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PEÇA 01 - 10º SEMESTRE

A sociedade empresária Alfa, após sagrar-se vencedora em regular procedimento licitatório


na modalidade concorrência, firmou contrato de concessão para prestação do serviço público
de transporte coletivo de passageiros intramunicipal, pelo prazo de quinze anos, com o
Município Beta. Durante o terceiro ano de prestação do serviço, a concessionária Alfa foi
surpreendida com a publicação no Diário Oficial municipal de decisão do Prefeito Municipal,
que acabara de assumir o mandato eletivo, decretando a extinção do contrato de concessão
pela caducidade, por motivo de inexecução contratual e descumprimento das obrigações
legais pela concessionária. No citado ato administrativo de extinção da concessão, o Prefeito
alegou que o serviço não estava sendo prestado de forma adequada, tendo por base as
normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço, em especial
porque a frota de ônibus era formada por veículos antigos, com bancos rasgados e pneus
carecas; e que a concessionária estava descumprindo cláusulas contratuais e disposições
legais ou regulamentares concernentes à concessão, tais como aquelas relacionadas a
gratuidades legais de idosos, além de não ter instalado ar condicionado nos ônibus. Até o
momento, o Município não apresentou qualquer prova de tais alegações. A concessionária
tomou conhecimento das supostas irregularidades que configurariam inexecução contratual
alegada pelo Município apenas no dia de ontem, quando houve a publicação da extinção da
concessão no Diário Oficial, não havendo prévia instauração de processo administrativo. A
decisão publicada também estabeleceu que o Município Beta, no prazo de 30 (trinta) dias da
publicação, retomará a prestação direta do serviço de transporte coletivo de passageiros no
Município, não obstante o poder público não disponha de estrutura material e de pessoal para
a prestação do serviço público. Ademais, o término indevido e antecipado do contrato de
concessão causaria o desemprego de centenas de empregados da sociedade empresária Alfa, a
desafiar imediata providência. A concessionária possui elementos de provas hábeis a
comprovar a adequação dos serviços prestados, pois regularmente realiza auditorias e
vistorias internas, subscritas por profissionais que elaboram laudos instruídos com fotos. Ao
tomar ciência de tal decisão do poder concedente de extinção do contrato de concessão, a
sociedade empresária Alfa procurou você, na qualidade de advogado(a), para tomar as
providências judiciais cabíveis com o objetivo de invalidar o ato que entende ilegal, bem
como demais postulações pertinentes.
RESPOSTA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ ESTADUAL DE DIREITO DA …


VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DO MUNICÍPIO BETA

Sociedade Empresária Alfa, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o
nº…, sediada à …, por meio de seu sócio gerente nome, nacionalidade, estado civil, CPF,
RG, residente e domiciliado à Rua…, cidade, CEP, com seu contrato social anexo, por
intermédio de seu advogado que a esta subscreve (instrumento de mandato anexo), com
fulcro no artigo 319 do CPC, vem, perante Vossa Excelência, propor:

AÇÃO ANULATÓRIA c/c PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Em face do Município Beta, pessoa jurídica de direito público interno, na pessoa de


seu representante legal, na pessoa de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos às
seguir aduzidos:

1. DOS FATOS

A autora, sociedade empresária Alfa, após sagrar-se vencedora em regular


procedimento licitatório na modalidade concorrência, firmou contrato de concessão para
prestação do serviço público de transporte coletivo de passageiros intramunicipal, pelo prazo
de 15 anos (quinze), com o Município Beta.

Durante o terceiro ano de prestação do serviço, acabara de assumir o mandato eletivo,


um novo Prefeito Municipal que publicou no Diário Oficial municipal uma decisão
decretando a extinção do contrato de concessão pela caducidade, por motivo de inexecução
contratual e descumprimento das obrigações legais pela concessionária.

Ocorre que no citado ato administrativo de extinção da concessão, o Prefeito alegou


que o serviço não estava sendo prestado de forma adequada, tendo por base as normas,
critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço, em especial porque a
frota de ônibus era formada por veículos antigos, com bancos rasgados e pneus carecas; e que
a concessionária estava descumprindo cláusulas contratuais e disposições legais ou
regulamentares concernentes à concessão, tais como aquelas relacionadas a gratuidades legais
de idosos, além de não ter instalado ar condicionado nos ônibus.
Salientamos que até o momento, o Município não apresentou qualquer prova de tais
alegações.

A autora tomou conhecimento das supostas irregularidades que configurariam


inexecução contratual alegada pelo Município apenas no dia de ontem, quando houve a
publicação da extinção da concessão no Diário Oficial, não havendo prévia instauração de
processo administrativo.

No mais, a decisão publicada também estabeleceu que o Município Beta, no prazo de


30 (trinta) dias da publicação, retomará a prestação direta do serviço de transporte coletivo de
passageiros no Município, não obstante o poder público não disponha de estrutura material e
de pessoal para a prestação do serviço público.

Ademais, importante informar que o término indevido e antecipado do contrato de


concessão causaria o desemprego de centenas de empregados da sociedade empresária Alfa, a
desafiar imediata providência.

A concessionária possui elementos de provas hábeis a comprovar a adequação dos


serviços prestados, pois regularmente realiza auditorias e vistorias internas, subscritas por
profissionais que elaboram laudos instruídos com fotos.

2. PRELIMINARMENTE
a. DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

No presente caso, tem cabimento a concessão de tutela de urgência antecipada para


afastar dano ao Autor e suspender os efeitos do ato de extinção do contrato de concessão e
manter a concessionária prestando o serviço.

O artigo 300 do Código de Processo Civil, autoriza ao juiz conceder a tutela


antecipada quando presentes os requisitos da probabilidade do direito e houver perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo.

i. Da probabilidade do direito

Conforme exposto, há ausência dos pressupostos fáticos e procedimentais para


configuração da caducidade, como forma de extinção da concessão, sendo certo que a
concessionária possui laudos atestando a regular prestação dos serviços.

ii. Do perigo de dano

Há evidente perigo de dano, pois a manutenção do ato administrativo ilegal de


extinção da concessão, no prazo de 30 dias após a publicação de tal decisão no diário oficial
municipal, causará a retomada do serviço pelo poder concedente, que não dispõe de estrutura
material e de pessoal para tal, violando o princípio da continuidade prestação do serviço
público essencial em tela.

Assim, prevê a possibilidade de propositura da presente ação, o que prova a os fatos


narrados, o direito abaixo explanado e os documentos ora juntados. É o que se requer.

3. DO DIREITO

O artigo 38, inciso I e II , da Lei nº 8.987/95 aduz que :

Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do


poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das
sanções contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as
normas convencionadas entre as partes.

§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente


quando:

I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo


por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da
qualidade do serviço;

II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou


regulamentares concernentes à concessão;

Nesse sentido, as razões invocadas pelo Município Beta para decretar a extinção da
concessão pela inexecução parcial do contrato e descumprimento das obrigações legais pela
concessionária, caso existentes e verdadeiras, poderiam dar causa à extinção pela caducidade.
Ocorre que tais alegações não correspondem à realidade.

Portanto, para declaração de caducidade, é imprescindível a prévia verificação da


inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla
defesa, conforme art. 38, §2º, da Lei nº 8.987/95. No caso em tela, não foi instaurado
processo administrativo, nem oportunizado à concessionária o direito ao contraditório e
ampla defesa.

Art. 38, § 2º. A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida


da verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo,
assegurado o direito de ampla defesa.

Importante ressaltar que, antes mesmo da instauração do processo administrativo para


apurar a inadimplência da concessionária, a sociedade empresária deveria ter sido
comunicada, detalhadamente, sobre os descumprimentos contratuais alegados pelo poder
concedente, que deveria também lhe dar um prazo para corrigir as eventuais falhas e
transgressões apontadas e para o enquadramento, nos termos contratuais, conforme art. 38, §
3º, da Lei nº 8.987/95.

Art. 38, § 3º. Não será instaurado processo administrativo de inadimplência


antes de comunicados à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos
contratuais referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as
falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento nos termos
contratuais.

Tal fase prévia ao processo administrativo também não foi oportunizada à


concessionária, que apenas tomou conhecimento das ilegalidades que lhe foram imputadas
pelo poder concedente quando da publicação da extinção da concessão no diário oficial.

4. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

● A concessão da tutela de urgência antecipada em favor da concessionária, a fim de


suspender os efeitos do ato de extinção do contrato de concessão e manter a
concessionária prestando o serviço;
● A procedência do pedido de declaração de nulidade do ato administrativo do
Município Beta, que decretou a extinção do contrato de concessão do serviço
público de transporte coletivo de passageiros intramunicipal;
● Citar o Município Beta, na pessoa do seu representante legal, para que conteste a
presente ação, sob pena das aplicação dos efeitos da Revelia;
● Condenar o Município Beta nas custas e honorários advocatícios
● A autora indica, de acordo com o §5º do artigo 334 do CPC, que tem interesse na
audiência de conciliação ou mediação.
● Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em
especial prova pericial.

Dá-se à causa o valor de R$....

Termos em que
Pede e Espera deferimento,

Local, data.
Advogado/OAB

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