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1ª QUESTÃO:
FLORÊNCIO, Deputado Federal, impetra mandado de segurança contra ato da Mesa Diretora que
indicou para votação, no próximo dia 05, texto do proposta de Emenda à Constituição que suprime o
preâmbulo da Carta Magna, bem como alguns artigos da Disposições Constitucionais transitórias.
O impetrante requer o impedimento da tramitação da proposta. Aduz que tais textos são
imodifícáveis, de acordo com princípios constitucionais.
Responda, fundamentadamente, como deve ser julgado o pedido.
RESPOSTA:
Curso de Direito Constitucional. Gilmar Ferreira Mendes e outros. Ed. Saraiva. 5ª ed. Pag. 77
(posição do Canotilho)
" Reportando-se, especificamente, à Constituição de Portugal, Gomes Canotilho e Vital Moreira
observam que não fazendo parte do texto da Carta Política, o preâmbulo não contém normas
constitucionais, não possui valor normativo autônomo nem idêntico ao das normas constitucionais,
razão por que não pode haver inconstitucionalidade por violação do seu texto ou dos princípios
preambulares enquanto tais. Mesmo assim, ressalvam que o preâmbulo não é juridicamente
irrelevante, funcionanado como elemento de interpretação - e eventualmente de integração - das
normas constituiconais. Mais ainda, sustentam que o preâmbulo desempenha outra importante função
constituicional, porque exprime, por assim dizer, o título da legitimidade da Constituição, seja em
relação à sua origem, seja em relação ao seu conteúdo (legitimidade constitucional material). Em
suma, entendem eles que, do ponto de vista material, o preâmbulo é uma "certidão de origem", um
"título de legitimidade" e um "bilhete de identidade", razão por que a sua alteração ou supressão não
teria sentido e significaria uma novação constitucional violador dos limites materiais da revisão. O
mesmo talvez se pudesse dizer a respeito das disposiçoes constituicionais transitórias, porque
operando - tal qual os preâmbulos -, como pontes no tempo, uma vez estendidas, elas não poderiam
ser alteradas ou suprimidas, sob pena de afronta á sua própria natureza."
Ementa
–assiste legitimidade ativa ‘ad causam’ para provocar a fiscalização jurisdicional. – O exercício do
poder reformador, embora passível de controle jurisdicional, há de considerar, unicamente, as normas
de parâmetro que definem, em caráter subordinante, as limitações formais (CF, art. 60, “caput” e §
2º), as limitações circunstanciais (CF, art. 60, § 1º) e, em especial, as limitações materiais (CF, art. 60,
§ 4º), cuja eficácia restritiva condiciona o processo de reforma da Constituição.
2ª QUESTÃO:
Sociedade empresarial insurge-se contra uma lei que revogou determinada isenção tributária. Ocorre
que esta sociedade se beneficiava da isenção tributária prevista na lei complementar nº 70/91 e a
Fazenda, com o advento da Lei 9430/96, passou a cobrar o valor do tributo. Alega que a suposta
revogação de uma lei complementar por uma lei ordinária fere de morte a estrutura hierarquizada da
legislação brasileira, amparada pela pirâmide de Kelsen.
Responda, fundamentadamente, se o argumento da sociedade encontra respaldo na ordem jurídica
brasileira.
RESPOSTA:
Recl 2475 AgR/MG, rel. originário Ministro Carlos Velloso, rel. p/ o acórdão Ministro Marco Aurélio
Rcl 2475 AgR / MG - MINAS GERAIS 2475 / MG - MINAS GERAIS"
AG.REG.NA RECLAMAÇÃORelator(a): Min. CARLOS VELLOSORelator(a) p/ Acórdão: Min.
MARCO AURÉLIO (ART. 38, IV, B, DO RISTF.)Julgamento: 02/08/2007 Órgão Julgador: Tribunal
Pleno
Publicação
DJe-018 DIVULG 31-01-2008 PUBLIC 01-02-2008
EMENT VOL-02305-01 PP-00085
RTJ VOL-00204-01 PP-00158
Parte(s)
AGTE.(S): UNIÃO
ADV.(A/S): PFN - FABRÍCIO DA SOLLER E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
INTDO.(A/S): CAMARGOS PEDROSA SERVIÇOS MÉDICOS LTDA E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S): ADRIANO CAMPOS CALDEIRA E OUTRO(A/S)
Ementa COFINS - LEI COMPLEMENTAR Nº 70/91 - AÇÃO DECLARATÓRIA DE
CONSTITUCIONALIDADE Nº 1-1/DF - JULGAMENTO - ALCANCE. No julgamento da Ação
Declaratória de Constitucionalidade nº 1-1/DF, o Colegiado não dirimiu controvérsia sobre a natureza
da Lei Complementar nº 70/91, consubstanciando a abordagem, no voto do relator, simples
entendimento pessoal.
Decisão
Após os votos dos Senhores Ministros Carlos Velloso, Relator, Marco Aurélio e Sepúlveda Pertence,
negando provimento ao agravo, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Gilmar Mendes.
Presidência do Senhor Ministro Maurício Corrêa. Plenário, 05.02.2004.
Decisão: Renovado o pedido de vista do Senhor Ministro Gilmar Mendes, justificadamente, nos
termos do § 1º do artigo 1º da Resolução nº 278, de 15 de dezembro de 2003.
Presidência do Senhor Ministro Maurício Corrêa. Plenário, 28.04.2004.
Decisão: O Tribunal, por maioria, vencidos os Senhores Ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia,
Joaquim Barbosa e Celso de Mello, negou provimento ao agravo regimental. Votou a Presidente,
Ministra Ellen Gracie. Ausente, justificadamente, neste julgamento o Senhor Ministro Cezar Peluso.
Lavrará o acórdão o Senhor Ministro Marco Aurélio. Não participou da votação o Senhor Ministro
Ricardo Lewandowski por suceder ao Senhor Ministro Carlos Velloso, Relator. Plenário, 02.08.2007.
Ementa
1ª QUESTÃO:
Governador do Rio Grande do Sul ajuíza Ação Direta de Inconstitucionalidade em face do art. 45, §§
1º e 2º, da Constituição da República Federativa do Brasil. Acentua, juridicamente, que a norma
constitucional em pauta fere princípios constitucionais superiores, que estão albergados pelas
cláusulas pétreas, e, por consubstanciarem concreções positivas do direito supralegal, estariam em um
patamar superior de hierarquia. Alega a violação dos princípios da Igualdade (artigo 5º da CRFB/88),
da Igualdade do Voto (artigo 14 da CRFB/88), do exercício, pelo povo, do poder (artigo 1º, parágrafo
único, da CRFB/88), da Cidadania (artigo 1º, inciso II, da CRFB/88), da Democracia (artigo 1º da
CRFB/88) e do Regime Federativo (artigo 60, parágrafo quarto, inciso I c/c artigo 1º da CRFB/88).
Sob fundamento lógico-jurídico, explica de forma técnica que há uma real desproporção e
discriminação relacionada à distribuição da população no país, sua participação no PIB e composição
do Congresso Nacional. Assim, demonstra que a região do SUL/SUDESTE detém 57,7% da
população brasileira, participa de 77,4% do PIB e compõe 45% do Congresso Nacional. Enquanto
isso, a região NORTE/NORDESTE detém 42,3% da população, participa de 22,6% do PIB e compõe
54,3% do Congresso Nacional. Dessa forma, sublinha que há uma disparidade, um descompasso real
nessa divisão, que se torna discriminatória e injusta, tendo em vista que atribui pesos diferentes a
cidadãos absolutamente iguais, afirmando que há uma colisão entre os valores de justiça e de
eqüidade.
RESPOSTA:
STF: ADIn nº 815-3, relator Ministro Moreira Alves, DJ de 10/05/96: Parágrafos 1º e 2 º do artigo 45
da Constituição Federal. A tese de que há hierarquia entre normas constitucionais originárias dando
azo a declaração de inconstitucionalidade de umas em face de outras é incompossível com o sistema
de Constituição rígida. Na atual Carta Magna `compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,
a guarda da Constituição (artigo 102, caput), o que implica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída
para impedir que se desrespeite a Constituição como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o
papel de fiscal do Poder Constituinte originário, a fim de verificar se este teria, ou não, violado os
princípios de direito suprapositivo que ele próprio havia incluído no texto da mesma Constituição. Por
outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da
inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais
superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas como limites ao Poder Constituinte derivado ao
rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não como
abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação às
outras que não sejam consideradas como clausulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação
não conhecida por impossibilidade jurídica do pedido
2ª QUESTÃO:
Com a superveniência da Constituição de 1988, o Procurador-Geral da República entende que uma
determinada Lei promulgada alguns anos antes não guarda compatibilidade com a nova Carta e, dessa
feita, propõe ação direta de inconstitucionalidade para impugná-la.
O Advogado-Geral da União, ao defender a constitucionalidade do texto impugnado, aduz que o
mesmo fora editado sob a égide da Constituição anterior, que com ela mantém compatibilidade, tanto
material, quanto formalmente.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se agiu corretamente o autor.
RESPOSTA:
RELATOR: ADI 2, REL. Min. Paulo Brossard.
CONSTITUIÇÃO. LEI ANTERIOR QUE A CONTRARIE.REVOGAÇÃO.
INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE. IMPOSSIBILIDADE. 1. A lei ou é
constitucional ou não é lei. Lei inconstitucional é uma contradição em si. A lei é constitucional
quando fiel à Constituição; inconstitucional na medida em que a desrespeita, dispondo sobre o que lhe
era vedado. O vício da inconstitucionalidade é congênito à lei e há de ser apurado em face da
Constituição vigente ao tempo de sua elaboração. Lei anterior não pode ser inconstitucional em
relação à Constituição superveniente; nem o legislador poderia infringir Constituição futura. A
Constituição sobrevinda não torna inconstitucionais leis anteriores com ela conflitantes: revoga-as.
Pelo fato de ser superior, a Constituição não deixa de produzir efeitos revogatórios. Seria ilógico que
a lei fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao ser promulgada, leis ordinárias. A lei maior
valeria menos que a lei ordinária. 2. Reafirmação da antiga jurisprudência do STF, mais que
cinqüentenária. 3. Ação direta de que se não conhece por impossibilidade jurídica do pedido.
Deve-se alertar ainda que a defesa feita pelo AGU seria própria para o controle difuso, mas não para o
controle abstrato, como proposto pelo PGR.
1.0000.18.015868-5/001
0158685-44.2018.8.13.0000 (2)