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Semana 09

CF – PODER JUDICIÁRIO

1. art. 27 da Lei nº 9.868/1999:


Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos
daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito
em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
2. De acordo com o STF (RE 593849/MG), não há relação de causalidade entre a
mudança de entendimento jurisprudencial e a adoção da técnica de superação
prospectiva de precedente: se trata de faculdade processual conferida ao STF,
em caso de alteração da jurisprudência dominante, condicionada à presença
de interesse social e em prol da segurança jurídica. Não há, então, relação de
causalidade entre a mudança de entendimento jurisprudencial e a adoção da
técnica de superação prospectiva de precedente (prospective overruling). Art.
927, §3º, do CPC.
3. De acordo com o STF, exige-se quórum de maioria absoluta dos membros do
STF para modular os efeitos de decisão proferida em julgamento de recurso
extraordinário repetitivo, com repercussão geral, caso não tenha havido
declaração de inconstitucionalidade. O quórum de maioria qualificada (2/3) só
é exigido quando houver declaração de inconstitucionalidade, conforme dispõe
o art. 27 da Lei nº 9.868/1999.
Exige-se quórum de MAIORIA ABSOLUTA dos membros do STF para modular
os efeitos de decisão proferida em julgamento de recurso extraordinário
repetitivo, com repercussão geral, no caso em que NÃO tenha havido
declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. STF. Plenário. RE
638115 ED-ED/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2019 (Info 964).
4. o CPC em vigor autoriza, expressamente, que o STJ module os efeitos de suas
decisões, nos termos do art. 927, § 3º:
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal
Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos
repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social
e no da segurança jurídica.
5. Duas situações em que o recurso vai direto da Justiça Federal de 1º grau para o
STJ ou STF.

 Crime político: Recurso ordinário para o STF


 Causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município
ou pessoa domiciliada ou residente no país: Recurso ordinário para o STJ

6. O STF possui competências ORIGINÁRIAS E RECURSAIS.

Originárias ---------------> Nascem no STF. Ex: julga as ações de controle concentrado de


constitucionalidade...
Recursais ----------------> Recurso para novo julgamento da causa de fundamentação
livre. Os dois únicos casos são:

 Crime político. Nesse caso, a competência originária é do Juiz Federal (1º


instância) com RECURSO ORDINÁRIO AO STF.
 Habeas corpus, habeas data, mandado de injunção, mandado de
segurança DENEGADOS por Tribunais Superiores.

7. As normas constitucionais de processo legislativo não impossibilitam, em


regra, a modificação, por meio de emendas parlamentares, dos projetos de lei
enviados pelo Chefe do Poder Executivo no exercício de sua iniciativa privativa.
Essa atribuição do Poder Legislativo brasileiro esbarra, porém, em duas
limitações: a) a impossibilidade de o parlamento veicular matérias diferentes
das versadas no projeto de lei, de modo a desfigurá-lo; e b) a impossibilidade
de as emendas parlamentares aos projetos de lei de iniciativa do
Presidente da República, ressalvado o disposto nos §§ 3º e 4º do art.
166, implicarem aumento de despesa pública (inciso I do art. 63 da CF) (STF,
ADI 3.114-SP, Tribunal Pleno, Rel. Min. Carlos Britto, 24-08-2005, v.u., DJ 07-04-
2006, p. 15).
8. é possível emendas parlamentares em projeto de lei de iniciativa privativa do
Chefe do Poder Executivo, todavia, não é possível que uma emenda
parlamentar acarrete aumento de despesa, sob pena de acarretar um vício de
inconstitucionalidade formal por vício de iniciativa, na medida em que violou a
iniciativa reservada do Chefe do Poder Executivo.
9. Tanto Lei de iniciativa parlamentar quanto Emenda de iniciativa
parlamentar pode aumentar a despesa, desde que o referido aumento não
seja relativo aos temas de iniciativa privativa do chefe do Executivo (art.
61, § 1°, CRFB).

Já quando o tema for referente à iniciativa privativa do chefe do


Executivo, ainda assim poderá haver EMENDA PARLAMENTAR, contudo, a
emenda será mais restrita e deverá seguir as seguintes condições:

a) tenha pertinência temática com o objeto do projeto de lei;

b) não implique aumento de despesa no referido projeto de lei.

10. Súmula 282 STF, é inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada na
decisão recorrida, a questão federal suscitada, o que inviabilizaria a existência de
um recurso extraordinário com o objetivo direto de atacar uma Súmula Vinculante.
11. Tese de repercussão geral: A Justiça Comum Federal ou Estadual é competente
para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da
administração direta, autarquias e fundações de direito público ".
12. Instauração de inquérito ou procedimento investigatório criminal contra
prefeito: O STF entende que é necessário que haja prévia autorização do
Judiciário (informativo 856), enquanto que o STJ entende não haver essa
necessidade.
13. não existe reserva de iniciativa ao chefe do Poder Executivo para propor
leis que implicam redução ou extinção de tributos, e a consequente
diminuição de receitas orçamentárias. A matéria constitucional teve
repercussão geral reconhecida."
14. a "comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no
cargo de juíz subistituto, deve ocorrer no momento da inscrição definitiva no
concurso público" (RE 655265).
15. Por unanimidade dos votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu que é constitucional a diferença de alíquotas quanto às contribuições
previdenciárias incidentes na folha de salários de instituições financeiras ou
entidades equiparáveis, a partir da edição da Emenda Constitucional 20/1998.
Na sessão desta quarta-feira (30), os ministros negaram provimento ao
Recurso Extraordinário (RE) 598572, com repercussão geral reconhecida.

FUNÇÕES ESSENCIAIS A JUSTIÇA

1. O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento médico ou


entrega de medicamentos nas demandas de saúde propostas contra os entes
federativos, mesmo quando se tratar de feitos contendo beneficiários
individualizados, porque se refere a direitos individuais indisponíveis, na
forma do art. 1º da Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério
Público).
2. tese de repercussão geral para o Tema 1161: "Cabe ao Estado fornecer, em
termos excepcionais, medicamentos que, embora não possua registro na
ANVISA, tem a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária,
desde que comprovada a incapacidade econômica do paciente, a
imprescindibilidade clínica do tratamento, e a impossibilidade de substituição
por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos
e os protocolos de intervenção terapêutica do SUS". STF - RE: 1165959 SP
1011764-79.2015.8.26.0053, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento:
21/06/2021, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 22/10/2021)

3. Fornecimento pelo Poder Judiciário de medicamentos não registrados pela


ANVISA

1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.

2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)


impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento por decisão
judicial.

3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem


registro sanitário, em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido
(prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três
requisitos: a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil
(salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); b) a
existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação
no exterior; e c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil.

4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na


Anvisa deverão necessariamente ser propostas em face da União." STF.
Plenário. RE 657718/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 22/5/2019 (repercussão geral) (Info 941).

=>INFO 810/STF. É inconstitucional a possibilidade de paciente do SUS


pagar para ter acomodações superiores ou ser atendido por médico de
sua preferência, a chamada "diferença de classes".

=> STF reafirmou jurisprudência sobre a responsabilidade solidária dos entes


federados no dever de prestar assistência à saúde: o dever de prestar
assistência à saúde é compartilhado entre a União, os estados-membros e os
municípios, e a distribuição de atribuições entre os entes federativos por
normas infraconstitucionais não elide a responsabilidade solidária imposta
constitucionalmente.

4. escolha do PGR deve ser aprovada pelo Senado (CF, art. 128, § 1º). A nomeação do
procurador-geral de Justiça dos Estados não está sujeita à aprovação da assembleia
legislativa. Compete ao governador nomeá-lo dentre lista tríplice composta de integrantes
da carreira (CF, art. 128, § 3º). Não aplicação do princípio da simetria.

PGR - nomeado pelo PR após aprovado pela maioria absoluta do Senado. // destituído
por iniciativa do PR após aprovação da maioria absoluta do Senado. Pode ser
reconduzido sucessivas vezes

PGJ - nomeado pelo Governador a partir de lista tríplice // pode ser destituído por
deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar
(CF Art. 128 § 4º). Reconduzido apenas uma vez.

4. Súmula 637, STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal
de justiça que defere pedido de intervenção estadual em município.
5. Súmula 611, STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em
investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo
administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-
dever de autotutela imposto à administração.
6. Súmula 601, STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na
defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos
consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público.
7. Súmula 525, STJ: A Câmara de Vereadores não possui personalidade
jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em
juízo para defender os seus direitos institucionais.
8. Súmula 399, STJ: Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do
IPTU.
9. A Defensoria Pública não tem previsão de vitaliciedade após dois anos de
efetivo exercício. Os defensores públicos são estáveis após três anos de efetivo
exercício, segundo art. 41 da CF.

10. Responsabilidade do parecerista- STF.(Info 680).


É possível a responsabilização de advogado público pela emissão de parecer
de natureza opinativa, desde que reste configurada a existência de culpa ou
erro grosseiro.
+
CPC ART.184
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente
responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções
+
LINDB ART 28
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou
opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.

11. Quanto à distinção entre as modalidades de parecer:

1) Parecer Facultativo: sem qualquer vinculação da autoridade administrativa;

2) Parecer Obrigatório: a autoridade administrativa fica obrigada a solicitar a


emissão de parecer pela consultoria jurídica, mas a opinião ali emitida não
condiciona a forma de agir do administrador;

3) Parecer Vinculante: o administrador é obrigado a solicitar a emissão do


parecer e este fica condicionado ao parecer, só podendo decidir na forma
proposta pelo parecer.

12. A atividade de assessoramento jurídico do Poder Executivo dos Estados é de ser


exercida por procuradores organizados em carreira, cujo ingresso depende de concurso
público de provas e títulos, com a participação da OAB em todas as suas fases, nos termos
do art. 132 da CF. Preceito que se destina à configuração da necessária qualificação técnica
e independência funcional desses especiais agentes públicos. É inconstitucional norma
estadual que autoriza a ocupante de cargo em comissão o desempenho das atribuições de
assessoramento jurídico, no âmbito do Poder Executivo. Precedentes.” (ADI 4.261, rel. min.
Ayres Britto, julgamento em 2-8-2010, Plenário, DJE de 20-8-2010.)

13.

DIREITO EMPRESARIAL

AULA 04

TITULOS DE CRÉDITOS
1. CLAUSULA SEM DESPESA: O portador ficará também dispensado de
realizar o protesto do título na hipótese de o emitente inserir a cláusula
sem despesa/sem protesto. Tal cláusula dispensa o protesto do título
para o portador promover a ação de execução. Ressalta-se que a
cláusula sem despesa ou sem protesto, quando inserida pelo
endossante ou avalista do endossante, somente dispensará o protesto
para aquele que a inseriu (art. 46, Dec. Lei 57.663/66).
2. dispõe ao art. 46, alínea II, LUG que o sacador, um endossante ou um
avalista pode, pela cláusula "sem despesas", "sem protesto", ou outra
cláusula equivalente, dispensar o portador de fazer um protesto por
falta de aceite ou falta de pagamento, para poder exercer os seus
direitos de ação. Essa cláusula não dispensa o portador da
apresentação da letra dentro do prazo prescrito nem tampouco dos
avisos a dar. A prova da inobservância do prazo incumbe aquele que
dela se prevaleça contra o portador.
3. súmula n°189 do STF: “Avais em branco e superpostos consideram-se
simultâneos e não sucessivos". No aval sucessivo, o sujeito da relação
cambiária é avalizado por um avalista e, posteriormente, este avalista é
avalizado por outro avalista e assim sucessivamente. Entre os avalistas,
a solidariedade é cambiária, não havendo uma relação jurídica de
direito interno, mas somente a relação jurídica externa cambiária. O
avalista que efetuar o pagamento poderá entrar com ação de regresso
em face do seu avalizado, pleiteando o valor integral do título.
4. O avalista pode ou não indicar quem será o seu avalizado.

I) AVAL EM BRANCO (GERAL) – o avalista não identifica quem ele


está avalizando. Nesse caso, entende-se como avalizado o sacador.

II) AVAL EM PRETO (ESPECIAL) – o avalista identifica quem é o seu


avalizado.

5. forma de circulação os títulos podem ser:

A) TÍTULO AO PORTADOR: são aqueles que circulam pela simples


tradição, sem a necessidade de inclusão do nome do beneficiário
(art. 904, CC). O art. 69 da Lei n°9.069/95, disciplina a emissão de
cheque ao portador quando o valor for inferior a R$100,00 (cem
reais).

B) TÍTULO NOMINAIS: identificam o nome do beneficiário. O


título nominal poderá circular com “cláusula à ordem" (transferência
por meio do endosso) ou com “cláusula não à ordem" (circulam pela
cessão de crédito). A regra é que os títulos de crédito circulem com
cláusula à ordem, mas, nada impede que o sacador impeça sua
circulação por endosso, inserindo no título a cláusula não à ordem
(exceto para as duplicatas que deverão circular, obrigatoriamente,
com cláusula à ordem).

C) TÍTULOS NOMINATIVOS – emitidos em favor de pessoa cujo


nome conste no registro do emitente. A transmissão desses títulos
ocorrerá mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo
proprietário e pelo adquirente (arts. 921 e 922, CC).

6. Quanto à estrutura os títulos podem representar uma promessa de


pagamento ou ordem de pagamento.

A) PROMESSA DE PAGAMENTO – Na promessa de pagamento,


temos duas figuras: I) sacador/subscritor – aquele que faz uma
promessa de pagamento se comprometendo ao pagamento de uma
quantia determinada a um determinado credor; II) credor –
beneficiário do título. Exemplo: nota promissória.

B) ORDEM DE PAGAMENTO - Na ordem de pagamento, temos


três figuras distintas: I) o sacador (aquele que emite o título) dando a
ordem de pagamento; II) o sacado (em face de quem o título é
emitido), recebendo a ordem de pagamento; III) o tomador (também
chamado de beneficiário) em favor de quem o título é emitido, ou
seja, aquele que irá receber o valor estipulado no título. Exemplos:
letra de câmbio, cheque e duplicata.

7. Quanto à emissão os títulos podem ser abstratos ou causal.

A) TÍTULOS ABSTRATOS – são aqueles em que a lei não elenca as


suas hipóteses de emissão, podendo ser emitidos por qualquer
causa. Exemplo: letra de câmbio, nota promissória, cheque.

B) TÍTULOS CAUSAIS – são aqueles em que a lei elenca as suas


hipóteses de emissão. Sua utilização depende de previsão legal.
Exemplo: duplicata (somente poderá ser emitida quando houver
compra e venda mercantil e prestação de serviço).

8. A) TÍTULOS DE MODELO LIVRE – Não seguem uma padronização,


basta o preenchimento dos requisitos essenciais, podendo adquirir
qualquer forma. Exemplo: nota promissória e letra de câmbio.

B) TÍTULOS DE MODELO VINCULADO – Seguem a uma


padronização. Exemplo: cheque (art. 69, da Lei 7357/85 – Lei de
Cheque-LC) e duplicata (art. 27, Lei 5474/68 – Lei de Duplicatas - LD).

9. Súmula 600/STF - Cabe ação executiva contra o emitente e seus


avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo
legal, desde que não prescrita a ação cambiária.

10. Em relação ao cheque:

Execução contra o emitente e seu avalista: desnecessário o


protesto.

Execução contra os endossantes e seus avalistas: indispensável o


protesto ou a declaração datada do sacado ou da câmara de
compensação.

11. A duplicata é um título de crédito quanto à hipótese de emissão causal,


uma vez que só pode ser emitida nas hipóteses previstas em lei: a)
compra e venda mercantil (art. 1º, LD); b) prestação de serviço (art. 20,
LD).
12. Nos termos do art. 10, LC considera-se não escrita a estipulação de
juros inserida no cheque.
13. Segundo entendimento do STJ Enquanto títulos de crédito, os cheques
são regidos, dentre outros, pelo princípio da autonomia. Desse
princípio, surge o conhecido princípio da Inoponibilidade das exceções
pessoais ao terceiro de boa-fé, consagrado pelo art. 25 da Lei do
Cheque (Lei n. 7.357/1985). Entretanto, prescrito o cheque, não há mais
que se falar em manutenção das suas características cambiárias, tais
quais a autonomia, a independência e a abstração. Inclusive, em razão
da prescrição do título de crédito, a pretensão fundar-se-á no próprio
negócio subjacente, inviabilizando a propositura de ação de execução.
Assim, perdendo o cheque prescrito os seus atributos cambiários,
dessume-se que a ação monitória neste documento admitirá a
discussão do próprio fato gerador da obrigação, sendo possível a
oposição de exceções pessoais a portadores precedentes ou mesmo ao
próprio emitente do título. Ressalte-se que tal entendimento vai ao
encontro da jurisprudência firmada nesta Corte Superior no sentido de
que, embora não seja exigida a prova da origem da dívida para a
admissibilidade da ação monitória fundada em cheque prescrito
(Súmula 531/STJ), nada impede que o emitente do título discuta, em
embargos monitórios, a causa debendi. Isso significa que, embora não
seja necessário debater a origem da dívida, em ação monitória fundada
em cheque prescrito, o réu pode formular defesa baseada em eventuais
vícios ou na inexistência do negócio jurídico subjacente, mediante a
apresentação de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do
direito do autor (REsp 1.669.968-RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 08/10/2019, DJe 11/10/2019).
14. o entendimento do STJ protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza
abalo de crédito apto a ensejar danos morais ao devedor, se ainda remanescer ao
credor vias alternativas para a cobrança da dívida consubstanciada no título. STJ. 3ª
Turma.REsp 1677772-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/11/2017 (Info
616).
15. É possível que a circulação ocorra com cláusula não à ordem, e nesse caso o
cheque não poderá ser endosso, mas a transferência poderá ocorrer por cessão de
crédito.

16. Em regra, circulam com cláusula à ordem, sendo transferidas através da figura do
endosso. Os títulos com cláusula à ordem somente podem ser transferidos por
endosso (endossante garante o pagamento, salvo cláusula em contrário), e os títulos
com cláusulas não à ordem por cessão de crédito (cedente não garante o pagamento).

17. O endosso é NECESSÁRIO, mas não SUFICIENTE, na medida em que os títulos se


transmitem com a TRADIÇÃO

18. O endosso é o ato cambial por meio do qual se opera a transferência do crédito
representativo por um título à ordem. No entanto, por força do princípio da
cartularidade, a transferência do crédito fica condicionada à tradição do titulo.

Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e


autônomo, nele mencionado (Clássica de Vivante).

Do conceito de título de crédito, é possível extrair os seguintes princípios:

Cartularidade: para o titular de um crédito exercer seu direito é necessário, em regra,


que esteja de posse da cártula (título) fisicamente. Inclusive, com exceção da duplicata,
a propositura de execução exige a exibição do título original, não sendo suficiente
cópia autêntica;

Literalidade: somente produzem efeitos jurídicos-cambiais os atos expressamente


contidos no título;

Autonomia: os vícios que comprometem à validade de uma relação jurídica,


documentada em título de crédito, não se estendem as demais relações abrangidas no
mesmo documento.

19. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja
subordinado considera-se como não escrita.

O endosso parcial é nulo.

O endosso ao portador vale como endosso em branco.

19. Não se pode confundir os conceitos de endosso, cessão de crédito, aval e fiança.
O Aval é um instituto próprio do direito cambiário (natureza comercial), aplica-se aos
títulos de créditos. Já a fiança (natureza civil ou comercial) é um instituto próprio do
direito civil, garante qualquer obrigação.
O endosso por sua vez é o instituto voltado a transferência do título, capaz de fazer
circular o crédito. É aplicado apenas aos títulos de crédito, que circulam mediante
cláusula a ordem. Já a cessão de crédito é um instituto voltado para direito civil, apesar
de também poder ser utilizado para circulação dos títulos de crédito não ordem.

20. No aval as obrigações são autônomas e independentes entres si. A obrigação do


avalista se mantém, ainda que a do seu avalizado seja nula, exceto por vício de forma.
Então a invalidade da obrigação original não compromete como regra a validade do
aval.

Já na fiança o contrato de fiança é acessório. Nesse caso, se a obrigação do afiançado


for nula, a do fiador também será. (art. 824, CC)
Nesse sentido art. 824, CC “as obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se
a nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor".

21. QUADRO COMPARATIVO ENTRE O AVAL E A FIANÇA


AVAL FIANÇA (1

A) Próprio do direito cambiário, A) Próprio do direito civil, garante


aplica-se aos títulos de créditos. qualquer obrigação.
B) Declaração unilateral. B) Contrato.

C) Deve ser prestado C) A fiança pode ser feita em


diretamente no título, em razão contrato à parte.
do princípio da literalidade.

D) A obrigação do avalista, em D) A obrigação do fiador é


relação aos demais coobrigados, subsidiaria com o seu afiançado. 21. O
é solidária. protesto
E) Obrigações autônomas. A E) O contrato de fiança é contrato do título
obrigação do avalista se mantém, acessório. (art. 824, CC). poderá
ainda que a do seu avalizado seja ocorrer
nula, exceto por vício de forma. por falta
de aceite,
F) Possibilidade de aval parcial F) A fiança poderá ser parcial ou de
nos títulos típicos (art. 29, Lei total. devolução
7357/85 e art. 30 LUG). O Código ou
Civil, em seu art. 897, § único,
não admite o aval parcial
(aplicável aos títulos atípicos).
G) Inoponibilidade das exceções G) Oponibilidade das exceções
pessoais em face de terceiro de pessoais (art. 837, CC).
boa-fé. Art. 17, LUG c/c art. 916,
CC.

H) Solidariedade cambial, pode- H) Não há solidariedade e sim


se demandar individualmente ou subsidiariedade, possibilidade de
solidariamente todos da cadeia aplicação do benefício de ordem
cambial. Não há benefício de art. 827, CC.
ordem.

pagamento. Se o portador do título não realizar o protesto por falta de aceite ou


devolução, nada impede que seja realizado o protesto por falta de pagamento (art. 13,
§2º, Lei 5.474/68).

22. Dispõe o art. 10, Lei de Duplicatas que no pagamento da duplicata poderão ser
deduzidos quaisquer créditos a favor do devedor resultantes de devolução de
mercadorias, diferenças de preço, enganos, verificados, pagamentos por conta e
outros motivos assemelhados, desde que devidamente autorizados.

23 . O protesto do título poderá ser ato obrigatório ou facultativo, a depender de


quem se quer executar.
O protesto do título sempre será ato obrigatório para cobrança do devedor indireto
(sacador, endossante e avalistas do sacador e dos endossantes).
Já para cobrança do devedor principal, o protesto será ato facultativo. O art. 15, I, LD,
estipula que a duplicata ou triplicata que contiver o aceite do sacado poderá ser
protestada ou não.
Sendo assim, se o portador não tirar o protesto da duplicata em forma regular e
dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o
direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas (art. 13, §2º, LD)

24. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante


declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou
por representante com poderes especiais.

25. A Lei de Duplicata autoriza em seu artigo 9º, que o comprador possa resgatar a
duplicata antes de aceitá-la ou antes do seu vencimento.

26 PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

- Princípio da Cartularidade: exige a existência material do título ou, como versa


Vivante, o documento necessário. Assim sendo, para que o credor possa exigir o crédito
deverá apresentar a cártula original do documento - título de crédito.

- Princípio da Literalidade: o título vale pelo que nele está mencionado, em seus termos
e limites. Para o credor e devedor só valerá o que estiver expresso no título. Deve, por
conseguinte, constar a assinatura do avalista para que seja válido o aval, por exemplo.

- Princípio da Autonomia: desvincula-se toda e qualquer relação havida entre os


anteriores possuidores do título com os atuais e, assim sendo, o que circula é o título de
crédito e não o direito abstrato contido nele.

- Princípio da Abstração: decorre, em parte, do princípio da autonomia e trata da


separação da causa ao título por ela originado. Não se vincula a cártula, portanto, ao
negócio jurídico principal que a originou, visando, por fim, a proteção do possuidor de
boa-fé.

27. O art. 18 da Lei de Duplicatas elenca os prazos para ajuizamento das ações de
cobrança, que serão distintos a depender de tratar-se de devedor principal ou
indireto.

DEVEDOR PROTESTO PRAZO AÇÃO

Devedor Em regra, o 3 anos, Ação de


principal/sacado e protesto é contados da EXECUÇÃO.
seus avalistas. FACULTATIVO data do
vencimento.
ATENÇÃO: se o
aceite for
presumido o
protesto será
obrigatório.

A cobrança dos
Compreende o
codevedores:
prazo de 1 ano,
Protesto é Ação de
a contar da
Sacador/ OBRIGATÓRIO. EXECUÇÃO
data do
endossantes e
protesto.
seus avalistas

De qualquer
dos
coobrigados, O protesto foi
contra os realizado pelo O prazo é de 1
ano, a contar Ação de
demais portador para
do pagamento. REGRESSO
(codevedor cobrança do
paga o coodevedor.
devedor
anterior).

28. TENÇÃO PARA DIFERENÇA

A pretensão à execução da duplicata prescreve:

(1) Devedor Principal / Avalista: (emitente): em três anos, contados da data


do vencimento do título; protesto é facultativo.

(2) Codevedor / Avalista: (endossante): em um ano, contado da data do protesto;


protesto é obrigatório.

(3) de qualquer dos coobrigados contra os demais (Direito de Regresso), em um


ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título.

A pretensão à execução do cheque prescreve:

A) Devedor Principal / Avalista: (emitente): prazo de 06 meses: “do fim do prazo


de apresentação”.

B) Codevedor / Avalista: (endossante): prazo de 06 meses: “protesto ou declaração da


câmara de compensação”.

C) de qualquer dos coobrigados contra os demais (Direito de Regresso): prazo de 06


meses.

A cláusula “sem despesas” ou "SEM PROTESTO" transforma em facultativo o


protesto necessário contra quaisquer devedores.
29. O protesto do título poderá ser ato obrigatório ou facultativo, a depender de
quem se quer executar.

O protesto do título sempre será ato obrigatório para cobrança do devedor


indireto (sacador, endossante e avalistas do sacador e dos endossantes).

Já para cobrança do devedor principal, o protesto será ato facultativo.

O art. 15, I, LD, estipula que a duplicata ou triplicata que contiver o aceite do sacado
poderá ser protestada ou não.

30. Títulos de Créditos impróprios: Crédito Industrial baseado no Decreto-Lei 413 de


09/01/1969, Crédito Comercial conforme a Lei 6840 de 03/11/1980 e Crédito Rural
disciplinado no Decreto- Lei 167 de 14/02/1967.

31. I) Título de crédito "pró solvendo" - nasce para dar pagamento à uma obrigação/NJ,
se efetiva posteriormente com a compensação/efetivação do título. (REGRA GERAL)

Título de crédito "pro soluto" - conclui a obrigação no momento da entrega e não do


efetivo pagamento, se no vencimento o título não for pago, o credor não tem como
modificar o NJ.

II) Cédula de crédito rural (tem de diversas natureza, industrial, comercial, de


exportação...) - ligado a um financiamento, título de crédito impróprio, mas pode haver
circulação por endosso, tem a natureza de título de crédito. PENHOR OU HIPOTECA
para rural;

III) Súmula 503 STJ - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente
de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de
emissão estampada na cártula.

32. Em regra, transmissão dos títulos de crédito se faz através de endosso, que possui
natureza pro solvendo (ou seja, mantém o endossante obrigado pela existência do
crédito e pela solvência do devedor).

“O endosso produz dois efeitos, basicamente: a) transfere a titularidade do crédito; e


b) responsabiliza o endossante, passando este a ser codevedor do título (se o devedor
principal não pagar, o endossatário poderá cobrar do endossante).” Trecho de:
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. “Direito Empresarial Esquematizado.

Civil – DIREITOS REAIS


1. A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem transferido por doação
ou testamento só produz efeitos enquanto viver o beneficiário, sendo que, após a
morte deste, o cônjuge sobrevivente poderá se habilitar como herdeiro do referido
bem, observada a ordem de vocação hereditária.
2. Súmula 49 do STF: "A cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade
dos bens."
 Constituto possessório: possuía em nome PRÓPRIO → passa a ser em nome
ALHEIO
 Traditio brevi manu: Possuía em nome ALHEIO → passa a ser em nome
PRÓPRIO

3.

PENAL.
 CRIMES CONTRA A ADM (verbos) -⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
 • advocacia adm: PATROCINAR interesse privado em detrimento do interesse
público/adm pública;
 ⠀⠀↳ se patrocinar int. privado perante a administração fazendária é crime
contra a ordem tributária;
 • concussão: EXIGIR vantagem indevida em razão da função;
 ⠀⠀↳ excesso de exação é qualificadora da concussão e EXIGE tributos ou
contrib. social (≠ taxas ilegais ou inexistentes = concussão);
 • condescendência criminosa: NÃO PUNIR subordinado por indulgência;
 • contrabando: IMPORTAR/EXPORTAR mercadoria proibida;
 ⠀⠀↳ servidor público que FACILITE a prática do contrabando ou descaminho
responde pelo crime de facilitação;
 • descaminho: NÃO PAGAR o devido imposto (princ. da insignificância: até 20k);
 • exploração de "prestíJU": INFLUIR em decisão ou em quem tem a
competência (JUiz, JUrado, promotor, perito, tradutor etc);
 • tráfico de influência: SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR ou
OBTER vantagem p/ INFLUIR em ato de "fluncionário" público (aqui é só
funcionário público ≠ da expl. de prestígio);
 • peculato: APROPRIAR-SE ou DESVIAR de bens, $ etc que tem sob guarda devido
à sua função/trabalho;
 ⠀⠀↳ pecul. apropriação: "APROPRIAR-SE";
 ⠀⠀↳ pecul. desvio: "DESVIÁ-LO";
 ⠀⠀↳ pecul. furto ( §1º): "SUBTRAIR ou CONCORRER"
 ⠀⠀↳ pecul. estelionato: mediante erro de outrem (art. 313)
 ⠀⠀↳ pecul. eletrônico (anos 2000): INSERIR OU FACILITAR, ALTERAR ou
EXCLUIR dados falsos em sistemas da adm, a fim de obter vantagem (art. 313-A)
 ⠀⠀↳ pecul. culposo: reparação do dano precede (antes) a
sentença: extingue punibilidade; e, após reduz metade;
 ⠀⠀↳ pecul. de uso: (vogal c/ vogal) uso é atípico se usar e devolver; se o bem
for devolvido e estiver desgastado (fungível) = configura o peculato.
 • corrupção ativa: OFERECER ou PROMETER vantagem (consuma-
se independente do recebimento da vantagem);
 • corrupção passiva: SOLICITAR, RECEBER ou ACEITAR vantagem;
 • corrup. passiva privilegiada: DEIXAR DE PRATICAR ato de ofício a pedido
de 3º (3 “P”s);
 • prevaricação*: RETARDAR ou DEIXAR DE PRATICAR ato de ofício por interesse
pessoal;
 ⠀⠀↳ prevaricação especial/imprópria: DIRETOR de presídio ou
AGENTE, DEIXAR DE CUMPRIR o dever de VEDAR ao preso o acesso a aparelhos
telefônicos e outros;
 ⠀⠀↳ NÃO se admite forma culposa!
 ⠀
 OBS.: comunicação da qualidade de func. público ao particular, quando este
concorrer ou induzir sabendo de tal condição (como Lei de Ab. de Autoridade, e

de Improbidade), senão: art 30/CP✔️

Peculato culposo

§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior:

 a reparação do dano antes da sentença irrecorrível ➺ extingue a


punibilidade;
 a reparação do dano após a sentença irrecorrível ➺ reduz de metade a pena
imposta.
1. A Lei nº 12.846/2013 não tipifica crimes. Seu escopo é disciplinar a responsabilidade
administrativa e civil das pessoas jurídicas envolvidas em danos provocados à
administração pública. Confira-se, neste sentido, o que dispõe o artigo 1º da
referida lei: "Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil
de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional
ou estrangeira"
2. A existência da corrupção ativa independe da existência da corrupção passiva, isto
é, a bilateralidade não é requisito indispensável. No que tange ao tema, o STJ assim
tem se expressado:
"(...)
O tipo penal de corrupção passiva possui dois núcleos: solicitar ou receber.
Portanto, não há qualquer incompatibilidade entre os crimes de corrupção ativa e
passiva, revelando-se, na maioria das vezes, em lados da mesma moeda. Não se
pode descurar, outrossim, que 'eventual bilateralidade das condutas de corrupção
passiva e ativa é apenas fático-jurídica, não se estendendo ao plano processual,
visto que a investigação de cada fato terá o seu curso, com os percalços inerentes a
cada procedimento, sendo que para a condenação do autor de corrupção passiva é
desnecessária a identificação ou mesmo a condenação do corruptor ativo' (AgRg no
REsp 1613927/RS, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado
em 20/09/2016, DJe 30/09/2016). (...)" (STJ; Quinta Turma; AgRg no RHC 64297/SP;
Relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca; Publicado no DJe de 20/09/2017).
Assim, em casos como o de recebimento de vantagem ilícita há necessariamente,
ainda que no plano fático-jurídico de uma bilateralidade, pois pressupõe a oferta
dessa vantagem, ou seja, se o particular oferece vantagem indevida e
o funcionário público recebe a referida vantagem, restam configurados os crimes
de corrupção ativa e corrupção passiva, respectivamente. Nisso consiste a
bilateralidade..
3. O crime de condescendência criminosa está tipificado no artigo 320, do Código
Penal, que assim dispõe:
 "Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que
cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar
o fato ao conhecimento da autoridade competente".
 Tanto a primeira conduta (deixar de responsabilizar) quanto a segunda (não levar o
fato ao conhecimento da autoridade competente) são omissivas. Assim sendo, o
crime em apreço é de natureza omissiva própria.
 Também se trata de crime unissubsistente na medida em que a conduta é única,
não podendo ser fracionada: o funcionário deixa de responsabilizar o subordinado
ou não; não leva o fato ou conhecimento da autoridade competente ou leva.
 Desta forma, sendo um crime omissivo próprio e unissubsistente não comporta a
modalidade culposa e a forma tentada.

4. Os crimes funcionais estão sujeitos à extraterritorialidade incondicionada da lei


penal brasileira.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

(...)

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

5. Nos termos do artigo 316, § 1º, do Código Penal, configura crime de excesso de exação
a conduta de o funcionário exigir tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, empregar na cobrança meio vexatório ou gravoso,
que a lei não autoriza.
OBS: A exigência de multa indevida ou o emprego de meio vexatório na cobrança de
multa devida não configuram elementar do tipo do crime de excesso de exação. Com
efeito, diante do princípio da legalidade estrita, a conduta de exigir multa indevida ou
emprego de meio vexatório na cobrança da multa é atípica.
6. Configura crime de assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura
ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do
último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo
exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não
tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa (art. 359-C do CP).

A consumação das condutas criminosas ocorre com a simples prática do ato de


"ordenar" ou "autorizar" inscrição de despesa em resto a pagar, não exigindo a
efetivação de tal despesa (resultado danoso), pois representam crime de mera
conduta, não se admitindo tentativa (JALIL, Mauricio S.; FILHO, Vicente G. Código Penal
comentado: doutrina e jurisprudência. Editora Manole, 2022).
OBS: Esse art. 359-C do Código Penal criminaliza uma prática que é vedada pelo art. 42
da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000):

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois
quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser
cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no
exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.

7. Servidor público que recebe seus vencimentos sem prestar os devidos serviços não
comete o crime de peculato. A conduta é atípica, uma vez que não há apropriação,
desvio ou subtração. Fica sujeito, a sanção por improbidade administrativa (STJ, RHC
60.601/SP)

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