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DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ________

Processo nº.
Réu:
_________________, devidamente qualificado nos autos epigrafados, por intermédio do
advogado infra-assinado legalmente constituído, vem perante Vossa Excelência nos termos
do art. 593, II, do Có digo de Processo Penal, interpor recurso de APELAÇÃ O, por entender,
com toda vênia, que a r. sentença de fls. 37/40 merece ser reformada porque nã o espelha a
realidade dos fatos.
Desde já , requer remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de ___________
para conhecimento e provimento do presente recurso.
Nestes termos, Pede deferimento.
Aracaju, 17 de outubro de 2022.
ADVOGADO
OAB Nº
RAZÕES DA APELAÇÃO
Egrégio Tribunal de Justiça
Colenda Câmara
Eminentes Julgadores
i. DOS FATOS
Em 13 de agosto de 2022, o recorrente e seu cunhado ______ foram presos em flagrante pela
suposta prá tica do crime de trá fico de drogas. Conforme se extrai da denú ncia do MP nos
autos _____, Vejam o que narra denuncia:
NARRA A DENUNCIA
Ínclitos Desembargadores, é sabido por todos nó s, que o papel do Ministério Pú blico nã o
implica apenas ser o titular da Açã o Penal Pú blica, mas, atuar como fiscal e protetor dos
interesses fundamentais da sociedade. Dito isso, com toda vênia Excelências, por qual razã o
o representante do parquet deixa de incluir informaçõ es tã o importantes no que cerne a
autoria do delito? Informaçõ es essas trazidas por um dos denunciados, qual seja o Sr.
________. Vejamos as informaçõ es colhidas em sede policial:
APRESENTAR AS INFORMAÇÕES
Observem que toda a narrativa do denunciado _________ versa acerca de atos produzidos
ú nica e exclusivamente por ele. Sigamos:
CONCLUIR COM A APRESENTAÇÃO DO DEPOIMENTO QUE FAVORECE O SEU CLIENTE
O depoimento do denunciado _________ constante nas fls. 15/16 dos autos Nº DO PROCESSO
é claro ao afirmar que o ora Apelante nã o tinha conhecimento acerca das drogas. Ademais,
ao avistarmos o depoimento do Apelante constante à s fls. 24 dos autos do processo
retromencionado, depoimento este, realizado na esfera policial, é possível observar que há
consonâ ncia com o depoimento do denunciado _________, vejamos:
APRESENTAR DEPOIMENTO UNISSONO EM RELAÇÃO A AUTORIA DO DELITO
Diante dos trechos apresentados é evidente a tentativa de destoar a realidade dos fatos até
aqui colacionados por parte do integrante do MP.
É de bom alvitre mencionar que o ora Apelante sofreu acidente automobilístico antes da
ocorrência do flagrante. Em decorrência do acidente, o Apelante teve as duas pernas
quebradas, razã o pela qual vem sendo submetido a tratamento fisioterá pico conforme se
observa das fls. 13/26 dos autos do processo de origem, sendo indispensá vel o uso do
ú nico veículo que possui, razã o pela qual requereu a restituiçã o do bem apreendido. Cabe
ressaltar também que nã o restou comprovado que o veículo em questã o é meio utilizado
para cometimento de ilícitos ou mesmo que sua aquisiçã o se deu de forma ilícita.
i. DO DIREITO
O capítulo V do Decreto-Lei 3689/1941, Có digo de Processo Penal versa sobre as
possibilidades e impossibilidades de Restituiçã o de Coisas Apreendidas. Aqui nos interessa
os artigos 118, 119 e 120. Vejamos:
Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas nã o poderã o
ser restituídas enquanto interessarem ao processo.
Art. 119. As coisas a que se referem os arts .74 e 100 do Có digo Penal nã o poderã o ser
restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se pertencerem ao
lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 120. A restituiçã o, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou
juiz, mediante termo nos autos, desde que nã o exista dú vida quanto ao direito do
reclamante.
§ 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituiçã o autuar-se-á em apartado, assinando-
se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz criminal
poderá decidir o incidente.
§ 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá , se
as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para alegar
e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois
dias para arrazoar.
§ 3o Sobre o pedido de restituiçã o será sempre ouvido o Ministério Pú blico.
§ 4o Em caso de dú vida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes para
o juízo cível, ordenando o depó sito das coisas em mã os de depositá rio ou do pró prio
terceiro que as detinha, se for pessoa idô nea.
§ 5o Tratando-se de coisas facilmente deteriorá veis, serã o avaliadas e levadas a leilã o
pú blico, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se
este for pessoa idô nea e assinar termo de responsabilidade.
É evidente Excelências, que o veículo nã o interessa mais ao processo em questã o, pois a
prova que se busca produzir na fase instrutó ria nã o guarda nenhuma relaçã o com o veículo
automotor supostamente envolvido em prá ticas delituosas.
Vejamos jurisprudência aplicada ao caso:
Apelação. Tráfico de drogas. Desobediência. Condução de veículo automotor sem permissão
ou habilitação gerando perigo de dano. Sentença condenatória. Recurso interposto pela
defesa do réu Paulo. Pleito absolutório em relação ao crime de desobediência por atipicidade.
Pleitos subsidiários: a) afastamento da causa de aumento de pena prevista no artigo 40,
inciso V, da Lei 11.343/06; b) redução do montante fixado a título de prestação pecuniária; c)
restituição da motocicleta apreendida ao terceiro de boa-fé. Recurso interposto pela defesa do
réu Gabriel. Pleito absolutório por atipicidade material, em razão da insignificância da
conduta. insuficiência probatória. Pleitos subsidiários: Pleitos subsidiários: a) afastamento da
causa de aumento de pena prevista no artigo 40, inciso V, da Lei 11.343/06; b) redução do
montante fixado a título de prestação pecuniária. 1. Do crime de tráfico de entorpecentes. 1.1.
Condenação adequada. Prova da materialidade e de autoria. Depoimentos dos policiais
rodoviários uniformes e convergentes. Credibilidade que não foi afetada diante da ausência
de prova em sentido contrário. Modelo probatório que não se filiou ao sistema das provas
legais segundo o qual os meios de prova registrariam valores aprioristicamente determinados
pelo legislador. Livre convencimento motivado. Réus confessos. 1.2. Causa de aumento de pena
prevista no artigo 40, inciso V, da Lei 11.343/06 corretamente aplicada. Tráfico interestadual
caracterizado. Acusados que confessaram ter trazido as drogas da cidade de Três Lagoas/MS,
com a intenção de entrega-las na cidade de Pereira Barreto/SP. 1.3. Pleito objetivando a
aplicação do princípio da insignificância. Crime que tutela a saúde pública, bem jurídico de
natureza difusa, por meio de infração penal de perigo abstrato. Suficiência da realização do
comportamento proibido para que se presuma a situação de perigo à saúde pública.
Impossibilidade de aplicação do princípio da insignificância. Precedentes do STJ e do TJSP. 2.
Do crime de desobediência. 2.1. Condenação adequada. Materialidade e autoria
demonstradas pelo conjunto probatório. Depoimentos coesos e harmônicos ofertados pelos
policiais rodoviários ao longo da persecução penal, dando conta de que o acusado descumpriu
ordem por eles emanada. Delito que se configura por meio da não observância à ordem de
parada emanada por agentes públicos no exercício de atividade ostensiva para repressão de
delitos. Precedentes. 2.2. Afastamento da tese de autodefesa. A busca pela liberdade não é
capaz de afastar a tipicidade da conduta. Direitos à liberdade e a não autoincriminação que
não abarcam a possibilidade de desobediência de ordem legal. Precedentes. 3. Do crime de
condução de veículo automotor sem permissão ou habilitação gerando perigo de dano.
Condenação adequada. Autoria e materialidade comprovadas. Relatos coerentes e
harmônicos prestados pelos policiais rodoviários, relatando a condução do automóvel pelo
acusado de maneira temerária. Acusado que empreendeu fuga na contramão de rodovia,
tendo, ademais, admitido não possuir habilitação para conduzir veículos automotores. 4.
Dosimetria que não demanda reparos. 4.1. Dos crimes de tráfico de entorpecentes. Pena-base
fixada acima do limite mínimo. Obediência às diretrizes traçadas na Lei de Drogas que elegeu,
dentre outras, a natureza das drogas apreendidas como circunstância preponderante na
dosimetria da pena (art. 42 da Lei de Drogas). Manutenção do tráfico privilegiado a despeito
dos indícios que apontam a dedicação dos réus à prática criminosa ou de seus envolvimentos
com organização criminosa, dadas pela apreensão de expressiva quantidade de entorpecentes
de alto potencial lesivo. Ausência de insurgência ministerial. Vedação à reformatio in pejus.
4.2. Dos crimes de desobediência e condução de veículo automotor sem permissão ou
habilitação gerando perigo de dano. Pena adequadamente fixada no mínimo legal, ante a
ausência de circunstâncias judiciais, agravantes, atenuantes, causas de aumento ou
diminuição de pena. 5. Manutenção do regime prisional aberto com a substituição da pena
privativa de liberdade por duas restritivas de direitos. Pleito objetivando a redução do
montante fixado a título de prestação pecuniária que comporta provimento. Ausência de
justificativa para a fixação de valor acima do mínimo legal. Redução para um salário mínimo.
6. Restituição da motocicleta apreendida na posse do acusado a terceiro de boa-fé.
Cabimento. Prova da propriedade sobre o motociclo apreendido. Apreensão que se deu no
interesse da Justiça. Ausência de prova de má fé ou de eventual alinhamento subjetivo com a
prática delituosa objeto da persecução em que se realizou a medida constritiva. A retenção e
a remoção de veículo, tratadas no Código de Trânsito Brasileiro, dizem respeito à aplicação
de sanções administrativas vinculadas às infrações de trânsito, caracterizando a própria
sanção do condutor infrator, sem prejuízo de outras penalidades. Impossibilidade de cobrança
de despesas de remoção e de estadia, sob pena de limitação indevida dos poderes que
decorrem do direito real de propriedade. Precedentes. 7. Recursos conhecidos e parcialmente
providos.
(TJ-SP - APR: 15000865620228260605 SP 1500086-56.2022.8.26.0605, Relator: Marcos
Alexandre Coelho Zilli, Data de Julgamento: 09/10/2022, 16ª Câmara de Direito Criminal,
Data de Publicação: 09/10/2022)
Sendo evidente que o bem nã o mais interessa ao processo, a sua restituiçã o ao proprietá rio
é medida que se impõ e, razã o pela qual pugna este Apelante.
Ademais Excelências, é de clareza solar que o Apelante tem o real direito acerca do bem
apreendido, pois, este é o proprietá rio do veículo, conforme se observa do documento
acostado à fl. 10 do processo de origem. Bem como nã o há nos autos do processo Nº DO
PROCESSO, sequer indícios de que o bem do Apelante esteja envolvido em quaisquer
outras prá ticas delituosas, bem como que sua aquisiçã o se deu por meio de proventos
ilícitos.
Neste sentido, eis a jurisprudência:
PENAL E PROCESSO PENAL - TRÁFICO DE DROGA - RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA -
NECESSIDADE - ORIGEM ILÍCITA NÃO DEMONSTRADA - SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. 1. Impõe-
se a restituição de bem apreendido havendo a absolvição da acusada, não restando
demonstrado que o bem era utilizado habitualmente na prática delitiva ou que foi adquirido
ilicitamente. 2. Recurso provido.
(TJ-MG - APR: 10024170891055001 MG, Relator: Pedro Vergara, Data de Julgamento:
08/05/2018, Data de Publicação: 14/05/2018)
APELAÇÃO CRIMINIAL. PROCESSO PENAL. RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA. VEÍCULO
AUTOMOTOR. PROPRIEDADE LEGÍTIMA. AUSÊNCIA ORIGEM ILÍCITA. POSSIBILIDADE.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Não obstante a condenação do ora apelante, o
Ministério Público pugnou favoravelmente pela restituição do veículo entendendo pela
ausência de liame subjetivo entre a conduta do recorrente e dos demais passageiros no delito
do roubo. 2. Não há dúvida acerca da real propriedade do bem, tampouco comprovado
que o veículo não foi adquirido de forma ilícita, cabível sua restituição ao legítimo
proprietário. 3. A defesa demonstrou a ausência do animus furandi por parte do recorrente
que somente deu carona aos demais ocupantes do carro sem participar ou se envolver
diretamente do roubo por eles perpetrado. 4. Apelação conhecida e provida.
(TJ-DF 00037427720188070019 DF 0003742-77.2018.8.07.0019, Relator: GILBERTO
PEREIRA DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 18/11/2021, 1ª Turma Criminal, Data de
Publicação: Publicado no PJe : 21/01/2022 . Pág.: Sem Página Cadastrada.) (grifo nosso).
É possível notar que o Apelante encontra respaldo no seu pedido, nã o apenas na legislaçã o
vigente, mas em precedentes que entendem ser possível a restituiçã o do veículo.
Requer-se ainda, a isençã o de custas com a apreensã o do veículo, seguimos o
entendimento:
APELAÇÃO CRIMINAL – Pedido de restituição de coisa – Restituição de veículo apreendido
condicionada ao pagamento das despesas administrativas – Veículo apreendido em razão de
interesse da Justiça – Isenção do pagamento de quaisquer taxas ou despesas
administrativas (artigo 6º da Lei nº 6.575/78)- Recurso provido. (TJSP; Apelação
Criminal 0005551-88.2018.8.26.0564; Relator (a): Alberto Anderson Filho; Órgão Julgador: 7ª
Câmara de Direito Criminal; Foro de São Bernardo do Campo - 2ª Vara Criminal; Data do
Julgamento: 20/06/2018; Data de Registro: 05/07/2018) (grifo nosso)
Ante todo o exposto é que se pugna a Vossas Excelências, primeiramente que se conheça do
recurso ora interposto por ser tempestivo, bem como que seja acolhido in totum e reformar
a r. sentença, passando a DEFERIR a restituiçã o do bem apreendido, nos termos dos arts.
118 e 120 do Có digo de Processo Penal.
i. DOS PEDIDOS
DIANTE DO QUE FOI EXPOSTO, requer, finalmente, de Vossas Excelências, membros
dessa Colenda Câ mara Criminal, o que segue:
requer seja a r. sentença reformada em sua totalidade para que seja DETERMINADA A
RESTITUIÇÃO DO VEÍCULO _______, ao seu proprietá rio, o Sr. ___________, nos termos dos
arts. 118, caput e 120, caput, ambos, do CPP, pois nã o há prova nos autos suficientemente
capazes a manter a restituiçã o.
Termos em que,
Pede deferimento.
Cidade, ___ de outubro de 2022.
ADVOGADO
OAB Nº

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