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SÚMULAS

VINCULANTES
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3
Edição, Revisão e Cancelamento da Súmula Vinculante.................................................................................... 3
Reclamação ao STF............................................................................................................................................................. 5
1.  Introdução
As Súmulas Vinculantes são interpretações adotadas por um Tribunal, e obrigatoriamente
obedecidas pelos aplicadores da justiça, a respeito de um tema específico e recorrente.

Funcionam como um mecanismo de pacificação de interpretações judiciais: tratam-se de


decisões dadas a respeito de assuntos frequentemente analisados pelos tribunais que devem
ser seguidas de imediato, facilitando e delineando o trabalho do julgador, dando fluência ao
tramite processual e melhorando a aplicabilidade da justiça.

A matéria de Súmula Vinculante fundamenta-se na teoria dos precedentes, ou das decisões


sedimentadas: stare decisis et quieta non movere (mantenha-se a decisão e não se perturbe
o que foi decidido).

Em outras palavras, consistem as Súmulas em um conjunto de precedentes do Supremo


Tribunal Federal, com decisões relativas a situações que resolvem temas parecidos e que
são julgados de maneira semelhante. As Súmulas Vinculantes possuem fundamento no
art. 103-A da CRFB/88. Veja-se:

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços
dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de
sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e
à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

A Súmula Vinculante foi inserida na Constituição Federal pela famosa Emenda Constitucional
Nº 45 de 2004 (Reforma do Judiciário). Em suma, A Súmula Vinculante existe para que o STF
decida de forma final, pacificada e padronizada sobre uma determinada questão, devendo
essa decisão ser, necessariamente, obedecida por todo o Poder Judiciário, assim como
pela Administração Pública direta e indireta, de âmbito federal, estadual e municipal, de
forma a abolir desdobramentos protelatórios e inseguranças jurídicas.

Edição, Revisão e Cancelamento da Súmula Vinculante


Nos termos do supramencionado artigo, para que a Súmula Vinculante seja editada, revista ou
cancelada, será necessária uma maioria qualificada de dois terços dos ministros (8 Ministros)
do Supremo Tribunal Federal (o Excelso Pretório) em sessão plenária.  Note que a proposta
de iniciativa para edição de Súmula Vinculante pode ocorrer de ofício pelo STF, guardião da
Constituição Federal e Corte Superior do Poder Judiciário, ou mediante provocação.

A legitimação para provocar o STF em relação à edição de Súmula Vinculante consta no


art. 103 da CRFB/88. São exatamente as pessoas que podem propor a Ação Direta de
Inconstitucionalidade. Todavia, aqui é necessário ter um cuidado especial, pois a lei que

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regulamenta as Súmulas Vinculantes (Lei 11.417/2006) traz hipóteses adicionais de legitimação.
Primeiramente, vejamos os legitimados presentes na Constituição Federal:

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Lembrando que esses são os mesmos legitimados para propor ADI e ADC! Importante ressaltar
que a Súmula Vinculante será cabível na hipótese de controvérsia acerca de eficácia de
interpretação ou validade de norma jurídica, acompanhada de insegurança jurídica,
resultando na multiplicação de processos.

Art. 103-A § 1º, CRFB/88. A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração
pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

Assim, a Súmula Vinculante se mostra uma ferramenta essencial para diminuir o tempo de
tomada das decisões nos processos judiciais.

Adicionalmente, essencial ressaltar que, nos termos do art. 103-A, § 2º da CRFB/88 posto
adiante, esses mencionados legitimados também possuem legitimidade para pedir revisão e
cancelamento da Súmula Vinculante.

Art. 103-A, § 2º, CRFB/88. Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão
ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade.

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Atenção: as pessoas legitimadas podem requerer modificação da Súmula Vinculante bem
como o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na questão,
mas tais interessados não possuem qualquer poder decisório de fato.

Por fim, vejamos os legitimados adicionais presentes no art. 3º da Lei 11.413/2006:

Art. 3° São legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante:

VI - o Defensor Público-Geral da União;

(...)

XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais


Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares.

§ 1º.  O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte, a edição, a revisão ou
o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo.

Dessa forma, temos a adição do

(I) Defensor Público-Geral da União, dos

(II) diversos Tribunais do país e do

(III) Município, de forma incidental, nos autos de processo em curso de que ele seja parte.

Modulação dos Efeitos


A Súmula Vinculante poderá ter seus efeitos modulados, ou seja, restringidos a quanto a
seu efeito vinculante, como ocorre com as ações constitucionais de controle abstrato, por
motivos de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.

Normalmente, a Súmula Vinculante permite que decisões tomadas em ações individuais,


de eficácia inter partes, transcendam estes limites e tornem-se de aplicação obrigatória por
todos os aplicadores do direito. No caso ora em análise, o Tribunal poderá definir algumas
particularidades a tal dever de observância sumular.

Nesse contexto, a regra geral é que a Súmula Vinculante tenha eficácia imediata e efeitos
prospectivos, para frente, somente regulando as decisões proferidas após a edição do
entendimento sumular, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão de dois terços dos seus
membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir
de um dado momento, inclusive podendo atribuir-lhes efeitos retroativos, tendo em vista
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.

Reclamação ao STF
Nos termos do art. 103-A, § 3º, CRFB/88:

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Art. 103-A, § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará
o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem
a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Dessa forma, se a Administração Pública ou algum órgão do Poder Judiciário decidir de forma
contrária ao entendimento encapado na Súmula Vinculante ou aplicar a própria súmula de
maneira equivocada, em qualquer instância, será possível o manejo de uma ação chamada de
Reclamação Constitucional, sem prejuízo de outros possíveis recursos e meios admissíveis
de impugnação.

A reclamação é cabível e endereçada diretamente ao Supremo Tribunal Federal. Se o STF


entender pela procedência dessa reclamação, será anulado o ato administrativo ou cassada
a decisão judicial reclamada, determinando-se que outra seja proferida em acordo com o
entendimento sumulado. Os responsáveis pela inadequada ou inobservada aplicação da
Súmula, então, deverão adotar o entendimento indicado em quaisquer futuras decisões sobre
a matéria sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.

Observa-se que, se a reclamação for feita a respeito de omissão ou ato da administração


pública, deve-se ter primeiro acionado e esgotado todas as vias administrativas para tentar
sanar o problema, sendo a via judicial, neste caso, subsidiária.

A título de exemplo, temos a Súmula Vinculante Nº 13, uma das mais famosas e aplicadas no
âmbito da Administração Pública:

Súmula Vinculante 13

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia
ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

Dessa forma, se alguém que faça parte do Poder Público, tendo o poder de contratar outrem
para cargo de comissão, requisitar algum parente, estará em direta violação ao entendimento
da SV13, sendo cabível reclamação perante o STF para que se solucione a questão, sendo
certo que será anulado o ato.

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