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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPI B 12023


Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL
Sessão: 03 - Dia 24/01/2023 - 08:00 às 09:50
Professor: TATIANA DOS SANTOS BATISTA

03 Tema: Hermenêutica constitucional: Princípios da interpretação constitucional. Critérios de


interpretação.

1ª QUESTÃO:
A alteração na situação de fato que foi levada em consideração no momento de elaboração de uma lei
pode levar ao reconhecimento de que ela passou a ser inconstitucional?

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RESPOSTA:
Sim. Algumas leis são constitucionais em razão de determinado fato. A eventual alteração pode levar
ao futuro reconhecimento de sua inconstitucionalidade. É o que o STF chama de "norma ainda
constitucional", trazida da doutrina alemã.
Se a desigualdade desaparece com o tempo, a lei passa a ser inconstitucional, pois estará tratando de
forma desigual pessoas em igualdade. (ver Informativo 272 - RE 341717).
MINISTERIO PUBLICO. ACAO CIVIL EX DELICTO. CODIGO DE PROCESSO PENAL, ART.
68. NORMA AINDA CONSTITUCIONAL. ESTAGIO INTERMEDIARIO, DE CARATER
TRANSITORIO, ENTRE A SITUACAO DE CONSTITUCIONALIDADE E O ESTADO DE
INCONSTITUCIONALIDADE. A QUESTAO DAS SITUACOES CONSTITUCIONAIS
IMPERFEITAS. SUBSISTENCIA, NO ESTADO DE SAO PAULO, DO ART. 68 DO CPP, ATE
QUE SEJA INSTITUIDA E REGULARMENTE ORGANIZADA A DEFENSORIA PUBLICA
LOCAL. PRECEDENTES. DECISAO: A controversia constitucional objeto deste recurso
extraordinário já foi dirimida pelo Supremo Tribunal Federal, cujo Plenario, ao julgar o RE 135.328-
SP, Rel. Min. MARCO AURELIO, fixou entendimento no sentido de que, enquanto o Estado de Sao
Paulo nao instituir e organizar a Defensoria Publica local, tal como previsto na Constituicao da
Republica (art. 134), subsistira, integra, na condicao de norma ainda constitucional - que configura
um transitorio estagio intermediario, situado .entre os estados de plena constitucionalidade ou de
absoluta inconstitucionalidade. (GILMAR FERREIRA MENDES, .Controle de Constitucionalidade.,
p. 21, 1990, Saraiva) -, a regra inscrita no art. 68 do CPP, mesmo que sujeita, em face de
modificacoes supervenientes das circunstancias de fato, a um processo de progressiva
inconstitucionalizacao, como registra, em lucida abordagem do tema, a licao de ROGERIO
FELIPETO (.Reparacao do Dano Causado por Crime., p. 58, item n. 4.2.1, 2001, Del Rey). E que a
omissao estatal, no adimplemento de imposicoes ditadas pela Constituicao - a semelhança do que se
verifica nas hipóteses em que o legislador comum se abstém, como no caso, de adotar medidas
concretizadoras das normas de estruturação orgânica previstas no estatuto fundamental - culmina por
fazer instaurar situações constitucionais imperfeitas. (LENIO LUIZ STRECK, .Jurisdição
Constitucional e Hermenêutica., p. 468-469, item n. 11.4.1.3.2, 2002, Livraria do Advogado Editora),
cuja ocorrência justifica .um tratamento diferenciado, nao necessariamente reconduzivel ao regime da
nulidade absoluta. (J. J. GOMES CANOTILHO, .Direito Constitucional., p. 1.022, item n. 3, 5. ed.,
1991, Almedina, Coimbra - grifei), em ordem a obstar o imediato reconhecimento do estado de
inconstitucionalidade no qual eventualmente incida o Poder Publico, por efeito de violação negativa
do texto da Carta Política (RTJ 162/877, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno). E por essa razão que
HUGO NIGRO MAZZILLI (.A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo., p. 72, item n. 7, nota de
rodapé n. 13, 14. ed., 2002, Saraiva), ao destacar o carater residual da aplicabilidade do< > < > art. 68
do CPP - que versa hipotese de legitimacao ativa do Ministerio Publico, em sede de acao civil -
assinala, em observacao compativel com a natureza ainda constitucional da mencionada regra
processual penal, que .Essa atuacao do Ministerio Publico, hoje, so se admite em carater subsidiario,
ate que se viabilize, em cada Estado, a implementacao da defensoria publica, nos termos do art. 134,
paragrafo unico, da CR (...). (grifei). Dai a exata afirmacao feita por TEORI ALBINO ZAVASCKI,
eminente Magistrado e Professor (.Eficacia das Sentencas na Jurisdicao Constitucional., p. 115/116,
item n. 5.5, 2001, RT), cuja licao, a proposito do tema ora em exame, poe em evidencia o relevo que
podem assumir, em nosso sistema juridico, as transformacoes supervenientes do estado de fato: . Isso
explica,tambem,uma

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das tecnicas de controle de legitimidade intimamente relacionada com a clausula da manutencao do


estado de fato: a da lei ainda constitucional. O Supremo Tribunal Federal a adotou em varios
precedentes (...). Com base nessa orientacao e considerando o contexto social verificado a epoca do
julgamento, o Supremo Tribunal Federal rejeitou a arguicao de inconstitucionalidade da norma em
exame, ficando claro, todavia, que, no futuro, a alteracao do status quo poderia ensejar decisao em
sentido oposto.. (grifei) Cabe referir, por necessario, que esse entendimento tem sido observado em
sucessivas decisoes proferidas por esta Suprema Corte (RE 196.857-SP (AgRg), Rel. Min. ELLEN
GRACIE - RE 208.798-SP, Rel. Min. SYDNEY SANCHES - RE 213.514-SP, Rel. Min. MOREIRA
ALVES - RE 229.810-SP, Rel. Min. NERI DA SILVEIRA - RE 295.740-SP, Rel. Min.
SEPULVEDA PERTENCE), como o demonstra o julgamento do RE 147.776-SP, Rel. Min.
SEPULVEDA PERTENCE, efetuado pela Colenda Primeira Turma deste Tribunal (RTJ 175/309-
310): . Ministerio Publico: legitimacao para promocao, no juizo civel, do ressarcimento do dano
resultante de crime, pobre o titular do direito a reparacao: C. Pr. Pen., art. 68, ainda constitucional (cf.
RE 135328): processo de inconstitucionalizacao das leis. 1. A alternativa radical da jurisdicao
constitucional ortodoxa, entre a constitucionalidade plena e a declaracao de inconstitucionalidade ou
revogacao por inconstitucionalidade da lei com fulminante eficacia ex tunc, faz abstracao da
evidencia de que a implementacao de uma nova ordem constitucional nao e um fato instantaneo, mas
um processo, no qual a possibilidade de realizacao da norma da Constituicao - ainda quando
teoricamente nao se cuide de preceito de eficacia limitada - subordina-se muitas vezes a alteracoes da
realidade factica que a viabilizem. 2. No contexto da Constituicao de 1988, a atribuicao anteriormente
dada ao Ministerio Publico pelo art. 68 C. Pr. Penal - constituindo modalidade de assistencia
judiciaria - deve reputar-se transferida para a Defensoria Publica: essa, porem, para esse fim, so se
pode considerar existente, onde e quando organizada, de direito e de fato, nos moldes do art. 134 da
propria Constituicao e da lei complementar por ela ordenada: ate que - na Uniao ou em cada Estado
considerado - se implemente essa condicao de viabilizacao da cogitada transferencia constitucional de
atribuicoes, o art. 68 C. Pr. Pen. sera considerado ainda vigente: e o caso do Estado de Sao Paulo,
como decidiu o plenario no RE 135328.. (grifei) Todas essas consideracoes, indissociaveis do exame
da presente causa, evidenciam que o acordao ora recorrido diverge, frontalmente, da orientacao
jurisprudencial que esta Suprema Corte fixou na materia em analise. Sendo assim, e tendo em
consideracao as razoes expostas, conheco e dou provimento ao presente recurso extraordinario (CPC,
art. 557, . 1.-A), em ordem a reconhecer a plena legitimidade ativa do Ministerio Publico do Estado
de Sao Paulo para propor a acao civil ex delicto, nos termos do art. 68 do CPP, invalidando, por isso
mesmo, a extincao do processo, sem julgamento de merito, decretada pelo E. Tribunal de Justica
paulista (fls. 287/291) e restaurando, em consequencia, a decisao que procedeu ao saneamento do
processo (fls. 229), operando- se, a partir dai, o regular prosseguimento da causa. Publique-se.
Brasilia, 10 de junho de 2002. Ministro CELSO DE MELLO Relator; STF.

RE 1106606, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO

Julgamento: 06/03/2018; Publicação: 12/03/2018

Decisão

DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO —AUSÊNCIA DE ENQUADRAMENTO NO


PERMISSIVO — IMPOSSIBILIDADE — NEGATIVA DE SEGUIMENTO. 1. O Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais confirmou o entendimento do Juízo quanto à ilegitimidade do
Ministério Público para promover a ação de reparação de danos decorrente d

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e crime, considerada a existência de Defensoria Pública na respectiva comarca, à época do


ajuizamento. No extraordinário, o recorrente aponta a violação dos artigos 129, inciso IX, e 227 da
Constituição Federal. Insiste na legitimidade para a demanda, aludindo à natureza do bem protegido,
considerada a proteção à infância e juventude. 2. A matéria objeto deste recurso foi analisada pelo
Pleno quando do julgamento do recurso extraordinário nº 135.328, por mim relatado. Eis o teor da
ementa: LEGITIMIDADE - AÇÃO "EX DELICTO" - MINISTÉRIO PÚBLICO - DEFENSORIA
PÚBLICA - ARTIGO 68 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CARTA DA REPÚBLICA DE
1988. A teor do disposto no artigo 134 da Constituição Federal, cabe à Defensoria Pública, instituição
essencial à função jurisdicional do Estado, a orientação e a defesa, em todos os graus, dos
necessitados, na forma do artigo 5º, LXXIV, da Carta, estando restrita a atuação do Ministério
Público, no campo dos interesses sociais e individuais, àqueles indisponíveis (parte final do artigo 127
da Constituição Federal). INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA - VIABILIZAÇÃO DO
EXERCÍCIO DE DIREITO ASSEGURADO CONSTITUCIONALMENTE - ASSISTÊNCIA
JURÍDICA E JUDICIÁRIA DOS NECESSITADOS - SUBSISTÊNCIA TEMPORÁRIA DA
LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Ao Estado, no que assegurado constitucionalmente
certo direito, cumpre viabilizar o respectivo exercício. Enquanto não criada por lei, organizada - e,
portanto, preenchidos os cargos próprios, na unidade da Federação - a Defensoria Pública, permanece
em vigor o artigo 68 do Código de Processo Penal, estando o Ministério Público legitimado para a
ação de ressarcimento nele prevista. Irrelevância de a assistência vir sendo prestada por órgão da
Procuradoria Geral do Estado, em face de não lhe competir, constitucionalmente, a defesa daqueles
que não possam demandar, contratando diretamente profissional da advocacia, sem prejuízo do
próprio sustento. 3. Ante o precedente, nego seguimento ao extraordinário. 4. Publiquem. Brasília, 6
de março de 2018. Ministro MARCO AURÉLIO Relator

2ª QUESTÃO:
KONRAD HESSE expôs ao mundo jurídico guias do processo interpretativo, direcionadas à maior
consistência dos seus resultados, sob a fórmula de princípios da interpretação constitucional. Dentre
esses princípios, ele nos trouxe o princípio da unidade da constituição.
Exponha, em poucas linhas, o que você entende pelo princípio citado e responda se existe hierarquia
entre normas que compõem o texto constitucional.

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RESPOSTA:
RESPOSTA:
Curso de Direito Constitucional, Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco, 8ª edição,
2013. Ed. Saraiva. Pag. 94:
"O primeiro desses princípios, o da unidade da Constituição, postula que não se considere uma norma
da Constituição fora do sistema em que se integra. Dessa forma, evitam-se contradições entre as
normas constitucionais. As soluções dos problemas constitucionais devem estar em consonância com
as deliberações elementares do constituinte. Vale, aqui, o magistério de Eros Grau, que insiste em que
"não se interpreta o direito em tiras, aos pedaços", acrescentando que "a interpretação do direito se
realiza não como mero exercício de leitura de textos normativos, para o que bastaria ao intérprete ser
alfabetizado. Esse princípio concita o intérprete a encontrar soluções que harmonizem tensões
existente entre as várias normas constitucionais, considerando a Constituição como um todo unitário.
Convém ao intérprete, a esse propósito, pressupor a racionalidade do constituinte, ao menos como
ponto de partida metodológico da tarefa hermenêutica. Essa racionalidade - tomada como uma
diretiva, mais do que como uma hipótese empírirca - leva o aplicador a supor um ordenamento
constitucional ótimo, ideal, que não entra em contradição consigo mesmo. Para que o princípio da
unidade, expressão da racionalidade do legislador constituinte, seja confirmado na atividade
interpretativa, o intérprete estará legitimado a lançar mão de variados recursos argumentativos, como
o da descoberta de lacunas axiológicas, tendo em vista a necessidade de confirmar o esforço coerente
do constituinte de promover um ordenamento uniformemente justo.
O princípio da unidade da Constituição tem produzido julgados dignos de nota. Desse princípio, por
exemplo, o Supremo Tribunal Federal extraiu a inexistência de hierarquia entre as normas que
compçõe o texto constitucional."

ADI 815 / DF, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES


Julgamento: 28/03/1996 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação
DJ 10-05-1996 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312
Parte(s)
REQTE. : GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
ADVS. : GABRIEL PAULI FADEL E OUTRO
REQDO. : CONGRESSO NACIONAL
Ementa
EMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafos 1º e 2º do artigo 45 da
Constituição Federal. - A tese de que há hierarquia entre normas constitucionais originárias
dando azo à declaração de inconstitucionalidade de umas em face de outras e incompossível
com o sistema de Constituição rígida. - Na atual Carta Magna "compete ao Supremo Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição" (artigo 102, "caput"), o

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queimplica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir que se desrespeite a Constituição
como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o papel de fiscal do Poder Constituinte
originário, a fim de verificar se este teria, ou não, violado os princípios de direito suprapositivo que
ele próprio havia incluído no texto da mesma Constituição. - Por outro lado, as cláusulas pétreas
não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas
constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição
as prevê apenas como limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a
Constituição elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não como abarcando normas cuja
observância se impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação as outras que não sejam
consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não conhecida por
impossibilidade jurídica do pedido.

AI 597906 AgR-ED-EDv-ED, Relator(a): Min. GILMAR MENDES

Órgão julgador: Tribunal Pleno

Julgamento: 18/08/2020; Publicação: 04/09/2020

Ementa

Embargos de declaração em embargos de divergência em embargos de declaração em agravo


regimental em agravo de instrumento. 2. Direito Tributário. 3. Acórdão recorrido que destoa da
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 4. Revogação, pelo art. 56 da Lei 9.430/96, de isenção
da COFINS concedida às sociedades civis de profissão legalmente regulamentada pelo art. 6º, II, da
Lei Complementar 70/91. Legitimidade 5. Inexistência de relação hierárquica entre lei ordinária e
lei complementar. Questão exclusivamente constitucional relacionada à distribuição material entre
as espécies

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legais.Precedentes. 6. A Lei Complementar 70/91 é apenas formalmente complementar, mas


materialmente ordinária, com relação aos dispositivos concernentes à contribuição social por
ela instituída. ADC 1, Rel. Moreira Alves, RTJ 156/721 7. Ausência de omissão, contradição ou
obscuridade. Acórdão embargado suficientemente motivado. Embargos protelatórios. 8.
Embargos de declaração rejeitados.

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Turma: CPI B 12023


Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL
Sessão: 04 - Dia 24/01/2023 - 10:10 às 12:00
Professor: TATIANA DOS SANTOS BATISTA

04 Tema: Reformas constitucionais: Emendas; Revisão; Mutação constitucional formal e informal.


Limites do poder de reforma. Cláusulas pétreas e sua extensão. O papel do Supremo Tribunal
Federal.

1ª QUESTÃO:
XXIX Concurso (08/04/98) - PROVA ESPECÍFICA PARA INGRESSO NA CARREIRA DA
MAGISTRATURA - RJ - ADAPTADA

O Promotor de Justiça da sua Comarca requereu, com fundamento no artigo 247, § 2º, do ECA, a
apreensão de todos os exemplares de uma determinada revista local, que circula semanalmente, por
ter noticiado assalto com emprego de arma praticado por dois menores (15 e 16 anos de idade)
residentes na cidade. Em face da liberdade de informação garantida na Constituição Federal, como
decidiria a questão?
Fundamente.

RESPOSTA:
RESPOSTA: A questão coloca em conflito dois direitos fundamentais, previstos na CRFB88: o
direito à privacidade do menor de idade, que tem o âmbito de proteção extremamente alargado, e o
direito à informação. Deve-se levar em consideração que nenhum direito é absoluto, mas o direito de
informação tem limites, e deve se cingir apenas a noticiar o fato, e, por se tratar de menor, apenas as
iniciais dos nomes devem constar na notícia. No entanto, devemos levar em consideração também a
extensão territorial e o número de habitantes, pois, em se tratando de um número diminuto, fica fácil,
pelo teor da notícia, identificar os infratores e os mesmos sofrerem represálias muito comuns em
cidades pequenas.

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