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10 Entendimentos do STF que serão cobrados em Concursos Jurídicos

Estratégia Carreira Jurídica

Olá, pessoal! Tudo bem?

Aqui é Nelma Fontana, Professora de Direito Constitucional do Estratégia


Carreiras Jurídicas.

Gostaria de lhes apresentar o e-book "10 Entendimentos do STF que serão


cobrados em Concursos Jurídicos". Elaborado com muito carinho e cuidado
por mim, você terá em suas mãos 10 tópicos que possuem muita chance de
serem cobrados em questões de prova.

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NELMA FONTANA

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Estratégia Carreira Jurídica

10 ENTENDIMENTOS DO STF QUE SERÃO COBRADOS EM


CONCURSOS JURÍDICOS
1. INFORMATIVO 1056 - CNJ E TRANSFERÊNCIA DO SIGILO DE
DADOS FISCAIS E BANCÁRIOS - ADI 4709/DF

O art. 8º, V, do Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça (Resolução nº 67/2009) prevê que o
Corregedor Nacional de Justiça pode requisitar dados bancários e fiscais sem prévia autorização judicial.

A norma é constitucional sob o ponto de vista formal considerando que foi editada com respaldo no art. 5º,
§ 2º, da EC nº 45/2004, que confere competência ao Conselho Nacional de Justiça, mediante resolução, para
disciplinar seu funcionamento e definir as atribuições do Corregedor, enquanto não normatizada a matéria
pelo Estatuto da Magistratura.

Desse modo, a EC 45/2004 autorizou o próprio CNJ a editar norma de caráter primário sobre seu
funcionamento e sobre as atribuições do Corregedor Nacional de Justiça, a evitar vácuo normativo, o que
poderia inviabilizar o exercício das funções constitucionais do Conselho.

A Resolução nº 67/2009 (Regimento Interno do CNJ) encontra, portanto, amparo direto na Constituição
Federal e equivale à normatização pelo Estatuto da Magistratura, ao menos até que seja editada uma nova
LOMAN.

A requisição atribuída ao Corregedor pelo art. 8º, V, do RI/CNJ, em uma primeira análise, poderia indicar
uma ofensa ao direito à privacidade, à intimidade, à vida privada e à proteção de dados (art. 5º, X e XII,
CF/88).

Contudo, o art. 8º, V, do Regimento Interno é constitucional, porque representa hipótese de transferência
de sigilo justificada diante do papel institucional do CNJ e do Corregedor Nacional de Justiça.

A requisição de dados estabelecida pelo RI/CNJ, no ponto contestado, é atribuição instrumental do


Corregedor, visando ao exercício de suas competências de modo efetivo.

O controle interno do Poder Judiciário coaduna-se com os valores republicanos e com a necessidade de
manter a idoneidade do exercício do poder que é a jurisdição.

Ainda que os sigilos bancário e fiscal tenham estatura constitucional, não há direitos absolutos em atenção
a outros valores públicos. Nesse sentido é a jurisprudência do STF: RE 601314 (Tema nº 225 da Repercussão
Geral), ADIs 2386, 2390, 2397 e 2859 e RE 1055941 (Tema nº 990 da Repercussão Geral).]

Os dados da vida patrimonial dos agentes públicos, enquanto exercem função pública, não podem ser
considerados inacessíveis de forma ampla, havendo uma relativização.

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2. INFORMATIVO 1059 - PROCESSO LEGISLATIVO:


EXTEMPORANEIDADE DO VETO PRESIDENCIAL - ADPF
893/DF
Segundo a Constituição Federal, o Presidente da República dispõe de um prazo de 15 dias para sancionar ou
vetar o projeto de lei aprovado.

No presente caso, o prazo para que o Presidente da República sancionasse ou vetasse o projeto aprovado
terminava no dia 14/07/2021. Nesta data, o Presidente da República editou mensagem de veto e
encaminhou o texto legal para publicação, sem manifestar a intenção de vetar o art. 8º do projeto de lei. No
dia seguinte (15/07/2021), quando o prazo já havia expirado, providenciou-se a publicação de edição extra
do diário oficial para a divulgação de novo texto legal com a aposição adicional de veto a dispositivo que
havia sido sancionado anteriormente.

O argumento foi o de que houve erro material. Ocorre que não há nada que demonstre que tenha havido
realmente erro material tanto que na mensagem de veto enviada dia 14/07/2021 não havia sido feita
qualquer menção ao art. 8º. Esse tipo de procedimento não se coaduna com a Constituição Federal, de modo
que, ultrapassado o período do art. 66, § 1º, da CF/88, o texto do projeto de lei é, necessariamente,
sancionado (art. 66, § 3º) e o poder de veto não pode mais ser exercido.

O fato de o veto extemporâneo ter sido mantido não retira a sua inconstitucionalidade. Isso porque esse
veto sequer poderia ter sido apreciado pelo Congresso Nacional. Caso o Legislativo deseje encerrar a vigência
de dispositivo legal por ele aprovado, deve retirá-lo da ordem jurídica por meio da sua revogação.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade do veto adicional publicado na edição extra do Diário Oficial da União de 15/7/2021 e,
assim, restabelecer a vigência do art. 8º da Lei nº 14.183/2021.

A manutenção de veto extemporâneo na forma do art. 66, § 4º, da CF/1988 não retira a sua
inconstitucionalidade, pois o ato apreciado pelo Congresso Nacional sequer poderia ter sido praticado. Nessa
hipótese, caso o Legislativo deseje encerrar a vigência de dispositivo legal por ele aprovado, deve retirá-lo
da ordem jurídica por meio da sua revogação.

3. INFORMATIVO 1064 - CHEFE DO PODER EXECUTIVO


ESTADUAL: DUPLA VACÂNCIA DO CARGO NO ÚLTIMO BIÊNIO
DO MANDATO – ADI 7137/SP E ADI 7142/AC

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é indispensável a realização de eleições diretas ou indiretas
no processo de escolha do chefe do Poder Executivo local no caso de dupla vacância no último biênio do
mandato, decorrente de causas não eleitorais.

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Na sessão virtual finalizada em 19/8, a Corte, por unanimidade, julgou procedente pedido nas Ações Diretas
de Inconstitucionalidade (ADIs) 7137 e 7142, ajuizadas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras,
contra regras das Constituições dos Estados de São Paulo e do Acre, respectivamente.

Os dispositivos questionados preveem que, em caso de vacância dos cargos de governador e vice-governador
no último ano do mandato eletivo (no caso de São Paulo) e nos últimos dois anos do mandato (no caso do
Acre), o restante do período será exercido, sucessivamente, pelo presidente da Assembleia Legislativa e pelo
presidente do Tribunal de Justiça.

Com base no princípio democrático e republicano, Aras argumentava que a Constituição Federal impõe a
realização de eleições e que a jurisprudência consolidada do STF aponta nesse sentido.

A matéria não foi disciplinada pela Constituição da República nas esferas estaduais e municipais, e o STF
firmou jurisprudência de que entes subnacionais não estão obrigados a seguir o modelo federal, que prevê
eleições indiretas na hipótese de dupla vacância no plano federal no último biênio do mandato.

No entanto, a margem de discricionariedade das unidades da Federação encontra limites objetivos na


própria Constituição Federal, em razão do modelo brasileiro de democracia representativa, em que o poder
é exercido pelos representantes eleitos.

A disciplina da escolha do chefe do Poder Executivo local deve observar, necessariamente, o princípio
democrático, sendo indispensável a realização de eleições diretas ou indiretas.

4. INFORMATIVO 1069 - EDUCAÇÃO INFANTIL: DEVER


ESTATAL DE GARANTIR O ATENDIMENTO EM CRECHE E PRÉ-
ESCOLA ÀS CRIANÇAS DE ATÉ CINCO ANOS DE IDADE – RE
1008166/SC (TEMA 548 RG)
A educação infantil, como primeira etapa do ciclo de educação básica, assume relevância singular no início
da formação da personalidade humana.

As primeiras experiências de convívio educacional na primeira infância marcam etapas importantes na


formação de sua personalidade, bem como da sua socialização e inteligência emocional, contribuindo para
o desenvolvimento de capacidades psíquicas, físicas e motoras, em metodologia lúdica que permita o
cuidado e a proteção integral das crianças.

Na primeira infância, o acesso à educação infantil de qualidade é essencial para que se busque, mediante o
exercício de funções de cuidado, educação e atenção, a formação de componentes imprescindíveis ao
desenvolvimento integral das crianças, para que essas possam, de forma ativa, começar a construir
conhecimentos sobre si mesmas, bem como sobre o mundo que as cerca.

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Nesse contexto, a necessidade de as famílias irem trabalhar fez surgir a necessidade de creches, como
estabelecimentos extradomiciliares específicos destinados ao serviço de educação e cuidado para as crianças de
primeira infância, enquanto os demais integrantes de suas famílias se afastavam do lar para trabalhar.
Nesse sentido, destaque-se que a Organização das Nações Unidas (ONU) elenca como Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável nº 4 da Agenda 2030 a promoção de educação de qualidade, para assegurar a
educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida
para todos.

De forma mais específica, a meta 4.2 dispõe sobre o compromisso de assegurar a todas as crianças o
desenvolvimento integral na primeira infância (0 a 5 anos), mediante acesso a cuidados e à educação infantil
de qualidade, de modo que estejam preparadas para etapas posteriores de sua vida escolar.

A Carta de 1988 estabelece ainda que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família (art. 205),
a ser efetivado mediante a garantia de educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco)
anos de idade.

Nota-se, assim, que a educação básica representa prerrogativa constitucional deferida a todos (art. 205),
notadamente às crianças (arts. 208, IV, e 227, “caput”), cujo adimplemento impõe a satisfação de um dever
de prestação positiva pelo Poder Público, consistente na garantia de acesso pleno ao sistema educacional,
inclusive ao atendimento em creche e pré-escola.

Com efeito, a universalização desse acesso tem potencial de contribuir substancialmente para a redução de
desigualdades sociais e raciais.

5. INFORMATIVO 1073 - TERMO INICIAL DA LICENÇA-


MATERNIDADE E DO SALÁRIO-MATERNIDADE - ADI
6327/DF
A CLT prevê, no artigo 392, a chamada licença-maternidade, que é o direito de a mulher gestante se ausentar
do trabalho pelo período de 120 dias, sem prejuízo do emprego e do salário. O §1º desse artigo prevê que o
afastamento poderá ocorrer entre o 28º dia antes do parto e ocorrência do parto.

Nesse meio tempo em que está afastada, a gestante receberá o salário-maternidade. Vejamos o que diz a L.
8.213/91. A ADI 6.327-DF, ajuizada pelo Centro do Professorado Paulista (CPP) questionou a
constitucionalidade desse parágrafo 1º no que se refere a mães e filhos internados em decorrência de partos
prematuros.

Segundo a Corte, houve omissão legislativa quanto à concessão de licença-maternidade nesse caso, e essa
omissão suprime o direito à plena assistência materno-infantil garantida pela Constituição Federal. A licença
maternidade e o salário gestante são direitos assegurados às mulheres com a finalidade de dar condições
concretas para que ela consiga prestar os cuidados à criança e consiga exercer sua maternidade de forma
exclusiva, criando laços com seu filho nos primeiros meses de vida.

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Portanto, segundo a Corte, se é necessária a internação pós-parto que durem mais de duas semanas, o termo
inicial da licença-maternidade e do salário-maternidade deve ser o da alta hospitalar da mãe ou do recém-
nascido, pois é só a partir da alta médica que os cuidados maternos poderão ser exercidos em sua plenitude.

Ademais, não há se falar em ausência de fonte de custeio para a implantação da medida, uma vez que o
benefício e sua fonte já existem. A Seguridade Social deve ser compreendida integralmente, como sistema
de proteção social que compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, conheceu da ADI como ADPF e, ratificando a
medida cautelar, a julgou procedente para conferir interpretação conforme a Constituição ao art. 392, § 1º,
da CLT, assim como ao art. 71 da Lei 8.213/1991 e, por arrastamento, ao art. 93 do seu regulamento (Decreto
3.048/1999), de modo a se considerar como termo inicial da licença-maternidade e do respectivo salário
maternidade a alta hospitalar do recém-nascido e/ou de sua mãe, o que ocorrer por último, prorrogando-se
em todo o período o benefício, quando a internação exceder as duas semanas previstas no art. 392, § 2º, da
CLT, e no art. 93, § 3º, do Decreto 3.048/1999.

6. INFORMATIVO 1073 - RESERVA DE ASSENTOS ESPECIAIS


PARA PESSOAS OBESAS - ADI 2477/PR E ADI 2572/PR

Nas ADIs 2477/PR e 2572/PR, julgadas em 21/10/2022, o STF definiu que é constitucional lei estadual que
prevê a reserva de assentos especiais a serem utilizados por pessoas obesas, correspondente a 3% dos
lugares em salas de projeções, teatros e espaços culturais localizados em seu território e a, no mínimo, 2
lugares em cada veículo do transporte coletivo municipal e intermunicipal.

O caso analisado pela corte tratou de lei do Estado do Paraná que estipulou a reserva de assentos para
utilização por pessoas obesas em salas de projeções, teatros, espaços culturais e veículos de empresas
concessionárias de transporte coletivo municipal e intermunicipal.

Ajuizadas ADIs em face da norma, o STF esclareceu que a referida lei tem como objeto a promoção da
igualdade, com a finalidade de dispor sobre o acesso, de maneira digna, a meios de transporte público e salas
de projeções, teatros, espaços culturais.

Inexiste qualquer relação com a competência privativa da União referente à regulação de trânsito e
transporte, prevista no art. 22, IX da CF/88, de modo que a política de inclusão adotada se enquadra na
competência concorrente da União, estados e municípios para promover o acesso à cultura, ao esporte e ao
lazer, em consonância com os arts. 6º, 23, V, 24, IX, 215 e 217, § 3º, da CF/88.

Já em relação ao aspecto material, a quantidade de assentos reservados na lei estadual foi estabelecida
em percentual razoável, estando de acordo com a realidade brasileira e garantindo uma ocupação digna e
confortável às pessoas com obesidade, além de proteção adequada, necessária e proporcional para o
atendimento desse público.

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Além disso, a corte pontuou que a medida não invalida os conteúdos dos princípios do valor social do
trabalho, da livre iniciativa, da igualdade e da proteção da ordem econômica, mas, ao contrário disso, os
pondera com o princípio da dignidade da pessoa humana.

7. INFORMATIVO 1076 - INCONSTITUCIONALIDADE DA


INDEPENDÊNCIA DA POLÍCIA CIVIL

Existe inconstitucionalidade formal. Isso porque compete exclusivamente ao chefe do Poder Executivo, no
caso o Governador do Estado, a iniciativa para propor ao Parlamento normas sobre a organização
administrativa e os servidores públicos, seu regime jurídico e provimento de cargos (art. 61, § 1º, II, “b” e
“c”, da CF/88). No caso concreto, os dispositivos acima transcritos foram objeto de emenda constitucional
de iniciativa parlamentar, usurpando, portanto, a iniciativa do Governador do Estado para organizar a
Administração Pública e disciplinar o regime jurídico dos servidores, comprometendo o vínculo de
subordinação da Polícia Civil ao chefe do Poder Executivo.

Importante esclarecer que a matéria em debate não se assemelha a propostas de modificação constitucional
voltadas a conferir autonomia administrativa a entidades como as Defensorias Públicas da União e do Distrito
Federal, as quais não se sujeitam às restrições de iniciativa no processo legislativo, por cuidarem da posição
institucional desses órgãos.

A previsão também apresenta vício material. O art. 144, § 6º, da Constituição Federal estabelece vínculo de
subordinação hierárquica da Polícia Civil ao Governador de Estado. Aos Delegados de Polícia não foi
conferida a garantia da independência funcional como ocorreu com os integrantes do Judiciário (art. 95, da
CF/88), do Parquet (art. 127, § 1º) e da Defensoria Pública (art. 134, § 4º). A

A autonomia administrativa e financeira e a independência funcional não se compatibilizam com a


submissão hierárquica da polícia judiciária ao Chefe do Poder Executivo. Sendo assim, o desenho institucional
inserido constitucionalmente não legitima a governança independente da polícia judiciária, uma vez que
cabem ao chefe do Poder Executivo, dirigente máximo da Administração Pública, a prerrogativa e a
responsabilidade pela estruturação e pelo planejamento operacional dos órgãos locais de segurança pública,
bem como a definição de programas e ações governamentais prioritários a partir do quadro orçamentário
do ente federado.

A inclusão da Polícia Civil entre as funções essenciais à justiça prevista na Constituição de Tocantins é, por
conseguinte, desarmônica com a disciplina da Constituição de 1988.

8. INFORMATIVO 1081 - IMUNIDADE PARLAMENTAR


A Associação dos Magistrados Brasileiros ajuizou três ADIs por meio das quais questiona dispositivos das
constituições dos Estados do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Mato Grosso que estendem aos
deputados estaduais imunidades formais previstas no artigo 53 da Constituição Federal para deputados
federais e senadores.

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As constituições dos três estados reproduzem as normas contidas no artigo 53 da Constituição Federal, entre
elas a do parágrafo 2º, segundo a qual os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos desde a
expedição do diploma, salvo em flagrante de crime inafiançável, e, nesses casos, a prisão deve ser submetida,
no prazo de 24h, à casa respectiva, e ainda a regra que prevê a possibilidade de a casa legislativa sustar o
andamento de ação penal aberta contra parlamentar.

Para a associação, essas garantias não poderiam ser reproduzidas nas cartas estaduais, uma vez que aos
deputados estaduais bastam as imunidades materiais contidas no caput do artigo 53 (os deputados e
senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras ou votos).

Imunidades parlamentares são algumas prerrogativas conferidas pela CF/88 aos parlamentares para que eles
possam exercer seu mandato com liberdade e independência.

O STF reafirmou o entendimento acima e decidiu que são constitucionais as normas previstas nas
Constituições estaduais que conferem aos Deputados Estaduais as imunidades formais com relação à prisão
(art. 53, § 2º, da CF/88) e com relação ao processo (art. 53, § 3º).

O art. 27, § 1º, não abre campo para controvérsias semânticas. Isso porque esse dispositivo fala
expressamente que deverão ser aplicadas aos Deputados Estaduais as regras previstas na CF/88 sobre
“imunidades” (palavra utilizada no plural e de forma genérica). Logo, a CF/88 conferiu aos parlamentares
estaduais a imunidade tanto no campo material como formal. Se o constituinte quisesse estabelecer
imunidade com menor amplitude para os Deputados Estaduais, o teria feito expressamente, como o fez no
caso dos Vereadores no inciso VIII do art. 29.

9. INFORMATIVO 1082 - PROIBIÇÃO DO USO DE “LINGUAGEM


NEUTRA” NAS ESCOLAS E EM EDITAIS DE CONCURSOS
PÚBLICOS - ADI 7.019/RO

Em Rondônia, foi editada a Lei nº 5.123/2021, proibindo a chamada “linguagem neutra” nas instituições de
ensino e nos editais de concursos públicos.

A linguagem neutra, também conhecida como linguagem não-binária, tem como objetivo evitar o uso dos
gêneros tradicionalmente aceitos pela sociedade (masculino e feminino), de modo a tornar a comunicação
mais inclusiva e menos sexista. Neste tipo de linguagem, substitui-se os artigos feminino e masculino.

De início, é importante esclarecer que a competência para legislar sobre educação é concorrente, nos termos
do art. 24, IX, da CF/88.

Assim, embora os Estados-membros possuam competência para legislar concorrentemente sobre educação,
devem observar as normas gerais editadas pela União, conforme determinam os parágrafos do art. 24 da
CF/88.

No âmbito da competência concorrente, cabe à União estabelecer regras minimamente homogêneas em


todo território nacional. O que se viu na lei estadual, contudo, foi uma violação a esse tratamento nacional

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da língua portuguesa. Isso porque o art. 3º da Lei de Rondônia estabeleceu regra específica sobre o modo de
utilização da língua portuguesa na grade curricular de escolas públicas e privadas do Estado de Rondônia, de
modo que disciplinou como o ensino do idioma oficial deve ser feito naquele território.

A partir do momento em que se assenta que o idioma oficial deve ser tratado de modo uniforme em todo o
território nacional conclui-se que não é dado aos entes estaduais estabelecer proibições ou permissões
locais. Eventuais proibições terão que ser discutidas e promovidas, se for o caso, em âmbito nacional.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente o pedido para declarar a
inconstitucionalidade formal da Lei nº 5.123/2021, do Estado de Rondônia.

10. INFORMATIVO 1086 - DEFENSORIA PÚBLICA NÃO PODE


REQUISITAR A INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL.

A ação foi ajuizada pela Conamp - Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, que apontou
inconstitucionalidade em dispositivos da LC 65/03, de MG.

Um deles é o parágrafo 3º do artigo 5º, que dispõe que "o exercício da assistência jurídica aos necessitados
é privativo da Defensoria Pública".

Segundo a Associação, os dispositivos ofendem a Constituição Federal e "padece de vício material, pois limita
o acesso do cidadão hipossuficiente à Justiça e pode acarretar, até mesmo, dificuldade ao pleno exercício da
defesa, no âmbito da Justiça Penal".

A Conamp sustentou ainda que o monopólio da assistência jurídica aos necessitados seria indesejável. Em
primeiro lugar, porque existem cerca de 6 mil municípios no Brasil, e em praticamente todos há necessitados
de assistência judiciária, mas não existem defensores públicos em número satisfatório para atendê-los.

Assim, no entender da entidade, devem ser mantidos abertos os diversos caminhos existentes que
possibilitam assistir juridicamente os necessitados.

De outra parte, a Conamp questiona dispositivo que inclui entre as competências da Defensoria Pública a de
"requisitar a instauração de inquérito policial e diligências necessárias à apuração de crime de ação penal
pública".

A associação alegou que afronta o disposto no art. 22, inciso I, da CF, ao usurpar competência privativa da
União para legislar sobre Direito Processual.

O caso começou a ser julgado em outubro de 2022, em plenário virtual, com voto do relator Luís Roberto
Barroso. O ministro entendeu que a ação se encontra parcialmente prejudicada, visto que a lei mineira teve
sua redação substancialmente alterada pelo art. 4º da LC 141/16, prejudicando a análise da
constitucionalidade do inciso questionado.

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"A jurisprudência desta Corte é firme e dominante no sentido de que é inadmissível a continuidade de ação
direta de inconstitucionalidade em face de lei ou ato normativo já revogado, substancialmente alterado ou
cuja eficácia tenha se exaurido."

A mudança em questão acrescentou ao inciso que a "assistência jurídica integral e gratuita fornecida pelo
Estado será exercida pela Defensoria Pública". Portanto, diante de tais alterações, o relator não conheceu a
ação ao que se refere ao § 3º do art. 5º da LC 65/03, do Estado de MG.

O ministro também citou jurisprudência da Corte no sentido de que o inquérito policial tem natureza de
procedimento administrativo, sendo, por conseguinte, de competência legislativa concorrente.

"Quanto ao tema, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a previsão legal que confere
às Defensorias Públicas o poder de requisitar informações e documentos de órgãos públicos e privados não
interfere no equilíbrio da relação processual. Na discussão do caso, prevaleceu o entendimento de que tais
prerrogativas são ferramentas importantes para a execução das funções atribuídas constitucionalmente à
Defensoria."

Na ocasião, o julgamento foi interrompido por pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. O caso foi
retomado no plenário virtual no dia 3 de março com divergência parcial inaugurada por Moraes. S. Exa.
concordou com o relator com a perda de objeto em relação ao artigo 5º, § 3º, da norma impugnada. Divergiu
no que tange à previsão de requisição de instauração de inquérito policial. Para Moraes, o tema é de
competência privativa da União, sendo disciplinado no art. 5º do Código de Processo Penal.

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