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• Estado do Amazonas, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ nºXXXXcom sede na
ruaXXX;
• Empresa de transporte público, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nºXXXXcom sede na
ruaXXX
DOS FATOS
Foi notificado em jornal de grande circulação que o secretário de transporte do Estado celebrou
contrato de permissão de serviço público de transporte coletivo intermunicipal entre todos os
municípios do Estado, com a empresa Ré, com prazo de duração de 20 anos, prorrogáveis por mais
20.
O contrato foi celebrado em 27 de junho de 2002 e foi renovado, por mais vinte anos, no dia 27 de
junho de 2022, depois de muitas negociações entre as partes e da inclusão, por vontade da
contratada, de cláusulas contratuais.
O contrato original e a sua renovação foram celebrados sem o devido procedimento licitatório.
Ante a flagrante ilegalidade desta contratação o autor vem a juízo com o propósito de anular o
contrato e reclamar da péssima qualidade dos serviços prestados pela permissionária.
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Primeiramente, o art. 300 do Código de Processo Civil e o Art. 5º, § 4º da Lei nº 4.717/65
estabelece como requisitos para concessão da antecipação de tutela a verossimilhança das alegações
(fumus boni iuris) e o fundado receio de dano irreparável (periculum in mora).
O perigo de dano irreparável decorre do fato de que o contrato firmado entre o Poder Público e o
Particular, de forma ilegal, está vigente e causando prejuízo ao patrimônio público.
A verossimilhança das alegações está baseada na violação ao dever de licitar, nos termos do art. 175
da Constituição Federal, na violação dos princípios da regularidade e atualidade, bem como do Art.
40 da Lei nº 8.987/95 que dispõe ser o contrato de permissão de serviço público um contrato de
adesão.
Logo, o contrato de renovação é nulo, devendo, portanto, ser suspenso em sede liminar.
DO MÉRITO
De início, o art. 175 da Constituição Federal estabelece que a permissão de serviço público deve ser
precedida de licitação. Vejamos:
No mesmo sentido, o Art. 2º, inciso III da Lei nº 8.987/95 determina que haja procedimento
licitatório prévio à celebração de contrato para prestação de serviços públicos.
Na situação apresentada o contrato administrativo original, bem como a sua renovação foram
celebrados sem a realização de procedimento licitatório, em clara violação a lei, princípio da
legalidade, ensejando a nulidade do contrato ora impugnado.
Ademais, o Art. 40 da Lei nº 8.987/95 define que a permissão de serviço público tem natureza de
contrato de adesão, não admitindo a rediscussão de cláusulas contratuais pelo particular. Nesse tipo
de contato admite-se apenas a adesão pelo particular, em razão das prerrogativas do Poder Público
nos contratos administrativo.
No caso em apreço a renovação foi aprovada mediante negociação e após a inclusão de cláusulas
contratuais por parte da empresa permissionária, tornando nulo o contrato celebrado em virtude de
descumprimento de preceitos legais.
Outrossim, o Art. 6º, § 1º da Lei nº 8.987/95 estabelece, entre outros, que a prestação dos serviços
públicos deve respeitar a atualidade e a modicidade das tarifas.
No caso em epígrafe o serviço de transporte público não vem sendo prestado de forma adequada,
uma vez que os ônibus são velhos, sempre atrasam, vivem quebrando durante o percurso e as tarifas
são bastante elevadas, não se justificando pela péssima qualidade da prestação dos serviços.
Dessa forma, não é vantajosa a prorrogação do contrato de permissão, ora impugnado, e nem pode
este subsistir, uma vez que tal contrato está eivado de vícios insanáveis.
DOS PEDIDOS
Advogado
OAB/XXX