Você está na página 1de 3

Grupo 1

Em junho de 2008, foi instaurado inquérito policial para a investigação dos crimes de
tortura e estupro de vulnerável imputados aos funcionários de uma instituição
filantrópica.
Em agosto de 2021, ou seja, 13 anos depois, o inquérito ainda não havia sido
concluído.
Diante disso, a defesa de uma das investigadas impetrou habeas corpus requerendo o
trancamento do inquérito policial em razão do excesso de prazo para a sua conclusão.
Os advogados alegaram que o inquérito foi instaurado há anos sem que tenha sido
relatado, o que viola o princípio da duração razoável do processo.

Diante do exposto, indaga-se:


a) O inquérito policial tem prazo para ser concluído? Se sim, esse prazo é próprio
ou impróprio?
b) É possível o exame da razoabilidade da duração do inquérito policial?
Fundamente.

Resposta:
Prazo do inquérito é impróprio, se o investigado estiver solto
O prazo para a conclusão do inquérito policial, em caso de investigado solto é
impróprio.
Assim, em regra, o prazo pode ser prorrogado a depender da complexidade das
investigações.

Excepcionalmente, é possível o exame da razoabilidade da duração do IP


Conforme precedentes do STJ, é possível que se realize, por meio de habeas corpus,
o controle acerca da razoabilidade da duração da investigação, sendo cabível, até
mesmo, o trancamento do inquérito policial, caso demonstrada a excessiva demora
para a sua conclusão.
Assim, embora o prazo de 30 dias para o término do inquérito com indiciado solto (art.
10 do CPP) seja impróprio, sem consequências processuais (imediatas) se
inobservado, isso não equivale a que a investigação se prolongue por tempo
indeterminado, por anos a fio, mesmo porque, de toda forma, consta da folha corrida
do investigado, produzindo consequências morais negativas.
A duração da investigação, sem deixar de estar atenta ao interesse público, deve
pautar-se pelo princípio da razoabilidade.

Aspectos que devem ser analisados para saber se houve excesso de prazo
Para saber se houve, ou não, excesso de prazo, deverão ser analisados os seguintes
aspectos:
a) se há um excessivo número de acusados;
b) se existe grande quantidade de testemunhas para ser ouvidas, com maior ou menor
número de diligências, tais como cartas precatórias ou rogatórias;
c) a complexidade da matéria envolvida, com necessidade de perícias e demais
providências; e
d) razões de força maior.

Grupo 2
João e Regina foram casados e tiveram uma filha, chamada de Ana.
Após a separação, João passou a morar em Londrina (PR) e Regina continuou
vivendo em São Paulo (SP).
Assim, os pais da criança passaram a viver em cidades distintas e distantes entre si.
Regina pleiteou a guarda unilateral da criança.
João, por sua vez, defendeu a fixação da guarda compartilhada.

Diante do exposto, indaga-se:

a) Conceitue o instituto da guarda, no âmbito do direito civil;


b) Cite três espécies de guarda, conforme classificação doutrinária;
c) O fato de os pais da criança morarem em cidades diferentes representa óbice à
fixação da guarda compartilhada?

Resposta:
A guarda compartilhada é a regra no direito brasileiro.
O fato de os genitores possuírem domicílio em cidades diversas, por si só, não
representa óbice à fixação de guarda compartilhada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.041-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/05/2021
(Info 698).

Espécies: unilateral, compartilhada, alternada e aninhamento.

Grupo 3
Acerca das comissões parlamentares de inquérito, responda:
a) Quais os requisitos para a sua criação?
b) Preenchidos os requisitos, há obrigatoriedade de que o Presidente da Casa a
institua?
c) É possível a criação de CPI no âmbito dos Municípios? Se sim, há alguma
diferença em relação aos poderes das CPIs federais? Se não, justifique.

Respostas:
A criação de uma CPI exige unicamente o preenchimento de três requisitos taxativos:
1) requerimento subscrito (assinado) por, no mínimo, 1/3 dos membros daquela Casa
Legislativa. Ex.: com o requerimento de 1/3 dos Deputados Federais, pode ser
instituída uma CPI na Câmara dos Deputados.
2) indicação de fato determinado que será objeto de apuração;
3) temporariedade da comissão parlamentar de inquérito.

Direito público subjetivo da minoria


Preenchidos esses três requisitos, a CPI deve ser instalada, não podendo o
Presidente do Poder Legislativo ou a Mesa Diretora criar empecilhos:
Preenchidos os requisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3º), impõe-se a criação da
Comissão Parlamentar de Inquérito, que não depende, por isso mesmo, da vontade
aquiescente da maioria legislativa. Atendidas tais exigências (CF, art. 58, § 3º),
cumpre, ao Presidente da Casa legislativa, adotar os procedimentos subsequentes e
necessários à efetiva instalação da CPI, não se revestindo de legitimação
constitucional o ato que busca submeter, ao Plenário da Casa legislativa, quer por
intermédio de formulação de Questão de Ordem, quer mediante interposição de
recurso ou utilização de qualquer outro meio regimental, a criação de qualquer
comissão parlamentar de inquérito.
STF. Plenário. MS 26441, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 25/04/2007.
Observa-se que na CF/88 só há previsão expressa de criação das CPIs federais. A
criação das CPIs estaduais, municipais e distritais é uma decorrência do equilíbrio do
pacto federativo, da separação dos poderes e do princípio da simetria.

Obs: nas CPIs municipais, as Câmaras Municipais não terão os mesmos poderes das
CPIs federais, já que os Municípios não possuem Poder Judiciário para que sejam
utilizados os poderes de investigação das autoridades judiciais. Por exemplo, no
âmbito do julgado da ACO 730, o Plenário do STF decidiu que CPI estadual ou distrital
pode decretar quebra de sigilo bancário, enquanto alguns Ministros manifestaram o
entendimento paralelo (obter dictum) de que as CPIs municipais não teriam tal poder:
(...) Poderes de CPI estadual: ainda que seja omissa a Lei Complementar 105/2001,
podem essas comissões estaduais requerer quebra de sigilo de dados bancários, com
base no art. 58, § 3º, da Constituição. (...)
STF. Plenário. ACO 730, Rel. Joaquim Barbosa, julgado em 22/09/2004.

Grupo 4
A Promotoria de Defesa do Consumidor recebeu um estudo do CADE (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica, autarquia federal, vinculada ao Ministério da
Justiça) afirmando que havia indícios de prática de cartel no Estado.
Diante disso, o Promotor de Justiça que atua na Promotoria de Defesa do Consumidor
solicitou auxílio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado) para realizar uma apuração.
A investigação conseguiu obter inúmeros elementos informativos que serviram para
embasar denúncia criminal oferecida pelo Ministério Público contra os envolvidos.
Um dos denunciados impetrou habeas corpus requerendo a nulidade da investigação
e das provas obtidas.

Diante do exposto, indaga-se:


a) Qual o princípio em debate? Conforme entendimento do STJ, houve a sua
violação?
b) Esse princípio constitucional possui previsão expressa?

Resposta:
Não configura violação ao princípio do promotor natural a atuação do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) quando precedida de
solicitação do promotor de justiça a quem a investigação foi atribuída.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 147.951/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado
em 27/09/2022 (Info 751).

Jurisprudência em Teses (Ed. 167)


12) A atuação de promotores auxiliares ou de grupos especializados, como o Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), na investigação de
infrações penais, a exemplo do crime de lavagem de dinheiro, não ofende o princípio
do promotor natural, não havendo que se falar em designação casuística.

(Cartório TJRR 2013 CESPE) O fundamento constitucional do princípio do promotor


natural assenta-se nas cláusulas da independência funcional e na inamovibilidade
dos membros do MP.

Você também pode gostar