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Discente: Guilherme Silva de Amorim

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X

Aquatrans, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº..., com sede na rua...,
vem, por seu advogado, infrafirmado, com procuração anexa e endereço
profissional na rua..., onde serão encaminhadas as intimações do feito,
impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR contra ato do
Governador do Estado X, agente público, com endereço profissional na rua..., e
contra o Estado X, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ nº..., com
sede na rua..., pelos fatos e fundamentos a seguir.

DO CABIMENTO

É cabível a presente ação de mandado de segurança com fulcro no Art. 5º,


inciso LXIX da Constituição Federal e Art. 1º e seguintes da Lei nº 12.016/2009,
por se tratar de violação a direito líquido e certo da Autora.

DOS FATOS

Há 7 (sete) anos a Autora é concessionária de serviço de transporte público


aquaviário no Estado X e foi surpreendida com a edição do Decreto nº 1.234,
da Chefia do Poder Executivo Estadual, que, na qualidade de Poder
Concedente, declarou a caducidade da concessão e fixou o prazo de 30 (trinta)
dias para assumir o serviço, ocupar as instalações e os bens reversíveis.
Inconformada com a medida, especialmente porque jamais fora cientificada de
qualquer inadequação na prestação do serviço, a Autora vem a juízo para
discutir a juridicidade do decreto, bem como para lhe assegurar o direito de
continuar prestando o serviço até que, se for o caso, a extinção do contrato se
opere de maneira regular.

DA MEDIDA LIMINAR

O Art. 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/09 estabelece como requisitos para a
concessão da medida liminar o fundamento relevante do pedido e o perigo de
ineficácia da medida.

O perigo de ineficácia da medida decorre do fato de que a impetrante foi


ameaçada de desocupação do seu estabelecimento no prazo de 30 (trinta) dias
do decreto e, em razão disso, pode sofrer sérios prejuízos, além da
possibilidade de promover demissão em massa.
O fundamento relevante do pedido baseia-se no fato de que o ato, ora
impugnado, foi praticado com violação ao devido processo legal e aos
princípios do contraditório e da ampla defesa, estampados no Art. 5º, incisos,
LIV e LV da Carta Magna.

Logo, o ato não pode subsistir, devendo, no entanto, ser ordenado, ao Poder
Público, a abstenção de tomar qualquer medida para assumir o serviço público
e a suspensão dos efeitos do referido Decreto até a decisão final do writ.

DO MÉRITO

Primeiramente, o Art. 38, §2º, da Lei 8.987/95 estabelece que a declaração de


caducidade da contratação de serviço público deve ser precedida da
verificação de inadimplência da concessionária, devendo, portanto, ser
instaurado processo administrativo em que lhe assegure o exercício do
contraditório e da ampla defesa. Vejamos:

“A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da


verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo,
assegurado o direito de ampla defesa.”

No mesmo sentido, o Art. 38 § 3o, do mesmo diploma, estabelece a


necessidade da instauração de processo administrativo de inadimplência antes
da aplicação da medida, se apurado o descumprimento contratual, nos termos
do disposto no § 1º, deste artigo, dando-lhe um prazo razoável para corrigir as
falhas detectadas, bem como para que a concessionária se enquadre aos
termos do contrato.

Na situação apresentada, a declaração de caducidade, estabelecida no


Decreto 1.234, expedido pelo Chefe do Poder Executivo estadual, não
observou os requisitos estabelecidos na norma do artigo 38 §§ 2º e 3º da Lei nº
8.987/95. Portanto, o referido Decreto encontra-se viciado, assim como a
declaração de caducidade.

Ademais, a Autora foi surpreendida com a edição do Decreto e não foi


cientificada de qualquer irregularidade na prestação dos serviços, assim como,
também, não houve a devida instauração de processo administrativo para
apuração de possíveis irregularidades na execução do contrato, cerceando,
assim, o direito de defesa da Autora, conduta terminantemente inadmissível,
em razão do princípio da legalidade, estampado no Art. 37, caput, da CRFB.

Por fim, é cediço que qualquer ato administrativo praticado com violação aos
princípios que regem a atividade da Administração Pública, como os acima
mencionados, é nulo. Logo, ante a inobservância do “devido processo legal”
impõe, portanto, a anulação do Decreto nº 1.234, que declarou a caducidade
do contrato de concessão, ante todos os vícios de legalidade, ora
apresentados.
DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer:

1. a notificação da autoridade coatora para que prestes as informações, no


prazo de lei;
2. a ciência do Réu, na pessoa do Procurador-Geral do Estado, para que,
querendo, ingressar no feito;
3. a concessão da medida liminar, determinando ao Poder Público que se
abstenha de tomar qualquer medida para assumir o serviço público;
4. a confirmação da medida liminar com a concessão da segurança,
determinando a anulação do ato impugnado;
5. a intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para atuar
como fiscal da lei;
6. a juntada dos documentos anexos que comprovam o direito líquido e certo
da Impetrante;
7 a condenação do Réu ao pagamento das custas processuais.

Dá-se à causa o valor de R$...

Termos em que pede deferimento


Rio de Janeiro 26.03.23

Guilherme Silva de Amorim


OAB/...

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