas.

Ademais, verifico pela FAC e CAC, que o autuado possui inúmeras anotações criminais, bem
como é reincidente estando em cumprimento de pena, o que demonstra, em juízo de cognição
sumária, a sua reiteração delitiva e, por consequência, o seu envolvimento com o mundo do
crime.

Destaco que tanto a liberdade provisória quanto a aplicação de medida cautelar diversa da prisão
é vedada no caso de reincidência, artigo 310, § 2º, do Código de Processo Penal.

O legislador trouxe um critério objetivo para a decretação da preventiva, como solicitado tantas
vezes pelos operadores do direito. A lei, ao impedir a concessão de liberdade provisória em caso
de reincidência, reconhece que nestes casos a possibilidade de reiteração delitiva é concreta e,
por isso, a manutenção da prisão é necessária para garantia da ordem pública e conveniência da
instrução criminal. Desse modo, não vislumbro nenhuma inconstitucionalidade ou ilegalidade no
dispositivo legal.

Destaco que a aplicação de medida cautelar diversa da prisão não é suficiente para resguardar a
sociedade da prática de novos crimes.

Ante o exposto, com fundamento no artigo 312 do Código de Processo Penal, para resguardar a
ordem pública, garantir a aplicação da lei penal e por conveniência da instrução processual penal,
HOMOLOGO O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO E CONVERTO A PRISÃO EM
FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA do autuado JOAO VITOR RIBEIRO AGUIAR.
Determino a expedição de mandado de prisão, com prazo de validade de dez anos.

Oficie-se à VEP acerca da prisão do autuado.

Com a remessa do inquérito policial, proceda-se em conformidade com o Provimento n° 355, de


2018. Cumpra-se.

Contagem, 27 de novembro de 2023.

Marina de Alcântara Sena

Juíza de Direito

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