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Direito Constitucional 1

Do Controle de Constitucionalidade

Existem dois tipos de Controle de Constitucionalidade:

1) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PREVENTIVO


2) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE REPRESSIVO

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PREVENTIVO

O Controle de Constitucionalidade Preventivo se dá dentro do PROCESSO


LEGISLATIVO.

Ex: um projeto de lei ordinária federal que tramita dentro do Congresso


Nacional.
A) Deliberação Parlamentar:
O projeto de lei é apreciado nas duas casas do Congresso Nacional (Casa
Iniciadora e Revisora), separadamente, e em um turno de discussão e
votação (no plenário), necessitando de maioria simples em cada uma delas.

- Casa iniciadora: O projeto de lei apresentado por um Senador tem


início no Senado, já aquele apresentado por um Deputado ou pelo
Presidente da República ou pelo Supremo Tribunal Federal etc, tem
inicio na Câmara dos Deputados. A Câmara dos Deputados é a porta
de entrada da iniciativa extraparlamentar (art. 64 da CF).
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o Comissões: O projeto de lei primeiramente será apreciado na


Comissão de Constituição e Justiça e depois nas
Comissões temáticas, que emitirão pareceres. Se o
processo for multidisciplinar, passará por várias comissões
temáticas.

As comissões, além de discutirem e emitirem parecer, poderão


aprovar projetos, desde que, na forma do regimento interno da
casa, haja dispensa do Plenário e não haja interposição de
recurso de um décimo dos membros da casa (art. 58, §2º, I da
CF). Trata-se de delegação “interna corporis”.

A Comissão de Constituição e Justiça pode fazer um


CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE.
Se achar que é caso de inconstitucionalidade, remete o
projeto ao arquivo.

Aprovado o projeto de lei na Casa Iniciadora por maioria


simples, seguirá para a Casa Revisora.

- Casa Revisora: O projeto de lei terá o mesmo curso da Casa


iniciadora, isto é, passa primeiramente pelas Comissões e depois vai ao
plenário para um turno de discussão e votação. É necessário maioria
absoluta para instalar e maioria simples para deliberar.

B. DELIBERAÇÃO EXECUTIVA:

O Presidente recebe o projeto de lei aprovado no Congresso Nacional com


ou sem emendas, para que SANCIONE OU VETE.
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- Sanção: É a manifestação concordante do Chefe do Poder


Executivo, que transforma o projeto de lei em lei.

- VETO: É a manifestação discordante do Chefe do Poder Executivo


que impede ao menos transitoriamente a transformação do projeto de lei
em lei. O veto é irretratável.

 O veto tem que ser motivado : O veto pode ser político e/ou
jurídico. JURÍDICO QUANDO O PROJETO FOR
INCONSTITUCIONAL (CONTROLE PREVENTIVO DE
CONSTITUCIONALIDADE) e político quando o projeto for
contrário ao interesse público.

 O veto sem motivação expressa produzirá os mesmos efeitos


da SANÇÃO.

 Veto total: No veto total, o Presidente da República discorda


sobre todo o projeto.

 Veto parcial: No veto parcial, o Presidente da República discorda


sobre parte do projeto. O veto parcial abrange somente texto
integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou alínea. Não
podendo assim incidir sobre palavras (art. 66, §2º da CF).

Havendo veto parcial, SOMENTE A PARTE VETADA É


DEVOLVIDA AO CONGRESSO NACIONAL, as demais serão
sancionadas e seguirão para promulgação e publicação.
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Fase complementar:
A Fase final é dividida entre a promulgação e a publicação.

1. Promulgação:
É um atestado da existência válida da lei e de sua executoriedade. Em
regra é o Presidente da República que verifica se a lei foi regularmente
elaborada e depois atesta que a ordem jurídica está sendo inovada,
estando a lei apta a produzir efeitos no mundo jurídico. A presunção de
validade das leis decorre da promulgação.

O que se promulga é a lei e não o projeto de lei. Este já se transformou


em lei com a sanção presidencial ou com a derrubada do veto no
Congresso Nacional.

Quando está escrito no texto “eu sanciono”, implicitamente traz a


promulgação. A PROMULGAÇÃO É IMPLÍCITA NA SANÇÃO
EXPRESSA. No caso da rejeição do veto, como não houve sanção estará
escrito no texto “EU PROMULGO”. Na emenda constitucional, não há
sanção ou veto, mas há promulgação pelas mesas da Câmara e do
Senado.

2. Publicação:
É o ato através do qual se dá conhecimento à coletividade da existência
da lei. Consiste na inserção do texto promulgado na Imprensa Oficial como
condição de vigência e eficácia da lei. É A FASE QUE ENCERRA O
PROCESSO LEGISLATIVO.
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OBSERVAÇÕES DO CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE:

 O Controle de Constitucionalidade Preventivo se dará no PODER


LEGISLATIVO nas COMISSÕES DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA e no
PODER EXECUTIVO com a SANÇÃO ou VETO do Chefe do Poder
Executivo;

 A partir desse momento da promulgação, o Projeto de Lei passa a ser LEI,


gozando da PRESUNÇÃO RELATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE, ou seja, a
LEI será considerada CONSTITUCIONAL até que se prove o contrário!

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE REPRESSIVO

 Através do Princípio da Provocação ou Princípio da Inércia, o


Judiciário será provocado a realizar o Controle de
Constitucionalidade Repressivo.

 O Controle Repressivo de Constitucionalidade se divide por sua vez


em:

1. CONTROLE ABSTRATO OU CONCENTRADO: concentra o


controle num só Órgão, qual seja, o SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL
 Ex: o ajuizamento de uma AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE

2. CONTROLE DIFUSO OU CONCRETO: pode ser realizado


por qualquer juiz
 Ex: um individuo entra com uma ação na justiça e
no transcorrer do processo o mesmo alega que seu
direito está sendo impedido e virtude de uma lei ou
ato normativo por ele considerado inconstitucional.
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Neste caso, o mesmo vai solicitar ao juiz que


analise se a referida lei ou ato normativo é ou não
inconstitucional. Não obtendo êxito em sua ação o
mesmo indivíduo interpõe RECURSO
EXTRAORDINÁRIO (art. 102, III, a, CF/88) para o
STF que sendo admitido e encaminhado para a
Corte é declarada a inconstitucionalidade pelo
Supremo Tribunal Federal.

EFEITOS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


 O ordenamento brasileiro adotou a tese da NULIDADE DA NORMA
INCONSTITUCIONAL, fazendo com a decisão que pronuncie a
inconstitucionalidade em sede de controle concentrado tenha NATUREZA
DECLARATÓRIA, sendo a norma considerada nula desde a sua entrada
em vigor em razão de sua incompatibilidade com a constituição
federal (seja incompatibilidade material ou formal).

 Assim sendo, no ordenamento brasileiro de controle de constitucionalidade,


seguindo-se o exemplo do modelo norte-americano de controle, foi adotada
a TESE DA NULIDADE DA NORMA INCONSTITUCIONAL.

 Dessa forma, a maioria da doutrina brasileira, inclusive o Supremo Tribunal


Federal – admite a caracterização da TEORIA DA NULIDADE ao se
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Nesse sentido,
entende que o ato contrário à Constituição é nulo de pleno direito.

 Segundo a TEORIA DA NULIDADE, nenhum ato legislativo que afronte


a Constituição pode ser válido, não produzindo, portanto, efeitos no
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mundo jurídico. Este posicionamento demonstra a influência do direito


norte-americano em nosso ordenamento jurídico.

Cappelletti,[9] ao descrever o sistema norte-americano observa que:

“A lei inconstitucional, porque contrária a uma norma superior, é


considerada absolutamente nula (null and void). E, por isto, ineficaz, pelo
que o juiz, que exerce o poder de controle, não anula, mas, meramente,
declara (preexistente) nulidade da lei inconstitucional”.

 Desta forma, a decisão que reconhece a inconstitucionalidade, tanto


em controle CONCRETO quanto ABSTRATO, é de NATUREZA
DECLARATÓRIA, limitando-se, pois, a admitir defeito já existente, sendo
dotada de EFEITOS RETROATIVOS e, portanto, atingindo atos
anteriores ao reconhecimento da inconstitucionalidade.

 Pela teoria da nulidade, sendo nula a norma inconstitucional, os efeitos


decorrentes da declaração de sua contrariedade à Constituição, quer seja
formal ou material, se operam EX TUNC, estendendo-se ao passado de
forma absoluta, desde a gênese da norma.

 Os defensores dessa teoria argumentam que, considerando que a norma


teve vigência por determinado período, mesmo sendo contrária a
Constituição, se a decisão não fosse retroativa estar-se-ia admitindo
que durante aquele mesmo tempo a norma teve o condão de afastar a
vigência da Carta Magna, o que iria de encontro com a própria
sistemática da SUPREMACIA CONSTITUCIONAL.

 Com efeito, uma vez declarada inconstitucional uma norma, a regra é a


produção de efeitos ex tunc, retroativos até o seu ingresso no
ordenamento.
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EFEITOS DA DECISÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM SEDE DE


CONTROLE ABSTRATO OU CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE

 Os efeitos produzidos pela declaração de inconstitucionalidade de uma


norma vão variar conforme se trate de decisão proferida em sede de
CONTROLE CONCENTRADO (quando a inconstitucionalidade é o próprio
pedido da ação, alcançando a coisa julgada)

 As decisões proferidas em sede de controle concentrado que declaram a


inconstitucionalidade da norma produzem, de modo geral, efeito ERGA
OMNES (alcançando a todos), VINCULANTE, vinculando todos os poderes
com EXCEÇÃO DO PODER LEGISLATIVO, (que detém o Poder
Legiferante, portanto podendo legislar até mesmo sobre matéria
contrária a decisão do STF) e também efeito EX TUNC, ou seja, retroativo
ao momento da data de produção da norma, retirando do ordenamento
jurídico o ato normativo ou lei incompatível com a Constituição
Federal, pois sendo INCONSTITUCIONAL, a norma é considerada NULA
DE PLENO DIREITO.

EFEITOS DA DECISÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM SEDE DE


CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE

 No CONTROLE DIFUSO (a inconstitucionalidade é a causa de pedir da


demanda, sendo mencionada nos fundamentos da decisão, e não no
dispositivo, não alcançando a autoridade da coisa julgada).

 No sistema difuso, a constitucionalidade da norma é verificada com base


em um CASO CONCRETO levado ao poder judiciário, razão pela qual a
decisão proferida declarando a inconstitucionalidade da norma produz
EFEITOS INTER PARTES, alcançando tão somente aqueles que
participaram da relação processual.
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 No momento em que a sentença declara que a lei é inconstitucional


(controle difuso-incidental), são produzidos EFEITOS PRETÉRITOS, que
atingem a lei desde a sua edição, tornando-a NULA DE PLENO
DIREITO.

 Portanto, os efeitos, em regra, são retroativos (EX TUNC) e intra partes.


(Posteriormente será abordada com maior profundidade a possibilidade de
efeito ex nunc, pela modulação temporal em sede de controle difuso).

 Assim, em regra, a decisão que declara a inconstitucionalidade da norma


em sede de controle de constitucionalidade deflagrado na via difusa tem
sua produção de efeitos restrita as partes (INTER PARTES), não
produzindo efeitos jurídicos vinculantes extra processuais
(EFEITOS ERGA OMNES), não alcançando terceiros que não participaram
do processo.

 O EFEITO COM RELAÇÃO A TERCEIROS está previsto no artigo 52, X da


CF. Através da interposição de recurso extraordinário, nas hipóteses
constitucionalmente previstas, a questão poderá ser levada ao STF, que
também realizará o CONTROLE DIFUSO DE FORMA INCIDENTAL.

 Declarada a inconstitucionalidade da lei pelo STF, no CONTROLE


DIFUSO, sendo tal decisão definitiva e deliberada pela maioria absoluta
do pleno do tribunal (art. 97 da CF), o regimento interno do STF, em seu
artigo 178 estabelece que será realizada a comunicação, logo após a
decisão, à autoridade ou órgão interessado, bem como, após o trânsito
em julgado, ao Senado Federal.

 O artigo 52, X da CF estabelece ser competência privativa do Senado


Federal, mediante resolução, suspender a execução, no todo ou em
parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF.
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 A suspensão pelo Senado Federal poderá ocorrer em relação a leis


federais, estaduais, distritais e inclusive municipais, declaradas
inconstitucionais pelo STF, de modo incidental, no controle difuso de
constitucionalidade.

 Cumpre destacar que desde que o Senado suspenda a execução, no todo


ou em parte, da lei levada a controle de constitucionalidade de maneira
incidental e não principal, a referida suspensão atingirá a todos,
contudo, valerá a partir do momento em que a resolução do Senado for
publicada na imprensa oficial, NÃO FAZENDO RETROAGIR PARA
ATINGIR EFEITOS PASSADOS. Assim, os efeitos serão erga omnes,
porém EX NUNC, não retroagindo.

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