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O que é a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade)?

A ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) é o principal e mais utilizado


instrumento de controle concentrado de constitucionalidade, o qual é
utilizado para solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que algum ato
normativo, como leis, ou parte dele, federal ou estadual, seja declarado
inconstitucional, por acreditar que a sua redação viola o texto da
Constituição Federal.

Vamos a um exemplo real de aplicação de uma ADI.

Os artigos 20 e 21 do Código Civil diziam que


era obrigatório a autorização prévia de biografados para a produção
de biografias. Desse modo, a Associação Nacional dos Editores de Livros
(ANEL) propôs uma ADI perante o STF, alegando que tais dispositivos
conteriam regras incompatíveis com a liberdade de expressão e de informação,
dispostas na Constituição Federal.

Desse modo, a Suprema Corte julgou procedente o pedido da ANEL, por meio


da ADI 4.815, tornando desnecessária essa autorização.

A SABER: A ADI é apenas utilizada para aferir atos


normativos federais ou estaduais editadas posteriormente à promulgação
da Constituição Federal de 1988 (CF/88).

Quem pode entrar com a ADI (Ação Direta de


Inconstitucionalidade)?
Primeiramente, é importante que você saiba que não é qualquer pessoa que
pode ingressar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade.

A Constituição Federal Brasileira trouxe, de maneira expressa, um rol


de legitimados para propor a ADI perante o Supremo Tribunal Federal.

Nesse sentido, podem propor a ação direta de inconstitucionalidade (ADI): 

 o Presidente da República;
 a Mesa do Senado Federal;
 a Mesa da Câmara dos Deputados;
 a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
Distrito Federal;         
 o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
 o Procurador-Geral da República;
 o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
 o partido político com representação no Congresso Nacional;
 a confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
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PARA FIXAR: Podem propor a ADI:

3 pessoas: Presidente, PGR e Governador;

3 mesas: Mesa do Senado, Mesa da Câmara dos Deputados e Mesa da


Assembleia Legislativa;

3 órgãos: Conselho Federal da OAB, Partido Político e a Confederação


Sindical ou Entidade de Classe.

Contudo, em relação a três dos legitimados acima, para que eles possam
propor uma ADI, é necessário que haja a chamada pertinência temática.
Dessa maneira, é imprescindível que eles demonstrem o seu legítimo
interesse na declaração da inconstitucionalidade do ato normativo em questão.
Por isso, são chamados de legitimados especiais. São eles:
o Governador, a Mesa da Assembleia Legislativa e a Confederação
Sindical ou Entidade de Classe.

OBSERVAÇÕES:

 Apenas as Mesas da Câmara ou do Senado podem propor a ADI.


Desse modo, não são legitimados a Mesa do Congresso, bem como um
parlamentar, individualmente;
 Em relação à legitimidade do Partido Político, é necessário que ele seja
representado por pelo menos um parlamentar no Congresso;
 As Confederações Sindicais e Entidades de Classe precisam ser
de âmbito nacional, não sendo permitidas as de âmbito local ou
regional.

Importante salientar que dois dos legitimados necessitam de advogado para a


propositura da ADI: o Partido Político e a Confederação Sindical ou
Entidade de Classe de âmbito nacional.

A ADI pode ser ingressada para arguir a inconstitucionalidade de atos


normativos federais ou estaduais.

Para isso, é importante que tal ato seja eivado de generalidade e abstração.

Desse modo, podem ser objetos de ADI os seguintes atos


normativos, federal ou estadual:

 Emendas constitucionais;
 Leis complementares, ordinárias ou delegadas;
 Medidas Provisórias;
 Decretos legislativos e Resoluções do Poder Legislativo;
 Decretos autônomos;
 Tratados internacionais;
 Regimentos Internos dos Tribunais e das Casas Legislativas;
 Constituições Estaduais;
 Resolução do TSE.
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OBSERVAÇÕES:

No caso das medidas provisórias, caso ela caduque ou seja rejeitada, a ADI


será prejudicada.

Em relação aos tratados internacionais, cabe ADI, independente da


sua matéria, seja tratado comum ou de direitos humanos.

Nesse sentido, também cabe ADI, inclusive, para decreto do Chefe do


Executivo que promulga tratados internacionais.

Por fim, é válido ADI em face de Resoluções do TSE, desde que, a pretexto


de regulamentar dispositivos legais, assuma caráter autônomo e inovador.

Quando não cabe ADI (Ação Direta de


Inconstitucionalidade)?
É importante que você saiba que há situações que não cabem a Ação Direta de
Inconstitucionalidade, sendo que algumas já foram citadas no decorrer do
artigo.

Desse modo, não cabe ADI em face de:

 Normas originárias da Constituição Federal de 1988;


 Atos normativos municipais;
 Atos normativos criados antes da promulgação da CF/88;
 Lei Distrital editada no exercício da competência municipal;
 Atos de efeitos concretos;
 Leis e atos normativos revogados, ou com eficácia exaurida;
 Súmulas e Súmulas Vinculantes;
 Atos infralegais.

Quais são os efeitos do julgamento da ADI (Ação


Direta de Inconstitucionalidade)?
As decisões definitivas do julgamento do mérito da ADI, pelo Supremo
Tribunal Federal, possuem alguns efeitos. Vamos a eles:

Efeitos “Ex Tunc”

Os julgamentos da ADI possuem efeito “ex tunc”. Desse modo, em regra, a ADI
terá efeitos retroativos. Sendo assim, a lei declarada inconstitucional será
considerada inválida desde a sua criação.
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Contudo, o STF pode aprovar, por meio do voto de 2/3 dos seus ministros, a
chamada modulação temporária de efeitos, de modo a permitir que a
decisão apenas seja aplicada a partir de determinado momento.

Eficácia “Erga Omnes”

A declaração de inconstitucionalidade possui efeito “Erga Omnes”, ou seja, ela


possui eficácia perante todos, e não somente em relação às pessoas que são
parte no processo.

Efeito Vinculante

Por fim, a decisão também possui efeito vinculante, uma vez que
ela vincula todos os demais órgãos do Poder Judiciário, além de toda
a Administração Pública. Contudo, ela não vincula o Poder Legislativo e
nem o próprio STF.

Desse modo, a própria Suprema Corte pode decidir, posteriormente, em outra


ação, de maneira diversa. Além disso, não há impedimento para que o Poder
Legislativo crie normas contrárias à decisão proferida no julgamento da ADI.

Processo e julgamento da ADI (Ação Direta de


Inconstitucionalidade)
Já aprendemos neste artigo quais são os legitimados para propor a ação
direta de inconstitucionalidade. Além disso, também sabemos que ela deverá
ser dirigida ao STF, o qual possui a competência para julgá-la.

Na petição inicial da ADI, ela deverá indicar o dispositivo da lei ou do ato


normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a
cada uma das impugnações.

A SABER: A petição inicial poderá ser subscrita por advogado do legitimado,


quando acompanhado de procuração.

Caso a petição inicial seja inepta, não fundamentada ou


manifestamente improcedente, elas serão liminarmente indeferidas pelo
relator. Contudo, cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial.

FIQUE ATENTO: Após a proposição da ADI, não se admitirá desistência.

O relator da ADI, durante a sua análise, pedirá informações aos órgãos ou


às autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado. Tais
informações serão prestadas no prazo de 30 dias, contado do recebimento do
pedido.
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Importante salientar que não se admitirá intervenção de terceiros no


processo de ação direta de inconstitucionalidade. Contudo, o relator,
considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes,
poderá, por despacho irrecorrível, admitir a manifestação de
outros órgãos ou entidades.

Seguindo, após o decorrido o prazo de 30 dias das informações,


serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e
o Procurador-Geral da República, que deverão se manifestar no prazo de 15
dias.

Caso o relator necessite de esclarecimento de matéria ou circunstância de


fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos, ele
poderá requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de
peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em
audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade
na matéria.

Além disso, ele também poderá solicitar informações aos Tribunais


Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da
aplicação da norma impugnada no âmbito de sua jurisdição.

As informações, perícias e audiências citadas acima serão realizadas no prazo


de 30 dias, contado da solicitação do relator.

Assim, após a análise e o voto do relator, o plenário do STF julgará a ADI,


sendo necessário o voto da maioria absoluta dos membros da Suprema Corte
para que a ADI seja deferida.

Importante salientar que o julgamento apenas acontecerá caso


estejam presentes na sessão pelo menos oito Ministros.

Da decisão do STF não cabe recurso, mas apenas embargos de declaração,


que é um instrumento que pode ser utilizado para esclarecer contradições ou
omissões durante o julgamento do Supremo Tribunal Federal.

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