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Colenda Turma
Nobres Julgadores
1. SÍNTESE FÁTICA
“(...)
24. Como foi alegada a incompetência absoluta deste juízo
federal para o processamento e julgamento da questão posta
em juízo, mostra-se imperiosa a análise desta preliminar
como pressuposto válido e regular para o deslinde da
controvérsia, de modo que passo a apreciar a competência
da Justiça Federal.
25. Nos termos do art. 109, inciso I, da Constituição Federal,
compete à Justiça Federal conhecer das 'causas em que a
União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes, exceto as de falência, as de acidente do trabalho
e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho'.
26 A teor da Súmula 150 do Colendo Superior Tribunal de
Justiça: 'Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência
de interesse jurídico, que justifique a presença, no processo,
da União, suas autarquias ou empresas públicas'.
27. Por sua vez, a competência da Justiça Federal ora se fixa
ratione personae ora ratione materiae. Ademais, por se tratar
de competência estabelecida na Constituição, reveste-se de
natureza absoluta.
28. No caso em tela, figura no polo passivo a Codesp,
sociedade de economia mista federal. Sendo assim, o simples
fato da ré ser sociedade de economia mista federal não é
suficiente para definir a competência da Justiça Federal in
casu.
29. Caberia perquirir, portanto, a existência de legítimo e
efetivo interesse da União, este sim fixador da competência
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federal. (…)
(…)
30. No caso concreto, entretanto, a própria União
expressamente rejeitou seu interesse na lide, na
manifestação de id 2737909. Posteriormente, reiterou sua
ausência de interesse, requerendo sua exclusão de futuras
intimações acerca deste processo (id 3132878).
31. Ocorre que não sendo a manifestação do ilustre
advogado da União vinculante, cabe ao juiz federal, como já
esclarecido, decidir sobre o efetivo interesse da União no
caso concreto. Assim, analisando detidamente todos os
contornos da presente controvérsia destaco que o objeto da
demanda não diz respeito a questões relativas à organização
dos Portos, que de fato implicam num interesse da União,
conforme sua competência administrativa estabelecida pela
própria Constituição. Também não se refere a questões
pertinentes a arrendamentos para construção, reforma,
administração ou manutenção de instalações portuárias,
matérias comuns a esta Subseção da Justiça Federal.
(…)
33. Desta forma, demonstrado, a meu sentir, não haver
interesse da União, compartilho (no caso concreto) do
mesmo entendimento externado pelo advogado da
União para assentar que não há razão jurídica legitimadora
do deslocamento da competência para esta Justiça Federal.
Assim, nos termos do artigo 64, § 1º, do Código de Processo
Civil de 2015, entendo que o feito deve ser processado e
julgado pela Justiça Estadual da Comarca de Santos/SP.
34. Verifica-se, ainda, ser comum a CODESP ou outras
sociedades de economia mista federais litigaram (sic) em
ações que correm perante a Justiça Estadual, inclusive
tratando de questões referentes a concursos públicos (…)
(…)
35. Entendo, ainda, com a devida vênia ao ilustre Procurador
da República subscritor da inicial (…) que o simples fato do
Ministério Público Federal ser autor da demanda não
resulta necessariamente na competência da Justiça
Federal.” (destaques no original)
vigência do NCPC.
Não se aplica, à hipótese, o art. 1.046, § 1º, do NCPC,
norma excepcional de interpretação restritiva, que prevê
uma eficácia ultra-ativa do CPC de 1973 somente para o
procedimento sumário e os procedimentos especiais
revogados pelo novel diploma.
No caso, consoante se afere da fl. 31 dos autos eletrônicos
do agravo de instrumento, a decisão recorrida foi publicada
no Diário de Justiça Eletrônico em 19.05.2016. Aplicável,
portanto, o disposto no art. 1.015 do NCPC, que trata das
hipóteses de cabimento do recurso de agravo de
instrumento. Confira-se:
[...]
A inconformidade da parte agravante diz respeito, portanto,
à decisão que desacolheu exceção de incompetência,
hipótese não contemplada no referido dispositivo, nem no
art. 340 do NCPC, razão pela qual não se mostra cabível a
interposição do agravo de instrumento.
Neste contexto, nos termos do art. 932, III do NCPC, era
impositivo o não conhecimento do recurso por ausência de
pressuposto de cabimento.
3. Em face das circunstâncias que envolvem a controvérsia e
para melhor exame do objeto do recurso, com fundamento
no artigo 34, inciso VII, do Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça, DOU PROVIMENTO ao presente agravo
para determinar a sua conversão em recurso especial,
sem prejuízo de novo exame acerca de seu cabimento, a ser
realizado no momento processual oportuno.
Publique-se. Intimem-se.” (STJ, AREsp 1.100.041/RS, Proc.
2017/0109222-3, rel. Min. Luís Felipe Salomão, j. 8/6/2017,
publ. 20/6/2017) (grifos no original)
1 Os vícios que podem ensejar o uso de recurso ou de medida de impugnação diversa são o de juízo ou
julgamento (“error in judicando”) e o de atividade (“error in procedendo”). O vício de juízo é substancial e
refere-se ao conteúdo da decisão, que aprecia mal a questão de direito e/ou de fato. A sua vez, o vício de
atividade é formal e se configura pela ofensa à norma de procedimento, gerando prejuízo à parte.
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3 ZAVASCKI, Teori Albino, Processo Coletivo: Tutela de Direitos Coletivos e Tutela Coletiva de Direitos, 3ª
edição, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 151-152.
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“(...)
Não bastasse a regra genérica do art. 273 do CPC, ainda
temos que o § 3º do art. 84 do CDC permite que o juiz
conceda a tutela liminarmente ou após justificação prévia:
ora, esta regra não vale apenas para as ações coletivas do
CDC, mas estende-se a todo o sistema das ações civis
públicas, por força do art. 21 da LACP.
(...)” (MAZZILLI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses
Difusos em Juízo, 23ª edição, Saraiva: São Paulo, 2010, p.
241)
4 Dispõe o art. 1.045 do NCPC: “Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua
publicação oficial.” Como se vê, a norma optou pelo critério da base da data da publicação, que ocorreu
em 17/3/2015, no DOU. A contagem desse prazo de 1 (um) ano faz-se de acordo com a Lei Complementar
nº 95/1998, art. 8º, §§ 1º e 2º (com a redação dada pela Lei Complementar nº 107/2001): incluem-se o
dia da publicação (17/3/2015) e o dia da consumação do prazo (17/3/2016), entrando em vigor no dia
seguinte ao dessa consumação, isto é, no dia 18/3/2016.
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índole coletiva.
do que correta e justa, precisa ser célere, sob pena de se tornar ineficaz e
inefetiva em virtude das modificações provocadas pelo tempo na realidade
factual inicialmente apresentada.
5. PEDIDOS