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282-10
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Julho 2022
Julgados em destaque
DIREITO CONSTITUCIONAL
É constitucional a previsão regimental de rito de urgência para proposições que
tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, descabendo ao Poder
Judiciário examinar concretamente as razões que justificam sua adoção
A previsão regimental de um regime de urgência que reduza as formalidades processuais em casos
específicos, reconhecidos pela maioria legislativa, não ofende o devido processo legislativo.
A adoção do rito de urgência em proposições legislativas é matéria genuinamente interna corporis,
não cabendo ao STF adentrar tal seara. Precedente.
Quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo legis-
lativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação do
sentido e do alcance de normas meramente regimentais das Casas Legislativas.
STF. Plenário. ADI 6968/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 20/4/2022 (Info 1051).
Polícia Federal pode recusar pedido de inscrição no curso de vigilante pelo fato
de o indivíduo ter praticado delito que envolve o emprego de violência contra
a pessoa ou por ter demonstrado comportamento agressivo incompatível com
as funções do cargo
Quando o delito imputado envolve o emprego de violência contra a pessoa ou demonstre compor-
tamento agressivo incompatível com as funções de vigilante, é válida a recusa de pedido de inscri-
ção em curso de reciclagem para vigilantes profissionais, porquanto configurada, em regra, a ausên-
cia de idoneidade do indivíduo.
Caso concreto em que o indivíduo restou condenado pela prática de lesão corporal no âmbito do-
méstico, com sentença penal transitada em julgado e pena já cumprida, não se evidenciando, desse
modo, ilegalidade na recusa à matrícula no curso de reciclagem pela Polícia Federal, porquanto se
trata de delito que atrai valoração negativa sobre a conduta exigida do profissional, revelando sua
inidoneidade para o exercício da profissão.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.952.439-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 26/04/2022 (Info 734). 1
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Nesse sentido, são inadmissíveis manifestações proferidas em redes sociais que objetivem a aboli-
ção do Estado de Direito e o impedimento, com graves ameaças, do livre exercício de seus poderes
constituídos e de suas instituições.
Não configurada abolitio criminis com relação aos delitos previstos na Lei de Segurança Nacional
(Lei nº 7.170/83).
Quando determinada conduta típica (e suas elementares) permanece descrita na nova lei penal,
com a manutenção do caráter proibido da conduta, há a configuração do fenômeno processual
penal da continuidade normativo-típica.
STF. Plenário. AP 1044/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/4/2022 (Info 1051).
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Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja
redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a pro-
mulgação desta emenda, inclusive. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32/2001)
O que a EC 06/95 fez foi tão somente substituir a expressão “empresa brasileira de capital nacional”
pela expressão “empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no
país”, que foi incluída no § 1º do art. 176 da CF/88.
O setor elétrico já estava, antes dessa alteração, aberto ao capital privado. Houve apenas ampliação
colateral em relação às empresas que poderiam ser destinatárias de autorização ou concessão para
explorar o serviço.
Além disso, a MP 144/2003 não se destinou a dar eficácia às modificações introduzidas pela EC
6/1995. O que ela fez foi regulamentar o art. 175 da CF/88, que dispõe sobre o regime de prestação
de serviços públicos no setor elétrico.
STF. Plenário. ADI 3090/DF e ADI 3100/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 20/4/2022 (Info 1051).
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Em ação que pretende o fornecimento de medicamento registrado na ANVISA, ainda que não incor-
porado em atos normativos do SUS, é prescindível a inclusão da União no polo passivo da demanda.
STJ. 2ª Turma. RMS 68.602-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 26/04/2022 (Info 734).
O problema foi que a 1ª Turma do STF, no mesmo dia, decidiu, aparentemente, em sentido contrá-
rio ao que foi explicado:
É obrigatória a inclusão da União no polo passivo de demanda na qual se pede o fornecimento gra-
tuito de medicamento registrado na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não incorporado
aos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Sistema Único de Saúde.
Esse entendimento está em consonância com a tese fixada pelo STF nos embargos de declaração do
RE 855.178 (Tema 793).
STF. 1ª Turma. RE 1286407 AgR-segundo/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2022
(Info 1052).
No informativo 1052 do STF não foram fornecidos mais detalhes e o acórdão ainda não foi publi-
cado. Assim, não se pode ter certeza se houve alguma distinção entre os dois casos. Tão logo haja
alguma novidade, você será avisada (o).
STJ. 1ª Turma. REsp 1.623.873-SE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 26/04/2022 (Info 734).
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STF. Plenário. RE 614384/SE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2022 (Repercussão Geral – Tema
559) (Info 1052).
A função de defesa dos necessitados, quando desempenhada pelo Estado, é própria da Defensoria Pública.
STF. Plenário. ADI 3152/CE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 26/4/2022 (Info 1052).
STF. Plenário. ADI 7029/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/5/2022 (Info 1053).
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A garantia da imunidade parlamentar, que deve ser compreendida de forma extensiva para a garan-
tia do adequado desempenho de mandatos parlamentares, não alcança os atos que sejam pratica-
dos sem claro nexo de vinculação recíproca do discurso com o desempenho das funções parlamen-
tares (teoria funcional) ou nos casos em que for utilizada para a prática de flagrantes abusos, usos
criminosos, fraudulentos ou ardilosos.
Caso concreto: em vídeos divulgados no Twitter, Facebook, Instagram e YouTube, o Senador Jorge
Kajuru afirma que determinado Senador seria um “pateta bilionário” que “entrou na política por
negócio”. Também disse que um ex-Deputado Federal teria feito parte de esquema de jogos de azar
e seria “chefe de quadrilha”.
Prevaleceu o voto-vista do Ministro Gilmar Mendes no sentido de que as declarações de Kajuru são
desvinculadas do mandato parlamentar. Para o Ministro, as manifestações do Senador têm conteú-
do injurioso e foram proferidas de forma dolosa e genérica, com intenção de destruir reputações,
sem qualquer indicação de prova que pudesse corroborar as acusações.
STF. 2ª Turma. Pet 8242, 8259, 8262, 8263, 8267 e 8366 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, redator do
acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/5/2022 (Info 1053).
DIREITO AMBIENTAL
É possível a queima da palha de cana-de-açúcar em atividades agroindustriais,
se houver autorização do órgão ambiental?
Sob a vigência da Lei nº 4.771/65 (antigo Código Florestal), é lícita a queima da palha de cana-de-açú-
car em atividades agroindustriais, desde que devidamente autorizada pelo órgão ambiental com-
petente e com a observância da responsabilidade civil por eventuais danos de qualquer natureza
causados ao meio ambiente ou a terceiros.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.443.290-GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 19/04/2022 (Info 734).
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Segundo o entendimento do STJ, a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subje-
tiva, sendo necessário, dessa forma, a comprovação da conduta omissiva e culposa (negligência na
atuação estatal - má prestação do serviço), o dano e o nexo causal entre ambos.
No caso, restou incontroverso que o acidente com evento morte ocorreu em rodovia estadual, me-
diante a queda de caminhão em buraco de 15 metros de profundidade, decorrente da ausência de
manutenção e fiscalização estatal da via pública, não havendo quaisquer indícios de culpa exclusiva
da vítima.
Desse modo, é possível concluir pela existência de omissão culposa por parte do ente público, con-
substanciada na inobservância ao dever de fiscalização e sinalização da via pública, bem como pelo
nexo causal entre a referida conduta estatal e o evento danoso, que resultou na morte do pai e ma-
rido dos recorrentes, causando-lhes, evidentemente, prejuízos materiais e morais, os quais devem
ser indenizados.
Presentes os elementos necessários para responsabilização do Estado pelo evento morte, deve-se
reconhecer devida a indenização por danos materiais, visto que a dependência econômica dos côn-
juges e filhos menores do de cujus é presumida, dispensando a demonstração por qualquer outro
meio de prova.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.709.727-SE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2022 (Info 733).
Valores recebidos por servidores públicos por força de decisão judicial precária,
posteriormente reformada, devem ser restituídos ao erário
Se o servidor recebeu os valores amparado por uma decisão judicial precária, não há como se admi-
tir a existência de boa-fé, pois a Administração em momento algum gerou-lhe uma falsa expectativa
de definitividade quanto ao direito pleiteado.
Se não fosse permitida a restituição, isso iria gerar o desvirtuamento do próprio instituto da an-
tecipação dos efeitos da tutela, haja vista que um dos requisitos legais para sua concessão reside
justamente na inexistência de perigo de irreversibilidade.
STJ. 2ª Turma. AREsp 1.711.065-RJ, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 03/05/2022 (Info 735).
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Nessa linha, não se pode concluir pela abusi- b) tal criação deve pressupor a necessária
vidade ou ilegalidade da cláusula contratual relação de confiança entre a autoridade no-
que prevê a renúncia do direito aos honorá- meante e o servidor nomeado;
rios de sucumbência, notadamente quando a c) o número de cargos comissionados criados
parte contratada, por livre e espontânea von- deve guardar proporcionalidade com a neces-
tade, manifesta sua concordância e procede sidade que eles visam suprir e com o número
ao patrocínio das causas de seu cliente me- de servidores ocupantes de cargos efetivos no
diante a remuneração acertada no contrato. ente federativo que os criar; e
No caso em análise, a parte autora manifes- d) as atribuições dos cargos em comissão de-
tou, de forma expressa e consciente, a renún- vem estar descritas, de forma clara e objetiva,
cia e só procurou discutir a cláusula após o na própria lei que os instituir.
fim do contrato.
Caso não se respeite esses requisitos, a cria-
STJ. 1ª Turma. AREsp 1.825.800-SC, Rel. Min. ção dos cargos em comissão será considerada
Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2022 inconstitucional.
(Info 733).
STF. Plenário. ADI 6655/SE, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 6/5/2022 (Info 1053).
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As cotas dos fundos de investimento podem ser objeto de penhora em processo de execução por
dívidas pessoais dos próprios cotistas, mas não podem ser penhoradas por dívidas do fundo, tam-
pouco de outros cotistas que não tenham nenhuma relação com o verdadeiro devedor.
Comprovado o abuso de direito, caracterizado pelo desvio de finalidade (ato intencional dos sócios com
intuito de fraudar terceiros), e/ou confusão patrimonial, é possível desconsiderar a personalidade jurídi-
ca de uma empresa para atingir o patrimônio de outras pertencentes ao mesmo grupo econômico.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.965.982-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/04/2022 (Info 733).
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Nos contratos de distribuição é normal que o produtor seja amplamente informado e participe
das técnicas mercadológicas usuais de venda desenvolvidas pela distribuidora e de seu campo de
atuação. Essas informações não configuram expertise singular indenizável, ou seja, não é cabível,
em regra, indenização pelo simples fato de o produtor utilizar essas informações para continuar
vendendo o produto no futuro sem a participação da empresa distribuidora.
Para que a Campari fosse condenada a indenizar seria necessário se provar que ela se utilizou de
know-how secreto e original da distribuidora, o que não é o caso.
Sem essa demonstração, o que se conclui é que a Campari utilizou-se dos conhecimentos e infor-
mações que adquiriu ao longo de todos esses anos de contrato em função do exercício legítimo do
seu poder de controle na qualidade de fornecedor sobre o seu distribuidor exclusivo.
Vale ressaltar que, por força do próprio contrato, a empresa distribuidora deveria fornecer à Cam-
pari as informações sobre estratégias de vendas, marketing, base de consumidores etc. Assim,
aquilo que a autora afirma que a ré se apropriou são informações que, pelo contrato, já deveriam
ser fornecidas. Isso afasta o caráter original e/ou secreto desses dados.
Dessa feita, no caso, não se identifica nenhum elemento ou técnica distintiva original ou protegida
por sigilo, legal ou contratualmente, a indicar apropriação indevida de know-how, sendo certo que
a organização de lista de clientes ou a dinâmica de vendas transferida contratualmente não tem o
condão de embasar pedido indenizatório de danos emergentes ou de lucros cessantes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.727.824-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/04/2022 (Info 733).
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Assim, viu-se a necessidade de analisar o comportamento daquele terceiro que interfere ou induz o
inadimplemento de um contrato sob o prisma de uma proteção extracontratual, do capitalismo éti-
co, da função social do contrato e da proteção das estruturas de interesse da sociedade, tais como a
honestidade e a tutela da confiança.
De acordo com a Teoria do Terceiro Cúmplice, terceiro ofensor também está sujeito à eficácia tran-
subjetiva das obrigações, haja vista que seu comportamento não pode interferir indevidamente na
relação, perturbando o normal desempenho da prestação pelas partes, sob pena de se responsabi-
lizar pelos danos decorrentes de sua conduta.
Uma das hipóteses em que a conduta condenável do terceiro pode gerar sua responsabilização é a
indução interferente ilícita, na qual o terceiro imiscui-se na relação contratual mediante informações
ou conselhos com o intuito de estimular uma das partes a não cumprir seus deveres contratuais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.895.272/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/4/2022 (Info 734).
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Esse documento foi levado a registro em 1977, mas apenas em 2006 Diogo interpelou seu irmão e
sua cunhada para que lhe transferissem a sua fração. Como não foi atendido, promoveu ação de
obrigação de fazer pleiteando a outorga da escritura pública correspondente ao seu quinhão no
imóvel.
Os réus alegaram que essa condição segundo a qual a propriedade do imóvel seria transferida a
Diogo “quando fosse de seu interesse”, seria vedada pelo art. 115 do CC/1916 e pelo art. 122 do
CC/2002, por se tratar de condição puramente potestativa. Assim, referida condição deveria ser con-
siderada não escrita e, portanto, inapta para suspender a fluência do prazo prescricional.
O art. 122 do CC/2002 (correspondente ao art. 115 do CC/1916) proíbe as condições puramente potes-
tativas, assim compreendidas como aquelas que sujeitam a eficácia do negócio jurídico ao puro arbí-
trio de uma das partes, comprometendo a seriedade do acordo e depondo contra a boa-fé objetiva.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.990.221-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 03/05/2022 (Info 735).
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Assim, o imóvel no qual reside o sócio não pode, em regra, ser objeto de penhora pelo simples fato de
pertencer à pessoa jurídica, ainda mais quando se trata de sociedades empresárias de pequeno porte.
Em tais situações, mesmo que no plano legal o patrimônio de um e outro sejam distintos - sócio e
sociedade -, é comum que tais bens, no plano fático, sejam utilizados indistintamente pelos dois.
Se a lei tem por escopo a ampla proteção ao direito de moradia, o fato de o imóvel ter sido objeto
de caução, não retira a proteção somente porque pertence à pequena sociedade empresária. Caso
contrário, haveria o esvaziamento da salvaguarda legal e daria maior relevância do direito de crédi-
to em detrimento da utilização do bem como residência pelo sócio e por sua família.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.935.563-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 03/05/2022 (Info 735).
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Esse dever de informação decorre do art. 22 do Código de Ética Médica e dos arts. 6º, III, e 14 do CDC.
Além disso, o Código Civil também disciplinou sobre o assunto no art. 15.
Justamente por isso, é indispensável o consentimento informado do paciente acerca dos riscos ine-
rentes ao procedimento cirúrgico. O médico que deixa de informar o paciente acerca dos riscos da
cirurgia incorre em negligência, e responde civilmente pelos danos resultantes da operação.
Vale ressaltar, ainda, que a informação prestada pelo médico ao paciente, acerca dos riscos, benefí-
cios e alternativas ao procedimento indicado, deve ser clara e precisa, não bastando que o profissio-
nal de saúde informe, de maneira genérica ou com termos técnicos, as eventuais repercussões no
tratamento, o que comprometeria o consentimento informado do paciente, considerando a defi-
ciência no dever de informação.
Com efeito, não se admite o chamado “blanket consente”, isto é, o consentimento genérico, em que
não há individualização das informações prestadas ao paciente, dificultando, assim, o exercício de
seu direito fundamental à autodeterminação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.848.862-RN, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 05/04/2022 (Info 733).
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No caso, não há controvérsia quanto a ter o titular da serventia sido condenado administrativamen-
te, com o que perdeu a delegação. Assim, nos expressos termos da legislação vigente, aquela meta-
de arrecadada durante o afastamento do titular deverá ser paga ao interventor.
Vale ressaltar que o STF decidiu que: “Os substitutos ou interinos designados para o exercício de
função delegada não se equiparam aos titulares de serventias extrajudiciais, visto não atenderem
aos requisitos estabelecidos nos arts. 37, inciso II; e 236, § 3º, da Constituição Federal para o provi-
mento originário da função, inserindo-se na categoria dos agentes estatais, razão pela qual se aplica
a eles o teto remuneratório do art. 37, inciso XI, da Carta da República.” (STF. Plenário. RE 808202 RS,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/08/2020. Repercussão Geral – Tema 779).
Ocorre que a hipótese dos autos diz respeito a interventor e é distinta, em princípio, da situação
que envolve “substitutos ou interinos”. Ademais, ainda que se aplique o precedente referido, o STF
– na apreciação dos declaratórios – modulou os efeitos do aludido acórdão “a partir da data em que
foi encerrada a sessão de julgamento virtual (21/8/20)”, sendo certo que a questão em julgamento é
de período anterior.
STJ. 1ª Turma. RMS 67.503-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/04/2022 (Info 733).
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STJ. 3ª Turma. REsp 1.976.741-RJ, Rel. Min. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.880.972-AL, Rel.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em Min. Og Fernandes, julgado em 19/04/2022
26/04/2022 (Info 734). (Info 735).
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Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a prati-
car, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
A defesa argumentou que não havia ato de ofício a ser praticado por policiais porque não caberia
prisão em flagrante. Logo, o oferecimento do celular seria fato atípico.
O art. 28 da Lei de Drogas, ainda que não preveja pena privativa de liberdade, permanece como
crime. Não houve descriminalização da conduta, mas tão somente sua despenalização, vez que a
norma especial conferiu tratamento penal mais brando aos usuários de drogas.
Em casos dessa natureza, muito embora não se imponha a prisão em flagrante, é obrigação do
policial conduzir o autor do fato diretamente ao juízo competente ou, na falta deste, à delegacia,
lavrando-se, neste caso, o respectivo termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos
exames e perícias necessários, nos termos do art. 48, §§ 2º e 3º da Lei nº 11.343/2006.
STJ. 5ª Turma. AREsp 2.007.599-RJ, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT),
julgado em 03/05/2022 (Info 735).
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Assim, deve-se reconhecer a incompetência do Juízo estadual. No entanto, os atos processuais devem
ser avaliados pelo Juízo competente, para que decida se valida ou não os atos até então praticados.
É pacífica a aplicabilidade da teoria do juízo aparente para ratificar medidas cautelares no curso do
inquérito policial quando autorizadas por juízo aparentemente competente.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 156.413-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/04/2022 (Info 733).
Vale ressaltar que esse dispositivo diz que o reconhecimento de pessoa somente será realizado
“quando houver necessidade”, ou seja, quando houver dúvida sobre a identificação do suposto autor.
Isso porque a prova de autoria não é tarifada pelo Código de Processo Penal, podendo ser compro-
vada por outros meios.
No caso concreto, houve um reconhecimento sem observância das formalidades do art. 226 do CPP.
No entanto, apesar disso, a condenação foi mantida porque havia outras provas e a autoria delitiva
não estava em dúvida mesmo antes desse reconhecimento.
STJ. 6ª Turma. HC 721.963-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 19/04/2022 (Info 733).
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O fato de se ter apreendido grande quantida- STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no RHC 143.066-
de e variedade de entorpecentes não impede RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
a concessão da prisão domiciliar se não de- 19/04/2022 (Info 734).
monstrados outros motivos que evidenciam
que a conduta praticada representa risco à or-
dem pública, como indícios de comércio ilícito
no local em que a agente cria os menores.
Caso concreto: em julgamento de apelação da defesa contra condenação pelo crime do art. 217-A,
caput, do Código Penal, o Desembargador afirmou oralmente: “[...] Declarações da vítima, da crian-
ça, eu fiquei horrorizado, eu não vi nada em que a vítima pudesse inventar! Uma criança, que foi
num período entre seis anos a onze anos, que ela sofreu esses abusos, que ela inventasse qualquer
coisa para denegrir a imagem de um suposto pai, porque nem pai podia ser... Uma pessoa dessas é
um animal! Um animal! [...] E eu fico lembrando da minha neta. Fico lembrando da minha neta! Uma
criança de tenra idade, na mão de um porco desse! Não me conformo! Não me conformo! Uma
criança desse tipo [...] Absolver um animal desse! Esse cara foi um animal! Pra mim, um animal!”.
STJ. 6ª Turma. HC 718.525-PR, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Re-
gião), julgado em 26/04/2022 (Info 734).
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A defesa de um dos réus alegou que não deveria ter ocorrido o desmembramento considerando
que: 1) as condutas apuradas nos processos sobre os crimes antecedentes podem ser úteis para a
comprovação da lavagem de dinheiro; 2) o MP imputou aos réus a causa de aumento do § 4º do art.
1º, da Lei de Lavagem (A pena será aumentada de um a dois terços se a lavagem de dinheiro tiver
sido cometida por intermédio de organização criminosa), razão pela qual no processo de lavagem
deve-se discutir a organização criminosa.
A eventual incidência da causa de aumento descrita na parte final do § 4º do art. 1º da Lei de Lava-
gem de Dinheiro não constituiu empecilho para o juiz manter a separação dos feitos, nos termos do
art. 80 do CPP.
STJ. 5ª Turma. RHC 157.077-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2022 (Info 735).
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Entretanto, o art. 244 do CPP não se limita a exigir que a suspeita seja fundada. É preciso, também, que
esteja relacionada à “posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito”.
O art. 244 do CPP não autoriza buscas pessoais praticadas como “rotina” ou “praxe” do policiamento
ostensivo, com finalidade preventiva e motivação exploratória, mas apenas buscas pessoais com
finalidade probatória e motivação correlata.
Desse modo, a busca pessoal não pode ser realizada com base unicamente em:
Assim, não é possível a busca pessoal unicamente pelo fato de o policial, a partir de uma classifica-
ção subjetiva, ter considerado que a pessoa:
Essas circunstâncias não preenchem o standard probatório de “fundada suspeita” exigido pelo art.
244 do CPP.
O fato de haverem sido encontrados objetos ilícitos após a revista não convalida a ilegalidade pré-
via, pois é necessário que o elemento “fundada suspeita de posse de corpo de delito” seja aferido
com base no que se tinha antes da diligência. Se não havia fundada suspeita de que a pessoa esta-
va na posse de arma proibida, droga ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, não
há como se admitir que a mera descoberta casual de situação de flagrância, posterior à revista do
indivíduo, justifique a medida.
A violação dessas regras e condições legais para busca pessoal resulta na ilicitude das provas obti-
das em decorrência da medida, bem como das demais provas que dela decorrerem em relação de
causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização penal do(s) agente(s) público(s) que te-
nha(m) realizado a diligência.
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JULGADOS
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a) evitar o uso excessivo desse expediente e, por consequência, a restrição desnecessária e abusiva
dos direitos fundamentais à intimidade, à privacidade e à liberdade (art. 5º, caput, e X, da Constitui-
ção), porquanto, além de se tratar de conduta invasiva e constrangedora – mesmo se realizada com
urbanidade, o que infelizmente nem sempre ocorre –, também implica a detenção do indivíduo,
ainda que por breves instantes;
b) garantir a sindicabilidade da abordagem, isto é, permitir que tanto possa ser contrastada e ques-
tionada pelas partes, quanto ter sua validade controlada a posteriori por um terceiro imparcial
(Poder Judiciário), o que se inviabiliza quando a medida tem por base apenas aspectos subjetivos,
intangíveis e não demonstráveis;
c) evitar a repetição – ainda que nem sempre consciente – de práticas que reproduzem preconceitos estru-
turais arraigados na sociedade, como é o caso do perfilamento racial, reflexo direto do racismo estrutural.
STJ. 6ª Turma. RHC 158.580-BA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/04/2022 (Info 735).
Impor ou não cautelas pessoais, de fato, depende de prévia e indispensável provocação; contudo, a
escolha de qual delas melhor se ajusta ao caso concreto há de ser feita pelo juiz da causa. Entender
de forma diversa seria vincular a decisão do Poder Judiciário ao pedido formulado pelo Ministério
Público, de modo a transformar o julgador em mero chancelador de manifestações do Parquet ou
de transferir a este a escolha do teor de uma decisão judicial.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 626.529-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/04/2022 (Info 735).
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JULGADOS
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Para que o magistrado negue o benefícios de execução penal sob o argumento da ausência de requisi-
to subjetivo, é necessário que isso seja feito com base em elementos concretos extraídos da execução.
O histórico prisional conturbado do apenado, somado ao crime praticado (uma condição legal do
atual art. 83, parágrafo único, do Código Penal), afasta a constatação inequívoca do requisito subje-
tivo para a concessão do livramento condicional.
STJ. 5ª Turma. HC 734.064-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), julga-
do em 03/05/2022 (Info 735).
DIREITO TRIBUTÁRIO
Sociedade de economia mista estadual prestadora exclusiva do serviço público
de abastecimento de água potável e coleta e tratamento de esgotos sanitários
faz jus à imunidade tributária recíproca
Sociedade de economia mista estadual prestadora exclusiva do serviço público de abastecimento
de água potável e coleta e tratamento de esgotos sanitários faz jus à imunidade tributária recíproca
sobre impostos federais incidentes sobre patrimônio, renda e serviços.
STF. Plenário. ACO 3410/SE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2022 (Info 1051).
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JULGADOS
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O próprio CTN faz distinção entre estabelecimento industrial e equiparado a industrial. A equipara-
ção ali é realizada apenas para fins de sujeição passiva em relação ao IPI.
Se é a lei que equipara, a mesma lei pode desequiparar ou definir as situações onde a equiparação
deve se dar e quais os seus efeitos.
Todas as vezes que o legislador quer conceder determinado benefício fiscal também aos estabele-
cimentos equiparados a industrial ele o faz expressamente, em atenção ao disposto no art. 111, do
CTN e no art. 150, §6º, da CF/88.
Não se pode, portanto, presumir que todas as vezes que a legislação tributária mencione o estabe-
lecimento industrial estaria a mencionar implicitamente também os estabelecimentos equiparados
a industrial, sob pena de se tornar o sistema tributário, no que diz respeito ao IPI, imprevisível e
inadministrável, especialmente diante da função extrafiscal do tributo que exige intervenções calcu-
ladas e pontuais nos custos incorridos em cada etapa da cadeia econômica.
Tanto o art. 5º, da Lei nº 9.826/99, quanto o art. 29, da Lei nº 10.637/2002, são claros ao apontar
como beneficiário da suspensão do mencionado imposto apenas o estabelecimento industrial, sem
estender ao equiparado, de modo que o art. 23, da Instrução Normativa da SRF nº 296/2003 não limi-
tou o pretendido direito, mas apenas explicitou aquilo que a lei e o sistema já haviam determinado.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.587.197-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 19/04/2022 (Info 733).
Imposto de Renda não incide sobre juros de mora por atraso no pagamento de
verbas salariais
Não incide imposto de renda sobre os juros de mora devidos pelo atraso no pagamento de remune-
ração por exercício de emprego, cargo ou função.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.494.279-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 26/04/2022 (Info 734).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.638.772-SC, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 27/04/2022 (Recurso
Repetitivo – Tema 994) (Info 734).
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JULGADOS
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O estado pode financiar suas despesas de capital mediante receitas de operações de crédito, desde
que estas não excedam o montante das despesas de capital. Isso deverá ser observado pelo chefe
do Poder Executivo quando fizer a operação financeira autorizada por lei.
Ademais, o art. 167, X, da CF/88 não proíbe a concessão de empréstimos para pagamento de pes-
soal. O dispositivo veda, contudo, que os empréstimos realizados junto a instituições financeiras
dos governos federal e estaduais sejam utilizados para aquele fim. Impede-se, portanto, a alocação
das receitas obtidas com instituições financeiras estatais para o custeio de pessoal ativo e inativo.
Por oportuno, nada impede a realização de empréstimos com instituições financeiras privadas para
pagamento de despesas com pessoal, porquanto a proibição não as alcança.
STF. Plenário. ADI 5683/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2022 (Info 1051).
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Art. 124 (...) Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer
benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.982.937-SP, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF5),
julgado em 05/04/2022 (Info 733).
Situação diferente ocorre no caso em que os valores (parcelas de natureza alimentar) foram recebi-
dos, durante anos, por força de sentença transitada em julgado. Neste caso, é inequívoca a boa-fé
objetiva da parte.
STJ. 4ª Turma. AREsp 1.775.987-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 03/05/2022 (Info 735).
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