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Direito Administrativo

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Sumário

Aula 15/03/2024 – part. 01 ............................................................................................................. 4


Aula 19/03/2024 – part. 02 ........................................................................................................... 16

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Aula 15/03/2024 – part. 01

1. Serviços públicos
1.1. Formas de delegação de serviço público

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Princípio da continuidade do serviço público:

Art. 6º, Lei nº 8.987. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas
normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade
das tarifas.
§ 3° Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade
§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não
poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no
dia anterior a feriado.

Atenção, o STJ proíbe a interrupção de serviço essencial:


• Mesmo quando há falta de pagamento, mas é necessário para a sobrevivência da
pessoa;
• Quando a Administração Pública não pagar a conta de serviço essencial prestado.

A concessão, ainda que possua prazo determinado, possui outras possibilidades de


extinção: termo final do prazo, rescisão, anulação, caducidade, encampação e falência ou
extinção da concessionária. Cabe tratar um pouco sobre cada uma delas, elencadas no artigo
35 da Lei nº 8.987.

Art. 35. Extingue-se a concessão por:


I - advento do termo contratual;
II - encampação;
III - caducidade;
IV - rescisão;
V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do
titular, no caso de empresa individual.

a) Advento do termo contratual: é o fim do contrato em razão da chegada do prazo


determinado, desvinculando-se o concessionário da prestação do serviço público. Como bem
destaca Carvalho Filho (2021, p. 442) “ainda que extinto o contrato, responde o concessionário
pelos atos praticados quando ainda vigente o ajuste. Na verdade, o advento do termo final não
pode significar um status integral de irresponsabilidade administrativa e civil do concessionário”.
b) Rescisão: como traz o artigo 39 da Lei nº 8.987 “o contrato de concessão poderá ser
rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais

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pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim”,
destacando o parágrafo único desse dispositivo a impossibilidade de que a prestação dos
serviços públicos seja interrompida até sentença judicial transitada em julgado.
c) Anulação: podendo ocorrer pela via administrativa ou judicial, a anulação se dá quando
existente vício de legalidade no contrato). Assim, “Presente o vício, há presumida lesão ao
patrimônio público, o que permite o ajuizamento de ação popular para postular-se a anulação do
ajuste” (CARVALHO FILHO, 2021, p. 443).
d) Caducidade – ato vinculado: “Art. 27. A transferência de concessão ou do controle
societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade
da concessão.”
e) Caducidade – ato discricionário:

Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder


concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções
contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas
convencionadas entre as partes.
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente quando:
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as
normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;
II – a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou
regulamentares concernentes à concessão;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses
decorrentes de caso fortuito ou força maior;
IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para
manter a adequada prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos
prazos;
VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de
regularizar a prestação do serviço; e
VII - a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 180 (cento
e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no curso da
concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da
inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de
ampla defesa.
§ 3o Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de comunicados
à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no § 1º
deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para
o enquadramento, nos termos contratuais.
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a caducidade
será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização
prévia, calculada no decurso do processo.

f) Encampação: como definido no artigo 37 da Lei nº 8.987, a encampação refere-se à


retomada, por parte da Administração Pública, da prestação do serviço público. Faz-se
necessária autorização legislativa e indenização prévia.

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g) Extinção da concessionária: a extinção da concessionária por falência ou extinção


da empresa ou, ainda, falecimento ou incapacidade do titular, ocorre, como pontua Carvalho
Filho (2021, p. 447) “pela singela razão de que fica inviável a execução do serviço público objeto
do ajuste”, retornando a prestação do serviço público o concedente, até nova concessão.
Atenção: não confundir as formas de extinção com a intervenção. A intervenção não é
forma de extinção, mas sim um momento em que o Poder Público intervém para corrigir a
prestação do serviço:

Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais,
regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta dias,
instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da medida
e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa.
§ 1o Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais e
regulamentares será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente
devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização.
§ 2o O procedimento administrativo a que se refere o caput deste artigo deverá ser
concluído no prazo de até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a
intervenção.
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração do serviço
será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que
responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.

Resolva a questão a seguir:

1) FGV – 2020 – OAB – 31° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


O Município Beta concedeu a execução do serviço público de veículos leves sobre trilhos e, ao verificar
que a concessionária não estava cumprindo adequadamente as obrigações determinadas no respectivo
contrato, considerou tomar as providências cabíveis para a regularização das atividades em favor dos
usuários. Nesse caso,

A) impõe-se a encampação, mediante a retomada do serviço pelo Município Beta, sem o pagamento de
indenização.
B) a hipótese é de caducidade a ser declarada pelo Município Beta, mediante decreto, que independe da
verificação prévia da inadimplência da concessionária.
C) cabe a revogação do contrato administrativo pelo Município Beta, diante da discricionariedade e
precariedade da concessão, formalizada por mero ato administrativo.
D) é possível a intervenção do Município Beta na concessão, com o fim de assegurar a adequada
prestação dos serviços, por decreto do poder concedente, que conterá designação do interventor, o prazo,
os objetivos e os limites da medida.

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2. Independência entre esferas


2.1. Lei de abuso de autoridade

Lei 13.869/2019
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se
podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões
tenham sido decididas no juízo criminal.
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a
sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Resolva a questão a seguir:

2) FGV – 2022 – OAB – 32° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


O Ministério Público Federal denunciou Marcos, fiscal da Receita Federal, pelo crime de peculato doloso,
em decorrência da existência de provas contundentes de que tal servidor apropriou-se de dinheiro público
de que tinha guarda. Ao tomar conhecimento de tais fatos, durante o trâmite do processo penal, a
autoridade administrativa competente determinou a instauração de processo administrativo disciplinar,
que, após o devido processo legal, levou à demissão de Marcos antes do julgamento da ação penal.
Sobre a questão apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) A Administração fica vinculada à capitulação estabelecida no processo penal, vedada a incidência de


qualquer falta residual no âmbito administrativo, considerando que o peculato constitui crime contra a
Administração Pública.
B) A demissão de Marcos na esfera administrativa é válida, mas a superveniência de eventual sentença
penal absolutória, por ausência de provas, exige a reintegração do servidor no mesmo cargo que ocupava.
C) O processo administrativo disciplinar deveria ter sido instaurado para apurar a conduta de Marcos,
mas impunha-se sua suspensão diante da existência de processo criminal pelos mesmos fatos.
D) Deve ser aplicado ao processo administrativo disciplinar o prazo prescricional previsto na lei penal
para o crime de peculato cometido por Marcos.

3. Acumulação de cargos públicos

Art. 37, XVI, da CF. É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no
inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;
Art. 37, XVII, da CF. A proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.

Resolva a questão a seguir:

3) FGV – 2022 – OAB – 32° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


Amadeu, assim que concluiu o ensino médio, inscreveu-se e foi aprovado em concurso público para o
cargo de técnico administrativo do quadro permanente de determinado Tribunal Regional Federal, cargo

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em que alcançou a estabilidade, após o preenchimento dos respectivos requisitos legais. Enquanto estava
no exercício das funções desse cargo, Amadeu cursou e concluiu a Faculdade de Direito, razão pela qual
decidiu prestar concurso público e foi aprovado para ingressar como advogado de certa sociedade de
economia mista federal, que recebe recursos da União para o seu custeio geral. Diante dessa situação
hipotética, assinale a afirmativa correta.

A) Amadeu poderá acumular o cargo no Tribunal com o emprego na sociedade de economia mista federal,
se houver compatibilidade de horários.
B) A estabilidade já alcançada por Amadeu estende-se à sociedade de economia mista, considerando-se
que aquela se consuma no serviço público, e não no cargo.
C) Amadeu, ao ser contratado pela sociedade de economia mista, continua submetido ao teto
remuneratório do serviço público federal.
D) Amadeu poderia ser transferido para integrar os quadros da sociedade de economia mista sem a
realização de novo concurso público.

4. Lei anticorrupção e acordo de leniência

Art. 16 da Lei n° 12.846/2013


§ 2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções previstas
no inciso II do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da
multa aplicável.
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar
integralmente o dano causado.

Resolva a questão a seguir:

4) FGV – 2023 – OAB – 39° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


A sociedade empresária Alfa praticou ato lesivo à administração pública do Estado Beta, pois, em matéria
de licitações e contratos, obteve vantagem indevida, de modo fraudulento, em sucessivas prorrogações
de contrato administrativo, sem autorização legal, no ato convocatório da licitação pública ou no
respectivo instrumento contratual.
Com a devida orientação de seu advogado, visando obter isenção de sanções que provavelmente lhe

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seriam aplicadas, a sociedade empresária firmou com o Estado Beta acordo de leniência.
No caso em tela, nos termos da chamada Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/13), a celebração do citado
acordo isentará a sociedade empresária Alfa da proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções,
doações ou empréstimos na forma prevista na lei, bem como da sanção de

A) multa civil, e reduzirá à metade a obrigação de ressarcimento dos danos ao erário.


B) obrigação de ressarcimento ao erário e da medida de suspensão ou interdição parcial de suas
atividades.
C) publicação extraordinária da decisão condenatória e reduzirá, em até 2/3 (dois terços), o valor da multa
aplicável.
D) multa administrativa, e condicionará a manutenção das atividades da pessoa jurídica à adoção de
programa de integridade, no prazo de 90 (noventa) dias da assinatura do acordo.

5. Atos administrativos
5.1. Elementos (competência e motivo)
Todo ato administrativo possui cinco elementos, elencados no art. 2º, da Lei nº 4.717/65
(Lei de ação popular): competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Competência: é definida em lei ou atos administrativos gerais, bem como, em algumas
situações decorrem de previsão na Constituição Federal e não pode ser alterado por vontade
das partes ou do administrador público.

• São considerados agentes, para fins de edição de atos administrativos, os


agentes políticos, quais sejam os detentores de mandatos eletivos, os
secretários e ministros de Estado, além dos membros da magistratura e do
Ministério Público;
Agentes
• Os atos também podem ser praticados por particulares em colaboração com o
poder público, assim considerados os que exercem função estatal, sem vínculo
previamente definido, como ocorre com jurados e mesários, por exemplo;
• Os servidores estatais também podem praticar atos administrativos.

Atenção! Não basta ostentar a qualidade de agente público, devendo ter capacidade para
tanto, devendo ser analisada, ainda, a existência, inclusive, de algum óbice legal à atuação deste
agente.

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A competência decorra diretamente da lei, ou do próprio texto constitucional


Primária (decorrente da Carta Magna de forma direta) – quando se tratar de agentes de
hierarquia elevada, em determinadas atribuições.

Para órgãos de menor hierarquia, é possível que a competência esteja


disciplinada em atos administrativos gerais e abstratos, com função de
Secundária
organização da estrutura interna do Estado, sendo que esta disposição tem
base originária na lei.

Características da competência administrativa: é sempre elemento vinculado. A


doutrina costuma definir a atuação administrativa, como um poder-dever (ou dever-poder)
conferido ao poder público e distribuído entre seus agentes e órgãos internos.
É imprescritível, não se extinguindo com a inércia do agente.
É improrrogável, não podendo ser atribuída ao agente público pelo fato de ter praticado o
ato para o qual não tinha atribuição, sem que houvesse objeção por parte de terceiros.
É irrenunciável, em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público (art. 11,
da Lei nº 9.784/99).

• É a extensão de competência, de forma temporária, para um outro agente de


mesma hierarquia ou de nível hierárquico inferior, para o exercício de
determinados atos especificados no instrumento de delegação;
• Deve-se definir o tempo e a matéria a ser delegada de forma específica;
• O ato de delegação deve ser publicado (art. 12 e 14, da Lei nº 9784/99);
Delegação
• Salvo disposição em contrário, como regra geral, presume-se a cláusula de
reserva, ou seja, o agente delegante não transfere a competência, mas
apenas a amplia;
• O ato praticado por delegação deve ser considerado como praticado pelo
agente delegado (art. 14, §3°, da Lei nº 9.784/99 c/c Súmula nº 510, do STF).

• Quando o agente público chama para si competência de outro agente (art. 15


da Lei nº 9.784/99);
Avocação • Deve haver subordinação;
• De caráter temporário e restrito;
• Visa evitar decisões contraditórias dentro da atuação administrativa.

Atenção! A lei expressamente proíbe a delegação de competência e consequentemente


a avocação: no caso de competência exclusiva, definida em lei; para decisão de recurso
hierárquico; para edição de atos normativos.

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Motivo: as razões de fato e de direito que dão ensejo à prática do ato, ou seja, a situação
fática que precipita a edição do ato administrativo.
Motivo e motivação: motivação é somente a exposição dos motivos do ato. Motivação
integra a “formalização do ato”, é feita pela autoridade administrativa competente para a sua
prática.

Se houver motivação, mas os motivos forem O ato é viciado, por ilegalidade no elemento
falsos ou não corresponderem com a lei. motivo.

Se a situação fática for verdadeira e tiver


correspondência legal, mas a motivação não foi Trata-se de ato com vício no elemento forma.
realizada.

O administrador público remete sua motivação aos fundamentos apresentados


Motivação
por um ato administrativo anterior que o justificou (art. 50, §1º, da Lei nº
aliunde
9.784/99).

Atenção! Nas situações em que a motivação não se faz necessária, por expressa
dispensa legal, se o ato for motivado e o motivo apresentado não for verdadeiro ou for viciado, o
ato será inválido.

Teoria dos Os motivos apresentados como justificadores da prática do ato administrativo


motivos vinculam este ato e, caso os motivos apresentados sejam viciados, o ato será
determinantes ilegal.

Resolva a questão a seguir:

5) FGV – 2016 – OAB – 19° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


A associação de moradores do Município F solicitou ao Poder Público municipal autorização para o
fechamento da "rua de trás", por uma noite, para a realização de uma festa junina aberta ao público. O
Município, entretanto, negou o pedido, ao fundamento de que aquela rua seria utilizada para sediar o
encontro anual dos produtores de abóbora, a ser realizado no mesmo dia.
Considerando que tal fundamentação não está correta, pois, antes da negativa do pedido da associação
de moradores, o encontro dos produtores de abóbora havia sido transferido para o mês seguinte,
conforme publicado na imprensa oficial, assinale a afirmativa correta.

A) Mesmo diante do erro na fundamentação, o ato é válido, pois a autorização pleiteada é ato
discricionário da Administração.
B) Independentemente do erro na fundamentação, o ato é inválido, pois a autorização pleiteada é ato
vinculado, não podendo a Administração indeferi-lo.

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C) Diante do erro na fundamentação, o ato é inválido, uma vez que, pela teoria dos motivos determinantes,
a validade do ato está ligada aos motivos indicados como seu fundamento.
D) A despeito do erro na fundamentação, o ato é válido, pois a autorização pleiteada é ato vinculado, não
tendo a associação de moradores demonstrado o preenchimento dos requisitos.

6. Teses de repercussão geral que podem inspirar a banca


Algumas teses de repercussão geral do STF e jurisprudência importante do STJ que
podem ser objeto da prova:
Teses de repercussão geral do STF:

É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a


profissional da imprensa ferido por agentes policiais durante
cobertura jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou
1055 RE conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da 10/06/2021
1209429 responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas hipóteses em
que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara
advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave
risco à sua integridade física.
O Estado responde subsidiariamente por danos materiais
512 RE causados a candidatos em concurso público organizado por 29/06/2020
662405 pessoa jurídica de direito privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88),
quando os exames são cancelados por indícios de fraude.
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se
caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos
362 RE decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema 08/09/2020
608880 prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o
momento da fuga e a conduta praticada.
Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado
por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é
366 RE necessário que exista a violação de um dever jurídico específico
136861 de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para 11/03/2020
funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de
conhecimento do poder público eventuais irregularidades
praticadas pelo particular.

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Precedente do STJ:

O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de forma


determinante e específica para homicídio praticado em suas dependências, responde
objetivamente pela conduta omissiva. (REsp 1.708.325-RS, Rel. Min. Og Fernandes,
Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 24/05/2022).

Resolva a questão a seguir:

6) FGV – 2023 – OAB – 37º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


Mateus e Geraldo foram presos em decorrência de sentença penal com trânsito em julgado, pelo crime
de latrocínio. Ambos ficaram, inicialmente, na mesma cela prisional, em condições absolutamente
precárias e insalubres, sendo certo que Geraldo evadiu-se da cadeia. Seis meses após a fuga, Geraldo
praticou novo latrocínio, que levou Tânia a óbito.
Mateus, que ficou muito deprimido pelas condições degradantes do cárcere, cometeu suicídio, cortando
seus pulsos com faca adquirida irregularmente de Rodrigo, agente penitenciário, fato que poderia ter sido
evitado, portanto, se o Estado tivesse adotado precauções mínimas.
Diante das circunstâncias narradas, assinale a afirmativa correta.

A) O Estado poderia ser civilmente responsabilizado pela morte de Tânia, pois tinha o dever de evitar a
fuga de Geraldo, mas não pelo óbito de Mateus, em razão de fato exclusivo da vítima, tendo em conta a
adoção da teoria do risco administrativo.
B) Ambas as mortes acima descritas seriam passíveis de configurar a responsabilização civil do Estado,
nos termos da Constituição, que adota expressamente a teoria do risco integral, nas situações
relacionadas à segurança pública.
C) Nenhum dos óbitos narrados pode caracterizar a responsabilização civil do Estado, na medida em que
nas hipóteses de omissão do Estado deve ficar caracterizado o elemento culpa, imprescindível no âmbito
da teoria do risco administrativo.
D) O Estado poderia ser civilmente responsabilizado pela morte de Mateus, pois tinha o dever de proteger
a incolumidade física de pessoa sob sua custódia, mas não pelo óbito de Tânia, na medida em que não
há nexo de causalidade entre a fuga de Geraldo e o evento danoso.

7. Dica especial de improbidade administrativa


No dia 19/03 vamos aprofundar outros aspectos de improbidade administrativa, mas hoje
quero trazer para vocês um assunto que tem bastante chance de ser objeto da sua prova que é
acordo de não persecução cível! No passado ele já foi vedado pela Lei de Improbidade
Administrativa, mas agora é possível, desde que atendido os requisitos do artigo 17-B da LIA.
Como esse conteúdo tem caído com muita frequência nas provas de concursos da FGV
e foi objeto da 2ª fase em administrativo, existe a forte possibilidade dele ser objeto da 1ª fase!
Vamos estudá-lo por partes:

Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso concreto,


celebrar acordo de não persecução civil, desde que dele advenham, ao menos, os
seguintes resultados:
I - o integral ressarcimento do dano;

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II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que oriunda
de agentes privados.

Perceba, o ressarcimento do dano é fundamental para que haja negociação, o acordo de


não persecução cível interrompe o prazo da contestação, a interrupção pode ocorrer até 90 dias.
Esse acordo pode ser celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso da
ação de improbidade ou no momento da execução da sentença condenatória (segundo o §4º)
do artigo 17-B, bem como, em fase recursal, segundo o STJ.
Mas a celebração do acordo dependerá (conforme §1º):
• Da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou posterior à propositura
da ação;
• De aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério Público
competente para apreciar as promoções de arquivamento de inquéritos civis, se
anterior ao ajuizamento da ação;
• De homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou depois
do ajuizamento da ação de improbidade administrativa.

Importante observar que apesar do caput e §5º do artigo 17-B mencionarem a


competência do MP para celebrar o acordo, o STF entende que a pessoa jurídica lesada também
poderá celebrar o compromisso.
Por fim, se o investigado ou o demandado descumprir com o acordo ficará impedido de
celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do conhecimento pelo Ministério
Público do efetivo descumprimento.

Resolva a questão a seguir:

7) FGV – 2022 – OAB – 35° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


Em janeiro de 2022, João, na qualidade de Secretário de Educação do município Alfa, de forma culposa,
praticou ato que causou lesão ao erário municipal, na medida em que permitiu, por negligência, a
aquisição de bem consistente em material escolar por preço superior ao de mercado. O Ministério Público
ajuizou ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face de João, imputando-lhe a prática
de ato omisso e culposo que ensejou superfaturamento em prejuízo ao Município, bem como requereu a
condenação do Secretário Municipal a todas as sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
Após ser citado, João procurou você, como advogado(a), para defendê-lo. Com base na Lei nº 8.429/92
(com as alterações introduzidas pela Lei nº 14.230/21), você redigiu a contestação, alegando que,
atualmente, não mais existe ato de improbidade administrativa

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A) omissivo, pois a nova legislação exige conduta comissiva, livre e consciente do agente, caracterizada
por um atuar positivo por parte do sujeito ativo do ato de improbidade, para fins de caracterização de ato
ímprobo.
B) culposo, pois a nova legislação exige conduta dolosa para todos os tipos previstos na Lei de
Improbidade e considera dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado na lei,
não bastando a voluntariedade do agente.
C) que cause simplesmente prejuízo ao erário, pois é imprescindível que o sujeito ativo do ato de
improbidade tenha se enriquecido ilicitamente com o ato praticado, direta ou indiretamente.
D) que enseje mero dano ao erário, pois é imprescindível que o sujeito ativo do ato de improbidade tenha
também atentado contra os princípios da administração pública, direta ou indiretamente.

Aula 19/03/2024 – part. 02

1. Agentes públicos

1.1. Conceito de servidor público

Art. 2o da Lei 8.112/90. Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida
em cargo público.

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Art. 3o da Lei 8.112/90. Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades


previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

Estabilidade servidores públicos:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.

Resolva a questão a seguir:

8) FGV – 2020 – OAB – 31º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


Maria foi contratada, temporariamente, sem a realização de concurso público, para exercer o cargo de
professora substituta em entidade autárquica federal, em decorrência do grande número de professores
do quadro permanente em gozo de licença. A contratação foi objeto de prorrogação, de modo que Maria
permaneceu em exercício por mais três anos, período durante o qual recebeu muitos elogios. Em razão
disso, alunos, pais e colegas de trabalho levaram à direção da autarquia o pedido de criação de um cargo
em comissão de professora, para que Maria fosse nomeada para ocupá-lo e continuasse a ali lecionar.

A) Não é possível a criação de um cargo em comissão de professora, visto que tais cargos destinam-se
apenas às funções de direção, chefia e assessoramento.
B) É adequada a criação de um cargo em comissão para que Maria prolongue suas atividades como
professora na entidade administrativa, diante do justificado interesse público.
C) Maria tem estabilidade porque exerceu a função de professora por mais de três anos consecutivos,
tornando desnecessária a criação de um cargo em comissão para que ela continue como professora na
entidade autárquica.
D) Não é necessária a criação de um cargo em comissão para que Maria permaneça exercendo a função
de professora, porque a contratação temporária pode ser prorrogada por tempo indeterminado.

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2. Formas de provimento: concurso público


Importante o destaque a outros artigos aplicáveis aos concursos públicos: o artigo 5º,
§2º, da Lei nº 8.112, e a Lei nº 12.990/2014 dispõem sobre as reservas de vagas em concursos
públicos, disciplinando as porcentagens de vagas destinadas a pessoas com deficiência, em
atribuições compatíveis, e a pessoas negras.
Súmula importante:

Súmula nº 683 do STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se


legitima em face do art. 7º, XXX, da CF/88, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.

Reservas legais em concursos públicos:

Art. 5º, § 2o da Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o


direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições
sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

Art. 1º da Lei nº 12.990/14. Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela
União, na forma desta Lei.

Súmula importante do Superior Tribunal de Justiça:

Súmula nº 377 do STJ. O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em


concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.

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Sobre esse tema, cabe referir uma súmula super importante sobre o momento, no qual
pode ser exigida a comprovação dos requisitos para o exercício do cargo público:

Súmula nº 266 do STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser
exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.

2.1. Formas de provimento derivadas


Readaptação: conferir também o artigo 24 da Lei nº 8.112.

Art. 37, § 13 da CF: O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para
exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer
nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o
cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem.

Reversão: Lei nº 8.112/90.

Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:


I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da
aposentadoria; ou
II - no interesse da administração, desde que:
a) tenha solicitado a reversão;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;
e) haja cargo vago.
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação.

Reintegração: ver também artigo 41, §2º da Constituição Federal.

Art. 28 da Lei nº 8.112/90. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no


cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando
invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de
todas as vantagens.
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, observado
o disposto nos arts. 30 e 31.
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo
de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em
disponibilidade.

Recondução:

Art. 29 da Lei nº 8.112/90. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo


anteriormente ocupado e decorrerá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante.

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Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado


em outro, observado o disposto no art. 30.

Resolva a questão a seguir:

9) FGV – 2018 – OAB – 36º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase


Maria foi aprovada em concurso para o cargo de analista judiciário do Tribunal Regional Federal da 2ª
Região, mas, após ter adquirido a estabilidade, foi demitida sem a observância das normas relativas ao
processo administrativo disciplinar. Em razão disso, Maria ajuizou ação anulatória do ato demissional, na
qual obteve êxito por meio de decisão jurisdicional transitada em julgado. Nesse interregno, contudo,
Alfredo, também regularmente aprovado em concurso e estável, foi promovido e passou a ocupar o cargo
que era de Maria.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) A invalidação do ato demissional de Maria não poderá importar na sua reintegração ao cargo anterior,
considerando que está ocupado por Alfredo.
B) Maria, em razão de ter adquirido a estabilidade, independentemente da existência e necessidade do
cargo que ocupava, deverá ser posta em disponibilidade.
C) Maria deverá ser readaptada em cargo superior ao que ocupava anteriormente, diante da ilicitude de
seu ato demissional.
D) Em decorrência da invalidade do ato demissional, Maria deve ser reintegrada ao cargo que ocupava e
Alfredo deverá ser reconduzido para o cargo de origem.

3. Processo administrativo disciplinar

Veja o quadro comparativo na página a seguir...

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Resolva a questão a seguir:

10) FGV – 2019 – OAB – 28º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
Sávio, servidor público federal, frustrado com a ineficiência da repartição em que trabalha, passou a faltar
ao serviço. A Administração Pública, após constatar que Sávio acumulou sessenta dias de ausência nos
últimos doze meses, instaurou processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do referido
servidor.

A) O processo administrativo disciplinar será submetido a um procedimento sumário, mais simples e


célere, composto pelas fases da instauração, da instrução sumária - que compreende a indiciação, a
defesa e o relatório - e do julgamento.
B) A inassiduidade habitual configura hipótese de demissão do serviço público, ficando Sávio impedido
de nova investidura em cargo público federal pelo prazo de cinco anos, a contar do julgamento.
C) Na hipótese de ser imputada a pena de demissão a Sávio, é lícito à Administração Pública exigir
depósito de dinheiro como requisito de admissibilidade do recurso administrativo, até mesmo como forma
de ressarcir os custos adicionais que o poder público terá com o processamento do apelo.
D) A falta de advogado constituído por Sávio no processo administrativo é causa de nulidade, tendo em
vista que a ausência de defesa técnica prejudica o exercício da ampla defesa por parte do servidor
arrolado.

4. Poder de polícia

Art. 78 do CTN. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,


limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interessepúblico concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e domercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

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Características/atributos:

Atenção: poder de polícia é delegável?


Em regra, não, a exceção é no que se refere a atos materiais:
• Normatizar e sancionar: não cabe;
• Consentir (licença, alvará, autorização) e fiscalizar: cabe.

Tese de repercussão geral STF: é constitucional a delegação do poder de polícia, por


meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta
de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de
atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.

Resolva a questão a seguir:

11) FGV – 2019 – OAB – 30º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
Após comprar um terreno, Roberto iniciou a construção de sua casa, sem prévia licença, avançando para
além dos limites de sua propriedade e ocupando parcialmente a via pública, inclusive com possibilidade
de desabamento de parte da obra e risco à integridade dos pedestres.
No regular exercício da fiscalização da ocupação do solo urbano, o poder público municipal, observadas
as formalidades legais, valendo-se da prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza-o a
restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade privada em favor do interesse da coletividade,
determinou que Roberto demolisse a parte irregular da obra.
O poder administrativo que fundamentou a determinação do Município é o poder:

A) de hierarquia, e, pelo seu atributo da coercibilidade, o particular é obrigado a obedecer às ordens


emanadas pelos agentes públicos, que estão em nível de superioridade hierárquica e podem usar meios
indiretos de coerção para fazer valer a supremacia do interesse público sobre o privado.
B) disciplinar, e o particular está sujeito às sanções impostas pela Administração Pública, em razão do
atributo da imperatividade, desde que haja a prévia e imprescindível chancela por parte do Poder
Judiciário.

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C) regulamentar, e os agentes públicos estão autorizados a realizar atos concretos para aplicar a lei,
ainda que tenham que se valer do atributo da autoexecutoriedade, a fim de concretizar suas
determinações, independentemente de prévia ordem judicial.
D) de polícia, e a fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, por meio do qual os agentes
públicos procuram impedir um dano social, e um repressivo, que, face à transgressão da norma de polícia,
redunda na aplicação de uma sanção.

5. Lei anticorrupção
Aplicabilidade da Lei anticorrupção (Lei nº 12.846):

Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. *Não
possui natureza penal
Art. 3º. A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de
seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou
partícipe do ato ilícito.

Responsabilidades:
a) Objetiva (não há necessidade de comprovar dolo ou culpa): para a pessoa jurídica.
Basta a prática da conduta ou omissão; nexo de causalidade e resultado.
b) Subjetiva: para os dirigentes e administradores.

§ 2º. Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos


na medida da sua culpabilidade. (Responsabilidade subjetiva).

Resolva a questão a seguir:

12) FGV – 2021 – OAB – 33º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
A sociedade empresária Espertinha praticou atos de corrupção contra determinada organização pública
internacional, mediante oferecimento de suborno para a obtenção de vantagens indevidas. Em razão
disso, a Controladoria Geral da União (CGU) instaurou procedimento administrativo para apurar a
responsabilização administrativa de tal sociedade.
Considerando o disposto na Lei nº 12.846/13 (Lei Anticorrupção), assinale a afirmativa correta.

A) Não é possível a responsabilização administrativa da sociedade empresária Espertinha por atos de


corrupção praticados contra organização pública internacional.
B) A responsabilização administrativa pela CGU não necessita da caracterização do elemento subjetivo
na conduta da sociedade empresária Espertinha, pois tal responsabilidade é objetiva.
C) A aplicação de penalidades administrativas pela CGU depende da responsabilização individual de
pessoa natural, na figura de sócio ou dirigente da sociedade empresária Espertinha.
D) O processo administrativo instaurado pela CGU poderá resultar na aplicação das penalidades de multa
e de dissolução compulsória da sociedade empresária Espertinha.

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6. Desapropriação
6.1. Aspectos gerais
O ente público determina a retirada de bem privado do seu proprietário, para que esse
faça parte do patrimônio público, sempre embasado nas necessidades coletivas, mediante o
pagamento de indenização, previamente definida, de forma justa ao proprietário.
É forma originária de aquisição da propriedade.

6.1.1. Objeto da desapropriação


Poderá recair sobre todos os bens de valor econômico sejam eles móveis ou imóveis,
corpóreos ou incorpóreos, privados e até mesmo públicos conforme dicção do art. 2º, § 2º, do
Decreto-lei 3.365/41.

6.1.2. Pressupostos da desapropriação (XXIV, art. 5°, da CF/88)


A ausência qualquer pressuposto enseja na nulidade do ato de desapropriação.
Interesse público: se manifesta por meio de demonstração de utilidade ou necessidade
pública e ainda por razões de interesse social.
Pagamento da indenização: que deve, como regra, ser prévia à imissão na posse, justa e
em dinheiro.

6.2. Desaropriação comum


Depende da existência de uma situação de utilidade ou necessidade pública, ou, ainda,
da demonstração de uma hipótese de interesse social (XXIV, do art. 5°, CF/88) Precedida de
pagamento de valor indenizatório prévio, justo e em dinheiro.

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6.3. Desapropriação especial urbana


Deverá atender as exigências definidas no Plano Diretor da cidade, de forma a atender à
sua função social (art. 182, da CF/88). Se não for cumprida a função social prevista no plano
diretor da cidade, algumas restrições serão instituídas pelo poder público municipal.

6.4. Desapropriação especial rural


Caso o proprietário não cumpra a função social do imóvel rural, compete à União
desapropriar por interesse social, para fins de Reforma Agrária, o referido imóvel, mediante
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja
utilização será definida em lei.
É necessário um decreto declarando o imóvel como de interesse social.
A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando
simultaneamente favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam,
assim como de suas famílias, mantém níveis satisfatórios de produtividade, assegura a
conservação dos recursos naturais e observa as disposições legais que regulam as justas
relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem (art. 186, da CF/88).

• Terrenos produtivos, mesmo sem função social;


Não podem ser expropriados (art.
• A pequena e média propriedade rural, desde que o
185, CF/88)
proprietário não possua outra.

6.5. Desapropriação confisco


Desapropriação específica, que, a lei não prevê o pagamento de qualquer espécie de
indenização.

O poder público deverá revertê-los a


Bens móveis Utilizados para o tráfico de drogas. fundos especiais de natureza
específica.

Utilizados para a plantação de


Serão destinados à reforma agrária e
Bens imóveis psicotrópicos ilícitos e para a
a programas de habitação popular.
exploração de trabalho escravo.

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Atenção! O STF entende que todo o terreno será desapropriado, ainda que a plantação
se restrinja a uma parcela da propriedade.

6.6. Procedimento da desapropriação


Não sendo possível solucionar o problema administrativamente, a lei determina que seja
realizado o procedimento na via judicial. O procedimento poderá se desenvolver integralmente
na via administrativa, desde que haja consenso em relação ao valor indenizatório. Caso contrário,
a fase executória ocorre na via judicial.
Fase declaratória: aqui o Poder Público informa que o bem apontado atende às
necessidades públicas, definindo qual a finalidade que será dada à propriedade, após sua
aquisição pelo ente estatal.

• Por meio de Decreto Expropriatório editado;


• Pelo chefe do Poder Executivo conforme art. 6º, do Decreto Lei nº 3.365/41;
Pode ocorrer
• Mediante a edição de lei de efeitos concretos realizada;
• Por ato do Poder Legislativo.

Aqui o bem continua da propriedade do particular, mas com algumas restrições e sujeito
à força expropriatória do Estado.
Ato sujeito ao controle judicial e administrativo e com natureza de ato discricionário.
Fase executória: executar ou promover a desapropriação é pagar o valor da indenização,
previamente fixado, efetivando a imissão do poder público na posse do bem.

• Acordo entre o Poder Público e o proprietário quanto ao valor da


indenização;
• Sem a necessidade de homologação pelo Poder Judiciário;
Via • Indenização em dinheiro;
administrativa • Consoante disposto no art. 34-A, §1º do Decreto Lei nº 3.365/41, a
concordância prévia do particular em relação ao valor da indenização não
impede que, posteriormente, possa requerer em juízo valores para
complementar o preço anterior.

• Não há acordo em relação ao quantum indenizatório, ou se o ente


Via judicial expropriante não souber quem ostenta a qualidade de proprietário do bem;
• Ocorre por meio da Ação de Desapropriação proposta pelo Poder Público.

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6.6.1. Competência para desapropriar

• Exclusiva da União (art. 22, II, da CF/88);


Legislativa • Lei complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre questões
específicas.

• A atribuição para declarar a utilidade ou necessidade pública e o interesse


social dos bens privados para fins de desapropriação será, concorrente, de
Declaratória todos os entes federativos;
• Não se admite que determinado estado da federação desaproprie bem privado
situado em outro estado.

Resolva a questão a seguir:

13) FGV – 2017 – OAB – 23º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
O Estado “X” pretende fazer uma reforma administrativa para cortar gastos. Com esse intuito, espera
concentrar diversas secretarias estaduais em um mesmo prédio, mas não dispõe de um imóvel com a
área necessária. Após várias reuniões com a equipe de governo, o governador decidiu desapropriar, por
utilidade pública, um enorme terreno de propriedade da União para construir o edifício desejado.
Sobre a questão apresentada, assinale a afirmativa correta.

A) A União pode desapropriar imóveis dos Estados, atendidos os requisitos previstos em lei, mas os
Estados não podem desapropriar imóveis da União.
B) Para que haja a desapropriação pelo Estado “X”, é imprescindível que este ente federado demonstre,
em ação judicial, estar presente o interesse público.
C) A desapropriação é possível, mas deve ser precedida de autorização legislativa dada pela Assembleia
Legislativa.
D) A desapropriação é possível, mas deve ser precedida de autorização legislativa dada pelo Congresso
Nacional.

7. Inexigibilidade de licitação
Sempre que a competição for impossível, a licitação será inexigível.
As hipóteses dispostas na lei não são taxativas, mas meramente exemplificativas. Mesmo
que a circunstância não esteja disposta expressamente no texto legal, a licitação será inexigível
quando for inviável a realização de competição entre interessados.
Vejamos as hipóteses previstas no art. 74, da Lei 14.133/21, literis:

I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de serviços que


só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos;
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública;
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização,
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação:

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a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos;


b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e
laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do
meio ambiente e demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste
inciso;
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento;
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização
tornem necessária sua escolha.

É VEDADA inexigibilidade de licitação para serviços de divulgação e serviços de


publicidade.

8. Alteração unilateral do contrato administrativo


A alteração unilateral do contrato administrativo é possível quando houver modificação do
projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos e quando
necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto.
A administração não pode alterar o objeto do contrato, porque seria burla à licitação.

Alteração qualitativa (o projeto originalmente apresentado pelo


Alteração de projeto
Estado não atende mais aos fins desejados pela Administração).
Alteração quantitativa (atinente ao valor da contratação).
Atenção! Alteração unilateral – até 25% – acréscimos ou
Alteração atinente ao
supressões.
valor
Exceção – contratos de reforma de equipamentos ou de edifícios –
até 50% para acréscimos – até 25% para supressões.

Atenção! A alteração no projeto originário não pode ensejar um aumento de custo


superior a 25% do valor originário do contrato, com a ressalva de 50% quando se tratar de
contratação de reforma (TCU, decisão nº 215/1999).
A margem de lucro inicialmente contratada jamais poderá ser alterada pela
Administração Pública de forma unilateral.
A alteração deve decorrer de interesse público superveniente devidamente justificado.

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9. Organização da administração pública

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Atenção: como já foi cobrado diversas vezes pela banca, é muito importante o estudo da
lei das Estatais, dos consórcios públicos e das principais características das Agências
Reguladoras, então vou indicar alguns artigos para leitura de tema de casa:
• Lei nº 13.303/2016: artigos 3º, 4º e 5º;
• Lei nº 9.986/2000: artigos 4º, 6º, 8º, 8º-A, 8º-B, e 9º;
• Lei nº 13.848/2019: artigos 3º, 7º, 8º, 9º e 34 da Lei nº 13.848/19;
• Lei nº 11.107/2005: artigos 1º, 2º, 4º, 6º, 8º e 11.

Resolva a questão a seguir:

14) FGV – 2022 – OAB – 36° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
A Agência Reguladora federal Alfa, criada no ano corrente, tem a intenção de formalizar um acordo de
cooperação com a Agência Reguladora estadual Beta. O acordo visa à descentralização das atividades
normativas, fiscalizatórias, sancionatórias e arbitrais, com o intuito de conferir maior eficiência à atuação
das duas entidades.
Nesse contexto, à luz do disposto na CRFB/88 e na Lei nº 13.848/18, assinale a afirmativa correta.

A) O acordo de cooperação poderia ter por objeto a delegação de competência normativa da Agência
Alfa.
B) A execução da fiscalização do objeto da delegação pela Agência Beta, por ser estadual, não precisa
observar as normas federais pertinentes.
C) A execução de competência delegada pelo acordo de cooperação à Agência Beta independe do
acompanhamento e da avaliação pela Agência Alfa.
D) A Agência Alfa, havendo delegação de competência, permanecerá como instância superior e recursal
das decisões tomadas no exercício da competência delegada à Agência Beta.

10. Responsabilidade civil do Estado


10.1. Teoria do risco administrativo: responsabilidade objetiva

Resolva a questão a seguir:

15) FGV – 2023 – OAB – 37° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
Márcio é policial militar do Estado Ômega e, ao longo de suas férias, em movimentada praia no litoral do
Estado Alfa, durante festa em que se encontrava à paisana, envolveu-se em uma briga, durante a qual
sacou a arma da corporação, que sempre portava, e desferiu tiros contra Bernardo, que veio a óbito
imediato. Mirtes, mãe de Bernardo, pretende ajuizar ação indenizatória em decorrência de tal evento.
Sobre a situação narrada, assinale a afirmativa correta.

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A) A ação indenizatória não poderá ser ajuizada em face do Estado Ômega, na medida em que o fato
ocorreu no território do Estado Alfa.
B) A ação deverá ser ajuizada em face da União, que é competente para promover a segurança pública.
C) Há legitimidade passiva do Estado Ômega, considerando que Márcio tinha a posse de uma arma da
corporação, em decorrência da qualidade de agente público.
D) O Estado Ômega deve responder civilmente pela conduta de Márcio, já que o ordenamento jurídico
pátrio adotou a teoria do risco integral.

11. Improbidade administrativa


O ato de improbidade é conduta dolosa e ilegal cometida por um agente público, o qual
deve ser responsabilizado com sancionamento adequado à gravidade do fato. Se a conduta foi
praticada junto com o particular, a ação de improbidade administrativa deve ser ajuizada contra
o agente público e o particular (art. 2º e 3º da Lei nº 8.429/92). Cuidado, segundo o
entendimento do STJ, a ação de improbidade não poderá ser ajuizada somente contra o
particular.
Tanto o Ministério Público (art. 17, da Lei nº 8.429/92), quanto a pessoa jurídica lesada
(entendimento do STF) são legitimados para propor a ação que visa a responsabilização
daqueles que cometem atos ímprobos. A ação de improbidade não impede a responsabilização
do agente em outras esferas (administrativa e penal).
Veja na tabela abaixo, resumidamente, quais são os atos ímprobos e suas respectivas
sanções (artigos 9º, 10, 11 e 12, da Lei nº 8.429/92):

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Prescrição: tema sensível e que sofreu diversas alterações com as Lei nº 14.230/2021.
Se antes o prazo de prescrição era (basicamente) de cinco anos, agora o prazo é de 8 anos para
prescrição. O objetivo da prescrição é dar estabilidade às relações jurídicas.
Nos parágrafos do artigo 23 da Lei de Improbidade Administrativa há previsões de
suspensão e interrupção de prazo prescricional. Uma novidade na nova redação da Lei de
Improbidade Administrativa é que, agora, haverá possibilidade da chamada prescrição
intercorrente no prazo de 4 anos, ou seja, prescrição que ocorre no decorrer do processo judicial:
“§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela metade
do prazo previsto no caput deste artigo”.
Atenção: o artigo 16 trata sobre a possibilidade de indisponibilidade de bens, não deixe
de estudar esse artigo, pois o assunto está em alta. Assim como o acordo de não persecussão
cível, conforme o artigo 17-B!

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Resolva a questão a seguir:

16) FGV – 2022 – OAB – 36° Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
Na semana passada, o Ministério Público ajuizou ação em desfavor de Odorico, prefeito do Município
Delta, em decorrência da prática de ato doloso de improbidade que causou enriquecimento ilícito. Após
os devidos trâmites processuais, o Juízo de primeiro grau verificou a configuração dos elementos
caracterizadores da improbidade, incluindo o dolo específico, razão pela qual aplicou as penalidades
cominadas na legislação.
Sobre as penalidades aplicadas ao prefeito Odorico, assinale a afirmativa correta.

A) É cabível a execução provisória da penalidade de perda da função pública, com seu imediato
afastamento do cargo.
B) Poderia ser aplicada a penalidade de suspensão de direitos políticos por prazo superior a quinze anos,
em razão da presença de dolo específico.
C) O Juízo de primeiro grau não poderia cumular as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de
proibição de contratar com a Administração, sob pena de bis in idem.
D) O Juízo de primeiro grau poderia cumular a determinação de ressarcimento integral ao erário com a
aplicação da penalidade de multa equivalente ao valor do acréscimo patrimonial.

12. Controle da administração pública


O controle é o instrumento jurídico de fiscalização sobre a atuação dos agentes, órgãos e
entidades da Administração Pública.

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No controle externo realizado pelo Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas,
tenha cuidado com o artigo 71 da Constituição Federação, especificamente com inciso III:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório.

Resolva a questão a seguir:

17) FGV – 2022 – OAB – 36º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
Túlio era servidor público federal e falsificou documentos para, de má fé, obter a sua aposentadoria por
tempo de contribuição junto ao Regime Próprio de Previdência Social – RPPS. Por não ter sido verificado
o problema dos documentos, o pedido foi deferido pelo órgão competente de origem e, pouco depois,
registrado perante o Tribunal de Contas da União – TCU, que não verificou o embuste e não conferiu
oportunidade de manifestação para Túlio. Ocorre que, seis anos após o aludido registro, a Corte de
Contas tomou conhecimento do ardil de Túlio e da nulidade dos documentos apresentados, razão pela
qual instaurou processo administrativo para fins de anular o registro promovido em dissonância com o
ordenamento jurídico. Diante dessa situação hipotética, aponte a assertiva correta.

A) A conduta do TCU foi irregular, na medida em que a aposentadoria de Túlio é ato administrativo
simples, que não deveria ter sido submetido a registro perante a Corte de Contas.
B) O exercício da autotutela, para fins de anular a aposentadoria de Túlio, não está fulminado pela
decadência, diante de sua má-fé.
C) O registro da aposentadoria de Túlio foi irregular, pois dependia da garantia da ampla defesa e
contraditório perante o TCU.
D) A anulação da aposentadoria não é mais viável, considerando que transcorrido o prazo prescricional
de cinco anos para o exercício da pretensão.

13. Bens públicos


13.1. Classificação

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Essas classificações estão no artigo 99 do Código Civil, aliás, nos seus estudos vale a
leitura do artigo 98 ao 103 do CC!

13.2. Características
Inalienabilidade: significa que bens públicos não podem ser vendidos livremente, mas
essa regra não é absoluta! Os bens de uso especial e os bens de uso comum são inalienáveis
(são bens fora do comércio), essa é a regra.
Impenhorabilidade: os bens públicos não podem ser objeto de uma constrição judicial,
de uma execução. Não poder ser objeto de garantia.
Imprescritibilidade: trata-se da prescrição aquisitivas (usucapião). Nesse sentido, os
bens públicos não podem ser adquiridos pela posse mansa e pacífica por determinado espaço
de tempo continuado, nos moldes da legislação civil.
Importante salientar que a imprescritibilidade atinge inclusive os bens não afetados, não
sendo estes, também, passíveis de usucapião (art. 183, §3º e 191, parágrafo único, ambos da
Constituição Federal).
Não onerabilidade: os bens públicos não podem ser objetos de direito real de garantia,
ou seja, não fica sujeito à instituição de penhor, anticrese ou hipoteca para garantir débitos do
ente estatal.

Resolva a questão a seguir:

18) FGV – 2021 – OAB – 33º Exame de Ordem Unificado – Primeira Fase
Há muitos anos, Bruno invadiu sorrateiramente uma terra devoluta indispensável à defesa de fronteira,
que já havia sido devidamente discriminada. Como não houve oposição, Bruno construiu uma casa, na
qual passou a residir com sua família, além de usar o terreno subjacente para a agricultura de
subsistência. A União, muitos anos depois do início da utilização do bem por Bruno, promoveu a sua
notificação para desocupar o imóvel, em decorrência de sua finalidade de interesse público.
Na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Bruno, assinale a afirmativa correta.

A) Bruno terá que desocupar o bem em questão e não terá direito à indenização pelas acessões e
benfeitorias realizadas, pois era mero detentor do bem da União.
B) A União não poderia ter notificado Bruno para desocupar bem que não lhe pertence, na medida em
que todas as terras devolutas são de propriedade dos estados em que se situam.
C) Bruno pode invocar o direito fundamental à moradia para reter o bem em questão, até que a União
efetue o pagamento pelas acessões e benfeitorias realizadas.
D) Caso Bruno preencha os requisitos da usucapião extraordinária, não precisará desocupar o imóvel da
União.

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Gabaritos das questões:

1–D 2–D 3–C 4–C 5–C 6–D 7–B

8–A 9–D 10 – A 11 – D 12 – B 13 – A 14 – D

15 – C 16 – D 17 – B 18 – A

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