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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE

Processo n° ...

Recorrente: Ministério Público Estadual.

Recorrido: José Percival da Silva.

JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, já qualificado nos autos da ação em epígrafe,


vem, respeitosamente e tempestivamente, perante Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado infra-assinado, apresentar a presente

CONTRARRAZÕES DE RECURSO
EM SENTIDO ESTRITO

O Recurso foi interposto haja vista que inconformado com a respeitável decisão
proferida em favor do recorrido, onde acolheu parcialmente o pleito da
denúncia, afastando a tipicidade de associação criminosa por não preencher os
requisitos legais, se designem Vossas Excelências em mantê-la, pelas razões
a seguir aduzidas.

Termos que,

pede deferimento.

Conceição do Agreste/CE, 07 de junho de 2018.

ADVOGADO(A)

OAB
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Autos n° ...

Recorrente: Ministério Público Estadual.

Recorrido: José Percival da Silva.

COLENDA TURMA

DOUTOS JULGADORES

NOBRES PROCURADORES

I – DOS FATOS

Conforme consta da Inicial acusatória, os denunciados, sobre a


liderança do acusado José Percival da Silva( “Zé da Farmácia”, Presidente da
Câmara de Vereadores e Liderança Política do Município), se valendo da
qualidade de Vereadores do Município, se associaram, em unidade de
desígnios, com objetivo de cometer crimes.
Assim, dia 03 de fevereiro de 2018, na sede da Câmara dos Vereadores
desta Comarca, durante uma reunião da Comissão de Finanças e Contratos da
Câmara, teriam exigido do Sr. Paulo Matos, empresário sócio de uma empresa
interessada em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de
Vereadores, o pagamento de R$100.000,00 (cem mil reais) para que sua
empresa pudesse participar de um procedimento licitatório que estava
agendado para o dia seguinte.
Então, os Réus foram denunciados pela suposta prática dos delitos
previstos nos artigos 288 e 317 do Código Penal. Após a apresentação de
resposta preliminar, nos termos do artigo 514 do CPP, a denúncia foi rejeitada
em relação ao delito de associação criminosa, mas o Ministério Público
apresentou recurso em sentido estrito, requerendo a reforma da decisão.
Por este motivo, o réu Vem aos autos para apresentação de
contrarrazões.
II – PRELIMINARMENTE
II.I – DA INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Preliminarmente, verifica-se a intempestividade do recurso interposto
pelo Ministério Público, porque, nos termos do artigo 586 do CPP o prazo de
interposição do recurso é de 05 (cinco) dias. Contudo, o Ministério Público,
apesar de intimado da decisão no dia 24 de maio de 2018, apenas interpôs o
recurso no dia 30 de maio de 2018, um dia após o término do prazo (dia 29 de
maio de 2018), que, em matéria penal, o ministério público não tem prazo em
dobro. Por todo o exposto, requer-se ou não conhecimento do recurso de
apelação em razão da intempestividade.
Entretanto, a jurisprudência pacificou entendimento que o Ministério
Público não possui a prerrogativa de prazo em dobro no processo penal.
AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA PENAL E PROCESSUAL PENAL.
INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO INTERNO APÓS O PRAZO
DE 5 (CINCO) DIAS PREVISTO NO ART. 258 DO
REGIMENTO INTERNO DO STJ. PRAZO EM DOBRO
PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO EM MATÉRIA PENAL.
INEXISTÊNCIA. PRAZO SIMPLES CONTADO DA
ENTREGA DO ARQUIVO ELETRÔNICO.
PRECEDENTES. I – O entendimento pacífico desta
Corte Superior é no sentido de que o Ministério
Público, em matéria penal, não goza da prerrogativa da
contagem dos prazos recursais em dobro. II – No caso
dos autos, a intimação ocorreu com a entrega do arquivo
digital contendo cópia do processo eletrônico em
17⁄08⁄2012 e o Agravo Interno foi protocolado somente em
27⁄08⁄2012, extrapolando o quinquênio legal, previsto no
art. 258 do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça. III – Agravo Regimental não conhecido.
(STJ – AgRg nos Embargos de Divergência em Resp. n.º
1.187.916-SP – Relatora Ministra Regina Helena Costa –
dj. 27/11/2013, grifo nosso).
III – DO MÉRITO

Na eventualidade de não se acatar a preliminar arguida no mérito a


sentença recorrida deve ser mantida, Já que é evidente o acerto da rejeição da
denúncia em relação ao delito de associação criminosa.
Pode ser extrai-se da leitura dos Autos que não há indícios de
materialidade em relação ao delito de associação criminosa. Isso porque, quem
se associa (pelo menos três agentes) para o fim específico de praticar crimes
(no plural, o que demonstra a ideia de durabilidade), assim o faz de maneira
permanente indefinida, vale dizer, enquanto durar o intuito associativo dos
integrantes.
Entretanto, ainda que tenha havido a suposta prática criminosa, trata-se
apenas de um único fato e, portanto, um crime único que, por si só, já afasta a
tipicidade do artigo 288 do Código Penal.
A acusação não pode se apresentar tem um argumento probatório
suficiente para justificar o imenso constrangimento que representa a assunção
da condição de réu. Casos esses elementos sejam insuficientes para justificar
a abertura de um processo, o juiz deverá rejeitar a acusação. Tudo conforme
prevê o artigo 395, III do CPP. Portanto, é absolutamente correta a sentença
proferida. Assim, requer que seja negado provimento ao recurso interposto pelo
Ministério Público, com a consequente manutenção da decisão de primeiro
grau.
Diante disso, firmou-se jurisprudência acerca do assunto:

STF: DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE


QUADRILHA. CONFIGURAÇÃO TÍPICA. REQUISITOS.
Para a configuração do crime de associação criminosa do
art. 288 do Código Penal brasileiro, exige-se a associação
de mais de três pessoas "para a prática de crimes", não
sendo suficiente o vínculo para a prática de um único ato
criminoso. É o que distingue, principalmente, o tipo de
associação criminosa da figura delitiva assemelhada do
crime de conspiracy do Direito anglo-saxão que se satisfaz
com o planejamento da prática de um único crime. Se, dos
fatos tidos como provados pelas instâncias ordinárias, não
se depreende elemento que autorize conclusão de que os
acusados pretenderam formar ou se vincular a uma
associação criminosa para a prática de mais de um crime,
é possível o emprego do habeas corpus para invalidar a
condenação por esse delito, sem prejuízo dos demais.
Habeas corpus concedido e estendido de ofício aos
coacusados em idêntica situação.

(HC 103.412/SP – Rel. Min. Rosa Weber – dj. 19/06/2012)

IV – DOS PEDIDOS

Assim sendo, requer:


a) O não conhecimento do recurso, haja vista sua intempestividade;
b) No mérito, requer o não provimento do recurso com a manutenção da
sentença recorrida.

Nestes termos,
pede deferimento.

Conceição do Agreste/CE, 07 de junho de 2020.

ADVOGADO(A)

OAB

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