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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO

JUDICIÁRIA DO PARANOÁ/DF

Autos nº 0705961-21.2019.8.07.0008

Autor: Ministério público da união


Denunciado - EDIRCEU MARTINS ALVES

EDIRCEU MARTINS ALVES já devidamente qualificado nos autos do processo em epigrafe,


através do seu procurador este que subscreve, vem a presença de vossa excelência, nos
termos dos artigos 57, caput, da lei 11.343/06 com incursos 403§3 do código de processo
penal, apresentar alegações finais.

Ministério Público ofertou a Denúncia dia 19/12/2019

SÍNTESE DOS FATOS


Aos 08 de agosto de 2015 por volta das 11h00min, na quadra 07, via pública, Paranoá/DF, o
denunciado, consciente e voluntariamente, adulterou sinal identificador de veículo automotor.
motocicleta HONDA/NXR 125, sem placa, colocou nela a placa de sua antiga moto, identificada
pelos caracteres JJP-1852, vinculada a uma HONDA/BIZ.
EDIRCEU MARTINS ALVES respondeu (ID 52165045) que comprou a moto de Juscelino pelo
valor de mil reais sendo que a moto estava toda desmontada, segundo o declarante Juscelino
comprou essa moto de um leilão, quando o declarante viu que a moto estava desmontada e
sem placa ele resolveu colocar a placa de sua antiga moto na que ele tinha acabado de
comprar, pois todo mundo falava pra ele que ele não poderia transitar com a moto sem a
placa de identificação, declarante relata que ao comprar a moto o chassi da mesma já se
encontrava raspado.

Aos 18 de julho de 2017 foi ouvida a testemunha (ID 52165048) Jorge de Siqueira monteiro,
sargento do 20° BPM, alegou que indagado aos fatos em apuração se lembra da ocorrência,
declarou que a equipe fazia patrulhamento próximo em uma boca de fumo ocasião que se
deparou com a motocicleta em questão, declarante alega que ao redor da motocicleta havia
alguns indivíduos e questionados de quem seria o proprietário EDIRCEU MARTINS ALVES
respondeu que era dele, consultando no sistema policial, verificou que as informações
descritas não condiziam com as características da motocicleta, motivo pela qual foi
apreendida.

Aos 25/07/2019 ocorreu o laudo pericial (ID 52165050) atendendo a solicitação foi examinado
o veículo de marca HONDA ostentando as placas JJP-1852, o número da série do motor fora
suprimido por meio de lixamento e pintura, com o uso de reagentes foi possível fazer a leitura
dos caracteres, concluem se que a cor original da motocicleta era vermelha e foi repintada de
branco.

O ministério público em suas alegações finais escritas (ID 151575492) entende nos autos e
pede a condenação nos artigos 311 do CP.
DO MERITO

Inicialmente cumpre ressaltar que o denunciado não ostenta passagens, nem exerce comercio
ilícitos conforme documentado e esclarecido nos fatos.

O denunciado alega que comprou a moto de um leilão e que já veio com o chassi adulterado,
e que por forças e pressão de populares resolveu colocar a placa de sua motocicleta antiga na
motocicleta nova, alega que não tinha nenhum conhecimento sobre o crime cometido, que
não tinha conhecimento das consequências que poderia sofrer, estes que fica claro nos autos a
veracidade dos fatos e a inocência do denunciado diante dos fatos.

Como sabemos, no processo penal vigora o principio segundo o qual a prova, para alicerçar um
decreto condenatório dever ser indiscutível a cristalina, portanto, se o conjunto probatório
não permite precisar essa conclusão em decorrência da inocência e do estado social, cumpre o
magistrado optar pela absolvição com base no principio do in dubio pro reo

Importante destacar também que segundo o relato das testemunhas e o relato do denunciado
colhido em sede de delegacia policial percebe se que em nenhum momento houve má fé por
parte do denunciado.

Segundo o doutrinador Guilherme de Souza nucci `` ainda que a placa seja desvirtuada de sua
função principal desde que não seja falsa não se configura crime e o que decidiu o supremo
tribunal federal``.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer a vossa excelência a absolvição do denunciado nos termos do artigo
386, inciso, III, IV, VI, e parágrafo único, incisos I, II, III haja vista que não houve a intenção, e
inquestionável para sustentar uma condenação, prevalecendo o princípio do in dubio pro réu

julgue procedente para o princípio do in dubio pro reo.

E que fique claro e esclarecido que em nenhum momento o denunciado agiu de má fé, diante
das suas condições socioeconômicas não tinha conhecimento e nem sabia que as
consequências desse ato acarretaria em processo com pena de reclusão

Por derradeiro, caso entenda pela condenação do denunciado, o que não se espera, requer a
APLICAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL, com a devida aplicação do § 4º do artigo 33 da Lei
11.343/06, analisando as circunstâncias pessoais favoráveis do denunciado (artigo 59, inciso
IV, do Código Penal) e conversão em penas restritivas de direitos, de acordo com o artigo 44
do Código Penal

somado aos princípios da presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal),
entendimento da prisão como última ratio, Lei 12.403/11 (medidas cautelares diversas da
prisão), pelos efeitos negativos do cárcere, requisitos favoráveis do denunciado (primário,
residência fixa, trabalho lícito), para que possa RECORRER EM LIBERDADE, sendo expedido o
devido e competente alvará de soltura em favor do denunciado, para que possa ser
restabelecida imediatamente sua liberdade. Para a efetivação da justiça, direitos e garantias
asseguradas a todos os cidadãos, e por tudo evidenciado nos autos, revela-se mais adequada,
razoável e humana, o acatamento dos argumentos e total procedência dos pedidos
formulados pela defesa
DEFESA PEDE É ESPERA DEFERIMENTO

Paranoá, 23/03/2023

OAB 1704

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