Você está na página 1de 27

DIREITO CONSTITUCIONAL - PONTO 06

Controle de Constitucionalidade das leis e dos atos normativos. Conceito.


Natureza. Espécies. Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ação Direta de
Inconstitucionalidade. A Ação de Inconstitucionalidade por Omissão. Ação de
Descumprimento de Preceito Fundamental.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

O legislador constituinte originário criou mecanismos para verificar a adequação dos demais atos
normativos aos preceitos estabelecidos pela Constituição.
A ideia de controle, emanada da rigidez, pressupõe a noção de um escalonamento normativo, ocupando a
Constituição seu ápice. É a aferição da compatibilidade vertical entre as normas.
Pressupostos para o controle:
 CF rígida (processo de alteração mais dificultoso);
 Competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade (STF);
 Supremacia da CF (ápice da pirâmide);
HISTÓRICO
CF 1824: Não havia previsão de qualquer sistema de controle jurisdicional da constitucionalidade das leis.
Vigorava o dogma da soberania do Parlamento.
E ainda existia, à época, a figura do Poder Moderador, ao qual cabia exclusivamente solucionar os conflitos
entre os Poderes, para manter a independência, o equilíbrio e a harmonia entre eles.
CF 1891: previu-se o controle de constitucionalidade difuso (por qualquer juiz ou Tribunal), repressivo ou
posterior, e incidental, ou seja, pela via de exceção ou defesa, sendo prejudicial ao mérito.
A reforma constitucional de 1926 manteve as regras sobre o controle difuso.
CF 1934: Manteve a previsão do controle difuso de constitucionalidade.
Inovando, previu: (1) a ação direta de inconstitucionalidade interventiva; (2) a cláusula de reserva de
plenário; e (3) a atribuição ao Senado Federal de competência para suspender a execução, no todo ou em
parte, de lei ou ato declarado inconstitucional por decisão definitiva (forma de compensar a inexistência do
stare decisis no direito constitucional brasileiro).
CF 1937: Contudo, previu a possibilidade de o Presidente, em casos em que envolver o bem-estar do povo
ou a promoção ou a defesa de interesse nacional de alta monta, submeter a decisão que declarar a
inconstitucionalidade de determinada lei ao reexame pelo Parlamento, que, por sua vez, pela decisão de 2/3 dos
membros de cada uma das Casas, poderia tornar sem efeito a referida declaração proferida pelo Tribunal,
confirmando, assim, a validade da lei.
CF 1946: Manteve o controle difuso de constitucionalidade, bem como previu, pela EC 16/65, pela
primeira vez no Brasil, o controle concentrado, exercido pela representação inconstitucionalidade (ADI), de
competência originária do STF, proposta, exclusivamente, pelo Procurador-Geral da República.
CF 1967: O controle concentrado em âmbito estadual não mais foi previsto nesta Constituição, contudo, a
EC nº1/69 previu o controle de constitucionalidade de lei municipal, em face da Constituição Estadual, para fins
de intervenção no município.
CF 1988: Trouxe 04 inovações:
a) Ampliou o rol dos legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade
b) Previu o controle de constitucionalidade de omissões legislativas, seja de forma concentrada (ADI por
omissão), seja de modo incidental, pelo controle difuso (Mandado de Injunção).
c) Permitiu o controle concentrado em âmbito estadual, através da instituição pelos Estados de
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição
Estadual, vedando, contudo, a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
d)Previu a ação de argüição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF).
A EC 3/93 estabeleceu a ação declaratória de constitucionalidade (ADC).
A EC 45/04, por sua vez, (a) igualou a legitimação ativa para o ajuizamento da ADC à da ADI, bem como
(b) estendeu o efeito vinculante, previsto expressamente para a ADC, para a ADI. Aliás, segundo Lenza, caminha-
se para a consagração da idéia de efeito dúplice ou ambivalente entre essas duas ações, faltando somente a
igualação de seus objetos, já que a ADI cabe para lei ou ato normativo federal ou estadual, enquanto a ADC
somente para federal.
Sendo assim, observa-se que, hoje, há no Brasil um sistema misto, que combina o critério difuso, por via de
defesa, com o critério concentrado, por via de ação direta de inconstitucionalidade. Segundo Gilmar Mendes, a
CR/88 reduziu o significado do controle de constitucionalidade incidental ou difuso ao ampliar, de forma
marcante, a legitimação para a propositura da ADI, permitindo que, praticamente, todas as controvérsias
constitucionais relevantes sejam submetidas ao STF mediante processo de controle abstrato de normas.
Espécies de inconstitucionalidade
1. Por Ação: Pela edição (atuação) de leis ou atos normativos incompatíveis, no sistema vertical de normas,
com a Constituição.
1.1. Vício Formal (Nomodinâmica): É o vício no processo de formação da lei ou ato normativo
infraconstitucional. Ele incide sobre o próprio ato normativo enquanto tal, independentemente de seu conteúdo,
levando em conta apenas a forma de sua exteriorização - Canotilho.
1.1.1. Inconstitucionalidade formal orgânica: Decorre da inobservância da competência legislativa para a
elaboração do ato.
1.1.2. Inconstitucionalidade formal propriamente dita: Decorre da inobservância do devido processo
legislativo, que pode ser verificada em 02 momentos, na fase de iniciativa – vício subjetivo ou nas demais fases
posteriores – vício objetivo (nas hipóteses em que não se observam determinadas formalidades, pex., o quórum de
votação, o princípio do bicameralismo federativo, previstas no processo de elaboração da norma em questão).
1.1.3. Inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos objetivos do ato – Canotilho: Decorre da
inobservância de certos elementos, tradicionalmente, não pertencentes ao processo legislativo, contudo,
determinantes de competência, daí serem pressupostos, dos órgãos legislativos em relação a determinadas
matérias. Art. 18, § 4º, da CF: “A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão
por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.”
1.2. Vício Material (Nomoestática): É o vício no conteúdo da lei ou ato normativo, que se mostra
incompatível, substancialmente, com uma regra ou um princípio da Constituição.
1.3. Vício de Decoro Parlamentar (Lenza): É o vício no motivo ilícito que ensejou a votação de um
parlamentar em um determinado sentido (esquema de compra de votos). Segundo Lenza, trata-se de
inconstitucionalidade, pois há uma mácula na essência do voto e no conceito de representatividade popular.
2. Por Omissão: Decorrente da inércia do legislador ordinário na regulamentação de normas constitucionais
de eficácia limitada.
Momentos do controle de constitucionalidade
1. Controle prévio ou preventivo: Realizado sobre projetos de lei, durante o seu processo legislativo de
formação.
1.1. Pelo Legislativo: Através das comissões de constituição e justiça, existentes na Câmara dos Deputados,
bem como no Senado Federal. Também o plenário ou as comissões das referidas casas poderão verificar a
inconstitucionalidade do projeto de lei, seja durante as votações do próprio projeto em questão ou não.
* Michel Temer observa que esse controle não ocorre sobre projetos de medidas provisórias, resoluções
dos Tribunais e decretos.
1.2. Pelo Executivo: Através do veto jurídico do Chefe do Poder Executivo.
1.3. Pelo Judiciário: Através do julgamento, no caso concreto, de defesa de direito público subjetivo,
pertencente apenas aos parlamentares, de participar de um processo legislativo hígido (devido processo legislativo)
que não contrarie as regras de vedação de deliberação expressamente contidas na Constituição.
Saliente-se que o STF já consolidou entendimento no sentido de negar legitimidade ativa ad causam a
terceiros, que não sejam parlamentares, ainda que invoquem a sua potencial condição de destinatários da futura
espécie normativa, sob pena de transformar o referido controle preventivo de constitucionalidade em abstrato.
Ademais, cabe ainda observar que o STF também já decidiu não caber o presente controle sobre regras
procedimentais contidas nos regimentos internos das respectivas casas legislativas, por se tratar de matéria interna
corporis, não sujeita à apreciação do Judiciário. Em verdade e em regra, a possibilidade recai sobre matérias que
não podem ser sequer objeto de deliberação (cláusulas pétreas), de sorte que o parlamentar não pode ser obrigado a
participar de processo legislativo não permitido pelo ordenamento jurídico.
2. Controle posterior ou repressivo: Realizado sobre lei ou ato normativo já vigentes, a fim de se
averiguar a presença de vício formal e/ou material.
Os Sistemas de Controle adotados pelos Estados podem ser:
2.1. Controle político: É exercido por um órgão de natureza política, distinto dos três poderes, que tem
como função garantir a supremacia da Constituição.
2.2. Controle jurisdicional: É exercido pelo Poder Judiciário, seja através de um único órgão, por meio de
ação direta (controle concentrado), seja por qualquer juiz ou tribunal, em argüição incidenter tantum (controle
difuso). Esse controle jurisdicional, realizado de forma mista, foi adotado pelo Brasil.
2.3. Controle misto: É uma mistura dos dois sistemas, no qual algumas normas são levadas a controle
perante órgão distinto dos três poderes (controle político), e outras, a apreciação do Poder Judiciário (controle
jurisdicional).
* O controle posterior ou repressivo, em regra, é exercido pelo Poder Judiciário e, apenas,
excepcionalmente, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo:
- Legislativo:
O Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, poderá sustar os atos normativos do Poder Executivo
que exorbitarem dos limites de seu poder de regulamentar definido pela própria lei a ser regulamentada (na
verdade, trata-se de um controle de legalidade e, não, de constitucionalidade), ou dos limites da delegação
legislativa lhe atribuída por meio de resolução pelo Congresso. (Art. 49, V, da CF)
Ainda ao Congresso deverão ser submetidas imediatamente as medidas provisórias adotadas pelo
Presidente da República, a fim de serem convertidas em lei, ocasião na qual será verificado o atendimento de seus
pressupostos constitucionais (controle posterior propriamente dito).
- Executivo:
 Antes da CF/1988:
Nessa época, os Chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governadores dos Estados e do Distrito
Federal e Prefeitos) não tinham legitimidade para ajuizar ação direta de inconstitucionalidade, portanto, doutrina e
jurisprudência entendiam que eles poderiam deixar de aplicar uma lei que considerassem manifestamente
inconstitucional, permitindo-lhes ainda baixar determinação para que seus subordinados hierárquicos também não
cumprissem a referida lei.
Contudo, a ação ou omissão do Poder Executivo poderia ser discutida no Poder Judiciário, que daria a palavra
final sobre a aplicação ou não da lei alegada inconstitucional e tornaria, a partir de então, obrigatória a observância
de sua decisão.
 Após a CF/1988:
Foi expandida a legitimação ativa para o ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade, bem como, após a
EC 45/04, para a ação direta de constitucionalidade. Sendo assim, não mais se admitiria o descumprimento de lei
inconstitucional pelo Presidente da República e pelos Governadores de Estados e do Distrito Federal. Porém,
quanto aos Prefeitos, por não constarem no referido rol dos legitimados, ainda lhes eram permitido descumprir lei
flagrantemente inconstitucional, com a determinação de sua não aplicação aos seus subordinados hierárquicos.
(Essa é a posição do Gilmar Mendes)
Posicionamento contra tal possibilidade: supremacia da CF. (Obs: Luis Roberto Barroso defende
exatamente a supremacia da constituição como fundamento a conferir legitimidade ao chefe do poder executivo
para determinar que não seja aplicada lei inconstitucional, não obstante possa haver controle posterior pelo
Judiciário.
Por fim, ainda que não muito aprofundados sobre o tema, é possível entender que o STF e o STJ ainda
permitem ao Chefe do Executivo determinar aos seus subordinados que não apliquem administrativamente
lei que considerem inconstitucional.
STJ: Os chefes dos Poderes Executivos federal, estaduais, distrital e municipais, ao tomarem posse com o
compromisso de guardar especial observância à Constituição (arts. 78 da CF/1988 e 139 da Constituição estadual),
podem deixar de cumprir lei que entendam por inconstitucional, ainda que sem manifestação do Judiciário a
respeito, decisão essa que vincula toda a Administração Pública a eles subordinada e importa na assunção dos
riscos decorrentes de suas escolhas político-jurídicas. (RESP 23121-1 GO nov. 1993)

O Tribunal de Contas também pode exercer o controle repressivo ou posterior de constitucionalidade, quando da
análise do caso concreto, o que já foi pacificado no STF com advento da súmula 347.
Sistemas e Vias de Controle Judicial

CRITÉRIO SUBJETIVO OU ORGÂNICO: difuso ou concentrado.

CRITÉRIO FORMAL: incidental ou principal.


Mesclando as duas classificações, verifica-se que, por regra, o sistema difuso é exercido pela via incidental,
e o sistema concentrado é exercido pela via principal.
Contudo, excepcionalmente, poderá haver controle concentrado pela via incidental, reconhecendo a um
único órgão judicial competência originária para apreciar a questão de constitucionalidade, oferecida num caso
concreto, como premissa lógica de um outro pedido principal.
Ex.: Controle preventivo exercido pelo parlamentar, mediante impetração de mandado de segurança, para
se ver respeitado o devido processo legislativo. HC/HD.
CONTROLE DIFUSO
1. Origem histórica: Marbury X Madison

John Adams, presidente dos EUA, foi derrotado na eleição presidencial por Thomas Jefferson. Assim, antes
de ser sucedido, Adams nomeou diversas pessoas ligadas ao seu governo para o cargo de juiz federal, entre elas,
Marbury. Contudo, ao assumir o governo, Jefferson nomeou Madison como seu Secretário de Estado e, por
entender que a nomeação de Marbury era incompleta, por não ter-lhe sido entregue, até aquele momento, a sua
comissão, determinou que Madison não mais efetivasse a nomeação de Marbury.
Marbury, então, impetrou writ of mandamus em face de Madison, a fim de buscar a sua nomeação.
Suprema Corte: qualquer lei incompatível com a Constituição é nula e que os tribunais e os demais
departamentos são vinculados a ela. Decidiu que “havendo conflito entre a aplicação de uma lei em um caso
concreto e a Constituição, deve prevalecer a Constituição por ser hierarquicamente superior.”
2. Noções gerais do controle difuso
É realizado por qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário, observadas as regras de competência.
Verifica-se em um caso concreto e a declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei se dá
de forma incidental, uma vez que diz respeito tão-somente à causa de pedir (fundamento) da demanda, daí porque
é chamado também, sob o critério formal, de controle pela via de exceção ou defesa.
3. Controle difuso nos tribunais – Cláusula de Reserva de Plenário
Os órgão fracionários (câmara ou turma), verificada a existência de questionamento incidental sobre a
constitucionalidade de lei ou ato normativo, caso a acolham, devem suscitar questão de ordem e remeter a sua
análise ao pleno ou órgão especial daquele respectivo tribunal. (HÁ UMA CISÃO FUNCIONAL HORIZONTAL
– isso não ocorre no STF – Pleno julga tudo)
(Art. 480 do CPC: “Argüida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator,
ouvido o Ministério Público, submeterá a questão à turma ou câmara, a que tocar o conhecimento do processo.”
Art. 481 do CPC: “Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida, será lavrado o
acórdão, a fim de ser submetida a questão ao tribunal pleno.”)
Com efeito, o art. 97 da CF estabelece que: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros, ou
dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público.” Trata-se de verdadeira condição de eficácia jurídica, imprescindível à declaração de
inconstitucionalidade dos atos do Poder Público em controle difuso. É o pleno ou o órgão especial que definem.
Contudo, já havendo decisão do pleno ou do órgão especial do respectivo tribunal, ou ainda do plenário do
Supremo Tribunal Federal, poderá haver dispensa do procedimento incidental previsto no art. 97 da CF, por
questão de racionalidade, bem como em razão do princípio da celeridade e da segurança jurídica. Assim, na
primeira análise da matéria sempre será necessário o pronunciamento do pleno do Tribunal.
Nesse sentido é a Lei nº 9.756/98 que acrescentou um parágrafo único ao art. 481 do CPC: “Os órgãos
fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade,
quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.”
Segundo Gilmar Mendes “após o exame da constitucionalidade da norma pelo Pleno, não mais se espera
qualquer modificação deste entendimento. Tanto que quando se trata de declaração de inconstitucionalidade, a
partir deste momento é efetivada a comunicação ao Senado Federal. E tratando-se de juízo de constitucionalidade
ou de inconstitucionalidade, dá-se início à aplicação do disposto no art. 557 do CPC, que, queiramos ou não, é
uma forma brasileira de atribuição de efeito vinculante às decisões deste Tribunal”. Note-se que há uma
objetivação do controle incidental de constitucionalidade no âmbito do tribunal.
O problema ocorre na chamada declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto: há
um texto normativo que corresponde a um significado, a uma norma. No caso, há um texto com múltiplos
significados, e um deles – ou muitos deles – estão eivados de inconstitucionalidade. Ao retirar um sentido do texto,
há uma declaração de inconstitucionalidade – assim, inclusive nesta hipótese, o órgão fracionário deve encaminhar
a questão constitucional ao plenário / órgão especial. Mas não poderia dizer que houve interpretação conforme?
Mesmo a interpretação conforme implica a exclusão de outros significados do texto normativo – assim, caberia
igualmente a necessidade de envio ao plenário/órgão especial, sob pena de ofensa ao art. 97 – daí porque foi
editada a súmula vinculante nº 10:
SV 10: Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no
todo ou em parte.

4. Efeitos da decisão
Em regra, a decisão, no controle difuso, é inter partes e ex tunc (efeitos retroativos desde a edição da lei),
uma vez que a lei em discussão se torna nula somente para as partes em litígio, em razão de sua não aplicação no
caso concreto.
Contudo, em determinados casos, o STF já tem entendido que os efeitos da declaração de
inconstitucionalidade, por questões de razoabilidade e atendido o princípio da proporcionalidade, podem ser
mitigados, sendo ex nunc ou pro futuro (art. 27 da lei . 9868/99)
E, ainda, excepcionalmente, poderão os efeitos de sua decisão atingir terceiros, sendo erga omnes, caso o
Senado suspenda, no todo ou em parte, a execução da lei, declarada inconstitucional, de maneira incidental, por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (art. 52, inciso X, da CF).
No entanto, saliente-se que o efeito de tal suspensão, conforme entendimento majoritário, será
apenas a partir da publicação da resolução do Senado na Imprensa Oficial (ex nunc), exceto em relação à
Administração Pública Federal direta e indireta, para a qual a resolução do Senado produz efeitos ex tunc,
consoante art. 1º, § 2º, do Decreto nº 2.346/97.
* Procedimento do art. 52, inciso X, da CF: “Compete privativamente ao Senado Federal suspender a
execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Federal.”
E, após a leitura em plenário, a comunicação é encaminhada à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, que
deverá formular o projeto de resolução suspendendo a execução da lei, no todo ou em parte.
 Objeto de suspensão pelo Senado: leis federais, estaduais, territoriais, distritais ou mesmo municipais
que forem declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal.
 Todavia, o Senado não pode ampliar, restringir ou interpretar a extensão da decisão do Supremo
Tribunal Federal.
* Discricionariedade e conveniência do Senado: Segundo grande parte da doutrina, bem como do
Supremo Tribunal Federal e do próprio Senado, o Senado não está obrigado a suspender a execução de lei
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, em respeito ao princípio da
separação de poderes.
Papel do Senado no controle incidental: o instituto hoje previsto no art. 52, X, surgiu para suprir a falta
do stare decisis no Brasil (é o stare decisis que empresta eficácia vinculante às decisões proferidas pelas Cortes
Superiores no Direito norte-americano). Porém, no contexto da CF/88 (que previu no controle abstrato múltiplas
ações com eficácia erga omnes – o que antes não havia, além da amplitude conferida ao controle abstrato de
normas e da possibilidade de que se suspenda, liminarmente, a eficácia de leis ou atos normativos com eficácia
geral), faz-se necessária uma releitura do papel do Senado, à luz da força normativa da CF e do papel do STF, para
corrigir essa incoerência. Para Gilmar, a justificativa deste instituto, que se inspirava diretamente numa concepção
de separação de Poderes – hoje necessária e inevitalmente ultrapassada. Se o STF pode, em uma ADI, suspender,
liminarmente, a eficácia de uma lei, até mesmo de uma emenda constitucional, por que haveria a declaração de
inconstitucionalidade, proferida no controle incidental, valer tão-somente para as partes?
O papel do Senado seria o de conferir publicidade, de forma obrigatória, à decisão do Supremo. Perderia a
discricionariedade, e a decisão do STF já teria eficácia erga omnes no controle incidental.
Entende Gilmar Mendes, portanto, que teria ocorrido a chamada mutação constitucional sobre o art. 52 X
da CF (alteração da norma sem modificação do texto da constituição). Seria o que se convencionou de
abstrativização do controle difuso de constitucionalidade, com base na força normativa da constituição e na teoria
da transcendência dos motivos determinantes que imporiam o necessário respeito dos órgãos, entes e cidadãos
subordinados ao dispositivo e às razões de decidir (quando essenciais no decisum) do posicionamento do STF,
independente de se tratar de controle difuso ou concentrado. Essa tese ainda não é pacífica no próprio STF.
Caso concreto: inconstitucionalidade da lei de crimes hediondos (progressão de regime). Um juiz
declarou que não seguiria a decisão do STF, por não estar a ela vinculado, por haver efeitos inter partes. Veio uma
reclamação. Mas esta só seria cabível se houvesse eficácia erga omnes. GM e Eros já manifestaram o
entendimento de que há eficácia erga omnes (Joaquim Barbosa e Pertence foram contra).
Para GM, ao fazer a modulação de efeitos em casos de controle incidental, o STF já partiu da premissa de
que sua decisão tem efeito vinculante e eficácia erga omnes. Afinal, a modulação de efeitos deve ter a preocupação
com as relações não abrangidas pelo processo.
5. Teoria da transcendência dos motivos determinantes subjacentes à declaração de
inconstitucionalidade proferida em julgamento de controle difuso
Alguns doutrinadores, bem como determinados julgados do STF rumam para uma nova interpretação dos
efeitos da declaração de inconstitucionalidade no controle difuso.
Entendem que, embora manifestados em controle difuso, bem como sendo meras questões prejudiciais, os
fundamentos da decisão do Supremo Tribunal Federal devem se expandir para além do processo em que foram
prolatados, tornando-se, então, desde já, vinculantes erga omnes. Dessa forma, aproximam-se o sistema de
controle difuso de constitucionalidade ao do concentrado.
E, por sua vez, passam a atribuir simples efeito de publicidade às resoluções do Senado para a suspensão de
execução de lei, previstas no art. 52, inciso X, da CF, sendo, a partir de então, essa Casa Legislativa comunicada
apenas para publicar a decisão do STF no Diário do Congresso.
Gilmar Mendes afirma se tratar esse fenômeno de uma autêntica mutação constitucional, uma vez que há
uma completa reformulação do sistema jurídico sem qualquer expressa modificação de seu texto.
Principais argumentos: (a) a força normativa da Constituição, (b) o princípio da supremacia da Constituição
e a sua aplicação uniforme a todos os destinatários, (c) o STF enquanto guardião da Constituição e seu intérprete
máximo, e (d) a dimensão política das decisões do STF.
Crítica a esse posicionamento: o art. 52, X, é da tradição do direito brasileiro; possibilidade de outros
mecanismos, como a súmula vinculante.
Quanto à tendência de abstrativização do controle concreto, Gilmar Mendes resume a questão
dizendo “a adoção de estrutura procedimental aberta para o processo de controle difuso (participação do amicus
curiae e outros interessados), a concepção de recurso extraordinário de feição especial para os juizados especiais, o
reconhecimento de efeito transcendente para a declaração de inconstitucionalidade incidental, a lenta e gradual
superação da fórmula do Senado (art. 52, X), a incorporação do instituto da repercussão geral no âmbito do recurso
extraordinário e a desformalização do recurso extraordinário com o reconhecimento de uma possível causa petendi
aberta são demonstração das mudanças verificadas a partir desse diálogo e intercambio entre os modelos de
controle de constitucionalidade positivados no Direito brasileiro. Pode-se apontar, dentre as inúmeras
transformações detectadas, inequívoca tendência para ampliar a feição objetiva do processo de controle incidental
entre nós.”

6. Objetivação do recurso extraordinário?


No julgamento da repercussão geral no recurso extraordinário (art. 543-A, CPC) o legislador tendeu
à abstrativização do controle difuso, permitindo, inclusive, o julgamento por amostragem na hipótese de
multiplicidade de recursos com fundamentos em idêntica controvérsia (art. 543-B). Procedimento similar
está previsto no art. 543-C para o RESP.
Nas duas hipóteses há previsão legal para a participação do Amici curiae (plural de amicus curiae).
Esse instrumento perde o caráter subjetivo e passa a ter, de forma decisiva, a função de defesa da ordem
constitucional objetiva.
Exemplificando, o STF decidiu na ADI 4071 que é flagrantemente improcedente o pedido de ADI,
merecendo ter sua inicial rejeitada, quando impugnar norma que já tenha sua constitucionalidade
reconhecida pelo plenário do STF ainda que no âmbito de recurso extraordinário.

7. Controle difuso em sede de ação civil pública


Só será cabível o controle difuso, em sede de ação civil pública, se a controvérsia constitucional se
identificar como mera questão prejudicial (incidental), indispensável à resolução do litígio do objeto principal,
que deve ser uma específica e concreta relação jurídica, ocasião na qual os seus efeitos se restringirão inter partes.

Sendo assim, a ação civil pública não pode ser ajuizada como sucedâneo de ação direta de
inconstitucionalidade, pois, em caso de produção de efeitos erga omnes, estar-se-ia usurpando competência do
STF, com a provocação de verdadeiro controle concentrado de constitucionalidade. O problema decorre da norma
do art. 16 da Lei nº 7347 de 1985 (ACP) que estabelece que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, ainda
que nos limites da competência territorial do órgãos prolator, o que evidencia que os efeitos ultrapassam as partes
envolvidas no litígio, até porque tratam de interesses transindividuais.
CONTROLE CONCENTRADO

A análise de constitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público é realizada em um único tribunal. No
caso do Brasil, pelo STF.

1. ADI (ação direta de inconstitucionalidade) genérica

1.1. Conceito
Tem por objeto principal a própria declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em tese.

1.2. Objeto
a) Leis (art. 59 da CF): emendas constitucionais (por emanarem do poder constituinte derivado
reformador), leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias (por terem força de lei, mas
desde que em plena vigência, ou seja, não convertidas ainda em lei ou não tendo perdido a sua eficácia por decurso
de prazo), decretos legislativos e resoluções (esses dois últimos somente se estiverem revestidos de generalidade e
abstração), Leis orçamentárias.

b) Atos normativos: qualquer ato revestido de indiscutível caráter normativo, como as resoluções
administrativas dos Tribunais, os regimentos internos dos Tribunais, as deliberações administrativas dos órgãos
judiciários, as deliberações dos Tribunais Regionais do Trabalho (salvo as convenções coletivas de trabalho),
medidas provisórias (os requisitos da relevância e urgência somente podem ser apreciados em casos excepcionais
[ADI 2.213] etc. As medidas provisórias para abertura de créditos orçamentários extraordinários podem ser objeto
de controle concentrado quanto aos requisitos da imprevisibilidade e urgência (art. 62, c/c art. 167, §3º), na forma
do decidido pelo STF na ADI 4.048-MC).
c) Tratados internacionais:
c.1) Tratados internacionais sobre direitos humanos e aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
2 turnos, por 3/5 dos votos de seus respectivos membros (art. 5, § 3º, da CF) equivalem a emendas constitucionais
e, portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
c.2) Tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pela regra anterior à EC 45/2004 têm
natureza supralegal (porém infraconstitucional) e, portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade
(RE 466.343, 03 de dezembro de 2008).
c.3) Tratados internacionais de natureza diversa equivalem a meras leis ordinárias e podem, portanto, ser
objeto de controle de constitucionalidade.
d) Políticas públicas: desde que configurada hipótese de evidente e arbitrária abusividade
governamental, em violação a concretização dos direitos mínimos existenciais do ser humano (direitos sociais,
econômicos e culturais), devendo ainda se verificar, no caso concreto, a razoabilidade da pretensão, bem como a
disponibilidade financeira do Estado para a implementação da referida política pública. O controle concentrado de
constitucionalidade de políticas públicas, em verdade, analisa os instrumentos normativos nas quais estão
delineadas, de sorte que devem se enquadrar em uma das hipóteses presentes nas letras e itens anteriores.
NÃO PODEM SER OBJETO DE CONTROLE CONCENTRADO

a) Súmulas: por não possuírem grau de normatividade qualificada pela generalidade e abstração, mesmo no
caso de súmula vinculante. No caso de SV, há procedimento de revisão, na forma da Lei nº 11.417/2006.
b) Regulamentos ou decretos regulamentares expedidos pelo Executivo e demais atos normativos
secundários: por não estarem revestidos de autonomia jurídica. Trata-se, no caso, de questão de legalidade, por
inobservância do dever jurídico de subordinação normativa à lei.
Decreto que não regulamente lei alguma: poderá haver ADI para discutir observância do princípio da
reserva legal (Chamados Decretos autônomos) ADI 3.731-MC Min. Cezar Peluso.
c) Normas constitucionais originárias: pois são sempre constitucionais, devendo os aparentes conflitos
entre as suas normas ser harmonizados através de uma interpretação sistemática do caso concreto. (princípio da
unidade, concordância prática)
d) Normas anteriores à Constituição: são recepcionadas, ou não, e, nesse caso, são revogadas, pelo novo
ordenamento jurídico, não se podendo falar em inconstitucionalidade superveniente. (Conflito de leis no tempo, e
não hierárquico). A ADPF pode ser utilizada para, de forma definitiva e com eficácia geral, solver controvérsia
relevante sobre a legitimidade do direito ordinário pré-constitucional em face da nova Constituição. Há discussão
sobre a possibilidade de modulação da decisão de declaração de não recepção de norma perante à CF, tendo por
base o previsto no art. 27 da lei nº 9.868/99. Celso de Mello entende que não (RE-AGr 353.508 2007), Gilmar
Mendes, em seu voto, defendeu que sim. Pedro Lenza entende ser cabível, pois o próprio STF aceita a tese da
norma ainda constitucional (ação civil ex delicto).
e) Atos estatais de efeitos concretos: por não possuírem densidade jurídico-material (densidade normativa).
Obs: Salvo no que tange à Lei orçamentária que o STF aceita o controle concentrado. O STF distinguiu ato de
efeitos concretos de atos de efeitos concretos editados sob forma de lei. A matéria, por ter sido delineada no bojo
de medida cautelar, ainda não está consolidada. INFO 527 de 07 de outubro de 2008.
f) Atos normativos já revogados ou de eficácia exaurida: porque a sua eventual declaração teria valor
meramente histórico.
E se a revogação ou a perda de vigência da lei ou ato normativo ocorrer já no curso da ação de
inconstitucionalidade, entende o STF pela perda do objeto, com a prejudicialidade da ação, devendo os efeitos
residuais concretos que possam ter sido gerados pela aplicação da lei ou ato normativo não mais existente
ser questionados na via ordinária, por intermédio do controle difuso de constitucionalidade.
Gilmar Mendes tem posição diferente: princípios da máxima efetividade e da força normativa da CF
(minoritário).
Não se pode deixar de mencionar que o STF já afastou a prejudicialidade da ADI em casos nos quais restou
configurada a tentativa de fraude processual por meio da revogação da lei após o ajuizamento da ADI (ADI 3232 e
3306) e na ADI 4426 em razão da singularidade do caso. Ou seja, o STF vem entendendo que a fraude processual
impede o reconhecimento da prejudicialidade da ADI.
g) Respostas emitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral às consultas que lhe forem endereçadas: por se tratar
de ato de caráter meramente administrativo, não possuindo eficácia vinculativa aos demais órgãos do Poder
Judiciário.
h) Leis orçamentárias: por se tratar de lei com objeto determinado e destinatário certo, sendo, praticamente,
um ato administrativo, em sentido material. Excepcionalmente, se se demonstrar que referida lei tem certo grau de
abstração e generalidade, o STF tem admitido seja ela objeto de controle abstrato de constitucionalidade (ADI
2.925/DF, em 2003).
No caso de MP sobre crédito extraordinário, o STF admitiu o controle. Razões: a) CF não diferencia as leis,
e sim tão-somente os atos (só cabem atos normativos); b) estudos e análises no plano da teoria do direito
apontariam a possibilidade tanto de se formular uma lei de efeito concreto de forma genérica e abstrata quanto de
se apresentar como lei de efeito concreto regulação abrangente de um complexo mais ou menos amplo de
situações.
Observações:
* A posterior ab-rogação ou derrogação, com sua substancial alteração, da Constituição, por afetar o
próprio paradigma (parâmetro) de confronto invocado no processo de controle concentrado de constitucionalidade,
configura hipótese caracterizadora de prejudicialidade da ação, em virtude da evidente perda superveniente de seu
objeto (Celso de Mello). MUDANÇA DE POSICIONAMENTO - Essa era a regra, todavia no julgamento da
questão de ordem na ADI 2158, o STF rejeitou a preliminar de prejudicialidade, mesmo tendo havido a
modificação no parâmetro de confronto. O fundamento, correto em suas bases estruturais, é no sentido de que não
se pode deixar às vias ordinárias à solução de problemas que podem ser resolvidos de forma mais eficiente, eficaz
e segura, no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade.
* A divergência entre a ementa da lei e o seu conteúdo não caracteriza situação de controle de
constitucionalidade, pois não é suficiente para configurar afronta a ela.
1.3. O conceito de bloco de constitucionalidade
Diz respeito à identificação do próprio conceito de Constituição, que servirá de parâmetro em relação ao
qual se realizará a confrontação das demais normas jurídicas do sistema, para se aferir a sua constitucionalidade.
Nesse sentido, duas (2) posições podem ser encontradas. A ampliativa engloba não somente as normas
formalmente constitucionais, expressamente positivadas em documento formal, mas também os princípios não
escritos, bem como os valores suprapositivos, principalmente aqueles que norteiam e fundamentam a própria
Constituição. Por sua vez, a restritiva considera apenas as normas e os princípios formalmente expressos na
Constituição escrita e positivada.
A jurisprudência brasileira, incluindo o STF, tem adotado, por ora, apenas uma tímida tendência ampliativa,
utilizando, nesse sentido, como paradigma de confronto normas e princípios, que, ainda que não expressamente
contidos no texto constitucional, sejam dele diretamente decorrentes.
Por fim, com o advento da EC 45/2004, houve uma ampliação, no direito brasileiro, do bloco de
constitucionalidade, na medida em que se passa a ter um novo parâmetro de controle (norma formal e
materialmente constitucional), qual seja, os tratados internacionais de direitos humanos (art. 5º, § 3º, da CF),
aprovados com quórum de emendas constitucionais.

1.4. Teoria da transcendência dos motivos determinantes


O STF vem atribuindo efeito vinculante, produzido para fora do processo em que se foi decidido, não só ao
dispositivo da sentença, mas também aos fundamentos determinantes que deram suporte à decisão. Ratio
decidendi é diferente de obter dictum, que significa coisa dita de passagem. Apenas aquela teria o condão de
vincular outros julgamentos.
Lei de teor idêntico e reclamação: Se o STF entender pela inconstitucionalidade da Lei/SP, há efeito
vinculante em relação à Lei/RJ (idêntica)? Ex: limitação do teto para fins de pagamento de RPV. Se é reconhecido
efeito vinculante, pode haver reclamação?
GM explica, na RCL 4987 MC/PE, que tal controvérsia reside não na concessão de efeito vinculante aos
motivos determinantes das decisões em controle abstrato de constitucionalidade, mas na possibilidade de se
analisar, em sede de reclamação, a constitucionalidade de lei de teor idêntico ou semelhante à lei que já foi objeto
da fiscalização abstrata de constitucionalidade perante o STF.
Ainda que não se empreste eficácia transcendente (efeito vinculante dos fundamentos determinantes) à
decisão, o Tribunal, em sede de reclamação contra aplicação de lei idêntica àquela declarada inconstitucional,
poderá declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade da lei ainda não atingida pelo juízo de
inconstitucionalidade.
Ressalte-se, mais uma vez, que não se está a falar, nesta hipótese, de aplicação da teoria da “transcendência
dos motivos determinantes” da decisão tomada no controle abstrato. Trata-se, isso sim, de um poder ínsito à
própria competência do Tribunal de fiscalizar incidentalmente a constitucionalidade das leis e dos atos normativos.
E esse poder é realçado quando a Corte se depara com leis de teor idêntico àquelas já submetidas ao seu crivo no
âmbito do controle abstrato de constitucionalidade.
Assim, a partir de um ato concreto que aplica uma Lei Y, cujo teor é idêntico ao de uma lei X, já declarada
inconstitucional, pode ser analisado, em sede de reclamação, pelo STF, em controle incidental.
IMPORTANTE: STF afastou a teoria da transcendência na reclamação 10604 de 2010: “no julgamento da Rcl
4.219, esta nossa Corte retomou a discussão quanto à aplicabilidade dessa mesma teoria da “transcendência dos
motivos determinantes”, oportunidade em que deixei registrado que tal aplicabilidade implica prestígio máximo ao
órgão de cúpula do Poder Judiciário e desprestígio igualmente superlativo aos órgãos da judicatura de base, o que
se contrapõe à essência mesma do regime democrático, que segue lógica inversa: a lógica da desconcentração do
poder decisório.
Sabido que democracia é movimento ascendente do poder estatal, na medida em que opera de baixo para cima, e
nunca de cima para baixo. No mesmo sentido, cinco ministros da Casa esposaram entendimento rechaçante da
adoção do transbordamento operacional da reclamação, ora pretendido. Sem falar que o Plenário deste Supremo
Tribunal Federal já rejeitou, em diversas oportunidades, a tese da eficácia vinculante dos motivos determinantes
das suas decisões (cf. Rcl 2.475-AgR, da relatoria do ministro Carlos Velloso; Rcl 2.990-AgR, da relatoria do
ministro Sepúlveda Pertence; Rcl 4.448-AgR, da relatoria do ministro Ricardo Lewandowski; Rcl 3.014, de minha
própria relatoria)”.

1.5. Teoria da inconstitucionalidade por arrastamento ou atração ou inconstitucionalidade conseqüente de


preceitos não impugnados ou inconstitucionalidade conseqüencial ou inconstitucionalidade conseqüente ou
derivada
Julgada inconstitucional determinada norma principal, em processo de controle concentrado de
constitucionalidade, poderá haver também declaração subseqüente de inconstitucionalidade de outras normas que
com aquela guardam correlação, conexão ou interdependência.

E essa técnica de arrastamento poderá ser aplicada tanto em processos distintos (pela teoria dos motivos
determinantes impede-se que sejam julgadas posteriores pretensões relativas a essas normas conseqüentes) quanto
em um mesmo processo (no próprio dispositivo da decisão já se definem quais normas são atingidas e, portanto,
são declaradas também inconstitucionais).
Lembre-se ainda que essa contaminação pode se dar também em relação a decreto que se fundava em lei
declarada inconstitucional. Trata-se, sem dúvida, de verdadeira exceção à regra de que o juiz deve se ater aos
limites da lide fixados pelas partes.
Fala-se, de outra forma, em:
Declaração de nulidade total em virtude de uma dependência unilateral: verifica-se quando o Tribunal
constata que uma parte da lei é inconstitucional e que a parte hígida, por ser dependente, não pode subsistir.
Declaração de nulidade total em virtude de dependência recíproca: ocorre quando a disposição
inconstitucional é parte de um complexo normativo que perderia seu sentido e sua justificação se determinada
parte ou uma parte central fosse retirada ou subtraída. Esses casos não são significativos – refere-se a um
complexo normativo que forma “unidade” insuscetível de ser dividida em partes autônomas. A preservação parcial
de uma lei, nesse caso, viria quebrar o equilíbrio interno do sistema de tal forma que a declaração de nulidade
parcial implicaria uma falsificação da “mens legislatoris” ou constituiria uma intervenção indevida na vontade do
legislador.
1.6. Lei ainda constitucional ou inconstitucionalidade progressiva ou declaração de constitucionalidade de
norma em trânsito para a inconstitucionalidade
Considera-se que uma lei, em virtude das circunstâncias de fato, pode vir a ser inconstitucional, não o
sendo, porém, enquanto essas circunstâncias de fato não se apresentarem com a intensidade necessária para que se
tornem inconstitucionais.
Ex.: artigo 68 do CPP (ação civil ex delicto): lei ainda constitucional e que está, em trânsito,
progressivamente, para a inconstitucionalidade, à medida que as Defensorias Públicas forem sendo efetiva e
eficazmente instaladas. Na verdade, o caso do referido artigo 68 seria de recepção ou não pela Constituição de
1988 e, por conseguinte, de sua revogação ou vigência, e não de inconstitucionalidade.
Apelo ao legislador: No direito alemão, entende-se que a decisão é de improcedência (lei constitucional),
porém há um obiter dictum (fundamento não vinculante) que faz um apelo ao legislador: a lei é ainda
constitucional, tomem cuidado porque poderemos mudar de posição no futuro. Foi muito usado na Alemanha em
casos de omissão parcial.
Note-se que o apelo ao legislador é uma técnica processual. Pode decorrer, por exemplo, da mutação
constitucional quanto à interpretação de um parâmetro de controle.
“Inconstitucionalidade circunstancial” ou lei “ainda inconstitucional”.
A lei é formalmente constitucional, mas em determinadas circunstâncias a sua aplicação
caracterizaria uma inconstitucionalidade. Ou seja, em regra a lei é constitucional. Todavia, levando em conta
determinadas circunstâncias no caso concreto pode ser tida por inconstitucional para aquela situação.
Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: reconhece-se a incompatibilidade do
ato legislativo em face da CF, porém permite-se, em dadas circunstâncias, a continuidade da operância dos seus
efeitos ou, ao menos, mantém hígidos aqueles até então produzidos, isto a fim de evitar agressão ainda maior às
normas e princípios supralegais.
A declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade permite a continuidade da aplicação da
norma até que sobrevenha uma nova e válida deliberação legislativa.

Lacunas jurídicas ameaçadoras: alguns casos de declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de


nulidade referem-se às chamadas LACUNAS JURÍDICAS AMEÇADORAS, que poderiam, em caso de uma
pronúncia de nulidade, ter sérias consequências, ensejando mesmo eventual caos jurídico. (GM)
Advém do Direito alemão , tendo como ponto de partida a busca pela “exclusão do benefício incompatível com o
princípio da igualdade”, que se configura quando a lei concede benefícios apenas a um grupo de cidadãos, em
quebra ao princípio da isonomia. Todavia, a retirada do benefício com a invalidação da lei seria mais prejudicial do
que a sua manutenção, não podendo, por outro lado, haver a extensão pelo Poder Judiciário, eis que não pode atuar
como legislador positivo.
A lacuna resultante da declaração de nulidade poderia fazer surgir uma situação ainda mais afastada da
vontade constitucional.
1.7. O inconcebível fenômeno da fossilização da Constituição
As decisões de inconstitucionalidade não atingem o Legislativo, que, assim, poderá inclusive legislar em
sentido diverso da posição adotada pelo STF, ou até mesmo contrário, sob pena de, em sendo vedada essa
atividade, inegável petrificação da evolução social, pois se impediria as constantes atualizações da Constituição,
bem como dos textos normativos, sem falar na perda da relação de equilíbrio entre os Poderes. (Haveria a
fossilização).
1.8. Município putativo
O Ministro Eros Grau entendeu que, ainda que a Lei nº 7.619/2000, do Estado da Bahia, que criou o
Município de Luís Eduardo Magalhães, tenha violado frontalmente o artigo 18, § 4º, da CF, não seria razoável
declará-la inconstitucional. Isso porque o citado Município foi efetivamente criado, por uma decisão política de
caráter institucional, assumindo, por conseguinte, existência de fato, como ente federativo dotado de autonomia
municipal, há mais de 6 anos, e daí resultando diversos efeitos jurídicos, os quais não podem ser ignorados.
Consagrou-se, assim, os seguintes princípios: o da reserva do impossível, o da continuidade do Estado, o
federativo, o da segurança jurídica, o da confiança (Karl Larenz), o da força normativa dos fatos (Georg
Jellinek), bem como o da situação excepcional consolidada (ante a inércia do Poder Legislativo em não editar a
LC).
Posteriormente, houve voto-vista de GM: a solução do problema não poderia advir da simples decisão da
improcedência do pedido formulado, haja vista o princípio da nulidade das leis inconstitucionais, mas que seria
possível primar pela otimização de ambos os princípios por meio de técnica de ponderação. GM fez Eros Grau
ajustar seu voto, estabelecendo a inconstitucionalidade da lei, mas com efeito pro-futuro, determinando prazo de
24 meses para a elaboração de lei estadual que fixasse os parâmetros de formação do município, a partir da lei
complementar federal prevista no art. 18, §4, para a qual declararam a inconstitucionalidade por omissão,
determinando ao Legislador que a elaborasse em 18 meses. Utilização do art. 27 para evitar o caos jurídico.
Adotou-se a técnica da declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade. Foi reconhecida,
então, a omissão com apelo ao legislador. Não se pode negar, ainda, que nessa hipótese excepcional foi aceito
fenômeno da constitucionalidade superveniente, que permite que uma lei que nasceu viciada venha a se tornar
constitucional posteriormente, desde que realizados determinados ajustes ou modificado o parâmetro (obs: em
regra não é aceito).
É importante observar que a EC 57/2008 buscou convalidar todos os atos de criação de município que possuíam
vício formal, numa tentativa de aplicação da constitucionalidade superveniente e afronta à decisão do STF. Não se
pode negar que o CN modificou a decisão do STF que conferia prazo para a correção do vício formal no processo
de criação dos municípios, passando a simplesmente afirmar que essas criações, ainda que viciadas, estariam
convalidadas. Ocorre que é cediço que inconstitucionalidade é vício insanável.

1.9. Princípio da proibição do atalhamento constitucional e do desvio de poder constituinte


O artigo 2º da EC 52/2006, ao determinar que o fim da obrigatoriedade da verticalização das coligações
partidárias fosse aplicável desde as eleições do ano de 2002, já finda, para que, então, pudesse já ser aplicada às
próximas eleições de 2006, pretendia burlar a regra constitucional trazida pelo artigo 16 da CF, que consagra o
princípio da anualidade, segundo o qual a lei que altera o processo eleitoral entra em vigor na data de sua
publicação, porém não se aplica à eleição que ocorra em até um ano da data de sua vigência.
Assim, o Ministro Ricardo Lewandowski entendeu que o constituinte reformador incorreu em desvio de
poder ou de finalidade, ou seja, expediente mediante o qual se busca atingir um fim ilícito utilizando-se de um
meio aparentemente legal. E, mais, afirmou o Ministro, nas palavras de Fábio Konder Comparato, que buscou-se,
no caso, o atalhamento da Constituição, utilizando o próprio constituinte reformador de artifícios para abrandar,
suavizar, abreviar, dificultar ou impedir a ampla produção de efeitos dos princípios constitucionais.
- Inconstitucionalidade chapada: Expressão utilizada pelo Ministro Sepúlveda Pertence quando
queria caracterizar uma inconstitucionalidade mais do que evidente, flagrante!!! Inconstitucionalidade
desvairada (Ayres Brito) aí já é demais pra minha mente!!!
1.10. Início da eficácia da decisão que declara a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo
Em regra, a decisão tem eficácia já a partir da publicação da ata de julgamento no DJU
1.11. Competência
- Lei ou ato normativo federal ou estadual em face da CF: Competência do STF
- Lei ou ato normativo estadual ou municipal em face da CE: Competência do TJ local

* Observe-se que, na hipótese de tramitação simultânea de ações, uma buscando declarar a


inconstitucionalidade de lei estadual perante o STF (confronto em face da CF) e outra perante o TJ local
(confronto em face da CE), tratando-se de norma repetida da CF na CE, dever-se-á suspender o curso da ação
proposta no TJ local até o julgamento final da ação intentada perante o STF.
- Lei ou ato normativo municipal em face da CF: Não há controle concentrado, só difuso. Há, porém, a
possibilidade do ajuizamento de ADPF.
* Lembre-se, contudo, de que, em caso de haver repetição de norma da CF pela CE, apesar de incabível o
controle de constitucionalidade perante o STF, será perfeitamente possível perante o TJ local, confrontando-se a lei
municipal em face da CE que repetiu norma da CF.
- Lei ou ato normativo distrital de natureza estadual em face da CF: Competência do STF
Lei ou ato normativo distrital de natureza municipal em face da CF: Não há controle concentrado, só
difuso. Há, porém, a possibilidade do ajuizamento da ADPF.
- Lei ou ato normativo distrital em face da Lei Orgânica Distrital: Competência do TJDFT local. Previsão
na lei nº 11.697/2011.
- IMPORTANTE: Lei ou ato normativo municipal em face da Lei Orgânica do Município: Não há
controle de constitucionalidade, tratando-se, pois, de simples caso de legalidade.
1.12. Legitimidade
Consoante o artigo 103 da Constituição Federal, são legitimados para a propositura de ação direta de
inconstitucionalidade perante o STF, para se questionar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual em face da própria CF, os seguintes:
1. Presidente da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
2. Mesa do Senado Federal (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
3. Mesa da Câmara dos Deputados (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
Observe-se que a Mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade para a propositura de ADI.
4. Mesa das Assembleias Legislativas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal (Legitimação Especial, na
qual se deve demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu interesse na propositura da ação relacionado a sua
finalidade institucional, e Capacidade Postulatória)
5. Governadores de Estado ou do Distrito Federal (Legitimação Especial)
6. Procurador-Geral da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
7. Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (Legitimação Ativa Universal e Capacidade
Postulatória)
8. Partido Político com representação no Congresso Nacional (Legitimação Ativa Universal – necessita de
advogado)
Segundo o STF, a representação do partido político é preenchida com a existência de apenas um parlamentar,
em qualquer das Casas Legislativas.
Ademais, a representação do partido político na ação dar-se-á pelo Diretório Nacional ou pela Executiva do
Partido, de acordo com a sua constituição, não se admitindo a legitimidade ativa ao Diretório Regional ou
Executiva Regional, na medida em que não podem agir nacionalmente.
Por sua vez, o novo entendimento do STF é no sentido de que a perda de representação política do partido no
Congresso Nacional posterior ao ajuizamento da ação, esse sim momento em que o partido político deva estar
devidamente representado, não mais extingue a sua legitimidade ativa, não sendo, destarte, óbice ao
prosseguimento da ação.
Por fim, lembre-se ainda de que o STF tem entendido ser imprescindível a presença de advogado para que
esses legitimados possam propor ação de controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual perante o STF. (ADI 131 / RJ - RIO DE JANEIRO 1989)
9. Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional (Legitimação Especial, na qual se deve
demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu interesse na propositura da ação relacionado a sua finalidade
institucional – necessita de advogado)
Saliente-se que as entidades de classe devem ser compreendidas apenas como categoria profissional,
organizadas em, pelo menos, 09 Estados da Federação. Exceção: se a atividade econômica atingir menos Estados
– exemplo relacionado ao sal.
Não se considera entidade de classe a reunião de categorias diversas ou permeada por membros vinculados a
extratos sociais, profissionais ou econômicos diversificados, cujos objetivos individuais são contrastantes. EX:
UNE (ADI 894-DF).
Por sua vez, as confederações sindicais devem ser constituídas por, no mínimo, 03 Federações Sindicais. Obs:
Central Única dos Trabalhadores - CUT não possui legitimidade ativa para ADI (STF ADI 271)
Outrossim, lembre-se de que o STF, alterando entendimento anterior, passou a admitir o ajuizamento de ADI
por Associação de Associação (Ex.: ADEPOL). (ADI 3153)
Por fim, lembre-se ainda de que aqui também o STF tem entendido ser imprescindível a presença de advogado
para que esses legitimados possam propor ação de controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal ou estadual perante o STF.
1.13. Procedimento
Encontra-se previsão nos §§ 1° e 3° do artigo 103 da CF, nos artigos 169 a 178 do RISTF, bem como na
Lei n° 9.868/99.
- Quando imprescindível a presença de advogado, a procuração deverá ser outorgada com poderes
especiais, indicando, ainda, objetivamente, a lei ou ato normativo que estejam sendo levados à apreciação do
Judiciário e respectivos preceitos caso não se trate de impugnação de toda a lei.
- Se a petição inicial for inepta, por não indicar o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado, ou não
for fundamentada ou for manifestamente improcedente, poderá o relator indeferi-la liminarmente, cabendo, no
entanto, contra tal decisão recurso de agravo.
- Não sendo o caso de indeferimento liminar, regra geral, o relator pede informações aos órgãos ou às
entidades das quais se emanou a lei ou o ato normativo impugnado, as quais deverão prestá-las no prazo de 30
dias, a contar do recebimento do pedido. Pode o relator, ainda, sendo relevante, solicitar a manifestação de outros
órgãos ou entidades.
- Após as informações, são ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da
República, que devem se manifestar, cada qual, no prazo de 15 dias.
- Sempre se entendeu, ademais, que o AGU deveria, necessariamente, defender o ato impugnado, enquanto
o PGR poderia dar parecer tanto favorável quanto desfavorável. Contudo, o STF vem afirmando que o AGU não
está obrigado a defender tese jurídica sobre a qual o STF já se pronunciou pela sua inconstitucionalidade.
Mais (GM): Papel do AGU – a CF diz que será citado para defender o ato impugnado. Descobriu-se,
posteriormente, que muitas vezes há conflito (Presidente ajuíza a ADI e o AGU vai defender?). Para GM, o AGU
não deve ser entendido como parte, e sim como uma instituição que é chamada para se manifestar, podendo dizer o
que entende. Hoje isso se consolidou – há direito de manifestação, sem obrigatoriedade de defesa do ato
impugnado, notadamente quando há um interesse da União na inconstitucionalidade da lei. É basicamente um
parecer concorrente ao do PGR. O leading case: exigir da AGU defesa em favor do ato impugnado em casos como
o presente, em que o interesse da União coincide com o interesse do autor, implicaria retirar-lhe sua função
primordial que é a defender os interesses da União (CF, art. 131). Além disso, a despeito de reconhecer que nos
outros casos a AGU devesse exercer esse papel de contraditora no processo objetivo, constatou-se um problema de
ordem prática, qual seja, a falta de competência da Corte para impor-lhe qualquer sanção quando assim não
procedesse, em razão da inexistência de previsão constitucional para tanto. (ADI 3916/DF, noticiado no Info 562).
- É permitida, ainda que excepcionalmente, e desde que o relator considere a relevância da matéria e a
representatividade dos postulantes, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
Participação do amicus curiae: ingresso é admitido até a entrada do processo na pauta.
- Também se houver necessidade de esclarecimentos de matéria ou de circunstância de fato ou houver
notória insuficiência de informações existentes nos autos, pode o relator requisitar outras, designar perito para
emitir parecer sobre a questão, ou designar audiência pública para ouvir depoimentos de pessoas com experiência
e autoridade na matéria. Artigo 9º, § 1º, da Lei nº 9.868/99
- E pode ainda o relator solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais Federais e aos
Tribunais Estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de sua jurisdição.
- A declaração de inconstitucionalidade será proferida pelo voto da maioria absoluta dos membros do STF
(mínimo de 6), observado ainda o quorum necessário para a instalação da sessão de julgamento (mínimo de 8).
Artigos 22 e 23 da Lei n° 9.868/99
- Ressalte-se ainda que sobre o controle de constitucionalidade não recai qualquer prazo prescricional ou
decadencial, uma vez que atos inconstitucionais jamais se convalidam pelo mero decurso do tempo. (princípio da
nulidade das leis inconstitucionais – is not law at all)
- Outrossim, não se admite assistência jurídica a qualquer das partes, nem intervenção de terceiros,
ressalvados nos caso já citados em que o relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, admite a manifestação de outros órgãos ou entidades.
- Por fim, é vedada a desistência da ação já proposta (Artigo 5° caput da Lei n° 9.868/99), bem como é
irrecorrível (salvo a interposição de embargos declaratórios) e irrescindível a decisão proferida (Artigo 26 da Lei
n° 9.868/99).
IMPORTANTE: não se aplicam os prazos diferenciados para a fazenda pública
- Causa de pedir aberta: em vista da natureza objetiva da ação de controle concentrado de
constitucionalidade, não fica o STF condicionado à causa petendi apresentada pelo postulante, mas apenas ao seu
pedido, motivo pelo qual ele poderá declarar a inconstitucionalidade da norma impugnada por teses jurídicas
diversas.
- Medida cautelar na ADI: será concedida, salvo no período de recesso, por decisão da maioria absoluta dos
membros do STF, observado o quorum mínimo para a sua instalação, após a audiência, exceto nos casos de
excepcional urgência, dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que se
pronunciarão no prazo de 5 dias. Se o relator ainda julgar indispensável, serão ouvidos o AGU e o PGR, no prazo
de 3 dias cada. Artigo 10, caput e §§, da Lei nº 9.868/99. E ainda é facultada a sustentação oral aos representantes
judiciais da parte requerente e dos órgãos ou autoridades responsáveis pela expedição do ato, na forma
estabelecida pelo Regimento Interno do STF.
- Procedimento “sumário” (art. 12) em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a
ordem social e a segurança jurídica, poderá o relator, após a prestação das informações, no prazo de 10 dias, e a
manifestação do AGU e do PGR, sucessivamente, no prazo de 5 dias, submeter o processo diretamente ao
Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. Artigo 12 da Lei nº 9.868/99
- Medida cautelar: dotada de eficácia contra todos (erga omnes), será concedida com efeito ex nunc,
salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa (ex tunc). O caráter vinculante da decisão
cautelar será aferida pelo STF na análise do caso. Gilmar Mednes defende a existência do efeito vinculante na
Cautelar em ADI, eis que opera no plano da vigência da lei atacada. Ademais, a concessão da medida cautelar
torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário. Artigo 11,
§§ 1º e 2º, da Lei nº 9.868/99 (efeito repristinatório).
1.14. A figura do amicus curiae
Regra geral, é vedada a intervenção ordinária de terceiros nos processos de ação direta de
inconstitucionalidade.
Contudo, excepcionalmente, poderá o relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade
dos postulantes, admitir, por despacho irrecorrível (alguns ministros estão aceitando a interposição de recurso
pelo amicus curiae contra a decisão que nega a entrada dele no processo), a manifestação de outros órgãos ou
entidades, nos termos do § 2º do artigo 7º da Lei nº 9.868/99 (amicus curiae).
Trata-se de verdadeiro fator de legitimação social das decisões da Suprema Corte, na medida em que
democratiza o debate constitucional (Celso de Mello).
Sua natureza jurídica é distinta das modalidades ordinárias de intervenção de terceiro previstas no Código
de Processo Penal, já que atua o amicus curiae como mero colaborador, sendo considerado modalidade sui generis
de intervenção de terceiros, inerente ao processo objetivo de controle concentrado de constitucionalidade, com
características próprias e bem definidas.
Algumas considerações gerais acerca do amicus curiae:
- Cabe ao relator, verificando a presença dos requisitos necessários, admitir ou não a intervenção do
amicus curiae. Contudo, ressalte-se que mesmo sendo admitido pelo relator, poderá o Tribunal deixar de
referendá-lo, afastando a sua intervenção.
- A decisão que admite ou não a presença do amicus curiae é irrecorrível, a fim de se evitar tumulto
processual (alguns ministros vem aceitando o recurso. Marco Aurélio aceita apenas os Embargos de Declaração e
não o agravo. Tema ainda não pacífico)
- São requisitos para a admissão do amicus curiae a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes.
- Prazo para ingresso do amicus curiae: somente até o momento em que o processo é encaminhado pelo
relator para inclusão na pauta de julgamentos é que será admitida a intervenção do amicus curiae nos processos
de controle concentrado de constitucionalidade. (2009 - STF) “(...) Preliminarmente, o Tribunal, também por
maioria, rejeitou o pedido de intervenção dos amici curiae, porque apresentado após a liberação do processo
para a pauta de julgamento. Considerou-se que o relator, ao encaminhar o processo para a pauta, já teria firmado
sua convicção, razão pela qual os fundamentos trazidos pelos amici curiae pouco seriam aproveitados, e
dificilmente mudariam sua conclusão. Além disso, entendeu-se que permitir a intervenção de terceiros, que já é
excepcional, às vésperas do julgamento poderia causar problemas relativamente à quantidade de intervenções, bem
como à capacidade de absorver argumentos apresentados e desconhecidos pelo relator. Por fim, ressaltou-se que a
regra processual teria de ter uma limitação, sob pena de se transformar o amicus curiae em regente do processo.
Vencidos, na preliminar, os Ministros Cármen Lúcia, Carlos Britto, Celso de Mello e Gilmar Mendes, Presidente,
que admitiam a intervenção, no estado em que se encontra o processo, inclusive para o efeito de sustentação oral.
Ao registrar que, a partir do julgamento da ADI 2777 QO/SP (j. em 27.11.2003), o Tribunal passou a admitir
a sustentação oral do amicus curiae — editando norma regimental para regulamentar a matéria —, salientavam
que essa intervenção, sob uma perspectiva pluralística, conferiria legitimidade às decisões do STF no exercício da
jurisdição constitucional. Observavam, entretanto, que seria necessário racionalizar o procedimento, haja vista que
o concurso de muitos amici curiae implicaria a fragmentação do tempo disponível, com a brevidade das
sustentações orais. Ressaltavam, ainda, que, tendo em vista o caráter aberto da causa petendi, a intervenção do
amicus curiae, muitas vezes, mesmo já incluído o feito em pauta, poderia invocar novos fundamentos, mas isso
não impediria que o relator, julgando necessário, retirasse o feito da pauta para apreciá-los (...)” ADI 4071
AgR/DF, rel. Min. Menezes Direito, 22.4.20099 (info543).
STF: Não são cabíveis os recursos interpostos por terceiros estranhos à relação processual nos processos
objetivos de controle de constitucionalidade, nesses incluídos os que ingressam no feito na qualidade de amicus
curiae. Ressalte-se que a interposição por estranho não é cabível ainda que este seja um dos legitimados para a
ação.
- Tem o amicus curiae, inclusive, o direito de apresentar sustentação oral, segundo vem estabelecendo a
jurisprudência do STF, consagrada no Regimento Interno.
Observações:
* Não obstante o § 2º do artigo 18 da Lei nº 9.868/99 ter sido vetado, admite-se ainda a figura do amicus
curiae na ação declaratória de constitucionalidade (ADC), com as ressalvas já apresentadas, em aplicação
analógica do artigo 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99, considerando se tratar a ADI e ADC de ações dúplices ou
ambivalentes.
* Também, na argüição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), será admitida, em casos
excepcionais, bem como desde que configuradas as hipóteses de seu cabimento, a presença do amicus curiae.
*Amicus curiae na ADO: perfeitamente possível, eis que as regras da ADO (LEI 12.063/2009)
expressamente autorizam a aplicação do procedimento da ADI.
* Na Representação interventiva (art. 36, III) também deve ser aceita a figura do amicus curiae, pois a lei
nº 12.562/2011 permite que o relator autorize a manifestação de interessados no processo, mesmo termo usado no
art. 6º, da lei 9882/99 ADPF. Logo, excepcionalmente deve ser aceito.
* Ainda se identificam as seguintes outras hipóteses de cabimento do amicus curiae: (a) processos de
interesse da CVM (artigo 31 da Lei nº 6.385/76), (b) processos de interesse do CADE (artigo 89 da Lei nº
8.884/94), (c) processos de controle difuso de constitucionalidade (artigo 482, § 3º, do CPC), (d) processos no
âmbito dos Juizados Especiais Federais (artigo 14, § 7º, da Lei nº 10.259/01), (e) no procedimento de edição,
revisão e cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo STF (artigo 3º, § 2º, da Lei nº 11.417/06), (f) na
análise da repercussão geral no julgamento de recurso extraordinário (artigo 543-A, § 6º, do CPC, introduzido
pela Lei nº 11.418/06).
* Pedro Lenza ainda entende ser possível a admissão de parlamentar na condição de amicus curiae, desde
que, presente a situação de relevância da matéria, demonstre ele, designado por via eleitoral para desempenhar
função política na democracia representativa sobre o qual se funda o regime democrático instituído no país, atuar
como verdadeiro representante ideológico de uma coletividade. Lembre-se, porém, de que inexiste, por ora, um
posicionamento do STF a esse respeito. Alerte-se que o STF não vem aceitando a atuação de pessoa natural na
condição de amicus curiae ADI 4.178/GO.
O amicus curiae não pode interpor recurso contra as decisões proferidas em ação direta. O STF (ADI
3.615-ED) entendeu que o amicus curiae somente pode interpor recurso contra a decisão de não admissibilidade de
sua intervenção nos autos (alguns ministros apenas que aceitam). Tem natureza jurídica de modalidade sui generis
de intervenção de terceiros, apesar de já haver posicionamento anterior identificando-o como mero colaborador
informal (Mauricio Correia).

1.15. Efeitos da decisão


A ação em comento possui caráter dúplice ou ambivalente, nos termos do artigo 24 da Lei nº 9.868/99,
segundo o qual, in verbis: “Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou
procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação
direta ou improcedente eventual ação declaratória.”

Por sua vez, regra geral, a decisão proferida na ADI possui os seguintes efeitos:
 erga omnes
 ex tunc
 efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Judiciário e à Administração (obs: não vincula o
Poder Legislativo quanto ao desempenho de sua atividade legiferante, sob pena de fossilização
constitucional)
Contudo, excepcionalmente, por motivos de segurança jurídica ou de excepcional interesse social,
poderá o STF, por manifestação qualificada de 2/3 de seus membros (8 Ministros), declarar a inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo sem a pronúncia de sua nulidade, restringindo os efeitos da referida declaração ou
decidindo que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser
fixado, ou seja, atribuindo-lhe efeito ex nunc, nos termos do artigo 27 da Lei nº 9.868/99.

Ademais, ressalte-se que, nesse último caso, os referidos efeitos só se iniciarão a partir do trânsito em
julgado da decisão (e não a partir da publicação da ata de julgamento no DJU).
- Interpretação conforme e declaração de nulidade parcial sem redução de texto
A visão binária de constitucionalidade / inconstitucionalidade está superada. A nulidade da lei
inconstitucional sempre foi referendada pela doutrina.

O controle concentrado é regido pelo princípio da parcelaridade, segundo o qual é permitido ao STF
julgar parcialmente procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade, apenas expurgando do texto
normativo uma única palavra, expressão ou frase, diferentemente do que ocorre com o veto presidencial a um
projeto de lei, que só poderá ser de texto integral de todo um artigo, parágrafo, inciso ou alínea.

Com o tempo, passou-se a adotar a interpretação conforme, com o intuito de proteger a lei – a lei é
constitucional desde que feita certa interpretação (julgamento de improcedência). Isso era, de certa forma,
contraditório, pois havia um julgamento de inconstitucionalidade das outras interpretações. Assim, na declaração
de inconstitucionalidade, acabou-se por inevitavelmente caminhar a interpretação conforme em conjunto com a
declaração parcial de nulidade sem redução de texto. Há a declaração da inconstitucionalidade das demais
interpretações. Ambas devem caminhar juntas. Por isso, o STF fala em julgamento de parcial procedência
A interpretação conforme é um método de interpretação sistemática, que pode resultar em várias técnicas
de decisão, podendo gerar declaração de inconstitucionalidade ou mesmo acrescer um sentido. Ou seja, a
interpretação conforme não está necessariamente relacionada à técnica de decisão que diz que apenas uma
interpretação é constitucional.
A declaração parcial de nulidade sem redução de texto é uma técnica de decisão que exclui determinada
interpretação (norma) que se extrai do texto normativo plurissignificativo.
Situação 1: a norma diz que a Administração pode revogar os seus atos. A interpretação conforme pode
aditar um sentido: desde que observado o contraditório e a ampla defesa.
Situação 2: a norma tributária diz que se aplica imediatamente. A interpretação conforme demanda que a
norma só é constitucional se for observado o princípio da anterioridade.

- Interpretação sem redução de texto


Nos casos em que o próprio legislador permite que haja diversas interpretações possíveis para uma única e
determinada norma, residindo a mácula da inconstitucionalidade somente na sua aplicação em um dado sentido
interpretativo, será possível ao STF, julgando parcialmente procedente a ação direta de inconstitucionalidade,
indicar qual dentre aquelas variadas interpretações se encontra conforme a Constituição, evitando, dessa forma,
que o referido dispositivo seja retirado do ordenamento jurídico.
- Efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade. Coisa julgada inconstitucional. Súmula 343/STF.
Colisão entre Segurança jurídica e autoridade do poder judiciário X Força normativa da constituição,
princípio da máxima efetividade das normas constitucionais e isonomia.
Cabimento de ação rescisória na hipótese de sentença inconstitucional, ou seja, baseada em lei declarada
inconstitucional pelo STF ou declarada constitucional quando a sentença entendeu pela inconstitucionalidade.
Deve-se fazer distinção entre sentença que contraria o posicionamento já adotado pelo STF em controle
concentrado sobre a constitucionalidade de lei e sentença transitada em julgado que aplicava ou afastava
determinada lei, vindo posteriormente a entrar em confronto com o STF com base em decisão posterior dessa
Excelsa Corte.
No primeiro caso, com base no efeito erga omnes e caráter vinculante, a sentença pode ser desconstituída
por rescisória, pois o julgador já deveria ter seguido o posicionamento do STF. Já no segundo caso, somente
poderá ser rescindida se for afastado o posicionamento da súmula 343/STF e se a matéria for de cunho
constitucional, com base na foça normativa da constituição e o STF como seu intérprete final.
Gilmar Mendes, em voto, defende a proteção do ato singular em homenagem ao princípio da segurança
jurídica. Distingue o efeito da decisão do controle concentrado de constitucionalidade no plano normativo e no
plano do ato singular.
Pedro Lenza defende que somente poderia ser desconstituída por ação rescisória, logo, respeitado o prazo
de dois anos. Esse prazo de dois anos deveria ser contado da sentença individual transitada em julgado e não da
decisão do STF que reconheceu a inconstitucionalidade ou constitucionalidade da norma em confronto com a
sentença que se busca desconstituir. O fundamento desse posicionamento é a insegurança jurídica que se
apresentaria no reconhecimento da possibilidade de desconstituir sentenças transitadas em julgado mesmo após
anos, ante o fato de que o controle de inconstitucionalidade não prescreve, o que perpetuaria o litígio.
IMPORTANTE: O STF aplicando a ponderação dos interesses, aceitou a relativização da coisa julgada
ainda que depois do prazo da rescisória, no caso de DNA para investigação de paternidade.
1.16. Reclamação
Tem por finalidade garantir a autoridade da decisão proferida, em sede de ação direta de
inconstitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal. (serve também para reafirmar a competência da Corte)

Quando o ato que se alega ter desrespeitado a decisão do Supremo Tribunal Federal for judicial, não poderá
ele já ter transitado em julgado.
Após o julgamento da Reclamação nº 1.880, em 07.11.2002, ampliaram-se legitimados para a propositura
de reclamação, não mais se restringindo ao rol constante no artigo 103 da CF e no artigo 2º da Lei nº 9.868/99,
para considerar todos aqueles que forem atingidos por decisões dos órgãos do Poder Judiciário ou por atos da
Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual, municipal e distrital contrários ao
entendimento firmado pela Suprema Corte, em julgamento de mérito proferido em ação direta de
inconstitucionalidade, em decorrência da eficácia vinculante atribuída as suas decisões (Artigo 28, parágrafo único
da Lei nº 9.868/99 e artigo 102, § 2º, da CF, com redação dada pela EC 45/2004).
Nessa linha de ampliação do instituto da reclamação, foi introduzido, pela EC 45/2004, o § 3º do artigo
103-A, a fim de se exigir também a observância das súmulas vinculantes editadas pela Suprema Corte, in verbis:
“Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,
conforme o caso.
Natureza jurídica da reclamação:
Há controvérsia na doutrina:
- Para Pontes de Miranda, trata-se de ação;
- Para Moacir Amaral e Alcides de Mendonça Lima, trata-se de sucedâneo de recurso;
- Para Orozimbo Nonato, trata-se de remédio incomum;
- Para certos doutrinadores, trata-se de incidente processual;
- Outros o vêem como medida de Direito Processual Constitucional (José Frederico Marques);
- Há aqueles que a tratam como medida processual de caráter excepcional;
- Há também os que a vislumbram (STF) como instrumento de extração constitucional (de caráter
constitucional), com dupla finalidade: preservar a competência e garantir a autoridade das decisões;
- Para Ada Pelegrini, trata-se de simples direito de petição (5º, XXXIV). O Supremo adotou esse
entendimento ao permitir a reclamação no âmbito estadual (TJ)

Reclamação no âmbito estadual: é possível, desde que haja previsão da CE, pois se trata de direito de
petição.

Reclamação e tribunal superior: Em outro julgado, o STF fixou o entendimento de que não é cabível a
previsão, unicamente por regimento interno de Tribunal Superior, deste instituto, fazendo-se necessária a
existência de lei (ou previsão constitucional).

2. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)


2.1. Conceito
A ADC foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro pela EC 03/93, a qual alterou a redação dos arts.
102 e 103 da CF, sendo regulamentada pela Lei nº 9.868/99.

Sua finalidade é declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal (apenas federal),
transformando uma presunção relativa (iuris tantum) em absoluta (iure et iure) e, por conseguinte, afastando o
quadro de incerteza sobre a validade ou aplicação da aludida lei.
2.2. Objeto
Lei ou ato normativo federal.
2.3. Competência
A apreciação de ADC é de competência originária do STF (art. 102, inciso I, alínea a, da CF)
2.4. Legitimidade
São os mesmos legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade.
2.5. Procedimento
É praticamente o mesmo seguido na ação direta de inconstitucionalidade, porém com algumas observações:
- A petição inicial deverá indicar: a) o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos
jurídicos do pedido; b) o pedido, com suas especificações; e c) a existência de controvérsia judicial relevante
sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. E ainda deverá conter cópias do ato normativo
questionado e dos documentos necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração de
constitucionalidade(art. 14 da Lei nº 9.868/99).
- A petição inicial será liminarmente indeferida pelo relator, se for inepta, se não for fundamentada, ou
ainda se for manifestamente improcedente, cabendo contra essa decisão agravo.
- O AGU não será citado, uma vez que não há ato ou texto impugnado a ser defendido. Pedro Lenza
entende que o AGU deve ser citado, pois a ADC é uma ADI com sinal trocado, logo a improcedência acarreta no
reconhecimento da inconstitucionalidade da lei.
- Por sua vez, será dada vista dos autos ao PGR, que deverá se pronunciar no prazo de 15 dias (art. 19 da
Lei nº 9.868/99), sendo que, havendo pedido cautelar, poderá haver decisão sobre a liminar antes da manifestação
do PGR
- Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência
das informações existentes nos autos, pode o relator requisitar informações adicionais, inclusive, aos Tribunais
Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma questionada no âmbito
de sua jurisdição, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data para,
em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria, a serem realizadas
no prazo de 30 dias a contar da solicitação do relator (§§ 1º a 3º do art. 20 da Lei nº 9.868/99).
- A decisão, em sede de ADC, será dada pela votação da maioria absoluta dos membros do STF (6), desde
que presente o número mínimo de 2/3 dos ministros (8).
- É vedada a intervenção de terceiros e a desistência da ação após a sua propositura.
- Por fim, a decisão, proferida na ação declaratória de constitucionalidade, é irrecorrível, salvo a
interposição de embargos de declaração, não podendo, ademais, ser objeto de ação rescisória.
- A medida cautelar, em ADC, consistirá na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o
julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até o seu
julgamento definitivo (art. 21 da Lei nº 9.868/99)

- Essa suspensão perdurará apenas por 180 dias, contados da publicação da parte dispositiva de decisão no
DOU, sendo esse prazo definido pela lei para que o Tribunal julgue a ação declaratória. Para GM e Ives Gandra, a
despeito da lei não prever a prorrogação do prazo da cautelar, se a questão não tiver sido decidida no prazo
prefixado, poderá o STF autorizar a prorrogação do prazo.

- A decisão de deferimento da medida cautelar (liminar) será dada pela votação da maioria absoluta dos
membros do STF (6) e terá efeito, segundo entendimento majoritário da jurisprudência, vinculante e erga omnes,
em vista do poder geral de cautela, inerente ao poder jurisdicional, podendo, ademais, as referidas decisões serem
preservadas pelo instrumento da reclamação.
2.6. Efeitos da decisão
Regra geral, a decisão proferida da ADC terá efeitos:
 erga omnes (contra todos)
 ex tunc
 vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública, direta ou indireta,
federal, estadual, municipal e distrital. (desde que surgiu ela tem efeito vinculante).

Em caso de decisão de procedência: poderá ser ajuizada ADI. Em decorrência das mudanças de fatos (ADC/1
min. Carlos Veloso), lei pode ser constitucional no presente e no futuro pode ser inconstitucional.
A lei pode ser ABSTRATAMENTE CONSTITUCIONAL, mas pode ser, no caso concreto, tida como
INCONSTITUCIONAL, assim o julgamento abstrato de constitucionalidade não impede que em determinado caso
concreto o reconhecimento da inconstitucionalidade (para o caso específico) (ADI 223) (do plano Collor).
O Min. Gilmar Mendes leciona que na Alemanha se firma, atualmente, a tese da dupla revisão judicial ou duplo
controle de constitucionalidade. Segundo esta tese, é possível, mesmo após o Tribunal Constitucional pronunciar-
se acerca da inconstitucionalidade de determinada norma, as instâncias inferiores poderem dela igualmente
conhecer, tendo em vista o caso concreto e calcadas no princípio da proporcionalidade. Quer dizer, em outras
palavras: mesmo após o controle concentrado de constitucionalidade, ainda persiste espaço para controle difuso de
constitucionalidade pelas instâncias judiciárias inferiores.
ADC/04 reconheceu a constitucionalidade da lei que proíbe a antecipação de tutela contra a fazenda pública, mas
os tribunais vêm entendendo que em determinados casos concretos pode existir inconstitucionalidade pela
proibição de antecipação de tutela contra a fazenda.
3. ADI por omissão

3.1. Conceito
A ADI por omissão tem por finalidade tornar efetiva norma constitucional de eficácia limitada, não
regulamentada por omissão do Poder Público ou órgão administrativo.
Essa omissão pode ser total, quando não houver o cumprimento constitucional do dever de legislar (Ex.:
Art. 37, inciso VII, da CF); ou parcial, quando houver lei infraconstitucional integrativa, porém, regulamentando
de forma insuficiente.
Omissão parcial propriamente dita: quando a lei existe, mas regula de forma deficiente o texto (Ex.: Art.
7º, inciso IV, da CF);
Omissão parcial relativa: quando a lei existe, outorgando determinado benefício a uma certa categoria,
porém deixando de conceder a outra que deveria também ter sido contemplada (Ex.: Súmula nº 339 do STF).
(chamada exclusão de benefício incompatível com o princípio da igualdade - advém do direito alemão)
Mandado de Injunção – combate a síndrome de inefetividade das normas constitucionais de eficácia
limitada. Mas o controle é difuso. Não há fungibilidade – diversidade de pedidos. O STF (MI 395 – QO) decidiu
pela impossibilidade de aplicação do princípio da fungibilidade entre a ADO e o MI, em razão de se tratarem de
pedidos diversos.
3.2. Objeto
O objeto aqui é amplo, pois são impugnáveis, na ADI por omissão, não apenas a inércia do Legislativo em
editar atos normativos primários, mas também a inércia do Executivo em editar atos normativos secundários, como
regulamentos e instruções, e até mesmo eventual inércia do Judiciário em editar os seus próprios atos.
O STF entende que, pendente de julgamento a ADI por omissão, se a norma que não tinha sido
regulamentada é revogada, ou se é encaminhado projeto de lei ao Congresso Nacional sobre a referida matéria,
haverá perda do objeto. A regra é que, desencadeado o processo legislativo, não há que se cogitar de omissão
inconstitucional do legislador. Contudo, essa orientação deve ser adotada com temperamentos. A inercia
deliberandi das Casas Legislativas pode ser objeto da ADI por omissão, sendo que o STF reconhece a mora do
legislador em deliberar sobre a questão, declarando, assim, a inconstitucionalidade por omissão. Em 2007, o STF,
por unanimidade, julgou procedente a ADI 3682, ajuizada pela Assembléia Legislativa do Estado do Mato Grosso
contra o Congresso em razão da mora na elaboração da LC federal a que se refere o § 4º do art. 18 da CR, na
redação da EC n. 15/96 Asseverou-se, entretanto, que não se poderia afirmar uma total inércia legislativa, haja
vista os vários projetos de lei complementar apresentados e discutidos no âmbito das Casas Legislativas. Não
obstante, entendeu-se que a inertia deliberandi (discussão e votação) também poderia configurar omissão passível
de vir a ser reputada morosa, no caso de os órgãos legislativos não deliberarem dentro de um prazo razoável sobre
o projeto de lei em tramitação. Aduziu-se que, na espécie, apesar dos diversos projetos de lei apresentados restaria
configurada a omissão inconstitucional quanto à efetiva deliberação da lei complementar em questão, sobretudo,
tendo em conta a pletora de Municípios criados mesmo depois do advento da EC 15/96, com base em requisitos
definidos em antigas legislações estaduais, alguns declarados inconstitucionais pelo Supremo, ou seja, uma
realidade quase que imposta por um modelo que, adotado pela aludida emenda constitucional, ainda não teria sido
implementado em toda sua plenitude em razão da falta da lei complementar a que alude o mencionado dispositivo
constitucional (info 466).
3.3. Competência
A apreciação da ADI por omissão é de competência originária do STF. Art. 103, § 2º, da CF, c.c.,
analogicamente, o art. 102, inciso I, alínea a, da CF. Quanto à eventual inconstitucionalidade por omissão de
órgãos legislativos estaduais em face da CF/88, GM afirma que a competência é do STF.
3.4. Legitimidade
São os mesmos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade (Art. 103 da CF),
inclusive, com as observações sobre a pertinência temática para alguns deles.
3.5. Procedimento: Ler a Lei 9868/99 com a alteração da lei 12.063 de 2009.
O procedimento é praticamente idêntico ao da ação direta de inconstitucionalidade, porém com algumas
peculiaridades
- O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá ser encaminhada no
prazo de 15 (quinze) dias. Sua citação não é obrigatória. Diferentemente da orientação dominante na
jurisprudência do STF até então, que dispensava a participação do AGU no processo da ADO, a lei previu que o
Relator poderá solicitar a manifestação do chefe da Advocacia Geral (12-E, §2º). Esta deverá ocorrer quando for o
caso, após a apresentação das informações pelas autoridades responsáveis pela eventual omissão, no prazo de 15
dias.
 É possível a concessão de medida cautelar: excepcional urgência e relevância da matéria podem
ensejar tal concessão, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão
inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.

 A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo


questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de
procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal.
 Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser adotadas no prazo
de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em
vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido.
3.6. Efeitos da decisão
A jurisprudência no STF sempre foi no sentido de que a ADI por omissão servia para comunicar ao
Congresso acerca do dever de legislar. Mas isso vem mudando um pouco, como no caso da criação dos
Municípios, em que se fixou um prazo.
A decisão tem caráter mandamental, constituindo em mora o poder competente que deveria ter elaborado a
lei e não o fez.
Quando a omissão for de órgão administrativo, este terá o prazo de 30 dias para saná-la ou em prazo
razoável quando a excepcionalidade do caso assim recomendar.
Caso da criação dos Municípios (art. 18, § 4º): o Congresso não editou a LC necessária para a criação
dos Municípios. Muitos municípios foram criados de forma inconstitucional. Houve várias ADIs contra as leis que
criaram Municípios, e ADI por omissão em relação ao art. 18, § 4º da CF. O STF declarou a omissão
inconstitucional e inconstitucionalidade, sem pronúncia de nulidade, das leis municipais (com modulação de
efeitos). Fixou-se um prazo de 18 meses para a LC, e 24 meses para a subsistência das leis municipais. Raciocínio:
criada a LC, as leis municipais poderiam ser criadas no prazo. O Congresso não criou a LC, mas fez EC para
ratificar a criação dos Municípios.
Fungibilidade
Para GM, há uma certa fungibilidade entre ADI por omissão parcial e ADI. O que vai diferenciar as duas
são as técnicas de decisão: num caso, será determinada a complementação; no outro, será declarada a nulidade da
lei.
Sentenças de caráter aditivo – surgem em caso de omissão do legislador
São decisões que integram ou complementam um regime previamente adotado pelo legislado ou, ainda,
quando a solução adotada pelo Tribunal incorpora solução constitucionalmente obrigatória.
A adição de textos de conteúdo normativo nessas sentenças representam mais do que uma interpretação
conforme. Há uma maior autonomia.
No passado, falava-se que não caberia a inconstitucionalidade por omissão, pois a inconstitucionalidade só
pode decorrer da extrapolação de limites por parte do legislador. Isso porque, na concepção dominante do Estado
Liberal clássico, a CF consagra os direitos fundamentais enquanto direitos de caráter negativo, impondo ao
legislador, em princípio, um dever de abstenção. Assim, em caso de extrapolação dos limites, haveria declaração
de nulidade da lei. A teoria da nulidade era perfeita para resolver os problemas de extrapolação de limites pelo
legislador
Com o avanço do Estado Social, o panorama muda, em razão da necessidade de implementação de direitos
sociais: o legislador tem um dever de agir. Surge a necessidade do controle da omissão legislativa. E mais: não vai
existir só a omissão total, mas também a omissão parcial (atuação incompleta)
Nas situações de omissão, notadamente a parcial, a simples declaração de nulidade de uma lei pode agravar
o estado de inconstitucionalidade, criando um vácuo normativo. Ex: art. 7º, IV, da CF – lei do salário mínimo que
deve ser suficiente a atender às necessidades do trabalhador e de sua família. A lei não atende aos ditames da CF.
Então é nula? Vamos fazer efeito repristinatório das leis anteriores? Até chegar num salário mínimo negativo?
Note-se que a técnica da nulidade não é adequada para resolver o problema, pois não se trata de um excesso
de poder, e sim de uma proteção insuficiente.
Não há muito consenso sobre as técnicas de controle de normas em caso de omissão. Mas isso vem
melhorando. Com o surgimento da modulação de efeitos (art. 27 da Lei nº 9.868/99), pode ser feita a declaração
de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade. Além disso, há a possibilidade da sentença de perfil
aditivo. Em 2009, a Lei nº 9.868 foi alterada para permitir um novo tratamento da matéria.
Exclusão de benefício incompatível com o princípio da igualdade: norma pode conferir um benefício a
alguém em detrimento de outro que se encontra na mesma situação. Aqui, por um lado, o legislador extrapolou os
limites; por outro lado, foi limitado, pois não estendeu o benefício à outra pessoa. É um típico caso de omissão
parcial.
Situação no STF: aumento concedido aos militares que fora concedido a certos setores civis, mas não fora
concedido aos demais civis. O STF entendeu que caberia a extensão (houve exclusão de benefício incompatível
com o princípio da igualdade e com sentença de perfil aditivo). (fungibilidade ADI e ADI por omissão).
Situação 2: concessão de benefícios a certas indústrias e também a certas concessionárias. Uma empresa de
pneus reclamou, sob o argumento de que as concessionárias, por também venderem pneus, estavam sendo
beneficiadas. O julgamento não terminou, mas o GM, no seu voto, entendeu que, na venda de pneus, havia uma
inconstitucionalidade, cabendo a extensão (sentença de perfil aditivo); se quiser revogar, que revogue para todos.
Note-se que, nos casos de omissão, a cassação da lei não resolve os casos de inconstitucionalidade.
A tendência é haver mais casos de omissão parcial. A omissão total morre, em geral, de morte morrida. Um
dia o legislador faz a lei – o problema vai ser agora contrastar a lei com a CF como um todo – será que atende a
todos os requisitos? Foi completo o dever constitucional de legislar?
STF – caso da assistência social – Lei nº 8.742/93 – LOAS – Há uma omissão parcial do legislador
aqui?
Leis do período inflacionário – pode ser constitucional num primeiro momento, mas deverá conter novos
temperamentos.
A posição do tribunal pode ser no sentido da modulação de efeitos (declaração de inconstitucionalidade
sem pronúncia de nulidade) ou a sentença de perfil aditivo.
4- ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)
4.1. Localização
Encontra previsão no § 1º do art. 102 da CF, com redação dada pela EC 03/93, regulamentado pela Lei nº
9.882/99.
Saliente-se que, antes do advento da aludida lei, entendia o STF que o art. 102, § 1º, da CF encerrava
norma constitucional de eficácia limitada. Sendo assim, enquanto inexistente lei regulamentando o referido
dispositivo constitucional, não podia o STF sequer apreciar as ações de argüição de descumprimento de preceito
fundamental.
4.2. Hipóteses de cabimento
Na hipótese de argüição autônoma, prevista no art. 1º, caput, da Lei nº 9.882/99, tem-se por objeto evitar
(preventivo) ou reparar (repressivo) lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público, qualquer que
seja esse ato administrativo.
Já na hipótese de argüição por equivalência ou equiparação, disciplinada pelo parágrafo único do art. 1º
da Lei nº 9.882/99, tem-se por objeto a existência de controvérsia (divergência jurisprudencial) constitucional,
com fundamento relevante, sobre lei ou ato normativo federal, estadual, municipal e distrital, incluídos os
anteriores à Constituição de 1988, violadores de preceito fundamental. A previsão se deu por lei – competência
originária do STF – há quem diga que seria inconstitucional. (Para GM, decorre da jurisdição constitucional).
Convém advertir ainda que, por ora, não cabe ADPF incidental (cisão funcional vertical), em relação a
controvérsias constitucionais concretamente já postas em juízo, salvo se vier a ser editada emenda constitucional
com previsão expressa a esse respeito. GM defende isso na ACP.
Hoje, porém, se admite a impugnação de decisões judiciais por meio da ADPF, antes mesmo de estarem
maduras para um RE. Leva-se uma questão constitucional presente no debate de 1ª instância para abreviá-lo.
Nesse ponto, há uma certa semelhança com o incidente de inconstitucionalidade do controle concreto europeu.
Ex: importação de pneus usados. Admite-se também o controle de leis revogadas.
4.3. Preceito fundamental
Tanto a Constituição como a lei infraconstitucional deixaram de conceituar preceito fundamental.
Nesse sentido, entende a doutrina que preceito fundamental seriam aqueles preceitos que informam todo
o sistema constitucional, estabelecendo os comandos basilares e imprescindíveis à defesa dos pilares da
manifestação constituinte originária e, por conseguinte, veiculando princípios e servindo de vetores de
interpretação das demais normas constitucionais. Como exemplo, são citados os princípios fundamentais dos
artigos 1º a 4º, as cláusulas pétreas do artigo 60, § 4º, os princípios constitucionais sensíveis do artigo 34, inciso
VII, os direitos e garantias individuais dos artigos 5º a 17, os princípios gerais da ordem econômica e financeira do
artigo 170 etc.
Por sua vez, o STF apenas tem resolvido, em cada caso concreto, se se trata ou não de preceito
fundamental, não definindo de forma ampla o que se entende por preceito fundamental. O veto não pode ser
contestado por meio de ADPF, já que se tratada de manifestação de ato político.
4.4. Competência
A apreciação da argüição de descumprimento de preceito fundamental é da competência originária do STF.
Art. 102, § 1º, da CF
4.5. Legitimidade
São os mesmos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade.
E ainda qualquer interessado, entendido esse como sendo qualquer pessoa lesada ou ameaçada por ato do
poder público (inciso II vetado do art. 2º da Lei nº 9.882/99), mediante representação, solicitando a propositura da
ação ao Procurador-Geral da República, que, examinando os fundamentos jurídicos do pedido, decidirá acerca do
cabimento de seu ingresso em juízo. (a legitimada, na realidade, é a PGR).
4.6. Procedimento
- A petição inicial, além dos requisitos do art. 282 do CPC, deve conter: a) a indicação do preceito
fundamental que se considera violado; b) a indicação do ato questionado; c) a prova da violação do preceito
fundamental; d) o pedido, com suas especificações; e e) se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia
judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado. Art. 3º da Lei nº 9.882/99
- Nos casos em que a presença de advogado for necessária (Partido Político com representação no
Congresso Nacional, Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional), deve o instrumento de
mandado acompanhar a petição inicial.
- A petição inicial será indeferida liminarmente pelo relator, quando não for o caso de argüição de
descumprimento de preceito fundamental, quando faltar algum de seus requisitos, ou quando ela for inepta, sendo
cabível contra essa decisão a interposição de agravo, no prazo de 5 dias. Art. 4º, caput e § 2º, da Lei nº 9.882/99
- A argüição de descumprimento de preceito fundamental possui caráter residual, sendo-lhe aplicável,
destarte, o princípio da subsidiariedade, segundo o qual somente será ela admitida quando não houver qualquer
outro meio eficaz capaz de sanar a lesividade indicada, compreendido no contexto da ordem constitucional global,
como aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata. Art. 4º, § 1º,
da Lei nº 9.882/99
Subsidiariedade: não pode haver outro meio de controle em processo objetivo. Se couber MS, RE, pode
caber a ADPF mesmo assim, pois ela gera eficácia geral, ao passo que os outros têm, em princípio, eficácia inter
partes. Ex: ADPF 33 – piso salarial de servidores – lei pré-constitucional revogada – decidiu-se que o princípio da
subsidiariedade legitimava a apreciação da ADPF, pois a existência de pendências judiciais não é bastante para
resolver o caso na amplitude da ADPF.
- Sendo assim, poderá a ADPF ser conhecida como ADI, se se tratar o objeto do pedido principal da
referida ação de declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo por ofensa a dispositivos
constitucionais.
- Após a apreciação da medida liminar requerida, o relator solicita informações às autoridades
responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de 10 dias.
- cabível amicus curiae, perícia etc.
- O Ministério Público, na condição de custos legis, tem vista do processo, por 5 dias, após o decurso do
prazo para as informações. Art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 9.882/99
- A decisão, na ADPF, deve ser tomada pelo voto da maioria absoluta dos membros do STF (no mínimo
6), desde que presentes, pelo menos, 2/3 dos ministros (no mínimo 8). Trata-se, respectivamente, do quorum de
julgamento (art. 97 da CF), bem como de instalação da referida sessão (art. 8º da Lei nº 9.882/99).
- A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido na ADPF é irrecorrível, não podendo,
ademais, ser objeto de ação rescisória. Art. 12 da Lei nº 9.882/99. Cabe reclamação contra o descumprimento de
decisão proferida, em sede de ADPF.
- O pedido de medida liminar, em sede de ADPF, será deferido por decisão da maioria absoluta de seus
membros (6 ministros). Ademais, em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave ou, ainda, em período de
recesso (que é distinto de férias), poderá a referida medida liminar ser deferida apenas pelo relator, ad
referendum do pleno. Art. 5º, caput e § 1º, da Lei nº 9.882/99
- Se entender necessário, o relator poderá ouvir, ainda em sede de liminar, os órgãos ou autoridades
responsáveis pelo ato questionado, bem como o AGU ou o PGR, no prazo comum de 5 dias. Art. 5º, § 2º, da Lei nº
9.882/99

- A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo
ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto de
arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada.
4.7. Efeitos da decisão
A decisão na ADPF é imediatamente auto-aplicável. § 1º do art. 10 da Lei nº 9.882/99
Possui eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder
Público. § 3º do art. 10 da Lei nº 9.882/99
Ademais, em regra, tem ainda efeitos retroativos (ex tunc), exceto nos casos em que, por razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o STF decida, por maioria qualificada de 2/3 de seus
membros, restringir os efeitos da declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado
(ex nunc) ou de outro momento que venha a ser fixado. Art. 11 da Lei nº 9.882/99
- ADPF pode ser conhecida como ADI, ante seu caráter subsidiário. (princípio da fungibilidade).
5. ADI interventiva
5.1. Conceito
A ADI interventiva é pressuposto para a decretação de determinada hipótese de intervenção da União nos
Estados, no Distrito Federal ou nos Municípios localizados em Território Federal, bem como dos Estados em seus
respectivos Municípios, na medida em que, através dela, é que se verificará a presença de seus pressupostos.
Lembre-se que há situações em que não se faz necessário o prévio ajuizamento e, por conseguinte, a
procedência de ADI interventiva para se decretar a intervenção federal ou estadual. Trata-se de um controle
concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo em tese realizado em um caso concreto. CONTROLE
CONCENTRADO E CONCRETO.
Luis Roberto Barroso entende se tratar de um litígio constitucional, de uma relação processual
contraditória, contrapondo União e Estado-membro, cujo desfecho pode resultar em uma intervenção federal.
 ADI interventiva federal: depende de provimento de representação do PGR.
Objeto: lei ou ato normativo, ou omissão, ou ato governamental estaduais ou distrital de natureza estadual,
contrários aos princípios sensíveis da CF; bem como lei federal cuja execução esteja sendo recusada.
São princípios sensíveis: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da
pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e)
aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Art. 34,
inciso VII, da CF
 Competência: STF
 Legitimidade ativa: PGR
 Procedimento: Julgada a ADI interventiva procedente, pela maioria absoluta de seus membros (art. 97 da
CF), requisitará o STF ao Presidente da República que decrete a intervenção. O Presidente, por sua vez,
limitar-se-á, através de Decreto, a suspender a execução do ato impugnado e, apenas se essa medida não for
suficiente para o restabelecimento da normalidade, decretará a intervenção, nomeando interventor, bem como
afastando as autoridades responsáveis de seus cargos. §§ 1º e 3º do art. 36 da CF
 Quando ocorrer o afastamento do gestor estadual e nomeação de interventor, o decerto deve ser enviado para
apreciação do CN no prazo de 24 horas.
 ADI interventiva estadual
Prevista no art. 35, inciso IV, da CF, in verbis: “O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando o Tribunal de Justiça der provimento à
representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.”
 Objeto: lei ou ato normativo, ou omissão, ou ato governamental municipais contrários aos princípios
sensíveis indicados na CE; bem como lei, ou ordem, ou decisão judicial não cumpridas.
 Competência: TJ local
 Legitimidade ativa: Procurador-Geral de Justiça (art. 129, inciso IV, da CF)
 Procedimento: Julgada procedente a ação, pela maioria absoluta dos membros de seu órgão especial (art. 97 da
CF), comunicará o Presidente do TJ local a decisão ao Governador do Estado, o qual, por sua vez, se limitará,
através de Decreto, a suspender a execução do ato impugnado e, apenas se essa medida não for suficiente para
o restabelecimento da normalidade, decretará a intervenção, nomeando interventor, bem como afastando as
autoridades responsáveis de seus cargos.
Controle abstrato de constitucionalidade nos Estados-Membros

1. Regras gerais
Nos termos do art. 125, § 2º, da CF, in verbis: “Cabe aos Estados a instituição de representação de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual,
vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.”
Segundo Pedro Lenza, embora o referido dispositivo constitucional apenas mencione a possibilidade de se
instituir, no âmbito estadual, a representação de inconstitucionalidade, a qual corresponderia à ADI, deve-se
permitir também, pelo princípio da simetria, a implementação dos demais meios de controle, quais sejam, ADC,
ADI por omissão etc.
2. Objeto
Somente leis ou atos normativos estaduais ou municipais.
3. Competência
A apreciação da representação de inconstitucionalidade, em sede de controle abstrato, será de competência
originária do TJ local.
4. Legitimados
A Constituição Federal não especificou os legitimados para a propositura, em âmbito estadual, de
representação de inconstitucionalidade, porém proibiu a sua atribuição a um único órgão.
Sendo assim, deixou que cada Constituição Estadual estabelecesse os seus legitimados, observando-se o
princípio da simetria, em vista de se tratar de manifestação do poder constituinte derivado decorrente. Ex:
Governador, Mesa da Assembleia, Conselho Estadual da OAB etc.
No entanto, tem o STF aceitado a ampliação pelas Constituições Estaduais de seus respectivos legitimados
para a propositura de representação de inconstitucionalidade, em âmbito estadual, sem guardar simetria com o art.
103 da CF.
Por sua vez, quanto a restrição desse rol, ainda não houve manifestação pelo STF a respeito, lembrando-se
apenas de que a Constituição Federal, em seu art. 125, § 2º, proibiu a atribuição de legitimação para agir a um
único órgão.
Considerações finais
O TJ local apenas realizará controle concentrado e abstrato de lei ou ato normativo estadual ou municipal,
ou ainda distrital, em face de Constituição Estadual. Contudo, se se tratar de controle difuso, será possível que o TJ
, através do Pleno ou de seu Órgão Especial, aprecie, de maneira incidental, a constitucionalidade de lei federal em
face da Constituição Federal.
Por sua vez, o STF, em controle concentrado e abstrato, somente apreciará lei ou ato normativo federal ou
estadual, ou ainda distrital de caráter estadual, em confronto com a Constituição Federal. Excepcionalmente,
porém, poderá o STF analisar lei municipal perante a Constituição Federal, só que em sede de ADPF.
Observe-se, então, que as leis estaduais sofrem dupla fiscalização, em controle concentrado e abstrato,
seja perante o TJ e tendo como parâmetro a Constituição Estadual, seja perante o STF e tendo como parâmetro a
Constituição Federal.
E haverá simultaneidade de ações diretas de constitucionalidade, se a mesma lei estadual for objeto de
controle concentrado no TJ e no STF. Nesse caso, o controle estadual deverá ficar suspenso, aguardando o
resultado do controle federal.
E, se o STF declarar a inconstitucionalidade da lei estadual perante a Constituição Federal, a ação
estadual perderá o seu objeto, uma vez que a referida lei não mais produzirá efeito algum. Por outro lado, se o
STF declarar a constitucionalidade da lei estadual perante a Constituição Federal, prosseguirá ainda a ação
estadual, pois a referida lei, ainda que compatível com a Constituição Federal, poderá não sê-la em relação à
Constituição Estadual.
Também, se a ação for proposta primeiramente perante o TJ e este declarar a constitucionalidade da lei
estadual em relação à Constituição Estadual, ainda assim será possível o seu exame, em confronto com a
Constituição Federal, no futuro, pelo STF, por ser ele o intérprete máximo da Constituição, cujo julgamento, por
sua vez, prevalecerá inclusive sobre a coisa julgada estadual. Porém, se o TJ declarar a inconstitucionalidade da lei
estadual, não haverá mais sentido de seu controle perante o STF, uma vez que a referida lei já terá sido retirada do
ordenamento jurídico.
Regra geral, da decisão do TJ, em controle concentrado e abstrato de lei estadual ou municipal perante a
Constituição Estadual, não cabe recurso para o STF. Contudo, excepcionalmente, se o parâmetro da Constituição
Estadual for norma de reprodução obrigatória da Constituição Federal pelos Estados-Membros, será possível, a
fim de se evitar que haja usurpação de competência do STF, a interposição de recurso extraordinário contra o
referido acórdão do TJ para que o STF examine a lei estadual ou municipal em confronto com a Constituição
Federal.
E a decisão desse recurso extraordinário pelo STF produzirá, via de regra, efeitos erga omnes, ex tunc e
vinculante, uma vez que ainda se trata de controle concentrado e abstrato.
Princípios a serem observados pelo Estado
Princípios sensíveis: aqueles cuja observância é obrigatória, sob pena de intervenção federal.
Princípios extensíveis: regras de organização que a CF estendeu aos Estados (art. 25).
Princípios estabelecidos: princípios que limitam a autonomia organizatória do Estado. Contêm limitações
expressas (vedatórias ou mandatórias) e implícitas (vedatórias ou mandatórias).

Você também pode gostar