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Em junho de 2008, foi instaurado inquérito policial para a investigação dos crimes de
tortura e estupro de vulnerável imputados aos funcionários de uma instituição
filantrópica.
Em agosto de 2021, ou seja, 13 anos depois, o inquérito ainda não havia sido
concluído.
Diante disso, a defesa de uma das investigadas impetrou habeas corpus requerendo o
trancamento do inquérito policial em razão do excesso de prazo para a sua conclusão.
Os advogados alegaram que o inquérito foi instaurado há anos sem que tenha sido
relatado, o que viola o princípio da duração razoável do processo.
Resposta:
Prazo do inquérito é impróprio, se o investigado estiver solto
O prazo para a conclusão do inquérito policial, em caso de investigado solto é
impróprio.
Assim, em regra, o prazo pode ser prorrogado a depender da complexidade das
investigações.
Aspectos que devem ser analisados para saber se houve excesso de prazo
Para saber se houve, ou não, excesso de prazo, deverão ser analisados os seguintes
aspectos:
a) se há um excessivo número de acusados;
b) se existe grande quantidade de testemunhas para ser ouvidas, com maior ou menor
número de diligências, tais como cartas precatórias ou rogatórias;
c) a complexidade da matéria envolvida, com necessidade de perícias e demais
providências; e
d) razões de força maior.
Grupo 2
João e Regina foram casados e tiveram uma filha, chamada de Ana.
Após a separação, João passou a morar em Londrina (PR) e Regina continuou
vivendo em São Paulo (SP).
Assim, os pais da criança passaram a viver em cidades distintas e distantes entre si.
Regina pleiteou a guarda unilateral da criança.
João, por sua vez, defendeu a fixação da guarda compartilhada.
Resposta:
A guarda compartilhada é a regra no direito brasileiro.
O fato de os genitores possuírem domicílio em cidades diversas, por si só, não
representa óbice à fixação de guarda compartilhada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.041-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/05/2021
(Info 698).
Grupo 3
Acerca das comissões parlamentares de inquérito, responda:
a) Quais os requisitos para a sua criação?
b) Preenchidos os requisitos, há obrigatoriedade de que o Presidente da Casa a
institua?
c) É possível a criação de CPI no âmbito dos Municípios? Se sim, há alguma
diferença em relação aos poderes das CPIs federais? Se não, justifique.
Respostas:
A criação de uma CPI exige unicamente o preenchimento de três requisitos taxativos:
1) requerimento subscrito (assinado) por, no mínimo, 1/3 dos membros daquela Casa
Legislativa. Ex.: com o requerimento de 1/3 dos Deputados Federais, pode ser
instituída uma CPI na Câmara dos Deputados.
2) indicação de fato determinado que será objeto de apuração;
3) temporariedade da comissão parlamentar de inquérito.
Obs: nas CPIs municipais, as Câmaras Municipais não terão os mesmos poderes das
CPIs federais, já que os Municípios não possuem Poder Judiciário para que sejam
utilizados os poderes de investigação das autoridades judiciais. Por exemplo, no
âmbito do julgado da ACO 730, o Plenário do STF decidiu que CPI estadual ou distrital
pode decretar quebra de sigilo bancário, enquanto alguns Ministros manifestaram o
entendimento paralelo (obter dictum) de que as CPIs municipais não teriam tal poder:
(...) Poderes de CPI estadual: ainda que seja omissa a Lei Complementar 105/2001,
podem essas comissões estaduais requerer quebra de sigilo de dados bancários, com
base no art. 58, § 3º, da Constituição. (...)
STF. Plenário. ACO 730, Rel. Joaquim Barbosa, julgado em 22/09/2004.
Grupo 4
A Promotoria de Defesa do Consumidor recebeu um estudo do CADE (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica, autarquia federal, vinculada ao Ministério da
Justiça) afirmando que havia indícios de prática de cartel no Estado.
Diante disso, o Promotor de Justiça que atua na Promotoria de Defesa do Consumidor
solicitou auxílio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado) para realizar uma apuração.
A investigação conseguiu obter inúmeros elementos informativos que serviram para
embasar denúncia criminal oferecida pelo Ministério Público contra os envolvidos.
Um dos denunciados impetrou habeas corpus requerendo a nulidade da investigação
e das provas obtidas.
Resposta:
Não configura violação ao princípio do promotor natural a atuação do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) quando precedida de
solicitação do promotor de justiça a quem a investigação foi atribuída.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 147.951/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado
em 27/09/2022 (Info 751).