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GRUPO A
Em relação ao concurso
material de crimes, conforme
a denúncia, teria
ocorrido o concurso, já
que com uma única
conduta o agente teria
causado
mais de um resultado.
Assim, aplica-se a regra do
art. 70 do CP, ou seja, as
penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em
qualquer caso, em
detrimento do artigo 69 do
CP: “Quando o agente,
mediante
mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não,
aplicam-se cumulativamente
as penas privativas de
liberdade em que haja
incorrido. No caso de
aplicação cumulativa de
penas de reclusão e de
detenção, executa-se
primeiro aquele”, devendo
haver exasperação da pena
mais grave e não soma das
penas aplicadas.
Sem prejuízo, ainda que haja
o entendimento de que deva
ser mantida a
condenação, não poderia
ser aplicado o regime
inicial fechado. Desta
forma,
cumpre requerer o
afastamento do regime
mais severo, seja
aplicando-se o
regime aberto ou semiaberto,
pois o art. 33, caput do CP:
“A pena de reclusão
deve ser cumprida em
regime fechado, semiaberto
ou aberto. A de detenção,
em regime semiaberto, ou
aberto, salvo necessidade de
transferência a regime
fechado”, não admitindo,
em nenhuma hipótese, que
seja aplicado regime
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO GONÇALO/RJ
Processo nº __
DOS FATOS
O apelante, primário e de bons antecedentes, fora denunciado como
incurso nas sanções penais dos artigos 302 da Lei nº 9.503/97, por duas
vezes, e art. 303, do mesmo diploma legal, ambos em concurso material, isto
posto, como dispõe a denúncia, na data de 08 de julho de 2017 teria o
apelante, na direção de veículo automotor, com imprudência em razão do
excesso de velocidade, colidiu com um veículo em que estavam Júlio e Mario,
este na época com 9 anos, causando lesões que resultaram com a morte de
ambos. Pode se ler ainda da inicial de que, em decorrência da mesma colisão,
ficou lesionado Pedro, que passava pelo local com sua bicicleta e foi atingido
pelo veículo em alta velocidade, este, que, após atendimento médico em
hospital público, se retirou do local, sem ser notado, razão pela qual foi
elaborado laudo indireto de corpo de delito com base no boletim de
atendimento médico. Pedro nunca compareceu em sede policial para narrar o
ocorrido e nem ao Instituto Médico Legal. No curso da instrução, foram ouvidas
DO DIREITO
No caso em tela, é cediço ao apelante o que diz respeito à extinção da punibilidade no
que tange ao crime de lesão corporal praticada na direção de veículo automotor, que
teria como vítima Pedro, tendo em vista que não houve representação por parte da
vítima, condição essa indispensável para o oferecimento da denúncia por parte do
Ministério Público. Como se não bastasse tal situação, tomando-se por base o
paradigma, ter-se-ia um crime de lesão corporal na direção de veículo automotor, em
que, em regra, a ação é pública condicionada à representação, transformada, por
expressa disposição de lei, art. 291, §1º da Lei 9.503/97, (CTB), em ação penal pública
incondicionada. O art. 88 da Lei 9.099/95 determina que nos crimes de lesões corporais
leves e lesões culposas a ação penal dependerá de representação da vítima, o que, foi
excepcionado pelo legislador no que tange aos delitos de trânsito. Conta do enunciado
que Pedro nunca compareceu na delegacia e nem em juízo, não havendo qualquer
circunstância a indicar que ele tinha interesse em ver o autor do fato responsabilizado
criminalmente. Dessa forma, passados mais de 06 (seis) meses da identificação da
autoria, houve decadência, nos termos do art. 38 do CPP: “Salvo disposição em
contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que
vier, a saber, quem é o autor do crime [...]”, o que funciona como causa de extinção da
punibilidade, conforme art. 107, IV do CP: “Extingue-se a punibilidade: [...] IV – pela
prescrição, decadência ou perempção”.
DOS PEDIDOS
Por tudo exposto nos autos , requer a reforma da r. sentença condenatória, sendo
imprescindível a imposição da absolvição ao caso em tela, alicerçado no art. 386, inciso
VII do CPP.
Por estas razões, requer o conhecimento e provimento do presente Recurso de Apelação.
Nestes termos,
Pede deferimento.
São Gonçalo, 08.10.2019
Advogado
OAB