Você está na página 1de 3

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA DA FAZENDA

PÚBLICA DA COMARCA DE MANAUS, NO ESTADO AMAZONAS

XXXXXXXXX, brasileiro/a, advogado/a, domiciliado/a na rua XXXXXXXXX, nesta cidade, vem


propor AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, por se tratar de
contrato lesivo ao patrimônio público, nos termos do art. 5º, inciso LXXIII da Constituição Federal
e art. 1º e seguintes da Lei nº 4.717/65, em face de:

• Estado do Amazonas, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ nºXXXXcom sede na
ruaXXX;

• Secretário de transporte do Estado do Amazonas, CPFXXX, com domicílio na ruaXXX;

• Empresa de transporte público, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nºXXXXcom sede na
ruaXXX

DOS FATOS

Foi notificado em jornal de grande circulação que o secretário de transporte do Estado celebrou
contrato de permissão de serviço público de transporte coletivo intermunicipal entre todos os
municípios do Estado, com a empresa Ré, com prazo de duração de 20 anos, prorrogáveis por mais
20.

O contrato foi celebrado em 27 de junho de 2002 e foi renovado, por mais vinte anos, no dia 27 de
junho de 2022, depois de muitas negociações entre as partes e da inclusão, por vontade da
contratada, de cláusulas contratuais.

O contrato original e a sua renovação foram celebrados sem o devido procedimento licitatório.

A este respeito, na fundamentação do ato, o secretário argumentou que a ausência de licitação


deveu-se ao fato de que a contratada, durante os vinte anos em que prestou os serviços de transporte
público, promoveu vultoso investimento no setor, construindo uma eminente estrutura
administrativa em todos os municípios do Estado, bem como já havia acumulado experiência
necessária a este tipo de atividade, sendo dispensável tal procedimento licitatório para este tipo de
contrato, tendo em vista a sua precariedade, possibilidade de rescisão unilateral e pela ausência de
vedação legal a dispensa de licitação, em lei federal, para contrato de concessão de serviço público.

Ante a flagrante ilegalidade desta contratação o autor vem a juízo com o propósito de anular o
contrato e reclamar da péssima qualidade dos serviços prestados pela permissionária.
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Primeiramente, o art. 300 do Código de Processo Civil e o Art. 5º, § 4º da Lei nº 4.717/65
estabelece como requisitos para concessão da antecipação de tutela a verossimilhança das alegações
(fumus boni iuris) e o fundado receio de dano irreparável (periculum in mora).

O perigo de dano irreparável decorre do fato de que o contrato firmado entre o Poder Público e o
Particular, de forma ilegal, está vigente e causando prejuízo ao patrimônio público.

A verossimilhança das alegações está baseada na violação ao dever de licitar, nos termos do art. 175
da Constituição Federal, na violação dos princípios da regularidade e atualidade, bem como do Art.
40 da Lei nº 8.987/95 que dispõe ser o contrato de permissão de serviço público um contrato de
adesão.

Logo, o contrato de renovação é nulo, devendo, portanto, ser suspenso em sede liminar.

DO MÉRITO

De início, o art. 175 da Constituição Federal estabelece que a permissão de serviço público deve ser
precedida de licitação. Vejamos:

“Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de


concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos”.

No mesmo sentido, o Art. 2º, inciso III da Lei nº 8.987/95 determina que haja procedimento
licitatório prévio à celebração de contrato para prestação de serviços públicos.

Na situação apresentada o contrato administrativo original, bem como a sua renovação foram
celebrados sem a realização de procedimento licitatório, em clara violação a lei, princípio da
legalidade, ensejando a nulidade do contrato ora impugnado.

Ademais, o Art. 40 da Lei nº 8.987/95 define que a permissão de serviço público tem natureza de
contrato de adesão, não admitindo a rediscussão de cláusulas contratuais pelo particular. Nesse tipo
de contato admite-se apenas a adesão pelo particular, em razão das prerrogativas do Poder Público
nos contratos administrativo.

No caso em apreço a renovação foi aprovada mediante negociação e após a inclusão de cláusulas
contratuais por parte da empresa permissionária, tornando nulo o contrato celebrado em virtude de
descumprimento de preceitos legais.

Outrossim, o Art. 6º, § 1º da Lei nº 8.987/95 estabelece, entre outros, que a prestação dos serviços
públicos deve respeitar a atualidade e a modicidade das tarifas.
No caso em epígrafe o serviço de transporte público não vem sendo prestado de forma adequada,
uma vez que os ônibus são velhos, sempre atrasam, vivem quebrando durante o percurso e as tarifas
são bastante elevadas, não se justificando pela péssima qualidade da prestação dos serviços.

Dessa forma, não é vantajosa a prorrogação do contrato de permissão, ora impugnado, e nem pode
este subsistir, uma vez que tal contrato está eivado de vícios insanáveis.

DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer:

1. a citação dos Réus para que, querendo, contestar o feito;


2. a requisição ao Estado Réu para juntada de documentos que comprovam o direito do Autor, nos
moldes do Art. 7º, inciso I, ‘b’ da Lei nº 4.717/65;
3. a concessão da tutela antecipada, determinando a suspensão do contrato até a decisão final do
processo;
4. a confirmação da tutela antecipada com a procedência dos pedidos determinando a anulação do
ato de renovação do contrato, ora impugnado, bem como o ressarcimento ao erário por eventuais
danos causados;
5. a intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para atuar como fiscal da lei;
6. a produção de todos os meios de provas admitidos em direito e necessários a solução da
controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos e do título eleitoral do Autor que
comprova a sua condição de cidadão;
7. a condenação dos Réus nos ônus da sucumbência.

Dá-se à causa o valor de R$...


Nesses termos, pede deferimento.
Local, data.

Advogado
OAB/XXX

Você também pode gostar