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2019/2020
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0. Sobre a ideia de Justiça Constitucional
Art.º 16º DDHC à “Uma sociedade em que não esteja assegurada a garantia
dos direitos nem estabelecida a separação de poderes não tem uma
constituição”.
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Ø Vivemos sob uma constituição, mas a constituição é aquilo que os juízes
dizem que ela é.
Ø Revisão constitucional
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- Perante uma determinada jurisprudência, os parlamentos acabam
por rever a constituição à Inviabilizar determinadas linhas
jurisprudenciais.
Ø Questões jurídico-constitucionais
- Discriminação de minorias.
- Intensificado de conteúdo.
- Sustentabilidade.
- Evidência.
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Ø Verdadeira sociedade aberta pessoas não se devem autocensurar por não
serem especialistas.
Revisão constitucional
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- Antes da lei entrar em vigor pode ser submetida a fiscalização
constitucional (Conselho constitucional pode ser solicitado pelo PR
para decidir sobre a constitucionalidade da lei).
Nota: Se a lei for promulgada após ser declarada como não inconstitucional,
não significa que esteja imune ao resto dos mecanismos de fiscalização da
constitucionalidade.
- Sucessiva
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o TC declara com força obrigatória geral (decorre da
força obrigatória geral da própria lei à para a afastar
da ordem jurídica, é preciso um ato em sinal
contrário) a inconstitucionalidade, ou não declara a
inconstitucionalidade.
§ Declaração de inconstitucionalidade em
princípio destroem todos os efeitos produzidos
pela lei enquanto esta esteve em vigor (eficácia
retroativa), a não ser que seja determinado algo
em contrário.
o Difusa
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viola um direito fundamental, por exemplo do
seu cliente
- Processo de generalização.
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Ø Trata-se de afastar da ordem jurídica uma norma que por 3 vezes já foi
julgada inconstitucional em casos concretos
Ex.: Juiz condena arguido por crime que ele próprio inventou à A
inconstitucionalidade está na própria decisão judicial. No nosso
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sistema este tipo de problemas não são passíveis de recurso – só
pode ser questionada a constitucionalidade de normas jurídicas.
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1. Perspetivas de uma mesma realidade: do “estado natureza” às
Constituições
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Ø O que está aqui em causa já não é defender indivíduos relativamente ao
seu estado, mas sim independentemente do país ou estado onde se
encontram.
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1.4. Corolário 1: atipicidade e cláusula aberta (artigo 16º nº1)
Ø Esta cláusula aberta permite que existam novos direitos, que surjam no
futuro, e que sejam incorporados na CRP à Rigidez constitucional faz
muitas vezes com que surjam novos direitos na legislação ordinária e em
convenções.
Ø Há direitos que hoje em dia estão na CRP mas que surgiram em primeiro
lugar na lei ordinária.
Ø Os direitos que estão fora da CRP nem todos merecem esta qualificação.
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Ø Critério de fundamentalidade é a dignidade da pessoa humana.
- Não quer dizer que não deixem de ser iguais e que não percam a
liberdade ao longo da vida.
Declinações
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- Impõe dever estadual de respeito e proteção estadual.
Ø CRP – Art.º 1º
Matriz religiosa à Todos os homens são filhos de Deus, e são de certa forma o
reflexo da dignidade de Deus.
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- Ordem jurídica, seja em qualquer das suas dimensões, nunca pode
transformar uma pessoa num objeto, numa máquina.
- Filosofia grega.
- Direito romano.
- Moral cristã.
Ø Em Portugal:
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- Art.º 16º à Determina-se que o Estado tem que estabelecer
mecanismos de preservação da dignidade humana, quando trata
informações relativas às pessoas ou às famílias.
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2. Desenvolvimento geracional: um caminho feito a caminhar
Ø Ainda hoje estes direitos figuram também nas ordens jurídicas civis à
CC tem um conjunto de direitos de personalidade.
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- Estes direitos no CC são também direitos fundamentais através da
cláusula de receção.
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Ø A democracia representativa assenta numa desconfiança significativa
relativamente ao voto popular (apesar de ter acabado por evoluir para o
sufrágio universal).
Ø Direitos políticos são por vezes vistos como uma 2ª geração que se vai
desenvolvendo ao longo do tempo.
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proteção dos trabalhadores face aos empregadores, e por vezes
contra o estado).
Ø Ainda assim, há que reconhecer que cada vez que nasce nova geração,
isto transforma as gerações antigas.
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Ø Este direito todavia acabou por ficar sozinho à Esta geração não gerou o
surgimento de outros direitos a par do direito ao ambiente.
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Ø Liberdade de expressão à Reage contra a censura.
Vão surgindo novos direitos que estão tutelados ao abrigo da cláusula geral do
Art.º 16º CRP (Ex.: Direito à identidade genética), mas também os direitos
velhos se vão desdobrando em novas faculdades (Ex.: Faculdade de
esquecimento do direito à utilização informática) e novas interpretações do
próprio direito que, devido à evolução tecnológica, são necessárias fazer face às
novas ameaças.
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3. Desenvolvimento funcional: multidimensionalidade dos direitos
fundamentais
Ø Direitos negativos.
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3.2. Direitos a prestações
Ø Séc. XX à Dá-se uma afirmação dos direitos sociais, que têm uma
estrutura radicalmente diferente dos direitos de defesa (Ex.: Educação,
saúde, trabalho, habitação).
Ø Direitos pensados contra o Estado, que não podem ser inexistentes quanto
a sujeitos privados (direitos sociais alargando-se para todos os outros
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direitos fundamentais, sendo mais importante para direitos de 4ª geração,
das ameaças tecnológicas).
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Ø Os direitos estão mais expressos numa perspetiva de defesa, e os direitos
sociais como forma de prestação, mas já existem alguns direitos que
refletem o Estado como coordenador (direitos de autor, proteção de dados
e direito ao ambiente).
Ø Do Estado exige-se que este aja e não se abstenha. Essa atuação começa
com uma atuação legislativa e depois a sua execução de forma positiva,
de modo pecuniário ou normativo. Não deixa de existir uma relação
horizontal entre lesado e agressor, mas o lesado exige a defesa do Estado.
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não tem personalidade jurídica, isto é, não se poderá defender (Ex.:
Feto, interrupção voluntária da gravidez, embrião humano,
gerações futuras).
No caso de vinculação jurisdicional é que tem que promover nas suas decisões a
proteção dos direitos fundamentais.
Ø É por isso que quando nós fazemos esta análise e confrontamos vários
direitos que nos surgem em determinado caso, temos de começar semrpre
numa perspetiva de “vamos maximizar o conteúdo de um direito, ou pelo
menos vamos procurar conferir a um direito uma força compatível com a
sua consagração constitucional, o que poderá implicar a restrição de
direito de outras pessoas”.
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Qual a medida de proteção que tem de dar aos direitos que tem de
proteger?
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3.5. Determinantes organizativas e direitos procedimentais e processuais
Organizacionais
Ø Quer dizer que os direitos fundamentais não podem ser inteirados apenas
como parâmetros de relacionamento entre sujeitos numa lógica de
direitos de crédito ou direitos a exigir prestações e os deveres
correspetivos à São também parâmetros objetivos que fundamentam a
ordem jurídica no seu conjunto.
Procedimentais
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- Ou há um procedimento para aceder a um direito (Ex.:
Naturalização).
Processual
Ø Há 2 vertentes:
Por vezes aponta-se ainda aos direitos fundamentais uma função valorativa,
irradiante:
Ø Quer dizer que os direitos também se apresentam por vezes como valores.
Significa não apenas que os direitos vão evoluindo e refinando com o tempo,
mas também que as gerações presentes têm de fazer uso de alguns direitos
fundamentais de modo que as gerações futuras possam beneficiar do exercício
desses direitos.
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3.8. Lüth-Urteil e a ideia de “Estado de direitos fundamentais”
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4. Unidade ou dualidade: direitos de liberdade e direitos sociais
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Ø Do ponto de vista ideológico, quem vai fazer mais avanços nos direitos
sociais são os partidos democratas cristãos
- Liberais diz que tudo o que depende do estado não são verdadeiros
direitos à Verdadeiros são os direitos civis e políticos.
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justifica que o estado tenha de tirar as pessoas de uma situação de
miséria.
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Ø O direito à saúde pode também ter uma dimensão negativa à Direito a
recusar tratamentos médicos ou outro tipo de intervenções na nossa
saúde.
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- Normas exequíveis por si mesmas à Não exigem intervenção do
legislador.
Ex.: Art.º 46º nº6 CRP – Objeção de consciência; Art.º 20º nº1 – Direito
ao acesso a tribunal (direito positivo – ninguém acede a tribunal se não
houver tribunal; mas a primeira dimensão do direito é negativa – ninguém
pode ser impedido de ir defender um direito lesado a tribunal).
Isto não significa que nos direitos sociais típicos o legislador tenha muita
mais liberdade para decidir quando é que esses direitos prima facie se
tornam em direitos concretos:
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- Prestação de segurança social contributiva à Pessoas recebem
porque pagaram, porque descontaram.
Há então:
Ø Diz-se que os direitos civis são subjetivos e que os direitos sociais estão
sob uma condição ou reserva do financeiramente possível.
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- Procedimento de acesso aos direitos transparente e justo.
Conclusão:
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Ø O regime dos direitos, liberdades e garantias tem 3 componentes,
segundo Jorge Miranda:
- Material à Elencados.
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5. Titularidade (e exercício) dos direitos fundamentais
Ø Art.º 12º à Vale essencialmente por causa dos direitos fundamentais das
pessoas coletivas porque nem todos os direitos são universais.
- Pode uma pessoa coletiva invocar o direito à vida para não ser
extinta? à Questão que não é pacífica.
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- Temos de recorrer a uma ideia de dupla compatibilidade entre o
com a personalidade coletiva, e com o tipo de pessoa coletiva
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Ø Devemos também pensar no problema dos direitos fundamentais das
pessoas individuais nas instituições em que se inserem.
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Como então fazemos esta comparação entre A e B? à Comparação tem de ser
valorativa.
Ex.: Licença de aleitamento à Para saber quem tem direito para efeitos de
amamentação, como as mulheres são diferentes dos homens, podemos tratá-los
de forma diferente para este efeito.
Art.º 13º nº2 à O que está em causa é a identificação de critérios que a CRP
considera que de modo geral não são valorativamente aceitáveis para comparar
A e B.
1ª fase
2ª fase
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3ª fase
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- Muitas vezes é necessário ter um conjunto de termos de
comparação para haver uma comparação razoável.
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ü O princípio de igualdade não cessa de operar quando as
situações são diferentes à Opera com o princípio da
proporcionalidade para evitar tratamentos excessivamente
discrepantes.
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- Na CRP encontramos fundamentos para a especial proteção dos
trabalhadores jovens, do trabalho das mulheres durante a gravidez
à Pessoas vulneráveis a diferentes tipos de discriminação.
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- Diferenciação desproporcionada à A medida do tratamento
indiferenciado é inconsistente com as diferenças entre os sujeitos.
Ø Dever de proteção que o Estado tem relativamente aos seus cidadãos que
se encontram no estrangeiro à Feita pela via diplomática e pela via
consular.
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Ø Normalmente o fundamento para a proteção era a cidadania à Hoje em
dia diz-se que a proteção pode fundar-se na titularidade de um conjunto
de direitos fundamentais, não incompatíveis com ausência.
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Questão do estado de sítio e estado de emergência
3. Calamidade pública
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O Art.º 9º da Lei associa o estado de emergência às situações de calamidade
pública.
Ø Jorge Miranda refere-se a este decreto como um ato com força afim da
força de lei à Tem conteúdo normativo como a lei, produz efeitos como
a lei, e vincula entidades públicas e privadas no geral.
Conteúdo do decreto do PR
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Ø Especificação dos poderes das autoridades públicas (forças armadas e de
segurança).
Ø Vida (24º)
Este artigo revela uma hierarquia constitucional à Não existe uma ordem
fixa de importância, mas este artigo muitas vezes é indicado como indicando
direitos que, apesar de tudo, não podem ser violados nem nestas situações, e que
portanto, estão em primeiro.
Não há uma hierarquia estrita à Valia dos direitos tem de ser analisada em
razão da situações concreta, mas é evidente que o artigo tem aqui importância.
Efeitos: alguns direitos suscetíveis de suspensão (Art.º 19º CRP e 14º da Lei
44/86)
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Ø Reserva de intimidade na vida privada (26º)
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Ø Fiscalização administrativa e jurisdicional (Art.º 6º, 18º e 22º) à O Prof.
crê que não abrange a fiscalização preventiva pelo TC
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6. Força jurídica das normas jusfundamentais: “direitos
como um todo”
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pode atingir o núcleo essencial do direito, resulta que a restrição implica
suprimir algumas das faculdades na zona periférica
- Direitos que ainda não têm sujeito, ainda que mereçam tutela
(vida intra-uterina, procriação medicamente assistida).
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6.3. Aplicabilidade imediata (artigo 18º nº1)
Ex.: Objeção de consciência (Art.º 41º nº6) à Era usada para alguns
jovens, que eram incorporados nas forças armadas, não o serem,
invocando a objeção de consciência, obrigados a prestar serviço militar
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6.4. Exequibilidade, não exequibilidade e programaticidade
Ø Se tivermos uma norma como a do Art.º 41º nº6, claramente é uma norma
não exequível, mas isto não dispensa que os tribunais não tentem aplicar
no caso concreto.
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- O artigo não é exequível por si mesmo, mas quando se trata de
responsabilidade civil, há um conjunto de disposições comuns, que
os tribunais podem usar nas suas decisões.
Ø Por outro lado esta vinculação e também um limite à fuga para o direito
privado à Em muitas áreas do direito publico, por uma questão de
agilidade, as entidades públicas recorrem a instrumentos de direito
privado.
Ø Isto não pode significar uma subtração total da vinculação das entidades
públicas aos DLG à Privados têm regime menos intenso de vinculação,
mas as entidades públicas, mesmo quando procuram fugir para o direito
privado, não se podem subtrair a uma total vinculação aos DLG.
Função política à Significa que o governo não pode negociar, a AR não pode
aprovar e PR não pode ratificar convenções internacionais que ponham em
causa o catálogo de direitos fundamentais consagrados na nossa CRP.
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Ø Proteção diplomática e consular à Quando algum português no
estrangeiro se encontra em situação de dificuldade, Portugal tem a
obrigação de o assistir, por exemplo, num processo de julgamento.
Função legislativa à Torna-se claro que o nº1 do artigo diz mais que o nº3 do
Art.º 3º. A vinculação do legislador aos direitos fundamentais não é apenas
negativa, mas também positiva
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Ø Abrange quer a produção de regulamentos, quer a produção de atos
individuais e concretos (atos administrativos), quer as operações
materiais (categoria mais relevante àEx.: Intervenções policiais
encontram-se reguladas no Art.º 272º. Há uma ampla discricionariedade
da policia na escolha dos meios concretos de atuação), quer a atividade de
planeamento.
- Canal que deve ser usado para evitar que a AP produza decisões
que violem direitos fundamentais à Canal importante do ponto de
vista da tutela dos direitos fundamentais na relação entre cidadãos
e AP. Este instituto encontra-se regulado no CPA.
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(Administração autónoma) à Quando se defende a
fiscalização administrativa, pressupõe-se que as decisões
neste aspeto só podem ser tomadas pelo topo da hierarquia, e
não por qualquer funcionário administrativo
Função jurisdicional
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ü Os tribunais podem e devem recusar a aplicação de normas
contrárias a direitos fundamentais.
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7. Vinculação das entidades privadas (artigo 18º, nº1): uma
sucessão de equívocos
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Ø A verdade é que se olharmos para trás, em bom rigor, os direitos
fundamentais (ou pelo menos alguns), já eram protegidos por normas de
direito civil e penal, mesmo antes das Revoluções Liberais.
Ø Uma das razões pela qual este problema é muito debatido é o facto de se
entender que é um problema de direito privado, de invasão do direito
privado pelo público
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ü Conceitos podem estar em causa por causa da invasão dos
direitos fundamentais para o universo do direito privado.
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perpetradas por sujeitos privados (Ex.: Empregadores que discriminam
mulheres).
Ex.: Art.º 16º CRP à Direito ao bom nome e reputação. Este direito não está
consagrado numa relação especial com o poder público. A todos é reconhecido
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este direito, mas há muitos outros casos em que os direitos são formulados
claramente contra o Estado.
Ø Isto faz sentido em alguns casos (Ex.: Direito de voto à O sujeito ativo é
o cidadão, titular do direito de voto. O sujeito passivo é o estado, que tem
de organizar o processo eleitoral. Pode ainda haver aqui uma eficácia
quanto a terceiros, se no dia das eleições existir um conjunto de
trabalhadores que estejam a exercer a sua atividade sem irem votar. O
efeito quanto a terceiros é a necessidade de os empregadores libertarem
trabalhadores para estes irem votar.
Teoria dos deveres estaduais de proteção à O que está aqui é uma derivação
da tese da eficácia do legislador de direito privado.
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Ø Triângulo jusfundamental à Entre o agressor e o lesado (sujeitos na base
do triângulo), não há propriamente uma relação. O que há é um dever do
Estado de proteger o lesado relativamente ao agressor. O lesado tem
direito a proteção estadual, e portanto a relação é vertical.
Ø Isto é absurdo à Tomemos por exemplo um caso de direito penal. A, é o
lesado, e tem direito à, e B é o agressor e potencial homicida.
- O que esta tese diz é que entre A e B não há relação. O Estado tem
o dever de proteger A, e tem de estabelecer uma norma de
incriminação do homicídio.
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Teoria da eficácia intersubjetiva plena à Dizer que a ordem jurídica é una, e
os direitos fundamentais valem em todos os ramos jurídicos. A vinculação e
variável, temos de ver direito a direito (há direitos que fazem mais sentido em
determinadas situações).
- Zona de exclusão.
Ø Isto não quer dizer que relativamente a todos os outros possa haver
verdadeiramente incerteza.
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para casos particulares, porque a regra é a vinculação dos sujeitos
privados.
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8. Deveres estaduais de proteção: redescoberta tardia de uma
função antiga
Outra forma de ver problema à É de olhar para ela como via intermédia entre
eficácia imediata e mediata dos direitos fundamentais entre privados.
Ø Olhar para o triângulo e dizer que entre o agressor e o lesado, não há uma
relação jusfundamental. Apenas existem 2 relações jusfundamentais -
entre o agressor e o Estado e o lesado e o Estado.
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Visão do Prof. à Olha para o Art.º 18º, e faz uma leitura centrada na força
normativa e não nas restrições.
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Ø O corona vírus é um perigo. Mas há muitas tecnologias que não sabemos
se verdadeiramente causam dano à saúde (radiações de antenas dos
telemóveis), e que portanto, constituem uma situação de risco.
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geram efetivamente os perigos e riscos para os direitos dos concidadãos
(Ex.: As centrais nucleares são geridas por empresas privadas, mas a
licença de funcionamento é dada pelo Estado).
- Isto não quer dizer que este dever de proteção implique pelo
Estado assumir uma obrigação de resultado à Quanto maior o
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perigo, menor é a possibilidade de imputarmos ao Estado uma
obrigação de resultado.
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- Podemos estabelecer princípio da indivisibilidade da proteção. Não
podemos dividir perigos e riscos entre os que geram e não geram
dever de proteção.
Que direitos?
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b) Quanto mais acentuada a irreversibilidade das decisões, mais fácil
defender o dever de proteção à Se houver efetivamente uma lesão, pode-
se voltar atrás.
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procedimento. O alvo da medida requisitória tem de fazer
valer as suas razões.
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Se olharmos para a ordem jurídica no seu conjunto, encontramos um número
significativo de normas cujo objetivo é proteger bens jusfundamentais nestas
relações entre sujeitos jurídicos privados à O Estado não é o agressor. Entra
como coordenador de esferas de liberdade. É responsável por criar situações
reais, para respeito recíproco de direitos fundamentais pelo Estado.
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9. Restrições legais e intervenções restritivas (artigo 18º, nº 2 e 3)
Isto não significa que não existam figuras afins, que não são restrições em
sentido técnico-jurídico, mas são figuras próximas:
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- Há um pré-requisito para o exercício do direito.
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ü Ex.: A liberdade de contrair casamento só existe na medida
em que o CC prevê um regime para o casamento à CC é
conformador do direito a casar nestes aspetos.
Ø Deveres fundamentais.
Ø Suspensão de direitos.
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- Restrições (Art.º 18º)
ü Todos os direitos.
ü Permanentes.
ü Proporcionalidade.
ü Transitória.
ü Proporcionalidade.
ü Igualdade.
1. Reserva de lei.
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2. Autorização constitucional expressa.
4. Generalidade e abstração.
5. Proibição da retroatividade.
Reserva de lei
- Decorre também desta ideia que a lei não pode ser um cheque em
branco passado a quem a vai aplicar. A lei tem de ser
suficientemente densa e determinável quanto ao seu conteúdo.
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9.2. Autorização constitucional expressa e limites imanentes
Ø Há casos de auto restrição (Art.º 27) à CRP não permite a restrição, mas
restringe ela própria.
Proporcionalidade
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Ø Um dos pressupostos da proporcionalidade é que tem de haver um
balanceamento dos direitos em causa à Há uma determinada hierarquia
de direitos.
• 3 testes da proporcionalidade:
Generalidade e abstração
Ø A lei não pode fazer aceção de pessoas; Não podem haver restrições em
contextos muito concretos
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9.5. Irretroatividade e proteção da confiança
Irretroatividade
1. Art.º 18º nº 3.
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- Relativa à Núcleo essencial conjugado com o princípio da
proporcionalidade. Não há limites rígidos contra as ponderações
sempre necessárias. Mistura entre o requisito da intangibilidade e o
princípio da proporcionalidade. O núcleo pode ser cada vez mais
reduzido, consoante os argumentos para o limitarem.
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- Não é só este direito que está em causa à A liberdade de
circulação também significa que podemos deslocar-nos sem que
sejamos localizados; os dados de saúde também têm haver com o
nosso direito à proteção da saúde.
Debate
Ø Geolocalização
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- A proporcionalidade começa com a questão de quem vamos
georeferenciar à Proporcionalidade diz que vamos georeferenciar
o menor número de pessoas possível para garantir algum ganho de
combate à doença
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ü Esta é a forma mais intrusiva à Só será admissível se
houver outra forma menos intrusiva e mais eficiente.
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Ø Quando nós vimos quais os diferentes requisitos que têm de ser
respeitados para que as restrições legais sejam válidas, o último é o
conteúdo essencial.
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- A questão é a de como é que isso é compatível com a ideia de
intangibilidade do conteúdo essencial.
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10. Disponibilidade dos direitos fundamentais: a eterna tentação
do paternalismo
- Condutas suicidas.
- Greve de fome.
- Automutilação.
- Consumo de tabaco.
- Consumo de estupefacientes.
- Automedicação.
- Pugilismo.
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- Condutas relativas à circulação rodoviária (não uso de cinto ou de
capacete).
- Colocação de piercings.
- Solários.
- Intervenções estéticas.
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b) Condutas adotadas por quem não possui uma ou duas capcidades
referidas:
a) menores
d) incapacidade acidental
e) …
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3ª distinção à Há situações em que o Estado não protege, mas nas que
protege, importa distinguir:
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- A ideia da indisponibilidade resulta de um equívoco que é o
contrato social, de que a pessoa não pode dispor ou
renunciar um conjunto de direitos fundamentais quando
passa para o estado sociedade.
Ø Elementos de mitigação
100
- Exercício e não titularidade à Se estivesse em causa a
disposição da titularidade, seria difícil de explicar como é
que a pessoa poderia retomar a sua posição jusfundamental
101
Ø A renúncia é apenas ao exercício do direito.
Ø “A única finalidade pela qual o poder pode, de pleno direito, ser exercido
sobre um membro da comunidade política contra a sua vontade, é a de
evitar que prejudique outros. O seu próprio bem, físico ou moral, não é
justificação suficiente. Ninguém pode ser obrigado justificadamente a
praticar ou a não praticar determinados actos, porque isso seria melhor
para si próprio, porque o faria mais feliz, ou porque, na opinião dos
demais, isso seria mais acertado ou até mais justo. A única parte da
conduta de cada pessoa pela qual está é responsável perante a sociedade é
aquela que se refere aos outros. Na parte em que apenas concerne a si
102
mesma, a sua independência é, de direito, absoluta. Sobre si mesmo,
sobre o seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano” – Stuart Mill
Ø A única vez que um direito pode ser exercido contra a vontade do seu
titular é para evitar prejuízos para terceiros (Ex.: Vacinação).
103
5. Dever de preservação ou promoção da saúde própria diante de si
mesmo à Não temos este dever jurídico perante nós próprios; dever
de ordem moral.
Exemplo concreto:
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Ø Prof. à Percebe esta argumentação, mas tem um perigo grande de
colocarmos a maioria a determinar o que é digno e o que não é.
105
11. Autotutela, proteção jurisdicional e administrativa
106
Ø Direito a patrocínio judiciário e a fazer-se assistir por advogado (Art.º 32º
nº3) à Direito de quem não tem meios, a que seja nomeado um defensor
oficioso para o assistir. Garante a todos o direito de se fazer assistir por
um advogado.
Ø Vias processuais especiais: pela celeridade (Art.º 20º nº5) e pela natureza
(ação popular – Art.º 52º nº3)
Ø Heterotutela jurisdicional
107
- Art.º 20º à Constitui a porta de abertura deste edifício
jurídico.
108
- Art.º 157º nº1 à Visa pôr os deputados a salvo de acusações
quando criticam outros. A bem de um debate democrático
desinibido, estabelece a regra da irresponsabilidade dos
deputados pelos seus votos e opiniões emitidos no exercício
das suas funções.
Ø É aqui que tudo começa à Sempre que temos uma questão resultante da
aplicação de uma lei, regulamento, em que duvidamos sobre se há ou não
cumprimento de direitos fundamentais, temos de apontar para este artigo.
109
Ø Direito à resistência à Serve como instrumento de tutela do direito
fundamental do arguido e da liberdade de circulação, e do direito à
liberdade do Art.º 27º.
Ø Artigo para ter sempre no bolso e para pôr em cima da mesa sempre que
há uma divergência sobre a interpretação de um preceito de uma decisão
de que estamos a ser alvo.
110
ü Não vamos questionar a decisão nem a sentença, mas
sim a norma em que o tribunal se baseou para extrair
aquela decisão concreta.
111
ü Não era de todo previsível que o tribunal resolvesse o
caso através daquela norma. Se o tribunal surpreende
de forma anómala as partes com a aplicação da norma,
nessas circunstâncias muito excecionais, o TC já
admitiu alguns recursos, dizendo que a parte não pode
suscitar durante o processo a questão de
inconstitucionalidade daquela norma, porque não fazia
ideia de que podia ser aplicada naquele caso.
112
Ø Provedor de justiça (Art.º 23º) à A entidade mais importante é o
Provedor de Justiça. Tem função de defesa dos cidadãos em face das
instituições públicas, para tutela dos respetivos direitos (competência
genérica para todos os direitos fundamentais). Não tem poderes
decisórios (formula recomendações, que têm poder significativo).
113
autorização de um juiz (o conteúdo das nossas comunicações só
pode ser ouvido ou visualizado nestes contextos).
114
Ø Conselho português para os refugiados à Entidade nacional.
Ø A vinculação consta do Art.º 266º, mas é reforçada pelo Art.º 18º nº1 à
O Art.º 18º nº1 só faz sentido neste contexto se vier reforçar aquilo que
decorre do Art.º 266º.
115
12. Direitos sociais: fonte de infindáveis dilemas
Ø O problema da justiciabilidade.
116
- Essencialmente, temos direitos derivados a prestações, e muito
pontualmente, conseguimos encontrar direitos originários.
117
Ø Redução do conjunto dos direitos sociais a uma função de tutela da
dignidade humana.
Ø Mas também não é rigorosamente verdade que estes direitos sejam caros
e os outros sejam baratos, ou a custo 0 à O direito à vida, por exemplo,
pressupõe a polícia e os tribunais (é importante que a policia e tribunais
estejam incluídos no OE para salvaguardar este direito).
Ø Sem dúvida que o peso dos direitos sociais é brutal, mas não há direitos
grátis, todos têm custos, o que varia é o seu impacto orçamental.
118
vão ter um reflexo no OE. Não é possível extrair muito conteúdo das
normas constitucionais (programáticas).
119
- O TC pega em propinas e atualiza-as em função da inflação,
dizendo que só há inconstitucionalidade na medida em que há um
aumento de propinas. Só há inconstitucionalidade no excesso (para
lá do que seria justificado pela inflação), que na verdade é muito
pouco à TC procura uma solução salomónica.
120
12.7. Fiscalização das omissões inconstitucionais
- Esta questão acaba por ser colocada ao TC, e este diz que há uma
omissão legislativa parcial à As omissões não correspondem a um
nada. Muitas vezes correspondem a uma resposta negativa a uma
norma que tem um sentido contrario relativamente ao conteúdo
constitucional.
121
NOTA à Sempre que usarmos o princípio da proporcionalidade em direitos
sociais, devemos citar o Art.º 2º da CRP (deriva do estado de direito
democrático).
Ø O Art.º 18º não se aplica aqui, a não ser que consideremos que são
direitos análogos aos DLG.
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