Esta Ação Direta de Inconstitucionalidade trata de uma lei estadual que autorizava o parcelamento de dívidas de IPVA. O relator julgou a lei inconstitucional por violar o princípio da reserva de lei em matéria tributária, uma vez que a lei não especificava os requisitos mínimos para a concessão do parcelamento, conforme exigido pelo Código Tributário Nacional.
Esta Ação Direta de Inconstitucionalidade trata de uma lei estadual que autorizava o parcelamento de dívidas de IPVA. O relator julgou a lei inconstitucional por violar o princípio da reserva de lei em matéria tributária, uma vez que a lei não especificava os requisitos mínimos para a concessão do parcelamento, conforme exigido pelo Código Tributário Nacional.
Esta Ação Direta de Inconstitucionalidade trata de uma lei estadual que autorizava o parcelamento de dívidas de IPVA. O relator julgou a lei inconstitucional por violar o princípio da reserva de lei em matéria tributária, uma vez que a lei não especificava os requisitos mínimos para a concessão do parcelamento, conforme exigido pelo Código Tributário Nacional.
Trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido de liminar
(indeferida pelo Plenário), ajuizada pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul em face da Lei Estadual nº 11.453, de 4 de abril de 2000, que autoriza o Poder Executivo a conceder parcelamento dos créditos tributários provenientes do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) que não foram pagos em seu vencimento, bem como, dispõe que caberá também ao Poder Executivo a regulamentação da referida lei. O requerente alega que a Lei em questão é inconstitucional por ofender os princípios constitucionais da isonomia (arts. 5º, caput, e 150, II, da Constituição Federal de 1988), da reserva legal (art. 5º, II, §6º, da CF/88) e o da moralidade administrativa. Em seu voto, o Relator, Ministro Dias Toffoli, julgou procedente a ADI, declarando inconstitucional a aludida lei por afronta ao princípio da reserva de lei em matéria tributária (art. 150, I, da CF/88). Antes de analisar as alegações principais, o Ministro Toffoli, trouxe a baila o voto do Min. Sepúlveda Pertence, quando da apreciação da medida cautelar, onde descartou-se a inconstitucionalidade do diploma legal por vício de iniciativa, por ofender o art. 62, §1º, II, b, da CF/88, que dispõe que a iniciativa de lei que trate sobre matéria tributária e orçamentária dos territórios federais será de iniciativa privativa do Presidente da República. Ocorre que a lei objeto da ação, trata de questões de âmbito Estadual e não de territórios brasileiros, sendo assim, incabível invocar o aludido diploma legal. Em análise do mérito da ação, o Min. Relator entendeu que a Lei em análise afrontou o princípio da legalidade (art. 150, I, da CF/88), haja vista que o parcelamento, previsto no Código Tributário Nacional, em seu art. 151, VI, como modalidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, exige lei específica que disponha sobre a forma e condição de sua concessão, conforme se abstrai da norma contida no art. 155- A, do mesmo diploma legal. Outrossim, o referido art. 155-A, do CTN, em seu §2º, determina que seja aplicada ao parcelamento as regras atinentes à moratória, previstas no art. 153, do CTN, que, em suma, dispõe que a lei que conceder a moratória (geral ou individual) deverá especificar, sem prejuízo de outros requisitos, o prazo de duração do favor com o número de prestações e seus vencimentos, o tributo a qual ela se aplica e as condições da sua concessão e garantias fornecidas pelo beneficiado, quando se tratar de benefício individual. Acertadamente, sem seu voto, o Min. Relator frisou que no Direito Tributário o parcelamento decorre de lei e que, sendo ele uma espécie de moratória, deverá obedecer ao que determina o CTN quanto as especificações mínimas e requisitos para sua concessão trazidos no art. 153, do CTN. E, por mais que a jurisprudência da Corte venha flexibilizando o princípio da legalidade, o legislador deve estabelecer o “desenho mínimo que evite o arbítrio”. O legislador, na Lei Estadual nº 11.453/2000, ao simplesmente autorizar o Poder Executivo a conceder o parcelamento, bem como a regulamentá-lo, feriu o princípio da legalidade e, de forma mais específica, o princípio da reserva legal, pois, necessário seria que tal lei cumprisse as especificações mínimas e requisitos legais para sua concessão, presentes no art. 153, do CTN, conforme citados acima. Quanto à afronta aos princípios da isonomia e da moralidade arguidas pelo autor, o Min. Relator nada mencionou.
(ADI 2.304/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgada em 12/04/2018, DJe 03/05/2018)