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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO

TRIBUNAL FEDERAL

Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de


Bombeiros Militar do Ceará – ASPRAMECE, representada pelos seus advogados
inscritos na OAB/CE sob nº 123456 – Francisco Haroldo Nobre Rodrigues Júnior, e
OAB/CE 456789 – Francisco Wellington Silva Machado, e OAB/CE 456790-Andre
Sousa, e OAB/456790, que esta subscreve esta referida petição, com endereço na Rua
Napoleão Nunes Maia, n 1005, Bairro Socorro, Limoeiro do Norte - CE, CEP 62930-
000, local indicado para receber intimações, vem respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no art.102, art.103 inciso VII, ambos na constituição
federal de 1988, artigos 1º e 3º da Lei Federal 9.882/99, propor:

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL COM PEDIDO DE MEDIDA CAUTELA

Contra o posicionamento do estado ao afastar e deixar de fora os pagamentos


de policiais militares do Ceará que eles e suas esposas outrora estavam reivindicando
seus direitos proposto pela Constituição Federal, pois o direito a greve é direito humano,
reconhecido na convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
previsto no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

1-PREMILINARMENTE

1.1 –LEGITIMAÇÃO ATIVA

Como se depreende do artigo 2º da Lei 9.882/99 os legitimados à proposição


de arguição de descumprimento de preceito fundamental constam no rol taxativo do
artigo 103, VII da Constituição Federal Brasileira de 1988.

O Artigo 2º da Lei nº 9.882/99 aponta como legitimados para


propor a ação de descumprimento de preceito fundamental os
mesmos sujeitos aptos a propor a ação direta de
inconstitucionalidade. Assim, podem propor a Ação Direta de
Inconstitucionalidade:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara


Legislativa do DF;

V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito


Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso


Nacional;

IX - Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito


nacional.

Nota-se ,desta forma, que o requerente é parte legítima para


ingressa com a presente ADPF, vez que possui representação
na constituição federal de 1988, escritos nos seus artigos e por
representar a Ordem dos Advogados do Brasil.

1.2- CABIMENTO DA AÇÃO DE DESCUPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL

A arguição de preceito fundamental está prevista no artigo 102, § 1ª, da


CRFB/88, regulamentada pela lei nª 9.882/99 e aplicável contra atos comissivos e
omissivos dos poderes públicos que importem lesão ou ameaça de lesão aos princípios e
regras mais relevantes da ordem constitucional.

Art. 1º A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será


proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a
preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.

Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito


fundamental:

I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei


ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição; (Vide ADIN 2.231-8, de 2000)

Consequentemente, a ADPF exprime a preocupação do constituinte em


aperfeiçoar a rede de ações, recursos e garantias que visam preservar a supremacia
constitucional. Nessa ótica, a ADPF deve tapa lacunas e não substituir garantias e
ações existentes ou concorrer com elas, para evita que se torne mais complexo e
instável o sistema de controle de constitucionalidade. Cabe sempre ADPF contra:

A) Atos normativos oriundos de autoridade municipais, por estarem excluídos


da ação direta de inconstitucionalidade, conforme o artigo 102 ,I, a, da CFRB/88

B) Atos normativos anteriores à entrada em vigor da Constituição, contra os


quais, conforme jurisprudência assentada do STF, não cabe ação direta de
inconstitucionalidade nem ação direta de constitucionalidade (art. 1°,§ único,
I, da Lei n° 9.882/99). Neste sentido, a lei foi publicada em1975, logo anteriores à
Constituição, atendem tal requisito.
2- DOS FATOS

O estado do ceara enfrentou umas das maiores reivindicações ocorrida nesses


ultimo meses, intitulado pelos governantes, donos do fim da causa, de motim. Pois
como é sabedor da maioria, esta reivindicação, na verdade é, uma luta para uma
melhorias da classe, salários justo como a maioria dos estados do nordeste já o faz.

O destaque que a mídia fez foi deturpar atos e fatos das esposas de alguns
integrantes da gloriosa policia militar, símbolo de orgulho do povo cearense. Senhores,
policiais militares, que deixam seus lares para, tão somente cuidar da sua, da nossa e de
toda família cearense. Sabemos que a constituição federal de 1988 veda qualquer tipo
de greve por parte das forças de seguranças do nosso país, os senhores são sabedores
disso, no entanto, reitero que essa classe que saiu para proteger a sua família, deixando a
dele em casa e por vezes indefesa, são os mesmos seres humanos que precisam de
direitos e necessitam de algo ou alguém que o defendam diante das arbitrariedade do
estado, porém eles não tem. Não se pode ignorar que essa restrição a essa categoria,
isso, demonstra falta de igualdade no tratamento aos trabalhadores, por que eles são
também considerados trabalhadores, ficam sem meios para defenderem seus direitos.

Assim é justo que ponderemos tal fato para tratamos com isonomia a classe
que suplica por misericórdia aos juízes. Pergunto-me aos senhores, qual dos serviços e
trabalho existente no âmbito público ou privado onde é feito um juramento de vida - que
[...] “Ao ingressar na Polícia Militar do Ceará, prometo regular a minha conduta pelos
preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver
subordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço policial-militar, à polícia ostensiva, à
preservação da ordem pública e à segurança da comunidade, mesmo com o risco da
própria vida”.art.49,I,A.LEI 13.729 11 de junho de 2006.

É com o risco da própria vida que o estado detém esses servidores públicos
para conter a violência vivida do estado, isso sem falar nos órgãos que fiscalizam noite e
dia cada integrante da policia militar do ceara, a Controladoria Geral do Estado, é
senhores, os nobres policiais e senhoras esposas que estavam reivindicando seus direitos
para assim dar uma segurança a mais a suas famílias, hoje ,estão sendo embate na área
jurídica para prejudica-los e não para discutir uma proposta digna.

Desse modo, a constituição federal de 1988, no seu rol de normas, mas preciso
no artigo 37 diz que: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)VII - o direito de
greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). Todavia não existe nenhuma norma
específica falando sobre o assunto e assim deixa a mercê de os militares seguirem as
regras dos setores privados.
A solução mais viável seria, basicamente, garantir o direito de reivindicar seus
direitos ao estado, em respeito ao princípio da igualdade, mas de forma restrita e
excepcional, a saber, proibindo uso de armas nas manifestações, designando o
percentual mínimo de militares que devem continuar em serviços e principalmente,
estabelecendo as punições eficientes a serem aplicadas em caso de abuso de poder.

3- A VIOLAÇÃO A PRECEITO FUNDAMENTAL

3.1-OBJETO DA AÇÃO

O estado em meio ao movimento reivindicatório, promovido pelos integrantes


da corporação, buscou na constituição federal de 1988, no artigo 142,§3,IV, que fala da
proibição da greve de militares da união, no entanto ,como já destacado anterior,
militares federais, assim não caberia buscar na constituição tal citação sobre greve,
tampouco sobre os militares reservas do exercito.

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo


Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e
na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem.

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados


militares, aplicando-lhes, além das que vierem a ser fixadas em
lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 18, de 1998)

IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).

Desse modo, percebemos que a CRFB/88 corrobora com o posicionamento da


associação dos policiais militares do Ceará, pois sabemos que existe uma lei que
resguarda e responsabiliza o comportamento dos militares do estado, a Lei Nº 13.407,
de 21 de Novembro 2003.

[...] Art.144 § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros


militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-
se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

[...] Houver cumprido a pena consequente do crime de


deserção, após apurada a motivação em procedimento regular,
onde lhe seja assegurado o contraditório e a ampla defesa. (
alínea “e” do artigo 23 da Lei Nº 13.407, de 21 de Novembro
2003.)
f) considerada desertora e capturada ou apresentada, tendo
sido submetida a exame de saúde, for julgada incapaz
definitivamente para o serviço militar.

Parágrafo único - O oficial demitido perderá o posto e a


patente, e a praça, a graduação.

4- INEXITÊNCIA DE OUTRO MEIO CAPAZ DE SANAR A LESÃO OU


AMEAÇA

A ADPF, como já dito, é o instrumento jurídico apropriado para sanar lesão ou


ameaça de lesão a preceitos e princípios fundamentais provocados por ato comissivo ou
omissivo do poder público, quando não há outro meio para saná-lo.

Desse modo, em total comprometimento da Associação dos policiais militares,


procuraram de imediato a gestão governamental para sanar as dificuldades que eram
levantadas pela associação, aconteceu tudo antes de sequer houve as reivindicações na
assembleia legislativa, reitero que houve uma prévia, uma comunicação ao secretário de
segurança pública e também o governo, no entanto, houve mora , houve uma
negligência pro parte do estado em sanar e assim, foi necessário entrar com uma ADPF.

5- MÉRITO

5.1- DOS PRECEITOS FUDAMENTAIS VIOLADOS

Na Constituição federal dar-nos autonomia buscar esse dispositivo para poder


dirimir discussões como a que está acontecendo, pois estamos diante de uma falta de
entendimento do estado, vemos que o próprio estado por ser detentor de poderes para
resoluções de conflitos está, tão somente, com um desejo de punir servidores que não
tem a norma própria para se autodefender de arbitrariedades, senhores que estão a mercê
da boa vontade da gestão.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

(...)III - a dignidade da pessoa humana;

O direito de associar-se está implícito no artigo 8º, na constituição federal de 1988:

É livre a associação profissional ou sindical, observado o


seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em
qualquer grau, representativa de categoria profissional ou
econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser
inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se
tratando de categoria profissional, será descontada em folha,
para custeio do sistema confederativo da representação sindical
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir
do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final
do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
atendidas as condições que a lei estabelecer.

Podemos notar que a dignidade do integrante das reivindicações é de maneira


grotesca atingida, tirando seu direito de poder reivindicar melhoria para sua classe.

“[…] é qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano


que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por
parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um
complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a
pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e
desumano, como venham a lhe garantir as condições
existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar
e promover sua participação ativa e co-responsável nos
destinos da própria existência e da vida em comunhão com os
demais seres humanos" (SARLET, 2007, p. 62).

6- PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A colaboração do governo para que aplique a anistia aos policiais
envolvidos nas reivindicações.
b) O aumento salarial seja coerente e justo para os integrantes da policia
militar, para que assim, os mesmos possam dar uma maior segurança aos seus
familiares.
c) A controladoria seja mais um pouco presente nas necessidades dos
policiais e não, somente, na hora de punir.
d) Que o direito para das corporações estejam positivados, para que não seja
necessário fazer uso do mandado de injunção para eventuais reivindicações futuras.
e) Pedido de habeas corpus para os policiais que estão sendo investigados e
envolvidos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém


sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Nesses termos , pede o deferimento.

Limoeiro do norte/ Ceará, 20 de maio de 2020

Francisco Haroldo Nobre Rodrigues Júnior

Advogado OAB/CE 456789

Francisco Wellington Silva Machado

Advogado OAB/CE 456790

André Sousa Freire

advogado OAB/CE456791

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