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1ª QUESTÃO:
A alteração na situação de fato que foi levada em consideração no momento de elaboração de uma lei
pode levar ao reconhecimento de que ela passou a ser inconstitucional?
RESPOSTA:
Sim. Algumas leis são constitucionais em razão de determinado fato. A eventual alteração pode levar
ao futuro reconhecimento de sua inconstitucionalidade. É o que o STF chama de "norma ainda
constitucional", trazida da doutrina alemã.
Se a desigualdade desaparece com o tempo, a lei passa a ser inconstitucional, pois estará tratando de
forma desigual pessoas em igualdade. (ver Informativo 272 - RE 341717).
MINISTERIO PUBLICO. ACAO CIVIL EX DELICTO. CODIGO DE PROCESSO PENAL, ART.
68. NORMA AINDA CONSTITUCIONAL. ESTAGIO INTERMEDIARIO, DE CARATER
TRANSITORIO, ENTRE A SITUACAO DE CONSTITUCIONALIDADE E O ESTADO DE
INCONSTITUCIONALIDADE. A QUESTAO DAS SITUACOES CONSTITUCIONAIS
IMPERFEITAS. SUBSISTENCIA, NO ESTADO DE SAO PAULO, DO ART. 68 DO CPP, ATE
QUE SEJA INSTITUIDA E REGULARMENTE ORGANIZADA A DEFENSORIA PUBLICA
LOCAL. PRECEDENTES. DECISAO: A controversia constitucional objeto deste recurso
extraordinário já foi dirimida pelo Supremo Tribunal Federal, cujo Plenario, ao julgar o RE 135.328-
SP, Rel. Min. MARCO AURELIO, fixou entendimento no sentido de que, enquanto o Estado de Sao
Paulo nao instituir e organizar a Defensoria Publica local, tal como previsto na Constituicao da
Republica (art. 134), subsistira, integra, na condicao de norma ainda constitucional - que configura
um transitorio estagio intermediario, situado .entre os estados de plena constitucionalidade ou de
absoluta inconstitucionalidade. (GILMAR FERREIRA MENDES, .Controle de Constitucionalidade.,
p. 21, 1990, Saraiva) -, a regra inscrita no art. 68 do CPP, mesmo que sujeita, em face de
modificacoes supervenientes das circunstancias de fato, a um processo de progressiva
inconstitucionalizacao, como registra, em lucida abordagem do tema, a licao de ROGERIO
FELIPETO (.Reparacao do Dano Causado por Crime., p. 58, item n. 4.2.1, 2001, Del Rey). E que a
omissao estatal, no adimplemento de imposicoes ditadas pela Constituicao - a semelhança do que se
verifica nas hipóteses em que o legislador comum se abstém, como no caso, de adotar medidas
concretizadoras das normas de estruturação orgânica previstas no estatuto fundamental - culmina por
fazer instaurar situações constitucionais imperfeitas. (LENIO LUIZ STRECK, .Jurisdição
Constitucional e Hermenêutica., p. 468-469, item n. 11.4.1.3.2, 2002, Livraria do Advogado Editora),
cuja ocorrência justifica .um tratamento diferenciado, nao necessariamente reconduzivel ao regime da
nulidade absoluta. (J. J. GOMES CANOTILHO, .Direito Constitucional., p. 1.022, item n. 3, 5. ed.,
1991, Almedina, Coimbra - grifei), em ordem a obstar o imediato reconhecimento do estado de
inconstitucionalidade no qual eventualmente incida o Poder Publico, por efeito de violação negativa
do texto da Carta Política (RTJ 162/877, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno). E por essa razão que
HUGO NIGRO MAZZILLI (.A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo., p. 72, item n. 7, nota de
rodapé n. 13, 14. ed., 2002, Saraiva), ao destacar o carater residual da aplicabilidade do< > < > art. 68
do CPP - que versa hipotese de legitimacao ativa do Ministerio Publico, em sede de acao civil -
assinala, em observacao compativel com a natureza ainda constitucional da mencionada regra
processual penal, que .Essa atuacao do Ministerio Publico, hoje, so se admite em carater subsidiario,
ate que se viabilize, em cada Estado, a implementacao da defensoria publica, nos termos do art. 134,
paragrafo unico, da CR (...). (grifei). Dai a exata afirmacao feita por TEORI ALBINO ZAVASCKI,
eminente Magistrado e Professor (.Eficacia das Sentencas na Jurisdicao Constitucional., p. 115/116,
item n. 5.5, 2001, RT), cuja licao, a proposito do tema ora em exame, poe em evidencia o relevo que
podem assumir, em nosso sistema juridico, as transformacoes supervenientes do estado de fato: . Isso
explica,tambem,uma
Decisão
2ª QUESTÃO:
KONRAD HESSE expôs ao mundo jurídico guias do processo interpretativo, direcionadas à maior
consistência dos seus resultados, sob a fórmula de princípios da interpretação constitucional. Dentre
esses princípios, ele nos trouxe o princípio da unidade da constituição.
Exponha, em poucas linhas, o que você entende pelo princípio citado e responda se existe hierarquia
entre normas que compõem o texto constitucional.
RESPOSTA:
RESPOSTA:
Curso de Direito Constitucional, Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco, 8ª edição,
2013. Ed. Saraiva. Pag. 94:
"O primeiro desses princípios, o da unidade da Constituição, postula que não se considere uma norma
da Constituição fora do sistema em que se integra. Dessa forma, evitam-se contradições entre as
normas constitucionais. As soluções dos problemas constitucionais devem estar em consonância com
as deliberações elementares do constituinte. Vale, aqui, o magistério de Eros Grau, que insiste em que
"não se interpreta o direito em tiras, aos pedaços", acrescentando que "a interpretação do direito se
realiza não como mero exercício de leitura de textos normativos, para o que bastaria ao intérprete ser
alfabetizado. Esse princípio concita o intérprete a encontrar soluções que harmonizem tensões
existente entre as várias normas constitucionais, considerando a Constituição como um todo unitário.
Convém ao intérprete, a esse propósito, pressupor a racionalidade do constituinte, ao menos como
ponto de partida metodológico da tarefa hermenêutica. Essa racionalidade - tomada como uma
diretiva, mais do que como uma hipótese empírirca - leva o aplicador a supor um ordenamento
constitucional ótimo, ideal, que não entra em contradição consigo mesmo. Para que o princípio da
unidade, expressão da racionalidade do legislador constituinte, seja confirmado na atividade
interpretativa, o intérprete estará legitimado a lançar mão de variados recursos argumentativos, como
o da descoberta de lacunas axiológicas, tendo em vista a necessidade de confirmar o esforço coerente
do constituinte de promover um ordenamento uniformemente justo.
O princípio da unidade da Constituição tem produzido julgados dignos de nota. Desse princípio, por
exemplo, o Supremo Tribunal Federal extraiu a inexistência de hierarquia entre as normas que
compçõe o texto constitucional."
queimplica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir que se desrespeite a Constituição
como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o papel de fiscal do Poder Constituinte
originário, a fim de verificar se este teria, ou não, violado os princípios de direito suprapositivo que
ele próprio havia incluído no texto da mesma Constituição. - Por outro lado, as cláusulas pétreas
não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas
constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição
as prevê apenas como limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a
Constituição elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não como abarcando normas cuja
observância se impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação as outras que não sejam
consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não conhecida por
impossibilidade jurídica do pedido.
Ementa
1ª QUESTÃO:
XXIX Concurso (08/04/98) - PROVA ESPECÍFICA PARA INGRESSO NA CARREIRA DA
MAGISTRATURA - RJ - ADAPTADA
O Promotor de Justiça da sua Comarca requereu, com fundamento no artigo 247, § 2º, do ECA, a
apreensão de todos os exemplares de uma determinada revista local, que circula semanalmente, por
ter noticiado assalto com emprego de arma praticado por dois menores (15 e 16 anos de idade)
residentes na cidade. Em face da liberdade de informação garantida na Constituição Federal, como
decidiria a questão?
Fundamente.
RESPOSTA:
RESPOSTA: A questão coloca em conflito dois direitos fundamentais, previstos na CRFB88: o
direito à privacidade do menor de idade, que tem o âmbito de proteção extremamente alargado, e o
direito à informação. Deve-se levar em consideração que nenhum direito é absoluto, mas o direito de
informação tem limites, e deve se cingir apenas a noticiar o fato, e, por se tratar de menor, apenas as
iniciais dos nomes devem constar na notícia. No entanto, devemos levar em consideração também a
extensão territorial e o número de habitantes, pois, em se tratando de um número diminuto, fica fácil,
pelo teor da notícia, identificar os infratores e os mesmos sofrerem represálias muito comuns em
cidades pequenas.