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APOSTAS FINAIS DISCURSIVAS

CONSTITUCIONAL

PROCESSO LEGISLATIVO

Medidas Provisórias (art. 62, CF)


*não são leis, mas elas têm força de lei, ou seja, inova o ordenamento jurídico criando direitos e
obrigações da mesma maneira como faz a lei.
*criada pelo PR em situações de urgência e relevância, de modo que faltando um desses requisitos a
MP será considerada inconstitucional.
*essa competência do PR sobre editar MPs é INDELEGÁVEL, sendo delegável aos ministros de
Estado apenas o decreto autônomo, o provimento de cargos públicos e o ato que concede a
comutação de penas.
*Pode haver medida provisória em âmbito estadual e municipal, pois como não há vedação na CF,
nesse sentido, tudo que não é proibido é permitido, bastando apenas que haja previsão,
respectivamente, na Constituição Estadual e na Lei Orgânica municipal. Ademais, tal permissão
decorre da aplicação lógica do princípio da simetria, haja vista que o processo legislativo federal é
reproduzido simetricamente nas Constituições estaduais e nas Leis Orgânicas dos Municípios com as
devidas adaptações. Destaque-se, porém, que quando a CF proíbe que o Estado regulamente o
serviço de gás canalizado por medida provisória, isso não implica que o Estado não possa editar
medidas provisórias, mas que essa matéria deve seguir o trâmite do processo legislativo de uma lei.
*Os requisitos para editar uma MP em um primeiro momento é analisado pelo PR; em um segundo
momento, ela passa pelo controle político da CD e do SF que avaliam a sua constitucionalidade por
meio de uma Comissão Mista a qual emite parecer obrigatório e não vinculante e remete a MP para o
plenário de cada uma das Casas deliberarem, nesse caso, o plenário pode decidir a favor ou contra o
parecer.
*Em regra, o Poder Judiciário não realiza controle sobre os requisitos relevância e urgência para não
ferir a separação dos Poderes, exceto em caso de inconstitucionalidade flagrante (evidente), nesse
caso, o Supremo poderá declarar a inconstitucionalidade da MP.
*A MP perderá a sua eficácia por rejeição expressa (votada e não aprovada) ou por rejeição tácita
(pelo esgotamento do prazo de validade sem que ela seja convertida em lei).
*O Presidente do CN pode devolver ao PR a MP que não atenda aos requisitos mínimos de
admissibilidade, isso decorre de uma previsão regimental. Pode-se citar como exemplo o caso da MP
enviada pelo PR Jair Bolsonaro em que versava sobre a proibição das plataformas de redes sociais
de realizarem censura prévia aos comentários dos usuários e que isso dependeria de uma decisão
judicial, imediatamente alguns partidos ingressaram com a ADIN, no bojo da qual foi exarada uma
medida cautelar pela ministra Rosa Weber, suspendendo a aplicação da referida MP, quando então o
Presidente do CN Rodrigo Pacheco devolveu a MP ao PR e a ADIN foi extinta sem resolução de mérito
em razão da perda de seu objeto, pois no momento em que houve a devolução da MP não havia mais
medida provisória a ser analisada, esse ato de devolver a MP também gera perda de eficácia.
*Ressalte-se também que se a MP for aprovada sem modificação de seu texto, ela seguirá para
promulgação, mas se houver aprovação com alteração de texto, o PR poderá sancionar ou vetar.
*Após a deliberação do parlamento pela constitucionalidade da MP, o Legislativo poderá emendar seu
texto de forma aglutinativa, supressiva, substitutiva ou aditiva, desde que observe a pertinência
temática.
*Contrabando legislativo: ocorre quando o parlamento tenta embutir no texto da MP matérias que não
guardam pertinência temática com o que foi proposto originalmente, na tentativa de aproveitar o
trâmite mais célere desse tipo de processo legislativo, isso torna o texto inconstitucional.

*MP não revoga lei, a MP tem força de lei, mas não é lei, só uma lei pode revogar outra lei, nesse
sentido, a MP apenas suspende a eficácia da lei. Após a conversão da MP em lei, esta nova lei poderá
revogar a anterior.
*Cabe ao CN regulamentar por decreto legislativo as relações jurídicas decorrentes da MP que perdeu
sua eficácia.
*É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou
que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. (princípio da irrepetibilidade absoluta)

*É vedada a edição de MP sobre matéria:


I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral
b) direito penal, processual penal e processual civil
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,
ressalvado crédito extraordinário;
II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
III - reservada a lei complementar.

COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (CPIs)

*Trata-se de uma comissão que é utilizada pelo Parlamento como mecanismo de investigação
preliminar, semelhante ao que ocorre com o inquérito policial e com o procedimento investigatório
criminal.
*Ela não tem competência para condenar ninguém, nem processar ninguém diretamente, não pode
aplicar multa nem bloquear bens, o que ela vai fazer é colher provas.
*Ao término da CPI vai haver uma espécie de indiciamento (apontar quem praticou determinado
crime), semelhante ao que ocorre com o IPL. Nesse sentido, o que a CPI faz com a conclusão dos
seus trabalhos é enviar para os órgãos competentes (Ministério Público, Polícia e Tribunal de Contas)
tudo aquilo que foi coletado em termos de provas para que estes adotem as medidas cabíveis.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com
as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além
de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que
promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

As CPIs dispõem de poderes de investigação próprios de autoridade judicial.

Mas o que são esses poderes próprios de autoridades judiciais e quais os seus limites?

Há medidas determináveis pelos membros do Judiciário que não podem ser adotadas pelas CPIs, tais
como autorização para interceptação das comunicações telefônicas e a decretação de
indisponibilidade de bens do investigado, matérias protegidas pela cláusula de reserva de
jurisdição.

A CPI NÃO PODE FAZER


Condenar; determinar medida cautelar como prisões, indisponibilidade de bens, arresto, sequestro;
determinar a interceptação telefônica e a quebra de sigilo de correspondência; impedir que o cidadão
deixe o território nacional e determinar a apreensão de passaporte; expedir mandado de busca e
apreensão domiciliar; impedir a presença de advogado do depoente da reunião.

A CPI PODE FAZER SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL


Determinar a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico; ouvir testemunha/investigado; convocar
pessoas, requisitar documentos, determinar perícias, acareações.

Importante!
A testemunha, diferentemente do investigado, faz um juramento e é obrigada a prestar as informações
que tenha conhecimento para ajudar na elucidação dos fatos. Acontece que algumas pessoas na
condição de testemunha têm impetrado mandado de segurança para ter direito de ficar em silêncio
durante as oitivas na CPI, pois na prática acontece de a pessoa ser convocada pela CPI na condição
de testemunha, mas na verdade está sendo investigada.

Pode acontecer uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que vai ser composta pelos
membros de ambas as Casas Legislativas.

REQUISITOS PARA CRIAÇÃO/DEFLAGRAÇÃO DE UMA CPI


(I) quórum de 1/3 dos membros da CD ou do SF ou conjuntamente (CD e SF) → a ideia aqui é
contemplar as chamadas minorias parlamentares, permitindo, portanto, que pequenos grupos que não
são majoritários dentro de uma determinada Casa Legislativa possa levar a frente uma investigação
em face de algum órgão público, de um indivíduo. Quando 1/3 dos parlamentares assina o
requerimento não cabe ao Presidente da Casa nem ao Plenário decidir se vai ou não instalar a CPI, é
um direito da minoria parlamentar, cabendo ao Presidente da Casa cumprir o regimento interno e levar
a frente aquele requerimento protocolado pela minoria.

(II) fato determinado → é preciso que seja indicado/apontado claramente o que se quer objetivamente
investigar, ela tem que trazer esclarecimentos sobre fato determinado e não servir de instrumento de
espetacularização política. (Ex: investigar os contratos celebrados pelo Ministério da Saúde durante a
pandemia). Nesse sentido, não se pode instaurar CPI com fundamento em fatos genéricos (ex:
investigar casos de corrupção no Poder Judiciário).

(III) prazo certo → no ato de criação da CPI é necessário indicar o tempo de sua duração. O texto
constitucional não limita/não estabelece o prazo máximo de funcionamento. O posicionamento da
jurisprudência sobre o assunto é a de que a CPI aponte o prazo de sua duração (ex: 90 dias) com
sucessivas prorrogações desde que a própria CPI solicite, mas seu tempo máximo é o de uma
legislatura (4 anos), pois quando se encerra a legislatura todas as comissões temporárias são
arquivadas.

Para criação de uma CPI no âmbito dos Estados ou dos Municípios devem ser utilizados os mesmos
requisitos estabelecidos a nível federal.

Não há um número limitado para criação de CPIs simultâneas, fica a cargo do regimento interno da
Casa definir isso.

Será que a CPI no âmbito federal não teria competência para arrolar como investigados
Governadores e Prefeitos para investigar a aplicação dos recursos federais repassados com a
rubrica de auxílio financeiro para combate à pandemia?

Não, pela seguinte lógica: já que a CF não autoriza a convocação do Chefe do Executivo federal
por quaisquer que sejam as comissões parlamentares, mas apenas a convocação de Ministros
de Estado com base no inciso III do § 2º do art. 58 da Carta Constitucional, desse modo, esse
dispositivo por simetria vai ser aplicado aos Governadores e Prefeitos na condição de Chefe
do Executivo estadual e municipal. Nesse caso, poderia ser convocado quaisquer dos
Secretários estaduais ou municipais para prestar esclarecimentos em uma CPI federal sem
problema algum.

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