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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
STF
20/06 a 24/06
• Ministro Barroso prorroga por mais 60 dias inquérito contra os senadores Chico Rodrigues
e Telmário Mota.
• STF recebe ação sobre alcance da competência dos TCEs para julgar prestação de contas
de prefeitos.
• STF invalida veto presidencial e restabelece regra sobre tributação de petróleo na Zona
Franca de Manaus.
• STF confirma prazo de 90 dias para entrada em vigor da MP sobre compensação fiscal para
consumidor final de combustíveis.
• STF reafirma que requisição administrativa de bens de uma unidade federativa por outra
é inconstitucional.
• Plenário começa a julgar ADI sobre diferenciação entre advogado público e privado.
• Governadores de 11 estados questionam lei que impôs alíquota uniforme de ICMS sobre
combustíveis.
• Aras questiona leis do Acre e do Amazonas sobre porte de armas para atiradores
desportivos.
• STF derruba repasse de taxas cartoriais de Goiás para fundos não ligados à Justiça.
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
17/06
A investigação preliminar teve início com base nas conclusões da CPI da Pandemia e relacionava-se
com suposta intermediação irregular de venda de vacinas contra Covid.
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o arquivamento de uma
apuração preliminar instaurada contra o deputado federal Ricardo Barros (Progressistas-PR) na
Petição (PET) 10058. A ministra atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR),
que não verificou indícios mínimos que justifiquem o prosseguimento da investigação criminal.
Advocacia administrativa
O procedimento foi instaurado, em novembro de 2021, a pedido da própria PGR, a partir das
conclusões do Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, do
Senado Federal, que apontava o indiciamento do parlamentar pela suposta prática do crime de
advocacia administrativa (patrocinar interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário público, conforme o artigo 321 do Código Penal).
Segundo o relatório da CPI, haveria “fortes indícios” de que Barros teria praticado ao crime em
favor da Belcher Farmacêutica, empresa que pretendia intermediar a venda, ao Ministério da
Saúde, da vacina Convidecia, fabricada pelo Laboratório Cansino. Para embasar o indiciamento,
foram anexados uma carta de intenção de compra de 60 milhões de doses, por US$ 17 a dose,
e uma foto de Barros com os sócios da empresa e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em
reunião no ministério em 15 de abril de 2021.
Elementos indiciários
Na petição em que solicitou o arquivamento do procedimento, a PGR afirma que os dados
enviados pelo Legislativo não apresentam nenhum elemento indiciário de que Ricardo Barros
tenha atuado em prol das empresas citadas.
Reunião
Em relação à reunião com o ministro da Saúde, a PGR assinala que, nos depoimentos à CPI,
Emanuel Ramalho Catori, sócio da Belcher, afirmou que não houve nenhum tipo de interferência
nas negociações envolvendo a compra do imunizante pelo Estado brasileiro e que Barros havia
participado do encontro em que foi tirada a fotografia na condição de presidente da Frente
Parlamentar de Medicamentos, com o intuito de tratar de um medicamento denominado
Favipiravir. A PGR destacou, ainda, que não foi elaborada ata da reunião, não havendo, portanto,
elemento que indique que a compra da vacina tivesse sido objeto do encontro.
Ainda de acordo com a PGR, a Belcher obteve autorização da CanSino para negociar a vacina
somente em 19 de abril de 2021, e a expedição de carta de intenção de compra pelo Ministério
da Saúde ocorreu em 4 de junho, "tratando-se apenas de mero requisito para o início das
negociações, não vinculando o órgão interessado". Porém, em 10 de junho de 2021, a
farmacêutica teve suas credenciais revogadas pela indústria chinesa, não se concretizando o
negócio.
Arquivamento
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
20/06
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
STF recebe ação sobre alcance da competência dos TCEs para julgar
prestação de contas de prefeitos
O pedido é para que o STF declare a possibilidade de os TCEs julgarem os prefeitos que agem na
qualidade de ordenadores de despesas e condená-los ao pagamento de multa e à reparação ao erário.
A Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) ajuizou, no Supremo
Tribunal Federal (STF), a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 982, em
que pede a concessão de medida cautelar para suspender decisões judiciais que anulam penas
aplicadas a prefeitos quando atuam na qualidade de ordenadores de despesas.
A entidade alega que as decisões de Tribunais de Justiça de todo o país impedem que os
julgamentos das contas de gestão de prefeitos, realizados por Tribunais de Contas estaduais
(TCEs), produzam efeitos não só eleitorais, mas, também, quanto à aplicação de multas e à
reparação ao erário. A ação foi distribuída ao ministro Luís Roberto Barroso.
Ordenador de despesas
Segundo a associação, nas decisões questionadas, os Tribunais de Justiça têm entendido que o
papel dos Tribunais de Contas é apenas o de apresentar parecer, cabendo às câmaras de
vereadores, com exclusividade, julgar as contas do prefeito. Contudo, argumenta que, de acordo
com o artigo 71, inciso II, da Constituição Federal, cabe às cortes de contas julgar
administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos, o que abrangeria os
prefeitos que assumiram essa tarefa.
Para a Atricon, a avocação da função de ordenador de despesas não pode se converter em
instrumento para que o prefeito “imunize” a gestão municipal do julgamento pelos Tribunais de
Contas, quando essa hipótese é expressamente prevista no texto constitucional.
Assim, a entidade pede que o STF declare a possibilidade de os TCEs julgarem os prefeitos que
agem na qualidade de ordenadores de despesas e de condená-los ao pagamento de multa e à
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reparação ao erário. No pedido de medida cautelar, a Atricon sustenta que essa indefinição
quanto aos poderes dos Tribunais de Contas está causando insegurança jurídica aos julgadores.
21/06
O Plenário, por maioria, declarou a inconstitucionalidade do veto adicional publicado em edição extra
do Diário Oficial da União.
O Supremo Tribunal Federal (STF) restabeleceu a vigência de dispositivo da Lei 14.183/2021 que
excluiu a isenção do Imposto de Importação e do Imposto sobre Produtos Industrializados nas
operações com petróleo e derivados por empresas da Zona Franca de Manaus. Para o Plenário,
o veto do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao trecho do projeto de lei é inconstitucional,
uma vez que foi exercido após o prazo de 15 dias. A decisão majoritária foi tomada na apreciação
da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 893, julgada procedente na
sessão virtual encerrada em 20/6.
Prevaleceu, no julgamento, o voto do ministro Luís Roberto Barroso, para quem o poder de veto
de que trata o artigo 66, do parágrafo 1°, da Constituição Federal não pode ser exercido após o
decurso do prazo estabelecido. O dispositivo estipula que o presidente da República deve vetar
um projeto de lei que considere inconstitucional, total ou parcialmente, no prazo de 15 dias
úteis contados da data do recebimento do texto e deverá comunicar, dentro de 48 horas, ao
presidente do Senado Federal os motivos do veto.
Controvérsia
Autor da ação, o partido Solidariedade apontou lesão ao preceito fundamental da separação de
Poderes diante do veto do presidente da República ao artigo 8º da Lei 14.183/2021, divulgado
na edição extra do Diário Oficial da União (DOU) do dia 15/07/2021. A divulgação do veto,
explicou o partido, foi feita horas depois da promulgação e publicação da norma, resultado da
sanção do Projeto de Lei de Conversão (PLV) 12/2021.
A legenda sustentou que houve desrespeito aos prazos e procedimentos rigidamente
estabelecidos pela Constituição Federal. Ressaltou que o veto tardio decorreu de pressão
política da bancada do Amazonas no Congresso Nacional e que acabou sendo mantido em
sessão conjunta das duas Casas Legislativas, realizada em 27/09/2021. A Presidência da
República, por sua vez, argumentou que o procedimento ocorreu de forma tempestiva e que a
republicação da Lei 14.183/2021, em edição extra do DOU, foi necessária tão somente em razão
de erro material.
Expiração do prazo
Em seu voto, o ministro Roberto Barroso explicou que o exercício da prerrogativa de vetar o
projeto de lei de conversão foi até o dia 14/07/2021, quando Bolsonaro editou a mensagem de
veto – na qual o artigo 8º não era mencionado – e encaminhou o texto da lei para publicação.
Segundo o ministro, somente no dia seguinte, quando o prazo já havia expirado, ocorreu a
publicação de edição extra do Diário Oficial para a divulgação de novo texto legal com a aposição
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adicional de veto ao dispositivo que havia sido sancionado anteriormente. Ou seja, ao contrário
do que argumentado pela Presidência da República, não ocorreu erro material, mas aposição de
novo veto. Para o ministro, trata-se "de procedimento heterodoxo e que não se coaduna com
Constituição", tal como reconhecido pelo Plenário no julgamento das ADPFs 714, 715 e 718.
Portanto, como foi ultrapassado o prazo de 15 dias, a prerrogativa não pode mais ser exercida.
Barroso acrescentou que o fato de o veto extemporâneo ter sido mantido pelo Congresso
Nacional não altera a conclusão pela sua inconstitucionalidade, porque o ato apreciado pelo
Legislativo não poderia sequer ter sido praticado. "Caso o Congresso Nacional deseje encerrar a
vigência de dispositivo legal por ele aprovado, deverá retirá-lo da ordem jurídica por meio da
sua revogação", concluiu.
Acompanharam esse entendimento os ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, Ricardo
Lewandowski, Alexandre de Moraes e Luiz Fux e a ministra Rosa Weber.
Relatora
Ficaram vencidos a relatora, ministra Cármen Lúcia, e os ministros Dias Toffoli, André Mendonça
e Nunes Marques, que votaram pela improcedência da ação. Segundo a ministra, o pedido
trazido pelo partido é inviável, pois demandaria deliberação da Corte sobre matéria estranha ao
objeto da petição inicial, ou seja, saber se a manutenção do veto pelo Congresso Nacional
convalidaria eventual vício alegado na tramitação do projeto de lei na Presidência da República.
Em decisão unânime, a Corte referendou liminar deferida pelo ministro Toffoli no dia 7 deste mês.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve decisão do ministro Dias Toffoli que
estabeleceu o prazo de 90 dias para entrada em vigor de medida provisória que retirou das
empresas consumidoras finais de combustíveis o direito ao uso de créditos de contribuições
sociais. Na sessão virtual concluída em 20/6, o colegiado seguiu, por unanimidade, o voto do
ministro no referendo da liminar concedida na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7181.
A ação foi ajuizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) para questionar dispositivo
da Medida Provisória (MP) 1.118, de 17 de maio de 2022, que retirou das empresas
consumidoras finais de combustíveis o direito de compensar créditos do PIS/Pasep e da Cofins
decorrentes de operações com isenção fiscal. A entidade contesta a alteração promovida no
artigo 9º da Lei Complementar (LC) 192/2022, que garantia, até o dia 31 de dezembro deste ano,
a alíquota zero dessas contribuições em operações com combustíveis e a manutenção dos
créditos para todas as empresas da cadeia produtiva. Com a medida provisória, no entanto,
apenas produtoras e revendedoras puderam se beneficiar do direito à compensação.
Anterioridade
Em seu voto, o ministro Toffoli reafirmou os fundamentos que justificaram a concessão parcial
da medida cautelar. Segundo ele, o caso revela majoração indireta da carga tributária, em razão
da revogação da possibilidade de as pessoas jurídicas adquirentes finais dos produtos sujeitos à
alíquota zero manterem os créditos vinculados. Por isso, a alteração deve se submeter à regra
constitucional da anterioridade nonagesimal, conforme entendimento predominante do STF.
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Ele explicou, ainda, que a liminar deferida tem efeitos retroativos e, por isso, as empresas têm
assegurado o direito de manter os créditos vinculados em relação a todo o período protegido
pela noventena, o que abrange o período entre a data da publicação da medida provisória e a
sua decisão monocrática.
22/06
O pedido é para que o entendimento consolidado do STF seja de observância obrigatória pelas demais
instâncias da Justiça.
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Ele lembrou o recente julgamento da Ação Cível Originária (ACO) 3463, em que o Plenário
referendou medida cautelar para impedir que a União requisitasse insumos para a fabricação
de vacina contra o coronavírus adquiridos pelo Estado de São Paulo, sob pena de violação da
autonomia estatal.
Para o ministro, a possibilidade de requisição pela União de bens públicos afetados ao
desempenho de competências dos entes federativos diversos subverte a própria repartição
constitucional de competências administrativas, em desfavor da autonomia e equilíbrio do
pacto federativo; sendo, portanto, flagrantemente inconstitucional.
Reajuste
Relator do processo, o ministro Dias Toffoli havia votado em sessão anterior pela improcedência
do pedido, mas reajustou seu voto para acompanhar o entendimento do ministro Alexandre de
Moraes, na linha da mais recente jurisprudência da Corte.
Ação da OAB questiona dispositivo prevendo que a relação empregatícia dos advogados de órgãos
públicos e sociedades de economia mista é distinta da estabelecida pelo Estatuto da Advocacia.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, nesta quarta-feira (22), o julgamento da
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3396, ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) contra dispositivo da Lei 9.527/1997 que determina que a relação
empregatícia dos advogados de órgãos públicos e sociedades de economia mista é distinta da
estabelecida pelo Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994).
Na sessão, foram realizadas as sustentações orais da OAB e dos amici curiae (amigos da Corte)
e, em seguida, foi apresentado o voto do relator, ministro Nunes Marques, que julgou o pedido
parcialmente procedente. O julgamento será retomado nesta quinta-feira com os votos dos
demais ministros.
Na ação, a OAB alega que o artigo 4ª da lei viola o princípio constitucional da isonomia ao prever
que as disposições constantes do Capítulo V, Título I, do Estatuto da Advocacia, não se aplicam
àqueles profissionais. As regras preveem a jornada de trabalho, o salário e o recebimento dos
honorários de sucumbência.
Sustentações
Em sua sustentação oral, o representante da OAB, Vicente Martins Prata Braga, reiterou que
não há embasamento legal para diferenciar os advogados que trabalham em empresas públicas
e sociedades de economia mista. Na sua avaliação, essas entidades, exercendo atividade
empresarial, em regime de monopólio ou não, devem conservar bons advogados. Por isso, a seu
ver, a retirada de direitos assegurados a outros advogados seria um desestímulo àqueles
profissionais, o que ocasionaria perda de quadros qualificados.
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Falando em nome dos amici curiae Federação Nacional dos Advogados e Fórum Nacional de
Advocacia Pública Federal, Hugo Mendes Plutarco apontou que o artigo 4º da Lei 9.527/1997 é
manifestamente inconstitucional. Em relação aos honorários de sucumbência, ele afirmou que
o novo Código de Processo Civil (artigo 85, parágrafo 19) permite seu recebimento pelos
advogados públicos.
Relator
O ministro Nunes Marques votou pela procedência parcial do pedido para dar interpretação
conforme ao artigo 4º da Lei 9.527/1997, excluindo de seu alcance apenas os advogados de
empresas públicas e de sociedade de economia mista não monopolísticas, ou seja, com
concorrentes.
No entanto, ele afirmou que esses advogados também estão sujeitos ao teto remuneratório do
serviço público, previsto no artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, com exceção daqueles
vinculados a empresa pública e a sociedade de economia mista que não recebam recursos do
estado para pagamento de pessoal e custeio nem exerçam atividade em regime monopolístico.
Advogados estatutários
Em relação aos advogados públicos regidos pela Lei 8.112/1990 (Estatuto dos Servidores
Públicos Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais), o ministro Nunes
Marques apontou que eles já possuem vários direitos e que, se tivessem mais benefícios, haveria
ofensa a isonomia com os demais servidores.
Sobre os advogados de empresas públicas e de sociedade mista que não possuem concorrência
no mercado, o relator ponderou que a jurisprudência do STF é no sentido de que elas se
assemelham ao regime das estatais.
Sem monopólio
Já no caso de empresas públicas ou de sociedades de economia mista que não atuam no regime
de monopólio, o ministro salientou que devem ser aplicados aos seus advogados as regras dos
profissionais da iniciativa privada, portanto devem incidir as normas do Estatuto da Advocacia.
“Esses advogados devem se submeter aos mesmos ônus e bônus do setor para não desequilibrar
a concorrência”, frisou.
O relator destacou também que o STF já decidiu que os advogados públicos têm direito aos
honorários sucumbenciais.
23/06
A ação foi distribuída ao ministro Gilmar Mendes, que já relata outro processo que trata da matéria.
Governadores de 11 estados acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a
declaração de inconstitucionalidade de regras da Lei Complementar federal 192/2022 que
determinaram a uniformidade, em todo território nacional, das alíquotas do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente sobre combustíveis. A alegação na Ação
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Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7191, que tem pedido de liminar, é de que essa inovação
legal impõe ônus excessivo e desproporcional aos estados e ao Distrito Federal,
comprometendo continuidade dos serviços essenciais prestados à população.
De acordo com os governadores de Pernambuco, do Maranhão, da Paraíba, do Piauí, da Bahia,
de Mato Grosso do Sul, de Sergipe, do Rio Grande do Norte, de Alagoas, do Ceará e do Rio
Grande do Sul, autores da ADI, a redução abrupta da arrecadação dos 26 estados e do DF, por
ato unilateral federal, importa em quebra do pacto federativo e interferência indevida na
autonomia política, financeira, orçamentária e tributária desses entes.
Observam, ainda, que, como o ICMS decorrente das operações com combustíveis e lubrificantes
representa de 20% a 25% da arrecadação estadual, a imposição apresenta riscos à
governabilidade, em função dos imensos prejuízos gerados para os estados e o DF com a perda
de arrecadação direta. Apontam, ainda, a existência de impactos para os municípios, que terão
redução nas transferências constitucionais obrigatórias.
Segundo os governadores, a imposição de alíquota uniforme ocorreu sem qualquer estudo de
impacto fiscal e sem a demonstração de que esse novo instrumento será eficaz de reduzir os
preços dos combustíveis, que são atrelados aos valores praticados nos mercados internacionais.
Relator
Por prevenção, a ADI foi distribuída ao ministro Gilmar Mendes, relator de uma Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 984), na qual o presidente da República pede
que a alíquota do ICMS incidente sobre combustíveis nos 26 estados e no Distrito Federal não
ultrapasse a prevista para as operações em geral.
Para o procurador-geral da República, as normas impugnadas tratam de tema que deve ter regras
uniformes em todo o país.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) duas
Ações Diretas de Inconstitucionalidade, com pedido de liminar, contra leis dos Estados do Acre
(ADI 7188) e do Amazonas (ADI 7189) que dão prazo de 90 dias, a partir da edição das normas,
para que os Executivos estaduais regulamentem o porte de arma para atirador desportivo. A
ADI 7188 também abrange uma norma acreana que reconhece o risco da atividade exercida por
vigilantes de empresa de segurança privada e a efetiva necessidade de que esses profissionais
tenham porte de armas de fogo.
Aras argumenta que a Constituição Federal estabelece a competência exclusiva da União para
legislar sobre o tema e que o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003) previu os ritos de
outorga de licença e descreveu a relação de agentes públicos e privados detentores de porte de
arma de fogo. Ele afirma que, embora os atiradores desportivos e as empresas de segurança
privada estejam incluídos nesse rol, a efetiva autorização para porte de arma de fogo deve ser
concedida pela Polícia Federal.
Estatuto do Desarmamento
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Em relação aos atiradores desportivos, Aras explica que o Estatuto do Desarmamento prevê a
possibilidade de concessão, pelo Comando do Exército, de porte de trânsito para essa categoria
nos deslocamentos para treinamento ou participação em competições, por meio da
apresentação do Certificado de Registro de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC) e da Guia de
Tráfego válida.
Quanto aos empregados das empresas de segurança privada, ele explica que a lei permite a
utilização de armas de fogo somente quando estiverem em serviço e que a autorização de porte
deve ser expedida, pela Polícia Federal, apenas no nome da empresa de segurança privada – e
não para seus respectivos empregados, conforme prevê a lei do Acre.
Segundo o procurador-geral, as normas estaduais tratam de matéria que deve ter regras
uniformes em todo o país, além de estar ligada à formulação de política criminal de âmbito
nacional, que deve ficar a cargo exclusivo da União.
Normas
A ADI 7188 questiona as leis estaduais acreanas 3.941/2022 e 3.942/2022 e a ADI 7189 se volta
contra a lei amazonense 5.835/2022. As duas ações foram distribuídas à ministra Cármen Lúcia.
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24/06
Plenário considerou que os valores cobrados pelos serviços notariais e de registro devem financiar
somente a estrutura do Judiciário ou de órgãos e funções essenciais à Justiça.
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No entanto, ele apontou que o Supremo vem ajustando sua jurisprudência para estabelecer
limites e tem declarado a invalidade de leis estaduais que afetam o produto da arrecadação de
custas ou emolumentos extrajudiciais a entidades de natureza privada, estranhas à estrutura
estatal.
Requisitos ausentes
Assim, o decano verificou, que, na norma goiana, não atendem aos requisitos necessários os
seguintes fundos: Estadual de Segurança Pública; Especial de Apoio ao Combate à Lavagem de
Capitais e às Organizações Criminosas; Penitenciário Estadual; Especial de Modernização e
Aprimoramento Funcional da Assembleia Legislativa; Estadual dos Direitos da Criança e do
Adolescente.
De acordo com o relator, também não pode haver repasse dos valores para “reforma, aquisição
e/ou locação de imóveis para delegacias de polícia”, “aplicação em programas e ações no âmbito
da administração fazendária” e para o Estado de Goiás. A seu ver, essas destinações violam o
comando constitucional de universalização e aperfeiçoamento da jurisdição como atividade
básica do Estado.
Utilização incorreta
O ministro Gilmar Mendes acrescentou, ainda, que esses repasses afrontam a Constituição
Federal devido à incorreta utilização de taxas para o financiamento de despesas e serviços a
serem custeados por impostos. A Constituição prevê que a União, os estados, o Distrito Federal
e os municípios poderão instituir taxas em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição.
Segundo o ministro Gilmar Mendes, atendem aos propósitos constitucionais de universalização
e aperfeiçoamento da própria jurisdição como atividade básica do Estado o fornecimento de
recursos suficientes e adequados aos fundos destinados ao Reaparelhamento e Modernização
do Poder Judiciário; à Modernização e Aprimoramento Funcional do Ministério Público do
Estado de Goiás; aos Advogados Dativos e ao Sistema de Acesso à Justiça; à Manutenção e
Reaparelhamento da Procuradoria-Geral do Estado; à Manutenção e Reaparelhamento da
Defensoria Pública do Estado; e de Compensação dos Atos Gratuitos Praticados pelos Notários
e Registradores e de Complementação da Receita Mínima das Serventias Deficitárias.
Dessa forma, o Plenário julgou parcialmente procedente a ADI para declarar a
inconstitucionalidade dos incisos II, III, IV, X, XI e XII do artigo 15 da Lei 19.191/2015 de Goiás.
O entendimento é de que a norma traz regra sem previsão na legislação federal e invadiu a
competência da União para legislar sobre direito processual.
O Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou lei do Estado de Pernambuco que permitia a
utilização de depósitos judiciais e extrajudiciais de terceiros em programas e ações sociais e no
pagamento de precatórios judiciais relativos a créditos de natureza alimentar. Por unanimidade,
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STJ
20/06 a 24/06
• Imóvel de empresa usado como moradia de sócio e dado em caução de locação comercial
é impenhorável.
• Tribunal confirma validade de penhora do bem de família dado por fiador em garantia de
locação comercial ou residencial.
• ECA assegura pensão por morte a menor que esteve sob guarda da avó, mas só até os 18
anos.
• Baixa de micro e pequenas empresas não impede que sócios respondam por seus débitos
tributários.
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algum constrangimento. Porém, ressaltou que a alegação do prejuízo não basta, sendo
necessária a comprovação dele.
"A mera existência de homonímia não é argumento suficiente para determinar a retificação do
registro civil, sendo imprescindível a demonstração de que o fato impõe ao sujeito situações
vexatórias, humilhantes e constrangedoras, que possam atingir diretamente a sua
personalidade e sua dignidade".
No caso dos autos, o relator recordou que o juiz expôs que a existência de homônimo estaria
gerando constrangimentos ao advogado e que a Corte Estadual, também, consignou a existência
de um homônimo respondendo a processo criminal no Rio Grande do Sul.
"O recorrente é advogado atuante na área criminal e professor universitário de direito
processual penal, de modo que a existência de um homônimo que responde a processo criminal,
ainda que em outro estado da federação, pode ensejar um constrangimento capaz de configurar
o justo motivo para fundamentar a inclusão do patronímico pretendido".
Sem ofensa à segurança jurídica e à estabilidade das relações jurídicas
Para o ministro, a alteração do nome, nesta situação, não representa qualquer ofensa à
segurança jurídica e à estabilidade das relações jurídicas, já que haverá tão somente a inclusão
do sobrenome da avó materna do autor, sem exclusão de nenhum outro patronímico.
Quanto à pretendida homenagem à avó, Bellizze afirmou não ser tal argumento idôneo para a
mudança no nome. "O sobrenome não tem a função de estreitar vínculos afetivos com os
membros da família, pois sua função primordial é revelar a estirpe familiar no meio social e
reduzir as possibilidades de homonímia".
Leia o acórdão do REsp 1.962.674.
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21/06
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que o ajuizamento de ação
de usucapião independe de pedido prévio na via extrajudicial. O relator do processo foi o
ministro Villas Bôas Cueva.
A decisão veio no julgamento de recurso especial interposto contra acórdão do Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) que, ao manter a sentença, entendeu que configura falta de
interesse processual a proposição de ação de usucapião sem a demonstração de que tenha
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A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a sistemática dos recursos especiais
repetitivos (Tema 1.091), estabeleceu a tese de que é válida a penhora do bem de família de
fiador dado em garantia em contrato de locação de imóvel – seja residencial ou comercial –, nos
termos do artigo 3º, inciso VII, Lei 8.009/1990.
Com o julgamento – que teve como base o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) no Tema 1.127 –, os juízes e tribunais de todo país poderão aplicar o precedente
qualificado em processos semelhantes.
"O fiador, no pleno exercício de seu direito de propriedade de usar, gozar e dispor da coisa
(Código Civil, artigo 1.228), pode afiançar, por escrito (CC, artigo 819), o contrato de locação
(residencial ou comercial), abrindo mão da impenhorabilidade do seu bem de família, por sua
livre e espontânea vontade, no âmbito de sua autonomia privada, de sua autodeterminação",
afirmou o ministro Luís Felipe Salomão, relator dos recursos especiais analisados pela seção.
O magistrado explicou que a afetação do tema como repetitivo se deu pela necessidade de
reanálise do precedente fixado no REsp 1.363.368 e do enunciado 549 da Súmula do STJ,
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A autora da ação sustentou ainda que o fato de as aulas passarem a ser oferecidas
exclusivamente de forma on-line causou prejuízos ao processo de aprendizagem e aumentou os
gastos da família com tecnologia para viabilizar o acesso das crianças ao ensino remoto.
Na origem, os pedidos foram julgados improcedentes, sob o fundamento de que as escolas
foram impedidas de cumprir as obrigações contratuais por força de decretos do poder público.
Revisão de contratos por fato superveniente deve considerar especificidades da situação
Relator do processo no STJ, o ministro Luís Felipe Salomão ponderou que não há dúvida quanto
aos efeitos nefastos da pandemia na economia e nas relações privadas, em especial as de caráter
sucessivo, como ocorre com os contratos de prestação educacional.
Ele recordou que, apesar de terem sido proferidas decisões judiciais e editadas leis estaduais
que impuseram a redução do valor das mensalidades durante o estado de calamidade pública,
também foram publicados diversos normativos com a finalidade de manter os contratos,
assegurando-se, na medida do possível, a continuidade das relações sem a aplicação dos ônus
por eventual inadimplemento.
"A revisão dos contratos em razão de fatos supervenientes deve ter como norte, sempre e
sempre, a função social do contrato, a boa-fé objetiva das partes, a equivalência material, a
moderação e a higidez nas relações jurídicas", declarou.
Além disso, o magistrado destacou que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar a ADI
6.445/2020, consignou que "a estipulação de descontos lineares não necessariamente importa
em benefício para os usuários do sistema de ensino, pois retira das partes contratantes a
capacidade de negociar formas de pagamento que se adéquem à especificidade de cada
situação".
Critérios objetivos e seguros para a revisão dos contratos em razão da pandemia
Outro ponto levantado pelo relator é a importância de se estabelecerem critérios objetivos e
seguros para a revisão dos contratos em razão da pandemia, pois essa não é uma "decorrência
lógica e automática", devendo-se levar em conta a natureza do contrato e a conduta das partes
envolvidas, sobretudo porque o fato superveniente não se encontra na esfera de
responsabilidade da atividade econômica do fornecedor – caso fortuito externo.
"A análise do desequilíbrio econômico e financeiro deve ser realizada com base no grau do
desequilíbrio e nos ônus a serem suportados pelas partes", disse o ministro.
No caso analisado, Salomão ressaltou que os serviços, embora não tenham sido prestados da
forma como contratados, continuaram a ser oferecidos, de modo que não se pode falar em falha
do dever de informação ou em desequilíbrio econômico-financeiro imoderado para os pais de
alunos, sendo interesse de ambas as partes a manutenção do pacto firmado.
ECA assegura pensão por morte a menor que esteve sob guarda da
avó, mas só até os 18 anos
A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou acórdão do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) que estabeleceu a uma menor de idade – sob guarda
da avó, servidora pública distrital, até o falecimento desta, em 2018 – o benefício de pensão por
morte, até que ela complete 18 anos. O TJDFT embasou sua decisão no artigo 2º do Estatuto da
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Criança e do Adolescente (ECA), segundo o qual a menoridade se encerra aos 18 anos, sendo
inaplicáveis as suas disposições a partir dessa idade.
No julgamento, o colegiado negou provimento ao recurso do Distrito Federal, sob o fundamento
de que, nos termos do artigo 33, parágrafo 3º, do ECA, comprovada a dependência econômica
do menor sob guarda, ele tem direito ao benefício de pensão por morte do seu mantenedor.
Por outro lado, a turma não conheceu do recurso da pensionista, que pretendia estender o
benefício até os 21 anos. Os ministros entenderam que a pensão concedida com base no ECA só
poderia, de fato, ser paga até os 18 anos.
Segundo a neta, o artigo 16, parágrafo 2º, da Lei 8.213/1991 e o artigo 217, parágrafo 3º, da Lei
8.112/1990 equipararam o menor sob guarda à condição de filho para fins previdenciários, de
modo que a concessão da pensão não deveria se ater apenas ao critério da minoridade.
Por seu lado, o Distrito Federal buscava a retirada do benefício, por entender que não há
previsão expressa de menor sob guarda de servidor distrital no rol de beneficiários constantes
da legislação previdenciária distrital.
ECA é norma específica em relação à legislação previdenciária
A relatora do caso, ministra Assusete Magalhães, mencionou precedentes do STJ segundo os
quais, embora existam leis estaduais e distritais sobre previdência social, crianças e adolescentes
também estão sob a jurisdição de norma específica: o ECA.
De acordo com a ministra, o ECA – norma especial em relação às disposições da legislação
previdenciária em regime geral ou próprio – confere ao menor sob guarda a condição de
dependente para todos os efeitos, inclusive previdenciários, com base no dever do poder
público e da sociedade quanto à proteção da criança e do adolescente, previsto no artigo 227
da Constituição Federal.
Assim, para Assusete Magalhães, a pensão por morte deferida judicialmente para a neta da
servidora pública falecida é válida, ao contrário do que defendia o Distrito Federal, e está
exclusivamente fundamentada na regra contida no artigo 33, parágrafo 3º, do estatuto – o que
exclui a possibilidade de invocar a legislação previdenciária distrital. Por isso, segundo a relatora,
é razoável que o termo final do pagamento da pensão por morte também seja extraído do ECA
(artigo 2º).
Desse modo, a ministra apontou que, como não se pode aplicar o estatuto a partir da data em
que a recorrente completou 18 anos, não há fundamento legal para manter o benefício da
pensão temporária por morte até a idade de 21 anos.
Leia o acórdão no REsp 1.947.690.
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que uma sociedade empresária
atuante na venda de ingressos tem a obrigação de indenizar uma família de Belo Horizonte que
comprou bilhetes para um evento no Rio de Janeiro e só ficou sabendo do cancelamento depois
de viajar à cidade. A organizadora do evento também foi condenada pelo Tribunal de Justiça de
Minas Gerais (TJMG), solidariamente com a vendedora de ingressos, a arcar com a indenização.
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
23/06
Nas hipóteses de micro e pequenas empresas que tenham o cadastro baixado na Receita Federal
– ainda que sem a emissão de certificado de regularidade fiscal –, é possível a responsabilização
dos sócios por eventual inadimplemento de tributos da pessoa jurídica, nos termos do artigo
134, inciso VII, do Código Tributário Nacional (CTN).
O entendimento foi reafirmado pela Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao
reformar acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que, em execução de dívida
ativa, confirmou a sentença de extinção do processo após verificar que a microempresa já tinha
situação cadastral baixada na Receita antes do ajuizamento da ação.
Segundo o TRF4, a execução fiscal contra a microempresa dizia respeito a fatos geradores
ocorridos em período no qual não estava vigente a Lei Complementar 147/2014, porém havia a
previsão de responsabilidade solidária, nos termos do artigo 9º, parágrafos 3º e 5º, da Lei
Complementar 123/2006 (legislação que regula as micro e pequenas empresas).
Entretanto, no entendimento do TRF4, a responsabilidade dos sócios no caso analisado não
deveria ser reconhecida, tendo em vista a necessidade de comprovação das situações de
dissolução irregular previstas no artigo 135, inciso III, do CTN – como a presença de ato dos
sócios gestores com excesso de poder ou infração de lei, do contrato social ou do estatuto.
Micro e pequenas empresas podem ser baixadas sem certidão de regularidade fiscal
O ministro Mauro Campbell Marques destacou que o caso dos autos não pode ser enquadrado
na hipótese de dissolução irregular de empresa – situação em que seria, de fato, aplicável o
artigo 135 do CTN –, tendo em vista que a legislação incidente sobre as micro e pequenas
empresas prevê a possibilidade de dissolução regular sem a apresentação da certidão de
regularidade fiscal.
O relator ponderou que essa previsão busca facilitar o término das atividades da pessoa jurídica,
mas não pode servir de escudo para o não pagamento de dívidas fiscais.
"Há de se considerar que o próprio artigo 9º, parágrafos 4º e 5º, da LC 123/2006, ao tratar da
baixa do ato constitutivo da sociedade, esclareceu que tal ato não implica extinção da satisfação
de obrigações tributárias, nem tampouco do afastamento da responsabilidade dos sócios,
aproximando o caso ao insculpido no artigo 134, inciso VII, do CTN", apontou o relator.
Ao votar pelo provimento do recurso, Mauro Campbell Marques determinou que o sócio-
gerente da microempresa seja incluído no polo passivo da execução fiscal. Em seguida, o sócio
poderá apresentar defesa, a fim de afastar, eventualmente, a sua responsabilidade pelos
débitos.
Leia o acórdão no REsp 1.876.549.
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou a jurisprudência segundo a qual
o pedido de majoração de honorários advocatícios configura interesse recursal em obter
reforma da sentença de improcedência – o que atende ao requisito da sucumbência recíproca
para o cabimento de recurso adesivo.
Com esse entendimento, o colegiado reformou acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJSP) e determinou a análise do recurso adesivo interposto por uma imobiliária, em ação
movida por ela contra uma empresa para cumprimento de contrato de compra e venda.
Em primeiro grau, a ação foi julgada improcedente, tendo a imobiliária sido condenada a arcar
com as custas processuais e os honorários advocatícios. A parte ré apelou para pedir a
majoração dos honorários fixados na origem, e a autora recorreu, de forma adesiva, pleiteando
a reforma da sentença no mérito, com a consequente inversão integral dos ônus
da sucumbência.
Contudo, o tribunal estadual concluiu que a imobiliária não poderia aderir à apelação da parte
contrária para rediscutir o mérito da ação, uma vez que as questões de mérito necessitam de
recurso autônomo, que não foi manejado.
Sucumbência recíproca é pressuposto mínimo para interposição de recurso adesivo
O relator do caso no STJ, ministro Paulo de Tarso Sanseverino, explicou que o recurso adesivo
está previsto no artigo 997 do Código de Processo Civil (CPC), que disciplina o seu cabimento e
todos os pressupostos de admissibilidade.
Citando doutrina sobre o tema, o ministro ressaltou que o pressuposto mínimo para o
cabimento do recurso adesivo é a sucumbência recíproca, situação em que, a um só tempo e
pela mesma decisão, ambas as partes serão vencedoras e vencidas.
O relator lembrou tese fixada pela Corte Especial, sob o rito dos recursos repetitivos (Tema 459),
na qual se estabeleceu que "o recurso adesivo pode ser interposto pelo autor da demanda
indenizatória, julgada procedente, quando arbitrado, a título de danos morais, valor inferior ao
que era almejado, uma vez configurado o interesse recursal do demandante em ver majorada a
condenação, hipótese caracterizadora de sucumbência material".
Existência de interesse recursal da parte em obter tudo que poderia no processo
Para Sanseverino, o mesmo entendimento adotado no repetitivo deve ser aplicado ao caso em
análise. Assim, afirmou, a sucumbência recíproca deve ser compreendida sob o enfoque da
existência de interesse recursal da parte, ou seja, deve-se aferir se a parte deixou de "obter no
mundo dos fatos tudo aquilo que poderia ter conseguido com o processo".
Na hipótese, o ministro ponderou que o recurso da empresa ré para majorar o pagamento de
honorários advocatícios fez surgir para a imobiliária o interesse recursal em obter tudo o que
poderia ter conseguido quando prolatada a sentença de improcedência do seu pedido.
"Uma vez admitida a interposição da apelação principal (pois, como visto, configurada
a sucumbência recíproca sob o aspecto material), tem direito a empresa de, no caso, valer-se
do recurso adesivo, não estando obrigada a interpor apelação independente, como entendeu o
tribunal de origem", disse.
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Na avaliação do ministro, tem razão a imobiliária quando argumenta que, tendo sido julgada
totalmente improcedente a ação, surgiu o interesse recursal da empresa demandada em discutir
se a fixação da verba sucumbencial estaria de acordo com a lei, daí exsurgindo, em
consequência, a possibilidade de interposição do recurso adesivo para discutir o acerto da
decisão de primeiro grau.
Leia o acórdão no REsp 1.854.670.
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento ao recurso em que o
Ministério Público Federal (MPF) buscava a reclassificação, para estelionato, do crime imputado
a dois réus que teriam fraudado as normas da Lei Rouanet para reduzir o pagamento de imposto.
Para o colegiado, embora o MPF tenha alegado que os atos se amoldariam ao crime de
estelionato majorado, porque foram praticados contra a União, todos os elementos do processo
indicam que as fraudes foram cometidas por beneficiários da Lei Rouanet, com dedução do
Imposto de Renda, situação que se enquadra perfeitamente no delito previsto no artigo 40 da
própria lei especial.
O caso teve origem na Operação Boca Livre, em que foram investigados delitos na contratação
e na execução de projetos culturais aprovados pelo extinto Ministério da Cultura com base na
Lei Rouanet. Os réus foram acusados por desvio milionário de recursos públicos, devido à não
execução – total ou parcial – dos projetos para os quais foram captados recursos por meio de
renúncia fiscal, segundo os procedimentos previstos na Lei 8.313/1991.
Em primeiro grau, o juiz havia enquadrado os réus em estelionato, mas o Tribunal Regional
Federal da 3ª Região (TRF3) desclassificou a conduta para o crime do artigo 40 da Lei Rouanet.
Para o MPF, Lei Rouanet não traz sanção suficiente para o caso
No recurso especial, o MPF alegou que a capitulação penal da Lei Rouanet não abrangeria as
condutas descritas na denúncia, as quais ultrapassariam a obtenção de vantagens ilícitas com
intenção meramente fiscal.
Segundo o órgão acusador, haveria um desequilíbrio entre a gravidade da conduta dos réus, que
teriam causado o desvio de dezenas de milhões de reais do erário, e a pena prevista na Lei
Rouanet, que é de dois a seis meses de reclusão e multa. Para o estelionato, a pena fixada pelo
Código Penal é de um a cinco anos, aumentada em um terço quando o crime é cometido contra
entidade de direito público – o chamado estelionato majorado.
Lei especial descreve elementos específicos da conduta criminosa
Relator do recurso, o ministro Rogerio Schietti Cruz explicou que, no crime de estelionato, a
vantagem obtida por meio da fraude em prejuízo alheio pode ser qualquer uma com valor
material. Já no caso do crime descrito no artigo 40 da Lei Rouanet, a vantagem obtida é,
especificamente, a redução do Imposto de Renda, e o autor é a pessoa que se beneficiou do
incentivo fiscal.
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
O parágrafo 2º do mesmo artigo prevê idêntica punição para a pessoa que se beneficia com os
recursos oriundos da renúncia fiscal e deixa de promover, sem justa causa, a atividade cultural
objeto do incentivo.
"Trata-se, portanto, de tipo penal (tanto o caput quanto o parágrafo 2º) que deve ser
considerado especial em relação ao estelionato, porque tem elementos da descrição geral com
alguns especializantes (específicos). A relação de especialidade ocorre quando um preceito
penal reúne todos os elementos de outro e só se diferencia dele por conter, ao menos, um
elemento adicional que permita antever a previsão fática de um ponto de vista específico",
completou o magistrado.
Execução do suposto desvio de recursos era complexa, mas não afasta a Lei Rouanet
Segundo o ministro Schietti, apesar de serem, aparentemente, aplicáveis ao mesmo fato uma
norma geral (o Código Penal) e outra norma especial (a Lei Rouanet), deve prevalecer a regra
que contenha os elementos especializantes, por identificarem melhor o caso concreto.
No caso dos autos, mesmo reconhecendo a complexidade do mecanismo pelo qual os recursos
captados teriam sido fraudulentamente utilizados, Schietti entendeu não ser possível deixar de
considerar que todo o esquema investigado pela Operação Boca Livre se destinava à obtenção
de vantagens ilícitas por meio da Lei Rouanet.
"De toda a narrativa feita na denúncia, é possível constatar que as condutas objetivavam auferir
fraudulentamente os benefícios da renúncia fiscal com a proposta de projetos que, em última
análise, obtinham valores que beneficiavam os próprios patrocinadores e as empresas
envolvidas no esquema, além de não serem aplicados nas atividades culturais", concluiu o
relator ao manter o acórdão do TRF3.
24/06
Para a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é cabível a celebração de acordo de
delação premiada em quaisquer crimes cometidos em concurso de agentes, e não apenas se
houver investigação pelo delito de organização criminosa.
Com esse entendimento, o colegiado negou o pedido da defesa de um ex-magistrado que
alegava ilegalidade no uso da colaboração premiada como meio de obtenção de prova em
processo ao qual responde. Para a defesa, a colaboração premiada, nos termos da Lei
12.850/2013, só seria admissível se houvesse indícios de organização criminosa ou terrorista, ou
ainda de criminalidade transnacional (artigo 1º, parágrafos 1º e 2º).
O ex-juiz de direito do Rio de Janeiro, aposentado compulsoriamente após processo
administrativo disciplinar, é investigado pelos crimes de lavagem de capitais e corrupção passiva
e ativa. Em fiscalização na vara da qual era titular, a corregedoria da Justiça estadual constatou
que o magistrado determinou a realização de perícias em 762 processos, sendo 615 delas
(aproximadamente 80% do total) designadas para apenas quatro peritos.
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
Um dos peritos foi preso em outra ação – desdobramento da Operação Lava-Jato – e passou a
colaborar com a Justiça, ocasião em que falou a respeito do pagamento de propina nas perícias
realizadas por designação do juiz, além de outras irregularidades.
Organização criminosa está configurada no caso
A relatora do habeas corpus, ministra Laurita Vaz, afirmou que, diante da definição de
organização criminosa contida no parágrafo 1º do artigo 1º da Lei 12.850/2013, a alegação da
defesa não se sustenta. Na sua avaliação, os pressupostos para que possa ser caracterizada a
organização criminosa estão configurados no caso.
Segundo a magistrada, muito antes da delação, a investigação se dedicou a apurar a existência
de uma organização hierarquicamente estabelecida na vara judicial, com o possível
envolvimento de pelo menos sete pessoas: o próprio juiz titular, quatro peritos a quem os
pedidos de laudos eram direcionados, o pai e a mulher do magistrado – os quais teriam
constituído uma pessoa jurídica, aparentemente estabelecida com a finalidade de lavar capitais.
Apesar disso, os investigados não foram acusados de integrar organização criminosa, mas, para
a relatora, tal circunstância não pode resultar no afastamento das provas obtidas no acordo de
delação premiada, uma vez que não se pode desconsiderar a hipótese de futura acusação por
esse crime.
Celebração de colaboração premiada em outros crimes
De todo modo, ressaltou Laurita Vaz, a doutrina e a jurisprudência têm admitido que sejam
celebrados acordos de colaboração premiada na investigação de outros crimes cometidos em
concurso de agentes, como já fez o Supremo Tribunal Federal em casos de corrupção passiva e
lavagem de capitais.
A ministra lembrou situações esparsas em que a legislação concede benefícios processuais e
penais aos colaboradores: extorsão mediante sequestro em concurso de agentes (artigo 159,
parágrafo 4º, do Código Penal); crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (artigo 25,
parágrafo 2º, da Lei 7.492/1986) e Lei de Crimes Hediondos (parágrafo único do artigo 8º), entre
outras hipóteses.
Além disso, segundo ela, o Código de Processo Penal não regulamenta o procedimento de
formalização dos acordos de delação premiada, e a Lei 12.850/2013 não prevê, de forma
expressa, que os meios de prova ali previstos sejam válidos apenas na apuração do delito de
organização criminosa.
Assim, concluiu, "não há óbice a que as disposições de natureza majoritariamente processual
previstas na referida lei apliquem-se às demais situações de concurso de agentes (no que não
for contrariada por disposições especiais, eventualmente existentes)".
"Em quaisquer condutas praticadas em concurso de agentes é possível celebrar acordo de
colaboração premiada – interpretação, inclusive, mais benéfica aos delatores", acrescentou.
Leia o acórdão no HC 582.678.
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
Para a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o condômino que exerce a posse do
imóvel por si mesmo – sem nenhuma oposição dos demais coproprietários – tem legitimidade
para pedir usucapião em nome próprio.
O entendimento foi firmado pelo colegiado ao confirmar acórdão do Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJSP) que considerou o ex-cônjuge parte legítima para ajuizar a ação de usucapião em
nome próprio, após a dissolução da sociedade conjugal, desde que exerça a posse exclusiva
com animus domini e sejam atendidos os outros requisitos legais.
Segundo o processo, uma mulher pediu o reconhecimento de sua propriedade sobre a fração
ideal de 15,47% de vários imóveis. As partes, casadas desde 1970, se divorciaram em 1983, mas
não partilharam os bens. Por estar na posse exclusiva dos imóveis há mais de 23 anos (desde o
divórcio até o ajuizamento da ação, em 2007), sem oposição do ex-marido, a mulher ajuizou
ação objetivando a usucapião extraordinária.
No recurso especial apresentado ao STJ, o homem alegou que a coproprietária – no caso, sua
ex-esposa –, enquanto administrava a fração ideal dos imóveis comuns (alugando-os a
terceiros), não exerceu posse ad usucapionem, por mais longa que tenha sido essa posse; por
isso, não seria cabível o reconhecimento da usucapião em seu favor.
Posse de imóvel com ânimo de dono
De acordo com o relator, ministro Marco Aurélio Bellizze, a jurisprudência do STJ considera que,
dissolvida a sociedade conjugal, o imóvel comum do casal passa a ser regido pelas regras do
condomínio – ainda que não realizada a partilha de bens –, cessando o estado de mancomunhão
anterior.
"Nesse contexto, possui legitimidade para usucapir em nome próprio o condômino que exerça
a posse por si mesmo, sem nenhuma oposição dos demais coproprietários, tendo sido
preenchidos os demais requisitos legais", afirmou o ministro, citando vários precedentes do
tribunal (REsp 668.131; REsp 1.631.859; AgInt no REsp 1.787.720).
Segundo Bellizze, a posse de um condômino sobre o imóvel, exercida com ânimo de dono, ainda
que na qualidade de possuidor indireto, sem nenhuma oposição dos coproprietários, nem
reivindicação dos frutos que lhes são inerentes, confere à posse o caráter ad usucapionem, que
legitima a procedência da usucapião, quando atendidas as outras exigências da lei.
Ex-marido abandonou os bens após o fim do casamento
No caso julgado, observou o relator, após o fim do matrimônio, o ex-marido abandonou
completamente a fração ideal dos imóveis pertencente ao casal, sendo que a ex-esposa não lhe
repassou nenhum valor proveniente de aluguel – nem ele o exigiu – e tampouco prestou contas
por todo o período antecedente ao ajuizamento da ação.
Diante disso, o ministro entendeu ser descabida a alegação de que a mulher apenas
administrava os bens. "O que houve – e isso é cristalino – foi o exercício da posse pela ex-esposa
do recorrente com efetivo ânimo de dona, a amparar a procedência do pedido de usucapião,
segundo já foi acertadamente reconhecido na origem", afirmou o relator.
Leia o acórdão no REsp 1.840.561.
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu denúncia contra mais um membro
do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ): o conselheiro José Gomes Graciosa e sua ex-
esposa se tornaram réus em ação penal por lavagem de dinheiro.
Em maio, ao analisar outra ação penal envolvendo o TCE-RJ, a corte tornou réus, sob a acusação
de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, o conselheiro Marco Antonio Barbosa e sua esposa.
Ambas as ações penais são desdobramentos das Operações Descontrole e Quinto do Ouro,
realizadas pelo Ministério Público Federal (MPF) com o apoio da Polícia Federal.
No processo do conselheiro José Gomes Graciosa e de sua ex-esposa, o MPF acusou o casal de
manter, de forma oculta e dissimulada, mais de um milhão de francos suíços em contas no
exterior, valor que, supostamente, seria fruto de crimes de corrupção praticados no âmbito do
TCE-RJ.
A defesa alegou que teria sido cerceada pela juntada incompleta das provas documentais e por
confusão criada pelo MPF ao alterar os nomes das pastas dos documentos entregues no curso
do processo.
No entanto, segundo a relatora do caso no STJ, ministra Isabel Gallotti, a defesa não especificou
quais seriam as parciais e incompletas juntadas de documentos, de modo que não há como
acolher a alegada nulidade.
Provas que fundamentam a denúncia foram entregues à defesa
"É indubitável que o arcabouço probatório que embasa a presente ação penal foi integralmente
disponibilizado à defesa, satisfazendo, assim, o direito assegurado na Súmula Vinculante 14",
afirmou a ministra. Além disso, segundo ela, a defesa deixou de demonstrar que as provas
supostamente sonegadas eram favoráveis aos denunciados e que teriam o potencial de levar à
rejeição da denúncia.
No mérito, a relatora lembrou que, nessa fase processual, não é possível proceder a uma análise
da suficiência ou da procedência das afirmações da peça acusatória oferecida pelo MPF,
bastando, para o recebimento da denúncia, o preenchimento dos requisitos previstos no artigo
41 do Código de Processo Penal.
Desnecessidade de condenação em crime antecedente
Isabel Gallotti rejeitou também a tese defensiva de que, para a caracterização do crime de
lavagem de dinheiro, seria necessária a condenação do conselheiro em crime antecedente – no
caso, o crime de corrupção investigado em outra ação penal.
A ministra afirmou que essa condenação prévia é dispensável, conforme farta jurisprudência do
tribunal sobre o assunto. Para o recebimento da denúncia por lavagem de dinheiro, explicou,
basta haver indícios da prática de crime antecedente.
Para a relatora, as teses da defesa sobre a licitude dos valores – como a de que seriam fruto de
rendimentos de aplicações anteriores ao período investigado – devem ser analisadas no curso
da ação penal, sob amplo contraditório.
"Como é pacífico na jurisprudência, descabe proceder, nesta fase procedimental, ao exame
aprofundado das provas contidas nos autos, bem como investigar a presença de dolo na
conduta do denunciado", concluiu Gallotti.
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gurgel de Faria não conheceu de dois pedidos
para atribuir efeito suspensivo ao recurso interposto por José Roberto Arruda, ex-governador
do Distrito Federal, contra o acórdão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
(TJDFT) que o condenou à suspensão dos direitos políticos e à devolução de R$ 11 milhões aos
cofres públicos, entre outras sanções por ato de improbidade.
Com os pedidos, a defesa do ex-governador pretendia que os efeitos da condenação fossem
suspensos até o julgamento do recurso pelo STJ. No entanto, segundo o ministro Gurgel de Faria,
o STJ não tem competência para atribuir efeito suspensivo a recursos sobrestados na origem,
como neste caso.
A condenação do ex-governador se deu no bojo de ação de improbidade administrativa em que
ele foi responsabilizado por suposta lesão aos cofres públicos, consistente no reconhecimento
de dívidas em favor da empresa Linknet, por serviços prestados ao governo do Distrito Federal
sem cobertura contratual, entre 2007 e 2009.
Aplicação retroativa da norma mais benéfica
No decorrer da ação, entrou em vigor a nova Lei de Improbidade Administrativa (Lei
14.230/2021), que modificou o regime jurídico das ações de improbidade. Com a nova lei, a
configuração de ato de improbidade passou a exigir a comprovação de dolo específico por parte
do agente público. Além disso, a lei trouxe o instituto da prescrição intercorrente ao rito
procedimental, com marcos interruptivos que preveem a contagem da prescrição pela metade
(de oito para quatro anos), quando esta recomeça a correr.
Em recurso especial interposto no TJDFT, a defesa buscou a aplicação retroativa da nova lei,
alegando que, com as mudanças, além de a ação ter sido alcançada pela prescrição, os atos
praticados por Arruda passariam a ser atípicos – pois ele fora condenado com base
em dolo genérico.
Reconhecimento de repercussão geral e sobrestamento do recurso
Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer a repercussão geral da
controvérsia sobre a possibilidade de aplicação retroativa das novas regras (Tema 1.199), foi
determinado o sobrestamento de todos os recursos que tratam da mesma matéria.
Inicialmente, a defesa de Arruda requereu ao TJDFT a atribuição de efeito suspensivo ao seu
recurso, mas não obteve êxito, o que levou ao ajuizamento dos pedidos de tutela de urgência
no STJ.
"Nesse contexto, o Superior Tribunal de Justiça não possui competência para antecipar o pedido
do recurso especial sobrestado na origem, nos termos do disposto na parte final do parágrafo
5º, III, do art. 1.029 do Código de Processo Civil de 2015", afirmou o ministro Gurgel de Faria ao
não conhecer dos pedidos.
De acordo com precedentes citados pelo relator, o STF decidiu que é do tribunal de origem a
competência para apreciar ações cautelares mesmo quando o recurso extraordinário já tiver
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NOTÍCIAS SEMANAIS DESTACADAS – STF E STJ
passado pelo juízo de admissibilidade, caso ele esteja sobrestado pelo reconhecimento de
repercussão geral, e esse entendimento é aplicado no STJ, por analogia, aos recursos especiais.
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