Interessante notarmos como o Jusnaturalismo passou a ter uma certa
relevância e foi se solidificando durante os séculos, como sendo algo inerente ao homem, assim por se dizer, algo pertencente a todos os homens, para que a dignidade e o bem-estar individual, sejam alcançados e preservados, direitos estes, como o direito à vida, direito à liberdade, direito à propriedade etc… Com cada característica do Jusnaturalismo associada a um determinado fator ou um contexto histórico presente em sua época, seja de criação ou transformação do mesmo. Onde podemos observar essa grande transição, desde o surgimento do pensamento filosófico até o surgimento do Positivismo, sendo de tamanha relevância a compreensão desses fatores para a doutrina do Direito. Com o surgimento do pensamento filosófico apareceram diversas questões sobre o universo e o ser, assim consequentemente sobre "o que era de seu direito". No contexto histórico filosófico do Jusnaturalismo, o mesmo se baseou nos princípios humanos e principalmente sobre a Moral, esta adquirida através de hábitos, costumes e práticas observáveis. Moral esta, segundo Aristóteles, na qual decorreu à Ética, que defendia normas de conduta para a harmonia, sendo assim essenciais para o ordenamento e à vida em sociedade. No contexto histórico teológico do Jusnaturalismo é importante notarmos que a ideia do homem como imagem e semelhança de Deus, elevou o patamar da dignidade humana, conferindo-lhe assim direitos jamais antes vistos. Os teólogos da Idade Média, assim como a maioria dos filósofos de épocas passadas, acreditavam que essas leis eram frutos da vontade divina, emanada aos homens, sendo as mesmas eternas, atemporais e imutáveis. Esse pensamento sobre o Jusnaturalismo só mudou com o aparecimento da Renascença, surgimento este que deflagrou a passagem da Idade Média para a Idade Moderna. A citação que melhor demostra essa transição é a de Grócio, segundo: "O direito natural existiria mesmo que Deus não existisse." Antes mesmo desse período, alguns teólogos tentaram conciliar a fé com a razão, como Tommaso d'Aquino, para fim de adiar o inevitável. Separando assim a Igreja do Estado, onde a Igreja se ocuparia dos interesses espirituais e da alma, enquanto o Estado se encarregaria dos interesses materiais e do corpo, mesmo assim o Estado ainda era subordinado a Igreja, nos mostrando assim, como era esta relação de troca de poderes entre os dois. No contexto histórico racional do Jusnaturalismo, a razão passou a dominar a fé. No período da Renascença a qual passou a ser ter um pensamento puramente racional, houve também o surgimento do antropocentrismo, onde o homem literalmente passou a ser o centro do universo, assim elevando ainda mais a dignidade humana, separado agora da relação com a divindade, pois mesmo sem a existência de um Deus, haveriam diretos naturais. Diante desse contexto histórico a razão leva-nos a desejar um acordo, acordo este, que chamamos de contrato social. Hobbes, em Leviatã, fundamenta que a natureza humana é selvagem, assim como na visão de Augustinus. No estado natural o homem seria selvagem e competiria pelos recusos. Através da razão, esse contrato social nos diz que temos de abdicar de atacarmos o próximo em troca da nossa segurança, de não sermos atacado pelos outros. Entretanto não temos garantia alguma que acordo nenhum será imposto, necessitando assim deste modo de um poder maior na qual punirá aqueles que porventura infligirem esse acordo, poder este, vindo da coesão do Estado, possuidor do monopólio da violência legítima e garantidor da paz e ordem social. Segundo Thomas Hobbes: "os homens só poderiam viver em paz, se concodarem em submeterem-se a um poder maior." Com a predominância da razão sobre a fé em decorrência do Renascimento, depois de obras como de Thomas Hobbes e outros filósofos, influenciaram assim no surgimento posteriormente do Positivismo com seu fundador, Auguste Comte, no qual consiste que a humanidade deve evoluir com o uso do conhecimento científico, sempre evoluindo e nunca regredindo, estando estampado até em nossa bandeira do Brasil. A Lei dos Três Estados, explica passo a passo essa evolução do pensamento humano e podemos absorver muito disso e assimilar para com este conteúdo, na qual consiste em três estados, o estado teológico, onde o homem busca explicações dos fenômenos na ação divina, assim como muitos também usaram deste meio como para controle social e obtenção de poder. O estado metafísico é representado pela abstração, a ação divina passa a ser personificada, como por exemplo a personificação do fenômeno do Mercado para o Liberalismo Econômico, o estado metafísico representa essa passagem do divino para o positivo. O estado positivo, ou o estado científico é o qual abandona a divindade, abandona a abstração e passa finalmente então a prevalecer a ciência, onde tudo deve ser buscado uma resposta, uma verdade... A criação da Filosofia Positivista, contrubuiu assim no surgimento do dualismo entre Juspositivismo e Jusnaturalismo. Pois, temos que o Jusnaturalismo não depende do Estado, de nenhuma lei e de nenhuma prova científica, apenas da razão e do bom senso, sendo de carácter universal, imutável e atemporal. Se baseando nos princípios humanos e na moral. É de extrema importância entendermos os contextos históricos do Jusnaturalismo, como também do Direito em si, tanto quanto da sua criação e transformação durantes os séculos. Como exemplo na atividade prospota sobre "Os Explorades de Cavernas", na qual tinha o intuito de nos provocar axiológicamente, não somente sobre questões morais, jurisdicional ou jurisprudêncial, mas o mais importante, sobre esta dualidade, se devemos seguir o Juspositivismo cegamente sem espaço para interpretações ou se devemos aceitar exceções para o estado de natureza humana, o qual é selvagem. Questões estas nas quais ainda são muito levantadas até mesmo hoje no ordenamento jurídico contemporâneo e nos meios acadêmicos.