O documento é um recurso contra uma multa de trânsito. O autor alega que a notificação da infração ocorreu fora do prazo de 30 dias previsto em lei, portanto a penalidade deve ser anulada. Ele cita jurisprudência do STJ que determina a decadência do direito de punir do Estado caso o infrator não seja notificado dentro desse prazo.
O documento é um recurso contra uma multa de trânsito. O autor alega que a notificação da infração ocorreu fora do prazo de 30 dias previsto em lei, portanto a penalidade deve ser anulada. Ele cita jurisprudência do STJ que determina a decadência do direito de punir do Estado caso o infrator não seja notificado dentro desse prazo.
O documento é um recurso contra uma multa de trânsito. O autor alega que a notificação da infração ocorreu fora do prazo de 30 dias previsto em lei, portanto a penalidade deve ser anulada. Ele cita jurisprudência do STJ que determina a decadência do direito de punir do Estado caso o infrator não seja notificado dentro desse prazo.
ILUSTRÍSSIMO (A) SENHOR (A) PRESIDENTE (A) DO DEPARTAMENTO DE
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT)
Eu, nome, estado civil, profissã o, inscrito junto ao Ministério da Fazenda com o CPF nº: xxxx, portador do RG nº xxxxx, domiciliado e residente à xxxxx venho respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, com fundamento na Lei nº 9.503/97, interpor o presente Recurso contra a aplicação de penalidade por suposta infração de trânsito (E030415496), conforme notificaçã o anexa, o que faz da seguinte forma. De acordo com mencionada notificaçã o, o veículo de minha propriedade, um veículo automotor modelo, placa, etc, excedeu o limite de velocidade da via em que transitava a data de 20 de novembro de 2016, às 16hs e 24 minutos. Desta suposta infraçã o foi lavrado o auto de infraçã o nú mero E030415496, o que me fora entregue por meio dos correios em abril de 2017, ou seja, 5 (cinco) meses, cerca de 150 (Cento e cinquenta) dias depois do suposto cometimento da infraçã o. Tal data pode ser auferida por meio de checagem de AR de entrega, uma vez que nã o foi me disponibilizada uma via do comprovante de entrega. Eximindo-se de dever legal, portanto, o Auto de Infraçã o nã o obedeceu a todos os elementos obrigató rios previstos no artigo no Có digo de Trâ nsito Brasileiro, particularmente aquele relativo ao que estipula um prazo de 30 dias para a notificaçã o do suposto condutor do veículo automotor. O ó rgã o executivo de trâ nsito possui o prazo de 30 dias, contados da data do cometimento da infraçã o, para entregar a notificaçã o da autuaçã o ao infrator, e nã o para entregá -la na empresa responsá vel por seu envio como firmado por Jurisprudência do nosso maior Tribunal de Justiça do País, o Superior Tribunal de Justiça. Vale lembrar que o Có digo de Trâ nsito Brasileiro foi instituído pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, com o objetivo de modernizar a legislaçã o de trâ nsito do Brasil, em razã o dos elevados níveis estatísticos de acidentes do país, além da frequente transgressã o das normas de circulaçã o pela sociedade. O Có digo surgiu, sobretudo, para aumentar a segurança do trâ nsito e promover a educaçã o para o trâ nsito, porém nã o podemos olvidar da segurança jurídica que pode ocorrer se tal diploma nã o respeitar seus pró prios ritos. No seu Capítulo XVIII, o Có digo de Trâ nsito Brasileiro regulamentou, em poucos artigos, o processo administrativo destinado à imposiçã o da multa de trâ nsito ao infrator. Entre esses há o artigo que trata do prazo de 30 (trinta) dias para notificaçõ es, previsto no artigo 281, pará grafo ú nico, inciso II, do diploma legal, cuja transcriçã o é oportuna. Vejamos: Art. 281. A autoridade de trâ nsito, na esfera da competência estabelecida neste Có digo e dentro de sua circunscriçã o, julgará a consistência do auto de infraçã o e aplicará a penalidade cabível. Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente: I - se considerado inconsistente ou irregular; II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação. (Redaçã o dada pela Lei nº 9.602, de 1998) (grifamos) De acordo com o dispositivo acima transcrito, o auto de infraçã o será arquivado e seu registro julgado insubsistente se, no prazo má ximo de trinta dias, nã o for o suposto condutor da autuaçã o. Por outros termos, a lei instituiu um prazo decadencial de 30 (trinta) dias para a autoridade de trâ nsito notificar o infrator. Cumpre ressaltar, no entanto, que o Có digo de Trâ nsito Brasileiro prevê uma primeira notificaçã o de autuaçã o, para apresentaçã o de defesa (art. 280), e uma segunda notificaçã o, posteriormente, informando do prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sançã o aplicada (art. 281). Isto é, depois da lavratura do auto de infraçã o, é entregue a primeira notificaçã o ao suposto infrator (pelo agente de trâ nsito ou mediante comunicaçã o documental), para apresentaçã o de defesa. Ultrapassada essa fase e concluindo-se pela imputaçã o da sançã o, nova notificaçã o deve ser expedida para satisfaçã o da contraprestaçã o ao cometimento do ilícito administrativo ou oferecimento de recurso. A primeira notificaçã o (da autuaçã o) deve ser entregue no prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 281, pará grafo ú nico, inciso II, do CTB. O dever de comunicar em tã o pouco tempo a instauraçã o do processo administrativo visando à apuraçã o da infraçã o de trâ nsito, assim como toda regra decadencial, tem como finalidade primordial conferir segurança jurídica aos supostos infratores. Com efeito, a demora é fator de insegurança para os indivíduos que, porventura, nã o tenham transgredido a lei e precisem demonstrá -lo no â mbito do processo administrativo. Quanto mais tempo se passar do dia do cometimento da infraçã o, mais difícil será para o suposto infrator sustentar sua defesa. Nei Pires Mitidiero, ao comentar o art. 281 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, leciona: O prazo de que trata o inciso II do pará grafo ú nico do art. 281, CTB é decadencial, porquanto apanha o direito de notificar da autuaçã o da Administraçã o Pú blica, com o que, sú bito, inviabiliza igualmente o seu direito de punir (uma vez que se inadmite, dentro do ordenamento pá trio, julgar sem prévia oitiva do acusado). De conseguinte, desconhece causas interruptivas e suspensivas e o seu termo final consome o direito, banindo-o do mundo jurídico. A melhor, mais coerente e justa interpretação a ser oferecida ao inciso II do parágrafo único do artigo 281 do Código de Trânsito Brasileiro é a de que a autoridade de trânsito tem o prazo de 30 (trinta) dias para a notificação do infrator e não para a entrega da notificação no correio. Afinal, não seria coerente interpretar a norma criada para beneficiar o acusado de cometer a infração em seu prejuízo. Neste sentido, a Primeira Seçã o do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial nº 1.092.154/RS, submetido ao regime dos recursos repetitivos, concluiu nos seguintes termos: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉ RSIA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃ O STJ N.º 08/2008. AUTO DE INFRAÇÃ O. NOTIFICAÇÃ O. PRAZO. ART. 281, PARÁ GRAFO Ú NICO, II, DO CTB. NULIDADE. RENOVAÇÃ O DE PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. HONORÁ RIOS. SÚ MULA 7/STJ. 1. O Có digo de Trâ nsito Brasileiro (Lei 9.503/97) prevê uma primeira notificaçã o de autuaçã o, para apresentaçã o de defesa (art. 280), e uma segunda notificaçã o, posteriormente, informando do prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sançã o aplicada (art. 281). 2. A sançã o é ilegal, por cerceamento de defesa, quando inobservados os prazos estabelecidos. 3. O art. 281, pará grafo ú nico, II, do CTB prevê que será arquivado o auto de infraçã o e julgado insubsistente o respectivo registro se nã o for expedida a notificaçã o da autuaçã o dentro de 30 dias. Por isso, não havendo a notificação do infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do Estado, não havendo que se falar em reinício do procedimento administrativo. 4. Descabe a aplicaçã o analó gica dos arts. 219 e 220 do CPC para admitir seja renovada a notificaçã o, no prazo de trinta dias do trâ nsito em julgado da decisã o que anulou parcialmente o procedimento administrativo. 5. O exame da alegada violaçã o do art. 20, § 4º, do CPC esbarra no ó bice sumular n.º 07/STJ, já que os honorá rios de R$ 500,00 nã o se mostram irrisó rios para causas dessa natureza, em que se discute multa de trâ nsito, de modo a nã o poder ser revisado em recurso especial. Ressaltou o acó rdã o recorrido esse montante remunera "dignamente os procuradores, tendo em vista a repetividade da matéria debatida e sua pouca complexidade". 6. Recurso especial conhecido em parte e provido. Acó rdã o sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resoluçã o STJ n.º 08/2008. (RESP 200802146804, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃ O, DJE DATA:31/08/2009.) (grifamos) Pela redaçã o da ementa transcrita, vê-se que o Superior Tribunal de Justiça, concebido para ser o uniformizador da interpretaçã o da legislaçã o federal, enuncia que nã o sendo notificado o infrator para defesa dentro do prazo de 30 (trinta) dias, previsto no inciso II do pará grafo ú nico do artigo 281 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, opera-se a decadência do direito de punir do Estado. Assim, para o STJ, a autoridade de trâ nsito tem o prazo de 30 (trinta) dias para a notificaçã o do infrator e nã o para a entrega da notificaçã o na empresa responsá vel por seu envio. Neste pé, no â mbito jurisprudencial, portanto, há que se observar que o Superior Tribunal de Justiça já resolveu a questã o, ao afirmar expressamente em vá rios julgados, dentre os quais o referente ao Recurso Especial nº 1.092.154/RS, submetido ao regime dos recursos repetitivos, que a ausência de notificaçã o do infrator no prazo má ximo de 30 (trinta) dias da infraçã o, implica na decadência do direito de punir do Estado. Nesse mesmo sentido, o recente aresto do STJ: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AUTO DE INFRAÇÃ O. NOTIFICAÇÃ O. PRAZO. ART. 281, PARÁ GRAFO Ú NICO, II, DO CTB. NULIDADE. RENOVAÇÃ O DE PRAZO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DECADÊ NCIA. IMPOSSIBILIDADE. HONORÁ RIOS. SÚ MULA 7/STJ. RESTITUIÇÃ O DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS. POSSIBILIDADE. 1. O Có digo de Trâ nsito Brasileiro (Lei 9.503/97) prevê uma primeira notificaçã o de autuaçã o, para apresentaçã o de defesa (art. 280), e uma segunda notificaçã o, posteriormente, informando do prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sançã o aplicada (art. 281). 2. A sanção é ilegal, por cerceamento de defesa, quando inobservados os prazos estabelecidos. 3. O art. 281, pará grafo ú nico, II, do CTB prevê que será arquivado o auto de infraçã o e julgado insubsistente o respectivo registro se nã o for expedida a notificaçã o da autuaçã o dentro de 30 dias. Por isso, não havendo a notificação do infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do Estado, não havendo que se falar em reinício do procedimento administrativo.4. Descabe a aplicaçã o analó gica dos arts. 219 e 220 do CPC para admitir seja renovada a notificaçã o, no prazo de trinta dias do trâ nsito em julgado da decisã o que anulou parcialmente o procedimento administrativo. 5. A presente controvérsia teve soluçã o quando do julgamento do Recurso Especial 1.092.154/RS, de relatoria do Ministro Castro Meira, submetido ao regime dos recurso repetitivos. 6. O pagamento da multa imposta pela autoridade de trâ nsito nã o configura aceitaçã o da penalidade, nem convalida eventual vício existente no ato administrativo, uma vez que o pró prio Có digo de Trâ nsito Brasileiro exige o seu pagamento para a interposiçã o de recurso administrativo (art. 288) e prevê a devoluçã o do valor no caso de ser julgada improcedente a penalidade (art. 286, § 2º) 7. Esta Corte tem decidido que, uma vez declarada a ilegalidade do procedimento de aplicaçã o da penalidade, devem ser devolvidos os valores pagos, relativamente aos autos de infraçã o emitidos em desacordo com a legislaçã o de regência. Precedentes. 8. Conforme se depreende da aná lise do julgado (fls. 660/663), assiste razã o aos recorrentes em relaçã o aos autos de infraçã o de trâ nsito lavrados em flagrante (ns. 311534B, 311903B, 214066B2 e 504813), pois nã o foi respeitado o prazo para a defesa prévia imposto pela norma legal. 9. Recurso especial provido.(RESP 200700680243, MAURO CAMPBELL MARQUES, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:08/02/2011.) (g. N.) Desta forma, em que pese entendimentos contrá rios propugnados pela doutrina, depreende-se que a controvérsia, ao menos em â mbito jurisprudencial, encontra-se dirimida atualmente pelo Tribunal uniformizador da interpretaçã o da legislaçã o federal brasileira, no sentido de que o ó rgã o executivo de trâ nsito possui o prazo de 30 (trinta) dias contados da data do cometimento da infraçã o para entregar a notificaçã o da autuaçã o ao infrator e nã o para entregá -la na empresa responsá vel por seu envio. Logo, caracterizado insaná vel vício formal, cumpre seja o Auto de Infraçã o anulado, procedendo-se, quanto ao mais, nos termos do artigo 285 e seguintes, aplicá veis, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro. Noutro viés, caso esse ilustre nã o entenda pela procedência do pleito segundo a argumentaçã o acima, pugna este pela procedência do pleito de cancelamento da multa segundo a falta de risco à terceiros e falta de precisã o de instrumentos analó gico (como o caso do medidor de velocidade de motocicletas). A velocidade aferida por equipamento eletrô nico foi de 70 Km/h, sendo considerada como velocidade 63 Km/h, enquanto a má xima permitida para o local é de 60 Km/h, porém, nã o há prova irrefutá vel da presumida transgressã o à norma de trâ nsito, tampouco se o aparelho atende as especificaçõ es mínimas exigidas por lei. Verifica-se a necessidade do infrator ser informado sobre todos os elementos plausíveis para analisar a regularidade e legalidade da infraçã o que lhe foi imposta, o que foi sonegado. Frise-se que no local nã o havia nenhuma sinalizaçã o indicativa dando conta de fiscalizaçã o eletrô nica, situaçã o que contraria os princípios fundamentais do direito. Mesmo assim, nã o prevalece a multa, eis que a notificaçã o nã o se ateve ao dispositivo legal correspondente. Veja-se que no bojo da notificaçã o consta a velocidade permitida, a aferida e a considerada. Considerando-se a margem de erro (- 7 km/h) tem-se que a velocidade excedida foi de 3 Km/h, sendo forçoso admitir uma infraçã o por exceder a velocidade má xima permitida para o local em APENAS 3 KM/H. Importante referir que o velocímetro do veículo descrito é analó gico e nã o permite aferir a velocidade com a eficiência de um equipamento digital. Além disso, a margem supostamente ultrapassada sequer atingiu velocidade passível de sançã o, já que essa eventual transgressã o nã o colocou em risco a segurança e a integridade física de terceiros. Dessa forma, a decisã o imposta pela autoridade de trâ nsito deve ser cancelada por esta JARI, eis que eivada de nulidades. Ante o exposto, requer o cancelamento da penalidade imposta com a consequente revogaçã o dos pontos de meu prontuá rio, protestando ainda pela produçã o de provas por todos os meios admitidos em direito e cabíveis à espécie, em especial a pericial e testemunhal. Termos em que Pede deferimento. Local, data. Nome CNH: