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Objetivo: Dessa forma, este estudo tem dois objetivos sequenciais: (i) levantar casos
relevantes que tratam sobre os conceitos da prescrição para a propositura de ação monitória
para o recebimento de quantia indenizatória ocasionada pela permanência do contêiner, e a
legitimidade do consignatário para configurar como parte e pagar o débito; (ii) identificar as
principais fontes de embasamento utilizadas pelos magistrados para fundamentar suas
decisões nesses conflitos; verificar as consequências jurídicas apresentadas nas conclusões
dos magistrados.
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Art. 206. Prescreve: (...) § 3º Em três anos: (...) V - a pretensão de reparação civil.
2
Art. 206. Prescreve: (...) § 5º Em cinco anos: (...) I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de
instrumento público ou particular;
3
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Já no caso da ilegitimidade do mandatário para responder pela demora na entrega de
contêineres foi arguida 26 vezes no TJ/SP, mas em nenhuma delas o juízo acatou a hipótese.
Em 21 dos julgados não houve muito debate acerca do tema, pois havia Termo de
Responsabilidade de Devolução de Contêiner responsabilizando o consignatário pelo
pagamento. Assim, os casos mais interessantes a demonstrar as particularidades do judiciário
quanto ao assunto foram os 5 casos restantes.
No processo de nº 1014102-46.2018.8.26.0562 foi concluído que não haveria a
necessidade de se provar a parte ser consignatária para responsabilizá-la desde que ela o
aparentasse como se fosse.
Já nos processos de nº 1033502-51.2015.8.26.0562 e 4016434-08.2013.8.26.0562, foi
afirmado que não só o consignatário, mesmo sem termo de responsabilidade, seria
responsável, como também seriam o despachante aduaneiro e o agente da carga de forma
solidária.
Por fim, no processo de nº 0007743-35.2019.8.26.0248 foi afirmado que uma vez
confirmada a relação jurídica independeria de termo de responsabilidade assinado para se
caracterizar a responsabilidade do consignatário pelo pagamento da Sobrestadia.
Dessa forma, é possível verificar, ainda que com ressalvas pela baixa amostragem, que
há um caminho sendo traçado pelos tribunais para reconhecerem a responsabilidade do
consignatário para agir como parte e pagar o montante resultante da Sobrestadia, ainda que,
não haja termo assinado.
O STJ, embora tenha tido casos em que essa matéria lhe foi levada, não se pronunciou
sobre o assunto, pois seria necessário reexame de provas.
Toda a análise prospectiva dos julgados mencionados permite a conclusão de que os
tribunais em muito adaptaram os conceitos trazidos do comércio marítimo para o processo
civil contemporâneo.
Outro ponto a ser comentado, é que ainda que o código comercial tenha tido
importância para definir a sobrestadia e prever suas consequências e aspectos formais, como
também materiais para sua caracterização, hoje esse papel foi totalmente tomado pelos
institutos do Código Civil. Assim sendo, em nenhum julgado o código comercial foi
realmente utilizado, no máximo foi comentado, mas deixado sem relevância para a solução do
caso.
Por fim, através dos resultados da pesquisa é possível concluir que há altas chances de
um novo litígio sobre sobrestadia no comércio internacional marítimo encaminhado ao TJ/SP
ou ao STJ ter as seguintes características: ter período prescricional de 5 anos se expressa
contratualmente, de 10 caso não; e, ainda, ser legítimo o consignatário para o seu pagamento.
Bibliografia