Atos normativos primários emanados pelo PR em situações de relevância e urgência, com força de lei e eficácia imediata. São atos normativos precários, sob condição resolutiva (dependem da aprovação do Congresso Nacional para que permaneçam no ordenamento jurídico).
2. Qual o prazo constitucional previsto para duração da MP?
60 dias, podendo ser prorrogado uma única vez por mais 60 dias.
3. Existe a possibilidade de a mesma MP manter-se vigente por mais de
120 dias? Sim, se for alterada a redação original no CN, permanecerá vigente até que o PR sancione ou vete, portanto, poderá viger por mais 15 dias úteis. Poderá exceder o prazo também nos casos em que houver recesso parlamentar no curso da vigência da MP.
4. Os pressupostos constitucionais da MP são relevância e urgência. São
conceitos jurídicos indeterminados, e cumpre ao Presidente da República defini-los caso a caso, segundo critérios de oportunidade e conveniência. Pode o Poder Judiciário apreciar o preenchimento desses conceitos pelo Presidente da República? Qual a posição do STF sobre essa questão?
O Poder Judiciário pode examinar o preenchimento desses conceitos. A
posição do STF é que no sentido de que esse exame por parte do Judiciário seja realizado somente em casos excepcionais, em que for flagrante o desvio de finalidade e o abuso de poder por parte do PR.
5. Quais matérias não podem ser objeto de MP?
Limites materiais à edição de MP: nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
partidos políticos e direito eleitoral; direito penal, processual penal e processual civil; organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; matéria reservada a lei complementar; matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. Não pode ser objeto de MP as matérias referentes à regulamentação de dispositivos constitucionais alterados por EC promulgada em 01.01.1995 e a data da promulgação da EC 32/2001. Também é vedada MP para regulamentar a exploração do serviço de gás canalizado pelos Estados.
6. Qual entendimento do STF sobre o uso da MP que tem por objeto
matéria de direito penal? Antes da promulgação da EC 32/2001, entendia-se cabível a edição de MP que tinha por objeto matéria penal, desde que fosse benéfica ao réu. A partir da promulgação da EC 32/2001, que passou a vedar expressamente a edição de MP sobre matéria de direito penal penal, o STF entende não ser cabível sob nenhuma hipótese, nem se for benéfica ao réu.
7. MP revoga lei anterior sobre a mesma matéria?
Não, apenas suspende os efeitos.
8. Pode o presidente da república tendo editado a MP-A, editar,
posteriormente, a MP-B, revogando a MP-A e retirar esta da apreciação do Congresso Nacional? O PR não pode retirar uma MP da apreciação do Congresso. O que ele pode fazer é editar a MP-B para suspender os efeitos da MP-A, mas ambas serão apreciadas pelo Congresso.
TRAMITAÇÃO DA CONVERSÃO DA MP EM LEI:
a. PR edita MP e encaminha imediatamente ao CN
b. Discussão na Comissão Mista (§9º) c. Discute e vota na CD (8º) Rejeita (arquivada) Aprova (maioria simples) d. Discute e vota no SF Rejeita (arquivada) Aprova (maioria simples) e. MP aprovada sem alterações: dispensa sanção/veto do PR; lei de conversão promulgada pelo Presidente do Congresso Nacional f. MP aprovada com alterações: lei de conversão vai para sanção/veto do PR (aplicação do art. 66, CF).
EFEITOS DA REJEIÇÃO DA MP.
Em regra a rejeição da MP (rejeição expressa ou por decurso de
prazo) opera efeito ex tunc, devendo o CN editar, no prazo de 60 dias da rejeição da MP, decreto legislativo regulamentando as relações jurídicas que se formaram na vigência da MP.
Caso o CN não edite o decreto legislativo, a rejeição da MP opera
efeitos ex nunc, ou seja, as relações jurídicas que se formaram na vigência da MP seguirão por ela regidas.
Considere a seguinte situação:
O Presidente da República editou, com publicação em 20.05.2009, a MP 2.019, enviando-a ao CN imediatamente. Lá chegando, foi apreciada por uma comissão mista de Deputados e Senadores, que, apreciando o texto em questão, emitiu parecer pela constitucionalidade da MP. O projeto teve sua votação iniciada no Senado Federal, tendo sido aprovada, porém com a supressão de dois artigos da MP. O projeto foi encaminhado para votação na Câmara dos Deputados, onde foi aprovada em 15.09.2009, tornando-se o Projeto de Lei n. 12.313.
Considerando a situação acima, responda as seguintes questões:
1. A MP 2.019 é constitucional? Justifique. Não, pois não foram observadas as regras constitucionais acerca da tramitação da MP no CN. Segundo a CF, a Casa Iniciadora deve ser a Câmara dos Deputados.
2. Considerando que a MP foi editada pelo próprio PR, será necessária a
sanção presidencial? Sim, tendo em vista que a redação original da MP foi alterada no CN (foram suprimidos dois artigos).
3. A Lei X de 2003 disciplina a mesma matéria constante na MP 2.019. A
partir de que momento a Lei X de 2003 será considerada revogada? A Lei X/2003 será revogada quando a MP for convertida em lei, isto é, quando o projeto de lei de conversão da MP (PL12.313) for sancionado e promulgado pelo Presidente da República.
4. Neste caso, haverá necessidade de elaboração do decreto legislativo do
§3º, do art. 62 da CF? Sim, pois houve rejeição de dois artigos da MP no Congresso Nacional (rejeição parcial da MP). Logo, haverá necessidade de elaboração do Decreto Legislativo pelo Poder Legislativo para regulamentar as relações jurídicas que se formaram com fundamento nesses dois artigos suprimidos. Se o Decreto Legislativo não for elaborado em até 60 dias depois da rejeição desses dois artigos, as relações jurídicas deles decorrentes seguirão por eles regidos.