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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL

PARTIDO POLÍTICO XX, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ n. (...), com endereço em (...), vem por meio
de seu procurador (procuração em anexo) com escritório em
(...), diante de vossa excelência, nos termos da alínea a e p,
inc. I, art. 102, da CF c/c art. 10 da Lei n. 9.868/99, propor

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM


PEDIDO DE CAUTELAR

em face do PRESIDENTE DA REPÚBLICA, inscrito no CPF n.


(...), com endereço em (...), pelos seguintes motivos:

I - DA TEMPESTIVIDADE

I.I. Do objeto

Edição da Medida Provisória n. YY/22 que altera o Código Tributário Nacional


contrariando formalmente o inc. III, § 1º, art. 62 da CF que veda a edição de medidas
provisórias pelo Presidente da República sobre matéria reservada a lei
complementar.

I.II. Da legitimidade ativa

Nos termos do inc. VIII, do art. 103 da Constituição Federal de 1988 c/c inc.
VIII, do art. 2º da Lei n. 9.868/99, podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade os partidos políticos com representação no Congresso
Nacional. Logo, o Partido Político XX, que possui representatividade em ambas as
Casas do Parlamento Nacional possui legitimidade para propor a presente ação.

I.III. Da legitimidade passiva

O Presidente da República editou a Medida Provisória n. YY/22 alterando o


Código Tributário Nacional para incluir o direito ao contribuinte de ser notificado
previamente ao lançamento tributário.

II - DA INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL

Trata-se de edição da Medida Provisória n. YY/22 promovida pelo


Presidente da República para alterar o Código Tributário Nacional incluindo o direito
ao contribuinte de ser notificado previamente ao lançamento tributário.
Ocorre que o Código Tributário Nacional, Lei nº 5.172/66 que dispõe sobre o
Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à
União, Estados e Municípios, apesar de originalmente ser uma lei ordinária, foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988 como lei complementar, uma vez
que tal denominação não era utilizada pela Constituição vigente da época de sua
promulgação. Segundo os incs. I, II, II, todos do art. 146 da CF, cabe à lei
complementar, dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar e estabelecer normas gerais em matéria de
legislação tributária.
O Presidente da República ao editar uma medida provisória para alterar o
Código Tributário Nacional, considerada uma lei complementar, contraria o inc. III, §
1º, art. 62 da CF que veda a edição de medidas provisórias pelo Presidente da
República sobre matéria reservada a lei complementar.
Dessa forma, a Medida Provisória n. YY/22 deve ser declarada
inconstitucional, mesmo que o intuito do Presidente da República ao editar a medida
provisória fosse para beneficiar o contribuinte.

III - DA MEDIDA CAUTELAR


De acordo, com a alínea p, inc. I, art. 102, da CF, c/c art. 10 da Lei n. 9.868/99
autorizam a concessão de medida cautelar com o fim de garantir, de modo
antecipado e temporário, a eficácia de futura decisão a ser proferida por este
Tribunal.
O presente caso comporta adequação ao permissivo, de forma que o “fumus
boni iuris” (plausibilidade do pedido) resta demonstrado pela clara
inconstitucionalidade da Medida Provisória n. YY/22 que contraria o inc. III, § 1º, art.
62 da CF.
Em igual sentido resta evidenciado o “periculum in mora” (risco na demora), à
medida que caso não haja a suspensão dos efeitos da Medida Provisória n. YY/22,
diversos processos administrativos tributários poderão ser anulados, ocasionando
perdas ao erário e custos com ações judiciais.

IV - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a intimação do Presidente da República, para que, querendo, manifeste-se


acerca do pedido de medida cautelar no prazo de 5 (cinco) dias, com
fundamento no art. 10 da Lei n. 9.868/99. E para que também se manifeste,
no prazo de 30 (trinta) dias, acerca do mérito e pedido principal, com
fundamento no art. 6º, parágrafo único, da Lei n. 9.868/99;

a concessão da medida cautelar pleiteada com fundamento no art. 10 da Lei


n. 9.868/99, para que suspenda a eficácia da Medida Provisória n. YY/22
(cópias anexas, com obediência ao art. 3º, parágrafo único, da Lei n.
9.868/99);

a intimação do Advogado-Geral da União, para que se manifeste acerca do


pedido cautelar no prazo de 3 (três) dias, caso assim entenda necessário o
Exmo. Relator. E para que também se manifeste, no prazo de 15 (quinze)
dias, acerca do mérito e pedido principal, com fundamento no art. 10, § 1º, e
no art. 8º da Lei n. 9.868/99 e da imposição constitucional do art. 103, § 3º;
sucessivamente, a intimação do Procurador-Geral da República, para que se
manifeste acerca do pedido cautelar no prazo de três dias, caso assim
entenda necessário o Exmo. Relator. E para que também se manifeste, no
prazo de 15 dias, acerca do mérito e pedido principal, com fundamento no art.
10, § 1º, e no art. 8º da Lei n. 9.868/99 e da imposição constitucional do art.
103, § 1º;

ao final, a procedência do pedido para que seja declarada a


inconstitucionalidade da Medida Provisória n. YY/22.

Apresenta, por fim, as inclusas cópias em duas vias da inicial, procuração,


cópias da Medida Provisória n. YY/22 impugnada e documentos comprobatórios da
inércia alegada, da inconstitucionalidade da norma impugnada, conforme exigência
do art. 3º, parágrafo único, Lei n. 9.868/99.

VI – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 1,000 (mil reais) para fins legais.

Termos em que pede deferimento.

Local e Data

Advogado
OAB

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