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Estudo Dirigido 05 – Gabarito

1) Qual o quórum para instalação de uma sessão deliberativa? E qual a é a regra para
aprovação de um projeto de lei? Explique apontando os fundamentos constitucionais.

Resposta 1: O artigo 47 da Constituição Federal prevê duas regras procedimentais para


atuação das casas legislativas e de suas comissões:

A - Previsão de um quórum mínimo de presença, para que haja instalação de sessão


deliberativa. Quórum de Deliberação à Maioria dos membros da casa. Maioria Absoluta
para votação de qualquer deliberação.

B - Previsão de uma regra geral referente ao quórum de aprovação. Se não houver previsão
constitucional expressa do quórum de aprovação, aplica-se a regra geral, que é a
aprovação por Maioria Simples (maioria dos presentes).

2) Quais são as funções Típicas do Poder Legislativo Federal? Explique e fundamente. O


Poder Legislativo exerce funções atípicas? Em caso positivo aponte um exemplo e
fundamente com base na Constituição.

Resposta 2: As funções típicas são a Legislativa e a de Fiscalização da Administração. O


artigo 48 destaca que a função legislativa é típica do Congresso Nacional, ao prever que
cabe a ele legislar sobre todas as matérias de competência da União, não adotando o
modelo de alguns países que reparte a competência legislativa entre governo e parlamento.
A função de fiscalização é viabilizada mediante diversos mecanismos, como, por exemplo,
o artigo 50 que prevê que as casas legislativas e suas comissões – qualquer comissão -, (não
o parlamentar) podem requisitar informações a Ministros de Estado e outros agentes
subordinados à Presidência, relativamente às suas áreas de atuação, sendo que a não
prestação de informações implica em crime de responsabilidade.

Além dessas funções consideradas típicas, o Legislativo exerce outras funções chamadas de
atípicas, ou seja, que não guardam relação com as suas principais funções. Essas funções
decorrem do sistema de freios e contrapesos (os Poderes são independentes e harmônicos
entre si). Um exemplo de função atípica do Poder Legislativo Federal é o julgamento do
Presidente da República por crime de responsabilidade, por meio do procedimento
chamado de “Impeachment”, previsto nos artigos 51, inciso I e 52, inciso I, ambos da
Constituição Federal. Ademais, há, do mesmo modo, a função de capacidade
administrativa (licenças e férias dos servidores, por exemplo).

3) Quanto às CPI’s, responda:

(a) Quais são os Poderes Investigatórios da CPI de acordo com a jurisprudência do STF? O
que se entende por Cláusula de Reserva Jurisdicional? Explique e aponte os fundamentos
constitucionais.

(b) A que se destina a instauração de uma CPI? Explique apontando o fundamento


Constitucional.

(c) Quais os requisitos para instauração de uma CPI? Além dos requisitos previstos no
texto constitucional, é possível o regimento interno das casas legislativas estabelecerem
outros? Explique apontando os fundamentos.

Respostas 3: (a) Diz a Constituição que ela terá Poderes de Investigação próprios de
autoridades judiciais. Quanto à prisão, só pode determinar em Flagrante. As CPI’s podem
convocar cidadãos e autoridades para que prestem depoimentos, quanto à convocação de
juízes só poderá ocorrer se o objetivo da CPI for a fiscalização do Judiciário no exercício da
Função Administrativa, jamais no da jurisdicional. A CPI poderá, mediante decisão própria e
desde que fundamentada em fato concreto, determinar a quebra de sigilo fiscal, bancário,
negocial, telefônico (no sentido de dados, registros telefônicos) e telemático (informações
computadorizadas). Os períodos devem ser definidos no requerimento. A fim de restringir
os poderes das CPI’s o STF construiu a figura da Cláusula de Reserva Jurisdicional, ou seja,
tudo aquilo que a CF, expressamente, reservou à decisão judicial não poderá ser objeto de
decisão de CPI. Ex.: busca e apreensão domiciliar e interceptação telefônica (art 5º, inciso
XI e XII da CF).

(b) Quanto ao Objeto de Investigação, a CPI só poderá apurar fato determinado e


precisamente definido, jamais questões genéricas ou meras cogitações. Nesse sentido, é o
que dispõe o artigo 58, § 3º da CF. O STF entende que, se durante a investigação forem
identificados outros fatos determinados, que mereçam apuração, a mesma CPI poderá
investigá-los, desde que sejam conexos com o fato originário.

(c) A criação de CPI depende da apresentação de um requerimento subscrito por pelo


menos 1/3 dos membros de uma das casas; se for CPI Mista, o requerimento deve ser
subscrita por 1/3 dos Deputados (171) e 1/3 dos Senadores (27). Para o STF, a mera
apresentação desse requerimento IMPÕE a criação da CPI. Além disso, ressalta-se que a
CPI deve investigar fato determinado. Por fim, a CPI terá prazo certo. Por prazo certo,
entendem a doutrina e a jurisprudência que se admite a prorrogação, desde que
respeitado o prazo da legislatura. Logo, a duração máxima da CPI é de 04 anos. Não é
possível que se institua outros requisitos, conforme os dois exemplos dados abaixo sobre a
dificuldade de constituição de CPI, caso fosse possível realizar este acréscimo. Na CPI dos
Bingos, quando da sua constituição, foi atingido o número mínimo de 27 Senadores para a
criação da CPI; havia a instituição da CPI segundo prazo certo e foi encaminhada à Mesa,
que determinou que fossem notificados os Partidos Políticos para que indicassem
representantes para que a CPI fosse iniciada. Como os Partidos Políticos não indicaram
seus representantes, a CPI propriamente não foi iniciada. Um Senador impetrou mandado
de segurança para que fosse assegurado o direito de início da CPI (direito líquido e certo),
já que seus requisitos de constituição estavam preenchidos. O STF decidiu que a instituição
da CPI é direito líquido e certo das minorias parlamentares. Se os requisitos estão
presentes, não é possível que se impeça a constituição da CPI; desta forma, a Mesa deve
nomear os representantes para que eles participem da CPI e não que meramente haja
indicação pelos Partidos Políticos. Por muitas vezes a maioria política do parlamento não
coaduna com a realização da CPI. Por isso deve ser garantido este instrumento de garantia
da minoria.

4) Quais são as espécies normativas previstas na Constituição? Qual delas exige maioria
absoluta para sua aprovação?

Resposta 4: As espécies normativas são aquelas previstas no artigo 59 da CF. São elas:
Emenda Constitucional, Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória,
Resoluções e Decretos Legislativos. Lei Complementar exige maioria absoluta para sua
aprovação (art. 69 da CF).

5) Sobre as Imunidades:

A) O que se entende por imunidade material? Qual o seu funcionamento? Explique


apontando fundamentos constitucionais;

B) O que se entende por imunidade formal? Qual o seu funcionamento? Explique


apontando fundamentos constitucionais;

C) A imunidade formal e a material também são aplicáveis aos Deputados Estaduais e


Municipais? Explique apontando os fundamentos constitucionais.
Respostas 5: A) Significa que deputados e senadores são invioláveis civil e penalmente, por
quaisquer palavras, opiniões e votos. Essa imunidade abrange a palavra escrita,
verbalmente manifestada, publicações, declarações (meios de comunicação), entre outras.
Está prevista no artigo 53, “caput” da CF. No recinto do Congresso esta imunidade é
absoluta. Fora do Congresso ela será assegurada, desde que haja nexo entre o
pronunciamento e o mandato. No âmbito penal, segundo o STF, essa imunidade
descaracteriza a Tipicidade Penal dos crimes contra a honra, e exclui a natureza delituosa
do fato. Na área Civil essa imunidade afasta a responsabilidade civil por danos morais e
materiais decorrentes do pronunciamento.

B) A Imunidade Formal está prevista no artigo 53 e seus parágrafos. Tem duas formas:
Prisional: deputados e senadores não podem ser presos durante o exercício do mandato, o
que inclui prisão civil. EXCEÇÃO: podem ser presos em flagrante por crime INAFIANÇÁVEL.
Nessa situação, o fato será comunicado em 24 horas à casa do parlamentar, que decidirá
mediante voto aberto pela manutenção ou não da prisão. Processual: refere-se apenas a
processos por infrações penais comuns (crimes e contravenções). Antes da EC 35, a CF
exigia prévia autorização da Casa Legislativa para a instauração do processo-crime. A EC 35
eliminou esta exigência, agora os processos são regularmente instaurados perante o STF.
Recebida a denúncia ou queixa, o STF comunicará o fato à casa legislativa do parlamentar e
qualquer partido nela representado poderá, a qualquer momento até a decisão judicial
final, solicitar a sustação do processo. A casa terá o prazo improrrogável de 45 dias para
apreciação e poderá determinar, pelo voto da maioria absoluta, a sustação do processo. A
prescrição ficará suspensa. A EC 35 também estabeleceu que a imunidade processual só
poderá ser aplicada a processos que envolvem crimes cometidos após a diplomação. Se o
crime for anterior provoco apenas o deslocamento para o STF.

C) Os Deputados Estaduais possuem as mesmas dos Federais, nesse sentido é o que dispõe
o artigo 27, §1º da CF. Os vereadores possuem apenas a imunidade material e na
circunscrição do Município, conforme o artigo 29, inciso VIII da CF.

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