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o crime de furto tecnológico, contudo, sequer tiveram o cuidado de ouvir a verdadeira vítima
dos fatos.
Contudo, o presente inquérito narra uma situação em que a própria vitima
não foi ouvida, não constam nos autos uma prova sequer para subsidiar a continuidade do
presente inquérito.
Vale salientar, Excelência que a verdadeira vítima dos fatos poderia ter
realizado uma transação errônea, ou realizado algum pagamento sem comunicar ao seu
esposo, ainda, poderia acontecer de o próprio esposo da vítima intencionalmente acusar ao
indiciado.
Inúmeras são as possibilidades do que realmente pode ter acontecido, bem
como, diversos são os recursos que poderiam ter sido utilizados pelos investigadores, sem
contar que a atitude da equipe com o indiciado foi totalmente contrária a que rotineiramente
têm com os demais fatos noticiados a equipe.
Estar o investigado na lotérica não torna jamais subsidio para determinar
uma prisão em flagrante se o delito seria de crime de furto tecnológico, tudo pautada no
depoimento de uma pessoa.
Sendo assim, totalmente desproporcional e não razoável o investigado estar
a mais de 11 (onze) meses 20 dias, tendo o seu direito de ir e vir parcialmente restringido, por
um inquérito que não teria nenhuma complexibilidade de ser concluído.
No caso, em tela o indiciado está sendo penalizado antes mesmo de ter sido
comprovado a autoria e materialidade do crime.
No caso discutido não há nos autos provas ou indícios suficientes para a
comprovação da autoria e materialidade criminosa, vez que, não foram juntadas aos autos
provas materiais que comprovem a invasão do celular de uma suposta vítima que sequer foi
ouvida no lapso temporal de quase um ano.
Por oportuno, destaca que o ministério público solicitou diligencias e que
até a presente data não foi realizado, deixando evidente mais uma vez o descaso da polícia
civil em relação aos fatos.
Assim, considerando o tempo decorrido e o fato de que o inquérito policial
em questão não apresenta nenhuma complexidade que justifique a prorrogação do prazo para
sua conclusão, é evidente que houve excesso de prazo na investigação.
II – DO EXCESSO DE PRAZO
O inquérito policial em questão foi instaurado em 22.042020, já tendo transcorrido
mais de onze meses sem a sua conclusão.
Nesse sentido, salienta-se que o prazo legal para a conclusão do inquérito policial é de
30 dias, prorrogáveis por igual período mediante autorização judicial (art. 10, §1º, do Código
de Processo Penal), assim, acentua o entendimento da 6º turma to STJ:
STJ. 6ª Turma. HC 653.299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 16/08/2022 (Info 747).
Há excesso de prazo para conclusão de inquérito policial, quando, a despeito do
investigado se encontrar solto e de não sofrer efeitos de qualquer medida
restritiva, a investigação perdura por longo período e não resta demonstrada A
COMPLEXIDADE APTA A AFASTAR O CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
Nesse cerne, o julgado acima reforça a ideia de que uma das características
do inquérito policial é a de que se trata de um procedimento temporário. Corrobora com o
exposto a opinião do respeitável autor Renato Brasileiro:
“(...) diante da inserção do direito à razoável duração do processo na Constituição
Federal (art. 5º, LXXVIII), já não há mais dúvidas de que um inquérito policial não
pode ter seu prazo de conclusão prorrogado indefinidamente. As diligências devem
ser realizadas pela autoridade policial enquanto houver necessidade. Evidentemente,
em situações mais complexas, envolvendo vários acusados, é lógico que o prazo
para a conclusão das investigações deverá ser sucessivamente prorrogado. Porém,
uma vez verificada a impossibilidade de colheita de elementos que autorizem o
oferecimento de denúncia, deve o Promotor de Justiça requerer o
arquivamento dos autos.” (Manual de Processo Penal. 4ª ed., Salvador: Juspodivm,
2016, p. 140-141).
III – DO PEDIDO
Diante do exposto, requer-se
a) o arquivamento do inquérito policial n° 2022.105086, em virtude do excesso de prazo
na sua conclusão e pela falta de provas.
Assinado digitalmente