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INFORMATIVOS STF

INFORMATIVO EDIÇÃO 1079 – 16 DE DEZEMBRO DE 2022

DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL PENAL E DIREITO


CONSTITUCIONAL

“São inadmissíveis, em processos administrativos de qualquer espécie, provas consideradas ilícitas pelo Poder
Judiciário.”

DIREITO CONSTITUCIONAL

É constitucional — por não violar o princípio da legalidade — lei estadual que prevê que o Órgão Especial do
Tribunal de Justiça pode transformar, instalar juizado em substituição a adjunto e fixar a competência dos
juizados especiais.

“É inconstitucional norma de Constituição Estadual que amplia as competências de Assembleia Legislativa


para julgamento de contas de gestores públicos, sem observar a simetria com a Constituição Federal, por
violação aos arts. 71, II, e 75 da CF/1988.”

DIREITO AMBIENTAL

A repartição de competências comuns, instituída pela LC 140/2011, mediante atribuição prévia e estática das
competências administrativas de fiscalização ambiental aos entes federados, atende às exigências do princípio
da subsidiariedade e do perfil cooperativo do modelo de Federação, cuja finalidade é conferir efetividade nos
encargos constitucionais de proteção dos valores e direitos fundamentais

É inconstitucional regra que autoriza estado indeterminado de prorrogação automática de licença ambiental.

No exercício da cooperação administrativa cabe atuação suplementar — ainda que não conflitiva — da União
com a dos órgãos estadual e municipal.

DIREITO ADMINISTRATIVO

São inconstitucionais — por violarem os princípios da separação de Poderes, da legalidade orçamentária, da


eficiência administrativa e da continuidade dos serviços públicos — decisões judiciais que determinam a
penhora ou o bloqueio de receitas públicas destinadas à execução de contratos de gestão para o pagamento de
despesas estranhas aos seus objetos

DIREITO ELEITORAL

“(i) a eleição dos membros das Mesas das Assembleias Legislativas estaduais deve observar o limite de uma
única reeleição ou recondução, limite cuja observância independe de os mandatos consecutivos referirem-se à
mesma legislatura; (ii) a vedação à reeleição ou recondução aplica-se somente para o mesmo cargo da mesa
diretora, não impedindo que membro da mesa anterior se mantenha no órgão de direção, desde que em cargo
distinto; (iii) o limite de uma única reeleição ou recondução, acima veiculado, deve orientar a formação da
Mesa da Assembleia Legislativa no período posterior à data de publicação da ata de julgamento da ADI 6.524,
de modo que não serão consideradas, para fins de inelegibilidade, as composições eleitas antes de 7.1.2021,
salvo se configurada a antecipação fraudulenta das eleições como burla ao entendimento do Supremo Tribunal
Federal.”
INFORMATIVO EDIÇÃO 1078 – 9 DE DEZEMBRO DE 2022

DIREITO ADMINISTRATIVO

“No exercício da autonomia legislativa municipal, não pode o Município, ao disciplinar o regime jurídico de
seus servidores, restringir o direito de férias a servidor em licença saúde de maneira a inviabilizar o gozo de
férias anuais previsto no art. 7º, XVII da Constituição Federal de 1988.

DIREITO CONSTITUCIONAL

É constitucional a instituição, por lei municipal, de feriado local para a comemoração do Dia da Consciência
Negra, a ser celebrado em 20 de novembro, em especial porque a data representa um símbolo de resistência
cultural e configura ação afirmativa contra o preconceito racial.

DIREITO FINANCEIRO

É inconstitucional — por violar os princípios da legalidade, da segurança jurídica, da não surpresa dos
contribuintes e da isonomia — a interpretação do artigo 1º da Lei 14.117/2021 no sentido de condicionar os
efeitos da suspensão de exigibilidade dos parcelamentos de dívidas no âmbito do Programa de Modernização
da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (PROFUT) ao término da vigência do Decreto
Legislativo 6/2020.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

O segurado que implementou as condições para o benefício previdenciário após a vigência da Lei 9.876, de
26.11.1999, e antes da vigência das novas regras constitucionais, introduzidas pela EC 103/2019, tem o direito
de optar pela regra definitiva, caso esta lhe seja mais favorável”

DIREITO PROCESSUAL PENAL

“Havendo pedido expresso da defesa no momento processual adequado (art. 403 do CPP e art. 11 da Lei
8.038/1990), os réus têm o direito de apresentar suas alegações finais após a manifestação das defesas dos
colaboradores, sob pena de nulidade.”

DIREITO TRIBUTÁRIO

“A instituição de taxa de fiscalização do funcionamento de torres e antenas de transmissão e recepção de dados


e voz é de competência privativa da União, nos termos do art. 22, IV, da Constituição Federal, não competindo
aos Municípios instituir referida taxa.”

INFORMATIVO EDIÇÃO 1077/2022 – 2 DE DEZEMBRO DE 2022

DIREITO ADMINISTRATIVO

É constitucional a ratificação de registros imobiliários prevista na Lei 13.178/2015, desde que observados os
requisitos e condições exigidos pela própria norma e os previstos pela Constituição Federal de 1988 concernentes à
política agrícola, ao plano nacional de reforma agrária e à proteção dos bens imóveis que atendam a sua função social.

DIREITO CONSTITUCIONAL

A prerrogativa atribuída aos membros do Ministério Público de situar-se no mesmo plano e imediatamente à direita
dos magistrados nas audiências e sessões de julgamento (Lei Complementar 75/1993, art. 18, I, “a”; e Lei 8.625/1993,
art. 41, XI) não fere os princípios da isonomia, do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório (CF/1988,
art. 5º, I, LIV e LV) nem compromete a necessária paridade de armas que deve existir entre a defesa e a acusação.

É inconstitucional — por violar a competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte (CF/1988,
art. 22, XI) e conferir tratamento diverso do previsto no Código de Trânsito Brasileiro (1) — lei estadual que proíbe a
apreensão e a remoção de motocicletas, motonetas e ciclomotores de até 150 cilindradas, por autoridade de trânsito,
em razão da falta de pagamento do IPVA.

É inconstitucional — por tratar de matéria que diz respeito a norma de direito econômico e contrariar a disciplina
conferida a benefício já previsto no art. 23 da Lei federal 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) — lei municipal que institui
o acesso gratuito de idosos às salas de cinema da cidade, de segunda a sexta-feira.

DIREITO ELEITORAL

A fixação do prazo de 15 (quinze) dias para o ajuizamento da representação prevista no art. 30-A da Lei 9.504 /1997,
com a redação dada pela Lei 12.034/2009, não compromete os valores da isonomia entre os candidatos nem afronta o
sistema de proteção à lisura e à legitimidade das eleições (CF/1988, art. 14, § 9º) (1).

DIREITO TRIBUTÁRIO

“I. O legislador ordinário possui autonomia para disciplinar a não cumulatividade a que se refere o art. 195, § 12, da
CF/1988, respeitados os demais preceitos constitucionais, como a matriz constitucional das contribuições ao PIS e
Cofins e os princípios da razoabilidade, da isonomia, da livre concorrência e da proteção à confiança; II. É
infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de repercussão geral, a discussão sobre a expressão
‘insumo’ presente no art. 3º, II, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e sobre a compatibilidade, com essas leis, das
IN/SRF 247/2002 (considerada a atualização pela IN/SRF 358/2003) e 404/2004; III. É constitucional o § 3º do art. 31
da Lei 10.865/2004.”

INFORMATIVO EDIÇÃO 1076/2022-25 DE NOVEMBRO DE 2022

DIREITO ADMINISTRATIVO / DIREITO CONSTITUCIONAL

É privativa da União a competência para legislar sobre condições para o exercício da profissão de despachante
(CF/1988, art. 22, XVI), de modo que a disciplina legal dos temas relacionados à sua regulamentação também
deve ser estabelecida pela União.

Contexto: O Plenário, por unanimidade, julgou procedentes as ações para declarar a inconstitucionalidade formal da
Lei 10.161/2017 do Estado do Rio Grande do Norte, bem como da Lei 15.043/2004 e, por arrastamento, do Decreto
6.227/2005, ambos do Estado de Goiás.

É inconstitucional norma de Constituição estadual, oriunda de iniciativa parlamentar, que atribui às funções de
polícia judiciária e à apuração de infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia natureza jurídica e
caráter essencial ao Estado.

Contexto: Sob o aspecto formal, compete exclusivamente ao chefe do Poder Executivo (CF/1988, art. 61, § 1º, II, b e
c) a iniciativa de normas sobre a organização administrativa e os servidores públicos, seu regime jurídico e
provimento de cargos (1). Já sob o aspecto material, o art. 144, § 6º, da Constituição Federal estabelece vínculo de
subordinação hierárquica da Polícia Civil ao governador de estado. Sendo assim, o desenho institucional inserido
constitucionalmente não legitima a governança independente da polícia judiciária, uma vez que cabem ao chefe do
Poder Executivo, dirigente máximo da Administração Pública, a prerrogativa e a responsabilidade pela estruturação e
pelo planejamento operacional dos órgãos locais de segurança pública, bem como a definição de programas e ações
governamentais prioritários a partir do quadro orçamentário do ente federado (2).

Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, conheceu parcialmente da ação e, nessa extensão, a
julgou procedente em parte para declarar a inconstitucionalidade, sob o ângulo formal, do art. 116, § 1º, nas redações
dadas pelas Emendas 37/2019 e 26/2014, e § 5º, no texto conferido pela Emenda 26/2014, bem como, no campo
material, da expressão “de natureza jurídica, essenciais e” contida no art. 116, § 1º, da Constituição do Estado do
Tocantins, nas redações dadas pelas Emendas 37/2019 e 26/2014.

É incompatível com a Constituição Federal norma de Constituição estadual que estabelece a natureza jurídica
da Polícia Civil como função essencial à atividade jurisdicional do Estado e à defesa da ordem jurídica, bem
como atribui aos Delegados de Polícia a garantia de independência funcional.

Contexto: Sobre o tema, esta Corte reiterou a compreensão de que o art. 144, § 6º, da Constituição Federal estabelece
vínculo de subordinação hierárquica da Polícia Civil ao governador do estado, mostrando-se inconstitucional a
atribuição de autonomia ao órgão ou de independência funcional a seu dirigente, o Delegado de Polícia (2). Ademais,
o inquérito policial é procedimento pré-processual de natureza administrativa e inquisitória, destinado a colher provas
que subsidiem o exercício da ação penal pelo Ministério Público. Nesse contexto, o seu condutor, o Delegado de
Polícia, apesar de desempenhar atividades de conteúdo jurídico, não integra carreira propriamente jurídica, pois, se
assim o fosse, inviabilizaria o controle externo e o poder requisitório exercidos pelo Parquet.

Com base nesses entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou parcialmente procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade dos §§ 3º, 4º e 6º do art. 128 da Constituição do Estado do Espírito Santo, acrescentados pela
Emenda 95/2013 (3).

É constitucional — por não ofender o direito de propriedade e os princípios da ordem econômica e do


equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos — lei federal que determina a reserva, por
veículo, de duas vagas gratuitas e, após estas esgotarem, de duas vagas com tarifa reduzida em, no mínimo,
50%, para serem utilizadas por jovens de baixa renda no sistema de transporte coletivo interestadual de
passageiros.

Palavras- chave: liberdade de locomoção; redução das desigualdades regionais e sociais; existência digna a todos;
justiça social; “intervenção do estado na ordem econômica para assegurar o gozo de direitos fundamentais de pessoas
em condição de fragilidade econômica e social, implementando políticas públicas que estabeleçam meios para a
consecução da igualdade de oportunidades e da humanização das relações sociais, e dando concretude aos valores da
cidadania e da dignidade da pessoa humana”

“a reserva das gratuidades e dos benefícios tarifários legalmente instituídos não implica ônus desproporcional às
empresas prestadoras do serviço público de transporte coletivo interestadual de passageiros, tendo em vista que o
conjunto normativo relativo à matéria contempla mecanismos de correção de eventual desequilíbrio econômico-
financeiro dos contratos.”

o Plenário, por unanimidade, julgou improcedente a ação para declarar a constitucionalidade do art. 32 da Lei
12.852/2013 (Estatuto da Juventude) (3).

DIREITO AMBIENTAL / DIREITO CONSTITUCIONAL


É inconstitucional — por invadir a competência legislativa geral da União (CF/1988, art. 24, VI, §§ 1º e 2º) e
violar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF/1988, art. 225, § 1º, IV) — norma estadual
que cria dispensa do licenciamento ambiental para atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente.

Contexto: A legislação estadual exorbitou dos limites expressamente estabelecidos pela legislação federal para o
tratamento da matéria, promovendo indevida inovação ao prever o aumento do mínimo de fonte de energia primária
idônea a criar uma presunção de significativa degradação ambiental, bem como ao inserir requisito diverso para o
licenciamento, consistente na extensão da área inundada (1). Por outro lado, a atuação normativa estadual
flexibilizadora, ao desconsiderar o patamar mínimo estabelecido para a configuração de atividade potencialmente
poluidora, violou o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e afrontou a obrigatoriedade da
intervenção do Poder Público em matéria ambiental. Ademais, como os empreendimentos e atividades econômicas
apenas são considerados lícitos e constitucionais quando subordinados à regra de proteção ambiental, a norma
impugnada, justamente por representar proteção insuficiente, deixa de observar os princípios da proibição de
retrocesso em matéria socioambiental, da prevenção e da precaução (2).

Com base nesses entendimentos, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade material dos artigos 3º, XII, e 24, XI, da LC 38/1995 do Estado de Mato Grosso (3), bem como
da expressão contida no artigo 24, VII, da mesma norma, tanto na redação vigente (“com área de inundação acima de
13 km²”) quanto na anterior (“com área de inundação acima de 300ha”).

DIREITO CONSTITUCIONAL

É inconstitucional — por violar o princípio da separação dos Poderes (CF/1988, art. 2º), em decorrência da
usurpação da iniciativa exclusiva do Poder Executivo para legislar sobre a organização e a administração dos
órgãos da Administração Pública (CF/1988, art. 61, § 1º, II, “e”, e art. 84, VI, “a”) — lei de iniciativa
parlamentar que institui regra de reserva de vagas de estacionamento aos órgãos públicos estaduais.

Corte já declarou a inconstitucionalidade formal de diversas normas de iniciativa parlamentar que criaram atribuições
e encargos aos órgãos públicos estaduais, dada a patente violação da norma constitucional que determina a iniciativa
privativa do chefe do Poder Executivo para disciplinar a sua organização administrativa (2).

Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade da Lei 5.047/2021 do Estado de Rondônia (3).

INFORMATIVO 1075/ 2022 – 18 DE NOVEMBRO DE 2022

DIREITO ADMINISTRATIVO

São constitucionais os prazos para conclusão dos procedimentos administrativos de atualização do rol de
procedimentos e eventos em saúde suplementar (Lei 9.656/1998, art. 10, §§ 7º e 8º), por inexistir
incompatibilidade entre a sua definição e a urgência dos pacientes na obtenção de um tratamento (1).

O formato adotado para a composição da Comissão de Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em


Saúde Suplementar (Lei 9.656/1998, art. 10-D, §§ 1º, 2º e 4º) não fere a Constituição Federal, ante a ausência da
alegada exclusão de participantes usuários de planos de saúde ou discriminação de qualquer natureza (2)

São constitucionais os critérios a serem considerados no relatório elaborado pela referida Comissão (Lei
9.656/1998, art. 10-D, § 3º), uma vez que não há submissão do direito à saúde à interesses econômicos e
financeiros (3).

DIREITO CIVIL / DIREITO DA SAÚDE

Em face do arrefecimento dos efeitos da pandemia da Covid-19, cabe adotar um regime de transição para a
retomada das reintegrações de posse suspensas em decorrência da doença, por meio do qual os tribunais
deverão instalar comissões para mediar eventuais despejos antes de qualquer decisão judicial, a fim de reduzir
os impactos habitacionais e humanitários em casos de desocupação coletiva.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Devem ser suspensos os efeitos da Medida Provisória 1.135/2022 que, ao tratar sobre tema já deliberado pelo
Poder Legislativo, alterou a entrega obrigatória de recursos financeiros destinada ao setor de cultura e eventos
para mera autorização de repasse de verbas da União aos estados, Distrito Federal e municípios, observada a
disponibilidade orçamentária e financeira.

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